Situação de Emergência Sinepe

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COMUNICADO

ESCOLAS PARTICULARES EM SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA

Os estabelecimentos particulares de ensino do Distrito Federal estão


impedidos de promover o ensino presencial desde o dia 12 de março de 2020. O Distrito
Federal foi o primeiro ente da Federação a proibir a presença de alunos nas escolas,
portanto, poderia, sim, ser um dos primeiros a voltar às atividades presenciais. Mas, no
atual momento, esta não é a realidade.

O GDF fez sua parte e, ciente da situação geral da pandemia, e após consultar
suas secretarias governamentais, como de saúde e educação, editou o Decreto Distrital nº
40.939/20, autorizando o retorno de aulas presenciais para os estabelecimentos particulares
de ensino a partir de 27/7/2020.

Esta autorização foi feita com responsabilidade, visto que o Decreto nº 40.939
se fez acompanhar de rígido protocolo de profilaxia a ser seguido pelos estabelecimentos de
ensino. Nele, estão elencadas dezenas de medidas cogentes, a serem seguidas
obrigatoriamente pelas escolas, como pressuposto para a reabertura. Em sequência ao
Decreto, a Secretaria de Saúde expediu a Nota Técnica nº 34/2020, esmiuçando a forma de
aplicação do protocolo de profilaxia, e a Secretaria de Educação divulgou, para todas as
escolas credenciadas, um Protocolo de Retorno Seguro.

Por seu turno, o SINEPE/DF realizou várias reuniões para esclarecer as


escolas sobre suas responsabilidades e elaborou um Guia de Retorno para orientar, de forma
prática, a melhor forma de proceder à reabertura com segurança.

Diante desta realidade, as escolas particulares do Distrito Federal se


prepararam com afinco para o retorno, e muitas delas investiram as poucas economias que
ainda lhes restavam para adquirir equipamentos e produtos diversos, bem como para a
testagem de seus profissionais - frise-se, medidas cogentes e obrigatórias, já previstas no
Decreto Distrital.

No entanto, medidas judiciais, proferidas a requerimento do MPT e a pedido


do SINPROEP/DF, estão impedindo que o retorno ocorra da forma opcional, segura e
parcelada, conforme planejado pelo GDF e acolhido pelo setor educacional privado.

Com a devida vênia, caso o MPT ou o SINPROEP entendessem que algumas


escolas não haviam se preparado a contento, caberia a estes atuar no cenário da fiscalização,
assim como foi feito pela PROEDUC e pelo PROCON, que visitaram várias escolas para
acompanhar a implantação das medidas de prevenção e profilaxia. E não presumir
descumprimento da lei, valendo-se disto como argumento para pleitear a proibição de
funcionamento das mais de 570 instituições privadas de ensino do Distrito Federal. E, pior
ainda, tentando assumir uma competência que é do executivo, do Governo do Distrito
Federal, de estabelecer o melhor momento para o retorno e de estabelecer e ditar as medidas
de prevenção e profilaxia necessárias para garantia deste retorno seguro.

O resultado deste cenário é desolador. O prazo máximo de 120 dias para


utilização da MP 936 se exauriu para muitas empresas no mês de agosto. E, a partir da
proibição do retorno das aulas presenciais e do cenário de incerteza quanto a uma data de
retorno, as informações a respeito da evasão escolar se multiplicaram. Como resultado da
soma destes dois fatores, as consultas sobre a melhor forma e as consequências do
fechamento definitivo de escolas passou a ser constante para o SINEPE/DF.

Não muito diferente está o cenário de consulta sobre demissões, especialmente


para a Educação Infantil. Apesar da previsão de estabilidade no emprego da MP 936 e da
previsão de estabilidade da cláusula 48ª da Convenção Coletiva de Trabalho
SINEPE/SINPROEP, não existem argumentos contra os fatos. Não havendo dinheiro em
caixa, ou ao menos em perspectiva futura para as empresas, não existirá forma para o
pagamento da folha de salários e das despesas básicas necessárias para manter uma escola
aberta. A partir daí, as demissões se tornam dura realidade. Aqui se fala em perspectiva
futura, pois as escolas estão alijadas inclusive do planejamento e do início das matrículas,
que tradicionalmente ocorrem no mês de agosto, devido a completa insegurança e
imprevisibilidade jurídica atual.

Neste contexto, alguns esclarecimentos são relevantes, especialmente com


relação a demissões e redução de jornada. Portanto, este documento está sendo elaborado
em razão de dezenas de consultas diárias que estão sendo feitas e que foram intensificadas a
partir da decisão judicial que proibiu a retorno das atividades presenciais nos
estabelecimentos particulares de ensino.

A primeira questão a ser esclarecida é de que cada empresa deve analisar a sua
situação econômico-financeira e tomar decisões a partir dela. Nenhuma empresa estará em
situação idêntica à outra, apesar de poder estar em situação semelhante.

Em cenário de crise, as decisões podem ser tomadas balizadas por


posicionamentos jurídicos, mas deverão ter como norte a necessidade de sobrevivência da
empresa. Infelizmente, muitos terão que tomar a decisão de demitir e/ou reduzir jornada,
visando, com isto, a preservar o restante dos postos de trabalho e a própria empresa.

Com relação aos ​auxiliares de administração escolar, estes não estão


abrangidos por estabilidade prevista na Convenção Coletiva de Trabalho. No entanto,
podem estar abrangidos pela estabilidade da MP 936, caso a empresa tenha feito uso dela.
Portanto, se a escola precisar demitir, deverá calcular o valor devido a este auxiliar pelo
período de estabilidade previsto.
O pagamento da “indenização” pelo período de estabilidade deverá ser feito
no momento do pagamento das verbas rescisórias. No entanto, devido à realidade que nos é
apresentada diariamente, recomendamos que, na ausência absoluta de condições de realizar
o pagamento na forma e no prazo da lei, as empresas busquem acordo, de forma a minorar
os evidentes prejuízos que a situação hoje vivenciada impôs a todos. Essa é uma medida a
ser adotada em caráter excepcional, de necessidade extrema. Temos certeza de que os
empregados são e sempre foram parceiros da escola e, neste momento de dificuldade, será
ainda mais necessário o auxílio mútuo em busca de soluções para ambas as partes.

Outra alternativa viável para tentar dar “fôlego” às empresas e aos empregos
seria a aplicação da redução de jornada com correspondente diminuição do salário. É
importante esclarecer que, em nenhuma hipótese, poderá haver redução do salário-hora, mas
sim uma diminuição proporcional do salário em razão da redução de jornada.

Como as escolas continuam impedidas de retornar ao ensino presencial, é


presumível que uma parte significativa de auxiliares passem a receber seus salários sem que
haja condições efetivas para realizarem a contraprestação, mediante labor na carga horária
originalmente contratada. E a alteração da carga horária dos auxiliares está prevista na
cláusula vigésima da CCT SINEPE/SAEP: “ ​Cláusula Vigésima – CARGA HORÁRIA.
Ocorrendo diminuição da carga horária por solicitação, por escrito, do empregado, ou
devido à redução de turma, ou ainda por mudança da grade curricular, o auxiliar de
administração escolar poderá optar por permanecer no estabelecimento de ensino com
remuneração correspondente à nova carga horária restante, não se configurando, nestes
casos, modificação unilateral contrato de trabalho.”

Lembramos, ainda, a possibilidade de aplicação da cláusula vigésima segunda,


que prevê o Banco de Horas para os auxiliares de administração escolar.

Com relação aos professores​, aqueles com menos de um ano de casa não
detém estabilidade pela Convenção Coletiva de Trabalho. Mas deve ser analisada a previsão
de estabilidade da MP 936, valendo, portanto, o que já foi dito acima.

Para os professores com mais de um ano de casa, há estabilidade da


Convenção Coletiva prevista para o período de 1º de setembro até 30 de novembro. Isto,
para além da estabilidade prevista na MP 936, caso esta norma legal tenha sido utilizada.
Mas vale repetir: O pagamento da “indenização” pelo período de estabilidade, por lei, deve
ser realizado no momento do pagamento das verbas rescisórias. No entanto, devido à
realidade que nos é apresentada diariamente de ausência de recursos financeiros para
proceder ao pagamento, as empresas em situação de emergência financeira e que não
disponham de alternativas devem buscar acordo, em caráter excepcional, de forma a
minorar os evidentes prejuízos que a situação hoje vivenciada impôs a todos. Se a realidade
for dura a ponto de não haver condições mínimas sequer para um acordo, o Judiciário
poderá ser acionado no futuro para dirimir os conflitos.
Com relação à redução da jornada dos professores, deve ser observado o
disposto na cláusula oitava da Convenção Coletiva de Trabalho. O parágrafo quarto da
cláusula em questão está assim redigido: “ ​Parágrafo Quarto – Ocorrendo diminuição na
carga horária por solicitação do professor, ou devido à redução de turmas, ou, ainda, por
mudança da grade curricular, o professor poderá optar por permanecer no estabelecimento
de ensino com remuneração correspondente à nova carga horária resultante, não se
configurando, nestes casos, modificação unilateral do contrato de trabalho ou redução
salarial. A solicitação, tanto da parte do professor, como a comunicação da diminuição,
por parte do estabelecimento, deverá ser feita por escrito. “

A aplicação da cláusula acima poderá ser necessária para vários


estabelecimentos, como forma de sobreviver ao atual cenário. A redução de alunos e turmas
é realidade para a grande maioria das escolas. O impedimento do retorno das aulas
presenciais, especialmente para a Educação Infantil, poderá exigir do estabelecimento de
ensino que efetue recálculo de sua grade de carga horária, adequando-a à nova realidade,
com a realização dos ajustes necessários.

Por fim, o cenário de retorno das aulas presenciais é incerto. Pela decisão
judicial vigente, que condicionou este retorno à sentença de mérito da Ação Civil Pública
ajuizada pelo MPT, mediante a provocação do SINPROEP, poderá se prolongar para o final
do ano de 2020.

Há autoridades que se somam ao SINEPE/DF, empenhadas em buscar um


caminho que ponha fim à atual situação de insegurança jurídica imposta ao setor
educacional, aqui incluídas escolas, famílias, professores e auxiliares, além de milhares de
pessoas e/ou empresas que vivem dos empregos indiretos que são gerados. E uma solução se
faz urgente, para permitir previsibilidade, especialmente devido à iminente perspectiva de
fechamento de várias escolas.

Brasília, 12 de agosto de 2020.

​Álvaro Domingues Júnior


Presidente do SINEPE/DF

​Valério Alvarenga Monteiro de Castro


OAB/DF 13.398
Advogado

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