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Proposição 1
Se s e s 0 são as bissetrizes das re-
tas concorrentes r e r 0 , então
Fig. 1: Bissetrizes s e s 0 das retas r e r 0 .
s ∪ s 0 = {P | d(P , r ) = d(P , r 0 )}
Prova.
( =⇒) Suponhamos que s é uma bissetriz das retas r e r 0 que se cortam
no ponto O.
108 Geometria Analítica - Capítulo 7
bissetriz de r e r 0 .
Ou seja:
ax + by − c a0 x + b 0 y − c 0
P = (x, y) ∈ s ∪ s 0 ⇐⇒ p =±q .
a2 + b 2 (a0 )2 + (b0 )2
Exemplo 1
Determinar as bissetrizes das retas r : 2x + y = 1 e r 0 : 3x + 2y = 2.
Solução.
Sejam s e s 0 as bissetrizes de r e r 0 .
Então:
2x + y − 1 3x + 2y − 2
P = (x, y) ∈ s ∪ s 0 ⇐⇒ p =± p
2
2 +1 2 32 + 22
2x + y − 1 3x + 2y − 2
⇐⇒ p =± p
5 13
s
5
⇐⇒ 2x + y − 1 = ± 3x + 2y − 2 .
13
Assim,
s
5
s : 2x + y − 1 = 3x + 2y − 2
13
s
0
5
s : 2x + y − 1 = −
3x + 2y − 2 ,
13
ou seja,
s s s
5 5 y = 1 − 2 5
s : 2 − 3 x + 1 − 2
13 13 13
s s s
5 5 5
0
s : 2 + 3 13 x + 1 + 2 13 y = 1 + 2 13
Fig. 2: Exemplo 1.
Bissetriz de um ângulo
-→
- --------→
-- -→
- ----------→
-
Sejam u = OP e v = OQ .
-→
- -→
- -→
- -→
-
Começamos observando que os vetores ku k · v e kv k · u são múl-
-→
- -→
-
tiplos positivos de v e u , respectivamente, que têm a mesma norma:
-→ -→ -→ -→ -→ -→
-→ -→
- -
- - - - - -
ku k · v
= ku k · kv k = kv k · ku k =
kv k · u
.
Exemplo 2
Determine a reta r que bissecta o ângulo P[
OQ, onde P = (1, 1), O =
(1, −1) e Q = (2, 1).
Solução.
-→
- --------→
-- -→
- ----------→
-
Sejam u = OP = (0, 2) e v = OQ = (1, 2).
-→
- -→
- p
Temos ku k = 2 e kv k = 5. Pelo visto acima, o vetor
------→
- -→
- -→ - -→
- -→
- p
w 0 = kv k u + ku k v = 5(0, 2) + 2(1, 2)
p p
= 2, 2 2 + 5 = 2 1, 2 + 5
---→
- p
é paralelo à reta r . Portanto, o vetor w = 2 + 5, −1 é um vetor
p
normal a r e a equação de r é da forma 2 + 5 x − y = c.
e, portanto,
p p
r : 2 + 5 x − y = 3 + 5,
ou
p p
r :y = 2+ 5 x− 3+ 5 ,
Fig. 4: Reta r bissectando o ângulo P[
OQ.
é a equação da bissetriz pro-
curada.
Definição 1
---→
- ------→
- ---→
-
A projeção ortogonal do vetor w sobre a reta r é o vetor w 0 = Projr (w )
---→
- ------→
-
paralelo a r tal que w − w 0 é perpendicular a r .
-→
- →
- ------→
-
Seja u = 6 0 um vetor paralelo à reta r . Então w 0 é múltiplo de
-→
- ------→
- -→
-
u , isto é, w 0 = λu , para algum número λ ∈ R. Além disso, como
---→
- ------→
- -→
-
w − w0 ⊥ u :
---→
- ------→
- -→- ---→
- -→
- ------→
- -→ -
hw − w 0 , u i = 0 ⇐⇒ hw , u i − hw 0 , u i = 0
---→
- -→ - ------→
- -→
- ---→
- -→
- -→
- -→ -
⇐⇒ hw , u i = hw 0 , u i ⇐⇒ hw , u i = hλu , u i
---→
- -→
-
---→
- -→
- -→
- -→
- hw , u i
⇐⇒ hw , u i = λhu , u i ⇐⇒ λ = -→
- -→
-
hu , u i
---→
- -→-
hw , u i
⇐⇒ λ= -→
- .
ku k2
---→
- -→
-
---→
- ---→
- 0 hw , u i -→
-
Portanto, Projr (w ) = w = - 2 u
-→
ku k
Observação 1
---→
-
Note que a projeção ortogonal do vetor w sobre a reta r depende apenas
da direção da reta. Como a direção da reta é dada por qualquer vetor
-→
- ---→
- -→
-
u paralelo a ela, definimos a projeção ortogonal de w sobre u , como
---→
- -→
-
sendo a projeção de w sobre qualquer reta r paralela a u , ou seja,
---→
- -→
-
---→
- ---→
- hw , u i -→
-
- (w ) = Proj (w ) =
Proju-→ r - 2 u
-→
ku k
Exemplo 3
Sejam A = (1, 1), B = (2, 3), C = (−4, 1) e D = (−2, 1) pontos do plano.
---------→
-
Determine a projeção ortogonal do vetor CD sobre a reta r que passa
pelos pontos A e B.
Solução.
---→
- ---------→
- -→
- -------→
-
Sejam os vetores w = CD = (2, 0) e u = AB = (1, 2).
-→
-
Então, como ku k2 = 12 + 22 = 5:
---------→
- -------→
-
---→
- hCD , AB i -------→ - h(2, 0), (1, 2)i
Projr (w ) = - 2 AB =
-------→ (1, 2)
kAB k 5
2×1+0×2 2 2 4
= (1, 2) = (1, 2) = , .
5 5 5 5
Exemplo 4
Determinar os valores m ∈ R de modo que a projeção ortogonal do vetor
---→
- -→
-
w = (m+1, m−1) sobre o vetor u = (m, 1−m) seja um vetor unitário.
Solução.
Temos
---→
- -→ ---→
- -→
---→
- -→- - -
hw , u i -→ hw , u i
-
--→
-
hw , u i →
-
- -
- (w )
=
Proju-→ - 2 u
= - 2 ku k = ,
-→ -→ -→
-
ku k ku k ku k
onde,
---→
- -→
-
hw , u i = h(m + 1, m − 1), (m, 1 − m)i
= (m + 1)m + (m − 1)(1 − m)
= m2 + m − (m − 1)2
= m2 + m − m2 + 2m − 1 = 3m − 1 ,
e
-→
q
-
ku k = k(m, 1 − m)k = m2 + (1 − m)2
p
= 2m2 − 2m + 1.
Logo:
---→
- -→
-
hw , u i |3m − 1|
-→
- = 1 ⇐⇒ p =1
ku k 2m2 − 2m + 1
(3m − 1)2
⇐⇒ =1
2m2 − 2m + 1
⇐⇒ 9m2 − 6m + 1 = 2m2 − 2m + 1
⇐⇒ 7m2 − 4m = 0
⇐⇒ m(7m − 4) = 0
4
⇐⇒ m = 0 ou m = .
7
-→
- --------→
-
Seja ABDC um paralelogramo. Consideremos os vetores u = AC e
---→
- -------→
-
w = AB .
-→
- ---→
-
---→ hu , w i -→
---→ -
2
---→
-
- (w ) =
- -
Sendo Proju-→ -→
- 2 u , calculemos
w − Proj - (w )
:
-→
u
ku k
---→ -
2
---→
-
w − Proju-→
- (w )
---→
- ---→
- ---→
- ---→
-
= hw − Proju-→
- (w ), w − Proj -→
u (w )i
-
---→
- ---→
- ---→
- ---→
- ---→
- ---→
-
= hw , w i − 2hw , Proju-→
- (w )i + hProj -→
u (w ), Proju (w )i
- -→
-
-→
- ---→
- -→
- ---→
- -→
- ---→
-
---→
- - hu , w i -→
---→ - hu , w i -→
- hu , w i -→
-
= kw k2 − 2hw , -→ - 2 u i + h -→
- 2 u, - 2 ui
-→
ku k ku k ku k
-→
- ---→ - -→
- ---→
- 2
---→
- hu , w i ---→ - -→- hu , w i -→
- -→
-
= kw k2 − 2 -→ - hw , u i + -→
- hu , u i
ku k2 ku k2
-→
- ---→ - 2 -→
- ---→
- 2
---→
- 2 hu , w i hu , w i -→ - 2
= kw k − 2 -→ - 2 + - 4 ku k
-→
ku k ku k
-→
- ---→ - 2 -→
- ---→
- 2
---→
- 2 hu , w i hu , w i
= kw k − 2 -→ - + -→
-
ku k2 ku k2
-→
- ---→ - 2
---→
- hu , w i
= kw k2 − -→
-
ku k2
e a área A, por:
q
-→
- ---→
- -→
- ---→
- 2
A = ku k2 kw k2 − h u , w i
Atividade
-→
- ---→
-
Considere a figura 6, onde θ = ∠(u , w ).
-→
- ---→
-
Tomando ku k como medida da base do paralelogramo ABDC e kw k sen θ
como altura, use a identidade trigonométrica
sen2 θ = 1 − cos2 θ
-→
- ---→
- -→
- ---→
-
e a definição do produto interno, hu , w i = ku k kw k cos θ, temos para
obter a fórmula de A obtida acima.
Solução.
-→
- ---→
-
Como A = ku k kw k sen θ, temos:
2
-→ ---→
- -
A2 = ku k kw k sen θ
-→
- ---→
-
= ku k2 kw k2 sen2 θ
-→
- ---→
-
= ku k2 kw k2 (1 − cos2 θ)
-→
- ---→
- -→
- ---→
-
= ku k2 kw k2 − ku k2 kw k2 cos2 θ
2
-→ ---→ -→ ---→
- - - -
= ku k2 kw k2 − ku k kw k cos θ
-→
- ---→
- -→
- ---→
- 2
= ku k2 kw k2 − hu , w i .
-→
- ---→
-
coordenadas de u e w , respectivamente:
α β
A = det
α0 β0
Exemplo 5
Determine a área do paralelogramo ABDC, onde A = (1, 2), B = (3, 1),
C = (4, 1) e D = (−2, 3).
Solução.
-------→
- --------→
-
Como AB = (2, −1) e AC = (3, −1), a área A do paralelogramo ABDC
é:
2 −1
A=det = |−2 + 3| = 1 .
3 −1
Área de um triângulo
-------→
-
AB -------→
-
onde --------→ - representa a matriz cujas filas são as coordenadas de AB
AC
--------→
-
e AC .
Exemplo 6
Determine a área T do triângulo de vértices A = (4, 2), B = (6, 1) e
C = (3, 2).
Solução.
-------→
- --------→
-
Temos que AB = (2, −1) e AC = (−1, 0). Logo,
2 −1
1 = | − 1| = 1 ,
1
T = det
2 −1 0 2
2
é a área procurada.
Exemplo 7
Sejam A = (1, 2), B = (3, n + 2) e C = (n − 1, 1). Determine os valores
1
de n de modo que o triângulo 4ABC tenha área T igual a .
2
Solução.
-------→
- --------→
-
Temos que AB = (2, n) e AC = (n − 2, −1). Logo,
2 n
1
= 1 |−2 − n(n − 2)|
T = det
2
n − 2 −1 2
.
1
−2 − n2 + 2n = 1 n2 − 2n + 2
=
2 2
1
⇐⇒ n2 − 2n + 2 = 1 ⇐⇒ n2 − 2n + 2 = ±1.
Assim, T =
2
• Tomando o sinal positivo, obtemos a equação
n2 − 2n + 2 = 1 ⇐⇒ n2 − 2n + 1 = 0 ⇐⇒ (n − 1)2 = 0 .
4. Exemplos de revisão
Exemplo 8
Dado o ponto A = (0, 3) e as retas r : x + y = −1 e s : x − 2y = −5,
encontre:
√
(a) As coordenadas dos pontos C ∈ s cuja distância a r é 2.
Solução.
(a) Da equação da reta s, vemos que um ponto C pertence à reta s se, e
só se, C = (2y − 5, y) para algum y ∈ R.
Então,
√ |(2y − 5) + y + 1| √
d(C, r ) = 2 ⇐⇒ √ = 2 ⇐⇒
2
y =2
3y − 4 = 2
|3y − 4| = 2 ⇐⇒ ou ⇐⇒ ou
2
y=
3y − 4 = −2
3
Para y1 = 2, calculamos x1 = 2y1 − 5 = 2(2) − 5 = −1 , e obtemos o
ponto C1 = (−1, 2) ∈ s.
2 2 4 11
Para y2 = , x2 = 2y2 − 5 = 2 · − 5 = − 5 = − , e obtemos
3 3 3 3
11 2
C2 = − , ∈ s.
3 3
(b) Seja ` a reta perpendicular a
r que passa por A. O ponto A0
simétrico de A em relação a r é
o ponto da reta `, distinto de A,
tal que d(A0 , r ) = d(A, r ).
Exemplo 9
Seja C o círculo de centro no ponto de interseção das retas
x =t+3
r1 : x + 2y = 1 e r2 : ; t ∈ R,
y = −t + 1
Solução.
é o centro de C.
|7 + 2(−3) − 2| 1
Como r é tangente a C, o raio de C é R = d(P , r ) = p =p .
2
1 +2 2 5
Portanto, a equação de C é
1
C : (x − 7)2 + (y + 3)2 = .
5
O ponto de tangência de r com C é o ponto de interseção de r com a
reta ` que passa pelo centro P e é perpendicular a r .
=⇒ ` : −2x + y = −17 .
Exemplo 10
Faça um esboço detalhado da região R do plano dada pelo sistema de
inequações:
x ≤y +1
R : x ≥ −y
x2 + y 2 >
1
2
.
Solução.
A região R é a interseção das regiões:
1
R1 : x ≤ y + 1 , R2 : x ≥ −y e R3 : x 2 + y 2 > 2
.
Determinando a região R1
Determinando a região R2
Determinando a região R3
1
A equação C : x 2 + y 2 = 2
representa o círculo de centro na origem e
1
raio √ . Para um ponto (x, y) estar na região R3 , o quadrado da sua
2
1
distância à origem deve ser maior que , ou seja, deve estar na região
2
exterior ao círculo C, que mostramos na figura 12.
2 2
1 1 1 1 1
pertence à circunferência C, pois + − = + = .
2 2 4 4 2
Exemplo 11
Determine os pontos C e B de modo que a projeção ortogonal do seg-
mento AB sobre a reta r : x + 3y = 6 seja o segmento CD, onde
A = (1, 1), D = (3, 1) e AB é um segmento contido numa reta paralela
ao vetor (2, 1).
Solução.
Primeiramente determinemos a reta ` que contém os pontos A e B.
-------→
- -------→
-
Como AB é paralelo ao vetor (2, 1), temos AB ⊥ (−1, 2) e, portanto,
` : −x + 2y = c. Determinamos c sabendo que A ∈ `: c = −1 + 2(1) = 1.
Logo ` : −x + 2y = 1.
11 22 17
=⇒ y = =⇒ x = 2y − 1 = −1= .
5 5 5
17 11
Logo B = , .
5 5
O ponto C procurado,
além de pertencer à reta
r , deve pertencer à reta
r2 perpendicular a r que
passa por A.
Sendo r1 k r2 , a equa-
ção de r2 deve ser da Fig. 15: Projeção CD do segmento AB sobre a reta r .
forma r2 : −3x +y = c
8 24 6
=⇒ y = =⇒ x = 6 − 3y = 6 − = .
5 5 5
6 8
Assim, C = , é o outro ponto procurado.
5 5
Exemplo 12
Seja P o paralelogramo ABDC cujas diagonais estão sobre as retas
x =t+1 x = −2s + 1
r1 : ; t∈R e r2 : ; s∈R
y = −t + 1 y =s+2
Solução.
Sabemos que num paralelogramo as diagonais cortam-se num ponto M,
que é ponto médio de ambas. Em nosso caso, {M} = r1 ∩ r2 :
t + 1 = −2s + 1 t + 2s = 0
r1 ∩ r2 : =⇒ =⇒ s = 1.
−t + 1 = s + 2 −t − s = 1