O Direito Das Gentes
O Direito Das Gentes
O Direito Das Gentes
1,4:
1 PR 1
TUCÍDIDES G. w. F. HEGEL
''História da G11en-a do Pelopo11eso" 'Textos Selecionados"
Prefácio: Hélio Jaguaribe Organização e prefácio: Franklin Trein
Prefácio e Tradução:
Vicente Marotta Rangel
Brasflia, 2004
Direitos O desta edição:
Editora Universidade de Brasília
SCS Q. 2 - Bloco C - nº 78 - 2º Anilar
CEP.: 70300-500 - Brasília - DF
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Brasília.
EQUIPE TÉG'JJCA:
p. - (Clássicos IPRI)
Pref:'aoo
. a' Ediçao
~ B rasileira
. .............................................................................. XLVII
LIVRO!
DA NAÇÃO CONSIDERADA EM SI MESMA
CAPíTIJLO II: Princípios gerais dos deveres de uma Nação para consigo mesma
§13: Uma Nação deve agir em conformidade com
a sua natu.reza ................................................................................................. 19
§14: Da conservação e da perfeição de uma Nação........................... 19
§15: Qual é o objetivo da sociedade civil ................................................ 20
§16: Uma Nação tem a obrigação de conservar-se............................. 20
§17: E de conservar os seus membros.................................................... 21
§18: Uma Nação tem direito a tudo que for necessário para
a sua conservação......................................................................................... 22
§19: Ela deve evitar tudo o que poderia causar a sua destruição....... 22
§20: Do direito da Nação a tudo que possa servir a esse fim ............ 22
§21: Uma Nação deve aperfeiçoar-se e a seu Estado......................... 22
§22: Evitar tudo o que for contrário a sua perfeição........................... 23
§23: Dos direitos que essas obrigações lhe conferem.......................... 23
§24: Exemplos.................................................................................................. 24
§25: Uma Nação deve conhecer-se a si própria................................... 25
ÍNDICE IX
CAPÍTULO III: Da constituição do Estado e dos deveres
e direitos da Nação a esse respeito:
§26: Da autoridade pública ......................................................................... 25
§27:0 que é a constituição do Estado ..................................................... 26
§28: A Nação deve escolher a melhor constituição .............................. 26
§29: Leis políticas, fundamentais e civis ................................................... 26
§30: Da manutenção da constituição e da obediência às leis .............. 27
§31: Direitos da Nação quanto a sua constituição e seu governo ..... 28
§32: Ela pode reformar o governo ......................................................... 28
§33: E mudar a constituição ....................................................................... 29
§34: Do poder legislativo e se este pode mudar a constituição ......... 29
§35: A Nação deve conduzir-se sempre com reserva ......................... 30
§36: A Nação é juiz de todas as contestações sobre o governo ........ 31
§37: Nenhuma potência estrangeira tem o direito de ingerência ....... 31
. .
CAPÍTIJLO IV: Do soberano, de suas obrigações e de seus direitos
§38: Do soberano ........................................................................................... 31
§39: O soberano não é estabelecido a não ser para o bem-estar
e vantagem da sociedade ........................................................................... 32
§40: De seu caráter representativo ............................................................ 34
§41: Ele é encarregado das obrigações da Nação de cujos direitos
ele está investido ........................................................................................... 34
§42: Dever do soberano em relação à conservação
e aperfeiçoamento da Nação ..: ................................................................ 34
§43: Seus direitos a esse respeito ............................................................... 35
§44: Ele deve conhecer a sua Nação ........................................................ 35
§45: Amplitude de seu poder; direitos de majestade ........................... 35
§46: O príncipe deve respeitar e manter as leis fundamentais ............ 35
§47: Se ele pode mudar as leis não fundamentais ................................. 36
§48: Ele deve manter e observar as leis que subsistem ........................ 36
§49: Em que sentido ele está submetido às leis .......................�.............. 36
§50: A sua pessoa é sagrada e inviolável .................................................. 37
§51: Contudo, a Nação pode reprimir um soberano e eximir-se
de obedecê-lo ................................................................................................ 38
§52: Compromisso entre o príncipe e os súditos ................................. 41
§53: Obediência devida pelos súditos aos soberanos .......................... 42
§54: Em que casos se pode resistir ao príncipe ..................................... 42
§55: Dos ministros .......................................................................................... 44
ÍNDICE XI
§81: Obrigação natural de cultivar a terra ............................................... 61
§82: Celeiros públicos .................................................................................... 62
CAPÍTULO XII: Do direito das gentes voluntário com respeito aos efeitos
da guerra forma/4 independentemente da justiça da causa
§188: As Nações não podem aplicar entre elas, de maneira
forçada, o rigor do direito natural ......................................................... 526
§189: Por que as Nações devem admitir as regras
do direito das gentes voluntário .............................................................. 527
§190: Formalmente, a guerra deve, quanto aos efeitos, ser
considerada como justa de um lado e de outro ............................... 528
§191: Tudo que é permitido a um, também é permitido ao outro ..... 529
§192: O direitos das gentes v.oluntário não dá senão
impunidade àquele cujas armas são injustas ........................................ 529
XXXVIII VAITEL
Maítres el Doctrines d11 Droít des Gens, 2ª ed., Paris, "Les Eclitions
(2)
<3> Sobre a influência familiar, vide Pierre Renouvin, Introd11ction à /'Histoire des &lations
Intemationa/eJ, Paris,A Colin, 1964, PP· 367-38. Embora o autor circunscreva essa influência
ao ''homem de Estado", as suas ponderações são extensivas a juristas do porte de Vattel.
(4) S muel S. B. Taylor, The Enlightment in National Context, Roy Porter Mikulas
a e
Teich (eds.), Ca mb rid ge, 1 981, p. 78.
LII VrcENTE MARorrA RANGEL
(S> La so11t1erainelé dons l'histoire du droit des gens, de Vitoria à Va1tel, "Mélanges offerts à
Juraj Andrassy", La Haye, Martinus Nijhoff, 1968, p. 111.
LIV V1cENTE MARorrA RANGEL
(6)Luis Garcia A�as, La� concepciones i11snat11raliJta.s sobre la J11ndamentación dei derecho
_
intemationa/, Estudios de Histona Y Doctrina de Derecho Internacion al, Madrid, Instituto
de Estuclios Políticos, 1964, p. 45
.
LVI VICENTE MAROTIA RANGEL
V. Repercussão
(8) Historia dei Derecho Internacional Público, Madrid, Aguilar, 1961, p. 196.
LXVIII VICENTE MARorrA RANGEL
para formar esse direito natural, não basta apenas aplicar às Nações o
que a lei natural decide em relação aos particulares. E aliás Grócio, por
sua mesma distinção, e ao destinar o nome de direito das gentes apenas
aos princípios estabelecidos pelo consentimento dos povos, parece
dar a entender que os sober�nos não podem pleitear mutuamente senão
a observação desses últimos princípios e reservar o direito interno para
a direção de suas consciências. Se, partindo dessa idéia, a de que as
sociedades políticas ou as Nações vivem entre si numa independência
recíproca, no estado de natureza, e que elas estão submetidas, na
qualidade de corpo político, à lei natural, e ainda tivesse Grócio
considerado que se deve aplicar a lei a esses novos sujeitos de maneira
conveniente à natureza deles, esse judicioso autor teria sem dificuldade
reconhecido que o direito das gentes natural é uma ciência particular;
que esse direito produz entre as Nações uma obrigação mesmo externa,
independentemente da vontade delas, e que o consentimento dos
povos é somente o fundamento e a fonte de uma espécie particular de
direito das gentes, que se denomina direito das gentes arbitrário.
Hobbes, na obra em que se reconhece habilidade, malgrado os
seus paradoxos e princípios detestáveis; Hobbes, digo, é, segundo creio,
o primeiro a ter uma idéia distinta mas ainda imperfeita do direito das
gentes. Ele divide a lei natural em lei natural do homem e lei natural dos
Estados. Esta última, segundo ele, é o que se denomina de ordinário
direito das gentes. Acrescenta ele, Os princípios de uma e de outra dessas leis
são precisamente os mesmos; mas como os Estados adquirem de algum modo
propriedades pessoais, a mesma lei que se denomina natural quando se refere a
deveres dos particulares, chama-se direito das gentes quando se aplica ao corpo
inteiro de um Estado ou de uma Nação.(1) Este autor bem observou que o
(1)R11rs11s /ex 11al11ralis dividi potes! i,1 11atura/e,n hominum, quae sola obtimlit dici /ex nat11rae, el
nall1ralefll civitat11n1, q11ae dici potest /ex genti11m, vulgo autem Jus genti,,m appellatr,r. Praecepta
11trÍl1Jq11e eade,n srmf: sed q11ia civitatis se111e/ i11still1/ae i11d1111nt proprietates homin11mpersonales, /ex
q11a111 /Qq11e11/es de hominr,n1 singolomm o.fficio nat11rakn1 dicimus, applicata totis civitatib11s, nationib11s,
sivegenlib11s, wcall,r ],IS gentium. De Cive, cap. XIV, §4. Sirvo-me da tradução de Barbeyrac,
et es
Pufendorf, Droil de l a nat11re d gens, Llv. II, cap. III, § XXIII.
LXXVI VAITEL
(nos seus E/ementa philos. pract.) após cada matéria do direito natural, a
aplicação que dele se possa fazer aos povos, uns em relação aos outros;
tanto pelo menos quanto a cousa o permitia ou o exigia". (9) Era seguir
o bom caminho. Mas seriam necessárias mais profundas meditações e
vistas mais extensas para conceber a idéia de um sistema de direito das
gentes natural que fosse assim como a fé dos soberanos e das Nações,
para sentir a utilidade de semelhante obra e sobretudo para iniciar-lhe
a execução.
A glória disso foi reservada ao barão de Wolff. Este grande
filósofo viu que a aplicação do direito natural às Nações enquanto corpo,
ou aos Estados, modificada pela natureza dos sujeitos, não pode fazer-se
com precisão, com nitidez, e com solidez, senão com a ajuda dos princípios
gerais que devem regulamentá-la; que é apenas por meio desses princípios
que se pode mostrar evidentemente como, em virtude do próprio direito
natural, as decisões desse direito em relação aos particulares devem
ser transformadas e modificadas quando aplicadas aos Estados ou
sociedades políticas, e formarem assim um direito das gentes natural
e necessário: donde ter ele concluído ser conveniente constituir um sistema
particular desse direito das gentes; e ele o executou com felicidade. Mas é
justo ouvir o próprio Wolff em seu prefácio.
"Como as Nações, diz ele, não reconhecem entre si outro direito
senão o que foi estabelecido pela natureza, parecerá talvez supérfluo
estabelecer um tratado do direito das gentes, distinto do direito natural;
mas aqueles que assim pensam não aprofundaram suficientemente a
matéria. As Nações, é verdade, não podem ser consideradas senão
como pessoas particulares, que vivem em conjunto no est.ado de natureza;
e, por essa razão, deve-se-lhes aplicar todos os deveres e todos os direitos
que a natureza prescreve e atribui a todos os homens, enquanto ele s
nasce m naturalmente livres e apenas se vinculam mutuamente p elos
r , o
Nota 2, sobre Puffendo ff Droit de la nature et des gens, Llv. II, cap. III, §XXIII. Nã
(9)
pude obter a obra de Buddeu s, na qual susp eito tenha Barbeyrac hau rido essa idéia do
.
direito das gentes