Patologia em Pontes
Patologia em Pontes
Patologia em Pontes
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
José Eduardo Quaresma – Docente e Orientador do Curso de Engenharia Civil – UNIARA – Engenheiro Civil e
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de Segurança do Trabalho pela Associação das Escolas de Engenharia Civil e de Agrimensura de Araraquara/
Mestre em Hidráulica e Saneamento pela Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da Universidade de São
Paulo (USP) – São Paulo, [email protected].
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estruturas de mesmo tipo e função podem ser construídas com qualquer um desses materiais
(BROOKS; NEVILLE, 2013).
Entretanto, nenhum dos dois materiais é eterno, mesmo que o concreto seja um dos
materiais mais utilizados em obras de arte para fins estruturais por possuir excelente
desempenho, com o passar do tempo, pode apresentar manifestações patológicas, como
deformações, fissuras, lixiviações, corrosões, armaduras ativas expostas a intempéries, entre
outros, ou seja, problemas que deveriam surgir 50 anos depois começam a aparecer logo no
início.
Para Neville (1997), o concreto só é considerado quando consegue desempenhar as
funções a que lhe foram atribuídas por um período de tempo previsto inicialmente. Sob a
perspectiva de Mehta e Monteiro (1994), nenhum tipo de material é essencialmente durável,
pois as propriedades e microestruturas dos materiais se modificam com o passar do tempo.
A evolução de conhecimentos e estudos técnicos, juntamente ao histórico e
experiências adquiridas sobre estruturas de concreto armado, acarretou em revisões e
reformulações de procedimentos de concepção a execução e, principalmente, de normas que
exigissem procedimentos de manutenções necessárias.
De acordo com a norma brasileira atual, NBR 6118/2014, se todas as suas prescrições,
deveres e condições relativas à durabilidade, ao Estado Limite Último e ao Estado Limite de
Serviço forem atendidas, se houver as manutenções preventivas como definidas em projeto e
contando que não haja alteração das condições ambientais para as quais a estrutura de
concreto foi projetada, essas estruturas terão sua durabilidade garantida, observadas também
as manutenções essenciais definidas durante o projeto (ANGELO, 2004).
Uma ponte é capaz de carregar não apenas sobrecargas dinâmicas, mas também de
promover o desenvolvimento econômico, social e cultural, por isso,
De acordo com Marchetti (2008), são denominadas pontes as obras destinadas à
transposição de obstáculos que uma via de comunicação qualquer pode possuir. Esses
obstáculos podem ser rios, braços de mar, vales profundos, outras vias, etc.
Quando o obstáculo transposto for um rio denomina-se ponte, quando o obstáculo
transposto for um vale ou outra via denomina-se viaduto (BASTOS; MIRANDA, 2017).
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
se manifestado em fase de estudo preliminar, esta, em geral, terá soluções mais complexas e
dispendiosas que a de uma falha manifestada na fase de anteprojeto.
Embora em ambas as ocorrências citadas no exemplo, gerem principalmente
empecilhos no uso da edificação ou elevação nas despesas construtivas, as deficiências
apresentadas na etapa de realização do projeto executivo, resultam em patologias mais
danosas. Conforme foram apresentadas por Souza e Ripper (2009):
Elementos de projeto inadequados;
Falta de compatibilidade entre a estrutura e a arquitetura, bem como os demais projetos
civis;
Especificação inadequada de materiais;
Detalhamento insuficiente ou errado;
Falta de padronização das representações (convenções);
Erros de dimensionamento.
Após as etapas de concepção e construção da estrutura, mesmo sem apresentar
problemas, não pode ser ignorado o risco de ocorrer manifestações patológicas devido à má
utilização e manutenção do sistema estrutural.
Sabe-se que as estruturas de concreto armado sofrem patologias diversas ao longo do
tempo, não só devido às falhas humanas cometidas durante o ciclo de vida da estrutura:
deficiências de projeto, espessura de cobrimento insuficiente, especificações e características
inadequadas do concreto; mas, também devido a outros fatores muitas vezes não levados em
consideração pelos projetistas e construtores (ROCHA, 2015).
É muito comum tratar o concreto armado como se ele fosse indestrutível, mas tal
como qualquer outro material, ele vai se degradando com a idade, em maior ou menor rapidez
dependendo de muitos fatores [...]. Entretanto, nem as pedras e nem o concreto resistem
infinitamente à ação das intempéries, dos agentes físicos e químicos naturais, ou de
solicitações mecânicas exageradas, etc. (VERÇOZA, 1991).
Os agentes considerados agressivos são aqueles produzidos por ações mecânicas,
físicas, químicas ou biológicas, atuando sozinhos ou associados entre si. Os produzidos por
ações mecânicas são em sua grande maioria, cargas elevadas, sobrecargas, impactos,
vibrações, cavitações, produzidos por causas naturais ou artificiais (ANDRADE FILHO,
2008).
Entre as ações físicas, está a variação de temperatura, umidade, radiações e incêndio,
diferentemente das ações químicas, que atuam na forma de gases poluentes que são
geralmente liberados na atmosfera por motores de veículos, águas agressivas, despejos
residuais, entre outros.
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Ainda segundo Helene (1986), deterioração do concreto armado pode acontecer por
diversos fatores, dentre eles estão a corrosão do próprio concreto, seja por ação de agentes
físicos, químicos ou biológicos, e a corrosão da armadura por ação de agentes químicos ou
eletroquímicos, a qual representa 20% das incidências de manifestações patológicas no
concreto.
3. METODOLOGIA DA PESQUISA
4. ESTUDO DE CASO
risco grave até que a prefeitura apresente documentos que comprovem a segurança estrutural
de todas.
De acordo com a gestão municipal da cidade, os seguintes viadutos e pontes são os
que apresentam maiores problemas e precisam de perícia completa:
Segundo os relatórios técnicos emitidos pela prefeitura, 33 no total, 16 pontes e
viadutos apresentam maiores riscos e necessitam de perícia técnica completa e emergencial,
pois demonstram problemas como armações expostas, vigas com danos causados por colisões
de veículos maiores que o permitido, juntas de dilatação deterioradas, infiltrações, entre
outros.
A ação só foi emitida após o viaduto da Marginal dos Pinheiros (Figura 2), um dos que
apresentam maior fluxo de trânsito, apresentar deslocamento verticalem aproximadamente 2m
após o rompimento de um dos pilares, ocasionando na sua interdição imediata por 4 meses.
Figura 3 - Pilar que rompeu do viaduto de acesso a Marginal Pinheiros
Fonte: notícias.r73
De acordo com o Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São
Paulo (Ibape-SP), uma manutenção programada custa cinco vezes menos que uma inspeção
corretiva. Ou seja, o reparo custa cinco vezes mais que a manutenção.
4.1. Análise visual das manifestações patológicas e suas terapias
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Disponível em: <https://noticias.r7.com/sao-paulo/fotos/viaduto-jaguare-cede-e-estrutura-e-interdita-em-sao-
paulo-veja-fotos-15112018#!/foto/1> Acesso em: abr/2019.
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Figura 8 - Alma externa com exposição da bainha de Figura 9 - Laje com manchas de eflorescência
proteção, armadura frouxa devido as colisões e escorrimento de água, com sinais de fogo
Figura 10 - Junta de dilatação com trechos cobertos Figura 11 - Junta de dilatação danificada.
por pavimento.
Figura 14- Parede do encontro com umidade e Figura 15 - Concreto segregado por
fissuras no concreto, com empolamento da pintura. vibração deficiente.
Figura 24 - Laje com marca de raspagem. Figura 25 - Laje com manchas d’água.
Figura 26 - Viga longarina com armadura exposta. Figura 27 - Pilar com fissura vertical.
5. CONCLUSÃO
Uma estrutura quando começa a ter seu desempenho colocado em risco, seja por
fatores externos ou de ordem de projeto e execução, apresenta sintomas indicativos de que
algo não está em pleno funcionamento. Tais sintomas se dão por meio de manifestações
patológicas, e que apresentam características únicas e fundamentais para o correto diagnóstico
e terapia como forma de restabelecimento de suas propriedades fundamentais.
Diante das patologias presentes nas pontes e viadutos, pode-se observar que cada caso
deve ser avaliado conforme suas especificidades e, principalmente, sua estrutura, sendo assim,
o projeto de manutenção ou recuperação deve ser feito especificamente para cada tipo de obra
de arte.
Considerando que o objetivo proposto deste trabalho foi fazer uma análise visual do
estado de conservação de pontes e viadutos situados nas vias urbanas de São Paulo (SP) e
apresentar as possíveis terapias aplicadas, foi possível observar que as condições das pontes e
viadutos estudados são preocupantes em sua grande maioria.
A maior parte das estruturas apresenta problemas de ordem patológica graves, como
fissuras e corrosão avançada da armadura, além da carbonatação, com a qual o
funcionamento, durabilidade e desempenho são totalmente afetados, ocasionando em sérios
riscos a segurança do entorno e daqueles que utilizam destes tipos de obras de arte apenas
como forma de locomoção.
Este fato é constatado devido ao número expressivo de manifestações patológicas
encontradas, as quais se mostraram como resultados de ineficiências de planejamento, projeto
e, principalmente, manutenção, comprometendo as condições de segurança estrutural e o seu
próprio funcionamento. Assim, foi possível observar que o atual estado de conservação destes
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bens públicos deve-se em parte pela falta de planejamento por parte dos poderes públicos de
implantação de uma gestão de manutenção, a qual deve ser utilizada como forma de
preservação de bem e antecipação de prejuízos financeiros e econômicos, visto que a
manutenção tardia requer além de maiores cuidados, maiores investimentos também.
Finalmente, é possível concluir que a melhor alternativa para evitar os avançados
danos causados por diversos fatores ainda é a prevenção. A prevenção deve ser feita desde o
correto projeto até a execução dentro dos parâmetros normativos de qualidade, mas
principalmente por um programa de manutenção estrutural rotineiro, o qual tem como
objetivo facilitar as verificações dos estados de deterioração estrutural e favorecer a redução
de custos dos tratamentos posteriores.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
VERÇOZA, Enio José. Patologia das edificações. Editora SAGRA. Porto Alegre, 1991.
HELENE, Paulo. Corrosão em armaduras para concreto armado. Editora PINI. São
Paulo, 1986.
HELENE, Paulo. Manual para reparo, reforço e proteção de estruturas de concreto. São
Paulo: Editora PINI, 1992.
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NEVILLE A. M. Propriedades do Concreto. Ed. PINI, 2ª edição. São Paulo, 1982. 828p.