Trabalho de Geofisica I
Trabalho de Geofisica I
Trabalho de Geofisica I
=
m
pm
012
42
onde m 0 e m R são constantes que representam a permeabilidade magnética no vácuo e a
permeabilidade magnética relativa do meio que separa os pólos. A força é atrativa se os
pólos são de sinais diferentes e repulsiva se eles têm o mesmo sinal.
O campo magnético B devido a um pólo de intensidade m a uma
distância r do pólo, é definido como a força exercida por um pólo positivo unitário naquele
ponto
Bm
r
R
=
m
pm
0
42
A unidade de medida do campo B é expresso em Gauss (G) no sistema cgs ou
10-4 Tesla (T) no Sistema Internacional (S.I.). A última unidade é muito grande para
quantificar as amplitudes das anomalias magnéticas produzidas pelas rochas, portanto,
usualmente utiliza-se a sub-unidade o nanotesla (nT) onde 1 nT = 10 -9 T. No sistema cgs,
utiliza-se o gama ( g ), que equivale a 10-5 G.
A intensidade da magnetização induzida Ji de um material é definido como
momento de dipolo por unidade de volume do material:
J
i=
M
LA VI-8
onde M é o momento magnético de uma amostra de comprimento L e seção plana com
área A . Portanto a unidade de Ji é expressa em Am-1. No sistema cgs a intensidade de
magnetização é expressa em cm-3 (e.m.u. = unidade eletromagnética em inglês), onde 1
e.m.u. cm-3 = 1000 Am-1.
A intensidade da magnetização induzida é proporcional à intensidade da força B do
campo indutor:
Ji = c B
onde c é susceptibilidade magnética do material. Ji e B são medidos em Am -1, a
susceptibilidade não tem dimensão no sistema S.I. No sistema cgs a susceptibilidade é
igualmente sem dimensão, mas devido à racionalização do sistema S.I. os valores de
susceptibilidade neste sistema têm valores que são um fator 4p maior que os valores no
sistema cgs.
A maioria dos minerais que compõem a rocha tem uma susceptibilidade magnética
baixa. O tamanho, a forma e a dispersão dos grãos magnéticos dentro da rocha afetam
sua característica magnética, mesmo assim, pode-se classificar o comportamento
magnético da rocha de acordo com seu conteúdo total de magnetita. A figura abaixo
mostra os valores da susceptibilidades magnéticas dos tipos mais comuns de rochas. VI-9
As rochas básicas são usualmente as mais magnéticas devido a um conteúdo
maior de magnetita. A proporção de magnetita em rocha ígnea tende a decrescer com o
aumento da acidez das rochas ígneas, fazendo com que em geral, as rochas igneas ácidas
sejam menos magnética do que as rochas básicas. Rochas metamórficas apresentam
propriedades magnéticas muito diferentes, mas em média estas tendem a ser menores do
que as das rochas ígneas. As rochas sedimentares são praticamente não magnéticas, no
sentido de que não produzem anomalias, porque em geral seu conteúdo de magnetita é
pequeno.
O outro tipo de magnetização que a rocha apresenta, é aquela adquirida durante a
sua formação, e é chamada de magnetização remanente, porque é aquela que
permanece na rocha mesmo na ausência do campo magnético indutor. Durante a
formação da rocha, ao se resfriar abaixo da temperatura de Curie de seus minerais
magnéticos, a rocha adquire uma magnetização permanente denominada termoremanente.
Esta magnetização é mais comum em rochas ígneas. A magnetização
registrada na rocha reflete a direção e intensidade do campo geomagnético existente na
Terra no momento da formação da rocha, e é a base do método Paleomagnético que será
descrito mais adiante.
As causas mais comuns de anomalias magnéticas incluem diques, sils falhados,
deformados e truncados, fluxo da lavas, intrusões básicas, rochas do embasamento
metamórfico e corpos mineralizados de magnetita. As anomalias magnéticas variam em
amplitude de algumas dezenas de nT sobre embasamento metamórfico a algumas
centenas de nT sobe intrusões básicas, e podem alcançar alguns milhares de nT sobre
mineralizações de magnetita.
As medidas do campo magnético são feitas através de magnetômetros e podem
ser efetuadas em terra, por aviões, satélite e em navios e por dependerem menos do
conhecimento preciso de altitude, eles são mais fácies e baratos de serem conduzidos do
que os levantamentos gravimétricos. Para se isolar a componente do campo
geomagnético devido a corpos magnetizados em subsuperfície, é necessário que sejam
eliminados das medidas os efeitos das variações temporais do campo (variações seculares
e diurnas).
O objetivo final do método magnético é de fornecer informações
quantitativas sobre a fonte causadora da anomalia, ou seja, um modelo geológico. Ao
contrário do método gravimétrico onde uma anomalia isolada tem apenas um sinal, ou VI-10
seja, é positiva ou negativa, a anomalia magnética tem duplo sinal por ser de natureza
dipolar. A figura abaixo mostra a anomalia magnética associada a um único corpo
magnético, para o caso de magnetização induzida por um campo geomagnético com
inclinação de 45o.
PALEOMAGNETISMO E MAGNETOESTRATIGRAFIA
Como visto anteriormente, as propriedades magnéticas das rochas (através de
seus minerais magnéticos), permite que as rochas gravem informações sobre o campo
geomagnético da época em que a rocha se formou. Essa magnetização permanente
(ou remanente) adquirida pelas rochas pode ser investigada com o auxílio de
equipamentos muito sensíveis, os magnetômetros, e assim, a própria história do
magnetismo terrestre pode ser desvendada. Este método de estudo é chamado de
Paleomagnetismo.
O Paleomagnetismo é uma das principais ferramentas para o estudo dos
movimentos das placas litosféricas que formam a superfície da Terra. Com este método é
possível quantificar os deslocamentos das placas ocorridos através do tempo geológico.
Isto quer dizer, podemos reconstruir toda a trajetória da placa da América do Sul, por
exemplo, saber quando ela se uniu à placa da África, e quando se separou. Podemos
também verificar como a placa Sul-Americana se formou a partir da junção VI-11
(amalgamento) de pequenas placas pré-existentes há cerca de 500 milhões de anos
atrás.
O estudo desses movimentos é possível porque existe uma relação entre
inclinação (I) das linhas de força ou linhas de campo geradas por um dipolo magnético
(modelo do campo magnético da Terra) e a latitude geográfica (f):
tanI = 2tanÖ
Com este dado é possível calcular a latitude (neste caso a paleolatitude) em que
se encontra uma determinada placa litosférica. Por exemplo, estudos realizados em
rochas sedimentares com idade de aproximadamente 250 milhões de anos e localizadas
na parte leste do Estado de Alagoas, revelaram que a inclinação média do campo
magnético que atuou durante a sedimentação dessas rochas, era de aproximadamente
23°. Calculando-se a paleolatitude pela equação acima, chega-se à conclusão que essas
rochas foram magnetizadas quando estavam a latitudes bem maiores do que a atual
(10ºS). De fato, as observações geológicas indicam que esses sedimentos formaram-se
em ambientes de clima frio e, portanto, não poderiam estar tão próximas do equador
geográfico.
A Magnetoestratigrafia ou Estratigrafia Magnética é uma parte do
Paleomagnetismo que fornece dados adicionais para o estabelecimento da estratigrafia de
seqüências de rochas sedimentares. Baseia-se, principalmente, na seqüência de inversões Pólo
Magnético VI-12
de polaridade registradas enquanto os sedimentos se depositavam. Estas informações
ajudam a determinar a idade dos sedimentos, as velocidades de deposição e permitem
comparar duas seqüências sedimentares localizadas a distância. Os testemunhos
recuperados de poços de sondagem, nem sempre mostram exatamente as mesmas
características sedimentares, mesmo pertencendo à mesma formação geológica e tendo
se depositado simultaneamente. A comparação magnética neste caso define a relação
entre eles, usando as variações das propriedades magnéticas: inversões de polaridade e
de outras características do campo geomagnético.
MÉTODOS RADIOMÉTRICOS
O método radiométrico ou radiometria, consiste em detectar as emissões
nucleares das rochas que contêm minerais radioativos. Normalmente detecta-se a
radiação gama através de um cintilômetro ou contador Geiger. Os instrumentos
radiométricos foram desenvolvidos primordialmente para a detecção de urânio, mas logo
apareceram outras aplicações importantes. VI-13
Atualmente o método é muito usado para mapeamento geológico, identificando as
litologias pelo conteúdo radioativo. Outra aplicação comum, consiste em injetar uma
solução radioativa artificial (traçador) no subsolo ou em um aqüífero, para acompanhar
a trajetória dessa solução. O objetivo nesse caso pode ser, por exemplo, verificar a
possibilidade de infiltrações que possam vir a contaminar o aqüífero.
Em laboratório, entretanto, existe um maior número de aplicações. O emprego de
métodos e técnicas que envolvem a radioatividade caracteriza a área da Geofísica
chamada de Geofísica Nuclear.
Uma das aplicações mais importantes é a possibilidade de se determinar a idade
das rochas através do estudo das razões entre certos elementos radioativos e seus
produtos. Os métodos mais comuns são K-Ar (Potássio-Argônio), Rb-Sr (RubídioEstrôncio), U-
Pb (Urânio-Chumbo), Ar-Ar entre outros. Os diversos métodos são aplicáveis
dependendo do tipo de rocha e da idade esperada através de observações geológicas.
Em laboratório pode-se também determinar com precisão a quantidade com que
os elementos radioativos ou seus isótopos comparecem numa rocha. Este estudo poderá
revelar vários aspectos da história geológica dessa rocha, ou estabelecer comparações
entre vários tipos semelhantes de um mesmo tipo de rocha. Por exemplo, se elas podem
ter se formado a partir da mesma fonte de magma, no caso de rochas ígneas, ou se
derivam da mesma rocha-fonte, através da erosão, no caso de rochas sedimentares.
MÉTODO TERMOMÉTRICO
Medidas de temperatura na superfície da Terra revelam a existência de zonas em
seu interior onde a temperatura é maior, ou seja, onde existem anomalias térmicas.
Estas anomalias podem ser devidas à existência de falhas por onde circulam águas VI-14
quentes, à concentração de elementos radioativos produzindo calor, ou ainda à existência
de zonas anormalmente quentes em regiões mais profundas.
A temperatura determinada na superfície depende da condutividade térmica
das rochas (ver seção V) e do calor específico das mesmas. O calor específico é
definido como a quantidade de calor que se tem que fornecer a uma substância para que
sua temperatura aumente de 1 oC. A maioria dos materiais geológicos quando secos têm
calor específico entre 0,2 e 0,3 e a água tem calor específico igual a 1. Por esta razão, os
aqüíferos porosos e rasos se aquecem e esfriam mais lentamente em função das estações
climáticas do que as formações geológicas impermeáveis (não-porosas). A condutividade
térmica das rochas muito porosas aumenta consideravelmente quando estão saturadas de
água, porque a condutividade térmica da água é 0,0014 cal/cm.s. oC e a do ar seco é
0,00006.
De acordo com a lei de Fourier, a quantidade de calor (Q), ou fluxo de calor,
que atravessa uma superfície s durante um tempo t é igual a:
Q = ëts(T o-T 1)/e
e
s
T0
T1
Q onde,
ë = condutividade térmica da camada considerada;
t = intervalo de tempo;
s = área da superfície;
T
o = temperatura da superfície inferior;
T1 = temperatura da superfície superior;
e = espessura da camada; (To-T1)/e = gradiente térmico