Violência Obstétrica e Morte Materna No Contexto Da Pandemia Da Covid-19
Violência Obstétrica e Morte Materna No Contexto Da Pandemia Da Covid-19
Violência Obstétrica e Morte Materna No Contexto Da Pandemia Da Covid-19
[1] http://rd.portalods.com.br/
Chamado de "A tragédia da Covid-19 no Brasil", o trabalho foi feito com base em dados
divulgados pelo Ministério da Saúde. Das 978 grávidas ou mulheres no pós-parto
diagnosticadas com covid-19 entre os dias 26 de fevereiro e 18 de junho no País, 124
morreram - um número 3,4 vezes superior ao total de mortes maternas relacionadas ao
novo coronavírus em todo o mundo no mesmo período. Os números indicam também
que a taxa de letalidade da doença entre as grávidas no Brasil é de 12,7%, ou seja, a
mais alta do mundo. Para se ter ideia, nos Estados Unidos, no mesmo período, 8 mil
gestantes foram diagnosticadas com o novo coronavírus.
Segundo o estudo, 22,6% das mulheres que morreram no Brasil não tiveram acesso a
um leito de UTI, 36% não chegaram a ser intubadas.
Para o grupo que fez o estudo, a má qualidade do pré-natal, recursos insuficientes para
o manejo de situações de emergência e dificuldade no acesso aos serviços de saúde
durante a pandemia são algumas das hipóteses que explicam o aumento de óbitos.
Além das lacunas nos dados dos óbitos de mulheres em idade fértil, há ao menos 97
mortes computadas como síndrome respiratória aguda grave. “Grande parte [destas]
deve virar Covid porque não tinha diagnóstico [quando entrou no sistema]”, afirma ela,
que também estuda o tema.
Marinho diz que esses números precisam servir de alerta para que os gestores de
saúde melhorem urgentemente a atenção das gestantes.
O grupo de pesquisadoras acaba de publicar outra análise em que faz um recorte racial
desses óbitos. Em 69 casos pesquisados, o risco de morte das mulheres negras foi
quase duas vezes maior do que o das brancas (17% contra 8,9%).
“É um cenário aterrorizante. A frequência de comorbidades foi a mesma, mas as
negras chegaram em condições mais críticas, com dispneia e queda de saturação de
oxigênio. Tiveram mais necessidade de UTI e de ventilação mecânica”, diz Melania
Amorim.
“As mulheres grávidas são terra de ninguém. Se estiver em maternidade sem UTI e
desenvolver Covid grave, não terá a melhor assistência. Se for jogada numa
emergência geral, vai encontrar profissionais que não estão familiarizados com as
modificações que a gravidez causa no organismo”, diz Melania.
O grupo faz agora um trabalho mais minucioso para levantar dados sobre o local do
óbito, o perfil do hospital que atendeu as mulheres, a distância e se elas tiveram
acesso ao serviço.
Para Melania, as falhas assistenciais explicam muito mais as mortes maternas do que
as eventuais doenças prévias das pacientes.
Negros e outros grupos étnicos minoritários estão lutando para sobreviver à gravidez e
ao pós-parto
acessíveis, oferecendo
e centrado na família
social aprofundam a
tragédia das mortes maternas de COVID-19, principalmente quando o país não está
adotando