10 - Mordida Aberta

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MORDIDA ABERTA

DEFINIÇÃO: Deficiência no contato vertical normal entre os dentes antagonistas,


podendo se manifestar numa região limitada ou, mais raramente, em todo arco
dentário. Moyers – Ortodontia 4a. Ed. 1991. Van Der Linden – Desenvolvimento
da dentição - 1986

TIPOS DE MORDIDA ABERTA

ANTERIOR POSTERIOR

LATERAL TOTAL
MORDIDA ABERTA ANTERIOR

CONCEITO

Má oclusão sem contato na região anterior dos arcos dentários, com trespasse
vertical negativo, estando os dentes posteriores em oclusão.

INTRODUÇÃO

O tratamento da mordida aberta anterior representa um grande desafio para os


ortodontistas devido a 2 fatores:

a) Dificuldades inerentes à mecânica ortodôntica


b) Instabilidade da correção obtida (severidade, etiologia e época de tratamento)

CAUSAS

Erupção excessiva dos dentes posteriores.

Suberupção dos dentes anteriores.

Combinação dos dois fatores.

Excesso do desenvolvimento vertical dos maxilares.

Altura do ramo mandibular.

Vestibularização excessiva dos incisivos superiores e inferiores.

CRESCIMENTO

Aumento vertical das suturas faciais e/ou processos alveolares

Aumento vertical do côndilo


1. Se o aumento vertical das suturas faciais e/ou do processos alveolares
exceder o aumento vertical do côndilo, a mandíbula sofreria rotação no
sentido horário;
2. Se do crescimento vertical do côndilo for maior que a soma do crescimento
dos componentes verticais das suturas faciais e processos alveolares, a
mandíbula sofreria rotação anti-horária.

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DOS PACIENTES COM M A ANTERIOR

Função atípica da língua e do lábio


Arco dentário maxilar atrésico
Associação a Classes I, II ou III
Protrusão dos incisivos superiores
Respiração bucal
Ausência de selamento labial

CONSEQÜÊNCIAS DAS MORDIDAS ABERTAS ANTERIORES

 Alterações Estéticas;

 Dificulta apreensão e corte dos alimentos;

 Prejudica determinados fonemas, favorecendo o constrangimento;

 Condições psicológicas desfavoráveis

ETIOLOGIA DAS MORDIDAS ABERTAS ANTERIORES

FATORES HEREDITÁRIOS

1 - Direção desfavorável de crescimento (padrões verticais)


2 - Displasia esquelética vertical
FATORES AMBIENTAIS

1 - Fatores epigenéticos determinado


(postura, morfologia e tamanho língua)

Apesar de o osso ser o tecido mais duro do corpo humano, é também um tecido
plástico, que reage a todo tipo de pressão sobre ele exercida, principalmente da
musculatura que o circunda.
A língua consiste em um potente conjunto de músculos, cuja ação inicia-se
precocemente, ainda na vida intra-uterina.

2 - Hábitos deletérios
(sucção digital, de chupetas, deglutição atípica , respiração bucal.

2.1– Sucção digital e chupetas

Os hábitos bucais de sucção devem ser considerados deletérios ou perniciosos


a partir de 5 anos de idade. Não se recomenda mecanoterapia antes dessa
fase.
2.2 - Interposição lingual ou pressionamento lingual atípico

Presente em 100% dos casos de mordida aberta anterior.


Classificada em: Primária e Secundária.
Lábio superior apresenta-se hipotônico e musculatura da língua e lábio inferior
hipertônicos. Ocorre projeção lingual entre os incisivos para que haja selamento
anterior durante a deglutição.

Diagnóstico diferencial de postura normal e anormal de língua

Postura normal de língua

Dorso da língua toca o palato levemente.


Ponta da língua geralmente em repouso toca na fossa lingual ou nas fissuras dos
incisivos inferiores. Postura elevada da língua em repouso tocando a papila
incisiva.
Postura anormal de língua

POSTURA RETRAÍDA DA LÍNGUA


Vista em menos de 10% das crianças. Está associada a mordida aberta posterior.
Comum em desdentados.

POSTURA PROTRAÍDA DA LÍNGUA


Geralmente resulta em uma mordida aberta.
A postura lingual é muito mais passível de provocar uma mordida aberta do que a
interposição de língua. Geralmente é uma adaptação à amígdalas aumentadas,
faringite ou amigdalite.

Hipertrofia das amígdalas

2.3 - Respiração bucal

Talvez seja o mais indesejável dos hábitos perniciosos pois pode determinar
muitas deformidades bucodentais. O tratamento deve ser obrigatoriamente
multidisciplinar. A correção deve ser o mais precoce possível. Os pacientes
dolicofaciais são os que sofrem deformações mais severas.

Características extra bucais do respirador bucal – “face adenoideana”

- Rosto alongado e estreito


- Olhos caídos
- Olheiras profundas
- Sulcos genianos marcados
- Lábios entreabertos
- Lábios hipotônicos e ressecados
- Sulco nasolabial profundo
- Rotação mandibular horária
- Postura de cabeça e ombro para frente.
- Narinas atrofiadas
Características intra bucais do respirador bucal

Vestibularização dos incisivos superiores;


Lingualização dos incisivos inferiores;
Aumento da sobressaliência;
Palato estreito e ogival (profundo);
Mordida cruzada posterior;
Maior erupção dos dentes posteriores e mordida aberta anterior;
Rotação mandibular horária.

CAUSAS DA RESPIRAÇÃO BUCAL

Rinites alérgicas;
Cornetos inflamados;
Desvio do septo nasal;
Resfriados crônicos;
Obstruções das vias aéreas superiores;
Adenóides hipertrofiadas;
Amígdalas hipertrofiadas.
2.4 - Deglutição atípica com interposição de lábio

Durante a deglutição os lábios não se tocam. O lábio inferior se interpõe entre os


incisivos, causando:

1 – Incisivos superiores vestibularizados


2 – Incisivos inferiores lingualizados
3 – Lábio superior hipotônico e inferior hipertônico
4 – Aumento da sobressaliência e sobremordida
5 – Má oclusão de classe II, divisão 1

PREVALÊNCIA DA MORDIDA ABERTA ANTERIOR

18, 5 % na dentadura mista

O TRATAMENTO DA MORDIDA ABERTA ANTERIOR DEVERÁ BASEAR NA:

Etiologia do problema
Padrão do esqueleto facial
Relação sagital entre os arcos dentários
Relação dos incisivos inferiores com o plano oclusal funcional
Impacto estético da exposição dos incisivos superiores
Saúde do peridonto
Estabilidade do tratamento

Diagnóstico Diferencial
ANÁLISE FACIAL
ANÁLISE DENTÁRIA
ANÁLISE ESQUELÉTICA (CRESCIMENTO)

ANÁLISE FACIAL

Devemos analisar principalmente os terços médio e inferior da face. O terço


inferior estando compatível com o terço médio, pode nos indicar uma mordida
aberta dentaria, enquanto que o terço inferior aumentado, pode nos indicar uma
mordida aberta esquelética.

ANÁLISE DENTAL

Arnet afirma que avaliação dos incisivos e o espaço inter labial são mais
importantes que a analise dos terços faciais. No entanto um lábio superior curto
não deve ser confundido com excesso vertical.
Os incisivos podem ser avaliados da seguinte forma:

1 - Nível de exposição dos incisivos superiores

É avaliado levando-se em relação o lábio superior.


Valor de normalidade =1,0 mm até 3,0 mm de extrusão dental.
Valores aumentados podem nos indicar mordida aberta esquelética, pois os
incisivos não estariam em infra erupção.
Incisivos centrais superiores – interpretação:

Erupção normal ou excessiva nas mordidas abertas esqueléticas


Erupção diminuída nas mordidas abertas dentaria

2 - Níveis de extrusão dos incisivos inferiores

Medido do plano oclusal funcional até a incisal do incisivo inferior


Valor de normalidade: 1,3 mm da incisal do incisivo inferior acima do plano oclusal
funcional.
Valores maiores indicam extrusão de incisivo inferior.
Valores menores indicam intrusão de incisivo inferior.

OBS. As mordidas abertas dentárias normalmente estão restritas à região


anterior e suas características relacionam-se com o fator etiológico:

1) hábitos de sucção digital e de chupeta, por exemplo os incisivos superiores


geralmente se encontram vestibularizados.

2) hábito de sucção de chupeta, a mordida aberta fica mais na região anterior e


mais arredondada.
ANÁLISE ESQUELETICA

Avaliar a dimensão vertical do paciente através das analises cefalometricas.

EXEMPLO:

ÂNGULO FMA

Avalia a rotação mandibular e com valores aumentados mostra o aumento do


crescimento vertical, levando o paciente a uma mordida aberta esquelétoca.

ANGULOS COMPENSATÓRIOS

São aqueles ângulos que podemos avaliar se uma mordida aberta esquelética
está compensada, apresentando uma contato dentário anterior.
ÂNGULO ENTRE A BASE MANDIBULAR E O PLANO DE FRANKFURT

VALOR DE NORMALIDADE = 5º.

QUANDO ESTE ANGULO ESTÁ AUMENTADO, MOSTRA UMA


ROTAÇAO HORÁRIA DA MAXILA, PROMOVENDO UM CONTATO
DENTARIO ANTERIOR E PODENDO MASCARAR UMA MORDIDA
ABERTA ESQUELÉTICA.

ÂNGULO ALVEOLAR SUPERIOR

VALOR DE NORMALIDADE = 10º.

QUANDO ESTE ANGULO AUMENTA, SIGNIFICA QUE


HOUVE UMA COMPENSAÇAO ALVEOLAR SUPERIOR,
COM O INICISIVO EXTRUINDO E PODENDO MASCARAR UMA
MORDIDA ABERTA ESQUELÉTICA

ÂNGULO ALVEOLAR INFERIOR

VALOR DE NORMALIDADE = 20º.

QUANDO ESTE ANGULO AUMENTA, SIGNIFICA QUE


HOUVE UMA COMPENSAÇAO ALVEOLAR SUPERIOR,
COM O INICISIVO EXTRUINDO E PODENDO MASCARAR UMA
MORDIDA ABERTA ESQUELÉTICA
ALTERNATIVAS PARA CORREÇÃO DA MORDIDA ABERTA

DIVERSAS MODALIDADES DE TRATAMENTO:

Mecânica ortodôntica
Mecânica ortopédica
Terapia miofuncional
Cirurgia ortognática

CONDUTA ADOTADA DEPENDE:

Etiologia /quantidade / época de atuação

ESCOLHER A MECANOTERAPIA ADEQUADA:

Grade palatina
Esporão
Barra palatina de intrusão
AEB tração alta
Splint maxilar
Aparelho ortopédico
Aparelho com blocos de mordida (bite block)
Mentoneira Vertical
Micro implante
Aparelhos fixos

GRADES PALATINAS

Eficientes nas mordidas abertas dentárias.


Melhor uso no período da dentadura mista. Visa à eliminação do hábito.
Nos padrões de crescimento favorável, a simples eliminação do hábito
proporciona a melhora da má oclusão.
Deve estar associada à terapia miofuncional.

São efetivas em 85 a 90% dos casos de sucção digital.


Período de contenção de 3 a 6 meses após o fechamento da mordida

As grades palatinas podem ser fixas ou removíveis


BARRA PALATINA DE INTRUSÃO

Indicada para controle vertical(mordida aberta esquelética) na dentadura mista


precoce
Associar desgastes oclusais em caninos e molares decíduos
Características:
“Loop” mesial recoberto com resina (maior contato com dorso da língua)
“Loop” distante 5 a 10 mm do palato

Cada milímetro de intrusão na região de molares implica em 3mm de fechamento de


mordida na região anterior.
Altuna, Woodside, 1985

SPLINT MAXILAR – AEB CONJUGADO

Indicado para mordidas abertas esqueléticas na dentadura mista ou inicio da


dentadura permanente.

Alterações ortodônticas promovidas pelo splint:

Eliminação de interferência oclusal


Restrição do desenvolvimento vertical dos molares superiores (erupção)
Alterações ortopédicas promovidas pelo splint:

Restrição do deslocamento AP da maxila


Melhora da relação maxilomandibular
Restrição no deslocamento vertical da maxila (Controle vertical eficiente)
Rotação da mandíbula no sentido anti-horário

COMPONESTES DO SPLINT

GRAMPO DE ADAMS – melhora retenção

PARAFUSO – para expansões

ARCO VESTIBULAR – retenção e lingualizaçao


dos incisivos superiores

ARCO FACIAL – responsável pela traçao

PLACA DE ACRILICO - splintagem

Aplicação Clínica

è Elástico 1/2”
è Força: 500 a 600 gramas
èTempo de uso: 14 hs por dia

APARELHOS ORTOPÉDICOS

Indicados para:
• Mordida aberta anterior dentária na dentadura mista ou permanente
• Mordida aberta esquelética na dentadura mista
Os aparelhos ortopédicos mais utilizados são:
SN3
Bionator fechado
Frankel IV

SN3

APARELHO COM BLOCOS DE MORDIDA (BITE BLOCK)


1962 – Universidade de Toronto

Indicado para mordida aberta esquelética na dentadura mista.

Controle da erupção póstero-superior e inferior e permite erupção dos dentes


anteriores.
Controle vertical na dentadura mista tardia ou inicio da dentadura permanente.

Excede o espaço funcional livre em 3 a 4 mm.

“BITE-BLOCK”
Aumentar a dimensão vertical da face artificialmente resulta em adaptações
esqueletais que não são limitadas à região dentoalveolar , mas que ocorre
também em todo o complexo craniofacial.
McNamara, 1977
Construção em MI e com 4 mm na região posterior.
Realiza-se alívio de cerca de 3 mm no palato.

MENTONEIRA VERTICAL

Indicada para mordida aberta esquelética na dentadura mista e inicio da dentadura


permanente.

DIREÇAO DA FORÇA:

Linhas de ação da força passando:

 acima do côndilo: rotação anti-horária


mandibular
 sobre o côndilo: restrição do
desenvolvimento mandibular, sem abertura
do ângulo mandibular
 abaixo do côndilo: rotação horária
mandibular

Mentoneira com tração vertical

Forças variam de 400 a 700 g (Vigorito; in Petrelli, 1988)

Deve ser utilizada após correção ântero-posterior

MICRO IMPLANTE

Indicado para mordida aberta esquelética suave na dentadura permanente

Sistema de ancoragem esquelética

Aplicação imediata de força ortodôntica

Vantagens:
- baixo custo
- facilidade de instalação e remoção
- carga imediata
- força ortodôntica agindo diretamente sobre o implante
APARELHOS FIXOS

Indicados para
 Ausência de problemas graves no padrão de crescimento facial
 “Disfarce” estético da displasia esquelética

Mecânicas:
 Extrações ou mesializações de molares
 Colagem compensatória dos acessórios
 Arcos contínuos com degraus
 Arcos segmentados
 Elásticos verticais anteriores
 Cirurgias ortognáticas

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
 Bom controle de torque
 Evitar extrusões posteriores

Tratamento complementar:
 desgaste seletivo (ajuste oclusal)

Conclusões:

O controle vertical dos dentes posteriores é tão importante quanto o próprio


fechamento da mordida aberta anterior.

Escolha do tipo de tratamento e ancoragem para a mordida aberta anterior


variam de acordo com:

Etiologia
gravidade da má oclusão
época de intervenção (idade do paciente)
colaboração do paciente
limitações do tratamento e resultados desejados
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