Alberto Caeiro

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ALBERTO CAEIRO

Fernando Pessoa explicou a “vida”de cada um de seus heterónimos. Assim apresenta a


vida do mestre de todos, Alberto Caeiro:
"Nasceu em Lisboa, mas viveu quase toda a sua vida no campo. Não teve
profissão, nem educação quase alguma, só instrução primária; morreram-lhe cedo o pai
e a mãe, e deixou-se ficar em casa, vivendo de uns pequenos rendimentos. Vivia com
uma tia velha, tia avó. Morreu tuberculoso."
Pessoa cria uma biografia para Caeiro que se encaixa com perfeição na sua poesia,
como podemos observar nos 49 poemas da série O Guardador de Rebanhos. Segundo
Pessoa, foram escritos na noite de 8 de Março de 1914, de um só fôlego, sem
interrupções. Esse processo criativo espontâneo traduz exactamente a busca
fundamental de Alberto Caeiro: completa naturalidade.
“Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é.
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem por que ama, nem o que é amar...”

Nasceu em em 1889, em Lisboa, e morreu em 1915, mas viveu quase toda a sua vida
no campo. Não teve profissão, nem educação quase nenhuma: apenas a instrução
primária. era de estatura média, frágil, mas não o aparentava. Era louro, de olhos azuis.
Ficou órfão de pai e mãe muito cedo e deixou-se ficar em casa a viver dos rendimentos.
Vivia com uma tia velha, tia-avó. Escrevia mal o Português. É o pretenso mestre de A.
de Campos e de R. Reis. É anti-metafísico; é menos culto e complicado do que R. Reis,
mas mais alegre e franco. É sensacionista. Alguns temas de eleição:
• Negação da metafísica e valorização da aquisição do conhecimento através das
sensações não intelectualizadas.; é contra a interpretação do real pela
inteligência; para ele o real é a exterioridade e não devemos acrescentar-lhe as
impressões subjectivas. Os poemas O Mistério das coisas, onde está ele? e Sou
um guardador de rebanhos mostram-nos estas ideias.
• Negação de si mesmo, projectado em Quem me dera que a minha vida fosse um
carro de bois;
• Atracção pela infância, como sinónimo de pureza, inocência e simplicidade,
porque a criança não pensa, conhece pelos sentidos como ele, pela manipulação
dos objectos pelas mãos, como no poema Criança desconhecida e suja
brincando à minha porta;
• Poeta da Natureza, na sua perpétua renovação e sucessão, da Aurea Mediocritas,
da simplicidade da vida rural;
• A vivência da passagem do tempo não existe, são só vivências atemporais: o
tempo é ausência de tempo.
Alberto Caeiro apresenta-se como um simples “guardador de rebanhos”, que só se
importa em ver de forma objectiva e natural a realidade, com a qual contacta a todo o
momento. Daí o seu desejo de integração e de comunhão com a natureza.
Para Caeiro, “pensar” é estar doente dos olhos. Ver é conhecer e compreender o mundo,
por isso, pensa vendo e ouvindo. Recusa o pensamento metafísico, afirmando que
“pensar é não compreender”. Ao anular o pensamento metafísico e ao voltar-se apenas
para a visão total perante o mundo, elimina a dor de pensar que afecta Pessoa.
Caeiro é o poeta da Natureza que está de acordo com ela e a vê na sua constante
renovação. E porque só existe a realidade, o tempo é a ausência de tempo, sem passado,
presente ou futuro, pois todos os instantes são a unidade do tempo.
Mestre de Pessoa e dos outros heterónimos, Caeiro dá especial importância ao acto de
ver, mas é sobretudo inteligência que discorre sobre as sensações, num discurso em
verso livre, em estilo coloquial e espontâneo. Passeando a observar o mundo,
personifica o sonho da reconciliação com o universo, com a harmonia pagã e primitiva
da Natureza.
É um sensacionista a quem só interessa o que capta pelas sensações e a quem o sentido
das coisas é reduzido à percepção da cor, da forma e da existência: a intelectualidade do
seu olhar volta-se para a contemplação dos objectos originais. Constrói os seus poemas
a partir de matéria não-poética, mas é o poeta da Natureza e do olhar, o poeta da
simplicidade completa, da objectividade das sensações e da realidade imediata (“Para
além da realidade imediata não há nada”), negando mesmo a utilidade do pensamento.
Vê o mundo sem necessidade de explicações, sem princípio nem fim, e confessa que
existir é um facto maravilhoso; por isso, crê na “eterna novidade do mundo”. Para
Caeiro o mundo é sempre diferente, sempre múltiplo; por isso, aproveita cada momento
da vida e cada sensação na sua originalidade e simplicidade.
“Alberto Caeiro parece mais um homem culto que pretende despir-se da farda pesada da
cultura acumulada ao longo dos séculos.”
“Poeta bucólico de espécie complicada.”
“Pastor metáfora.”
Para Caeiro fazer poesia é uma atitude involuntária, espontânea, pois vive no presente,
não querendo saber de outros tempos, e de impressões, sobretudo visuais, e porque
recusa a introspecção, a subjectividade, sendo o poeta do real objectivo.
Caeiro canta o viver sem dor, o envelhecer sem angústia, o morrer sem desespero, o
fazer coincidir o ser com o estar, o combate ao vício de pensar, o ser um ser uno, e não
fragmentado.
· Discurso poético de características oralizantes (de acordo com a simplicidade das
ideias que apresenta): vocabulário corrente, simples, frases curtas, repetições, frases
interrogativas, recurso a perguntas e respostas, reticências;
· Apologia da visão como valor essencial (ciência de ver)
· Relação de harmonia com a Natureza (poeta da natureza)
· Rejeita o pensamento, os sentimentos, e a linguagem porque desvirtuam a realidade (a
nostalgia, o anseio, o receio são emoções que perturbam a nitidez da visão de que
depende a clareza de espírito)
Características:
· Objectivismo · Sensacionismo
- apagamento do sujeito - poeta das sensações tal como elas são
- atitude antilírica - poeta do olhar
- atenção à “eterna novidade do mundo” - predomínio das sensações visuais (“Vi
- integração e comunhão com a Natureza como um danado”) e das auditivas
- poeta deambulatório - o “Argonauta das sensações
verdadeiras”
· Anti-metafísico · Panteísmo Naturalista
(“Há bastante metafísica em não pensar em - Tudo é Deus, as coisas são divinas
nada.”) (“Deus é as árvores e as flores/ E os
- recusa do pensamento (“Pensar é estar montes e o luar e o sol...”)
doente dos olhos”) - Paganismo
- recusa do mistério - Desvalorização do tempo enquanto
- recusa do misticismo categoria conceptual (“Não quero incluir o
tempo no meu esquema”)
- Contradição entre “teoria” e “prática”

CARACTERÍSTICAS ESTILÍSTICAS
- Discurso em verso livre, em estilo coloquial e espontâneo. Proximidade da linguagem
do falar quotidiano, fluente, simples e natural;
- Pouca subordinação e pronominalização
- Ausência de preocupações estilísticas
- Versilibrismo, indisciplina formal e ritmo lento mas espontâneo.
- Vocabulário simples e familiar, em frases predominantemente coordenadas, repetições
de expressões longas, uso de paralelismo de construção, de simetrias, de comparações
simples.
- número reduzido de vocábulos e de classes de palavras: (dando uma impressão de
pobreza lexical) pouca adjectivação, predomínio de substantivos concretos, uso de
verbos no presente do indicativo (acções ocasionais) ou no gerúndio. (sugerindo
simultaneidade e arrastamento).
Frases predominantemente coordenadas, uso de paralelismos de construção, de
comparações simples
- Verso livre - Pontuação lógica
- Métrica irregular - Predomínio do presente do indicativo
- Despreocupação a nível fónico - Frases simples
- Pobreza lexical (linguagem simples, - Predomínio da coordenação
familiar) - Comparações simples
- Adjectivação objectiva - Raras metáforas
Alberto Caeiro

- Vê a realidade de forma objectiva e natural


- Aceita a realidade tal como é, de forma tranquila; vê um mundo sem necessidade de
explicações, sem princípio nem fim; existir é um facto maravilhoso.
- Recusa o pensamento metafísico (“pensar é estar doente dos olhos”), o misticismo e o
sentimentalismo social e individual.
- Poeta da Natureza
- Personifica o sonho da reconciliação do Universo, com a harmonia pagã e primitiva da
Natureza
- Simples “guardador de rebanhos”
- Inexistência de tempo (unificação do tempo)
- Poeta sensacionista (sensações): especial importância do acto de ver
- Inocência e constante novidade das coisas
- Mestre de Pessoa e dos outros heterónimos
- Relação com Pessoa Ortónimo – elimina a dor de pensar
- Relação com Pessoa Ortónimo, Campos e Reis – regresso às origens, ao paganismo
primitivo, à sinceridade plena

Mestre do ortónimo e dos heterónimos


A partir da carta a Adolfo Casais Monteiro

*nasceu em Lisboa (1889);


*morreu tuberculoso em 1915;
*viveu quase toda a sua vida no campo;
*só teve instrução primária;
*não teve educação, nem profissão;
*escreve por inspiração;
Filosofia de Caeiro:
*é anti-religião;
*é anti-metafísica;
*é anti-filosofia;
Fisicamente:
*estatura média;
*frágil;
*louro, quase sem cor;
*olhos azuis;
*cara rapada;
Características:
Importância dos sentidos, nomeadamente a visão;
O incomodo de pensar associado à tristeza;
Ele não quer pensar, mas não o consegue evitar;
Escreve intuitivamente;
Para ele a natureza é para usufruir, não é para pensar;
Desejo de despersonificação (de fusão com a natureza);
Ligação das orações por coordenações e subordinações;
Poeta bucólico, do real e do objectivo;
Valorização das sensações;
Amor pela vida e pela natureza;
Preocupação apenas com o presente;
Critica ao subjectivismo sentimentalista;

Na Linguagem:
Predomínio do Presente do Indicativo;
Figuras de estilo muito simples;
Vocabulário simples e reduzido; (pobreza lexical);
Uso da coordenação para a ligação das orações;
Frases incorrectas;
Aproximação à linguagem falada, objectiva, familiar, simples;
Repetições frequentes;
Uso do paralelismo;
Pouca adjectivação;
Uso dos substantivos concretos;
Ausência da rima;
Irregularidade métrica;
Discurso em verso livre;
Estilo coloquial e espontâneo;

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