As Relações Amorosas Na Adolescência
As Relações Amorosas Na Adolescência
As Relações Amorosas Na Adolescência
Sabe-se que a natureza relacional do ser humano leva-o a estabelecer laços com outros
indivíduos, ligações de afeto que completam e dão sentido à sua vida (Oliveira &
Sani, ?).
Os adolescentes não lidam com as suas experiências amorosas da mesma forma como
os adultos. Os relacionamentos amorosos na adolescência são como uma
preparação/ensaio para a vida adulta e as experiências vividas podem ser vistas como
formas de o jovem aprender a relacionar-se e a testar as duas capacidades para tal
(Furman, 2002; Matos, Féres-Carneiro, Jablonski, 2005). Ainda que estas possam ser de
curta duração,
Inicialmente, os jovens passam algum tempo a refletir sobre o seu possível par
romântico, à medida que vão interagindo no seu grupo de pares, formado por rapazes e
raparigas. É habitual que o namoro comece na presença e companhia dos outros
colegas. Desta forma, é possível compreender que o namoro é algo menos formal e
planeado, em comparação com o namoro adulto, permanecendo o interesse pelo lado
romântico e sexual (Connolly et al., 2004).
Quando temos oito anos e descobrimos que alguém gosta de nós, podemos ficar um
pouco envergonhados ou não ligar nenhuma. Nessa idade o amor não ocupa a nossa
cabeça. Mas na adolescência, quando o nosso corpo começa a mudar e os nossos
pensamentos mudam também, a ideia de ter um namorado ou namorada pode ser tão
excitante que nem conseguimos pensar noutra coisa.
Muitos adolescentes acham que ter um namorado/a é grande parte de ser adolescente. E
embora seja verdade que as emoções intensas que vivemos durante a adolescência nos
possam levar a sentirmo-nos atraídos por outras pessoas e nos levem a iniciar relações
românticas, isso nem sempre acontece. Se formos um dos milhões de adolescentes que
nunca se apaixonaram ou tiveram um namorado/a não há nada de errado connosco.
Devemos ficar preocupados e arranjar rapidamente um/a namorado/a? Claro que não!
Tudo tem o seu tempo e o mais provável é que, mais tarde ou mais cedo, seja a nossa
vez de encontrar o amor.
O amor é uma emoção humana muito poderosa e têm sido muitos os especialistas que a
tentam estudar. Mas, na verdade, ninguém compreende inteiramente o que é o amor, até
porque o amor é diferente para cada um de nós. O amor tem sido associado a três
qualidades principais:
Atração. Tem a ver com o interesse físico e sexual que duas pessoas sentem uma pela
outra. A atracão é responsável pelo desejo que sentimos de beijar a outra pessoa, por
exemplo, ou pelas “borboletas no estômago” que sentimos quando ela está perto. Mas
não amamos todas as pessoas por quem nos sentimos atraídos!
Estas três qualidades podem ser combinadas de forma diferente e resultam em diferentes
tipos de relações. Por exemplo, a atracão sem a proximidade é mais uma paixão –
sentimo-nos fisicamente atraídos por alguém mas não conhecemos suficientemente bem
a pessoa para sentirmos a proximidade que advém da partilha de sentimentos e
experiências pessoais.
No final da adolescência, as relações já não têm tanto a ver com nos integrarmos no
grupo. A proximidade, a partilha, a confiança em alguém tornam-se mais importantes
quer para os rapazes quer para as raparigas. Quando chegam aos 20s a maior parte dos
rapazes e raparigas valorizam a proximidade, o apoio, a comunicação e a paixão numa
relação. Começam a pensar em encontrar alguém com quem se possam comprometer a
longo prazo.
1. As Relações Saudáveis
Quando nos sentimos prontos para nos aventurarmos numa relação romântica uma das
principais preocupações é como é que vamos fazer a relação funcionar. E para isso é
fundamental manter uma relação saudável com o/a nosso/a namorado/a.
Nas relações saudáveis há respeito mútuo. O respeito mútuo significa que cada um
valoriza o outro e o compreende, respeitando os limites de cada um. Por exemplo, o
nosso/a parceiro/a ouve-nos quando dizemos que não nos sentimos confortáveis com
determinada coisa e respeita isso.
Nas relações saudáveis há confiança. Ou seja, sabemos que podemos contar um com o
outro e que ambos queremos o bem-estar um do outro. É normal ter um pouco de
ciúmes, ter ciúmes é uma emoção natural. Mas o que interessa é a forma como reagimos
e lidamos com os ciúmes. Por exemplo, não é normal que o nosso/a namorado/a se
passe da cabeça porque nos vê falar com um outro/a colega da escola. Não é possível
termos uma relação saudável se não confiarmos um no outro.
Nas relações saudáveis há apoio mútuo. E o apoio mútuo não acontece apenas nos
períodos maus, quando tudo corre mal, mas também nos períodos bons, quando tudo
corre bem. Numa relação saudável temos alguém com quem podemos chorar e alguém
com quem podemos celebrar (e somos esse alguém também!).
Nas relações saudáveis há igualdade. Dá-se e recebe-se. Umas vezes somos nós a
escolher o filme que vamos ver, noutras é o nosso/a namorado/a. Umas vezes fazemos
programas com os nossos amigos, noutras vezes com os amigos do/a nosso/a
namorado/a. Claro que não precisamos de andar a contar quantas vezes fazemos estas
coisas. A ideia é que deve ser equilibrado e justo. As relações deixam de ser saudáveis
rapidamente quando uma pessoa quer ser sempre ela a mandar, a decidir, a controlar.
Nas relações saudáveis temos identidades separadas. Numa relação saudável temos de
fazer compromissos. Mas isso não significa deixarmos de ser quem somos. Antes desta
relação ambos tinham a sua própria família, amigos, interesses, etc. e isso deve
continuar! Ninguém deve ter de fingir ser uma coisa que não é, deixar de ver amigos ou
largar atividades de que gosta.
Nas relações saudáveis há privacidade. Lá porque estamos numa relação não quer dizer
que tenhamos que partilhar tudo e que tenhamos que estar o tempo todo juntos. Nas
relações saudáveis para além de tempo a dois, cada um tem o seu espaço.
Nas relações saudáveis há uma boa comunicação. Uma boa comunicação significa que é
possível falar livremente, sem assuntos tabu, que podemos expressar os nossos
sentimentos e pensamentos sem sentirmos receio de sermos julgados. Para que exista
uma boa comunicação é igualmente importante perguntarmos e esclarecermos se
estamos a perceber o que o/a nosso/a namorado/a nos está a dizer. Se não temos a
certeza devemos falar abertamente e honestamente para evitar problemas de
comunicação. Não devemos calar um sentimento ou um desejo porque temos medo que
o/a nosso/a namorado/a não goste ou porque temos receio de parecemos parvos/as.
Numa relação saudável temos o tempo que precisamos para pensar num assunto antes
de termos de falar sobre ele.
Para sabermos se a nossa relação é ou não saudável temos de saber reconhecer a forma
como o nosso/a namorado/a nos trata e como o/a tratamos a ele/a. Estas características
das relações saudáveis estão presentes? Como nos sentimos quando estamos com ele/a?
Já todos ouvimos dizer que para gostarmos de alguém precisamos de gostar de nós
próprios em primeiro lugar. De facto, é uma grande barreira quando numa relação uma
das pessoas tem problemas de autoestima. O/a nosso/a namorado/a não serve para nos
sentirmos bem connosco próprios se não o conseguimos fazer sozinhos.
Quando sentimos que o/a nosso/a namorado/a exige demasiado de nós, se a relação é
mais um fardo e uma fonte de problemas do que de alegria, então provavelmente não é
o par certo para nós.
Relações muito intensas podem ser difíceis para os adolescentes. Quando somos
adolescentes estamos focados em desenvolver os nossos sentimentos e
responsabilidades, por isso pode não nos restar energia para responder aos sentimentos e
necessidades de outra pessoa. Para além disso, ainda estamos a crescer e a mudar, todos
os dias. A pessoa que parecia perfeita para nós há uns meses atrás, pode já não o ser. E é
melhor ficarem amigos do que investirem numa relação que já não parece certa.
Quer estejamos sozinhos ou numa relação devemos ser “picuinhas” quando escolhemos
alguém para manter uma relação próxima. Se não nos sentirmos preparados para uma
relação não é um problema!
Os media, a música que ouvimos ou os filmes que vemos podem transmitir-nos algumas
ideias erradas sobre o que são as relações ou como nos devemos comportar numa
relação. É importante destruir alguns desses mitos:
Ter sexo com alguém não equivale a ter uma relação com alguém. Devemos, no
entanto, deixar sempre claro para o outro qual é a nossa intenção e perceber se o
outro tem as mesmas expectativas.
As relações não são uma competição.
O amor não é instantâneo.
É normal (e até desejável!) ter de trabalhar e termos de nos esforçar para
construir uma relação de amor e fazê-la funcionar.
Os homens não mandam numa relação. Ambos os parceiros mandam na relação
e são responsáveis por fazê-la funcionar.
Não são apenas as nossas características físicas que interessam nem são elas que
determinam se ou quem vamos namorar.
Às vezes, alguns adultos esperam que, como somos adolescentes e a relação que
terminámos era uma relação entre adolescentes, ultrapassemos isso e pronto. Mas se
estamos a sofrer é importante sentirmos o apoio de alguém em quem confiemos (um dos
nossos pais, um irmão, um amigo, um Professor ou um Psicólogo).
Ao início é difícil imaginar que nos vamos sentir melhor. Mas devagarinho os nossos
sentimentos vão tornar-se menos intensos e, eventualmente, até iniciaremos uma nova
relação. As relações que vamos mantendo ao longo da vida são sempre oportunidades
de experimentar o amor e de aprender a amar e a sermos amados.
Se a tristeza e a dor de terminar uma relação está a controlar a nossa vida e isso é a
única coisa em que conseguimos pensar, devemos procurar ajuda, falar com um
Professor ou um Psicólogo pode ajudar.