Mamão - Nutrição PDF
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Aspectos Gerais
Em termos quantitativos, o ar é uma fonte de nutrientes muito mais importante que o solo.
Embora a água seja a substância principal na composição da matéria vegetal (70-80%), o
carbono e o oxigênio (provenientes do ar na forma de CO2) constituem 90% da matéria
seca das plantas. O solo participa com 1/20 do total dos elementos químicos que compõem
a massa vegetal. Assim, dos três meios que fornecem elementos para as plantas (água, ar e
solo), este último é o que apresenta menor contribuição, sendo, entretanto, imprescindível,
pois fornece materiais essenciais ao desenvolvimento e produção vegetal.
Segundo Arnon & Stout (1939), para um elemento ser considerado essencial, ele deve
satisfazer a três critérios:
Cada nutriente desempenha funções definidas dentro da planta e nenhum pode ser
completamente substituído por outro. Conquanto cada elemento desempenhe certas funções
específicas, todos devem estar juntos para produzir melhores resultados. Deve ser
lembrado, entretanto, que o efeito de cada nutriente, em particular no crescimento da
planta, depende da reserva dos outros elementos essenciais (Lei do Mínimo de Liebig), e
nenhum efeito de cada elemento pode ser interpretado isoladamente (Fageria, 1984).
Um resumo das principais funções dos nutrientes de plantas aparece nas Tabelas 1 e 2,
extraídas de Malavolta (1980).
O acumulo de matéria seca pela parte aérea, após um ano de desenvolvimento do mamoeiro
no campo foi, em média, de 2289 g por planta, correspondendo a 3,8 t ha -1, para uma
população de 1650 plantas (espaçamento de 3x2 m).
Quanto aos macronutrientes foi observado que o nitrogênio e o potássio constituíram-se nos
nutrientes com alta exigência pelo mamoeiro. Embora aos 210 dias a necessidade da planta
pelo K seja superior a do N, o contrário ocorreu aos 330 dias (Figura 2). O mamoeiro
apresentou exigência nutricional intermediária para o Ca, seguido do Mg, S e P.
Assim, no final do ciclo da cultura (360 dias), a parte aérea do mamoeiro acumulou (em kg
ha -1) 108,4; 103,6; 37,0; 15,7; 11,9 e 9,7 de K, N, Ca, Mg, S e P respectivamente.
Dentre os micronutrientes, o mamoeiro apresentou maior exigência pelo Fe, seguido pelo
Mn, com uma necessidade intermediária e semelhante para o Zn e B. Menor exigência foi
observada para o Cu e por último para o Mo, com absorção muito pequena.
Figura 2. Absorção média de macronutrientes pela parte aérea total do mamoeiro, em
função da idade, considerando-se 1650 plantas por ha (Dados do primeiro ano)
No final do ciclo da cultura (360 dias), a parte aérea do mamoeiro acumulou(em g ha -1)
338,2; 211,1; 106,4; 101,5, 29,7 e 0,3 de Fe, Mn, Zn, B, Cu e Mo respectivamente.
Nota-se, assim, que o mamoeiro é uma espécie frutífera de crescimento rápido e constante,
implicando em uma exigência proporcional em todas as fases de crescimento (Vitti et al.,
1989).
Raij et al. (1997) avaliaram a exportação de nutrientes por mamoeiros produzindo na faixa
de 30-40 t ha -1 (Tabela 1). Esses resultados servem para estimar a retirada de elementos
pelas colheitas em pomares formados. O conteúdo de nutrientes na vegetação de um pomar
(árvore inteira) de alta produtividade, representa cerca de 3 a 4 vezes a extraída em uma
colheita elevada.
N P K S
-1
kg t
1,8 0,3 1,6 0,2
Estes resultados mostram que os dois nutrientes mais exportados pelo mamoeiro são o
nitrogênio e o potássio.
Cabe salientar, ainda, que os genótipos da planta podem diferir quanto à exigência e
absorção de nutrientes. Nesse sentido, Barreto et al. (2002) avaliaram 10 genótipos de
mamoeiro dos grupos solo e formosa, quanto a absorção de nutrientes, em amostras do
terço médio dos pecíolos da 11ª folha, coletadas no início do florescimento. Observaram
que o grupo solo, apresentou maior exigência em Ca e Mg e o grupo formosa em P e Cu,
mantendo a proporcionalidade para os demais elementos.
Embora para culturas anuais a diagnose visual tenha pouca importância prática, em culturas
perenes, como mamoeiro, é uma ferramenta adicional para o manejo da adubação, pois
reflete desequilíbrios nutricionais que podem ser corrigidos no mesmo ano agrícola. Os
resultados experimentais utilizando a técnica da omissão de nutrientes, e seus efeitos no
mamoeiro, concentram-se basicamente nos macronutrientes.
A interação entre a nutrição de plantas e a qualidade dos frutos tem ganhado importância
em trabalhos experimentais com diversas culturas, dada a conhecida melhoria das
características físicas, e mesmo bioquímicas do fruto, com reflexos diretos na relação
custo/benefício do produto final.
Marinho et al. (2001) estudaram em mamoeiro cv. Improved Sunrise Solo Line 72/12,
irrigado, doses de N (10, 20 e 30 g planta-1 mês-1), e duas fontes de nitrogênio (sulfato de
amônio e nitrato de amônio) sobre algumas características qualitativas dos frutos. Iniciou-se
a adubação 30 dias após o plantio das mudas. O aumento da dose de N, aplicado na forma
de nitrato de amônio, promoveu o incremento do número de frutos, sem diminuir o teor de
sólidos solúveis. Quando a fonte de nitrogênio empregada foi o sulfato de amônio, o
aumento da dose de N, também promoveu o incremento do número de frutos, entretanto foi
observada uma redução linear na porcentagem de sólidos solúveis totais. Além disso, o
nitrato aumentou o conteúdo de vitamina C dos frutos.
Luna & Caldas (1984) observaram que a adubação crescente com uréia como fonte de N
não alterou os teores de sólidos solúveis totais.
Em geral um teor adequado de Ca no fruto pode ser obtido pelo fornecimento via solo ou
aplicado diretamente ao fruto por pulverização ou mesmo imersão em solução (com ou sem
vácuo). Vale ressaltar os seguintes aspectos, no caso da aplicação via solo, a fonte mais
apropriada e de mais baixo custo é o calcário, antes da implantação do pomar, uma vez que
a planta teria, durante todo o ciclo de desenvolvimento, uma quantidade disponível de Ca
suficiente para suprir constantemente suas exigências, visto que o elemento é considerado
imóvel na planta. Para o sucesso da aplicação via pulverização ou imersão, há necessidade
de que o elemento seja absorvido em quantidade suficiente, a fim de obter os benefícios
esperados. Para isto ocorrer, além da necessidade do conhecimento básico da fisiologia do
fruto em questão, a exemplo do número de estômatos, deve-se atentar para o uso de fontes
de Ca altamente solúveis e, até, de mecanismos que aumentem a velocidade de absorção,
como físicos (temperatura, vácuo) ou químicos (substâncias estimulantes).