O Extrato Da Casca
O Extrato Da Casca
O Extrato Da Casca
RESUMO
ABSTRACT
The present study aimed to review the literature about the use of the bark extract of
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p. 1583 2013
barbatimão, Stryphnodendron adstringens (Martius) Coville, on cutaneous wound
healing in animals. Currently, companies and researchers from different kinds of
studies, and the general population have shown a growing interest in the use of
herbal medicine as an alternative for the treatment of various disorders. This occurs
mainly because of the lower cost and the possibility of minor adverse effects of
herbal medicines compared to allopathic medicine. A plant of great interest for
Veterinary Medicine, because of their therapeutic properties, especially their potential
in healing skin wounds, is barbatimão. The wound healing activity of this herbal
medicine is given to high levels of tannins in the bark, the raw material used to
produce the extract. Despite of the existence of several studies on the subject, many
of them still are conducted with little scientific accuracy, especially because of the not
adequately characterize the substance used. Therefore, it is recommended not only
to characterize the constituents of the barbatimão extract, but conduct studies with
more discerning and accuracy, to establish the real mechanisms to validate the
therapeutic potential of this herbal in wound healing.
KEYWORDS:Herbal medicine, phytotherapy, skin lesions, tannins, Veterinary
Medicine
INTRODUÇÃO
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p. 1584 2013
CONSIDERAÇÕES GERAIS ACERCA DE FITOTERÁPICOS
A pele é o órgão que recobre o corpo e sua principal função é servir como
barreira física para o organismo contra o contato direto com o meio externo
(SINGER et al., 1999). Nos animais a espessura cutânea depende da região
corporal, e tende a diminuir no sentido dorso ventral do tronco e no sentido proximal-
distal dos membros, ou seja, a pele que recobre o dorso do pescoço e da cabeça,
fronte, região glútea e base da cauda é mais espessa. Porém, na região ventral,
pavilhões auriculares, regiões axilar, inguinal, perianal e escroto, a pele apresenta-
se mais delgada (SOUZA et al., 2009).
A pele pode ser dividida em duas camadas: a epiderme e a derme. A
epiderme consiste na camada mais externa, composta por um epitélio estratificado,
pavimentoso e queratinizado que está sempre em renovação. Esta camada possui
subcamadas conhecidas como estrato basal, estrato espinhoso, estrato granuloso,
estrato lúcido e estrato córneo. O estrato basal é caracterizado por uma única fileira
de células sobre a membrana basal, que separa a epiderme da derme, e onde se
localizam os melanócitos, células de Merkel, e queratinócitos, estes últimos
proliferam de forma contínua para suprir o restante dos estratos superiores. Já o
estrato espinhoso possui camadas de queratinócitos ligados por pontes
intercelulares, e são advindos do estrato basal, neste estrato também se observam
as células de Langerhans. O estrato granuloso também apresenta camadas de
queratinócitos advindos do estrato espinhoso, e que apresentam grânulos de cerato-
hialina. O estrato lúcido possui camadas de queratinócitos anucleados advindos do
estrato granuloso. O estrato, estrato córneo, é composto queratinócitos
queratinizados, anucleados procedentes do estrato lúcido que sofrem descamação
gradual e equilibrada com a proliferação celular de queratinócitos no estrato basal
(SOUZA et al., 2009).
A derme consiste em uma camada mais profunda composta de tecido
conjuntivo, caracterizado por fibras elásticas, colágenas e reticulares entrelaçadas,
matriz extracelular e elementos celulares como fibroblastos, macrófagos e
mastócitos. Além disso, na derme também estão presentes os folículos pilosos,
glândulas anexas, vasos sanguíneos e linfáticos, nervos e musculatura lisa, como o
músculo eretor do pêlo (SOUZA et al., 2009).
A perda da continuidade da pele é chamada de ferida cutânea, sendo um
dos problemas mais comuns na clínica veterinária de animais de companhia e de
produção. Após o estabelecimento da ferida cutânea inicia-se o processo fisiológico
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p. 1589 2013
de reparo tecidual da pele, a cicatrização. Esse processo apresenta algumas
diferenças fisiológicas para cada espécie animal, porém, os eventos celulares e
bioquímicos envolvidos são basicamente os mesmos para todos os mamíferos
(BOHLING & HENDERSON, 2006).
O processo de cicatrização apresenta quatro fases que ocorrem de forma
simultânea, interativa e dinâmica: fase hemostática, fase inflamatória, fase
proliferativa e fase de remodelação (DIEGELMANN & EVANS, 2004). A fase
hemostática ocorre logo após o estabelecimento da lesão primária na pele, quando
há a ruptura de vasos e extravasamento de sangue e linfa. Este evento desencadeia
e ativação de descargas adrenérgicas e promove degranulação de mastócitos que
causam vasoconstrição do endotélio e deposição de plaquetas. As plaquetas ativam
a cascata da coagulação e formam trombos ricos em plaquetas que impedem
temporariamente o extravasamento de sangue. Em seguida, o trombo é infiltrado por
fibrina e eritrócitos tornando-se mais firme, o que promove um tamponamento mais
eficiente dos vasos. Além disso, a ativação das plaquetas também é responsável
pela liberação de fatores quimiotáticos para células de defesa e reparação tecidual
(BALBINO et al., 2005; BROUGHTON et al., 2006).
A fase inflamatória inicia-se com a quimiotaxia de células de defesa como
os leucócitos e células de reparo como os fibroblastos. Essas células são atraídas
primariamente por agentes quimiotáticos liberados por plaquetas, como fator de
crescimento derivado de plaquetas (PDGF) e fator transformador de crescimento β
(TGF-β). Os neutrófilos são a primeira linha de defesa celular, são muito presentes
nas feridas cutâneas entre o primeiro e terceiro dia de cicatrização e promovem a
“limpeza da ferida”, eliminando por fagocitose corpos estranhos e células mortas.
Após seu “trabalho” os neutrófilos sofrem apoptose ou são fagocitados por
macrófagos. Somado a isso, mediadores quimiotáticos liberados pelas plaquetas,
macrófagos, mastócitos e neutrófilos estimulam a vasodilatação, resultando no
surgimento de alguns sinais clínicos da inflamação como o rubor, edema e o calor
(DIEGELMANN & EVANS, 2004).
Os monócitos são atraídos por quimiotaxia para a ferida na fase
secundária da inflamação, entre 48 e 96 horas após a lesão inicial, ocasionada pelo
TGF-β, PDGF e interleucina 1 sintetizada por células endoteliais, entre outras
quimiocinas. Ao chegarem ao local da lesão os monócitos se diferenciam em
macrófagos, que ao serem ativados, são responsáveis pela eliminação do restante
de neutrófilos apoptóticos, liberação de quimiocinas e fatores de crescimento que
estimulam a fase proliferativa após a inflamação (BROUGHTON et al., 2006).
Os macrófagos ativados sintetizam fatores de crescimento, como: o fator
de crescimento endotelial vascular (VEGF), que estimula a angiogênese; o fator de
crescimento de fibroblastos, que estimulam a fibroplasia e a formação do tecido
cicatricial; e o fator de crescimento epidermal (EGF), estimulador da re-epitelização.
Além da liberação da interleucina 1 e o fator de necrose tumoral α (TFNα),
quimiocinas importantes na estimulação da migração de fibroblastos e macrófagos
(BROUGHTON et al., 2006).
A fase proliferativa é caracterizada pelo aumento da quantidade de
fibroblastos e de vasos neoformados, determinando a formação do tecido de
granulação, sendo que este processo inicia-se normalmente quatro dias após a
injúria tecidual. Os fatores de crescimento e as quimiocinas liberadas pelos
macrófagos estimulam proliferação e migração de fibroblastos da zona periférica da
ferida cutânea para o centro da lesão, isso ocorre também com células endoteliais
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para a promoção da angiogênese. Os fibroblastos ativados na ferida começam a
produzir e depositar colágeno. Quando existe uma quantidade abundante desta
matriz na zona da lesão, essas células interrompem a produção de colágeno e
sofrem apoptose, formando uma matriz cicatricial acelular. De forma similar, os
vasos neoformados também são desintegrados por apoptose nesta matriz rica em
colágeno (SINGER et al., 1999).
A fase de remodelação é caracterizada pelo processo de produção,
degradação e orientação das fibras colágenas. As fibras sofrem degradação e são
ressintetizadas e reposicionadas várias vezes, de acordo com o posicionamento das
fibras do tecido conjuntivo íntegro adjacente. Essas repetições culminam em um
tecido cicatricial mais regular, o que proporciona maior resistência ao novo tecido.
Ao final desta etapa observa-se a regeneração dos anexos da pele, como os
folículos pilosos e glândulas, porém, de forma limitada. Além disso, a cicatriz
apresenta-se como um tecido mais pálido devido aos melanócitos apresentarem
capacidade regenerativa muito deficiente (BALBINO et al., 2005).
TOXICIDADE DO BARBATIMÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
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ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p. 1601 2013