A Arte Da Paternidade Espiritua - Douglas W. de Andrade
A Arte Da Paternidade Espiritua - Douglas W. de Andrade
A Arte Da Paternidade Espiritua - Douglas W. de Andrade
fazendas que construíram e deixaram como herança para seus filhos. Serão
lembrados pelos filhos que eles deixaram de herança para Deus usar neste
mundo.”
SUMÁRIO
Introdução
1 - A sublime arte de amar
2 - O conceito de paternidade espiritual
3 - Conhecendo a paternidade de Deus
4 - O resgate dos princípios da paternidade espiritual
5 - Como e por que surgiu a necessidade da
paternidade espiritual no Novo Testamento
6 - O que não é paternidade espiritual?
7 - Os deveres dos pais espirituais
8 - Paternidades espirituais equivocadas
Em primeiro lugar, devemos entender que o amor é uma decisão, não uma
emoção. O mandamento de amar não é fácil de ser obedecido: amar é uma
arte e definitivamente não é uma tarefa fácil, por isso que é uma boa notícia
ouvir que esse é um “novo mandamento”. A novidade é que Jesus nos deu
um modelo de amor através do seu ministério: devemos amar, disse Jesus,
como eu os amei. Jesus estava disposto até a morrer por seu amor por nós.
Em comunhão com Ele também descobriremos o poder do amor sacrificial.
Jesus diz que, quando amamos como Ele amou, nos tornamos um poderoso
atrativo para aqueles que não conhecem a sua Palavra. Isso por conta da
sublime arte de amar que adquirimos quando de fato nos tornamos discípulos
de Jesus e assumimos a nossa posição como verdadeiros pais espirituais,
executando a paternidade espiritual sobre os novos filhos, que são os ramos
enxertados da videira verdadeira. “Nisto todos conhecerão que sois meus
discípulos, se vos amardes uns aos outros” (João 13:35). Somos filhos de
Deus, e é de suma importância que coloquemos em prática a arte de amar, a
paternidade espiritual.
Alguns atributos e benefícios do amor e da arte de amar
O amor nos torna pessoas iguais, assim como Cristo demonstrou morrendo
por nós na cruz: “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve
também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por
usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma
de servo, fazendo-se semelhante aos homens, e achado na forma de homem,
humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até a morte e morte de cruz.”
(Filipenses 2:5-8).
O ato de amar que Jesus nos ensina é aquele em que somos voluntários
nesse amor. Não amamos para satisfazer o desejo que há em nós: nos
comprometemos a amar. Este amor também não é interesseiro ou egoísta. O
egoísmo consiste na satisfação pessoal. Se o amor não é um sentimento, mas
uma escolha, escolher ser egoísta não irá te satisfazer.
O ato de amar nos faz aceitar ter responsabilidades uns pelos outros. Nós
somos responsáveis pela maneira como tratamos o nosso próximo.
O ato de amar nos faz aceitar os que falharam contra nós, Deus espera que
demonstremos um amor perdoador e expressivo àqueles que falharam contra
nós ao longo de nossas vidas
O ato de amar nos faz aceitar de forma desinteressada uma relação com o
próximo. Não podemos praticar a rejeição, pois ela fere e machuca
profundamente as pessoas. Temos que tratar o próximo com amor. Para se
aproximar de Deus, é necessário amar ao próximo. Permanecer na presença
de Deus é falar gentilmente e nunca fazer fofoca ou desacreditar o seu
próximo. Perdoe. Deus deseja que exerçamos misericórdia de forma
abundante, assim como a recebemos abundantemente.
O ato de amar nos faz aceitar os nossos inimigos como irmãos. Jesus nos
exorta claramente a amarmos aqueles que demonstram animosidade em
relação a nós. O verdadeiro amor ao próximo só pode ser vivido por um
autêntico discípulo.
Vamos desde hoje colocar em prática o verdadeiro amor, que é aquele que
Cristo nos deixou. Que este amor se faça presente em nossas vidas, em nossas
ações, em nosso modo de tratar as pessoas, enfim, em nosso modo de agir e
de ser. Que possamos levar em mente o exemplo de amor que Cristo nos
deixou na cruz, e que possamos, cada vez mais, tomar iniciativas para
demonstrar esse amor magnífico e maravilhoso que muitas pessoas ainda não
conhecem.
Jesus disse: “Não vos deixarei órfãos. Voltarei a vós” (João 14:18). Ser
órfão é não ter pai ou mãe. Onde podemos encontrar a presença dessas
figuras? Em Jesus, que nos abençoa com pais espirituais.
O pai estimula, impulsiona o filho a seguir em frente. Mas não faz isso
apenas pelo filho: também visa a sua responsabilidade de honrar a posição
que tem. O pai dá ordens ao filho, exerce sua autoridade de fazer. Jesus
declarou: “Meu Pai trabalha sempre, e eu também trabalho” (João 5:17). “E
quem me enviou está comigo. Não me deixou sozinho, porque faço sempre o
que lhe agrada” (João 8:29).
O pai sempre quer fazer o seu filho crescer. Até mesmo o Senhor Deus
enviou seu amado filho ao mundo com a missão de resgatar a amizade do
homem com Ele. Deus fez o nome de Jesus crescer, de forma que não existe
nome que esteja acima do seu. Assim é todo aquele que se deixa ser usado
por Deus no ministério paternal. O Senhor resgata, ama, gera e cuida do seu
filho na fé, até levá-lo à plena maturidade espiritual.
É dever do pai repreender e educar seu filho. “Porque o Senhor corrige o
que ama. E açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção,
Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija?
Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois
então bastardos, e não filhos” (Hebreus 12:6-8).
O pai espiritual deve contar com o poder do Espírito Santo para exercer
uma paternidade vivida na Fé, em prol do seu ministério. Fazer discípulos
também é exercer a paternidade espiritual. “Não fostes vós quem escolhestes
a mim, mas eu escolhia a vós” (João 15:16).
Capitulo 3
CONHECENDO A
PATERNIDADE DE DEUS
Não é possível falarmos de Paternidade Espiritual sem mencionarmos o
imensurável amor de Deus. Ele quer exercer sua paternidade em nossas vidas
através de Jesus Cristo e de sua Palavra, que é a válvula propulsora que nos
impulsiona através do seu Espírito para a salvação em Cristo Jesus, que nos
conforta, nos encoraja e fortalece o nosso coração e a nossa mente, nos dando
estrutura espiritual para continuarmos a nossa caminhada terrena como filhos
de Deus.
Imaginem isso! O Senhor Deus falando de seus planos para Adão, que
tinha o privilégio de ouvi-lo falar com tanto carinho, apreço e orgulho, de
toda a sua maravilhosa criação. Pense em Deus exercendo a sua paternidade
espiritual sobre Adão e compartilhando seus planos com ele. Com toda
certeza deve ter sido muito maravilhoso essa época, até que, durante uma
virada de dia, o Senhor foi encontrar Adão e nos descreve a seguinte cena:
Deus disse a Josué que o povo deveria se santificar antes de atravessar o rio
Jordão nas suas cheias (Josué 3:5), pois a santificação do povo era a condição
essencial para que eles recebessem a presença de Deus, manifesta em seu
meio.
Pessoas que estão dispostas a se tornarem pais espirituais devem abrir mão
de si mesmas para o bem dos eleitos do Senhor.
A ideia de Deus é de que os pais façam o que Ele fez. Deus abriu mão de si
próprio por amor aos seus filhos que haviam se perdido. Jesus também deu
exemplo de Paternidade Espiritual ao discipular os seus discípulos, deixando
um legado de paternidade que foi passado de geração a geração, até chegar
aos dias de hoje. Jesus também nos deixou seu exemplo ao abrir mão de sua
própria vida para nos salvar da morte e da condenação eterna, e isso deixa
claro que pais espirituais são pessoas dispostas a sofrer pelos seus filhos,
negando a si mesmos pelo bem do seu próximo.
O amor ímpar de Deus, chamado amor ágape, foi o que o motivou a nos
adotar como filhos. Deus não fez isso pensando em si mesmo, mas em nós.
Ele sabia o que seria requerido Dele ao nos receber como filhos, e mesmo
assim o Senhor não abriu mão de nós. Essa é a convocação de Deus para
aqueles que desejam exercer a função de pais espirituais. Você deve abnegar
a si mesmo, ou seja, doar o seu tempo, que já não é muito, para cuidar de
outras vidas, sempre com amor e muita dedicação, pois os pais espirituais não
serão lembrados pelos prédios, casas, carros e fazendas que construíram e
deixaram como herança para seus filhos. Serão lembrados pelos filhos que
eles deixaram de herança para Deus usar neste mundo.
A família espiritual
“Por esta razão dobro os meus joelhos perante o Pai, do qual toda família
nos céus e na terra toma o nome” (Efésios 3:14-15). A palavra família vem
do termo “pater”, ou “pátria”, que dá origem à palavra paternidade.
Poderíamos dizer então que toda paternidade nos céus e na terra toma o nome
de Deus, que dá seu nome a todas as paternidades.
Quando Deus decidiu formar para si um povo, Ele sabia que precisava de
um homem no qual pudesse colocar a sua qualificação. Ele queria que esse
homem pudesse perpetuar sua paternidade sobre a terra. Assim está escrito:
“Porque eu o tenho conhecido, que ele há de ordenar a seus filhos e a sua
casa depois dele, para que guardem o caminho do Senhor, para praticarem
retidão e justiça, a fim de que o Senhor faça vir sobre Abraão o que a
respeito dele tem falado” (Gênesis 18:19).
Deus escolhe a Abrão, “pai exaltado”, e faz dele Abraão, “pai de nações”.
Deus sabia que uma pátria se forma a partir de uma paternidade, de um pai
capaz de ordenar sua casa, seus filhos e até as gerações seguintes (através de
sua memória e seu legado).
Foi assim com Abraão. Sua memória experimenta até hoje a fidelidade do
Senhor, que nos escolheu como seus eleitos. Somos todos filhos de Abraão,
segundo a promessa feita a ele no princípio dos tempos.
Segundo o Dicionário Strong, o termo grego usado por Paulo para “filho”
denota ser um “nome transferido para aquele relacionamento íntimo e
recíproco formado entre os homens pelos laços do amor, amizade e
confiança, da mesma forma que pais e filhos”.
Todas as pessoas que receberam um novo nascimento são vistas por Deus
como crianças espirituais, que ainda não sabem andar pela fé, que não sabem
se portar ou se defender espiritualmente. Suas vidas foram zeradas, e todas
essas pessoas, independente de idade ou condição social, se tornaram
criancinhas indefesas nesta nova caminhada. Essas crianças precisam de
cuidados exclusivos de pais espirituais especiais, pais estes que jamais se
esquecem de que há um Pai muito zeloso no céu, que as ama e as defende.
Capitulo 5
COMO E POR QUE SURGIU A
NECESSIDADE DA
PATERNIDADE ESPIRITUAL NO
NOVO TESTAMENTO
Os primeiros cristãos eram frequentemente rejeitados por suas
comunidades e repudiados por suas famílias. Diante disso, os líderes cristãos
daquela época, os discípulos de Jesus, deram continuidade ao sistema
adotado por Cristo, que já existia desde a época de Abraão.
Abraão decidira apadrinhar Ló, trazendo-o para junto de si e cuidando dele
como se fosse seu filho. Assim, Abraão aplicara ao seu relacionamento com
Ló o sistema de paternidade espiritual. Vendo o sofrimento de todos aqueles
novos convertidos, que não tinham para onde ir ou em quem se apoiar, a
igreja primitiva tinha a oportunidade de ajudar a discipular novos integrantes
do caminho, e com isso eles experimentaram a presença e o poder de Deus
atuando em suas vidas de pais espirituais.
Essa tarefa envolvia a participação ativa (e geralmente diária) nas vidas dos
filhos espirituais. O aconselhamento era contínuo. Discutia-se sobre como
viver em comunidade.
Paulo foi um exemplo de pai espiritual em sua época. Ele exerceu seu
ministério de paternidade espiritual com grande amor. Tito, Timóteo e
Onésimo com certeza não eram filhos biológicos de Paulo, mas ele os
considerava como filhos espirituais. Ele se refere a Tito como um verdadeiro
filho da fé (Tito 1:4), e a Timóteo como um filho amado (1Timóteo 1:2 \
2Timóteo 1:2). Em outra carta, o apóstolo diz: “Peço-te por meu filho
Onésimo, que gerei nas minhas prisões, e isso porque o discipulava através
de cartas (Filemom 1:10). Na maioria das vezes era desta maneira que o
apóstolo Paulo exercia sua Paternidade espiritual sobre os membros das
igrejas.
Paulo usa este mesmo termo quando fala aos cristãos de Corinto, dizendo:
“Não estou tentando envergonhá-los ao escrever estas coisas, mas procuro
adverti-los, como a meus filhos amados. Embora possam ter dez mil tutores
em Cristo, vocês não têm muitos pais, pois em Cristo Jesus eu mesmo os
gerei por meio do evangelho” (1 Coríntios 4:14- 5). Para o apóstolo, este
termo traduz um profundo sentimento de afeto pessoal e responsabilidade em
ajudar estas pessoas a obter um desenvolvimento espiritual contínuo,
verdadeiro e sólido.
A necessidade de pais espirituais nos dias atuais
A paternidade espiritual deve ser mais que um título a ser adquirido. Como
vimos, a paternidade espiritual é muito mais do que apenas um título vazio: é
uma vida de amor e dedicação aos seus filhos na fé. Em Mateus 23:9, Jesus
repreende os líderes de sua época que utilizavam o título de “mestres” e
“pais” de forma abusiva, para sustentar uma falsa religiosidade. A crítica de
Jesus era que eles desejavam ser reconhecidos como líderes, mas não
praticavam o que pregavam (Mateus 23:3).
Os pastores não precisam levantar pais espirituais em suas igrejas apenas
para dizer que os têm. Uma vez que o termo é bíblico, não faz mal usá-lo,
desde que façamos também o uso do mesmo modelo prático de amor,
cuidado, serviço e ensino.
O QUE NÃO É
PATERNIDADE ESPIRITUAL?
Antes de qualquer coisa é preciso esclarecer que não é possível que uma
pessoa seja gerada espiritualmente por outra, ou nasça espiritualmente de
outro indivíduo, sem uma base cristã focada no evangelho de Jesus Cristo.
Esse renascimento deve acontecer fundamentado na Palavra.
“Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados.”
(Efésios 2:1)
Temer ao Senhor não é ter medo Dele, mas sim respeitar profundamente
seus princípios e sua autoridade. Aquele que teme a Deus respeita seus
princípios e sua autoridade, além de possuir um desejo real de agradá-lo.
Temer a Deus é uma decisão que nos fará odiar o mal e amar a justiça. Isso
nos colocará em uma posição privilegiada, pois seremos munidos de
sabedoria e usufruiremos do melhor de Deus para nossas vidas.
O pai progenitor é aquele que gera filhos biológicos. O pai protetor assume
a paternidade, mesmo que não tenha gerado seus filhos. Ele assume a
responsabilidade de proteger, alimentar e educar a criança. Esse pai pode ser
distante e afastado, pouco envolvido, deixando a maior parte dos cuidados
dos filhos com a mulher.
Por fim, há o pai que protege e providencia, mas que também desenvolve
um relacionamento com seus filhos. Esse pai brinca, passeia, ensina, adverte
e disciplina. Da mesma forma, esse tipo de paternidade da família natural
também precisa acontecer na igreja, com a família espiritual. O pai espiritual
investe em seus filhos, dando-lhes carinho e disciplina, o que os leva ao pleno
conhecimento da verdade.
Foi feita uma pesquisa que comparou amor versus disciplina paterna em
quatro países. Nos quatro países foi constatado que o melhor pai era aquele
que demonstrava amor e disciplinava ao mesmo tempo. É o chamado “pai de
autoridade”. Por outro lado, o pior pai era aquele que só disciplinava e não
demonstrava amor, o chamado “pai autoritário”.
Segundo a Palavra, o pai que não disciplina não ama seus filhos. Ama mais
a si mesmo, sua popularidade e seu conforto do que o seu próprio filho. Não
quer se arriscar, não quer lidar com confusão, não quer o trabalho de exortar,
confrontar, contrariar, disciplinar, alcançar o coração de seu filho. Foi o que
aconteceu com Eli no Velho testamento. Aquele líder espiritual do povo de
Deus foi reprovado porque não repreendia seus filhos, ele os condenou à
morte prematura pela falta de disciplina.
Disciplina não visa envergonhar. Paulo não disciplinava para se vingar dos
coríntios. Quando disciplinamos nossos filhos, não procuramos puni-los, mas
corrigi-los, para que não se submetam a um jugo desigual num futuro não
muito distante. Não os expomos publicamente, pois esse procedimento é de
quem não conhece o que é amar de verdade. A disciplina do pai envolve
alguns elementos que devemos conhecer.
Neste relato bíblico, Paulo nos mostra que eles estavam desafiando o pai e
a sua autoridade com seus comportamentos incoerentes. Por isso Paulo nos
deixa claro que não só faz ameaças: “Castiga o teu filho enquanto há
esperança, mas não deixes que o teu ânimo se exalte até o matar”
(Provérbios 19:18).
Essa lepra espiritual da qual estou falando é como um câncer que age
espiritualmente e que vai nos devorando pouco a pouco. Deve haver uma
intervenção por parte de um dos pais espirituais, aplicando a disciplina
adequada que os conduzirá a uma vida de sabedoria. Não tenha medo de
disciplinar seus filhos espirituais. Como diz a velha máxima: “Quem ama
cuida!”. Quando o assunto é paternidade espiritual, essa máxima tem um peso
de glória.
Na igreja, como na família, não nos cansamos das exortações, das
advertências e das preocupações dos nossos líderes espirituais ou dos nossos
pais espirituais. Se somos pais espirituais verdadeiros, que realmente se
preocupam com a questão moral de nossos filhos espirituais, então não
deixaremos de fazer exortação mútua. Devemos saber aplicar e receber
disciplina.
Se você que é jovem percebe seu amigo deslizando na fé a ponto de cair,
não espere que ele caia. Vá atrás dele e o corrija. Somos responsáveis uns
pelos outros. Este é o desejo de nosso Pai Celestial: que cuidemos uns os
outros. Se os pais de família natural não deixam de disciplinar seus filhos, por
que é que nós, que assumimos a paternidade espiritual, não iremos disciplinar
nossos filhos?
Estudos indicam que pessoas que foram abusadas ou que foram vítimas de
violência quando crianças são seis vezes mais propensas a repetir o
comportamento de seus pais quando se tornarem adultas. A Palavra de Deus
nos adverte: “…E vós, pais, não provoqueis à ira vossos filhos, mas criai-os
na disciplina e na correção aos modos do Senhor” (Efésios 6:4).
Consideramos que os cristãos que são discípulos e que desejam ser pais
espirituais devem empenhar-se para gerar nos filhos espirituais o amor pela
Palavra de Deus. A arte da paternidade espiritual é amar, e devemos ensinar
aos aspirantes a pais espirituais os atributos e benefícios de amar a Deus e ao
próximo.
A Palavra não apenas representa Jesus – ela é Jesus. Isso deve motivar os
pais espirituais a estabelecer um vínculo com a igreja, onde poderão servir e
interceder pelos seus filhos espirituais, motivando-os através da sua fé, que é
sua comunicação pessoal e contínua com Deus.
Pais espirituais fazem a provisão para o futuro dos filhos, investindo tempo
de oração e acumulando bênçãos através de palavras proféticas abençoadoras.
Os filhos espirituais serão preparados para serem cuidadores e assumirem o
ministério da paternidade espiritual, passando o conhecimento e a fé adiante.
Assim como os pais naturais de bem buscam ser modelos para seus filhos,
os pais espirituais devem se portar da mesma forma. Eles são modelos e
exemplos para seus filhos espirituais. Na verdade, não tem como ser um bom
pai espiritual se não tivermos um bom exemplo disso. Antes devemos buscar
sermos bons filhos espirituais.
Pais espirituais não podem pedir algo dos seus filhos da fé que eles
mesmos já não tenham feito ou estejam fazendo, pois verdadeiros pais
espirituais confiam e investem antes de verem qualquer resultado. Líderes só
ocupam cargos de liderança quando outro líder resolve acreditar e investir
tempo e ensinamentos em sua vida. Os verdadeiros pais enxergam o que seus
filhos se tornarão antes deles o serem de fato. É uma visão de fé e confiança,
e esse é um ponto chave que faz toda a diferença.
Concluímos que os pais espirituais criam seus filhos até ver Cristo formado
neles.
A
PATERNIDADES ESPIRITUAIS
EQUIVOCADAS
Paternidade Espiritual, é um manto, e este manto representa um ministério,
não apenas uma pessoa. É um legado. O manto é determinado por aquele que
o veste. A essas pessoas são atribuídas o princípio espiritual de transferência
de legado, como se uma benção ou uma herança estivesse sendo liberada para
que alguém tomasse posse.
Vamos tentar entender isso de uma forma mais clara: essas pessoas que se
deixam ser persuadidas por paternidades espirituais equivocadas herdam de
seus pais espirituais todos os seus genes espirituais. Ou seja, herdam toda a
revolta contida, os resíduos de ódio, a maneira de se portar e de tomar
decisões, tudo isso é transferido diretamente para os filhos.
Capitulo 9
ENCONTRANDO AS
MOTIVAÇÕES CERTAS PARA
GERAR FILHOS ESPIRITUAIS
“E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu
e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os
em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Ensinando-os a guardar
todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco
todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém” (Mateus 28:18-20)
Existe um clamor que chama por pais espirituais, por pessoas dispostas a
pagar o preço e que atuem como intercessoras espirituais. A intenção de Deus
é levantar pais espirituais para ajudar no crescimento desses filhos, a fim de
que eles causem um impacto nas famílias, nas novas gerações, na igreja e na
sociedade.
A motivação certa
A Palavra nos relata a história de uma mulher chamada Ana, casada com
um servo de Deus chamado Elcana. Ana era estéril, e a lei judaica dizia que
se um marido tivesse uma mulher estéril ele poderia se casar com uma
segunda esposa. Sua segunda mulher lhe deu muitos filhos.
Ana era uma mulher frustrada por causa da sua esterilidade. Ela ia todos os
anos ao templo e pedia para que Deus lhe desse um filho, pois não se
conformava com sua esterilidade.
Da mesma forma, Deus está nos desafiando a gerar muitos filhos na fé,
verdadeiros discípulos e filhos espirituais. Para fazer isso, nós precisamos
romper com toda a esterilidade espiritual que há em nós em nosso ministério.
Tomemos este exemplo de Ana, que era uma mulher estéril e que
conquistou um milagre diante de Deus. Ela pôde ser mãe de filhos, pois
nunca se conformara com aquela situação. Naquela época, ser estéril era uma
das piores coisas que poderia acontecer a uma mulher. Para algumas, não
poder gerar era pior que a morte. Era uma condição que colocava a mulher
em desgraça total. Mulheres estéreis eram tratadas com desprezo pelo marido
e pelos familiares.
O mesmo vale para nós. Jesus ensinou os seus discípulos a fazer o mesmo:
“Quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta atrás de ti, ora a
teu Pai que está em secreto, e o teu Pai, te recompensará” (Mateus 6:6). O
Senhor estava enfatizando a necessidade de manter um relacionamento
pessoal e exclusivo com Ele. “Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem
do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra
de variação” (Tiago 1:17).
A vida de oração é muito importante para cada líder, e requer que
diariamente tenhamos um lugar de quietude, onde possamos estar a sós com
Deus, sem que nada nos interrompa. O verdadeiro sucesso espiritual e
ministerial fundamenta-se em que cultivemos uma amizade íntima, um
relacionamento estreito com Deus através da oração.
Ana foi afrontada pelo sacerdote Eli, que a acusou de estar embriagada. Ela
não abriu mão do seu objetivo e continuou orando, motivada pelo desejo de
gerar um filho para Deus. Da mesma forma, temos que perseverar pela
motivação de gerar filhos espirituais para o Senhor. Não nascemos para
sermos infrutíferos. Isso é o que o Diabo mais quer: fazer com que
acreditemos ser inúteis e incapacitados, que esse negócio de gerar filhos
espirituais é muito difícil. O inimigo não quer que sejamos como ramos
frutíferos da videira verdadeira, Ana não encontrou oposição apenas de Eli.
Penina, a segunda esposa de seu marido, também a atormentava
constantemente.
Jesus nos chamou para fazermos discípulos, para darmos à luz a filhos
espirituais. Devemos levantar as nossas cabeças e não nos curvarmos à
oposição da nossa vida espiritual e ministerial. A Palavra declara: “Eis que
os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão. Como
flechas na mão de um homem poderoso, assim são os filhos da mocidade.
Bem-aventurado o homem que enche deles a sua aljava; não serão
confundidos, mas falarão com os seus inimigos à porta” (Salmos 127:3-5).
Ana tinha as motivações certas para frutificar. Ela não queria um filho para
se exaltar ou se glorificar, mas para oferecê-lo ao Senhor. Seu desejo era
existir para o Senhor. Ela já era uma mulher de Deus, e trazia em seu coração
o desejo e a consciência de que deveria honrá-lo com um filho. Deus
concedeu o milagre a Ana, e não apenas um filho que ela deveria entregar ao
Senhor em forma de gratidão, mas vários outros filhos: “Visitou, pois, o
Senhor a Ana, que concebeu, e deu à luz três filhos e duas filhas; e o jovem
Samuel crescia diante do Senhor” (1 Samuel 2:21).
Converter vidas é a maior oferta que podemos dar ao Senhor. Jesus disse:
“Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus
discípulos” (João 15:8).
Fomos chamados para gerar filhos na fé, ou seja, para fazer discípulos.
Deus está interessado na nossa reprodução espiritual, pois quer que nos
tornemos e sejamos pais espirituais. Ele espera que sejamos capazes de gerar
muitos filhos para que o nome Dele seja glorificado através de nós e de
nossos frutos.
A nossa motivação de frutificação deve ser para a glória do Pai das luzes.
Devemos sempre apontar para Ele e saber que Ele é quem deve ser
glorificado. Seu nome está sendo envergonhado quando não estamos gerando
filhos espirituais. Estamos desonrando aquele que nos comprou com o sangue
de seu precioso filho.
(Gálatas 4:19)
Algumas mulheres têm filho naturais, outras não. Ter ou não filhos naturais
não impede uma mulher de ser mãe espiritual. Mulheres também podem
gerar filhos espirituais. Paulo vivenciou isso como pai: “Meus filhinhos, por
quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós”
(Gálatas 4:19).
Nome do Senhor. A Palavra de Deus nos fala sobre quatro segredos para
gerar filhos espirituais:
2 – Estender as cortinas
Firmar as estacas significa dar firmeza para a casa receber a sua família. As
estacas dão a segurança necessária para receber os filhos que nascerão sob
sua cobertura.
Um pai espiritual deve ter certeza de que a sua estrutura é firme, que seu
relacionamento com Deus é íntimo e verdadeiro. Principalmente, deve atestar
sobre a força do seu chamado pessoal e de seu ministério.
Sem ter essas certezas, é impossível gerar pais espirituais pela fé, pois com
toda certeza a pessoa não se sentiria consolidada a ponto de assumir a
responsabilidade da paternidade espiritual.
Líderes que não possuem essas certezas estarão em perigo, pois seu
ministério é instável. Podem acabar querendo abrir mão do seu chamado
ministerial e da igreja. As pessoas que se dispõem a ser usadas por Deus
devem aceitar ser usadas como laços de amor.
A IMPORTÂNCIA DA
PATERNIDADE ESPIRITUAL
“Não escrevo estas coisas para vos envergonhar; mas admoesto-vos
como meus filhos amados. Porque ainda que tivésseis dez mil aios em
Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; porque eu pelo evangelho vos
gerei em Jesus Cristo. Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus
imitadores. Por esta causa vos mandei Timóteo, que é meu filho amado, e
fiel no Senhor, o qual vos lembrará os meus caminhos em Cristo, como por
toda a parte ensino em cada igreja” (1 Coríntios 4:14-17)
O nosso grande objetivo como igreja é que cada membro possa tornar-se
pai e mãe espiritual de muitas pessoas. Queremos ser uma igreja de pais que
amem, acolham e cuidem bem dos seus filhos espirituais, pois somos filhos
amados de Deus. Como líderes e, ao mesmo tempo, como liderados, somos
pais e filhos espirituais. Por isso nos preocupamos com os filhos que o Pai
das luzes nos entregou.
Você já sabe onde seu discípulo mora? Qual foi a última vez que você o
visitou? Você sabe se ele está passando por alguma necessidade? Dentro do
possível, o que você tem feito para ajudá-lo? Como tem sido o discipulado
entre vocês? Vocês têm orado juntos? Como vocês têm encarado esse
relacionamento mais íntimo que é o sistema da paternidade espiritual?
Discipulador, você tem se sentido pressionado pelas responsabilidades?
Discípulo, você tem se sentido à vontade com o exercício da paternidade
espiritual na sua vida?
Essas e outras questões precisam ser respondidas e entendidas. A função do
discipulador, como pai espiritual, é saber como e por onde caminham seus
frutos, ou seja, os seus filhos espirituais. Por onde andam seus discípulos?
Quanto tempo faz que eles não falam e não frequentam o culto? São
batizados? Participam da ceia do Senhor e das reuniões de liderança? Se você
não consegue discipular duas ou três pessoas, como conseguirá exercer a
paternidade espiritual sobre a multidão que Deus tem para lhe entregar?
Deus ainda está procurando pais espirituais que assumam o seu legado.
Deus chama um homem, Abraão, e começa com ele uma nova família de
homens justos, que viveriam pela fé em Deus (Gênesis 12). Através de
Abraão, Deus levanta uma nova geração através de um de seus filhos, Isaque.
Essa linhagem de justos continua através de Jacó. Anos depois, essa nação
estava escravizada no Egito, e Deus procura novos pais para erguer uma nova
geração de justiça.
Além de serem um abrigo, os pais também devem ser como uma fonte de
água em um deserto. Quando uma pessoa está caminhando em um deserto e
começa a sentir sede, logo ela só consegue pensar em água, bem gelada.
Vivemos numa região onde a água é abundante e não sabemos dar o devido
valor a esse bem tão precioso. Em um deserto, a água é mais importante do
que qualquer tipo de comida.
Isso acontece com muitos filhos. Eles vivem em lares que são verdadeiros
desertos de amor, graça, perdão e paz. Os filhos podem ter comida, roupas,
celulares e afins, mas não têm o mais importante: uma paternidade
verdadeira. Suas almas estão sedentas de amor, carinho, atenção, abraços,
elogios e outras coisas que apenas uma paternidade verdadeira pode oferecer.
Será que estamos saciando os nossos filhos, ou será que estamos deixando-
os morrer de sede no deserto da sequidão da atenção paternal? Esse é o
motivo pelo qual muitos desses filhos, ao chegar à adolescência, começam a
descobrir que suas vidas são um deserto de privações. Logo esses jovens
encontram falsas amizades e prazeres ilícitos, buscando alegrias
momentâneas. Eles se atiram no pecado e abandonam os pais.
Muitos desses filhos não voltam mais para casa, pois morreram afogados
em um poço de águas envenenadas que ludibriou suas mentes. Esses jovens
se deixaram seduzir por não possuir uma estrutura paterna. Às vezes isso nem
é culpa de seus pais, mas de filhos desobedientes que preferiram viver sem
obrigação.
Pais, Deus nos chamou para sermos como um rio de vida e uma grande
rocha de sombra, proteção e segurança para os nossos filhos. É comum
encontrarmos pais “religiosos”, que se dizem cristãos só por estarem indo
para um templo nos finais de semana com seus filhos. Esses pais acham que
isso é suficiente.
Pais, saibam que nós temos a autoridade e o poder dos céus para fazermos
milagres, em nome de Jesus.
Pais insensatos são aqueles que se preocupam mais com riquezas materiais
e com suas profissões e status do que com seus filhos. A grande maioria
desses pais construiu grandes patrimônios materiais, mas não consegue gerar
grandes famílias. São pais que fracassaram por não entenderem que “os filhos
é que são herança do Senhor para um homem” (Salmos 127:3).
Não quero condenar os pais por causa de filhos que cresceram e decidiram
por si mesmos andar por caminhos tortuosos. A própria Palavra diz que é
possível que alguns filhos se desviem dos bons ensinos de seus pais. Mas um
dia eles voltarão, e isso é promessa. A Palavra nos garante que: “Portanto,
meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do
Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor” (1 Coríntios
15:58).
“Mas o homem nobre faz planos nobres, e graças aos seus feitos nobres
permanece firme” (Isaías 32:8).
Muitas gerações foram destruídas por reis ímpios no poder. Muitos pais
espirituais têm destruído gerações por estarem ocupando de forma
irresponsável uma posição tão importante, que é a autoridade na vida das
pessoas que foram confiadas a eles. Um pai espiritual representa aquele que
pode erguer a vida de uma pessoa de maneira sobrenatural, através do poder
de Deus, mas essa pessoa também pode destruir através de uma má influência
direta.
Exercer a paternidade espiritual é exercer influência de forma ativa na vida
das pessoas. Pai espiritual não pode ser apenas um título bonito que alguém
almejou e conseguiu. Como já vimos, a paternidade espiritual é muito mais
do que apenas um título a ser usado: é uma vida de amor e dedicação aos seus
filhos na fé.
Não precisamos levantar pais espirituais apenas para dizer que os temos.
Não faz mal a nós fazermos uso da expressão “pais espirituais”, desde que
pratiquemos o amor, o cuidado, o serviço e o ensino no dia a dia. Pais
espirituais não devem ser hipócritas.
RETÓRICA
O ministério da paternidade espiritual, nos eleva a um patamar de
autoridade sobre outras pessoas.
No entanto, é importante saber que pai só existe um: aquele Pai que está
nos céus. A Palavra de Deus nos orienta e nos adverte a não termos nenhum
outro pai. A paternidade espiritual está coberta pela liderança e pela função
da paternidade sobre uma nova geração, que outrora vivia desviada dos
caminhos do Senhor. Contudo essa geração teve um encontro com Cristo
Jesus e precisa de amparo, pois já não pode mais andar sozinha.
Neste livro procurei explicar, dentro de uma linha de raciocínio clara, a arte
da paternidade espiritual. Ou seja, tentei explicar a arte do amor de Deus.
Escrevi sobre usar esse amor em nossas vidas e em nosso discipulado, que
deve ser ativo e responsável. Além disso, o discipulador deve se aproximar
do discípulo e aprimorar suas técnicas, tornando seu ministério mais ativo e
eficaz.
Essas pessoas estão renascendo e são vistas por Deus como crianças
espirituais, que ainda não sabem andar pela fé ou se defenderem
espiritualmente. Suas vidas foram zeradas, independentemente de idade ou
condição social. Esses filhos espirituais são como crianças indefesas na nova
caminhada, e precisam de cuidados especiais.
Há um pai muito zeloso e ciumento que ama essas crianças. Ele é capaz de
fazer o impossível, e pagou um preço alto por nossas almas. Ele faria de tudo
para nos defender.
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