Teste3 EL CL G E
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Grupo I – Leitura
Apreciação crítica
PESSOA REINVENTADO
ANTÓNIO GUERREIRO
08.02.2016
Maria Gabriela Llansol não se limitou a ler Pessoa; transformou-o numa «figura» em alguns dos seus
livros e conviveu com ele na escrita do seu diário, ao longo de trinta anos.
O quinto volume do Livro de horas de Maria Gabriela Llansol, um imenso material de escrita diarística
que faz parte do espólio da escritora, tem um carácter temático: a figura de Fernando Pessoa é, de maneira
5 explícita ou implícita, próxima ou distante, o centro de atração dos textos selecionados para este grosso
volume por Maria Etelvina Santos, que também assina uma longa e indispensável introdução, além das
notas abundantes. A seleção abrange um período de trinta anos, de 1976, quando Llansol ainda vivia na
Bélgica, até 2006, vinte e um anos depois de ter regressado a Portugal. O título deste volume é O azul imper-
feito (expressão que a organizadora foi buscar a um dos textos aqui incluídos) e incorpora entre parênteses
10 uma indicação descritiva de natureza editorial: Pessoa em Llansol, 1976-2006.
Entre a multidão de figuras históricas, sobretudo da história literária e da filosofia, que Maria Gabriela
Llansol convocou, nos seus livros, como «figuras» (que não são exatamente personagens ou, pelo menos,
resistem a ser caracterizadas no interior das canónicas categorias narrativas), Pessoa tem um lugar de
enorme importância, rebatizado com o nome de Aossê. Ele surge pela primeira vez como uma presença
15 relevante em Um falcão no punho (1985) e está no centro daquilo a que Maria Etelvina Santos chama o «Pro-
jeto Lisboaleipzig». Esse projeto compreende Lisboaleipzig I — O encontro inesperado do diverso (1994) e Lis-
boaleipzig II — O ensaio de música (1995), mas fez crescer à sua volta muito mais material que ficou inédito e
que agora se publica. Lisboa e Leipzig, que Llansol aglutina num só nome, são os dois polos geográfico- -
culturais de onde emergem Fernando Pessoa e Johann Sebastian Bach. Tornar o tempo histórico horizon-tal
20 e estabelecer cronologias segundo uma lei da simultaneidade, permitindo diálogos e encontros invero-
símeis (como este, dito «inesperado», entre Bach e Pessoa), foi o que Llansol fez com uma enorme liberdade
em toda a sua obra.
O extenso material reunido neste volume, tendo Pessoa como centro, não é «sobre» Pessoa nem «a
partir» de Pessoa. O «sobre» remete para uma dimensão ensaística que não é a da escrita de Llansol; o «a
25 partir de» remete para uma dimensão narrativa e ficcional que também lhe é estranha (o que não invalida
que encontremos perceções de enorme alcance interpretativo e princípios de narratividade altamente pro-
dutivos). Ficamos assim numa região inclassificável, numa zona indefinida, que faz a singularidade da obra
desta escritora. As anotações de ordem biográfica, isto é, os acontecimentos cujo registo define a escrita
diarística como género, são muito pouco frequentes. Podemos depreender que Maria Gabriela Llansol vivia
30 permanentemente em situação de «escrita»; e, mesmo quando nessa escrita emerge a contingência quoti-
diana e a «prosa do mundo», é para serem reelaboradas como texto, segundo uma definição de texto que
foge à escrita representativa. Mas há outra questão essencial que este volume dá a pensar: a contaminação
da música pela literatura e vice-versa.
Para quem se interessa por penetrar e desbravar a sua obra imensa, este quinto volume do Livro de
35 horas (mais ainda do que os anteriores, já que abrange um arco temporal muito mais largo) é precioso.
Permite-nos perceber que Maria Gabriela Llansol nunca escreveu livros como unidades autónomas. A sua
obra é um imenso e intrincado puzzle, como sugere Maria Etelvina Santos na sua Introdução. Neste aspeto,
tem algumas afinidades com a de Pessoa. Maria Gabriela Llansol é também uma escritora póstuma, não
apenas pelo imenso espólio inédito que deixou, mas também porque podemos aproximá-la da categoria
40 nietzschiana dos «homens póstumos», figuras de grande envergadura, que nunca são contemporâneos do
seu próprio tempo.
1.1. O texto de António Guerreiro constitui uma apreciação crítica sobre uma obra de natureza
predominantemente
(A) diarística.
(B) ensaística.
(C) narrativa e ficcional.
(D) argumentativa.
1.2. O volume aqui apresentado
(A) é uma obra publicada por Maria Gabriela Llansol.
(B) é uma obra de Llansol escrita na Bélgica e publicada em Portugal.
(C) constitui uma seleção de textos de Llansol e Maria Etelvina Santos.
(D) consiste numa seleção de textos de Llansol feita por Maria Etelvina Santos.
Grupo II – Gramática
Texto A
Leia o texto.
1. Indique o local, o tempo e a situação registados pelo sujeito poético na primeira estrofe.
2. Descreva o estado de espírito do sujeito poético, confrontando-o com o experienciado no passado.
3. Refira, justificando à luz das aprendizagens realizadas, o tema predominante no poema.
Texto B
20 sospeitada: desconfiada;
22 oir: ouvir;
Grupo IV - Escrita
Num texto bem estruturada, entre 200 a 350 palavras, faça a apreciação crítica do cartoon abaixo
apresentado.