O documento discute o transtorno de ansiedade generalizada de acordo com o modelo cognitivo-comportamental. O transtorno é caracterizado por preocupação excessiva e incontrolável sobre diversos eventos, causando sofrimento significativo. A terapia cognitiva-comportamental foca em identificar pensamentos e comportamentos ansiogênicos e ensinar estratégias como reestruturação cognitiva e exposição para lidar com a preocupação.
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Paulo Knapp - TAG
O documento discute o transtorno de ansiedade generalizada de acordo com o modelo cognitivo-comportamental. O transtorno é caracterizado por preocupação excessiva e incontrolável sobre diversos eventos, causando sofrimento significativo. A terapia cognitiva-comportamental foca em identificar pensamentos e comportamentos ansiogênicos e ensinar estratégias como reestruturação cognitiva e exposição para lidar com a preocupação.
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TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA
1) KNAPP, Paulo. Princípios Fundamentais da terapia cognitiva. In: KNAPP,
Paulo. Terapia Cognitivo-Comportamental na Prática Psiquiátrica. Porto Alegre: Artmed, 2004.
TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA: Pode ser entendido como um
transtorno multidimensional, com 3 sistemas de ansiedade: fisiológico, cognitivo e comportamental. Segundo o DSM-5 consiste em ansiedade e preocupação excessiva com diversos eventos ou atividades, ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos seis meses, sendo que o indivíduo considera difícil controlar a preocupação. - A ansiedade e preocupação estão associadas a três ou mais dos seguintes sintomas: inquietação, fatigabilidade, dificuldade de concentração, irritabilidade, tensão muscular, perturbação do sono. Ressalta-se que pelo menos um desses sintomas esteve presente na maioria dos dias nos seis meses anteriores, sendo que eles não podem ser devidos ao efeito de uma substância, a uma condição clínica ou a outro transtorno psiquiátrico em Eixo I. Além disso, a ansiedade e preocupação causam sofrimento significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional. - Pacientes com TAG frequentemente apresentam história de ansiedade ao longo da sua vida. Uma grande parte não sabe informar a idade do início dos seus sintomas, ou colocar como um remoto início na infância. - O conteúdo das preocupações parece variar entre os idosos e os indivíduos mais jovens.
MODELO COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
- Há 2 aspectos importantes a considerar na intervenção terapêutica: a preocupação excessiva
e incontrolável e a hiperexcitabilidade persistente, que consiste em manifestações físicas incontroláveis relacionadas à tensão. - Importância dos fatores que levam a apresentar maiores níveis de ansiedade assim como os fatores envolvidos na manutenção desses elevados níveis. - A preocupação pode funcionar como um reforçador negativo, diminuindo a reatividade fisiológica ao processamento emocional. - A superestimação de uma probabilidade (superestimar a probabilidade de ocorrência de um evento negativo – que é improvável e, geralmente, associada a uma não-confirmação repetida) e o pensamento catastrófico (atribuir consequências catastróficas – extremas – a eventos menores, sendo que o evento passa a ser visto como intolerável) são distorções cognitivas presentes nos indivíduos com TAG. - Pacientes com TAG possuem uma percepção elevada do perigo ou ameaça. - Modelo de ansiedade de Krohne: a intolerância à incerteza e a intolerância ao estímulo emocional são variáveis subjacentes aos transtornos de ansiedade (a ansiedade excessiva poderia ser o resultado da oscilação entre o estado de hipervigilância e o estado de evitação). - A preocupação constante dos indivíduos com TAG caracteriza-se por uma tendência a interpretar as situações ambíguas como ameaçadoras, a estimar de forma elevada o risco e a considerar as situações ambíguas como negativas.
MANEJO TERAPÊUTICO:
- Importância de uma relação terapêutica sólida para TCC ser efetiva.
- Lima e Wielenska (fases do processo terapêutico): a) a estruturação; b) diagnóstico funcional; c) planejamento terapêutico; d) implementação do plano terapêutico; e) avaliação contínua dos resultados. - Importância de identificar os comportamentos que o paciente percebe como problemáticos, determinar as variáveis relacionadas à causa dos acontecimentos, identificar as características do paciente para compreender como as primeiras experiências e o seu problema atual se organizaram, identificar as variáveis do meio que possam facilitar ou interferir no tratamento. - Brown e colaboradores (1999): PROTOCOLO DE TRATAMENTO PARA TAG, com diferentes componentes de tratamento que se dirigem a cada um dos 3 sistemas de ansiedade: cognitivo (reestruturação); comportamental (prevenção do comportamento de preocupação, solução de problemas e manejo do tempo); fisiológico (treinamento de relaxamento muscular progressivo).
TERAPIA COGNITIVA:
- Pacientes com TAG tendem a avaliar negativamente informações neutras ou ambíguas.
- Importante auxiliar o paciente, antes de tudo, a identificar a relação entre os pensamentos e a ansiedade, identificar os indícios que servem como gatilhos para a ansiedade, que podem ser internos (emoções, imagens, pensamentos, sensações corporais, comportamentos) ou externos (relacionados a eventos do meio em que o indivíduo vive). - EXEMPLO: o indivíduo percebe determinado evento como estressor ou potencialmente ameaçador; diante disso, pode desenvolver pensamentos ansiosos, que levam a respostas fisiológicas de ansiedade, as quais, por sua vez, geram outros pensamentos com conteúdo de preocupação; isso provoca uma emoção negativa relacionada à ansiedade, que pode promover o aparecimento de um outro pensamento ainda mais ansioso.
- Como identificar os indicativos precoces de ansiedade? É solicitado ao paciente que
descreva detalhadamente alguma situação que tenha gerado preocupação e, a partir disso, os pensamentos, as imagens, as emoções e as sensações corporais percebidas. Outra forma seria buscar algum momento que perceba que o paciente tenha mudança no comportamento afetivo e solicitar que ele descreva o que está ocorrendo naquele momento. - Os erros cognitivos mais frequentes são: magnificação de riscos, minimização de recursos, pensamento dicotômico, personalização, atenção seletiva e supergeneralização. - A contestação dos pensamentos é das ferramentas. No entanto, não consiste simplesmente em substituir pensamentos negativos por positivos. Possibilita que pensamentos relacionados à ansiedade exagerada sejam desaprendidos e cognições mais realistas e exatas sejam consideradas. Envolve, entre outros aspectos: 1) Considerar pensamentos como hipóteses, que baseadas e evidências, podem ser confirmadas ou não; 2) Basear-se nas evidências para examinar a validade da crença; 3) Analisar a situação e, a partir disso, gerar predições possíveis do evento. - Pensamento catastrófico: Possibilitar que o paciente avalie, de forma crítica, o pior que pode acontecer, a gravidade do evento. Isso permite estimar o quanto ele se sente capaz de lidar com o evento, caso ocorra. (criar diversas alternativas para o pior resultado possível).
EXPOSIÇÃO À PREOCUPAÇÃO: É constituída pelos seguintes passos:
1) Identificar e registrar as esferas de maior preocupação do paciente e ordená-las
hierarquicamente. 2) Treinar a imaginação com cenas agradáveis e com cenas que causem desconforto e preocupação (considerando o pior desfecho possível). Quando esta fase estiver acontecendo com nitidez, passe para as próximas. 3) Escolher a preocupação menos perturbadora do registro inicial e praticar o treinamento de imaginação: evocando a preocupação por meio da concentração do paciente em seus pensamentos ansiosos e na imaginação do pior resultado que teme. 4) Assim que o paciente completar a fase 3, deve ser estimulado a rememoração desses pensamentos e imagens por cerca de 25 a 30 minutos. 5) Gerar alternativas para os resultados temidos e propostos nos itens anteriores. - Após essas etapas, o paciente deve ser orientado a repetir esse processo para outras esferas de preocupação, segundo a hierarquia inicialmente assinalada. - Com este exercício, o paciente pode utilizar outras técnicas, como a reestruturação cognitiva e o relaxamento muscular. * Importante esclarecer que a distração pode possibilitar um alívio de ansiedade a curto prazo, mas não será útil no manejo da ansiedade a longo prazo, pois pode reforçar a percepção de que determinados pensamentos e imagens devem ser evitados e interferir na avaliação das cognições ansiogênicas.
PREVENÇÃO DO COMPORTAMENTO PREOCUPADO:
- Provoca, muitas vezes, uma redução temporária da ansiedade (Exemplo: telefonar
frequentemente para pessoas com quem se preocupa para garantir que estão bem). Esses comportamentos preocupados são negativamente reforçadores para o paciente. - Intervir com a prevenção sistemática de respostas que funcionalmente estejam ligadas à preocupação. Pode ser feito solicitando que (1) o paciente faça uma lista dos seus comportamentos preocupados mais comuns; (2) automonitorize e registre a frequência com que o comportamento ocorre na semana; (3) evite ter comportamento do tipo preocupado. Deve-se avaliar o que o paciente acredita que possa ocorrer com a prevenção da resposta. Após a realização do exercício, compara-se o ocorrido com as previsões sugeridas. - Outra técnica: propor que o indivíduo controle o movimento em que ficará preocupado. Irá ajuda-lo a reduzir a associação entre preocupação e indicativos de ansiedade, além de propiciar um senso de controle quanto a sua preocupação. Pode-se solicitar ao paciente que que escolha algum momento do dia para se preocupar, propondo que seja um intervalo de 30 minutos e que esse período ocorra todos os dias no mesmo local e horário, não podendo estar associado ao relaxamento ou trabalho. Em todos os horários e lugares, deve postergar a sua preocupação para o horário estabelecido. SOLUÇÃO DE PROBLEMAS:
- É importante, em um primeiro momento, ensinar o paciente a avaliar os problemas de forma
objetiva, em termos específicos, dividi-los em segmentos mais manejáveis e resolvê-los por partes. - Uma resolução eficaz inclui processos interativos, sendo que cada um contribui de maneira distinta para uma boa resolução de problemas: orientação em relação ao problema; definição e formulação do problema; busca de alternativas; tomada de decisão e execução; e verificação da solução. Associa-se a isso o aprendizado de considerar soluções alternativas.
MANEJO DO TEMPO:
- É fundamental auxiliar o paciente a distribuir as atividades no tempo, evitando que
sobrecarregue os horários. Pode-se desenvolver uma “lista de fixação de metas”, a qual possibilita que as atividades do dia sejam planejadas e que, associado a cada compromisso, seja colocado algum indicador do nível de importância e urgência da sua realização. - EXEMPLO: (1) para a atividade que é muito importante e urgente; (2) para a atividade que é importante, mas que pode ser utilizada num segundo momento; (3) importante, mas que não precisa ser, necessariamente, resolvida naquele dia... - Além da adesão a agenda é fundamental abordar com o paciente a importância da capacidade de delegar responsabilidades (evitar sobrecarga de horários e acúmulo de compromissos). - Desenvolver a assertividade.
TRATAMENTO EM RELAXAMENTO:
- OBJETIVO: aliviar os sintomas ligados ao componente fisiológico da ansiedade, visando a
interrupção da associação aprendida entre hiperexcitabilidade autonômica e preocupação. - Diferentes métodos para o relaxamento, como: respiração diafragmática (diferenciar da respiração torácica), relaxamento muscular progressivo (consiste em provocar contrações e relaxamentos sucessivos de grandes grupos musculares, nesse sentido, é importante o paciente identificar as sensações de tensão x relaxamento muscular), etc.