Aspectos Botânicos, Químicos, Farmacológicos e Terapêuticos Do Hypericum
Aspectos Botânicos, Químicos, Farmacológicos e Terapêuticos Do Hypericum
Aspectos Botânicos, Químicos, Farmacológicos e Terapêuticos Do Hypericum
RESUMO: Estima-se que aproximadamente 25% das drogas prescritas em todo o mundo
são oriundas de espécies vegetais. Dentre as plantas com alto potencial medicinal, se
destaca o Hypericum perforatum L. (HP), planta herbácea perene, pertencente à família
Hypericaceae. Extratos orgânicos e aquosos de HP têm sido utilizados na medicina popular e
em testes pré-clínicos para o tratamento e prevenção de diversas doenças através de efeitos
nefroprotetores, atividades antioxidante, antifúngica, ansiolítica, antiviral e cicatrizante. Estudos
clínicos indicaram que esta espécie pode ser útil no tratamento de desordens originadas do
sistema nervoso central, especialmente na depressão unipolar. HP contém, ao menos, dez
classes de compostos biologicamente ativos, dentre eles antraquinonas/naftodiantronas,
derivados de floroglucinol, flavonoides, biflavonas, xantonas, óleos voláteis, aminoácidos,
vitamina C, cumarinas, taninos e carotenoides. Ao mesmo tempo em que os constituintes
possuem relevantes efeitos farmacológicos, os mesmos podem prejudicar, por antagonismo
farmacocinético (interação com algumas enzimas do citocromo), a eficácia de outros fármacos.
Devido a relevante importância do HP como agente terapêutico, ressalta-se a importância do
desenvolvimento de novos estudos com o intuito de elucidar questões ainda controversas
acerca do extrato de HP, e.g., dose, melhor horário para colheita, padronização dos extratos, e
possíveis efeitos tóxicos, podendo assim, definir claramente os riscos e benefícios da utilização
desta planta.
INTRODUÇÃO
A utilização de produtos naturais com as principais fontes do arsenal terapêutico. Nos
propriedades terapêuticas é tão antiga quanto últimos anos, tem crescido o interesse nas terapias
à civilização humana e, ao longo do tempo, os alternativas e no uso terapêutico de produtos
produtos de origem mineral, animal e vegetal foram naturais, principalmente aqueles derivados de
plantas (Cragg & Newman, 2013; Tabassum, et al. 450 espécies, sendo Hypericum perforatum a mais
2014; Lall & Kishore, 2014). representativa (Vattikuti & Ciddi, 2005; Coleta, 2008).
Metabólitos secundários constituem quase HP (Figura 1) é uma planta herbácea
que 50% das novas drogas introduzidas no mercado perene, distribuída pela Europa, Ásia, norte da
farmacêutico de 1981 até 2010 e, aproximadamente África e nos Estados Unidos (Peng et al., 2005). É
75% dos agentes anti-infecciosos são produtos comumente conhecida como hipérico, orelha-de-
naturais ou derivados (Newman & Cragg, 2010). gato, alecrim-bravo, arruda-de-São-Paulo, arruda-
Apesar dos avanços na medicina moderna, do-campo, milfurada, Erva de São João e St. John`s
aproximadamente 80% da população mundial, Wort (Bufalo, 2007). Na maioria das preparações
particularmente a de países em desenvolvimento, farmacêuticas são utilizadas as partes aéreas da
ainda utilizam a plantas medicinais como cuidado planta (Bufalo, 2007).
de saúde primário (Gurib-Fakim, 2006). Portanto, é Caracteristicamente, a planta apresenta-
evidente que o reino vegetal fornece uma incrível se glabra com tamanho médio de 50 cm, podendo
fonte moléculas bioativas (hits) e possíveis fármacos atingir até cerca de 1 m (Bufalo, 2007; Coleta,
originais. Apesar disto, até 2006 estimava-se que 2008). As sementes são pequenas, alongadas e
somente 10-15% de todas espécies de plantas foram com extremidades arredondadas. Se expostas ao
investigadas (Bisht et al., 2006). solo em temperaturas altas, germinam após alguns
Dentre as plantas com alto potencial dias (Arncken, 2000).
medicinal, se destaca o Hypericum perforatum L. O caule é arredondado com duas linhas
(HP). Extratos orgânicos e aquosos de HP têm sido longitudinais salientes, ereto e ramificado no
utilizados para o tratamento de diversas doenças topo. As folhas são ovadas a lineares, com 7 a
na medicina popular, depressão unipolar leve, 40 mm de comprimento, subcordatas, planas
moderada (Uzbay et al., 2006) e grave (Szegedi ou moderadamente revolutas, com numerosas
et al., 2005), nefroproteção (Nabavi et al., 2012), glândulas transparentes ou glândulas oleosas
atividade antioxidante e antifúngica (Mašković et que secretam óleo formando uma camada incolor
al., 2011), antiviral e cicatrizante (Bukahri et al., sobre as folhas (Bufalo, 2007; Coleta, 2008).
2004). Primeiramente estas indicações surgiram Sua consistência e sua superfície são elásticas,
através de estudos empíricos seguidos por de coloração verde-azulada, opaca e sem brilho
testes clínicos. Foi seguindo estas etapas que a (Arncken, 2000).
avaliação antidepressiva confirmou que os extratos As flores são numerosas, de coloração
aquosos são tão efetivos quanto os antidepressivos amarelo-alaranjada brilhantes, dispostas em
convencionais e com a vantagem de causar menos cimeiras numa espécie de inflorescência paniculada
efeitos colaterais (Bach-Rojecky et al., 2004; Shulz, composta. O cálice e a corola são marcados
2002; Kasper et al., 2010; Russo et al., 2013). com pontos pretos, as sépalas e as pétalas são
Uma série de metabólitos biologicamente em número de cinco. As pétalas são oblongas a
ativos têm sido isolados do extrato do HP, incluindo elípticas, assimétricas e apresentam numerosas
antraquinonas/naftodiantronas (principalmente pontuações negras (Bufalo, 2007; Coleta, 2008).
hipericina e pseudo-hipericina), derivados de
floroglucinol (hiperforina e ad-hiperforina),
flavonoides (como rutina, quercetina, quercitrina,
isoquercitrina, luteolina miricetina e canferol),
biflavonas (I3,II8-biapigenina e amentoflavona),
xantonas e óleos voláteis. Além da presença de
alguns aminoácidos, vitamina C, cumarinas, taninos
e carotenoides (Greeson et al., 2001; Hussain et al.,
2009; Russo et al., 2013).
Devido a relevante importância de
Hypericum perforatum como agente terapêutico,
torna-se necessária a elaboração de uma revisão
bibliográfica para um melhor entendimento
dos aspectos que envolvem as propriedades
terapêuticas, químicas e farmacológicas desse
fitoterápico.
Descrição botânica
O gênero Hypericum Linn. pertence à Figura 1. Hypericum perforatum (fotografia de
família Hypericaceae, compreendendo mais de acervo pessoal dos pesquisadores).
A raiz tem consistência lenhosa e resistente (Greeson et al., 2001; Hussain et al., 2009).
desde a plântula, e com o passar do tempo se torna Os flavonoides representam 2 a 4% do
ainda mais lenhosa. Sua cor é amarelo-acastanhada extrato do HP, sendo que os de maior importância
e sua superfície é coberta por anéis com escamas. são os derivados glicosilados da quercetina, como
Há vários ramos, e seu crescimento muda de direção hiperosídeo, rutina, quercitrina e isoquercetrina.
diversas vezes (Arncken, 2000). Os glicosídeos com agliconas como o canferol e
Histoanatomicamente, o ovário é miricetina também são encontrados (Patočka, 2003;
trilocular e apresenta três estigmas. O estigma é Nör, 2006).
característico com forma papilosa apresentando Os glicosídeos de flavonoides possuem
inúmeros idioblastos com pigmentos roxos. A atividade espasmolítica, além de inibirem as enzimas
folha é monoestratificada apresentando uma monoaminooxidase A e catecol-O-metiltransferase,
grossa cutícula. O parênquima é paliçádico porém, o nível desses metabólitos na planta não
monoestratificado com abundantes cloroplastos. atinge o índice terapêutico, portanto, não pode ser
Apresenta estômatos somente na superfície responsável pela eficácia do extrato bruto de HP.
abaxial, com células estomáticas pequenas que Alguns flavonoides se ligam ao receptor GABAA e
se conectam a uma câmara subestomática pouco diversos autores sugerem que os flavonoides do HP
profunda. A nervura central é bastante proeminente agem da mesma maneira (Hanrahan et al., 2011). A
apresentando feixes vasculares colaterais. O cambio quercetina tem sido relatada como carcinogênica,
é biestratificado, com o colênquima escasso na porém esses resultados se baseiam em testes com
superfície adaxial e espesso na superfície abaxial altas doses do constituinte. Em contraste, outros
apresentando três camadas de colênquima lacunar estudos consideram que a quercetina é um agente
(Montenegro et al., 1999). antitumoral (Angst et al., 2013; Wang et al., 2014).
Devido à presença desses flavonoides, as flores
Principais constituintes químicos bioativos possuem a coloração que atrai os insetos e protege
A composição química de HP atrai a atenção os tecidos da radiação UV, além de apresentarem
de muitos cientistas, devido a sua grande variedade atividade antioxidante que parece desempenhar
de metabólitos secundários diferentes. HP contém um papel importante na atividade antidepressiva do
ao menos dez classes de compostos biologicamente extrato total de HP, e impedir a degradação oxidativa
ativos, dentre eles antraquinonas/naftodiantronas, dos outros compostos presentes no interior da matriz
derivados de floroglucinol, flavonoides, biflavonas, da planta (Kopleman et al., 2001; Patočka, 2003).
xantonas, óleos voláteis, aminoácidos, vitamina C, Em pequenas quantidades, nas partes
cumarinas, taninos e carotenoides. A concentração aéreas do HP, são encontradas as xantonas, dentre
e proporção dos diferentes constituintes na planta elas a 1,3,6,7-tetrahidroxixantona e γ-mangostina.
estão intimamente relacionadas às condições No entanto, as raízes contêm quantidades mais
ambientais e período da colheita, ao processo elevadas desses compostos (Zodi, 2011). Sugere-
de secagem e condições de armazenamento. se que as xantonas pertençam a um arsenal
Considerando os dois extratos, orgânico e aquoso, químico de defesa empregado pelo HP no combate
aproximadamente 20% dos compostos presentes de fatores de estresse biológico, incluindo as
em cada extrato apresentam efeitos biológicos infecções por patógenos e remoção de radicais
livres (Crockett et al., 2011). Além das propriedades compostos bastante frequentes no gênero Hypericum
úteis a planta, as xantonas possuem também (Patočka, 2003). Os principais floroglucinóis
utilidades medicinais como anti-inflamatórias, encontrados em HP são os acilfloroglucinois
antitumorais, anti-HIV e antimicrobianas (Zodi, prenilados hiperforina e seu homólogo ad-hiperforina
2011). As principas naftodiantronas detectadas no (Figura 3) (Karppinen, 2010).
HP são representadas pela hipericina e seu derivado Aproximadamente 5% do peso seco de
pseudo-hipericina, bem como por seus precursores flores e folhas do HP correspondem à hiperforina,
– proto-hipericina e protopseudo-hipericina (Figura mas devido a sua instabilidade química, a
2) (Karpinnen, 2010). concentração deste composto em produtos
A concentração de pseudo-hipericina secos de maneira inapropriada tende a decrescer
é cerca de duas a quatro vezes mais elevada drasticamente (Zanoli, 2004). De fato, derivados
do que os níveis de hipericina no HP (Greeson, de floroglucinóis degradam-se facilmente quando
2001; Patočka 2003). A hipericina é abundante expostos à luz, ao calor ou oxigênio (Orth, 1999),
principalmente nas glândulas vermelhas das o que, dificultava o desenvolvimento de estudos
pétalas e estames das flores (1-14%), o local mais que comprovassem sua atividade biológica, não
provável de sua biossíntese, mas também pode sendo por essa razão, considerado um constituinte
ser identificada em grande quantidade nas folhas farmacologicamente ativo. Porém, atualmente,
(0,03% a 0,3%) (Zobayed, 2006). Admite-se que sabe-se que a hiperforina é o principal componente
a localização glandular destes compostos objetiva responsável pela atividade antidepressiva relatada
proteger os tecidos vegetais da potencial ação tóxica do HP por meio do mecanismo de inibição da
dos mesmos (Walker et al., 2001). Embora a função recaptura de neurotransmissores, também atribuído
da hipericina em espécies de Hypericum ainda ao seu homólogo, a ad-hiperforina (Karpinen, 2010).
não esteja totalmente esclarecida, vários estudos
propõem que esta, bem como seu derivado (pseudo- Biossíntese dos principais metabólitos
hipericina), apresenta um papel de defesa contra ativos
patógenos e herbívoros (Sirvent & Gibson, 2002). As vias metabólicas que conduzem à
Apesar de a hipericina ser considerada biossíntese da hipericina e hiperforina ainda são
o composto responsável pelas atividades pouco compreendidas (Boubakir et al., 2005). De
antidepressiva (Greeson, 2001), antiviral e acordo com Karpinen (2010), a rota biossintética
antitumoral de HP (Miskovsky, 2002; Kubin et mais provável para a formação da hipericina tem
al., 2005), é, possivelmente, o mais poderoso início com a condensação de uma molécula de acetil
fotossensibilizante natural já descrito (Miskovsky, coenzima-A (CoA) com sete moléculas de malonil
2002; Karioti & Bilia, 2010). A ingestão de grandes CoA, formando uma cadeia linear octacetídica, que,
quantidades da planta por animais demonstrou subsequentemente, sofre ciclização originando a
causar uma condição de severa sensibilidade à luz, emodina antrona. A reação é catalisada por uma
conhecida como síndrome do hipericismo (Patočka, enzima do tipo III da família policetídeo sintase
2003). Por essa razão, a fotossensibilização pode (PKS). A emodina antrona é então oxidada à
ser um potencial efeito adverso observado durante emodina, provavelmente por meio da ação da
o tratamento com extrato de HP (Zodi, 2011). emodiantrona oxigenase. A condensação seguida
Os derivados de floroglucinois são de desidratação de ambas emodina e emodina
Figura 5. Rota proposta para a biossíntese da hiperforina (adaptado de Beerheus, 2006; Karpinnen, 2010;
Dukovčic, 2012).
nos participantes na categoria “suave”, 85% da postulado que os inibidores seletivos da recaptação
categoria “moderadamente afetado” e mais da da serotonina podem atenuar a produção de cortisol
metade dos classificados como “severos”. Para via antagonismo da liberação de corticotropina
todos os sintomas, existiram evidências claras do (Greeson et al., 2001).
efeito benéfico. Os vários mecanismos de ação propostos
Em estudo desenvolvido por Crupi et al. ao longo de anos de estudos sobre a atividade
(2011) a administração crônica de HP reverteu o antidepressiva de HP demonstram que o mais
fenótipo afetivo e o efeito ansiogênico induzido provável é que o efeito farmacológico ocorra através
pela corticosterona em animais. Portanto, pode-se de várias vias de sinalização distintas.
sugerir que a administração de HP reverte os efeitos
negativos do estresse que afetam a maturação de Atividade antioxidante
neurônios do hipocampo. A atividade antioxidante do extrato de HP
De acordo com Hammerness et al. (2003), é bem conhecida, e isto é esperado devido ao
a atividade antidepressiva do HP parece ser alto teor de compostos fenólicos. A maioria das
mediada pelos sistemas serotoninérgicos (5- frações ativas são aquelas ricas em flavonoides
HT), noradrenérgicos e dopaminérgicos, bem glicosilados (seguido por pequenas quantidades de
como por meio dos neurotransmissores do ácido ácidos fenólicos) e pobres em biflavonoides (Orčić
gama-aminobutírico (GABA) e do aminoácido et al., 2011). Vale ressaltar que extratos de HP ricos
glutamato. Porém, a fraca atividade in vitro sugere em flavonóides (quercetina, luteolina e campferol)
uma combinação de múltiplos mecanismos. e xantonas demonstraram in vitro também a
Trabalhos iniciais in vitro relatavam a inibição capacidade de inibir a enzima monoamino oxidase
da monoaminooxidase (MAO) e catecol-O- (MAO-A e –B), porém ainda sem resultados clínicos
metiltransferase (COMT) (Pradeep, 2001). associados (Greeson, et al. 2001).
No entanto, alguns autores concluíram que Orčić et al. (2011) observaram que as
as concentrações que causam estas inibições frações de HP têm potencial de redução significativo,
não são suficientes para explicar a atividade sendo algumas frações (com flavonoides e
antidepressiva. Uma proposta mais recente é que ácidos fenólicos) mais ativas do que o composto
a atividade do HP se faz por meio da inibição da sintético butil-hidróxi-tolueno (BHT). Foi possível
recaptação sináptica da serotonina, norepinefrina e observar também a habilidade das frações de HP
dopamina. Além disso, uma significante regulação em neutralizar o radical ânion superóxido (O2-). A
negativa da densidade do receptor β1-adrenérgico presença do superóxido no organismo é geralmente
na região frontal e uma variação quantitativa nos prejudicial, levando a processos degenerativos e
receptores 5-HT2 tem sido demonstrada no córtex morte. Outra propriedade observada do extrato de
de animais depois do tratamento com o extrato HP foi a capacidade de eliminação do óxido nítrico. O
de HP (Pradeep, 2001). A regulação negativa do NO é normalmente produzido no organismo como um
adrenoreceptor é um indicativo clínico comumente mensageiro e como parte da resposta imunológica, a
relacionado à eficácia antidepressiva durante a sua reação com O2- produz peroxinitrito (ONOO-) que
administração crônica da maioria dos medicamentos é altamente reativo e que pode causar vários danos
antidepressivos (Vertulani & Sulser, 1975). A ação biomoleculares. Assim, a habilidade do extrato de
sobre os receptores serotoninérgicos é dependente neutralizar o NO e ONOO- pode ter efeitos benéficos.
da concentração dos constituintes nos extratos, i.e. Zou et al. (2004) realizaram testes in vitro
administração crônica de extratos ricos em xantonas com o extrato de HP e demonstraram também forte
induz um aumento na expressão de 5HT-2 (efeito atividade antioxidante. O extrato atuou como um
similar ao observado com eletroconvulsoterapia) agente doador de hidrogênio e redutor do ferro (III)
(Muruganandam, et al. 2000), enquanto extratos a ferro (II). Além disso, o extrato agiu efetivamente
com hiperforina concentrada aparentemente como sequestrador dos radicais ânions superóxido
reduzem a expressão deste receptor (efeito também e inibidor da degradação da desoxirribose.
observados com antidepressivos tricíclicos e Hunt et al. (2001) observaram a atividade
inibidores seletivos da receptação de serotonina) antioxidante do extrato de HP contra o ânion
(Chatterjee, et al. 1998; Greeson, et al. 2001). superóxido por meio do efeito sequestrante dos
Existem algumas indicações de que HP radicais livres da maioria das concentrações
modula certas vias neuroendócrinas, tais como testadas. Em outro estudo, Mohanasundari et al.
a inibição da expressão da interleucina-6, uma (2006) concluíram que o extrato de HP na dose
citocina que pode estimular a liberação de cortisol. de 300 mg/Kg administrado em animais melhora
Sabe-se que o cortisol endógeno elevado está a eficácia da atividade antioxidante das enzimas
correlacionado com a depressão maior, e tem-se superóxido dismutase, catalase e glutationa
peroxidase.
por um ou mais das seguintes hipóteses: (i) efeitos BEHNKE, K.; JENSEN, G.S.; GRAUBAUM, H.J.;
múltiplos e complexos dos vários constituintes das GRUENWALD, J. Hypericum perforatum versus
enzimas envolvidas; (ii) diferenças entre análises fluoxetine in the treatment of mild to moderate
de efeitos agudos vs crônicos e, (iii) efeito dose- depression. Advances in Therapy, v.19, n.1, p.43-52,
2002.
dependentes.
BISHT, D.M.; OWAIS, K.V. Potential of plant-derived
Detalhes de interações identificadas e seus products in the treatment of mycobacterial infections.
possíveis mecanismos de ação estão descritos na AHMAD, I.F. AQIL, M.O. (Eds.), Modern phytomedicine:
Tabela 1. turning medicinal plants into drugs, Wiley-VCH,
Diante do exposto, é claramente perceptível Weinheim (2006), pp. 293–312.
que HP apresenta alguns efeitos complexos e BOUBAKIR, Z.; BEUERLE, T.; LIU, B.; BEERHUES, L.
ainda pouco esclarecidos, principalmente devido The first prenylation step in hyperforin biosynthesis.
à presença de diversos compostos biologicamente Phytochemistry, v.66, n.1, p.51-57, 2005.
ativos com função não totalmente definida. Além BUFALO, A.C. Antidepressivo Hypericum perforatum
L. sobre o sistema reprodutivo masculino de ratos
disso, seus efeitos sobre a família de enzimas
Wistar. 2007. 82p. Dissertação (Mestrado - Área de
citocromo P450 torna sua utilização restrita, visto Concentração em Farmacologia) - Departamento
que grande parte dos medicamentos é metabolizada de Farmacologia, Universidade Federal do Paraná,
pela enzima CYP3A4. Por essas razões, ressalta- Curitiba.
se a importância do desenvolvimento de novos BUKAHRI, I.A.; DAR, A.; KHAN, R.A. Antinociceptive
estudos com o intuito de definir claramente os riscos activity of methanolic extracts of St. John’s wort
e benefícios da utilização desta planta. Estudos de (Hypericum perforatum) preparation. Pakistan Journal
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ativos de HP podem identificar regiões toxicofóricas, CHATTERJEE, S.S.; NOLDER, M.; KOCH, E.;
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as quais após modificações planejadas poderiam
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leads para estudos de constante de inibição (Ki) neurofarmacológica de plantas usadas na medicina
ampliariam o conhecimento da interação com as tradicional pelas suas propriedades sedativas.
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