Cartilha OAPar

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COLABORADORES

Alessandra Andrade Pinto Luana Barbutti Vinge


ALIENAÇÃO PARENTAL
Coordenado pelo Observatório de Alienação Parental – OAPar
Alexandre Pinheiro Luciana Marques dos Santos
Ana Carolina Castro Maria Graziela N. Starling
Ana Maria Medeiros Paula Guitti 1. Apresentação e justificativa 3
Ana Paula C S Flores Roberta Toledo Barcellos 2. Derrubando mitos 7
Andra Luiza G. R. Silva Simone Soares Braz 3. O que é? 11
Bruna Vidal Tania Rosário Van 4. Como se manifesta a AP em crianças e adolescentes? 15
Barbara Heliodora de A. Peralta Thais Ritieri 5. Como agir? 21
Cristiane Postiga de Castro Wilza Neves Silva Eixo Família 21
Ediane Ferreira Palhano
SUPERVISORA Eixo Profissionais de Saúde 22
Elisa Accioly
Glicia Brazil Eixo Justiça 23
Fabricio Simões Cavallari
Lenea Beltrame E. P. Gonçalves
6. Conclusão 29
CAPA, PROJETO GRÁFICO
Lenita Pacheco Lemos Duarte E ILUSTRAÇÕES
Lilibeth de Azevedo Carol Porto Estúdio

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CAPÍTULO 1

APRESENTAÇÃO
E JUSTIFICATIVA
“A meu ver, isso é o que deveria ser dito à criança pelo Juiz, assumindo ele as
razões de sua decisão ao se referir à lei que está aplicando. É preciso que a
criança saiba que o juiz não faz a lei e que não faz o que quer. O juiz está preso,
seja à lei, seja à lógica de uma situação: assim, adota uma medida que talvez a
criança não deseje, mas que lhe parece a melhor para o desenvolvimento dela.”
Dolto, Françoise.
Quando os pais se separam.
RJ: Zahar ed. 2003, p 138.

O Observatório da Alienação Parental é um grupo cria-


do por alunos da primeira turma do Brasil do curso de extensão
em Alienação Parental, ministrado pela professora Glicia Brazil,

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psicóloga e bacharel em Direito, na PUC-RIO. O OAPar surgiu
da preocupação de aprofundar o entendimento sobre o tema, sua
identificação e da necessidade de educar e informar as famílias, o
Poder Judiciário, profissionais de saúde, de educação e sociedade
como um todo sobre os malefícios da Alienação Parental na família.
A iniciativa de elaboração da cartilha foi acolhida e recebeu apoio:
todos unidos pelo objetivo de proteger crianças e adolescentes dos
efeitos ruins da Alienação Parental.

Com essa cartilha, você poderá entender melhor a Alienação Paren-
tal (AP) e seu impacto sobre a vida das famílias: (i) derrubaremos os
mitos que envolvem o tema da AP; (ii) explicaremos o que é; (iii)
como ela se manifesta; (iv) como agir quando ela se apresenta. #medeixasereu

E por que você deveria conhecer a AP? Nessa cartilha você vai desco-
brir que a AP é uma forma de violência psicológica contra crianças
e adolescentes. Combater a AP é defender o direito que cada criança
e cada adolescente tem de amar e dizer que ama sua própria família.
É dever de cada pessoa na nossa sociedade proteger as crianças e os
adolescentes.

Vamos então desvendar esse fenômeno chamado Alienação Parental
e os aspectos da Lei n.º 12.318/2010 que trata do tema?

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CAPÍTULO 2

DERRUBANDO
MITOS
A lei da alienação parental sofreu críticas e alguns grupos da
sociedade buscam sua revogação e o seu cancelamento. É verdade
que a lei pode ser melhorada, mas os argumentos dos críticos ba-
seiam-se em mitos. Vamos juntos derrubá-los!

“essa lei é pedófila! Juízes estão invertendo a guarda de filhos


para pais pedófilos, basta que a acusação de abuso sexual feita
pela mãe não se confirme” - Mito!
A inversão de guarda só ocorre em casos excepcionais, quando as ou-
tras medidas mais brandas, previstas na lei n.º 12.318/2010, foram
adotadas e não funcionaram. Por que será que um genitor ou genitora
que se diz preocupado com a saúde psicológica do filho iria ignorar
todas as medidas anteriores à inversão da guarda a ponto de um juiz
ter que tomar medida tão extrema?

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A luta dos que defendem nossas crianças dos pedófilos é exatamente “laudos periciais parciais e suspeitos” - Mito!
a mesma daqueles que defendem as crianças da violência psicológica Os laudos periciais são feitos dentro do processo judicial, e cada uma
que é a alienação parental. E justamente por ser a pedofilia um caso das partes tem seu próprio advogado ou defensor público zelando
tão grave, tanto quanto a alienação parental, devemos repudiar as pelos seus interesses. A perícia psicológica é feita por profissional ou
falsas denúncias de abuso que possuem o intento de afastar filhos equipe multidisciplinar habilitada.
de seus pais!
Quem define como a perícia vai acontecer é o psicólogo, mas cada
“lei que só pune as mulheres, misógina!” - Mito! uma das partes do processo pode fazer suas perguntas ao psicólogo.
A alienação é praticada por homens, mulheres, jovens ou idosos. E Normalmente essa perícia conta com entrevista das partes envolvidas,
a lei é uma só para todos! Você sabia que pai pode alienar o filho exame do histórico do relacionamento do ex-casal e dos documen-
de sua mãe? E até avós podem alienar seus netos contra os pais ou tos que constam no processo, avaliação da personalidade das partes e
outras pessoas da família? Qualquer pessoa que cuide das crianças e exame do comportamento da criança ou adolescente sobre eventual
dos adolescentes pode praticar a AP. O objetivo do alienador na AP acusação contra o genitor.
é impedir que a criança ou o adolescente ame os outros membros da
família; é transformá-los em adversários do outro lado da família. É Todas as partes desse trabalho acontecem com muito cuidado e res-
uma espécie de lavagem cerebral que o alienador faz com o objetivo peito, não só à criança como também a todas as partes envolvidas.
de causar prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos Você sabia que no processo judicial o Juiz é obrigado a garantir o
com o genitor alienado e toda a sua família extensa. contraditório e a ampla defesa? Isso significa que, sobre todos os
atos do processo, todas as partes têm oportunidade de se manifestar
Será que é mesmo possível dizer que a lei é contra a mulher ou e falar. E mais, você sabia que, quando a criança fala, muitas vezes
contra a figura materna? NÃO! O foco da lei é a proteção dos filhos ela tem uma fala de fantasia, e não de realidade? Sabia que até mes-
em primeiro lugar. De que forma? Reconhecendo a importância da mo o silêncio da criança precisa ser acolhido e interpretado? É por
participação de ambos os lados da família - materna e paterna - na isso que somente um especialista da psicologia pode traduzir a fala
criação e educação dos filhos. E como se faz isso? Assegurando que ou silêncio de uma criança. 
os filhos tenham ampla convivência com pai e mãe e respectivas
famílias extensas. Agora que derrubamos os principais mitos que envolvem essa lei,
vamos conhecer melhor o fenômeno e a importância da lei de AP.

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“Sua mãe é
maluca!”

CAPÍTULO 3

O QUE É?
O fenômeno da AP pode ser definido como uma violência psi-
cológica que prejudica o estabelecimento e a manutenção do vínculo
afetivo com o outro genitor. Pode ser praticada por um ou mais entes
familiares (mãe, pai, avós, tios) ou alguém próximo à criança ou ao
adolescente, como padrinhos, babás, professores. Você sabia que a
AP pode acontecer também com idosos em situação vulnerável?

A AP interfere na manifestação da vontade da criança ou do adoles-


cente, que passa a rejeitar o outro genitor. Sabe o que acontece? É
como uma programação na cabeça da criança e do adolescente. O
filho que recebe essa programação segue as ideias do alienador. O
“Seu pai não alienador submete a criança aos seus caprichos, praticando atos de
presta!” manipulação, coação psicológica e abuso emocional e moral, colo-
cando medos e ameaças em sua cabeça. Um exemplo disso é usar a
criança ou o adolescente como objeto, para se vingar do ex-cônjuge
em suas disputas parentais.
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Você sabia que no fenômeno da AP podem acontecer, inclusive,
falsas denúncias de abuso sexual? Nessa situação acaba por ocor-
rer, em muitas das vezes, o impedimento do contato da criança com
o (a) acusado (a) ou um convívio monitorado, até a conclusão das
avaliações social e psicológica, tendo tais denúncias o objetivo de
impedir a convivência familiar saudável.

Seguem abaixo algumas frases típicas usadas pelos alienadores:


- Sua mãe é maluca!
- Seu pai não presta!
- Sua avó é uma bruxa!
- Sua madrasta vai bater em você! Você não pode gostar dela!!
- Sua mãe não sabe cuidar de você, ela só quer saber de namorar!
- Ai de você se não atender as minhas ligações na casa da sua mãe.
- Mamãe não sobrevive sem você.
- O seu pai te deu banho? “A sua avó é uma
bruxa!”

“O seu pai te deu


banho?!”

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CAPÍTULO 4
COMO SE MANIFESTA A AP EM
CRIANÇAS E ADOLESCENTES?
As crianças e os adolescentes que sofrem a AP dão sinais de
alerta! As famílias e os cuidadores devem ficar atentos às mudanças
que aparecem em seu comportamento. Os sinais que a criança e o
adolescente apresentam podem ser mais visíveis ou mais discretos.
Para lhe auxiliar na identificação da AP, destacamos quatro sinais. Se
você identificar estes sinais, procure ajuda especializada!

SINAL 1 | Rejeição ou recusa em conviver com o lado aliena-


do da família. No entanto, nem toda a recusa é AP!

SINAL 2 | Dificuldade de entrosamento ou baixa interação.


Percebe-se a dificuldade de entrosamento dos filhos com a
família alienada. Outra forma de identificar esse sinal é quan-
do a criança interage com culpa com aquele lado da família.
Culpa porque imagina que está desagradando o alienador ao
amar o genitor alienado e seus familiares.

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É importante dizer que esse sentimento de culpa da criança SINAL 5 | Criança/Adolescente-Sintoma. Muitos filhos de
pode ser ou não fruto da AP. Existe a AP quando a culpa ou pais em conflito apresentam sintomas na ocasião da transição
dificuldade que a criança sente de interagir com o outro lado entre as casas, o que é natural e passageiro, sinal de estresse
da família é consequência da ansiedade do adulto alienador, e clima tenso entre os familiares. No entanto, nas situações
que tem medo da interação positiva da criança ou do adoles- em que a criança/adolescente estão expostos a intenso litigio,
cente com o genitor alienado. A criança fica nervosa, descon- presenciando brigas e grande hostilidade, podem passar a ser
fortável na casa do outro genitor. uma criança/adolescente-sintoma, que é quando eles apresen-
tam no corpo a marca de uma dor, de uma angústia relaciona-
SINAL 3 | Sentimento muito negativo com o lado aliena- da ao conflito dos pais. São comuns:
do. Sabe quando os filhos só trazem queixas sobre o genitor
com quem não tem entrosamento? A criança que volta de • Enurese: incontinência urinária noturna que acontece após
uma das casas só tem reclamações: a comida é sempre ruim; os 5 anos de idade, portanto fora da normalidade do processo
as brincadeiras são sempre chatas; as atividades são sempre de desenvolvimento;
desinteressantes; os passeios são horrorosos. Com frequência • Encoprese: repetidas evacuações, voluntárias ou não, de
está hipersensível ou com muita raiva. Não interessa o es- fezes nas roupas;
forço da família, se procurou acolher o que a criança gosta de • Onicofagia: roer unha ou ao seu redor, de forma exagerada,
comer ou de fazer, nunca é o suficiente, nunca é bom. diante de uma situação de estresse, patologia da ansiedade;
• Transtornos alimentares: obesidade, compulsão alimen-
SINAL 4 | Criança “antena parabólica”. É o momento em tar, anorexia, bulimia;
que parece que as famílias estão em guerra, e os filhos vi- • Doenças de pele: muito comum a Alopecia Aerata (perda
raram os agentes infiltrados no continente inimigo. Acon- de cabelos do corpo por situações de estresse);
tece quando a criança fica muito ligada, atenta ao litígio dos • Automutilação;
pais: escuta atrás da porta, vasculha armários e gavetas, grava • Retração das gengivas;
conversas, tenta procurar provas para prejudicar a família no • Sistema imunológico baixo: pequenas doenças recorrentes;
conflito processual. Veja! É uma situação bastante diferente • Tricotilomania: arrancar compulsivamente cabelos ou pe-
de quando os genitores e as famílias falam mal abertamente los corpos.
na presença dos filhos sobre o outro lado da família.

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Além de sintomas físicos, as crianças filhas de pais em intenso
conflito também podem apresentar:

• Apatia, desânimo e tristeza por longos períodos;


• Desatenção;
• Hipersensibilidade emotiva: choro fácil sem motivo aparente;
• Mudanças de humor repentinas: oscilação entre diferentes
tipos e níveis de humor (tristeza, alegria, raiva), passando de
um para o outro de forma repentina, não há constância;
• Irritação constante com comportamento hostil e/ou raiva;
• Uso abusivo de álcool e drogas;
• Baixa capacidade de adaptação aos ambientes sociais;
• Alteração no relacionamento com os colegas;
• Dificuldade de fazer e manter amizades;
• Baixa tolerância à frustração;
• Alterações no rendimento escolar;
• Terror noturno: dificuldade para dormir, sono agitado e/ou
muitos pesadelos;
• Ideias ou comportamentos suicidas;
• Queda na autoestima e sentimentos de menos valia;
• Mentiras compulsivas;
• Insegurança;
• Medos;
• Fobias: medo exagerado, patologia da ansiedade.

Vale lembrar que esses sinais são exemplificativos, podendo aparecer ou-
tros que certamente não passarão despercebidos pelos genitores e demais
cuidadores atentos à prática de AP. Daí a necessidade de todas as pessoas
que trabalham com crianças conhecerem o fenômeno Alienação Paren-
tal e como ele se manifesta no corpo e no comportamento da criança.
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CAPÍTULO 5

COMO AGIR?
EIXO FAMÍLIA
EIXO PROFISSIONAIS DE SAÚDE
EIXO JUSTIÇA

O tratamento da AP é uma questão de saúde pública que


se ramifica em três eixos: (a) Eixo Família; (b) Eixo Profissionais
de Saúde; (c) Eixo Justiça. Se você identificou que esse fenômeno
está acontecendo na sua vivência, vamos mostrar o caminho para
reverter essa situação:

5.1 EIXO FAMÍLIA

Conscientização! É importante que os cuidadores sejam instruí-


dos sobre a necessidade de uma mudança de postura, em especial
dos genitores, que devem respeitar não só os direitos um do outro

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no exercício da autoridade parental, como também o da criança de • quando em companhia do genitor alienador, crianças e
conviver com ambos os pais. adolescentes não conseguem expressar suas emoções, apre-
sentando sentimento de culpa, abandono, traição, e conflitos
Lembre-se: de lealdade;
• quando uma criança é proibida de amar um dos seus pais, ela • um dos genitores, ou ambos, quando não realizam o divór-
deixa de amar metade dela; cio perpetuam o litígio conjugal na seara do cuidado e edu-
• é normal o filho oferecer certa resistência no início. A convivência cação do filho, que passam a ser objeto de disputa e meio de
deve ser incentivada mesmo assim. Não cabe à criança e ao adoles- vingança;
cente a decisão de não estar com o genitor alienado; • o desejo da criança e do adolescente é de unir os pais, e se
• os pais devem contribuir para que crianças e adolescentes vivam sentem, muitas vezes, responsáveis pela separação entre eles.
em um ambiente sadio, livre de hostilidade;
• os membros da família devem contribuir para que a criança e o O pediatra e os médicos legistas também são responsáveis pela con-
adolescente fiquem à vontade nas duas casas, evitando que se sintam dução de uma notícia de violência física contra a criança. Sendo
culpados, reprimidos, sem poder falar o que sentem. assim, devem conhecer o fenômeno da AP para poder distinguir
uma lesão provocada por terceiros com dolo ou culpa e uma queixa
Se você percebeu que sua família pode estar inserida num contexto sobre uma lesão. Se a lesão for incompatível com a queixa, pode ser
de AP, o próximo passo é buscar auxílio especializado. fruto de distorção da criança ou do adolescente que apresentou a
reclamação.

5.2 EIXO PROFISSIONAIS DE SAÚDE
5.3 EIXO JUSTIÇA
O tratamento psicológico clínico e/ou psicanalítico é importante
para que, tanto cuidadores quanto as crianças e os adolescentes, pos- Advogados ou Defensores Públicos - São os primeiros que re-
sam tratar suas emoções no momento pós- separação, porque: cebem a família que vai buscar ajuda judicial. Os advogados espe-
cializados terão o papel de orientar os genitores sobre a gravidade
• nas separações litigiosas os filhos estão envolvidos emocio- da prática de AP, jamais incentivando comportamentos que afastem
nalmente nos conflitos entre seus pais, independentemente um genitor do filho ou utilizando a Justiça nesse intuito. Eles vão
de suas vontades. São pessoas vulneráveis, dependentes e aconselhar sobre a melhor condução jurídica do tema e quais são as
muito sensíveis às falas e atos dos seus cuidadores;
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condutas que a família pode assumir dentro e fora do processo judi- Assistentes Sociais - Realizam o Laudo Social que auxilia o juízo
cial para romper o ciclo da AP. a formar um panorama da vida cotidiana da criança.

Juiz - É a quem se destina o pedido de declaração do ato de No processo judicial são muitas as medidas que as partes, incluindo o
alienação parental, sendo de grande valia a intervenção do Juiz para Ministério Público, podem solicitar ao Juiz para proteger as crianças
dar limites aos adultos que abusam emocionalmente dos vulneráveis e os adolescentes e remediar a situação de AP. Quer conhecê-las? As
que estão sob sua autoridade. mais comuns são:

Promotores de Justiça - Os membros do Ministério Público têm 1ª ADVERTÊNCIA | É a medida mais branda. O alienador é
dupla função em processos envolvendo vulneráveis: atuam como chamado pelo Juiz e recebe uma orientação sobre a AP e a
fiscal da lei e como protetores dos direitos dos vulneráveis. Devem, necessidade de mudar sua forma de agir. Muitas vezes, esse
por isso, ser diligentes para requerer ao juízo a aplicação das medi- alerta do Judiciário aliado à boa atuação dos advogados é
das de proteção adequadas ao caso concreto e fiscalizar a execução suficiente para mudar as atitudes. Importante ressaltar que
das medidas. esse é um alerta para conscientizar o alienador de que, caso
continue praticando o ato de AP, os remédios aplicados serão
Psicólogos do Juízo - São do quadro do Tribunal ou nomeados mais intensos.
pelo juízo para realizar a Avaliação Psicológica. Devem conhecer o
fenômeno, saber distinguir a alienação de outras situações banais 2ª AMPLIAÇÃO DO REGIME DE CONVIVÊNCIA | Um remédio
típicas das famílias em conflito e devem servir de instrumento para muito eficiente para frear a AP é o aumento do tempo de
que o juízo conheça a criança e adolescente que estão em risco, de- convivência entre filhos e genitor alienado. O resultado direto
vendo o laudo abranger a dinâmica relacional dos adultos e das cri- desse tempo maior é que a convivência permite que os filhos
anças e sugerir medidas que visem à promoção da dignidade humana tenham boas memórias de amor e cuidado, capazes de resta-
e promoção dos direitos humanos de todos os membros da família. belecer e fortalecer os laços de afetividade. É recomendável
que tal medida seja concedida judicialmente antes de proferi-
Psicólogo Assistente Técnico - São Psicólogos contratados pelas da a sentença, transformando o tempo do processo em um
partes do processo para auxiliar advogados e famílias na realização aliado de boas soluções para o caso concreto.
da perícia psicológica.

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3ª MULTA | Quando mesmo com a advertência e o aumento 6ª FIXAÇÃO CAUTELAR DO DOMICÍLIO DA CRIANÇA OU DO
do tempo de convivência segue a prática de ato de AP, o Juiz ADOLESCENTE | O nome parece complicado? Mas a medida
pode determinar o pagamento de multa. é bastante simples: o Juiz determina que a criança continue
morando em um determinado endereço. Por que fazer? Para
4ª ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO OU BIOPSICOSSOCIAL | impedir uma mudança da criança ou do adolescente para lo-
Você sabia que o juiz pode determinar que os alienadores cal distante do genitor alienado, sem justificativa, com a única
façam acompanhamento psicológico? É mais uma forma de finalidade de prejudicar a convivência. Nesse caso, a mudança
conscientização dos genitores ou parentes próximos sobre os só acontece com autorização do Juiz.
prejuízos para as crianças e os adolescentes que vivem em um
ambiente de hostilidade. Recomenda-se também o acom- 7ª INVERSÃO DA OBRIGAÇÃO DE LEVAR E/OU BUSCAR A CRI-
panhamento psicológico para criança ou adolescente como ANÇA OU O ADOLESCENTE | E se o Juiz não tiver usado a me-
mais uma ferramenta para lidarem melhor com o conflito dida n.º 6 e perceber, depois da mudança, que essa alteração
que existe entre as famílias materna e paterna. Permite o tra- aconteceu só para prejudicar a convivência? Nesse caso, o
balho emocional, por exemplo, das falsas crenças, do senti- Juiz determina que o alienador seja o responsável por levar e
mento de culpa pelas brigas dos pais e famílias e do medo da buscar o filho para a convivência do genitor alienado.
perda do amor do genitor alienador.
8ª SUSPENSÃO DA AUTORIDADE PARENTAL E A PERDA DO PO-
5ª REVERSÃO DA GUARDA | A guarda da criança e do ado- DER FAMILIAR | São as medidas mais extremas para tratar a AP
lescente é invertida. Os filhos passam a ficar sob a guarda em famílias já muito adoecidas pelo permanente abuso do poder
do pai/mãe alienado. É a medida aplicada quando a AP está por parte do genitor alienador. O Juiz pode determinar a sus-
tão grave que trouxe prejuízos ao desenvolvimento da cri- pensão da autoridade parental por um tempo, para acompanhar
ança e do adolescente e dano severo na relação do filho com como fica a criança ou o adolescente longe do alienador. Em últi-
o genitor alienado. Nesse caso, é estabelecida convivência mo caso, quando nem mesmo a suspensão serve para o alienador
mais restrita com o genitor alienador, com objetivo de fazê- entender a gravidade dos seus atos e mudar sua forma de agir, o
lo compreender a gravidade de suas ações. É possível, com a Juiz decreta que o alienador perdeu o poder familiar. O vínculo
melhora da atitude do alienador, ampliar novamente a con- biológico permanece, mas o genitor não mais poderá participar
vivência. das decisões da vida do filho. É a medida mais grave, pois o Juiz
só afasta um filho de pai ou de mãe quando essa é a única medida
eficaz para a proteção da criança e do adolescente.

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CAPÍTULO 6

CONCLUSÃO
A Sociedade deve seguir unida, com diálogo franco e democráti-
co sobre o tema. Fechar os olhos e negar a existência da AP é o mes-
mo que negar a existência de abusos contra os frágeis.

É desejo de todos a harmonia na família e uma vida em sociedade


com menos conflitos. A correta compreensão do que é AP evita o
mau uso da lei e a banalização de um tema tão sério. A Alienação
Parental é abuso moral, é intimidação, é coerção, é violência psi-
cológica. É grave. Atinge a criança, o adolescente, o idoso, toda a
família sofre e adoece.

As separações conjugais que envolvem crianças e adolescentes pre-


cisam de solução com apoio da Justiça, dos operadores do direito e
dos psicólogos. Um processo em que se discute a AP é demorado
e, além do custo financeiro, tem um custo emocional para os en-

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volvidos, em especial para os filhos. Recomenda-se usar as medi-
das jurídicas para tratar os casos das famílias adoecidas somente nas
situações em que existe suspeita real de alienação parental.

Observações finais: as ilustrações desta cartilha são meramente exem-


plificativas, buscando auxiliar o leitor na compreensão das graves con-
sequências da prática de AP.

APOIO

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