Mamão - Nutrição PDF

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MAMÃO - NUTRIÇÃO

Aspectos Gerais

Os processos de nutrição mineral são aqueles relacionados ao suprimento e absorção de


elementos químicos do meio e as suas funções no crescimento e metabolismo vegetal.

Em termos quantitativos, o ar é uma fonte de nutrientes muito mais importante que o solo.
Embora a água seja a substância principal na composição da matéria vegetal (70-80%), o
carbono e o oxigênio (provenientes do ar na forma de CO2) constituem 90% da matéria
seca das plantas. O solo participa com 1/20 do total dos elementos químicos que compõem
a massa vegetal. Assim, dos três meios que fornecem elementos para as plantas (água, ar e
solo), este último é o que apresenta menor contribuição, sendo, entretanto, imprescindível,
pois fornece materiais essenciais ao desenvolvimento e produção vegetal.

Independentemente da água e do gás carbônico, as plantas necessitam dos seguintes


elementos minerais para seu pleno desenvolvimento: nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio,
magnésio, enxofre, boro, cloro, cobre, ferro, manganês, molibdênio e zinco. Os seis
primeiros (N, P, K, Ca, Mg e S) são chamados de macronutrientes, devido às maiores
exigências pelas plantas em termos quantitativos. Os outros sete (B, Cl, Cu, Fe, Mn, Mo e
Zn) são ditos micronutrientes. Fica claro, porém, que, pelo critério de essencialidade, todos
os nutrientes (macro ou micro) têm a mesma importância para os vegetais, sendo a falta ou
insuficiência de boro ou zinco tão prejudicial ao desenvolvimento vegetal quanto a de
nitrogênio.

Segundo Arnon & Stout (1939), para um elemento ser considerado essencial, ele deve
satisfazer a três critérios:

a) Na ausência do elemento, a planta não completa o seu ciclo de vida;


b) O elemento não pode ser substituído por outro;
c) O elemento deve estar diretamente envolvido no metabolismo da planta, como
constituinte de um composto essencial, ou ser necessário para a ação de um sistema
enzimático.

De acordo com Dechen et al. (1991), devido ao gradual e contínuo desenvolvimento de


técnicas analíticas, especialmente na purificação de produtos químicos, é provável que a
lista dos elementos essenciais seja aumentada, com a inclusão de outros encontrados em
concentrações muito baixas nas plantas.

Funções dos nutrientes

Cada nutriente desempenha funções definidas dentro da planta e nenhum pode ser
completamente substituído por outro. Conquanto cada elemento desempenhe certas funções
específicas, todos devem estar juntos para produzir melhores resultados. Deve ser
lembrado, entretanto, que o efeito de cada nutriente, em particular no crescimento da
planta, depende da reserva dos outros elementos essenciais (Lei do Mínimo de Liebig), e
nenhum efeito de cada elemento pode ser interpretado isoladamente (Fageria, 1984).

Um resumo das principais funções dos nutrientes de plantas aparece nas Tabelas 1 e 2,
extraídas de Malavolta (1980).

Tabela 1. Macronutrientes: funções e compostos

Nutriente Função Compostos


Aminoácidos e proteínas,
Importante no metabolismo aminas, aminoácidos, purinas
N como composto orgânico; e pirimidinas, alcalóices.
estrutural Coenzinas, vitaminas,
pigmentos
Ésteres de carboidratos,
Armazenamento e
nucleotídeos e ácidos
P transferência de energia;
nucléicos, coenzinas,
estrutural
fosfolipídios
Abertura e fechamento de
estômatos, síntese e
Predomina em forma iônica,
K estabilidade de proteínas
compostos desconhecidos
relações osmóticas, síntese de
carboidratos
Ativação enzimática, parede Pectato de cálcio, filato,
Ca
celular, permeabilidade carbonato, Oxalato
Ativação enzimática,
Mg estabilidade de ribossomos, Clorofila
fotossíntese
Cisteína, cistina, metíonina e
Grupo ativo de enzimas e taurina, Glutatione,
S
coenzimas glicosídios e sulfolipídios,
coenzimas
Transporte de carboidratos Borato; Compostos
B
Coordenação com fenóis desconhecidos
Cloreto; Compostos
Cl Fotossíntese
desconhecidos
Co Fixação de N2 Vitamina B12
Polifenoloxidase;
Cu EnzimaFotossíntese plastocianina,Azurina,
estelacianina; umecianina
Citrocromos, ferredoxina,
catalase, peroxidase,
Grupo ativo em enzimas e em
Fe reductase de nitrato,
transportadores de elétrons
nitrogenase; reductase de
sulfito
Mn Fotossíntese,Metabolismo de Manganina
ácidos orgânicos
Fixação do N2,Redução do Reductase de nitrato;
Mo
NO3- nitrogenase
Zn Enzimas Anidrase carbônica, aldolase

Tabela 2. Micronutrientes: funções e compostos

Nutriente Função Compostos


Transporte de carboidratos Borato; Compostos
B
Coordenação com fenóis desconhecidos
Cloreto; Compostos
Cl Fotossíntese
desconhecidos
Co Fixação de N2 Vitamina B12
Polifenoloxidase;
Cu EnzimaFotossíntese plastocianina,Azurina,
estelacianina; umecianina
Citrocromos, ferredoxina,
catalase, peroxidase,
Grupo ativo em enzimas e em
Fe reductase de nitrato,
transportadores de elétrons
nitrogenase; reductase de
sulfito
Fotossíntese,Metabolismo de
Mn Manganina
ácidos orgânicos
Fixação do N2,Redução do Reductase de nitrato;
Mo
NO3- nitrogenase
Zn Enzimas Anidrase carbônica, aldolase

Absorção e movimento de nutrientes nas plantas

A absorção de um nutriente é a sua entrada, na forma iônica ou molecular, nos espaços


intercelulares ou em organelas vivas da planta. Dessa forma, pode-se considerar
"absorvido", tanto os nutrientes advindos do processo radicular como do foliar. Na Tabela
1, são apresentadas as principais formas em que os nutrientes são absorvidos e, na Tabela 2,
as formas de caminhamento no solo.

Após a absorção, o nutriente é transportado pelo interior da planta, dando-se a esse


processo o nome de translocação. O transporte pode ser feito com o nutriente estando ou
não na mesma forma em que foi absorvido, indo de um órgão (ou região) a outro da planta,
em geral, da raiz para as folhas. Esse movimento é a favor da corrente transpiratória, via
xilema e, portanto, todos os nutrientes são considerados móveis quanto à translocação.

Tabela 1. Formas absorvidas pelas plantas

Nutriente Preferencia Eventual


Nitrogênio NO3- NH4+
Fósforo H2PO4- HPO4--
Potássio K+
Cálcio Ca++
Magnésio Mg++
Enxofre SO4--
Boro H3BO3 H2BO3-
Cloro Cl-
Cobre Cu++
Ferro Fe+++ Fe++
Manganês Mn++
Molibdênio MoO4--
Zinco Zn++
Fonte: (Malavolta, 1980); (Raij, 1983)

A redistribuição é a transferência de um elemento de um órgão (ou região) a outro da


planta, em forma igual ou não à que foi absorvido, tendo, entretanto, sofrido metabolização.
A redistribuição ocorre através do floema, levando o nutriente das áreas de síntese (folhas)
para as áreas de armazenamento/crescimento (frutos). É no movimento de redistribuição
que ocorrem diferenças entre os nutrientes quanto à mobilidade, conforme mostra a Tabela
3, extraída de Malavolta (1980).

Tabela 2. Contribuição relativa da intercepção radicular, do fluxo de massa e da difusão no


fornecimento de elementos para a cultura do milho num solo fértil barro limoso

Quantidade kg ha -1 fornecidos por


necessária para
Elemento
uma colheita de Intercepção Fluxo de massa Difusão
9,1 t ha -1
N 170 2 168 0
P 35 1 2 33
K 175 4 35 136
Ca 35 60 150 0
Mg 40 15 100 0
S 20 1 19 0
B 0,2 0,02 0,7 0
Cu 0,1 0,01 0,4 0
Fe 1,9 0,2 1,0 0,7
Mn 0,3 0,1 0,4 0
Mo 0,01 0,001 0,02 0
Zn 0,3 0,1 0,1 0,1
Fonte: (Malavolta, 1980)
Tabela 3. Mobilidade comparada dos nutrientes aplicados nas folhas. Em cada grupo os
elementos aparecem em ordem decrescente

Altamente móveis Móveis Parcialmente Imóveis Imóveis


Nitrogênio Fósforo Zinco Boro
Potássio Cloro Cobre Cálcio
Sódio Enxofre Manganês
Magnésio Ferro
Molibdênio

O aspecto mobilidade é de fundamental importância na nutrição das plantas, principalmente


nas perenes, que recebem adubação de forma localizada e exploram o mesmo volume de
solo por vários anos.

Exigências nutricionais do mamoeiro

Segundo Medina (1989), o mamoeiro é uma fruteira de rápido crescimento, com


florescimento precoce e contínuo em um período relativamente curto, atingindo elevada
produção de frutos. Começa a florescer dos 5 a 7 meses de idade e a produzir frutos de 9 a
14 meses, a contar do plantio no local definitivo. Fatores como tipo de solo, precipitação
pluviométrica, localização da plantação, tratos culturais e idade das plantas influem na
prática da adubação.

Cunha (1979) conduziu um experimento com mamoeiro em condições de campo em


Botucatu-SP, objetivando avaliar o acúmulo de matéria seca pela parte aérea da planta, em
função do tempo (Figura 1). Pelos resultados verificou que o acúmulo de matéria seca do
caule foi inicialmente lento até aproximadamente 180 dias após o plantio, aumentando no
período de 180 a 330 dias e reduzindo novamente até aos 360 dias. Observou que até cerca
de 240 dias após o plantio, a produção de matéria seca das folhas foi maior que do caule,
invertendo-se posteriormente em conseqüência da abcisão das folhas mais velhas. A
matéria seca produzida pelas flores e frutos, que inicialmente é pequena, aumenta
rapidamente em função do desenvolvimento dos frutos, após 300 dias do plantio,
participando no final do período estudado com 23% da matéria seca total produzida pelos
órgãos aéreos do mamoeiro.
Figura 1. Produção de matéria seca pelos órgãos aéreos da planta de mamoeiro, em função
da idade (Dados do primeiro ano).

O acumulo de matéria seca pela parte aérea, após um ano de desenvolvimento do mamoeiro
no campo foi, em média, de 2289 g por planta, correspondendo a 3,8 t ha -1, para uma
população de 1650 plantas (espaçamento de 3x2 m).

O mesmo autor avaliou nesse experimento o acumulo de nutrientes, em função do tempo de


cultivo. Observou que a marcha de absorção de macronutrientes (Figura 2) e
micronutrientes (Figura 3) pela parte aérea do mamoeiro, seguem a mesma tendência dos
acumulos de matéria seca pela planta (Figura 1).

Quanto aos macronutrientes foi observado que o nitrogênio e o potássio constituíram-se nos
nutrientes com alta exigência pelo mamoeiro. Embora aos 210 dias a necessidade da planta
pelo K seja superior a do N, o contrário ocorreu aos 330 dias (Figura 2). O mamoeiro
apresentou exigência nutricional intermediária para o Ca, seguido do Mg, S e P.

Assim, no final do ciclo da cultura (360 dias), a parte aérea do mamoeiro acumulou (em kg
ha -1) 108,4; 103,6; 37,0; 15,7; 11,9 e 9,7 de K, N, Ca, Mg, S e P respectivamente.

Dentre os micronutrientes, o mamoeiro apresentou maior exigência pelo Fe, seguido pelo
Mn, com uma necessidade intermediária e semelhante para o Zn e B. Menor exigência foi
observada para o Cu e por último para o Mo, com absorção muito pequena.
Figura 2. Absorção média de macronutrientes pela parte aérea total do mamoeiro, em
função da idade, considerando-se 1650 plantas por ha (Dados do primeiro ano)

Figura 3. Absorção média de micronutrientes pela parte aérea total do mamoeiro, em


função da idade, considerando-se 1650 plantas por ha (Dados do primeiro ano)

No final do ciclo da cultura (360 dias), a parte aérea do mamoeiro acumulou(em g ha -1)
338,2; 211,1; 106,4; 101,5, 29,7 e 0,3 de Fe, Mn, Zn, B, Cu e Mo respectivamente.

É oportuno salientar que as informações sobre nutrientes acumulados na planta não


constituem a sua exigência total, visto que neste trabalho, Cunha (1979) computou apenas a
parte aérea, desconsiderando-se o sistema radicular. Portanto, a necessidade total da planta
será maior que a apresentada.

Nota-se, assim, que o mamoeiro é uma espécie frutífera de crescimento rápido e constante,
implicando em uma exigência proporcional em todas as fases de crescimento (Vitti et al.,
1989).

Thomas et al. (1995) verificaram em um experimento em vasos com solução nutritiva,


utilizando a técnica do elemento faltante, que alguns nutrientes limitaram
significativamente o crescimento do mamoeiro. O N e o K foram os que mais afetaram o
desenvolvimento e, em menor proporção o Zn. A omissão do Mg, Mn e Fe não afetou o
crescimento da planta.

Quanto a exportação de macronutrientes pela colheita (48,8 t ha -1 de frutos) verificou-se a


seguinte ordem decrescente: K>N>Ca>P=S>Mg, correspondendo, em kg/ha/ano, a 103,4;
86,7; 17,1; 10,0; 10,0; 9,6 respectivamente. Para os micronutrientes esta ordem
descrescente foi de: Fe>Mn>Zn>B>Cu>Mo, correspondendo, em g/ha/ano, a 164,3; 90,2;
67,7; 48,3; 16,1; 0,4 respectivamente (Cunha, 1979).

Raij et al. (1997) avaliaram a exportação de nutrientes por mamoeiros produzindo na faixa
de 30-40 t ha -1 (Tabela 1). Esses resultados servem para estimar a retirada de elementos
pelas colheitas em pomares formados. O conteúdo de nutrientes na vegetação de um pomar
(árvore inteira) de alta produtividade, representa cerca de 3 a 4 vezes a extraída em uma
colheita elevada.

Tabela 1. Nutrientes exportados pela cultura do mamoeiro.

N P K S
-1
kg t
1,8 0,3 1,6 0,2

Estes resultados mostram que os dois nutrientes mais exportados pelo mamoeiro são o
nitrogênio e o potássio.

Cabe salientar, ainda, que os genótipos da planta podem diferir quanto à exigência e
absorção de nutrientes. Nesse sentido, Barreto et al. (2002) avaliaram 10 genótipos de
mamoeiro dos grupos solo e formosa, quanto a absorção de nutrientes, em amostras do
terço médio dos pecíolos da 11ª folha, coletadas no início do florescimento. Observaram
que o grupo solo, apresentou maior exigência em Ca e Mg e o grupo formosa em P e Cu,
mantendo a proporcionalidade para os demais elementos.

Sintomas de deficiência dos nutrientes em mamoeiro

Embora para culturas anuais a diagnose visual tenha pouca importância prática, em culturas
perenes, como mamoeiro, é uma ferramenta adicional para o manejo da adubação, pois
reflete desequilíbrios nutricionais que podem ser corrigidos no mesmo ano agrícola. Os
resultados experimentais utilizando a técnica da omissão de nutrientes, e seus efeitos no
mamoeiro, concentram-se basicamente nos macronutrientes.

Em trabalho pioneiro Muñoz et al., (1966) estudaram a sintomatologia de deficiências de


macronutrientes e do boro em mamoeiros do Chile, utilizando a espécie Carica
candamarcensis Hook. No Brasil, outro estudo com os macronutrientes, exceto o S, foi
desenvolvido por Cunha & Haag, (1980). Posteriormente, foram descritos os sintomas de
carência de Mn e Mo (Agarwala et al., 1986) e de Zn (Nautiyal et al., 1986) que constam da
Tabela 1.
Tabela 1. Alterações provocadas no mamoeiro por deficiências minerais

Nutriente Descrição dos sintomas visíveis

Os primeiros sintomas de deficiência iniciaram aos dez dias após a omissão do


nutriente, com perda das características das folhas novas com cor verde claro e
tomando uma coloração verde de folha madura. Em seguida, desenvolveu-se
clorose generalizada desde as folhas inferiores até as superiores. Em estado
mais avançado da deficiência, todo o limbo foliar adquiriu uma coloração
N amarelo-ouro com abscissão prematura das folhas. O crescimento da planta foi
reduzido em altura, no tamanho das folhas e diâmetro basal do caule. (Muñoz
et al., 1966)
Inicia-se com uma leve clorose das folhas do terço inferior. A seguir, acentua-
se a clorose chegando às quedas das folhas. As folhas mais novas presentam
limbo pouco desenvolvido e o pecíolo mais delgado. (Cunha & Haag, 1980)

Os primeiros sintomas de deficiência começaram aos dezoito dias após a


omissão do fósforo, com o aparecimento de uma cor verde-escura nas folhas
mais jovens que logo passou para as inferiores. As folhas apresentavam-se
mais grossas e duras. Com o tempo a deficiência nas folhas inferiores
tornaram-se cloróticas, semelhante a deficiência de nitrogênio. Os pecíolos
adquiriram uma coloração avermelhada devido ao aparecimento de pequenos
P pontos vermelhos e ainda houve queda prematura de folhas. O
desenvolvimento da planta foi bastante reduzido, apresentando um caule fino
com internódios curtos. (Muñoz et al., 1966)
Clorose generalizada das folhas basais seguida da queda das mesmas. Em
folhas em fase final de desenvolvimento, inicialmente a clorose é localizada
em alguns lóbulos, os quais apresentam bordos necrosados e enrolados para
baixo. (Cunha & Haag, 1980)

O início da sintomatologia na planta ocorreu aos 15 dias após a omissão do


potássio. Os sintomas iniciaram com clorose na margem das folhas do terço
médio. Sobre esta zona clorótica apareceram manchas arredondadas escuras,
que ao se unirem formaram "queimaduras" marginais. A "queimadura"
estendeu-se para o interior do limbo até as nervuras principais, tomando a
folha inteira uma coloração parda-escura com enrolamento dos lóbulos para
cima. Os pecíolos tornaram-se verde amarelados e posteriormente, ocorreu a
queda das folhas. Um segundo sintoma que se desenvolveu paralelamente a
K
este foi o aparecimento de áreas cloróticas internervais nas folhas mais novas,
mantendo-se verde as áreas próximas às nervuras. Este sintoma apareceu até a
sexta folha a partir do ápice. Um terceiro sintoma surgiu nas folhas inferiores,
com aparecimento de pequenos pontos brancos ao longo das nervuras e
posteriormente apareceram as "queimaduras" já descritas. (Muñoz et al., 1966)
Aparecimento de áreas cloróticas internervais e marginais contornando todo o
limpo foliar. Pontos necróticos esbranquiçados nas cloroses internervaise
castanhos nas extremidades dos lóbulos com clorose marginal. Queda de
folhas menos acentuada do que nos casos de deficiência de N e P. (Cunha &
Haag, 1980)

Os sintomas de deficiência de cálcio iniciaram aos 28 dias apos o início da


omissão deste elemento, com aparecimento de necroses nas extremidades das
folhas mais jovens do ápice. As folhas um pouco mais velhas que as anteriores
apresentavam seus tecidos internervais com aparência desidratada e com um
brilho oleoso desde a base até as extremidades. Na página inferior destas
folhas surgiram pontos aquosos por onde de exudava um líquido branco que
posteriormente cristalizava tomando uma cor avermelhada. A seguir, estas
folhas apresentavam manchas necróticas nos bordos, com enrolamento dos
lóbulos para cima. As folhas secavam porém, não se destacavam da planta. As
folhas inferiores apresentavam-se cloróticas e em algumas delas as nervuras
Ca
adquiriram uma coloração avermelhada. Nestas folhas surgiram pontos
avermelhados que correspondiam, na página inferior, com pontos de
exudação. Os lóbulos destas folhas enrolavam-se para cima com posterior
queda das folhas. Os autores salientam que a deficiência deste elemento foi a
mais acentuada entre as demais. (Muñoz et al., 1966)
Inicia-se com clorose marginal com poucos necróticos nas folhas. Internódios
curtos, folhas murchas pecíolos inclinados para baixo e folhas com nervuras
principais arqueadas. No limbo das folhas novas aparecem áreas translúcidas,
tornando-se esbranquiçadas com a necrose. Pequena queda de folhas. ( Cunha
& Haag, 1980)

Os sintomas de deficiência surgiram aos 18 dias após o início dos tratamentos.


O primeiro sintoma de deficiência foi leve clorose internerval nas folhas
situadas no terço médio do caule. Posteriormente nessas folhas apareceram
manchas cloróticas em todo limbo, que posteriormente se transformaram em
áreas necróticas arredondadas. Outro sintoma que ocorreu nas folhas médias
foi o aparecimento de manchas de cor verde escuro, assemelhando-se a tecido
desidratado, que avançam desde a ponta dos lóbulos até a base das folhas.
Com o prosseguimento da deficiência, as margens da folha enrolaram para
cima, dando à folha o formato semelhante a uma colher. O pecíolo tomou uma
coloração verde claro, adelgando-se na zona de inserção com o limbo e
posteriormente com a queda prematura das folhas. Nas folhas do terço
Mg
superior, o primeiro sintoma foi uma clorose internerval, permanecendo uma
linha verde ao longo das nervuras principais. A continuação da deficiência
produziu uma desidratação internerval que se transformou em manchas
brancas e posteriormente necrose e queda prematura das folhas. (Muñoz et al.,
1966)
Inicia-se com leve clorose generalizada das folhas. Clorose internerval com
aspecto rendilhado e encurvamento para cima nos bordos das folhas. Pouco
desfolhamento. Dentre os micronutrientes, o boro é o nutriente mais discutido
no mamoeiro. Costa et al. (1976) observaram que a deficiência de B no
mamoeiro provoca uma anomalia caracterizada pela deformação das frutas e
secreção de látex do fruto. (Cunha & Haag, 1980)
Os primeiros sintomas de deficiência começaram aparecer aos 50 dias após a
omissão do enxofre. As folhas novas, apresentaram cor verde claro passando
S para verde amarelado. As áreas próximas às nervuras principais,
permaneceram verdes. Este sintoma não ocorreu nas folhas inferiores,
afetando-se apenas as folhas novas. (Muñoz et al., 1966)

O começo da sintomatologia ocorreu aos 38 dias após a omissão do boro. As


folhas novas tornaram-se de coloração verde escuro, semelhante à deficiência
de fósforo. Ao mesmo tempo, ocorreu exudação de látex branco que após sua
cristalização tomou uma coloração avermelhada, como ocorre com a
deficiência de cálcio. Um segundo sintoma foi o aparecimento de manchas de
coloração verde claro entre as nervuras principais das folhas situadas nos
B
terços inferior e médio do caule. Estas manchas posteriormente tornavam-se
amarelas. Um sintoma geral foi a consistência dura e rígidas das folhas,
começando nas superiores e progredindo para as inferiores. (Muñoz et al.,
1966)
A deficiência de B provoca uma anomalia caracterizada pela deformação das
frutas e secreção de látex do fruto. (Costa et al., 1976)

A deficiência de molibdênio causa redução no crescimento da planta e clorose


internerval de folhas velhas, que inicia na extremidade dos lóbulos. Com a
Mo
evolução dos sintomas, as manchas cloróticas tornam-se esbranquiçadas e com
depressões. (Agarwala et al., 1986)

A deficiência de zinco resulta em redução do crescimento do limbo foliar com


o aparecimento de clorose irregular entre as nervuras de folhas intermediárias.
Zn As folhas novas e as do ponteiro permanecem normais. As margens das folhas
com sintomas curvam-se para os intermediários tornam-se muito curtos, sendo
umas das principais características da deficiências. (Nautiyal et al., 1986)

Os nutrientes e a qualidade dos frutos do mamoeiro

A busca pela maximização de retorno econômico da atividade agrícola depara-se, muitas


vezes, com o desafio de aumentar a produção sem afetar a qualidade do produto final.
Aumentos na produção, proporcionados pelo emprego de fertilizantes, devem ser
acompanhados pelo aumento ou manutenção da qualidade dos frutos produzidos.
Atualmente, com a globalização dos mercados, tem-se maior exigência para produtos
agrícolas com alta qualidade.

A interação entre a nutrição de plantas e a qualidade dos frutos tem ganhado importância
em trabalhos experimentais com diversas culturas, dada a conhecida melhoria das
características físicas, e mesmo bioquímicas do fruto, com reflexos diretos na relação
custo/benefício do produto final.
Marinho et al. (2001) estudaram em mamoeiro cv. Improved Sunrise Solo Line 72/12,
irrigado, doses de N (10, 20 e 30 g planta-1 mês-1), e duas fontes de nitrogênio (sulfato de
amônio e nitrato de amônio) sobre algumas características qualitativas dos frutos. Iniciou-se
a adubação 30 dias após o plantio das mudas. O aumento da dose de N, aplicado na forma
de nitrato de amônio, promoveu o incremento do número de frutos, sem diminuir o teor de
sólidos solúveis. Quando a fonte de nitrogênio empregada foi o sulfato de amônio, o
aumento da dose de N, também promoveu o incremento do número de frutos, entretanto foi
observada uma redução linear na porcentagem de sólidos solúveis totais. Além disso, o
nitrato aumentou o conteúdo de vitamina C dos frutos.

Viégas (1997) observou um aumento da produção de frutos em função da elevação da


adubação nitrogenada, sem que houvesse queda na porcentagem de sólidos solúveis totais,
utilizando a uréia como fonte de N. Reddy et al. (1986) observaram que a aplicação de N
no mamoeiro não diminuiu significativamente o teor de sólidos solúveis dos frutos.

Luna & Caldas (1984) observaram que a adubação crescente com uréia como fonte de N
não alterou os teores de sólidos solúveis totais.

Fernandes et al. (1990) verificaram uma redução na porcentagem de sólidos solúveis na


polpa do mamão em função de aumentos na aplicação de N; entretanto, as doses de P não
afetaram esta variável.

Um outro aspecto da adubação nitrogenada é a possibilidade de acumular altos níveis de


nitratos e nitritos nos frutos in natura, propiciando o aparecimento de doenças como câncer
(estômago e esôfago), além de outras doenças em recém-nascidos. Isto pode ocorrer em
casos especiais nos quais são utilizadas elevadas doses de nitrogênio em plantas com algum
desbalanço nutricional. Isso poderia afetar a metabolização completa do N em compostos
orgânicos e, assim, haveria acúmulo de produtos não metabolizados (nitratos). Neste
sentido, tem aumentado o interesse na determinação da concentração de nitratos em
alimentos (Usher et al., citado por Fytianos & Zarogiannis, 1999).

Vasconcellos et al. (2002) avaliaram 54 amostras de mamão comercializado em Brasília,


observando que em 33% dos frutos não foi detectada a presença de nitrato de sódio. Assim,
concluíram, que apesar do pequeno número de amostras, os níveis encontrados
apresentavam certa variação, porém foram considerados valores baixos, não indicando risco
toxicológico ao consumidor.

Outro aspecto importante da nutrição e qualidade de frutos, é o aumento da "vida de


prateleira", com ganhos durante o processo de distribuição e comercialização do produto. O
cálcio é o nutriente mais estudado, visando a ampliação da vida pós-colheita dos frutos em
geral. A deficiência desse elemento leva a uma deterioração acentuada das membranas,
com alteração em sua arquitetura, fluidez e permeabilidade à passagem de água (Poovaiah,
1986). Portanto, a simples aplicação de Ca ao fruto pode adiar o amadurecimento e a
senescência, devido a redução da respiração, da evolução do etileno e da perda de massa
fresca, mantendo as qualidades organolépticas dos frutos (Awad, 1993).
Aumentos no conteúdo de cálcio em frutos atrasam a senescência, reduzem as desordens
fisiológicas durante o armazenamento (Bangerth & Dewey, 1972) e retardaram o fenômeno
denominado "amaciamento" no mamoeiro (Qiu et al., 1995)

Em geral um teor adequado de Ca no fruto pode ser obtido pelo fornecimento via solo ou
aplicado diretamente ao fruto por pulverização ou mesmo imersão em solução (com ou sem
vácuo). Vale ressaltar os seguintes aspectos, no caso da aplicação via solo, a fonte mais
apropriada e de mais baixo custo é o calcário, antes da implantação do pomar, uma vez que
a planta teria, durante todo o ciclo de desenvolvimento, uma quantidade disponível de Ca
suficiente para suprir constantemente suas exigências, visto que o elemento é considerado
imóvel na planta. Para o sucesso da aplicação via pulverização ou imersão, há necessidade
de que o elemento seja absorvido em quantidade suficiente, a fim de obter os benefícios
esperados. Para isto ocorrer, além da necessidade do conhecimento básico da fisiologia do
fruto em questão, a exemplo do número de estômatos, deve-se atentar para o uso de fontes
de Ca altamente solúveis e, até, de mecanismos que aumentem a velocidade de absorção,
como físicos (temperatura, vácuo) ou químicos (substâncias estimulantes).

Assim, Calore et al. (2000) avaliaram a aplicação de Ca, em frutos do mamoeiro, em


solução (0 a 3% de CaCl2), por imersão durante 1 h. Em seguida, os frutos foram
armazenados durante 15 dias (11oC e 85-90% UR), avaliando-se a cada 3 dias, algumas
características físicas e tecnológicas (perda de massa fresca, coloração, taxa respiratória,
textura, pH, ATT, SST, Ratio, teor de Ca na casca, e na polpa) dos frutos. Os resultados
indicaram que a aplicação de Ca nos frutos do mamoeiro não afetou as variáveis analisadas,
exceto a cor da casca.

Marcellini et al. (2002) avaliaram a aplicação de CaCl2 em mamão minimamente


processado (grupo Hawai, variedade Baixinho de Santa Amália). Pelos resultados, o
tratamento com cálcio não alterou os parâmetros de qualidade sensorial (aparência, aroma,
sabor, textura e impressão global) após 4 dias de armazenamento a 10 °C. Assim, novos
estudos devem ser conduzidos buscando o prolongamento do período de armazenamento e
trabalhando-se com outras técnicas de conservação aliadas refrigeração, que garantam
condições microbiológicas adequadas, além de viabilidade econômica.

Quanto ao efeito da calagem na qualidade dos frutos, inexistem resultados experimentais.

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