Bréscia

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A MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E SUAS CONTRIBUIÇÕES.

* Grasielle Perdigão de Lima1

** Vera Lucia Lins Sant’Anna (Orientadora)2

Resumo

Este artigo realizou um estudo referente à Música na Educação Infantil e suas


contribuições. Seu objetivo foi investigar a contribuição da música no processo de
formação, de hábitos e atitudes na Educação Infantil, propondo pesquisar a música no
meio cultural em que a criança está inserida. Foi feita uma abordagem sobre a música
através do diálogo com os teóricos, uma caracterização das contribuições da música
na Educação Infantil e uma análise da contribuição da música na dinâmica escolar. Os
resultados mostram que a presença da música na educação auxilia a percepção,
estimula a memória e a inteligência por conceber um universo que conjuga expressão
de sentimentos, ideias, valores culturais, e facilita a comunicação do indivíduo consigo
mesmo e com o meio em que ele vive.

Palavras-chave: Contribuições. Educação. Crianças.

1 INTRODUÇÃO

Na aprendizagem a música é muito importante, pois o aluno convive com ela


desde muito pequeno e a maioria das crianças gosta de ouvir e cantar músicas. Ouvir,
aprender uma canção, brincar de roda, são atividades que despertam, estimulam e

1
*Graduada em Pedagogia/PUC Minas - [email protected]
2
** Doutora em Ciências da Religião, Mestre em Educação, Professora e pesquisadora da PUC Minas.

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desenvolvem além do gosto musical, a convivência, socialização e a inclusão, fazendo
com que a criança se interaja com o mundo. Trabalhar música na Educação infantil é
despertar na criança essa capacidade de um modo interessante e ativo, fazendo da
música também, um elemento em que desde cedo no contexto escolar das crianças
ajuda de maneira lúdica e prazerosa o aprendizado. É nessa perspectiva que
abordaremos a música nesse artigo.

1 A MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: uma abordagem teórica.

Ouvimos o vento soprando, as folhas balançando, as buzinas dos automóveis,


o canto dos pássaros, o latido dos cachorros, o miado dos gatos, o toque do telefone,
as vozes e falas, a música, isso são gestos e movimentos sob a forma de vibrações
sonoras que nos integra com o mundo em que vivemos.

No princípio, podemos supor, era o silêncio. Havia silêncio porque


não havia movimento e, portanto, nenhuma vibração podia agitar o ar
– um fenômeno de fundamental importância na produção do som. A
criação do mundo, seja qual for a forma como ocorreu, deve ter sido
acompanhada de movimento e, portanto, de som. (KARÓLY, 1990,
p.5).

Conforme dados antropológicos, as primeiras músicas seriam usadas em


rituais, como: nascimento, casamento, morte, recuperação de doenças e fertilidade.
Segundo Bréscia (2003), a música é uma linguagem universal, tendo participado da
história da humanidade desde as primeiras civilizações. Com o desenvolvimento das
sociedades, a música também passou a ser utilizada em louvor a líderes, como a
executada nas procissões reais do antigo Egito e na Suméria.

Segundo, Snyders (1997) a música está presente em diversas situações da


vida humana. Existe musica para adormecer, musica para dançar, para chorar os
mortos, para conclamar o povo a lutar, o que remonta a sua função ritualística.
Presente na vida diária de alguns povos, ainda hoje é tocada e dançada por todos,
seguindo costumes que respeitam as festividades e os momentos próprios a cada
manifestação musical. Nesses contextos, as crianças entram em contato com a cultura
musical desde muito cedo e assim começam a aprender suas tradições musicais.

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Na Grécia Clássica o ensino da música era obrigatório, e há indícios de que já
havia orquestras naquela época. Pitágoras de Samos, filósofo grego da Antiguidade,
ensinava como determinados acordes musicais e certas melodias criavam reações
definidas no organismo humano. “Pitágoras demonstrou que a sequência correta de
sons, se tocada musicalmente num instrumento, pode mudar padrões de
comportamento e acelerar o processo de cura” (BRÉSCIA, p. 31, 2003).

Beyer (1988) considera a música uma forma de linguagem que se dá


posteriormente a fala. Sendo que esse processo Piaget denomina como décalage
(defasagem), porém não se pode considerar um atraso cognitivo, mas um
acontecimento que antecede o outro. Esse mesmo autor afirma que há uma décalage
na aquisição da linguagem musical, mas que acontece devido à linguagem musical ser
mais complexa que a fala, pois a linguagem musical se constitui de um número maior
de parâmetros sonoros em relação à linguagem falada.

A teoria de Howard Gardner considera a música como uma das múltiplas


inteligências que podem ser desenvolvidas desde muito pequenos, pois a música esta
fortemente ligada no mundo das crianças, podendo provocar sensações de bem estar
até mesmo dentro do útero materno. A área cerebral responsável pela música está
muito próxima da área do raciocínio lógico matemático, está ligada a concentração, a
memorização e a coordenação motora. Sendo assim a música pode contribuir muito
para o crescimento saudável e feliz da criança em todos os aspectos da sua vida.

Inteligência musical - Esta inteligência se manifesta através de uma


habilidade para apreciar, compor ou reproduzir uma peça musical.
Inclui discriminação de sons, habilidade para perceber temas
musicais, sensibilidade para ritmos, texturas e timbre, e habilidade
para produzir e/ou reproduzir música. A criança pequena com
habilidade musical especial percebe desde cedo diferentes sons no
seu ambiente e, frequentemente, canta para si mesma. (GAMA, 1998,
p. 1).

“A música é uma linguagem criada pelo homem para expressar suas


ideias e seus sentimentos, por isso está tão próxima de todos nós”. (CRAIDY;
KAERCHER, 2001, p. 130). Ela estimula também o desenvolvimento
psicológico da criança, pois contribui significativamente para que as crianças
possam reestruturar suas emoções, alcançando um equilíbrio natural. Facilita
também a liberação das fantasias, da imaginação, a criatividade, e através

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destas a criança pode se tornar um ser mais feliz.

a música não é só uma técnica de compor sons (e silêncios), mas um


meio de refletir e de abrir a cabeça do ouvinte para o mundo... Com
sua recusa a qualquer predeterminação em música, propõe o
imprevisível como lema, um exercício de liberdade que ele gostaria
de ver estendido à própria vida, pois ‘tudo o que fazemos’ (todos os
sons, ruídos e não-sons incluídos) ‘é música’. (CAGE, 1985 p. 5).

Beyer (1988) faz uma crítica á visão inatista para uma construção de uma
teoria cognitiva em música, pois segundo ela a teoria de educação musical deveria ser
construída sobre o “fazer musical, decorrente da necessidade epistemológica em que
o sujeito se encontra”. Abordagem essa onde, qualquer sujeito pode aprender música,
desde que se interesse por ela, pois através do conflito cognitivo, como explica a
teoria piagetiana o desenvolvimento musical pode ser desencadeado. O sujeito,
usando os esquemas que possui, busca assimilar os objetos através do mecanismo da
assimilação. Ao se deparar com um objeto novo, o sujeito é levado a modificar seus
esquemas para adaptá-los ao novo objeto num mecanismo adaptativo chamado
acomodação.

Sendo assim é extremamente relevante trabalhar a linguagem musical com as


crianças independentemente se elas reagem prontamente ou não ás primeiras
invertidas musicais.

O termo musicalização infantil adquire uma conotação específica,


caracterizando o processo de educação musical por meio de um
conjunto de atividades lúdicas, em que as noções básicas de ritmo,
melodia, compasso, métrica, som, tonalidade, leitura e escrita
musicais são apresentadas à criança por meio de canções, jogos,
pequenas danças, exercícios de movimento, relaxamento e prática
em pequenos conjuntos instrumentais. (BRITO, 2003 p. 45).

Nessa perspectiva, a música na educação infantil e nos anos iniciais do ensino


fundamental das Escolas públicas e privadas de todo o Brasil teve até 2011 para
incluir o ensino de Música em sua grade curricular. A exigência surgiu com a lei nº
11.769, sancionada em 18 de agosto de 2008, que determina que a música deva ser
conteúdo obrigatório em toda a Educação Básica. "O objetivo não é formar músicos,
mas desenvolver a criatividade, a sensibilidade e a integração dos alunos", diz Clélia
Craveiro. (COSTA; BERNARDINO; QUEEN, 2013 p. 1).

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Embora ainda não se saiba se os conteúdos serão trabalhados em uma
disciplina específica ou nas aulas de Artes, com professores polivalentes, o mais
importante seria trabalhar a coordenação motora, o senso rítmico e melódico, o pulso
interno, a voz, o movimento corporal, a percepção, além de um repertório que atinja os
universos erudito, folclórico e popular. Sendo que cada escola terá autonomia para
decidir como incluir esse conteúdo que possivelmente deverá ser de acordo com seu
projeto político-pedagógico.

[...] a música contribui para a formação integral do individuo,


reverencia os valores culturais, difunde o senso estético, promove a
sociabilidade e a expressividade, introduz o sentido de parceria e
cooperação, e auxilia o desenvolvimento motor, pois trabalha com a
sincronia de movimentos”, explica Sonia Regina Albano de Lima.
(COSTA; BERNARDINO; QUEEN, 2013 p. 1).

O Ministério da Educação (MEC) recomenda que além das noções básicas de


música, dos cantos cívicos nacionais e dos sons dos instrumentos de orquestra, os
alunos aprendam cantos, ritmos, danças e sons de instrumentos regionais e folclóricos
para conhecerem a diversidade cultural do Brasil. O trabalho com música desenvolve
as habilidades físico-cinestésica, espacial, lógico-matemática, verbal e musical, as
zonas importantes do corpo físico e psíquico são acionadas ao entrar em contato com
a música. Por meio dela a criança consegue expressar emoções que não consegue
expressar com palavras.

Seria de grande valia que as faculdades de pedagogia contemplassem a


disciplina música, ensinando, por exemplo, como usar a música em sala de aula, além
de explicar o que é a educação musical e como ela pode ser parceira no processo
ensino-aprendizagem, pois, cada criança possui uma maneira de se expor, de chamar
a atenção do outro, e muitas vezes querer a atenção voltada somente para si. É
fundamental que fiquemos atentos aos seus gestos, seus interesses e desejos para
que, em conjunto, um bom trabalho possa ser executado com elas, pois possuem
capacidades de aprender e compreender com facilidade. O que nós, educadoras,
precisamos é explorar o que nossos alunos têm a oferecer.

2 CARACTERIZAÇÃO DA MÚSICA E SUAS CONTRIBUIÇÕES NA EDUCAÇÃO


INFANTIL

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De acordo com Brito (2003) o modo como as crianças percebem, aprendem e
se relacionam com os sons, no tempo-espaço, revela o modo como percebem,
aprendem e se relacionam com o mundo que vêm explorando e descobrindo a cada
dia.

A criança consegue perceber os variados tipos se sons existentes no


seu ambiente, desperta emoções podendo ser trabalhados a expressão, ritmos
e os diferentes sons, habilidades não só no sentido artístico, mas também
criativo estimulando a construção do seu conhecimento. Assim como se utiliza
da palavra ou gestos para manifestar suas ideias, terá como meio de
expressão mais uma forte ferramenta na construção de seus argumentos - a
música.

A música que nos transmite sensações, emoção ao ouvir, cantar ou


dançar, a música que nos aproxima das vibrações ou da escuta
musical é a mesma que dialoga com o corpo, que evoca a linguagem,
cria fantasias e possibilita a toda pessoa descobrir-se a si própria e
ao mesmo tempo se revelando ao outro, inserindo-se no convívio
social. (LISARDO, 2009)

Musica na Educação Básica, 2012.

A educação através da arte, neste caso a música, proporciona à criança a


descoberta das linguagens sensitivas e do seu próprio potencial criativo, tornando-a
mais capaz de criar, inventar e reinventar o mundo que a circunda. E criatividade é
essencial em todas as situações. Uma criança criativa raciocina melhor e inventa
meios de resolver suas próprias dificuldades.

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. “Toda criatura tem capacidade musical em maior ou menor grau, se não para
exprimir ao menos para apreciar.” (FONSECA, 1962, p. 11).

O desenvolvimento musical também se dá por estágios assim como em outros


campos do conhecimento. Segundo Bayer (1988), corroborando assim a teoria
Psicogenética de Jean Piaget, a partir de hipóteses que ela mesma levanta sobre as
características da cognição em cada estágio do desenvolvimento. Segundo ela no
período sensório-motor a percepção auditiva, que é a mais primitiva de todas as
percepções, está se formando. A criança nessa fase exprime no choro as
necessidades a serem supridas. A percepção é global e indiferenciada. Formam-se os
esquemas sensório-motores que engendram a formação das noções, e mais tarde
também, conceitos e outras estruturas.

A partir do estágio pré-operatório começa uma diferenciação gradativa na


percepção que vai se especificando segundo os órgãos dos sentidos. Já existem
estruturas de pensamentos capazes de captar mais profundamente as propriedades
dos parâmetros do som e formas novas de lidar com eles. A música é assimilada por
imagens, em seguida por imagens símbolo, e finalmente pela representação. O jogo
simbólico, incluindo a relação entre significante e significado, desenvolve-se neste
período no que diz respeito a cada um dos parâmetros musicais. Segundo Beyer
(1988), no estágio operatório concreto, é possível o aprendizado da escrita musical,
embora a autora pense ser interessante que este processo comece pela criação de
códigos próprios da criança e, só se for necessário, se passe então para a
aprendizagem do símbolo convencional.

Nas escolas observa-se que professores leigos ou específicos de musica em


suas aulas voltadas a educação musical, propõem aos alunos a exploração de sons
através do ambiente em que estão inseridos ou sugeridos pelo professor. Esta
representação de imagens mentais decorrente dos fenômenos sonoros foi trabalhada
pelo pedagogo e compositor Schafer (1991) em debates que realizou com alunos em
escolas do Canadá. Propõe exercícios voltados a sensibilização e sua utilização em
trabalhos de composição através do desenvolvimento da percepção de “paisagens
sonoras” que pode ser comparada ao conceito de “imagens mentais” da teoria de
Piaget, pois ambas partem do principio de imitações internas a partir da percepção da
realidade. Assim são, portanto, o inicio para as representações musicais.

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Fonte: Desenvolvimento e atividades, 2009.

As condutas de produção sonora da criança revelam a ênfase num ou noutro


estágio de atividade lúdica, segundo Piaget, a semelhança de seus estudos aplicados
á linguagem musical como um todo se classifica através das categorias de condutas
em: exploração, expressão e construção, referentes ao jogo sensório motor, ao jogo
simbólico e ao jogo com regras, respectivamente.

A pesquisa de François Delalande acerca das condutas da produção sonora da


criança pode nos auxiliar a conhecer melhor o modo como às crianças se relacionam
com o universo de sons e músicas, é importante lembrar que cada criança é única e
que percorre seu próprio caminho no sentido da construção do seu conhecimento, em
toda e qualquer área. (DELALANDE apud BRITO, 2003 p. 40).

É importante considerar legítimo o modo como às crianças se relacionam com


os sons e silêncios, para que a construção do conhecimento ocorra em contextos
significativos, que incluam criação, elaboração de hipóteses, descobertas,
questionamentos, experimentos etc. Como afirmou César Coll: “A finalidade última da
intervenção pedagógica é contribuir para que o aluno desenvolva as capacidades de
realizar aprendizagens significativas por si [...] e que aprenda a aprender”. (BRITO,
2003 p. 45).

A partir do momento em que a criança entra em contato com a música, seus


conhecimentos se tornam mais amplos e este contato vai envolver também o aumento
de sua sensibilidade e fazê-la descobrir o mundo a sua volta de forma prazerosa. Seus
relacionamentos sociais serão marcados através deste contato e sua cidadania será

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trabalhada através dos conceitos que inevitavelmente são passados através das letras
das canções.

Para a maioria das pessoas, incluindo os educadores (especializados em


música ou não), a música era (e é) entendida como “algo pronto”, cabendo a nós a
tarefa máxima de interpretá-la. Ensinar música, a partir dessa óptica, significa ensinar
a reproduzir e interpretar músicas, desconsiderando a possibilidade de experimentar,
improvisar, inventar como ferramenta pedagógica de fundamental importância no
processo de construção do conhecimento musical. (BRITO, 2003 p. 52).

Fonte: Escola da Vila 2010.

É importante destacar que devido à forte influência da sociedade na vida das


crianças, em relação ao repertório musical oferecido pela mídia, o professor da
educação infantil e dos anos iniciais depara-se com o grande desafio em delimitar,
fazer com que a criança descubra, reconheça uma boa música.

Sendo assim um dos papéis do professor dentro da sala de aula é se


organizar, planejar e criar projetos que possibilite, estimule essa escolha sabendo que
por mais que o aluno sofra influência tanto socioeconômicas como familiar ele
(professor) será influenciador.

Referente às diferenças entre as músicas que possuem ou não valores


educativos será relevante a formação das crianças dos anos iniciais por desenvolver o
gosto, a apreciação musical, autonomia e estimular o senso crítico. Apresentar e dar

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oportunidade à criança de conhecer os vários ritmos e gêneros musicais trará a esta
criança a possibilidade de tornar-se um ser critico capaz de comunicar-se por meio da
diversidade musical. O que é constatado em um projeto realizado por uma professora,
ao se deparar com a mesma situação, tendo como conclusão ao dizer:

Meus alunos dificilmente terão a oportunidade de seguir uma carreira


musical nem terão acesso a instrumentos e cursos, pois vivem numa
região onde esse tipo de alimento cultural não é prioridade. Mas
plantei uma semente em cada um deles", conta a professora Daniela.
(FALZETTA, 2007 p.1)

O processo de ensino-aprendizagem na área da música vem recebendo


influências das teorias cognitivas, em sintonia com procedimentos pedagógicos
contemporâneos. Ampliam-se o número de pesquisas sobre o pensamento e a ação
musicais que podem orientar os educadores e gerar contextos significativos de ensino-
aprendizagem, que respeitem o modo de perceber, sentir e pensar de bebês e
crianças. (BRITO, 2003 p. 53).

Deve-se priorizar a voz, a formação instrumental ou a formação estético-


musical dos alunos? Entender o papel da música na Educação Infantil e possibilitar ao
educando a vivência dessa prática constitui o primeiro passo para a construção do
fazer musical, no ambiente escolar, permitindo que o canto deixe de ser uma ação
mecânica, sem uma intencionalidade definida. Dessa maneira, as escolas devem
proporcionar situações em que a criança possa ampliar seu potencial criativo,
favorecendo o desenvolvimento do seu gosto estético e aumentando sua visão de
mundo. Quando a criança ouve uma música, aprende uma canção, brinca de roda,
participa de brincadeiras rítmicas ou de jogos de mãos recebe estímulos que a
despertam para o gosto musical, introduzindo no seu processo de formação um
elemento fundamental do próprio ser humano.

Pelo exposto até o presente momento, é possível afirmar que a musicalização


serve como uma forte aliada, uma importante ferramenta, um facilitador no ato
educativo para nós educadores e que nos auxiliará para as nossas práticas diárias,
fazendo com que o processo de ensino-aprendizagem seja mais divertido e que
também diminua essa tensão que o sistema escolar exige.

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3 UMA ANÁLISE DA CONTRIBUIÇÃO DA MÚSICA NA DINÂMICA ESCOLAR DA
EDUCAÇÃO INFANTIL.

Quando uma criança começa a frequentar a escola, o novo ambiente


precisa tornar-se, o mais breve possível familiar e aconchegante.
Além das novidades do ambiente físico, o mundo sonoro é
completamente desconhecido. A música pode se tornar um espaço a
partir do qual os primeiros vínculos são criados e mantidos. Alem
disso, as aprendizagens de forma de expressão que comunicam
estados de ânimo são imediatamente empregadas para expressar
alegria e satisfação. (CRAIDY; KAERCHER, 2001 p.130)

Por meio da música pode-se trabalhar a linguagem oral e escrita possibilitando


o estimulo da criança em ampliar seu vocabulário, uma vez que, através da música,
ela se sente motivada a descobrir o significado de novas palavras que depois
incorpora a seu repertório. Todos esses benefícios são estendidos não só à linguagem
falada, mas também à escrita, na medida em que boa percepção, bom vocabulário e
conhecimento de estruturas de texto são elementos importantes para ser bom leitor e
bom escritor.

Daí a importância da educação procurar desafiar a curiosidade de


nossas crianças, levá-las a refletir, a desejar a querer investir a sua
energia psíquica e o seu tempo na descoberta de algo novo e
desafiante, para que elas possam incorporar em suas memórias as
sensações de prazer e de bem-estar. É esta memória do prazer em
aprender materializada em seu corpo que, certamente, a levará a
continuar aprendendo ao longo da vida, a estar com o espírito sempre
aberto às possibilidades de aprendizagem contínua. (MORAES, 2003,
p. 67)

Além de trabalhar a oralidade e a escrita a música proporciona uma importante


fonte de estímulos e sensações para a criança, desperta sentimentos que ajudam de
maneira especial a dar impulso vital, despertando a vontade, a imaginação criadora, a
sensibilidade e o amor, ajudando a criança em seu aspecto afetivo e cognitivo. A
música expressa um pensamento, quer quando se canta uma letra, quer quando se
ouve uma melodia.

Na educação infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, a música tem


grande contribuição e estimula o desenvolvimento mental e psicológico das crianças,
que vão beneficiar o seu desenvolvimento, promovendo a socialização na sala de

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aula, a criatividade, o desenvolvimento da coordenação motora, expressão corporal, a
linguagem oral e possibilita sua integração cultural. A educação musical pretende
desenvolver na criança uma atitude positiva para este tipo de manifestação cultural,
capacitando-a para expressar seus sentimentos de beleza e captar outros
sentimentos, inerentes a toda criação artística. Por isso faz-se necessário que o
educador aproveite esta tão rica atividade educacional dentro das salas de aula,
explorando o espaço e principalmente as sensibilidades das crianças.

A música é um importante fator na aprendizagem, pois a criança desde


pequena já ouve música, a qual muitas vezes é cantada pela mãe ao dormir,
conhecida como ‘cantiga de ninar’, as crianças descobrem com a ajuda da música o
seu universo, seu ambiente e fortalecem os relacionamentos familiares. Vale ressaltar
a importância não apenas da música tocada através de um aparelho, mas também o
contato estabelecido entre a mãe e a criança. Assim, cantar, murmurar ou assoviar
fornece elementos sonoros e também afetivos, através da intensidade do som,
inflexão da voz, entonação, contato de olho e contato corporal, que serão importantes
para a evolução da criança no sentido auditivo, linguístico, emocional e cognitivo. O
mesmo ocorre também durante todo o desenvolvimento infantil, pois através da
música e de suas características peculiares, tais como ritmos variados e estrutura de
texto diferenciada, muitas vezes com utilização de rimas, a criança vai desenvolvendo
aspectos de sua percepção auditiva, que serão importantes para a evolução geral de
sua comunicação, favorecendo inclusive sua integração social.

As cantigas de ninar, as canções de roda, as parlendas e todo tipo de


jogo musical têm grande importância... Os momentos de troca e a
comunicação sonoro-musicais favorecem o desenvolvimento afetivo e
cognitivo, bem como a criação de vínculos fortes tanto com os adultos
quanto com a música. (BRITO, 2003, p. 35)

A música vem ainda contribuir para a formação do sujeito como todo. Por meio
da musica, a criança entrará em contato com o mundo letrado e lúdico. Observa-se
sua importância como valioso instrumento, o qual deverá ser trabalhado e estimulado
provocando no educando possibilidades de criar, aprender e expor suas
potencialidades, construindo com os alunos instrumentos com sucata, fazendo música
com o próprio lápis, a borracha e até com o corpo. A musicalidade esta dentro da
pessoa.

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A música, na educação infantil mantém forte ligação com o brincar.
Em algumas línguas, como no inglês (to play) e no francês (jouer),
por exemplo, usa-se o mesmo verbo para indicar tanto as ações de
brincar quanto as de tocar musica. Em todas as culturas as crianças
brincam com a música. Jogos e brinquedos musicais são transmitidos
por tradição oral, persistindo nas sociedades urbanas nas quais a
força da cultura de massas é muito intensa, pois é fonte de vivências
e desenvolvimento expressivo musical. (BRASIL, 1998, p. 71).

A música além de ser um grande meio de socialização e uma área de


conhecimento, é também um instrumento facilitador de aprendizagem, ela é uma arte
que incorpora coordenação motora, memorização, atenção, através da música a
criança encontra um meio de se expressar e manifestar, de se alegrar e dar alegria
aos que dela se aproximam, dá um sentido á sua vida, de se enobrecer, porque a
música é um dos meios de intensificação dos sentimentos, emoções e tradição de um
povo, a criança se enriquece culturalmente.

A música pode ser algo impactante na construção do conhecimento e


principalmente no desenvolvimento infantil. A música é uma arte que deve ser
presente nas escolas, pois ela propicia ao aluno um aprendizado global, emotivo com
o mundo. Na sala de aula ela poderá auxiliar de forma significativa na aprendizagem.
Enfim, a música é um instrumento facilitador do processo de ensino-aprendizagem e
deve ser possibilitado e incentivado o seu uso em todo ambiente escolar.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir das pesquisas feitas sobre as contribuições da música na Educação


Infantil, pude perceber a importância desse instrumento por possibilitar o
desenvolvimento de várias habilidades, entre elas a oralidade, a timidez, a própria
escrita e o movimento corporal.

A música é uma ferramenta que colabora na formação integral do ser humano.


Por meio dela a criança entra em contato com o mundo letrado e lúdico. A criança não
é um ser estático, ela interage o tempo todo com o meio e a música tem o caráter de
provocar esta interação, pois ela traz em si ideologias, emoções e histórias que muitas

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vezes se identificam com as de quem as ouve.

As atividades musicais realizadas na escola não visam a formação de músicos,


e sim, através da vivência e compreensão da linguagem musical, propiciar a abertura
de canais sensoriais e inclusivos, facilitando a expressão de emoções, ampliação da
cultura geral e contribuição para a formação integral do ser.

Evidenciou-se, através deste estudo, que as diversas áreas do conhecimento


podem ser estimuladas com a prática da musicalização. De acordo com esta
perspectiva, a música é concebida como um universo que conjuga expressão de
sentimentos, ideias, valores culturais e facilita a comunicação do indivíduo consigo
mesmo e com o meio em que vive. Ao atender diferentes aspectos do
desenvolvimento humano: físico, mental, social, emocional e espiritual a música pode
ser considerada um agente facilitador do processo educacional.

Assim sendo, constatei que a música quando trabalhada desde cedo no


contexto escolar das crianças ajuda de maneira lúdica e prazerosa o aprendizado e o
trabalho em equipe, fazendo-se necessária a sensibilização dos educadores para
despertar a sensibilização e conscientização das possibilidades que a música oferece
para o bem estar e o crescimento do saber dos alunos.

Abstract

This Article conducted a study related to Music in Early Childhood Education and its
contributions. His goal was to investigate the contribution of music in the formation of
habits and attitudes in Early Childhood Education, proposing search the music in the
cultural milieu in which the child is inserted. Was made an approach to music through
dialogue with the theoretical, characterization of the contributions of music in early
childhood education and an analysis of the contribution of the dynamic music school.
The results show that the presence of music in education helps perception, stimulates
memory and intelligence to design a universe that combines expression of feelings,
ideas, cultural values, and facilitates communication with himself with the environment
in which he lives.

Keywords: Contributions. Education. Children.

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