Ensino de Geografia e As Geotecnologias

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ENSINO DE GEOGRAFIA E AS GEOTECNOLOGIAS

Luiza Carla da Silva Soares


Graduada em Geografia (UESC)
[email protected]

Heibe Santana da Silva


Doutorando em Arquitetura e urbanismo (UFBA)
[email protected]
Bolsista CAPES / UFBA

Resumo
A presente pesquisa teve o objetivo de apresentar a importância do uso das
Geotecnologias para o ensino de Geografia. Por Geotecnologias o leitor deve entender
como os diferentes tipos de Sistema de Informação Geográfica (SIG), os quais variam
desde programas de ponta até aqueles básicos, como o Open Street Map. A metodologia
para o desenvolvimento foi baseada na revisão de literatura, algo ainda relativamente
escassa nas Geotecnologias. Os resultados nos mostram que as ferramentas de SIG
passaram por uma evolução importante ao longo desse último meio século e caminha
paralelamente ao surgimento de outras tecnologias. Contudo, seu uso no ensino de
Geografia é restrito e isso corre principalmente pela falta de investimentos em infraestrutura
escolar, o que permitiria ao aluno e ao professor ter acesso a essas tecnologias com
equipamentos de qualidade.

Palavras-chave: Educação Geográfica, Geotecnologias, Espaço Geográfico.

ABSTRACT
The research in next page had objetive analyze the use of the Geotechnologies in
Geography teaching. In this article the Geotechnologies should understood for different
types of the Geographic Information System (GIS), ranging from state-of-the-art programs
even those basics how the Open Street Map. The methodology applied here was based on
literature review. The results view here show that tools of the GIS have evolved over in the
last fifty years, but your use in Geography teaching is restricted because of the lack of
investiments in school infrastructure that allows the student and the teacher to have access
to these technologies with quality equipment.

Keywords: Geographic Education, Geotechnology, Geographic Space.

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Introdução

Na contemporaneidade, a tecnologia vem sofrendo transformações e


inovações. Os produtos, de uma forma exageradamente rápida, sofrem
obsolescência e, cada vez mais, novos lançamentos estão à disposição da
população. Paralelamente, essas transformações estão disponíveis para as
diferentes camadas sociais de modo mais prático do que até a alguns anos e
interferem no relacionamento da sociedade, seja na esfera social, cultural, política
ou educacional. Esse último, inclusive, é um dos mais impactados, haja vista, as
crianças e adolescentes, chamados de nativos digitais por Prensky (2001), estão
emersos na tecnologia desde a tenra idade.
Assim, os aparelhos tecnológicos assumem importante papel no ambiente
escolar e estão presentes a partir dos celulares, dos aplicativos eletrônicos, dos
notebooks. Essa decisão implica na não inserção de potenciais meios para
dinamização das aulas e na falta de incentivo ao protagonismo do estudante na
busca de informações. Além disso, há a exclusão de meios essenciais para auxiliar
o estudante no dia-a-dia, mesmo que fora do contexto escolar, ou seja, na sua
formação como cidadão.
No caso das tecnologias voltadas para o ensino da Geografia, essas são
importantes não só para a prática pedagógica do profissional, mas também são
essenciais para formação e capacitação do aluno. Como é de se esperar, o
professor deve estar atualizado, pois, seus alunos já não buscam informações
somente através dos livros, mas também pela internet. Através da facilidade, em
segundos esse meio de comunicação disponibiliza inúmeros materiais que podem
impactar de modo positivo o aprendizado do aluno, o que também pode significar
complicar o trabalho do profissional da educação devido à dimensão da informação
localizada pelo discente.
Diante da necessidade de refletir sobre o ensino de Geografia na
contemporaneidade, o presente trabalho objetiva uma reflexão da aprendizagem da
ciência geográfica através do uso das geotecnologias. Essa ferramenta é útil na

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promoção do envolvimento e importante para a motivação dos alunos na sala de
aula, o que permite novos desafios e aguça a curiosidade pela descoberta de novos
conhecimentos. Além disso, como ressaltado, novas exigências surgiram no
ambiente escolar e os livros já não são as únicas fontes para aprendizagem. A
obtenção do conhecimento, em um espaço curto de tempo e independente do lugar,
ocorre a partir da conexão dos sujeitos à internet para a obtenção das informações.
Assim, o professor de Geografia precisa acrescentar às suas práticas as
Geotecnologias, tendo a perspectiva de romper com aspectos da monotonia e apatia
que a repetição exaustiva da mesma metodologia de ensino pode ocasionar no
aprendiz. Por muitos anos, se elevou a Geografia ao patamar de ciência puramente
cartesiana, apenas relevando seu aspecto cartográfico, sem nenhuma reflexão ou
contextualização com a realidade dos discentes. Contudo, atualmente, a Geografia
permite uma análise critica das transformações e impactos causados ao espaço
geográfico a partir de mudanças na economia, sociedade, nas cidades, no mundo
rural. E, para isso, as novas tecnologias despontam como importantes para auxiliar
no processo de construção desse sujeito crítico, haja vista, permite ao professor e
ao aluno o acesso a diferentes tipos de dados.

O ensino de Geografia na era da tecnologia

Desde os primórdios, a tecnologia é tida como um eficaz auxílio para o


desenvolvimento e bem estar do homem. A origem da palavra provém da junção do
termo tecno, do grego techné, que está relacionada ao sentido do fazer, e logia, do
grego logus, ou seja, faz referência ao termo razão em português. Logo, tecnologia
significa a razão do saber fazer (RODRIGUES, 2001). A caminhada humana pode
ser contada sob a luz da tecnologia, que avança sobre os ombros da ciência.
Segundo Kenski (2007, p.15) “as tecnologias são tão antigas quanto a espécie
humana. Na verdade, foi a engenhosidade humana, em todos os tempos, que deu
origem às mais diferenciadas tecnologias”. A verdade é que o ser humano sempre

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procurou formas de adquirir informações, novas técnicas e tecnologias que
ajudassem na melhoria das atividades cotidianas.
Na educação, o aprender "algo" ganha um novo resignificado através do uso
de aparatos tecnológicos. De certo, o uso dos recursos tecnológicos sozinhos não
trazem mudanças no ensino, mas, antes, é necessário engajamento para mudar as
práticas pedagógicas dos professores. Assim, entra em cena a geotecnologia,
ferramenta entre tantas outras com diversas utilidades ao docente que se esforça
para transmitir o conhecimento presente na disciplina de Geografia. Contudo, vale
salientar que o professor tem que ter um post it fixado na mente para lembrar que o
uso da geotecnologia não é o elixir para salvar uma aula com práticas ruins. Ou seja,
usam-se as ferramentas tecnológicas, mas suas práticas também precisam mudar,
pois, é necessária também uma mudança organizacional para inserção das
geotecnologias de modo eficaz.
O ensino de Geografia na contemporaneidade perpassa as concepções
antigas, na qual se requeria dos alunos memorização das informações, sem que os
conteúdos e as técnicas fossem correlatos com suas vivências. Atualmente, o
espaço escolar vivência profundas transformações com o acesso dos alunos às
novas tecnologias, em alguns casos, muito antes do que o próprio professor.
Estigmatizada como ciência decoreba, sem importância ou aplicação, surgem
desafios aos profissionais responsáveis pelo ensino da Geografia, a fim de tornar o
aprendizado escolar mais envolvente e atrativo aos discentes.
No entanto, não são raros os questionamentos do que ensinar em Geografia
e quais são métodos / técnicas mais satisfatórias para aprendizagem de
determinado conteúdo. Na intenção de contribuir na formação de cidadãos atuantes
e na promoção da redução de desigualdades em nossa sociedade, as novas
tecnologias assumem papel preponderante. Para tanto, os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN) defendem o uso de ferramentas que potencializem o ensino de
Geografia

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A Geografia trabalha com imagens, recorre a diferentes linguagens
na busca de informações e como forma de expressar suas
interpretações, hipóteses e conceitos. Pede uma cartografia
conceitual, apoiada em fusão de múltiplos tempos e em linguagem
específica, que faça da localização e da espacialização uma
referência da leitura das paisagens e seus movimentos (BRASIL,
1999, p.50).

A Geografia escolar é um componente curricular na educação básica e se


propõe na formação de sujeitos, de tal forma que compreendam as dinâmicas do
espaço geográfico e sua transformação, advinda por ação antrópica e como essa
interferência age na espacialidade dos fenômenos sociais. Saberes são construídos
e reconstruídos diariamente e o docente deve utilizar de várias ferramentas
disponíveis e linguagem para que o alunado obtenha aprendizado. Dentro desta
perspectiva, fazer a educação geográfica demanda esforço a fim de superar o
simples ato de reproduzir os conteúdos.
Assim, a Geografia, um dos principais componentes do currículo educacional
brasileiro, também tem experimentado o surgimento de novas tecnologias que
facilitam o conhecimento sobre o espaço, território e, mais recentemente, a
paisagem. Essas ferramentas, principalmente, são frutos dos mapeamentos
cartográficos do espaço por empresas globais. São disponibilizados de modo
gratuito em plataformas web ou como softwares computacionais, que podem ser
gratuitos ou com pagamentos mensais e anuais, para o incremento de ferramentas
extras.

Cartografia, Geotecnologia e o avanço das ferramentas de representação do


Espaço Geográfico na sociedade moderna

A Cartografia pode ser sintetizada como a ciência responsável pela


representação gráfica do planeta Terra. Em outras palavras, representa a partir de
concepções diversos elementos naturais - rios, vegetação, solo - e aqueles criados
pelo homem - estradas, pontes, mancha urbana - conforme a necessidade do

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técnico responsável pela confecção dos mapas, plantas e maquetes. A Cartografia
utiliza diferentes elementos, como símbolos e cores, que serão responsáveis por
interpretar os dados aplicados nos diferentes meios.
Nas últimas décadas, principalmente a partir da década de 1950, a
Cartografia se une as novas tecnologias para representar o espaço de um modo
ainda mais dinâmico. Se antes, como nos tempos do homem primitivo, ela era usada
para representar o ambiente a sua volta com rabiscos em paredes das cavernas, ou
no período medieval, através dos desenhos dos cartógrafos, atualmente as
ferramentas tecnológicas, como os satélites, os computadores e outros, processam
os dados capturados de modo ágil e permite inclusive que o homem conheça o
espaço geográfico de modo instantâneo.
No Geoprocessamento, então, a Cartografia representa a sociedade e a
natureza através do uso de técnicas matemáticas e computacionais que só foram
possíveis a partir da necessidade do homem de conhecer o espaço. Como grande
aliado dessa agilidade, a Guerra Fria, protagonizada entre os Estados Unidos da
América e a antiga União Soviética, permite que haja melhorias nos campos da
Física, Química, Matemática e Biologia, permitindo ao homem substituir o pombo
com máquina fotográfica por satélites de última geração, equipados com diferentes
sensores que captam os diferentes elementos do espaço com alta nitidez (CÂMARA,
2001).
De qualquer modo, é possível notar que as novas tecnologias permitem ao
homem dar novos usos aos produtos cartográficos. Fitz (2015) observa que o mapa
ganha nova utilidade e as novas tecnologias vão se sobrepondo ao uso tradicional
do mapa. A Cartografia assume o papel de uma importante ferramenta de
representação do espaço geográfico, sendo as geotecnologias um grande aliado na
resolução de problemas urbanos, sociais e naturais. Lacoste (2013) nos mostra em
sua obra A Geografia: isso serve em primeiro lugar para fazer a guerra que a
Cartografia é uma forma de representação geográfica por excelência, sendo que a
partir das novas tecnologias há o aumento de material que permite uma melhor
representação do espaço geográfico.

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Para Fitz (2015), as ferramentas de análise do espaço geográfico em
Geoprocessamento trazem diferentes objetivos. Em geral, essas ferramentas estão
vinculadas à representação do espaço físico, podendo tratar de fenômenos
climáticos, socioeconômicos, urbanos, dentre outros. A partir das ferramentas
vinculadas ao Sistema de Informação Geográfica (SIG) é possível conhecer o
espaço geográfico e mapeá-los para entender as necessidades de um determinado
local, seja ele um bairro, um município, um estado ou um país, além de outros
modos criar blocos territoriais.
Na prática, as aplicações dos SIG´s são incontáveis. As ações que envolvem
essa ferramenta podem estar relacionadas à gestão municipal, ao planejamento
urbano, monitoramento de áreas ambientais, auxiliar no correto manejo do solo, à
caracterização do espaço urbano e rural. Esses exemplos, além disso, podem se
desdobrar em muitas outras aplicações, algo que prova a produtividade do uso
desses instrumentos. Dentre essas subaplicações, podemos destacar diversas
possibilidades: no planejamento há a possibilidade de mapear um determinado local
e seus diferentes usos em diferentes escalas (um bairro, um município, um
estado...), diferentes tipos de zoneamentos (ambientais, turísticos,
socioeconômicos...), monitoramento de áreas de risco e de proteção ambiental,
estrutura da rede de saneamento básico, adequação tarifária dos impostos e muitas
outras (FITZ, 2015).
Ainda, é importante salientar que tais ferramentas não estão restritas à
Geografia, mas é possível presenciar seu uso nas áreas afins. Um exemplo
interessante é a utilização desses instrumentos para monitoramento da saúde e do
saneamento básico. Diversos programas de pós-graduação na área de saúde têm
incorporado essas ideias com objetivos específicos, como no desenvolvimento de
políticas de condução da vigilância sanitária a partir da espacialização de pragas e
doentes, controle epidemiológico, manutenção do cadastro de óbitos para descobrir
os riscos de viver em determinados locais (FITZ, 2015).
Desse modo, o uso de tais tecnologias tem acompanhado a tendência de
informatização da sociedade, sendo utilizadas para representar o espaço geográfico

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de modo digital. Por mais que os softwares de melhor qualidade não sejam fáceis de
manusear, é possível que o professor utilize outros programas juntamente com os
alunos, como o Google Earth ou o Google Street View para levar o aprendizado à
escola e aos alunos. Para tanto, é importante salientar a importância de incentivos
ao professor com cursos de reciclagem, além da aquisição de computadores e
tablets para a utilização dos alunos em sala de aula, criando novos modos de
aprendizado.

Geotecnologia e Educação: uma visão crítica sobre a utilização no Ensino de


Geografia

Com a intensificação do desenvolvimento das técnicas a partir da década de


1950, o surgimento de novas oportunidades para o ensino de Geografia torna-se
evidente. Contudo, uma crítica que deve ser realizada é fato de que, até os dias de
hoje, o uso do Sistema de Informação Geográfica (SIG) não é constante na sala de
aula para o aprofundamento de ideias e conceitos que o mesmo poderia auxiliar.
Mesmo nas escolas localizadas nos maiores centros urbanos, a utilização dessa
ferramenta no ensino é quase nula, seja pela falta dos recursos, pelas dificuldades
de utilização por parte do professor ou burocracias administrativas que não
permitem a adoção da ferramenta.
Correia, Fernandes e Paini (2009) destacam a importância das
geotecnologias para o processo de ensino-aprendizagem da Geografia e constatam
que existem limitações no conhecimento teórico. Nessa perspectiva, Hetkowski,
Pereira e Souza (2010) afirmam que o uso das geotecnologias ainda não é muito
disseminado nas escolas e que isso pode se dá devido à falta de conhecimento
sobre o assunto ou resistência de muito profissionais da educação ao uso das
tecnologias. E, abre-se parêntese, mesmo na formação de professores e técnicos,
nos cursos de licenciatura e bacharelado, a impressão que se passa é que a
Geografia tem medo do Geoprocessamento, ela se nega a utilizar uma ferramenta
na qual ela colaborou na formação através dos conceitos de espaço, principalmente.

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De fato, a utilização das geotecnologias é tímida, principalmente na educação
básica. Não se aproveita o fato de que o aluno tem, principalmente no caso
daqueles que possuem smartphones, ferramentas de observação do espaço,
literalmente, na palma da mão. Para tanto, um exemplo simples é o fato do Google
Maps ser uma ferramenta nativa de aparelhos celulares que utilizam como sistema
operacional o Android. O fato é que esses softwares não são explorados entre os
alunos, o que permitiria às geotecnologias se transformar em importantes aliadas no
ensino da Geografia escolar. Com isso, o professor estaria a espacializar as
informações, entrelaçar a cartografia e os conhecimentos geográficos. As
geotecnologias precisam ser entendidas como um valioso instrumento que pode ser
utilizado na prática pedagógica do docente.
Assim, compreende-se as geotecnologias:

Como sendo as novas tecnologias ligadas às geociências e a outras


correlatas. As geotecnologias trazem, no seu bojo, avanços
significativos no desenvolvimento de pesquisas, em ações de
planejamento, em processos de gestão e em tantos outros aspectos
relacionados à questão espacial. (FITZ, 2005, p. 38)

Destacam-se entre as geotecnologias que estão disponíveis, atualmente, com


maior facilidade através dos smartphones, o Geographic Information System (GIS)
básico, como o próprio Google Maps citado anteriormente, as ferramentas de
cartografia digital, Sistema de Posicionamento Global (GPS, em inglês). No entanto,
é de suma importância esclarecer que o uso das geotecnologias não está apenas
entrelaçado ao uso de softwares, “de produtos da ciência aplicada, prontos e
acabados, como é o caso do conjunto de máquinas e aparelhos elétricos...”
(BRASIL, 2007, p.4). Hetkwoski (2010, p. 6) traz a seguinte reflexão:

A geotecnologia representa a capacidade criativa dos homens,


através de técnicas e de situações cognitivas, representar situações
espaciais e de localização para melhor compreender a condição
humana. Assim, potencializar as tecnologias significa ampliar as
possibilidades criativas do homem, ampliar os “olhares” a exploração
de situações cotidianas relacionadas ao espaço geográfico, ao lugar
da política, à representação de instâncias conhecidas e /ou

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desconhecidas, a ampliação das experiências e à condição de
identificação com o espaço vivido (rua, bairro, cidade, estado, país).

Desta forma, precisamos repensar as práticas e técnicas utilizadas no


ambiente escolar para o ensino e aprendizagem do educando, buscando a quebra
de padrões, com o objetivo de causar uma ruptura nos tão engessados dogmas
educacionais. O uso das tecnologias, em especial das geotecnologias no caso da
Geografia, nos fornece as ferramentas necessária para buscarmos este ideal.
Todavia, é de suma importância que a Geotecnologia não seja utilizada apenas
como uma novidade para aguçar a curiosidade do educando. Diante disto, é
importante que as atividades desenvolvidas pelo docente leve em consideração os
conhecimentos já adquiridos pelos alunos, sua trajetória, criatividade e
dinamicidade, e proporcione aprendizagem dos fenômenos naturais e humanos no
espaço geográfico, de forma significativa.
É certo que o uso das geotecnologias nas escolas não ocorre de forma
homogênea, assim como tem muitas escolas e professores de geografia que
utilizam, existem outras tantas escolas e professores que não vivenciam isso.
Conforme aponta os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 20007, p.3)

As tecnologias encontram-se tão incorporadas aos atuais modos de


vida que quando nos defrontamos com menções à sociedade
tecnológica quase que imediatamente somos remetidos ao
computador, à internet, aos robôs. Esse mundo, entretanto, ainda é
compartilhado por poucos e específicos segmentos da população.

Assim, a geotecnologia é um material de apoio ao fazer da docência. Não são


os fins, mas um caminho na busca de oportunizar ao discente uma formação mais
contextualizada. Romper o estigma de professor detentor do conhecimento, com o
aluno apenas como receptor, sem trocas, sem diálogos e sem questionamentos é
algo que precisa ser evitado. O uso das Geotecnologias deve ocorre na perspectiva
de incluir o aluno aos diversos meios de aprendizagem, não somente o quadro, giz/
piloto e apagador, trabalhando de forma interdisciplinar.

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Conforme Prezente (2011, p. 7) “as geotecnologias não se restringem apenas
às imagens e os softwares, mapas e estudos pautados em imagem de satélite,
podem ser realizados jogos explicativos que podem ajudar nas aulas de Geografia”.
Nessa perspectiva, o uso das geotecnologias em sala de aula torna os espaços de
aprendizagem mais dinâmicos, atraindo os alunos e proporcionando ao professor
satisfação em sua prática. É certo que os alunos, quando se deparam com novos
recursos para aprendizagem, mostram curiosidade em sua utilização, se sentem
mais seduzidos na busca do conhecimento, formando assim uma visão critica dos
diferentes fenômenos espaciais.

Ressingnificando o Ensino de Geografia

A Geografia enquanto componente básico do currículo escolar deve


proporcionar ao discente um olhar crítico sobre as mazelas sociais. Ensinar
Geografia pressupõe disposição para lançar o desafio de informar e proporcionar
reflexões sobre como o território está organizado, como os espaços são
transformados, como a paisagem é modificada e adaptada pelo homem para o
homem. O profissional habilitado ao ensino de Geografia deve saber dos desafios
que enfrentará e da necessidade que esteja em constante busca por conhecimento
e capacitação, que não se restringe apenas ao título de graduado, além da
importância da utilização de inúmeras ferramentas em sua prática, que
potencializem o ensino da Geografia, bem como estimulem a aprendizagem, como
por exemplo, as geotecnologias.
O ensino com o uso de ferramentas tecnológicas deve ser levado em
consideração como um mecanismo que permite ao professor a aplicação de
métodos auxiliares no processo de ensino / aprendizagem. Masetto (2000) corrobora
essa ideia ao entender que os novos recursos tecnológicos, como a internet, o
computador, a televisão pen drive, o DVD são ferramentas responsáveis por
transformar a educação em uma prática mais efetiva e eficiente. O ensino de
Geografia, assim como os demais componentes curriculares, deve acompanhar o

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avanço tecnológico, aguçando o desejo pela aprendizagem e curiosidade dos
alunos, pois

Não se pode querer ter uma estrutura de trabalho assentada nos


moldes tradicionais se temos como alunos, jovens que vivem num
mundo dinâmico e diferente, por ser atual, e que como adultos vivem
e viverão num mundo que apresentará novos desafios. É preciso
habilitá-lo a pensar e agir. (CALLAI, 2001, p. 149)

Desta forma, ressignificar o ensino de Geografia pressupõe que todo corpo


escolar, desde a gestão escolar até o professor, fornece ferramentas para um ensino
dinâmico e para aprendizagem dos discentes. Ainda, considera sua realidade social,
seus conhecimentos, tornado o ensino mais significativo, pois a Geografia é uma
ciência humana e social, que visa a transformação da vida dos sujeitos através da
conscientização. A educação deve ser desenvolvida como uma poderosa arma para
mudanças nas mazelas sociais e políticas que se vivenciam diariamente, pois ela é
uma prática social.
De acordo com Lima Junior (2013) os desafios dos professores frente às
novas tecnologias consistem na compreensão de sua dimensão estruturante na
sociedade atual e, consequentemente, na prática pedagógica que está em
aplicação. É mister que os educadores percebam os novos caminhos abertos pela
conjuntura cultural atual. Por isso, torna-se fundamental que as aulas de Geografia
estejam contextualizadas e sejam ressignificadas através das normas ferramentas
disponíveis e por uma práxis pedagógica.

Considerações Finais

O presente trabalho teve como objetivo trazer uma reflexão sobre o ensino de
Geografia e o uso da Geotecnologia. É importante destacar que o uso da
geotecnologia durante as aulas de Geografia, além de proporcionar uma aula mais
dinâmica, contribui também para potencializar a criatividade e o protagonismo dos
estudantes. Pensar e agir sobre o espaço deve ser a principal meta do ensino de

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Geografia, no que concerne a construção do olhar geográfico do discente, assim
como conscientização sobre sua realidade vivida. É muito importante que as aulas
de Geografia estejam levando em consideração o contexto sociocultural dos alunos
e se eles estão emersos na tecnologia fora da escola. Portanto, por quais motivos,
quando se há disponibilidade destas, não usá-las? O exercício do professor em sala
de aula precisa estar interligado com as inovações advindas constantemente.
Os equipamentos e recursos disponíveis na comunidade escolar e ao
profissional da educação constituem-se em ferramentas que, aos serem utilizadas
para conscientização, possibilitam “fomento e o fortalecimento da integração com a
ciência e a tecnologia” (BRASIL, Lei N° 9.795/99). A questão maior, porém, está no
sucateamento da educação com a falta de investimentos públicos tanto na formação
de mão-de-obra qualificada para ensinar o aluno quanto na inexistência de
equipamentos que permitam ao professor integrar a teoria, a partir dos conceitos,
com a prática, através do uso de ferramentas pertencentes ao Sistema de
Informação Geográfica (SIG). Ferramentas gratuitas de boa qualidade existem,
como os softwares do Google ou outros livres e abertos, como o Open Street Map,
excelente ferramenta de mapeamento digital, mas é necessário que sejam criadas
pontes que interligue a educação com a tecnologia, abrindo a possibilidade de
melhorias na educação.

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