O Império de Carlos Magno - Idade Média

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Idade Média

O império de Calos Magno. MELLO, José Roberto. SP, Ática, 1980.


Cap. 5 – O governo do império
(...)
1) O centro: o palácio
Centro do poder e da administração que tinham origem na pessoa do imperador, que era ao
chefe supremo e quase absoluto, na medida de sua capacidade de se impor, pois havia barreiras
práticas e éticas ao exercício. No entanto, nenhuma de ordem constitucional.
Objetivo do governo: guarda e proteção do povo cristão para que esse cumprisse sua jornada
na Terra, para aguardar a salvação eterna.
Para governar: o soberano contava com a devoção e o juramento ético, ao qual Carlos Magno
estendeu a toda população maior de 12 anos; e a partir de 802 incluiu outras obrigações positivas
ligando os súditos a uma serie de deveres mais precisos que ser simplesmente fiel. Formava-se assim,
uma pirâmide de obrigações onde à base era do mais humilde homem livre ao imperador no vértice.
Assembléia anual: composta por homens livres (maiores recursos) e delegados provinciais;
cujo objetivo principal era a preparação de operações militares para o ano, matérias eclesiásticas; eram
recebidos embaixadores; julgamento de determinados casos, entre outros.
Paço: sediava auxiliares do príncipe, que não eram tão especializados, porem, desempenhavam
funções – normalmente domestica – conforme a necessidade – por vezes estatal. Ex: camareiro
conduzindo exercito...
Prefeito do paço: foram substituídos por elementos controladores dos serviços essenciais.
Serviço especializado:
1) Capela: clérigo – assegurar os serviços religiosos, comandada por um arquicapelão, que
tambem podia atuar como encarregado da Chancelaria; e
2) Chancelaria: clérigo – preservação e expedição de documentos (arquivo).
Obs.: amos eram os únicos a saber ler e escrever em latim.

2) A administração regional e local


Divisão e seus responsáveis:
a) Condados: conde (companheiro do soberano / amigo / companheiro).
Cerca de 600 de extensão variável conforme o número de habitantes, tendo como sede uma
cidade, e de maneira geral uma sede episcopal, formavam o Império Carolíngio. Era subdividido em:
1) circunscrições menores; e 2) vicariatos ou centenas: vigário ou centenário (mesmas atribuições do
conde).
Conde: pertencia à nata da sociedade, geralmente com origem fundiária do condado que ia
administrar. Cargo esse que dependia de revogação real, mas geralmente permaneciam

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vitaliciamente e passava os cargos para seus herdeiros, em virtude de conveniência e comodismo.
Poderes amplos: recolhimento de taxas presidia julgamentos com o bispo, o tribunal regional,
fiscalizava o patrimônio real, zelava por pontes e estradas, etc. Substituto: visconde (vice-conde).
b) Marcas: marquês (marcgraf / marchionum / margrave).
Unidades nas áreas fronteiriças formavam uma categoria especial, com um conde (conde de
marca) com poderes próprios para enfrentar situações de emergência.
c) Duque (dux): arregimentar e comandar a população em armas de uma determinada área,
abrangendo vários condados. Poderia ser um marques ou conde, com poderes especiais,
d) Missi: eram escolhidos entre os condes e os bispos. Onde 2 ou 4 inspecionavam um
território, englobando cerca de 6 em média (missaticum), à cerca da atuação dos condes e dos
vigários, ouviam queixas da população, julgamento de questões não resolvidas, fiscalizavam a coleta
de impostos. A área de atuação variava a fim de se evitar influencia e suborno.
Observação: todos participavam da assembléia anual para prestar contas. Contudo,
observa-se que nem todas as regiões (reinos Lombardo e da Baviera, que continham sua casa ducal; e
Aquitânia – onde Carlos instalara seu filho Luís como rei em 781), estavam ligados dessa forma ao
poder central. Surgindo assim, a figura do Vice-rei, que atuava como intermediário entre os condes,
marqueses, missi e o imperador.

3) O substrato legal (legislação)


Progresso no emprego da escrita com veiculo da administração que pode ser observado na
legislação judiciária ou administrativa, embora haja discordância dos historiadores.
Judiciário – codificação e revisão de vários conjuntos de leis do império. A época vigorava o
principio da personalidade das leis, onde o individuo era julgado pela lei do seu povo, e não pela lei
do seu reino.

4) O nível dos funcionários


A administração carolíngia representou um progresso em relação ao período anterior,
aproveitando elementos do passado e inovando ao dar atenção e fiscalização de seus agentes ao
exigir-lhes conhecimentos dos negócios que iriam trabalhar e o conhecimento da escrita, pois os
alfabetizados eram poucos e a maior parte, membros da igreja. Abades e bispos tiveram participação
especial. O clero sempre ativo principalmente na catequese; administração publica; e justiça.
Entretanto, havia sacerdotes incapazes de ler corretamente o latim da missa. Tendo assim,
Carlos Magno envidado esforços para qualificar o pessoal ao seu redor, resultando no movimento
cultural chamado de “Renascimento Carolíngio”.

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Cap. 6 – O Renascimento Carolíngio
Tido em principio como a primeira manifestação cultural digna de nota. No entanto, observou-
se que a tradição clássica apenas sofreu alteração na qualidade, permanecendo viva em determinadas
regiões que conservaram povoamento romano onde a velha aristocracia tardou a despachar (sul da
Gália, na Espanha e na Itália). Cidades como Marselha, Arles e Avignon, mantiveram até o séc. VII
suas escolas e retórica; e famílias como as dos Apolinarri, Leontii e Sulpicii, cultivavam o antigo
patrimônio cultural do Império Romano.
Nova cultura cristã em torno das Sagradas Escrituras e a tradição escrita de sua interpretação
agrega elementos da cultura clássica e pronta por incorporar outros tantos da cultura germânica.
Centros catalisadores de cultura não eram mais as escolas de retórica, mas sim os mosteiros e
catedrais. Prova disso, a sobrevivência de considerável numero de manuscritos.
Scriptoria – oficinas onde se produziam e copiavam livros.
Gália: decadência na sua parte meridional pelas campanhas militares de Carlos Martelo e
Pepino, o Breve, na primeira metade do séc. VIII. Porém, as porções norte e nordeste, a Nêustria e a
Austrásia, continuaram ativas com suas casas religiosas.
Esse renascimento não surgiu do nada. Foi preparado por esse substrato ainda vivo, ainda
que reduzido em sua extensão e modificado em sua qualidade. Valor e originalidade dado por Carlos
Magno e um grupo de intelectuais à organização e ao aprofundamento do saber, em relação ao
período Merovíngio.

5) Ponto de partida
Dado pelo próprio imperador em dois documentos de sua lavra: 1) Admonitio Generalis, de
789; e 2) De Litteris Colendis, entre 780 e 800. Tinham como preocupação, o cumprimento de sua
missão de preparação do povo de Deus, à sua guarda, para a salvação eterna. Necessitava assim o
clero, de ser bem instruído, o que contribuía também para a melhoria dos serviços prestados ao
governo na política e administração.
Contudo, não havia no meio franco ao final do séc. VIII elementos credenciados, fazendo com
que se buscasse em centros mais avançados (Itália, Inglaterra e Espanha) sendo
(____________________) o único franco, o futuro biógrafo do Imperador à se destacar e fazer parte
daquela equipe. Reuniu-se o imperador com esses entre 776 e 796 e com eles aprendeu avaliar as
necessidades do clero e as etapas a serem vencidas.
O movimento de renascimento foi iniciado pelas bases com a reforma dos estudos escolares,
primeiramente com a abertura de escolas embora não muito certos, que foram abertos também nos
conventos, catedrais e no palácio real; para preparar os garotos na vida laica. Não se sabe se eram
ministrado no mesmo estabelecimento ou à parte, no palácio, era para os filhos dos aristocratas e
servidores próximos ao imperador.

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FAZES
1) Alfabetização inicial – idioma era o latim, mas as crianças tinham dificuldade por estarem
mais habituados ao germânico.
2) Trivium:
a) Gramática: emprego correto das palavras;
b) Dialética: expressão apropriada do pensamento; e
c) Retórica: embelezamento do discurso.
3) Quadrivium – destinado à carreira clerical. Aritmética, música, geometria e astronomia,
não como conhecemos hoje, mas vinculado ao entendimento das Sagradas Escrituras e ao
serviço litúrgico.
Obs.: o conjunto era conhecido como “sete artes liberais”.
Textos: bíblia (livro dos salmos), autores clássicos e velhas gramáticas.
Livro era artigo de luxo, o que intensificava as atividades nos Scritoria monásticos, a fim
de atender a demanda.
Surgimento de uma forma de escrita mais clara e fácil de ler que as góticas e similares,
foram denominadas de “minúscula Carolina”, que foi uma evolução do tipo de letra romana. Firmou-
se na segunda metade do séc. VIII.

6) A corte de Carlos Magno


O palácio não limitava as atividades culturais somente à escola, entre 776 e 796, intelectuais
periodicamente realizavam debates com a presença do rei, tratava-se de assuntos pertinentes à
cultura e religião. Costuma-se dizer em “academia palatina”, mas não havia uma academia
propriamente. Mas ao que se sabe eram longas discussões, cujos participantes utilizavam
pseudônimos bíblicos ou clássicos.
Caracterizou-se também pela presença de poesia cristãs e clássicas, embora pouco criativos,
bom latim e piedade cristã. Crescente uso de verso rítmico e da poesia narrativa de caráter didático
ou religioso.
Importante presença de duas controvérsias teológicas:
a) Adopcopnismo: seguidores pretendiam ver em Cristo apenas o filho adotivo de Deus; e
b) Iconoclastia: surgida no oriente a propósito da utilização ou não de ícones no culto
religioso.

7) A expansão do movimento
O Renascimento teve seu período áureo depois da morte de Carlos, sua alteração significava,
de ordem geográfica: corte deixou de ser o centro da lintelligentsia, que refugiou nos conventos e
catedrais provinciais.

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Seu filho Luís por não ter mantido as condições necessárias no palácio, os escritores, abades e
bispos partiram para os grandes centros monásticos e episcopais do império: Corbia, Remis, Tours,
Lyons, Lorsch e Reichenau.
O suporte além do patrocínio era o conteúdo das bibliotecas (entre 300 e 400 volumes de
autores clássicos ou cristãos). O total dos centros entre sés episcopais e abadias em torno de 47
espalhados na Alemannia, Gália e Itália. Havia neles intensa troca de informações e livros entre suas
bibliotecas e escolas.
Outra característica dessa fase é a redução de estrangeiros.
A produção literária continua semelhante ao período anterior.
A teologia juntamente com a filosofia encontra seus representantes.
Decoração de livros avançou. Bíblias, Evangeliários e Lectionários cuidadosamente ornados
com iluminuras, presença da figura humana e representação de cenas imaginarias.
Arquitetura
Crescente uso da pedra. Tentativa de introduzir no ocidente as igrejas de forma circular ou
poligonal (rotunda), freqüentes no oriente. Não vingando e permanecendo o modelo basilical e
retangular (romano); porém permaneceu o uso da cúpula originando a abóbada; embora as
construções carolíngias terem porte mais avantajado que as anteriores apresentando maior
complexidade em seu traçado; além das pinturas e mosaicos.

8) Os sete aspectos da “estrutura feudal” – Hilário Franco Jr. (pg 29 à 61)


1) Econômico; 2) Social; 3) Político; 4) Institucional; 5) Militar; 6) Clero; e 7) Psicológico.

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