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Revista Artigos.

Com | ISSN 2596-0253 | Volume 17 – 2020

BRUNA TAYNÁ BRITO GAMA1, HÉLYDA HYGLÁ MONTEIRO LOBO1, ANDREZA


KELLY TRINDADE DA SILVA1, KARINA SAUNDERS MONTENEGRO2.

1 Escola Superior da Amazônia (ESAMAZ), Belém – PA.


2 Universidade do Estado do Pará (UEPA), Belém – PA. *E-mail: [email protected]

RESUMO

Esta pesquisa trata-se de um levantamento bibliográfico descritivo exploratório, de


abordagem quanti-qualitativa. Utilizou-se a técnica de revisão narrativa da literatura com o
objetivo de levantar dados sobre a seletividade alimentar em crianças com Transtorno do
Espectro Autista (TEA). Quanto ao perfil dos artigos encontrados, a maioria são de revisão
bibliográfica, com maior prevalência de artigos publicados no ano de 2018 e 2019 (21,42%)
e publicados em outros países (35,71%), em relação aos profissionais que publicaram
sobre o tema, a maior ocorrência são de psicólogos e nutricionistas (21,42%). Após análise
do conteúdo, observou-se que a maioria dos artigos associou a seletividade alimentar de
crianças com TEA à dificuldades do processamento sensorial. Foram estabelecidas duas
categorias de análise: Dificuldades no processamento das habilidades sensoriais em
indivíduos com TEA e o tratamento de seletividade alimentar em crianças com TEA. Os
estudos demonstraram que a intervenção precoce do Terapeuta Ocupacional no tratamento
de dificuldades do processamento sensorial em crianças com TEA, contribui para minimizar
as consequências da seletividade alimentar.

Palavras-chave: Terapia ocupacional, Transtorno do espectro autista, Alimentação.

SELETIVIDADE ALIMENTAR EM CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO


AUTISTA (TEA): UMA REVISÃO NARRATIVA DA LITERATURA

ABSTRACT

This research is a bibliographical descriptive-exploratory search of quanti-qualitative


approach. It was used a technique of narrative revision of the literature with the objective of
raise data about the alimentary selectivity on children with Autism Spectrum Disorder (ASD).
As to the profile of the found papers, most of it is bibliographical revision, with bigger
publishing in the years of 2018 and 2019 (21,42%) and published in other countries
(35,71%), in relation to the professionals that published about this subject, the most often

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are from psychologists and nutritionist (21,42%). After the content analysis, it was observed
that the majority of the papers associated the alimentary selectivity of the ASD children with
difficulties of the sensory processing. It were established two categories of analysis:
difficulties on the processing of the sensory abilities on persons with ASD and the treatment
of alimentary selectivity on children with ASD. The studies reveal that the early intervention
of the Occupational Therapist in the treatment of sensory processing difficulties on children
with ASD contributes to minimize the consequences of the alimentary disorder.

Key words: Occupational Therapist, Autism Spectrum Disorder; Alimentation.

ALIMENTARY SELECTIVITY IN CHILDREN WITH AUTISM SPECTRUM DISORDER


(ASD): A NARRATIVE REVISION OF THE LITERATURE

RESUMEN

Esta investigación se trata de un levantamiento bibliográfico descriptivo exploratorio, de


enfoque cuanticualitativo. Se utilizó la técnica de revisión narrativa de la literatura, con el
objetivo de levantar datos sobre la selección alimentaria en niños con Trastornos del
Espectro Autista (TEA). En cuanto al perfil de los artículos encontrados, la mayoría son de
revisión de bibliografías con más prevalencia de artículos publicados en los años de 2018
y 2019 (21,42%) y publicados en otros países (35,71%), en relación a los profesionales que
publicaron sobre el tema, la mayor ocurrencia es de psicólogos y nutricionistas (21,42%).
Después del análisis del contenido, se observó que en la mayoría de los artículos se asoció
la selección alimentaria de niños con TEA con las dificultades del procesamiento sensorial.
Fueron establecidas dos categorías de análisis: dificultad en el procesamiento de las
habilidades sensoriales en individuos con TEA y el tratamiento de selección alimentaria en
niños con TEA. Los estudios demuestran que la intervención precoz del terapeuta
ocupacional en el tratamiento de dificultades del procesamiento sensorial en niños con TEA,
contribuye para minimizar las consecuencias de la selección alimentaria.

Palabras clave: Terapia Ocupacional, Trastorno del Espectro Autista, Alimentación.

SELECCIÓN ALIMENTARIA EN NIÑOS CON TRASTORNOS DEL ESPECTRO AUTISTA


(TEA): UNA REVISIÓN NARRATIVA DE LA LITERATURA

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INTRODUÇÃO

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado por déficits persistentes na


comunicação social e na interação em múltiplos contextos, apresentando padrões restritos
e repetitivos, dificuldades para desenvolver, manter e compreender relacionamentos,
alterações sensoriais e problemas alimentares (DSM-V, American Psychiatric Association,
2014; BRASIL, 2014; OLIVEIRA, 2017).

A seletividade alimentar, como uma das alterações comportamentais existentes nos


TEA, é associada à desordem sensorial e defensividade tátil, que pode afetar diretamente
a aceitação de alimentos e texturas (CARVALHO, et al., 2012; BERNARDES, 2018).

Crianças com o TEA são muito mais seletivas e resistentes à inserção de novos
alimentos, criam barreiras a novas experiências alimentares e são mais propensas a ter
problemas alimentares do que as crianças com desenvolvimento típico (CARVALHO, et al.,
2012). A seletividade alimentar em crianças com TEA atinge cerca de 40% a 80% das
crianças (SUAREZ, 2013).

Para o tratamento da seletividade alimentar, uma das abordagens utilizadas junto à


criança com TEA é a Terapia de Integração Sensorial, abordagem exclusiva da terapia
ocupacional, a qual tem evidenciado bons resultados na prática clínica (SERRANO, 2016).

A Integração Sensorial é um processo neurofisiológico que se refere à capacidade


do cérebro organizar e interpretar as informações provenientes dos diferentes sistemas
sensoriais, mediante as experiências de aprendizagens anteriores e memórias
armazenadas no cérebro. Para a organização e interpretação das informações que
recebemos dos sentidos como: toque, cheiro, paladar, visão, audição, vestibular e
propriocepção (CORREIA, 2015).

Assim, a terapia de integração sensorial atua na regulação das sensações, onde as


experiências sensoriais devem ajudar no desenvolvimento de respostas adaptativas ao
ambiente, ou seja, irá fornecer consequentemente respostas adequadas para um melhor
processo de aprendizado (MOLLERI, 2010).

A literatura científica aponta que a seletividade alimentar inclui três domínios: recusa
alimentar, repertório limitado de alimentos e alta frequência de ingestão única, no qual
ocorre uma limitação nas variações dos alimentos, onde a maioria dos autistas podem se
restringir desde 5 até 1 tipo de alimento, sendo assim, obtendo um repertório empobrecido
em nutrientes e afetando a absorção adequada, o que não contribui para a melhora no

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desenvolvimento e sintomas da patologia, podendo acarretar sobrepeso, obesidade,


desnutrição, alterações cognitivas e comportamentais (ROCHA, et al., 2019).

Contudo, dentro das especificidades da seletividade alimentar a criança pode


apresentar preferências em alimentos com as texturas mais rígidas, cores, temperatura,
cheiro e recusa por outros tipos de alimentos, texturas e principalmente de vegetais. É
durante as refeições que os comportamentos inadequados são observados (SERRANO,
2016; ARAGÃO, 2017).

Assim, após verificar o número limitado de pesquisas na área foi objetivo deste
estudo desenvolver um levantamento bibliográfico sobre ocorrência da seletividade
alimentar em crianças com transtorno do espectro autista (TEA). Para assim, realizar uma
análise reflexiva da literatura brasileira, desenvolvendo a seguinte questão norteadora
“Quais as contribuições do terapeuta ocupacional no processo de tratamento da
seletividade alimentar decorrentes de disfunções sensoriais em crianças com TEA?”

MÉTODOS

O presente estudo constitui-se de uma pesquisa bibliográfica narrativa, do tipo


descritiva e exploratória, de abordagem quanti-qualitativa, desenvolvida no segundo
semestre de 2019. Selecionou-se artigos científicos, encontrados nos seguintes acervos
bibliográficos e base de dados: Scielo, Lilacs, BVS, Cadernos de Terapia Ocupacional USP,
Cadernos de Terapia Ocupacional UFSCAR, Jornal de pediatria Rio de Janeiro,
Universidade Católica do Rio de Janeiro (departamento de Psicologia), Revista de
Psicologia, Revista Psicopedagogia, Jornal Autismo Dev. Disord, Crossmark, Jornal
Brasileiro de Psiquiatria, Revista eletrônica, Revista Multiprofissional e Santa Casa de
Misericórdia de Lisboa.

Utilizou-se como descritores para a busca: Terapia Ocupacional, Transtorno do


Espectro Autista, Alimentação, Sensação. Em seguida, foi realizada uma leitura prévia dos
artigos e, após essa análise, foi feita a leitura dos títulos e dos resumos, onde foram
identificados quatorze artigos que atendiam o objetivo deste estudo.

Os dados quantitativos foram organizados quanto ao ano de publicação dos artigos,


local de publicação e formação dos autores. Os resultados foram organizados em gráficos
e tabelas, que ajudaram a subsidiar a descrição de um perfil dos artigos na área de
seletividade alimentar e TEA. Os dados quantitativos, após a leitura dos artigos, foram

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organizados em duas categorias para análise de conteúdo: dificuldades no processamento


sensorial em crianças com TEA e o tratamento de seletividade alimentar em crianças com
TEA.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Quanto ao ano de publicação identificou-se que houve variações nos períodos de


publicação entre os anos 2007 a 2019, com uma maior prevalência de estudos pulicados
nos anos de 2018 e 2019 (21,42%). Houve um percentual de 14,28% de material publicado
no ano de 2015. Nos anos de 2008, 2010, 2012, 2014 não houve nenhum artigo publicado
(Gráfico 1).

Gráfico 1 – Ano de publicação dos estudos selecionados.

2019 21,42
2018 21,42
2017 7,14
2016 7,14
2015 14,28
2014
2013 7,14
2012
2011 7,14
2010
2009 7,14
2008
2007 7,14
0 5 10 15 20 25

Fonte: Gama, et al., 2020.

Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC),


estima-se que 1 a cada 59 crianças estejam dentro do espectro autista (CRUZ, 2019). Por
tanto se faz necessário o desenvolvimento de mais pesquisas sobre o tema, pois, elas
contribuirão diretamente para a identificação de problemas e ajudarão os profissionais que
atuam nessa área.

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Quanto ao local de publicação dos artigos observou-se que a maioria dos artigos
foram publicados fora do Brasil (35,71%). Quanto a pesquisa realizada no Brasil a maior
ocorrência é na região sudeste (32,21%). Não foram encontrados na região Norte nenhum
artigo publicado (Gráfico 2).

Gráfico 2 – Região de publicação dos estudos selecionados.

CENTRO-OESTE 14,28

NORDESTE 7,14

SUL 7,14

SULDESTE 35,21

OUTROS PAISES 35,71

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Fonte: Gama, et al., 2020.

Observou-se no gráfico que existe uma discrepância regional quanto a publicação


de artigos sobre seletividade alimentar e TEA. O Sudeste caracterizando-se mais uma vez
como o foco de realização de estudos no Brasil, estando mais próximo da quantidade de
pesquisas produzidas no restante do mundo.

Atualmente, nos estudos sobre seletividade alimentar reforça-se a importância da


diversidade cultural e do quanto esta influência na alimentação, pois envolve uma infinidade
de elementos, significados e de associações capazes de expressar suas relações
cotidianas (AZEVEDO, 2017).

Torna-se fundamental o desenvolvimento de mais pesquisas em diferentes regiões


do país para que assim possa ser possível avaliar o quanto esta diversidade afeta a
seletividade alimentar de crianças com TEA e o quanto a cultura de cada região poderá
contribuir no processo de tratamento.

Quanto a formação dos autores identificou-se que a maior ocorrência (21,42%) fora
de nutricionistas e psicólogos (Gráfico 3).

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Gráfico 3 - Formação dos autores.

PEDAGOGO 7,14
PEDIATRA 7,14
TERAPIA OCUPACIONAL 7,14
PSICOLOGIA 21,42
NUTRICIONISTA 21,42

0 5 10 15 20 25

Fonte: Gama, et al., 2020.

A Seletividade Alimentar, como descrito anteriormente poderá estar associada a um


problema no processamento sensorial. Sendo assim, esperava-se encontrar uma
participação maior de terapeutas ocupacionais, legitimando o processo de intervenção com
crianças que possuem seletividade alimentar. Quando se trata de alterações no
processamento sensorial, a terapia de integração sensorial é o tratamento mais indicado
(MOLLERI et al., 2010).

Quanto ao método utilizado nos estudos, identificou-se que 50% foram de revisão
bibliográfica, seguidos de estudos de caso (28,57%) e pesquisas de campo (21,42%)
(Gráfico 4).

Gráfico 4 - Caracterização dos estudos selecionados.

60
50
50

40

28,57
30
21,42
20

10

0
Revisão bibliográfica Estudo de Caso Pesquisa de Campo
Tipo de Pesquisa

Fonte: Gama, et al., 2020.

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Contudo, é possível descrever como perfil dos artigos que a maioria são de revisão
bibliográfica, publicados entre o ano de 2018 e 2019 (21,42%), desenvolvidos no exterior e
por profissionais da área da nutrição e psicologia.

Ressalta-se que houve um aumento significativo nos últimos anos de publicação,


mas este aumento ainda não condiz com a necessidade das demandas de crianças com
TEA. Espera-se que terapeutas ocupacionais publiquem mais as suas intervenções para
uma melhor compreensão nesse processo de tratamento. É de extrema importância o
desenvolvimento de estudos de pesquisa de campo e estudo de caso para que seja descrito
os benefícios do tratamento.

Quanto aos dados qualitativos, os resultados foram organizados em duas categorias


de análise: dificuldades no processamento sensorial em crianças com TEA e o tratamento
de seletividade alimentar em crianças com TEA.

Dificuldades no processamento sensorial em crianças com TEA

É possível observar que, nos últimos anos houve um discreto aumento de pesquisas
científicas com interesse em distúrbios no processamento sensorial em pessoas com TEA.
Os estudos apontam que os distúrbios no processamento sensorial impactam no
desenvolvimento da criança e no envolvimento de suas ocupações, entre elas, a
alimentação onde pode ocorrer alterações alimentares, como a seletividade alimentar.

A seletividade alimentar corresponde a um comportamento alimentar onde se tem


como principal característica a exclusão de uma variedade de alimentos em que essa
conduta em sua maioria ocorre em um processo de transição (fase de adaptação ou
inserção de novos alimentos em sua rotina), sendo que esta pode perdurar ao longo de
todo o processo de desenvolvimento do indivíduo (ROCHA, 2019).

As disfunções sensoriais podem ser notadas desde muito cedo no desenvolvimento


das crianças com TEA, com grande variação nos sintomas, onde está relacionada a uma
modulação inadequada, ou seja, as mensagens neurais não são reguladas de maneira
adequada pelo cérebro pois, quando a modulação é adequada, o sistema nervoso responde
de forma satisfatória gerando repostas positivas (POSAR et al., 2018).

Estas desordens estão associadas a dificuldades no processamento sensorial, que


ocorre quando os limiares neurológicos e as respostas comportamentais não se
complementam. Os limiares neurológicos estão ligados à quantidade de estímulos
necessários para um sistema de neurônios reagir e as respostas comportamentais referem-

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se à maneira como as pessoas reagem em relação aos seus limiares (MATTOS, 2019;
CHISTOL, 2017).

Quando os limiares neurológicos das crianças são muito altos, elas tendem a ser
menos receptivas (ou seja, precisam de muitos estímulos para atingir seu limiar), e as
crianças com limiares neurológicos muito baixos, tendem a ser excessivamente receptivas
(isto é, pouco estímulo provoca uma reação). E nessa relação de limiares e respostas o
sistema nervoso central inteiro funciona com base em excitação (quando os neurônios
estão mais dispostos a responder ou estão ativados) e inibição (quando a probabilidade de
resposta é diminuída ou as respostas estão bloqueadas). E é entre esse equilíbrio de
excitação e inibição que ocorre a modulação sensorial (MATTOS, 2019).

Pode-se definir a modulação sensorial como uma regulação de mensagens neurais


pelo cérebro, facilitando ou inibindo respostas. Quando a modulação é adequada, o sistema
nervoso responde aos estímulos, gerando respostas também adequadas para as situações
apresentadas no dia-a-dia (MATTOS, 2019).

Portanto, para Serrano (2016) a tarefa do cérebro é filtrar, organizar e integrar as


informações sensoriais, para que estas possam ser usadas no desenvolvimento e
execuções das funções cerebrais, gerando respostas adaptativas aos estímulos.

Correia (2015) e Serrano (2016) ressaltam que o funcionamento cerebral e a forma


como a informação sensorial é processada tem um forte impacto no comportamento
adaptativo da criança, defendendo a importância do estudo da “organização da sensação
para o uso”, onde as crianças estão sempre a descobrir seu corpo e constantemente
tentando encontrar uma forma para usá-lo.

Contudo, foi possível observar que muitos dos artigos identificados neste estudo
bibliográfico ressaltam as dificuldades no processamento sensorial de crianças com TEA e
que estes transtornos podem contribuir para a restrição alimentar, o que configura a
necessidade de acompanhamento e tratamento especializado, pois tratar a seletividade
alimentar apenas como uma possível preferência da criança não contribui para a melhoria
dos sintomas e para seu desenvolvimento (CORREA, 2015).

O tratamento de seletividade alimentar em crianças com TEA

Quanto a esta temática observa-se que dos 14 artigos selecionados cerca de 60%
dos artigos estudados falam sobre a seletividade alimentar no TEA. Abordaram também
sobre as características clínicas e comportamentais apresentadas em indivíduos com TEA,

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a avaliação e relação dos distúrbios de processamento sensorial e os problemas


alimentares, a avaliação de seletividade alimentar em crianças com TEA.

Todos os artigos relataram a importância da abordagem multiprofissional para o


tratamento da seletividade alimentar em crianças com TEA. Crianças com TEA em sua
maioria apresentam adversidades no processamento sensorial, dificuldades
comportamentais, problemas gastrointestinais e fatores que estão relacionados com os
alimentos como textura, sabor, cor, temperatura e consistência (PASTORINO, 2015).

Ressalta-se que apenas três artigos falam sobre o terapeuta ocupacional e o


tratamento da seletividade alimentar utilizando a abordagem de integração sensorial, o que
demonstra que os dados ainda são poucos sobre a prática em si e de como desenvolver
métodos, estratégias para minimizar os efeitos da seletividade alimentar em crianças com
TEA.

A maioria dos artigos não são abrangentes e geralmente são estudos de revisão
bibliográfica. Porém, apesar de poucos, estes estudos demonstraram que a intervenção
precoce do Terapeuta Ocupacional no tratamento dos transtornos do processamento
sensorial em crianças com TEA, são fundamentais para contribuir e minimizar as
consequências da seletividade alimentar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo sobre a seletividade alimentar em crianças com TEA precisa ser mais
detalhado, levando em consideração todas as possibilidades de suas causas, sejam elas
comportamentais, culturais ou sensoriais. Assim como os terapeutas ocupacionais
precisam demonstrar os benefícios de suas intervenções, para que os demais profissionais
possam ter informações de base científica de quais são os tratamentos mais indicados para
cada caso.

REFERÊNCIAS

1. ARAGÃO L. A influência da alimentação em crianças autistas. União metropolitana de


educação e cultura, 2017; 10-31.
2. AZEVEDO E. Alimentação, sociedade e cultura: temas contemporâneos. Universidade
federal do Espírito Santo, 2017; 1-8.

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3. BRASIL, Diretrizes de atenção a reabilitação da pessoa com transtorno do espectro do


autismo, Ministério da Saúde. Brasília: Editora MS, 2014. P. 11-68. Brasília, 2014.
4. BERNARDES A. Influencia da nutricao em criancas com transtorno do espectro autista.
Universidade de Cuiabá. Cuiabá, 2018; 9-28.
5. CORREIA C. Seletividade Alimentar e Sensibilidade Sensorial em Crianças com
Perturbação do Espectro do Autismo, Lisboa. (Tese Doutorado) Santa Casa da
Misericórdia de Lisboa, 2015; 8-110.
6. CARVALHO J. et al. Nutrição e Autismo: Considerações sobre a alimentação do autista,
Araguaina. 2012; 5: 1-6.
7. CHISTOL L. et al. Sensory Sensitivity and Food Selectivity in Children with Autism
Spectrum Disorder, USA. 2017; 1-8.
8. MOLLERI N. et al. Aspectos Relevantes da Integração Sensorial: Organização Cerebral,
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9. MATTOS J. Alterações sensoriais no transtorno do espectro autista (TEA): Implicações
no desenvolvimento e na aprendizagem. Rev. Psicopedagogia, 2019; 87-95.
10. OLIVEIRA K, SERTIÉ A. Transtornos do espectro autista: um guia atualizado para
aconselhamento genético. Einstein (São Paulo), 2017; 15: 233-238.
11. PASTORINO V, et al. Clinical differences in children with autism spectrum disorder waith
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12. POSAR A, VISCONTI P. Sensory abnormalities in children with autism spectrum
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13. ROCHA G, et al. Análise da seletividade alimentar de crianças com transtorno do
espectro autista, Maranhão. 2019; 1-8.
14. SERRANO P. Integração Sensorial no Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança.
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15. SUAREZ M. Sensory Processing in Children with Autism Spectrum Disorders and Impact
on Functioning. Western Michigan University, 2013; 204-211.

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