Planejamento Da Intervenção Profissional

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UNIVERSIDADE SANTO AMARO

Curso de Serviço Social

Gabriele da Costa Marvila


Tamires Cabral da Rocha

PROJETO INTEGRADOR III: PLANEJAMENTO DA INTERVENÇÃO


PROFISSIONAL

Marataízes
2019
Gabriele da Costa Marvila
Tamires Cabral da Rocha

PROJETO INTEGRADOR III: PLANEJAMENTO DA INTERVENÇÃO


PROFISSIONAL

Projeto Integrador III apresentado ao Curso


de Serviço Social da Universidade Santo
Amaro – UNISA.

Orientador: Prof. Luana Euzébia da Silva

Marataízes
2019
RESUMO
O artigo discute, neste Projeto Integrador III, o planejamento da intervenção
profissional dos assistentes sociais, visando elaborar uma proposta de Projeto
Interventivo a partir da análise de conjuntura e da identificação de demanda de
território e, assim sendo, busca apresentar a gestão num dos serviços da Proteção
Social Básica da política de assistência social de Marataízes, município localizado
ao sul do estado do Espírito Santo. O objetivo do estudo foi, portanto, caracterizar a
intervenção profissional do assistente social, quanto à moradia digna de famílias
carentes do município e que não têm onde morar. São 54 famílias que têm, em suas
composições, crianças e adolescentes com idade entre seis meses e 14 anos de
idade, adultos e idosos desassistidos e, uma vez que, no âmbito da gestão básica, o
município deve assumir a gestão da Proteção Social Básica (PSB) na Assistência
Social e ter como responsabilidade a organização da sua rede, por meio dos CRAS,
tendo ainda que ofertar programas, projetos e serviços socioassistenciais. A
pesquisa, de natureza qualitativa, teve os dados e informações coletadas através de
revisão bibliográfica. Dentre os principais resultados, o estudo apontou a
necessidade de fortalecer e qualificar a inserção dos profissionais de Serviço Social
no eixo de intervenção de processos de planejamento e gestão das políticas sociais,
assim como compreender a intervenção profissional para além da execução das
políticas, serviços, programas e projetos sociais.

Palavras-Chave: Casas populares. Proteção Social Básica. Serviço social.

ABSTRACT
The article discusses, in this Integrator Project III, the planning of the professional
intervention of social workers, aiming to elaborate a proposal of Interventive Project
from the conjuncture analysis and the identification of territory demand, and thus
seeks to present the management in one of the services of the Basic Social
Protection of the social assistance policy of Marataízes, a municipality located south
of the state of Espírito Santo. The aim of the study was, therefore, to characterize the
professional intervention of the social worker, regarding housing worthy of needy
families in the municipality and who have no place to live. There are 54 families that
have, in their composition, children and adolescents aged between six months and
14 years old, adults and elderly without assistance and, since, within the scope of
basic management, the municipality must assume the management of Basic Social
Protection. (PSB) in Social Assistance and be responsible for the organization of its
network through CRAS, and also have to offer programs, projects and social
assistance services. The research, qualitative in nature, had data and information
collected through literature review. Among the main results, the study pointed to the
need to strengthen and qualify the insertion of Social Work professionals in the
intervention axis of social policy planning and management processes, as well as to
understand professional intervention beyond the execution of policies, services,
social programs and projects.

Keywords: Popular houses. Basic Social Protection. Social service.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS


CEC Centro de Educação Complementar
CRAS Centro de Referência de Assistência Social
CREAS Centro de Referência Especializada de Assistência Social
FMAS Fundo Municipal de Assistência Social
FNAS Fundo nacional de Assistência Social
LA Liberdade Assistida
MDS Ministério do Desenvolvimento Social
PAEF Proteção e Atendimento Especializado à família e Individual
PAIF Proteção de Atendimento Integral à Família
PNAS Política Nacional de Assistência Social
PSC Prestação de Serviços à Comunidade
SUAS Sistema Único de Assistência Social

SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................7

2 JUSTIFICATIVA.........................................................................................................9

3 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................11

4 PROPOSTA DO PROJETO INTERVENTIVO.........................................................16

4.1 Identificação do projeto.........................................................................................16

4.2 Fundamentação do planejamento interventivo.....................................................16

4.3 Objetivos................................................................................................................16

4.4 Objetivo geral........................................................................................................16

4.5 Objetivos específicos............................................................................................16

4.6 Metodologia...........................................................................................................16

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................17

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................18
7

1 INTRODUÇÃO

No Brasil, a assistência social tem sido historicamente associada à filantropia,


caridade e ajuda, e está diretamente relacionada à solidariedade da igreja e de
grupos religiosos. Durante décadas, os beneficiários dessa política social foram
considerados assistidos, privilegiados e não cidadãos que tinham o direito de
procurar os serviços e medidas oferecidos pelas instituições de caridade. Somente
no final dos anos 80 e início dos anos 90 foi criado o arcabouço jurídico e
regulatório, trazendo importantes mudanças ao bem-estar público.

A intervenção profissional tornou-se palco de debates no Brasil desde os anos


80 e, desde então, ganhou notoriedade, espaço e importância na educação
acadêmica, como evidenciado pela inserção de assistentes sociais nos espaços de
trabalho. Como resultado, as diversas demandas da população em relação ao uso
de serviços sociais são atendidas. Esse é um fator-chave na reflexão sobre novas
discussões sobre a importância da intervenção qualificada em um contexto social de
intensa mudança e sua relação contínua com princípios e valores ocupados por
meio do projeto ético-político profissional.

A reestruturação das políticas nacionais de assistência social assumiu uma


dimensão preventiva diferente das práticas desenvolvidas até o momento, nas quais
predominavam o apoio pontual, distribuído, descontínuo e fragmentado. Ele se
concentra em medidas preventivas, protetoras e proativas que reconhecem a
importância de uma resposta integral às necessidades humanas e a consideração
de situações de emergência voltadas exclusivamente para situações de risco social.

Neste primeiro capítulo o menciona-se esta introdução, seguido pelo capítulo


2 que justiça este Projeto Integrador III. O referencial teórico foi abordado no capítulo
3, já o capítulo 4 traz a proposta do projeto interventivo proposto para a prefeitura de
Marataízes, que é a construção de 50 unidades habitacionais populares para
famílias e indivíduos em situação de risco e vulnerabilidade social, bem como, a
fundamentação do planejamento de intervenção e seus objetivos - geral e
específicos, além da metodologia a ser empregada. Por fim, as considerações finais
no capítulo 5 e a as referências bibliográficas.
8

Ao tratar da atenção social a famílias, alguns autores assumem a


vulnerabilidade como um conceito complexo e multifacetado, relacionado à
exposição das pessoas às questões próprias do ciclo geracional, das relações
sociais, da dinâmica dos territórios, da qualidade do acesso a trabalho, renda e
serviços. A consolidação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) no Brasil
propõe reconhecimento das situações de vulnerabilidade e risco presentes no
cotidiano das famílias e indivíduos, para seu enfrentamento e superação de forma
compartilhada entre técnicos e usuários.

A pobreza é um elemento de vulnerabilidade social que pode agravá-la e


potencializar o risco. Cabe, portanto, ao assistente social intervir junto aos órgãos
competentes e autoridades para amenizar essa situação caótica, uma vez que a
proceder a falta de prevenção ou o aprofundamento das situações de
vulnerabilidade poderão originar situações de risco social decorrentes da exposição
à violência, exploração, negligência, dentre outras violações de direitos emergentes
ou já estabelecidas.

Este trabalho baseia-se na proteção básica como proposta para a elaboração


do projeto de intervenção, uma vez que o serviço básico de proteção social é
preventivo e visa à inclusão social, fortalecendo os laços família X comunidade X
acesso aos serviços públicos.

2 JUSTIFICATIVA
9

O objetivo do estudo será utilizar os principais achados da pesquisa empírica


realizada com assistentes sociais de Marataízes, no litoral sul do Espírito Santo,
para desenvolver a intervenção profissional na área de coordenação de um dos
serviços de proteção social mais fundamentais da política de assistência social.

A discussão do texto está dividida em três áreas temáticas: primeiro, os


materiais e métodos utilizados para o estudo empírico são contextualizados,
seguidos pelo referencial teórico; logo em seguida, é apresentada brevemente a
área de proteção social básica da política nacional de assistência social (PNAS), que
representou o local de inserção dos assistentes sociais em relação a este estudo e
as considerações que sugerem intervenção profissional na área de planejamento e
administração, um dos pilares da assistência social.

O terceiro tema apresenta a proposta do projeto de intervenção, que explica a


análise econômica e a identificação de requisitos territoriais, ou seja, as atividades
técnicas de planejamento e gestão: a experiência de coordenar um Serviço Básico
de Proteção Social.

Quanto à proposta intervencionista de planejamento da intervenção


profissional do assistente social para a construção casas populares em Marataízes,
vale ressaltar que desde a década de 1970, é crescente a vulnerabilização das
famílias e indivíduos decorrente de múltiplas desigualdades e ausência de serviços e
políticas públicas potencializou as lutas por trabalho, habitação, acesso ao
atendimento das necessidades básicas e ampliação da cidadania enquanto direito.

Após a Constituição de 1988, os esforços para o estabelecimento da Política


de Assistência Social convergiram para a construção de redes descentralizadas de
serviços na lógica do SUAS, em meados do século XXI, portanto, o objetivo deste
plano de intervenção foi identificar necessidades e apoiar as famílias e indivíduos
para que possam construir opções de enfrentamento da vulnerabilidade mediante o
fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, bem como através do acesso a
saúde, educação, trabalho, dentre outras políticas.

Morar de forma adequada e regularizada num local seguro e saudável, com


acesso à infraestrutura e outros benefícios é, na verdade, uma forma concreta de
afirmação da cidadania. Como habitação adequada, entende-se como sendo aquela
10

que busca oferecer moradia segura e saudável, como maneira essencial para o
bem-estar físico, psicológico, social e econômico das pessoas.

Habitação adequada significa ainda, privacidade adequada, espaço


adequado, acessibilidade física, segurança adequada, segurança de posse,
estabilidade estrutural e durabilidade, possibilidade de acessibilidade ao trabalho e a
equipamentos básicos.

Ressalta-se ainda que o direito à moradia digna foi reconhecido e implantado


como pressuposto para a dignidade da pessoa humana, desde 1948, com a
Declaração Universal dos Direitos Humanos e, foi recepcionado e propagado na
Constituição Federal de 1988, por advento da Emenda Constitucional nº 26/00, em
seu Artigo 6º que aponta a moradia como um dos direitos sociais básicos ao cidadão
brasileiro: “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a
moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.”

3 REFERENCIAL TEÓRICO

A intervenção profissional do assistente social, para Yasbek (2009), pode ser


caracterizada pelo atendimento às demandas e necessidades sociais de seus
usuários, que podem produzir resultados concretos, tanto nas dimensões materiais,
11

quanto nas dimensões sociais, políticas e culturais da vida da população,


viabilizando seu acesso às políticas sociais.

A autora afirma que como profissional inserido na divisão sociotécnica do


trabalho, o assistente social é demandado a desenvolver ações como gestor e
executor de políticas sociais, programas, projetos, serviços, recursos e bens no
âmbito das organizações públicas e privadas, operando sob diversas perspectivas,
como no planejamento e gestão social de serviços e políticas sociais, na prestação
de serviços e na ação socioeducativa.

O reconhecimento da diversidade de espaços sócio-ocupacionais para o


exercício profissional do assistente social, segundo Mioto (2000), indica o trânsito
entre ações de natureza distintas, que vão desde o atendimento direto ao usuário,
perpassando pelo planejamento, formulação e gestão das políticas sociais.

De acordo com Iamamoto (2009), os assistentes sociais desenvolvem suas


ações profissionais, seja na formulação ou na execução das políticas sociais, em
diversas áreas, como educação, saúde, previdência e assistência social, habitação,
trabalho e meio ambiente, entre outros, movidos pela defesa e ampliação dos
direitos dos cidadãos. No caso brasileiro, o setor público é o maior empregador dos
profissionais de Serviço Social, principalmente na esfera municipal, na execução
direta das políticas sociais.

No entanto, ainda de acordo com o autor, é sobre a intervenção profissional


no âmbito do planejamento e da gestão que este artigo pretende centrar a
discussão, tendo em vista a possibilidade de contribuir com as reflexões sobre o
desenvolvimento de ações profissionais nesse eixo interventivo, tão pouco
discutidas e reconhecidas como próprias do assistente social.

A PNAS traz inúmeras inovações, dentre elas a estruturação da política de


assistência social em níveis de proteção social com perspectiva socioterritorial, ou
seja, as ações são executadas nos territórios, favorecendo a localização de uma
rede de serviços voltada para a comunidade local (MDS, 2010).

Também referencia com centralidade a família, “recolocando em foco a


composição dos direitos socioassistenciais integrados ao núcleo social básico de
12

acolhida, convívio, autonomia, sustentabilidade e protagonismo social” (MDS, 2010,


p. 45). A matricialidade sociofamiliar possui destaque na PNAS:

Esta ênfase está ancorada na premissa de que a centralidade da família e a


superação da focalização, no âmbito da política de assistência social,
repousam no pressuposto de que para a família prevenir, proteger,
promover e incluir seus membros é necessário em primeiro lugar, garantir
condições de sustentabilidade para tal. Neste sentido a política de
assistência social é pautada nas necessidades das famílias, seus membros
e indivíduos (PNAS, 2004, p. 41).

A PNAS passa a determinar a forma como os serviços socioassistenciais do


SUAS serão organizados, tendo por referência a vigilância social – que refere-se ao
desenvolvimento da capacidade e de meios de gestão pelo órgão público gestor da
assistência social para a identificação das formas de vulnerabilidade social da
população e do território pelo qual é responsável –, a defesa social e institucional –
que trata de como devem estar organizados os serviços de Proteção Social Básica e
Especial, a fim de garantir aos usuários o acesso aos direitos socioassistenciais e à
sua defesa – e a proteção social – que refere-se ao conjunto de ações, benefícios e
auxílios utilizados na prevenção e como forma de reduzir o impacto das situações de
vulnerabilidade e risco, na direção do desenvolvimento humano e social e dos
direitos de cidadania (PNAS, 2004).

Em relação à proteção social de assistência social, esta abrange dois níveis:


1) a Proteção Social Básica e 2) a Proteção Social Especial – dividida em Proteção
Social de Média Complexidade e Proteção Social de Alta Complexidade. Seus
serviços devem ser prestados preferencialmente em unidades próprias do município,
através dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e dos Centros de
Referência Especializados de Assistência Social (CREAS), podendo ser executados
em parceria com entidades não governamentais de assistência social, integrando a
rede socioassistencial (PNAS, 2004).

A Proteção Social Especial objetiva prover atenções socioassistenciais às


famílias e indivíduos que se encontram em situação de risco pessoal e social, em
decorrência de abandono, maus-tratos físicos e/ou psíquicos, abuso sexual, uso de
substâncias psicoativas, cumprimento de medidas socioeducativas, situação de rua,
situação de trabalho infantil, entre outras (BRASIL, 2009).
13

Este nível de proteção está dividido em serviços de média complexidade, que


são voltados a famílias e indivíduos que tiveram seus direitos violados, porém os
vínculos familiares e comunitários não foram rompidos, e os serviços de alta
complexidade, que são voltados à proteção integral para famílias e indivíduos que se
encontram sem referência e/ou situação de ameaça, necessitando serem retirados
de seu núcleo familiar ou comunitário por rompimento dos vínculos (NOB/SUAS,
2005).

Já a Proteção Social Básica objetiva prevenir situações de risco por meio do


desenvolvimento de potencialidades e aquisições e com o fortalecimento do vínculo
familiar e comunitário (PNAS, 2004). Seus serviços visam potencializar a família
como unidade de referência, fortalecendo seus vínculos internos e externos através
de serviços locais que objetivam a convivência, a socialização, o incentivo à
participação e o acolhimento de famílias cujos vínculos encontram-se fragilizados
mas não foram rompidos (NOB/SUAS, 2005).

A Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, aprovada pela


Resolução 109 de 11 de novembro 2009, passa a estruturar a operacionalização da
política de assistência social no território brasileiro e a orientar em termos de
diretrizes gerais os serviços dessa política que deverão sem implantados nos
municípios do país.

De acordo com a tipificação, os serviços de Proteção Social Básica são os


seguintes: 1) Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF); 2)
Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e
Idosas; e 3) Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos.

O Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos vem sendo executado


a partir do atendimento a diversos segmentos populacionais, como crianças,
adolescentes, adultos e idosos. Observa-se que somente o Serviço de Proteção
Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas não foi
implementado pelo município.

Tendo em vista a classificação de município de grande porte, a cidade em


questão se caracteriza por possuir uma estrutura econômica mais complexa, por ser
polo da região e sede de serviços especializados. Cidades caracterizadas como de
14

grande porte possuem elevado número de habitantes, contêm maior infraestrutura e,


consequentemente, atraem populações que migram de outras regiões na busca de
melhores oportunidades, apresentando inúmeras demandas para as políticas sociais
públicas (PNAS, 2004).

Marataízes possui gestão plena do sistema de assistência social, ou seja,


executa os serviços de Proteção Social Básica e de Proteção Social Especial de
Média e Alta Complexidade e recebe cofinanciamento para determinados serviços e
programas do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS), mediante repasse ao
Fundo Municipal de Assistência Social (FMAS).

Dentre os serviços especializados desenvolvidos pelo município estão:


Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI);
Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida
Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de Serviços à
Comunidade (PSC); Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com
Deficiência, Idosas e suas Famílias; Serviço Especializado para Pessoas em
Situação de Rua; Serviço de Acolhimento Institucional nas modalidades: abrigo
institucional, Casa-Lar, Casa de Passagem, Casa Rosa (atendimento à mulher),
Casa do Cidadão, Conselho Tutelar e Centro de Convivência do Idoso.

Muito tardiamente, ou seja, no ano de 1996, o Serviço Social passou a ser


inserido na política de habitação, no cargo de técnico social, capaz de trabalhar junto
aos profissionais da habitação.

De acordo com Silva (1989, p. 39),

A habitação se constitui no problema social para a força de trabalho no


contexto da super exploração que tem caracterizado o desenvolvimento do
capitalismo no Brasil, como retirada do salário do valor respondente por
uma habitação que abrigue o trabalhador e sua família, obrigando-o a lançar
mão de estratégias variadas, e, sobretudo precárias para se reproduzir
como força de trabalho, e o que representa interesse para a reprodução e
ampliação do capital.

Como os assistentes sociais são profissionais integrados aos movimentos de


lutas sociais e na amplificação e obtenção dos direitos políticos, sociais e civis, a
habitação surge como uma área que necessita bastante da atuação deste
profissional, em detrimento da falta de moradia digna, problema este que aflige
grande parte da população, em especial a de baixa renda. Sendo que na sociedade
15

capitalista, a moradia ganha valor de uso assim com valor de troca, e o acesso à
mesma depende do poder de aquisição do usuário.

Para Lehfeld (1983, p. 09).

A crise habitacional, na sociedade capitalista, é resultado da não


possibilidade de compra ou pagamento de aluguel por grandes parcelas da
população. Não pode ser vista como um problema conjuntural ou uma
simples questão de equilíbrio entre oferta e demanda. Trata-se de uma
defasagem “estabelecida” entre necessidade social da habitação e a
produção de moradias e equipamentos regulados por “leis economicistas”
de desenvolvimento.

De acordo com Estevão (1992, p. 62),

“o Serviço Social é uma pratica profissional, de nível universitário, inserida


na divisão social do trabalho como qualquer outra profissão, e divide, com
os trabalhadores urbanos, as incertezas e esperanças de que é brasileiro e,
apesar disso, tem fé na vida”.

Cabe, portanto, ao assistente social cumprir o dever de atuar de forma ativa, e


não passiva na garantia dos direitos dos cidadãos, para que a população possa ter
respaldo ao acessar as políticas e programas habitacionais disponíveis.

4 PROPOSTA DO PROJETO INTERVENTIVO

No município de Marataízes estão sendo operacionalizadas, no âmbito de


Projetos Urbanos, ações do Programa “Marataízes + Moradia”, que beneficiará 54
famílias com renda mínima, devidamente cadastradas na Secretaria Municipal de
Habitação e no Cadastro Único. Visando reduzir o déficit habitacional, propõe-se
ampliar o Programa “Marataízes + Moradia”, garantindo assim o direito social à
moradia no município de Marataízes.
16

DADOS Quantidade (nº)

Total de Famílias Beneficiárias 54

Média Composição Familiar 04

Total de Pessoas Beneficiárias 216

Total de Famílias Realocadas 50

Total de Famílias Beneficiadas com a Escritura Pública 54

Total de Famílias que serão beneficiadas com a Pavimentação 54

A proposta a ser desenvolvida no Bairro Santa Rita 2 compreende ações de


apoio à melhoria das condições de habitabilidade, urbanização, regularização
fundiária e integração das. A Secretaria Municipal de Habitação, visando atender a
Lei Federal 12.741/03 e a Portaria nº 595/2018, prioriza o atendimento das famílias
que serão realocadas; famílias residentes em áreas de risco, insalubres ou que
tenham sido desabrigadas; assim como famílias com mulheres responsáveis pela
unidade familiar e famílias de que façam parte pessoas com deficiência e idoso na
sua composição.

4.1 Identificação do projeto

Programa: “Marataízes + Moradia” Contrato CAIXA nº: 0340467


UAS-PROVISAO HABITACIONAL 28/2010/MCIDADES/CAIXA
Ação/Modalidade: Programa Minha Casa Minha Vida - Apoio à Melhoria das
Condições de Habitabilidade
Ação/Modalidade: Apoio à Urbanização de Assentamentos Precários.
Empreendimento: Santa Rita 2
Localização/Município: Bairro Santa Rita 2 situado na região sudoeste da área
urbana do município de Marataízes/ES, tendo como principais vias de acesso a
Rua Amilton Machado, a partir do centro da cidade e Rua Espinha de Peixe, no
sentido norte/sul. Alternativa para o acesso ao bairro é a Rua Emílio Bom Gosto,
17

inicia na praia da Areia Preta e termina no Centro de Detenção Provisória. Localiza-


se próximo ao entroncamento das rodovias Safra X Marataízes. E, tem como
coordenadas geográficas Latitude 21º02'36" S e Longitude 40º49'28" W.
Fonte de recursos: Regime de execução do PTTS: Terceirizado
OGU/MCIDADES
Contrapartida: PMCMV e
"Marataízes + Moradia"
Repasse/Financiamento R$ 123.123,00
Contrapartida (bens e serviços) Mão de obra
Proponente/Agente Promotor: Prefeitura Municipal de Marataízes
Executor da intervenção: A licitar E-mail:

Coordenadora local do PTTS: Formação:


Karla Leal Serviço Social
Tel.: (28) 99913-9773 E-mail: [email protected]
População Beneficiária Total: 54 Nº. imóveis visitados e cadastrados: 78

Nº de Famílias Cadastradas Nº de pessoas (cadastradas) – 370


(maio/2017) 90

Nº de Famílias Cadastradas Nº de mulheres chefes de família: 24


(junho/2012)- 6

Risco Nº. de famílias a serem Risco Social: 124


ambiental cadastrados: 114 (lotes)*
: 19
Nº de idosos – 223 Nº de idosos chefes de família – 147
Nº de pessoas portadoras de Nº de pessoas portadoras de necessidades
necessidades especiais – 82 especiais chefes de famílias – 1
Renda média familiar (em SM) – 1 a 2 SM
*cadastrados, selecionados e indicados pela Agência Municipal de Habitação

4.2 Fundamentação do planejamento da intervenção profissional

O desenvolvimento das ações do Projeto de Trabalho Social no âmbito do


Programa “Marataízes + Moradia” é fundamental, pois visa promover o acesso à
moradia digna com padrões mínimos de sustentabilidade, segurança e
habitabilidade com vistas à diminuição do déficit habitacional.
As 54 unidades deverão ser construídas em parceria com os governos
Estadual e Federal, contemplando famílias não atendidas pelo benefício “Aluguel
Social”. Essas devem ser compostas por dois quartos, sala, cozinha e banheiro,
dentro de uma área de 12 mil m², no Bairro Santa Rita 2.
18

4.3 Objetivos

4.4 Objetivo geral

Preparar os beneficiários do bairro São Mateus para a apropriação do


ambiente reordenado e legalizado, estimulando a organização da população, a boa
convivência com o meio ambiente com ênfase na sustentabilidade do
empreendimento.

4.5 Objetivos específicos

 Estimular a participação dos moradores visando a organização comunitária, a


convivência coletiva e a integração no território;
 Promover ações para a boa adaptação ao território, a conservação do imóvel
e a permanência na nova moradia;
 Criar espaços de diálogo, canais de informação e debate sobre a garantia
dos direitos sociais e as regras de convivência coletiva no território;
 Promover a participação dos beneficiários por meio de atividades
socioeducativas, auxiliando na organização e gestão comunitária, educação
sanitária, ambiental, patrimonial e para a saúde, visando a melhoria nas condições
de vida das famílias beneficiadas.
4.5 Metodologia

As ações/atividades para a efetivação deste projeto interventor baseiam-se na


fase do Plano de Desenvolvimento Socioterritorial, ou seja, subsequentes à
aquisição das novas unidades habitacionais, tendo como duração o período de 9
(nove) meses.
Este projeto caracteriza-se por sua brevidade, entretanto, o seu tempo de
execução está de acordo ao que prevê a Portaria nº 21/2018 e sua brevidade
justifica-se pelo limitado recurso disponível à construção das casas populares,
considerando a amplitude do número de famílias a serem atendidas.
19

A Assistência Social procurará desenvolver, por meio de uma organização


comunitária, o fortalecimento dos laços de vizinhança propondo a conservação da
propriedade e dos espaços comuns; orientando a criação de organismos
representativos dos beneficiários e o desenvolvimento de grupos sociais e de
comissão de interesses; identificando e capacitando lideranças e grupos
representativos em processos de gestão comunitária; fortalecendo vínculos
familiares e comunitários.
Além das ações elencadas serão realizadas visitas domiciliares com o
objetivo de conhecer as reivindicações e dificuldades enfrentadas pelos beneficiários
no novo espaço de moradia e Plantão Social para orientações, encaminhamentos e
inclusão na Rede Socioassistencial Municipal e parceiros, quando necessário.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização de estudos voltados para a dimensão técnico-operativa da


intervenção do assistente social é um tema que vem ganhando centralidade na
agenda de debates da categoria profissional. Discutir a intervenção profissional
envolve considerar a complexidade da inserção do assistente social nos mais
diversos espaços ocupacionais, no atendimento das múltiplas demandas dos
usuários e sua prática diretamente relacionada com as mudanças societárias,
interligadas com mudanças ocorridas no mundo do trabalho e nas políticas sociais.
20

Essas mudanças desencadeiam novas requisições, demandas e


possibilidades ao trabalho profissional. No caso da política de assistência social,
apesar de ser um campo de trabalho multi e interdisciplinar, historicamente se
constitui como uma das principais “mediações do exercício profissional dos
assistentes sociais, sendo reconhecidos socialmente (e se autorreconhecendo)
como os profissionais de referência desta política” (RAICHELIS, 2010, p. 751).

Não há clareza na compreensão de que o trabalho desenvolvido nos CEC


seja de competência da política de assistência social, confundindo-se com o
atendimento voltado para a política de educação. Essa descaracterização do serviço
pode ocorrer em função do desconhecimento da Tipificação Nacional dos Serviços
Socioassistenciais, documento que orienta e descreve quais serviços serão
prestados pela rede de proteção social de acordo com a sua especificidade.

O desafio de implementar o novo modelo de gestão do SUAS na direção da


universalização dos direitos sociais demandará a ampliação e qualificação das
ações dos assistentes sociais, na direção de planejar e gerenciar articuladamente os
serviços específicos da política de assistência social entre seus diferentes níveis de
proteção social, bem como com os serviços das demais políticas sociais para além
da sua execução terminal.

REFERÊNCIAS

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atendidas pelo Centro de Educação Complementar da Costeira do
Pirajubaé/Florianópolis. Trabalho de Conclusão de Curso (Serviço Social),
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis: 2003.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. 41. Ed. São


Paulo: Editora Saraiva, 2008.

BRASIL. Lei n. 8.742 de 7 de dezembro de 1993 dispõe sobre a organização da


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Nacional dos Serviços Socioassistenciais. Ministério do Desenvolvimento Social
e Combate a Fome. Brasília, 2009.

CARDOSO, P. A atuação profissional do assistente social na coordenação de


projetos socioeducativos: a experiência dos Centros de Educação Complementar
de Florianópolis. Trabalho de Conclusão de Curso (Serviço Social), Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis: 2010.

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descentralizado e participativo ao Sistema Único da Assistência Social –
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