A Vaidade PDF
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Vaidade
A CAPA DESTE ARTIGO
Na mitologia Greco-romana Narciso ou “O Auto-Admirador” era
um herói de Tecias, na Beócia, célebre pela sua beleza e orgulho. A
bela jovem ninfa Eco amava Narciso, mas este achava sua beleza tão
incomparável que não tinha olhos para mais ninguém. Considerava-se
um deus, como Apolo ou Dionísio. Eco, desamparada, definhou até a
morte pela rejeição de Narciso. A deusa Nêmesis, compadecida da jovem
e para dar uma lição no frívolo rapaz, condenou-o a apaixonar-se pelo
seu próprio reflexo na água de uma lagoa, o que o manteve paralisado
a contemplar-se, até o seu próprio definhamento. O mito quer alertar
quanto à autocontemplação narcisista (diferente da autocontemplação
mística), pois leva o homem à sua própria ruína, uma vez que o paralisa
quanto àquilo que nele há de imperfeito, e que exige transformação.
O pintor italiano Caravaggio (1571 – 1610) foi quem talvez melhor
representou este mito através de sua célebre pintura “Narciso”, capa
deste artigo.
Sobre a Vaidade
Os pensamentos abaixo versam sobre a vaidade e foram inspirados
a partir do trecho bíblico extraído de Eclesiastes (1,2): Vanitas vanitatum
et omnia vanitas, que significa: “Vaidade das vaidades, tudo é vaidade”.
Eles são do filósofo brasileiro do século XVIII Mathias Aires Ramos da Silva
Eça, nascido em São Paulo em 27 de março de 1705. Estes pensamentos
foram publicados por Mathias em 1752 na sua obra “Reflexões Sobre a
Vaidade dos Homens”, Editora Escala.
[1]
uma vaidade mística, que quem a tem, não a conhece nem
distingue: a satisfação própria, que a alma recebe, é como
um espelho em que nos vemos superiores aos demais
homens pelo bem que obramos, e nisso consiste a vaidade
de obrar o bem.
[2]
Todas as paixões têm um tempo certo em que começam, e
em que acabam: algumas são incompatíveis entre si, por isso
para nascerem umas é preciso que acabem outras. O ódio,
e o amor nascem conosco, e muitas vezes se encontram em
um mesmo coração, e a respeito do mesmo objeto.
[3]
Nada contribui tanto para a sociedade dos homens como a
mesma vaidade deles: os impérios, e repúblicas, não tiveram
outra origem, ou ao menos não tiveram outro princípio,
em que mais seguramente se fundassem: na repartição da
terra, não só fez ajuntar os homens os mesmos gêneros de
interesses, mas também os mesmos gêneros de vaidades,
e nisto vê dois efeitos contrários, porque sendo próprio na
vaidade o separar os homens, também serve muitas vezes
de os unir. Há vaidades, que são universais, e compreendem
vilas, cidades, e nações inteiras: as outras são particulares, e
próprias a cada um de nós; das primeiras resulta a sociedade,
das segundas a divisão.
[4]
acabar a pena, quando a lembrança da ofensa basta para
fazer, que dure em nós a aflição? Ou como pode cessar a
mágoa, se não cessa a vaidade, que a produz? Alguns
sentimentos há, que se incorporam, e unem de tal forma a
nós, que vêm a ficar sendo uma parte de nós mesmos.
[5]
em que fica isenta da sua maldade natural: não esquece,
porém, o ódio, que teve por princípio vaidade ofendida;
assim como nunca o favor esquece quando se dirige e tem
por objeto a vaidade de quem recebe o benefício. A nossa
vaidade é a que julga tudo: dá estimação ao favor, e regula
os quilates à ofensa: faz muito do que é nada: dos acidentes
faz substância: e sempre faz maior tudo o que diz respeito
a si.
[6]
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