Metodologia - Unidades 1 e 2 - Baixa

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Luci Carlos de Andrade

1
2
Metodologia da
Pesquisa Científica
Luci Carlos de Andrade

Editora

1a Edição / Setembro/ 2011


Impressão em São Paulo - SP
A553m
Andrade, Luci Carlos de.
Metodologia da pesquisa cientifíca. / Luci Carlos de
Andrade. – São Paulo : Know How, 2011.
123 p. : 21 cm.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-8065-099-0

1. Metodologia. 2.Pesquisa cientifica. 3.Educação.


I. Título.

CDD – 001.42

Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353

Metodologia da Revisão Ortográfica


Célia Ferreira Pinto
Pesquisa Científica
Coordenadora Pedagógica
Coordenação Geral
de Cursos EaD
Nelson Boni
Esp. Maria de Lourdes Araujo

Coordenação de Projetos
1ª Edição: Agosto de 2011
Leandro Lousada
Impressão em São Paulo/SP

Professor Responsável
Luci Carlos de Andrade Copyright © EaD KnowHow 2011
Nenhuma parte dessa publicação pode
Projeto Gráfico e Diagramação ser reproduzida por qualquer meio sem
Anne Cardoso Mango a prévia autorização desta instituição.

Capa
Glaucia Ferraro
Apresentação
Você está recebendo o livro-texto da
disciplina METODOLOGIA DA PESQUI-
SA CIENTÍFICA, construído especialmente
para este curso, baseado no seu perfil e nas
necessidades da sua formação. A finalidade
deste livro é disponibilizar aos alunos concei-
tos e exercícios referentes aos principais temas
da pesquisa.
Estamos, constantemente, atualizan-
do e melhorando este material, e você pode
nos auxiliar, encaminhando sugestões e apon-
tando melhorias, via tutor. Entre, sempre, em
contato conosco quando surgir alguma dúvida
ou dificuldade. Seu desenvolvimento intelec-
tual e profissional é o nosso maior objetivo.
Acredite no seu sucesso e tenha
bons momentos de estudo!
Equipe KNOW HOW
Sumário
Carta do Professor 9

Plano de Estudos 11

Unidade 01 15
Ciência e Conhecimento Científico

Unidade 02 35
Conceitos de Pesquisa

Unidade 03 51
Tipos de Pesquisa

Unidade 04 69
O Problema na Pesquisa

Unidade 05 83
O Projeto de Pesquisa

Unidade 06 103
Artigo Científico

Gabarito 115
Referências 121
Carta do Professor
Prezado (a) aluno (a),

É com grande satisfação que apresen-


tamos a referida disciplina como forma de cola-
borar, com uma formação cada vez mais sólida e
condizente com o mercado de trabalho, tendo em
vista a preparação e o aprimoramento dos estudos
para uma aplicabilidade eficiente na sua área de
atuação profissional.
O mundo atual exige novos profis-
sionais conectados com a diversidade e a rea-
lidade globalizada, em que possam atuar com
competência e objetividade. Assim, os estudos
relacionados com a pesquisa são fundamentais
no contexto que vivemos, ao propiciar o apro-
fundamento do conhecimento e a elucidação de
questões pertinentes ao momento atual, rom-

9
pendo barreiras de espaço e tempo.
As possibilidades de investigação por meio da pesquisa
levam-nos a descoberta de novos fatos e dados no campo do
conhecimento, o que amplia a visão da realidade e consequente-
mente colabora com as possibilidades de ação do profissional.
Propõe-se, nesses estudos, o entrelaçamento da teo-
ria com as práticas cotidianas, a fim de proporcionar às ati-
vidades acadêmicas os subsídios necessários para o enfrenta-
mento dos desafios profissionais.
Espero que obtenham êxito e sucesso nos estudos e que
juntos possamos alcançar os objetivos propostos pela disciplina.

Atenciosamente,
Professora Luci Carlos de Andrade

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Plano de Estudos
Para alcançarmos os objetivos es-
perados com essa disciplina, estudaremos
bases conceituais e práticas a respeito dos
seguintes conteúdos:

1º. Introdução: conceito de Ciência


2º. A importância da pesquisa
3º. Tipos de pesquisa
4º. O problema na pesquisa
5º. O projeto de pesquisa
6º. Estrutura do artigo científico

Acompanhem, no cronograma abaixo,


os conteúdos das unidades e atualize as possí-
veis datas de realização de atividades de apoio
à aprendizagem e avaliações.

11
Conteúdo
O conteúdo da disciplina concentra-se
na compreensão teórica e prática do proces-
so de pesquisa, e para tanto utilizamos basi-
camente os estudos de Lakatos (2008, 2010)
pela vasta produção e contribuição, no que se
refere ao conhecimento sobre metodologia
científica/pesquisa. Faremos uso de textos e
exercícios como recursos didáticos.

Competências
Ao término desta disciplina, o aluno
deverá ser capaz de: conhecer os conceitos
fundamentais da pesquisa; compreender os
elementos próprios da pesquisa e a sua
aplicabilidade no processo de investiga-
ção, em articulação com a prática profis-
sional cotidiana.

Carga Horária: 30 horas

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CIÊNCIA E
CONHECIMENTO
CIENTÍFICO

UNIDADE 1
Nesta unidade, estudaremos conceitos
básicos de Ciência e Conhecimento científico.
Conheceremos a definição de Ciência, o pro-
cesso de produção do Conhecimento e sua re-
lação com a pesquisa, além do papel da univer-
sidade como espaço para a iniciação científica.

14
1. Ciência: Notas Introdutórias
Para iniciar os estudos sobre pesquisa,
é fundamental entendermos o que é Ciência
e o que é Conhecimento Científico. Isto é,
como se faz Ciência e como se produz o Co-
nhecimento Científico.

1.1 Conceito de Ciência


Inúmeros autores tentaram definir o
que se entende por Ciência. Na visão de Laka-
tos (2008), os conceitos mais comuns, embora
considerados incompletos pela autora sejam:
- Acumulação de conhecimentos sistemáticos;
- Atividade que se propõe a demonstrar a

15
verdade dos fatos experimentais e suas apli-
cações práticas;
- Caracteriza-se pelo conhecimento racional,
sistemático, exato, verificável e, por conse-
guinte, falível;
- Conhecimento certo do real pelas suas causas;
- Corpo de conhecimentos consistindo em per-
cepções, experiências, fatos certos e seguros;
- Estudo de problemas solúveis, mediante mé-
todo científico;
- Forma sistematicamente organizada de pen-
samento objetivo.

No entanto, Lakatos (2008) traz mais


dois conceitos que considera bastante abran-
gente: “A Ciência é um conjunto de conheci-
mentos racionais, certos ou prováveis, obtidos
metodicamente, sistematizados e verificáveis,
que fazem referência a objetos de uma mesma
natureza” (ANDER-EGG, 1978, p. 15 apud
LAKATOS, 2008, p. 21).
Segundo o autor, Ciência é uma siste-
matização de conhecimentos, cujas proposi-
ções estão ligadas ao comportamento de certos
fenômenos, que se deseja desvendar. Comple-
menta sua ideia, com o conceito de Trujillo
(1974, p.8): “A Ciência é todo um conjunto de

16
atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sis-
temático conhecimento com o objeto limitado,
capaz de ser submetido à verificação”.
Assim, nessa perspectiva, as Ciências
apresentam:
a) Objetivo ou finalidade. Preocupação em
distinguir a característica comum ou as leis ge-
rais que regem determinados eventos;
b) Função. Aperfeiçoamento, através do cresc
ente acervo de conhecimentos, da relação do
homem com o seu mundo;
c) Objeto subdividido em:
• Material: aquilo que se pretende estudar, in-
terpretar ou verificar, de modo geral;
• Formal: o enfoque especial, em face das di-
versas ciências que possuem o mesmo objeto
material. (LAKATOS, 2008, P. 24-25)

A compreensão sobre o que é Ciên-


cia, Conhecimento Científico e produção do
Conhecimento é importante, para subsidiar os
estudos sobre pesquisa. Não é possível, fazer
pesquisa sem conhecer mesmo em linhas gerais
tais elementos, que constituem o processo de
pesquisar, do aprender a pensar em pesquisa.
Em cada momento histórico, a Ciên-
cia teve a sua repercussão e destacou inúmeros

17
avanços e estudiosos, na perspectiva das des-
cobertas e do pensamento científico.
As imagens, a seguir, revelam marcos im-
portantes da Ciência registrados pela História.

O alquimista – o pesquisador da Idade Média

Como Ciência oculta, a Alquimia re-


veste-se de um aspecto desconhecido, oculto
e místico. Site:http://wikepedia.org

18
Exemplo de um processo alquímico
Site:http://wikepedia.org

O Elixir vermelho.
A Alquimia medieval acabou fundan-
do, com os estudos sobre os metais as bases da

19
Química moderna. Site:http://wikepedia.org

A máquina de tradução de textos, que


permitiu avanços importantes em conheci-
mentos, como: Astronomia, Matemática, Bio-
logia e Medicina, na Idade Média Clássica.
Site:http://wikepedia.org

20
A reflexão e os questionamentos no
Renascimento Século XII. http://analgesi.com

Pesquisadores no Renascimento

O sistema heliocêntrico de Copérnico


http://analgesi.com

21
O telescópio de Galileu Galilei
Site: www.google.com.br

O homem vitruviano – Leonardo da Vin

22
Renascimento Científico
Máquina equipada com hélice, que po-
deriam manter o homem no ar.
Símbolo da genialidade de um pensador
muito além de seu tempo.
Site:http://wikepedia.org

Esta imagem mostra o salto na Ciên-


cia no século XXI.
Observamos as possibilidades de explo-
ração de um mundo de inovação e tecnologia.
Um dos mais novos submarinos da
Marinha norte-americana junta-se a uma mis-
são das Operações Especiais levada a cabo
pelos SEALS.
Site: http://ne.miguelito.com

23
1.2 A formação das Ciências Humanas

Com o sucesso do Conhecimento


Científico para explicação dos fenômenos
naturais (astrônomos, físicos, biológicos) e
em decorrência dos seus pressupostos filosó-
ficos, a Ciência passou a encarar, também, o
homem como objeto de seu conhecimento, a
ser abordado da mesma forma que os outros
fenômenos naturais.
O homem seria um ser natural como
todos os demais, submisso às mesmas leis de
regularidade, acessível, portanto, aos proce-
dimentos de observação, experimentação e
mensuração. (SEVERINO, 2007)
Assim, ao longo da modernidade, par-
ticularmente, a partir do século XIX, foram
se constituindo as Ciências Humanas, com a
pretensão de configurar-se de acordo com os
mesmos parâmetros das ciências naturais.
Mas, à medida que foram se desenvol-
vendo os estudos sobre os diferentes aspectos
dos fenômenos, que fazem parte da vida hu-
mana, os pesquisadores começam a perceber
que não prevaleceria um único paradigma.
Ou seja, os pesquisadores se dão conta

24
de que, no caso de estudo e conhecimento do
homem, outros paradigmas podem ser utiliza-
dos, com resultados igualmente satisfatórios,
no que se refere à explicação e descobertas
por meio das pesquisas.
Nesse sentido, podemos dizer que há
várias possibilidades de se entender a relação
sujeito/objeto quando da experiência do co-
nhecimento, configurando-se várias perspecti-
vas de produção do Conhecimento Científico.
É preciso diferenciar o Conhecimento
Científico de outros tipos de conhecimentos.
Para tal, analisemos uma situação histórica,
que Lakatos (2010) nos traz, como exemplo:
“Da Antiguidade, até aos nossos dias,
um camponês mesmo iletrado e/ou desprovi-
do de outros conhecimentos, contava apenas
com o conhecimento popular, pois sabia o
momento certo da semeadura, a época da co-
lheita, a necessidade da utilização de adubos, as
providências a serem tomadas para a defesa das
plantações de ervas daninhas e pragas, e o tipo
de solo adequado para as diferentes culturas.
As experiências o levaram a ter conhe-
cimento de que o cultivo do mesmo tipo, todos
os anos, no mesmo local, enfraquecia o solo.

25
Já no período feudal, o sistema de o
sistema de cultivo era em faixas: duas cultiva-
das e uma terceira em “repouso”, alternando-
-as de ano para ano, nunca cultivando a mesma
planta, dois anos seguidos, numa única faixa.
A Revolução Agrícola, na segunda
metade do século XVII, aderiu à cultura do
nabo e do trevo, pois seu plantio evitava o
desperdício de deixar a terra em repouso;
seu cultivo “revitalizava” o solo permitindo
o uso constante.
Hoje, a agricultura conta com a prática
das pesquisas, que possibilitam os estudos de
sementes selecionadas, de adubos químicos,
de defensivos contra as pragas e tenta-se, até,
o controle biológico dos insetos daninhos.
O exemplo evidencia os dois tipos de
Conhecimento:
- O Conhecimento vulgar ou popular, do
camponês, transmitido de geração para gera-
ção por meio da educação informal e baseada
em imitação e experiência pessoal, sem o Co-
nhecimento Científico sobre a composição do
solo, das causas do desenvolvimento de plan-
tas, da natureza das pragas, do ciclo reproduti-
vo dos insetos etc.

26
- O segundo exemplo mostra o Conhecimento
Científico, que é transmitido por intermédio
de treinamento apropriado, sendo um conhe-
cimento obtido de modo racional, conduzido
por meio de procedimentos científicos.
O Conhecimento Científico explica a
origem e as causas dos fenômenos, na tenta-
tiva de evidenciar os fatos que estão correla-
cionados, em uma visão mais ampla do que a
relacionada com um simples fato ou uma cul-
tura específica. (LAKATOS, 2010)

1.3 A produção do conhecimento científico

Mas, o que vem a ser produzir conhe-


cimento?
Utilizando o pensamento de Severino
(2007), o que se quer dizer é que Conheci-
mento se dá como construção do objeto que
se conhece, ou seja, mediante nossa capacida-
de de reconstituição simbólica dos dados de
nossa experiência, apreendemos os sentidos,
pelos quais os objetos manifestam-se para
nós, sujeitos que têm capacidade de aprender.

27
É preciso redimensionar o próprio
processo de aprendizagem, até porque, em
nossa tradição cultural e filosófica, estamos
condicionados a entender o Conhecimento
como mera representação mental.
Nesse caso, o conceito é uma repre-
sentação mental, mas esta não é o ponto de
partida do Conhecimento, e sim o ponto de
chegada, o término de um complexo proces-
so de constituição e reconstituição do senti-
do do objeto, que foi dado à nossa experiên-
cia interna e externa.
Por sua vez, a atividade de ensinar a
aprender está intimamente vinculada a esse
processo de construção de Conhecimento,
pois ele é a implementação de uma equação
de acordo com a qual, educar (ensinar e apren-
der) significa conhecer; e conhecer, por sua
vez, significa construir o objeto, mas o objeto
significa pesquisar. (LAKATOS, 2008)
Em decorrência disso, o processo de
ensino/aprendizagem no curso superior tem
seu diferencial na forma de se lidar com o Co-
nhecimento. Aqui, o Conhecimento deve ser
adquirido não mais através de seus produtos,
mas de seus processos.
O Conhecimento deve se dar median-

28
te a construção dos objetos a se conhecer, e
não mais pela representação desses objetos.
Ou seja, na Universidade, o Conheci-
mento deve ser construído pela experiência
ativa do estudante e não mais ser assimilado
passivamente. Como ocorre na maioria das
vezes nos ambientes didático-pedagógicos do
ensino básico.
Severino (2007) enfatiza a importância
da pesquisa no contexto do processo de apren-
dizagem. Sendo o conhecimento construção
do objeto que se conhece, a atividade de pes-
quisa torna-se elemento fundamental e impres-
cindível no processo de ensino/aprendizagem.
Assim, ensino e aprendizagem só
serão motivadores se seu processo se der
como processo de pesquisa. Daí, estarem
cada vez mais reconhecidas e implementa-
das as modalidades de atividades de inicia-
ção ao procedimento científico, envolvendo
os estudantes em práticas de construção de
conhecimento, mediante participação em
projetos de investigação.
É o que ocorre com o Programa de
Iniciação Científica (PIBIC) e com a exigência
da realização dos Trabalhos de Conclusão de
Curso (TCC).

29
Além de eventual contribuição de seus
conteúdos, executar esses trabalhos é praticar
a pesquisa, iniciar-se à vida científica e viven-
ciar a forma mais privilegiada de aprender.
Na Universidade, a pesquisa assume
a tríplice dimensão. De um lado, tem uma
dimensão epistemológica: a perspectiva do
conhecimento. Só se conhece construído o
saber, ou seja, praticando a significação dos
objetos. De outro lado, assume ainda uma di-
mensão pedagógica: a perspectiva decorrente
de sua relação com a aprendizagem. Ela é a
dimensão necessária e eficaz para o proces-
so de ensino/aprendizagem. Só se aprende e
só se ensina pela efetiva prática da pesquisa.
Mas, há ainda uma dimensão social: a pers-
pectiva da extensão.
O Conhecimento consolida-se no
contexto da existência humana. É uma ferra-
menta, que possibilita a amplitude da evolu-
ção do homem.
Tendo a Educação Superior, seu nú-
cleo ativo na construção do Conhecimento,
impõe-se uma prática pedagógica condizente,
apta a superar a pedagogia do ensino universi-
tário tradicional, apoiado na transmissão me-
cânica de informações.

30
O ensino/aprendizagem na Universi-
dade é tão somente uma mediação para a for-
mação, o que implica muito mais do simples
repasse de informações prontas e acabadas.
Na perspectiva da pesquisa, Severino
(2007) reforça a ideia de que não se trata de
apropria-ser e de armazenar produtos, mas de
aprender processos.
Do ponto de vista do estudo, o que
conta não é mais a capacidade de decorar e me-
morizar milhares de dados, fatos e noções, mas
a capacidade de entender, refletir e analisá-los.
A pesquisa precisa estar inserida no
âmbito das ações dinâmicas e desafiadoras,
para acompanhar a complexidade do mundo
atual, de modo a alcançar patamares de exce-
lência nas investigações, que realmente estejam
condizentes com os problemas do homem e
da sociedade hoje; na garantia de soluções pre-
cisas, contribuindo com os avanços em toda
esfera da vida humana.
Sugestão: Vídeo – Ciência na Antigui-
dade -Carl Sagan

31
Exercícios Propostos
1. Defina com suas palavras o que é “Ciência”.
2. Esclareça o que é Conhecimento popular e
Conhecimento Científico.
3. Como se deu a formação das Ciências Hu-
manas?
4. O que você entende por produção do Co-
nhecimento?
5. Por que a Universidade é considerada o ló-
cus da pesquisa?

Referências Bibliográficas
Complementares
DEMO, Pedro. Pesquisa: princípio científico
e educativo. 8. Ed. – São Paulo: Cortez, 2001.

LUDWIG, Antonio Carlos Will. Fundamen-


tos e prática da Metodologia Científica.
Petrópolis RJ: Vozes, 2009.

MARCONI, Marina de Andrade. Técnicas


de pesquisa. Marina de Andrade Marconi
- Eva Maria Lakatos. – 7ª ed. – São Paulo:
Atlas, 2008.

32
CONCEITOS DE
PESQUISA

UNIDADE 2
Nesta unidade, estudaremos a importância da pes-
quisa no contexto da investigação científica. Conhecere-
mos alguns conceitos e finalidades da pesquisa.

34
2.1. A Importância da Pesquisa

Nesta unidade, discutiremos a importância da pes-


quisa nas práticas cotidianas da vida humana, cujo desen-
volvimento assegura melhores condições de vida, além de
contribuir com a evolução do homem em todos os aspectos,
por meio das descobertas.
Iniciamos com as considerações de Gressler
(2003) que diz: não há área do Conhecimento em que a
pesquisa esteja ausente. Graças à investigação científica
é que surgem tantas conquistas na saúde, nos meios de
comunicação e transporte, na genética, no melhoramento
de plantas e animais e no aproveitamento de energia elé-
trica, entre outras.
Deve-se a estas conquistas a valorização das Ciên-
cias Naturais e a fé nas pesquisas tecnológicas, não exis-

35
tindo, por outro lado, esta mera consideração
pelas pesquisas sociais.
É de consenso geral que a institui-
ção própria para as atividades científicas é,
sem dúvida, a universidade, onde vivem os
profissionais de todas as manifestações da
Ciência e onde a pesquisa e a reflexão são os
objetivos finais.

“A sociedade moderna obriga as universi-


dades a conferir importância decisiva a uma
adequada formação profissional. Deve-se con-
siderar o fato de que as profissões são cada vez
menos determinadas pela tradução empírica e
cada vez mais pela Ciência, o que traz como
consequência, um rápido progresso científico e
tecnológico, que conduz a uma acelerada reno-
vação do conhecimento e das práticas profis-
sionais”. (GRESSLER, 2003, p. 85)

Além disso, hoje está suficientemente


comprovado que o desafio é um processo di-
dático para o desenvolvimento intelectual. Por
meio da pesquisa, o aluno poderá ser desafia-
do para a descoberta de soluções novas em
todos os domínios.

36
A atividade do aluno não se distingui-
rá, basicamente, da do cientista. Este aspecto é
fundamental, visto que a universidade não po-
derá transmitir ao aluno um saber elaborado
que lhe baste para o exercício de sua profissão
por toda a vida.
Com a vasta exploração de conhe-
cimentos, torna-se virtualmente impossível
para um estudante aprender uma significativa
quantidade de informações em uma determi-
nada disciplina, área ou curso. Soma-se a isso,
o fato de que as informações têm uma bre-
ve existência, devido ao surgimento de novas
descobertas. (ANDRADE, 2010)
O aluno deverá ser capaz de obser-
var a realidade, encontrar problemas, for-
mular e avaliar hipóteses mais viáveis e éti-
cas para solucioná-las.
Portanto, a Educação não pode ser
limitada à transmissão de informações, mas
deverá prover, constantemente, o desafio inte-
lectual, oportunizando o desenvolvimento da
capacidade crítica e atividades de indagação.
(GRESSLER, 2003)

37
2.2 Conceitos de Pesquisa
Como já vimos, a Ciência constitui-
-se, aplicando técnicas, seguindo um método
e apoiando-se em fundamentos epistemológi-
cos. Tem assim elementos gerais, que são co-
muns a todos os processos de conhecimento
que pretenda realizar, marcando toda ativida-
de de pesquisa.
Mas, além da possível divisão entre Ci-
ências Naturais e Ciências Humanas, ocorrem
diferenças significativas no modo de se pra-
ticar a investigação científica, em decorrência
da diversidade de perspectivas epistemológi-
cas, que se podem adotar e de enfoques dife-
renciados, que se pode assumir no trato com
os objetos pesquisados e eventuais aspectos
que se queira destacar.
Por essa razão, existem várias moda-
lidades de pesquisa que podem ser colocadas
em prática, o que implica coerência epistemo-
lógica, metodológica, e técnica, para o seu ade-
quado desenvolvimento. (SEVERINO, 2007)
Para compreendermos melhor o que é
pesquisa, apresentamos alguns conceitos:
Para Andrade (2010), a pesquisa en-
volve um conjunto de procedimentos sistemá-

38
ticos, baseados em raciocínio lógico, assegu-
rados pela utilização de métodos científicos
no sentido de encontrar soluções para pro-
blemas propostos, que são os objetivos fun-
damentais da pesquisa.
Todos os conceitos de pesquisa, de
uma ou de outra maneira, apontam seu caráter
racional predominante. Para Gil (1999, p. 19),
pesquisa é o “procedimento racional e siste-
mático que tem como objetivo proporcionar
respostas aos problemas que são propostos”.
Os autores que tratam das questões
sobre produção científica, Cervo e Bervian
entendem a pesquisa como uma atividade vol-
tada para a solução de problemas, em que se
empregam processos científicos. (1983)
Já, Salomon (1977, p. 136) associa
a pesquisa a uma atividade científica, que se
concretiza no trabalho científico, por meio da
investigação metodologicamente estruturada.
Podemos entender a pesquisa como um
procedimento, um processo que se desenvolve
por meio da reflexão e da sistematização das
ideias e estudos, que permitem descobrir novos
fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer
campo de conhecimento.
Desse modo, considera-se a pesquisa

39
como um procedimento formal, assegurada
por um determinado método, que exige um
tratamento científico, cujos propósitos funda-
mentam-se no conhecimento da realidade e na
busca por novas verdades.
Podemos entender a pesquisa como
um procedimento, um processo que se desen-
volve por meio da reflexão e da sistematização
das ideias e estudos, que permitem descobrir
novos fatos ou dados, relações ou leis, em
qualquer campo de conhecimento.
Desse modo, considera-se a pesquisa
como um procedimento formal, assegurada
por um determinado método, que exige um
tratamento científico, cujos propósitos funda-
mentam-se no conhecimento da realidade e na
busca por novas verdades.
Poderíamos apresentar inúmeras con-
ceituações propostas por diversos autores.
No entanto, apenas acrescentaríamos alguns
detalhes específicos. Seguiremos com outras
questões fundamentais sobre a pesquisa e que
merecem discussão.

40
2.3 Requisitos para uma Pesquisa

Neste item, apresentamos algumas re-


flexões que julgamos necessárias para o desen-
volvimento de uma pesquisa.
É interessante pensar que a realização
de uma pesquisa pressupõe alguns requisitos
básicos, tais como a qualificação do pesquisa-
dor, recursos humanos, materiais e financeiros.
Entre as qualidades intelectuais e sociais
do pesquisador, Gil (1999, p. 20) destaca elemen-
tos importantes para o pesquisador:

a) Conhecimento do assunto a ser pes-


quisado;
b) Curiosidade;
c) Criatividade;
d) Integridade intelectual;
e) Atitude autocorretiva;
f) Sensibilidade social;
g) Imaginação disciplinada;
h) Perseverança e paciência;
i) Confiança na experiência.

Por mais qualificado que seja o pesqui-


sador, não pode ignorar certas circunstâncias

41
“extracientíficas”. Isto é, são questões que não
dependem do pesquisador, as dificuldades
com a coleta dos dados, em alguns casos, o
custo da pesquisa, a escassez de material para
pesquisa etc.
Além de tempo para dedicar-se à
pesquisa, são necessários equipamentos,
livros, instrumentos e outros materiais e,
conforme o caso, verba para remuneração
de serviços prestados por outras pessoas.
Isto significa que, para realizar uma
pesquisa, devem ser levados em conta os
recursos humanos e materiais, tais como
disponibilidade de tempo e o indispensável
suporte financeiro. (GIL, 1999)

2.4 Finalidades da Pesquisa


Ao pensar nas finalidades da pesquisa,
existem dois caminhos que merecem serem as-
sinalados: o primeiro reúne as finalidades moti-
vadas por razões de ordem intelectual e pessoal.
O pesquisador pressupõe uma trajetória solidi-
ficada por meio das práticas da investigação e
Ao pensar nas finalidades da pesquisa, existem

42
dois caminhos que merecem serem assinalados:
o primeiro reúne as finalidades motivadas por
razões de ordem intelectual e pessoal. O pes-
quisador pressupõe uma trajetória solidificada
por meio das práticas da investigação e das pro-
duções científicas. Ou alcançar o saber, para sa-
tisfação do desejo de adquirir conhecimentos.
Geralmente, é realizado por cientistas e contri-
bui para o progresso da Ciência. É a chamada
pesquisa “pura”. (GRESSLER, 2003)
O segundo caminho, por razões de
ordem prática. A pesquisa é desenvolvida
com vistas às aplicações práticas, cujo objeti-
vo é atender às exigências da vida moderna.
Podemos chamá-la de pesquisa “aplicada”.
Em que os fins práticos, buscam soluções
para problemas concretos.
As duas formas de pesquisa não es-
tão em compartimentos separados, estão
correlacionadas. Pois, a pesquisa “pura”
pode, de alguma forma subsidiar conheci-
mentos passíveis de aplicações práticas.
A pesquisa “aplicada” pode evidenciar
descobertas de princípios científicos, na pro-
moção do avanço do conhecimento em um
determinado campo de estudo.

43
2.5 Planejamento da Pesquisa
Lakatos (2010) traz de forma organi-
zada os elementos que constituem a prepa-
ração para a pesquisa e que colaboram para
que possamos estruturar passo a passo a pes-
quisa, no sentido de objetividade em todas as
fases da investigação:

Preparação da pesquisa
1. Decisão.
2. Especificação dos objetivos.
3. Elaboração de um esquema.
4. Constituição da equipe de trabalho.
5. Levantamento de recursos e cronograma.

Fases da Pesquisa
1. Escolha do tema.
2. Levantamento de dados.
3. Formulação do problema.
4. Definição dos termos.
5. Construção de hipóteses.
6. Indicação a variáveis.

44
7. Delimitação da pesquisa.
8. Amostragem.
9. Seleção de métodos e técnicas.
10. Organização do instrumental de pesquisa.
11. Teste de instrumento e procedimento.

Execução da Pesquisa
1. Coleta de dados.
2. Elaboração dos dados.
3. Análise e interpretação dos dados.
4. Representação dos dados.
5. Conclusões.

Relatório de Pesquisa
1.Registro de todas as etapas da pesquisa
O planejamento e a execução de uma
pesquisa requerem o detalhamento minucioso
de todas estas etapas que devem ser pensadas
e planejadas organizadamente com o intuito
de melhor aproveitamento de tempo, em que
se conduz de forma objetiva a estruturação de
um projeto de pesquisa.
O pesquisador precisa estar atento a

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todas as etapas, mas também é necessária uma
compreensão sobre o tipo de pesquisa que será
utilizado, bem como as características de cada
uma, o que irá contribuir na escolha do melhor
método a ser aplicado, na busca por informa-
ções, quando do processo da investigação.
Na próxima unidade, veremos de for-
ma mais detalhada, os tipos de pesquisa e sua
aplicabilidade em cada caso.

Exercícios Propostos
1. Esclareça a importância da pesquisa na vida
humana.
2. Defina com suas palavras o que é pesquisa.
3. Quais as principais finalidades da pesquisa?
4. Gil (1999) assinala alguns requisitos neces-
sários ao pesquisador. Aponte-os.
5. Em sua opinião, por que é preciso um pla-
nejamento detalhado da pesquisa?

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Referências Bibliográficas
Complementares
DEMO, Pedro. Pesquisa: princípio cien-
tífico e educativo. 8ª. Ed. – São Paulo:
Cortez, 2001.

LUDWIG, Antonio Carlos Will. Fundamen-


tos e prática da Metodologia Científica.
Petrópolis RJ: Vozes, 2009.

MARCONI, Marina de Andrade. Técnicas de


pesquisa. Marina de Andrade Marconi - Eva Ma-
ria Lakatos. 7ª. Ed. – São Paulo: Atlas, 2008.

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