Cartlha - Terra de Santa Cruz-COMPLETO

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PROPOSTA DE PROGRAMA

POR UM PAÍS CRISTÃO

CARLOS NOUGUÉ
PROPOSTA DE PROGRAMA

POR UM PAÍS CRISTÃO

CARLOS NOUGUÉ
2019
“ Foi-me dado todo o poder no céu e na terra:
ide, pois, e instruí todas as nações, batizando-as
em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo,
ensinando-as a observar todas as coisas


que vos mandei.
NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
“ Um ideal de pátria brasileira sem a fé católica
é um absurdo histórico, tanto como uma
impossibilidade política. Num país que surgiu,
cresceu e se desenvolveu à sombra da Cruz,
uma democracia antirreligiosa não pode


deixar de ser uma democracia artificial.
PE. JÚLIO MARIA, C.SS.R
INTRODUÇÃO

Houve um tempo em que as nações se regiam pela lei do


Evangelho, como dizia Leão XIII, e isso foi resultado da ação evan-
gelizadora dos apóstolos e discípulos de Cristo. Obedeceram à or-
dem dada pelo próprio Mestre. Em outras palavras, as nações eram
cristãs e constituíam, em conjunto, a Cristandade. Então, dentro do
possível neste vale de lágrimas, a humanidade atingiu seu ápice –
justo porque estava sob Cristo Rei, sob o estandarte de sua realeza.
Quando as nações não se põem sob este estandarte, como se viu no
outono da Idade Média e no mundo que se seguiu e se segue à vitó-
ria do liberalismo (com todas as suas mazelas de falsa democracia,
de fascismo, de comunismo, de marcusianismo), então se tornam
pasto de demônios e de nossas paixões mais vis.

O Brasil nasceu sob a Cruz de Cristo, é a terra da Santa Cruz;


sua vocação é ser cristão. E teve um momento especialíssimo, ainda
que breve: aquele em que tivemos por governante a Princesa Isabel,
destronada pelo poder golpista republicano. Ela pretendia fazer do
Brasil uma nação social-cristã nos moldes do proposto por Leão XIII
em suas grandes encíclicas. Por isso mesmo, aliás, é que decretou
o fim da escravatura. Mas desde sua queda o Brasil veio progressi-
vamente secularizando-se. Hoje vivemos o fim deste processo dra-
mático, com todo o seu cortejo de injustiças, imoralidades, crimes,
perdição da juventude, imbecilidade e feiura máximas, etc. Mas em
verdade o Brasil acompanha o mundo nessa queda para o abismo.
Poucas nações hoje se reivindicam cristãs: a Polônia, a Hungria. Há
que perguntar, portanto, se nesta situação ainda é possível que nos-
so país volte a dizer-se, propriamente, Terra da Santa Cruz.

Antes de tudo, naturalmente, como os católicos não somos


revolucionários, dependerá de que a maioria do povo o queira – por
adesão à fé ou por simpatia por suas consequências sociopolíticas.
Mas, depois, defender a realeza de Cristo e procurar que se aplique
às nações é parte da confissão de fé de todo católico, razão por que
devemos fazê-lo “com esperança contra a esperança mesma”, como
dizia o Cardeal Pie de Poitiers (o inspirador do lema do pontificado
de São Pio X: “instaurar tudo em Cristo”). Deus não nos pede que
vençamos o bom combate, mas que o combatamos – sempre. Ade-
mais, por fim, ainda que Deus não queira que o vençamos agora
– seus desígnios sempre se ordenam ao conjunto da história e sua
consumação na Parusia –, não podemos os católicos aparecer diante
da nação como apêndice de nenhuma outra corrente política. Deve-
mos aparecer com face e identidade próprias.

Por tudo isso é que apresentamos, aqui, esta proposta de


programa por um Brasil cristão. Oferecemo-la, naturalmente, a to-
dos os católicos e a todas as pessoas de boa vontade. Mas antes de
tudo a oferecemos à Liga Cristo Rei e seus centros e institutos e par-
lamentares, e a todos os demais que já entendem a necessidade de
que nosso país – e todo o mundo – se ponha sob Cristo. Não entrare-
mos, aqui, na questão do melhor regime político; apenas arrolamos
os pontos que nos parecem essenciais para que qualquer regime
possa dizer-se cristão (cf. observação 2, abaixo).

OBSERVAÇÃO 1: não por acaso esta proposta de programa


se apresenta neste portal. Este portal é lugar apropriado para
tal, e foi elaborado pelo Centro Anchieta (de Vitória, ES) para di-
vulgar todos os dias artigos, vídeos, livros, etc., que defendam
justamente a realeza de Cristo (sem acepção, em princípio, de
correntes ou grupos ou pessoas).
OBSERVAÇÃO 2: como se verá, nossa proposta de programa
arrola os referidos pontos essenciais, mas de modo adaptado às
possibilidades mínimas atuais.
I – A CONSTITUIÇÃO

1 Como preâmbulo de nossa Constituição, hão de estar os Dez


Mandamentos e a tripla virtude teologal da Fé, da Esperança e da
Caridade, além da afirmação peremptória de que nosso país se põe
sob Cristo Rei e sua Mãe, Nossa Senhora de Aparecida – assim como
a Polônia se pôs de algum modo sob Cristo Rei, e assim como a Hun-
gria se pôs constitucionalmente sob a Coroa de Santo Estêvão.

2 Nossa Constituição deve ser o mais simples possível, funda-


da em seu preâmbulo e despida de emendas e subemendas que
– como se dá, com efeito, com a atual – não só muitas vezes se con-
tradizem, mas a tornam em conjunto impraticável.

OBSERVAÇÃO: vê-se já por aí a necessidade de que a maioria


do povo adira a este programa. Sem isso, faz-se impossível qual-
quer mudança constitucional mais profunda.

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II – EDUCAÇÃO

1 A educação cristã deve ser global: filosófica ou científica, his-


tórica, artística, moral e religiosa.

aDeve-se ensinar a grande tradição filosófi-


ca e teológica clássica a alunos já desde os 14 anos, com
complexificação gradativa.

bDevem-se ensinar as chamadas ciências modernas


pelo prisma dos princípios dessa tradição.


OBSERVAÇÃO: deve-se combater a nefasta doutrina de que o
homem descende do macaco ou de qualquer ancestral comum
a ele. Nenhum animal tem potência para tornar-se intelectual ou
espiritual. Fomos feitos – varão e mulher – do barro da terra, mas
à imagem e semelhança de Deus.

cDeve-se coibir o ensino da história pelo


prisma revolucionário.

dDeve-se ensinar normativamente a gramática de nos-
sa língua materna – a chamada “língua culta” –, combatendo qual-

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quer doutrina que implique seu abastardamento ou debilitamento
sob pretexto de opor-se a preconceitos linguísticos.

e Deve-se ensinar e estimular a verdadeira arte do belo,


e combater a “arte do feio” que se veio introduzindo pouco a pouco
no mundo. Um governo cristão deve propiciar aos verdadeiros artis-
tas condições para que exerçam sua arte e estimular o surgimento
de novos, em particular entre as camadas mais carentes: é de lem-
brar o trabalho dos jesuítas que, desde o descobrimento do Brasil,
foi transformando índios e escravos em grandes artistas.

OBSERVAÇÃO: um governo católico deve combater tenazmen-


te, sobretudo pela educação mas, se necessário, também politi-
camente, toda forma de “arte” imoral ou que induza ao uso de
drogas, etc.

f Do mesmo modo, cabe a um governo cristão propi-


ciar condições o mais excelentes possível para o desenvolvimento
de tecnologia nacional.

g O ensino da moral deve fundar-se nos Dez Manda-


mentos e na lei da Caridade, o que vai de par com o ensino da Reli-
gião e da História Sagrada.

OBSERVAÇÃO: pela situação atual do país e do mundo, não se


pode impor com exclusividade o ensino da religião católica. Mas
um governo católico se dará o direito de favorecer de todas as
maneiras as escolas católicas.

h Deve-se coibir severamente o ensino da ideologia de


gênero e de toda doutrina revolucionária, isto é, que defenda a luta
de classes e a derrubada do governo por qualquer meio violento.

i Quanto à educação sexual, deve caber antes aos pais.

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2 O ensino deve ser oferecido universalmente e ser gratuito
para os necessitados; mas não deve ser obrigatório. O acesso ao
ensino em todos os níveis deve dar-se por mérito. A massificação
do ensino, quando obrigatório, tem por consequência inevitável seu
nivelamento por baixo.

3 Deve-se estimular a multiplicação de escolas para formar ar-


tesãos e operários especializados.

OBSERVAÇÃO: não se trata, em nenhum desses casos, de en-


sino estatal, conquanto o governo cristão possa participar subsi-
diariamente do ensino, a fim de suprir lacunas não preenchidas
pelas iniciativas particulares.

4 Um governo católico deverá ter canais radiotelevisivos pró-


prios ou que o apoiem, não para fazer propaganda de si, mas para
divulgar a boa arte (música clássica, o melhor cinema, etc.), para
apresentar programas científicos e documentários não anticristãos,
para propiciar ao povo noticiários verazes, etc.

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III – MODO DE GOVERNAR

1 Um governo cristão, independentemente da forma de re-


gime que se adote, deve governar apoiado nos chamados “cor-
pos intermediários”, ou seja, organizações espontâneas da
própria sociedade.

a Antes de tudo, a família, a célula-mãe de toda a socie-


dade, e cujos poderes e direitos são invioláveis. Entre esses poderes,
está o dos pais – varão e mulher – de ensinar a seus filhos como
bem entenderem.

bDaí a importância de que os homeschoolers se organi-


zem em associações que atuem em harmonia com o governo.

c Os sindicatos devem orientar-se pelo dito por Leão XIII


em sua encíclica Rerum novarum, ou seja, deixar de ser instrumentos
de luta de classes sem deixar, porém, de fazer-se ouvir pelo governo
em caso de impasses com os patrões.

d Vale o mesmo, mutatis mutandis, para os


sindicatos patronais.

e No caso porém das médias e pequenas empresas,


deve-se estimular a formação de sindicatos mistos de patrões
e empregados.

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f Devem voltar a existir as corporações de artistas, de
artesãos e de operários manufatureiros, as quais, enquanto existi-
ram, propiciaram aos trabalhadores sua época áurea.

g É também de grande importância que os filóso-


fos ou cientistas, os juristas, os professores, etc., se constituam
em associações de modo que se façam ouvir permanentemente
pelo governo.

h Convém ainda que se crie uma sorte de conselho de


todas as organizações espontâneas da sociedade que se reúna pe-
riodicamente com o governo.

2 Governar cristãmente com os corpos intermediários da so-


ciedade não implica fazer deles apêndices do governo: isso é pró-
prio do fascismo e do comunismo. Ao contrário, implica que esses
mesmos corpos sirvam para impedir quaisquer exorbitações do
poder central.

3 Um governo cristão deve reduzir o aparato burocrático esta-


tal ao mínimo possível.

4 O governante cristão, para sê-lo com eficiência máxima, deve


ter qualidades muito precisas.

a Antes de tudo, deve ter a fé e seguir estritamente a


tradição e o magistério infalível da Igreja. Com efeito, toda autorida-
de, para sê-lo perfeitamente, tem de fundar-se na verdade; se não o
faz, deixa de ser autoridade em sentido integral. Mas a verdade por
excelência é a que nos dá a fé e a tradição e o magistério infalível da
Igreja. A conclusão impõe-se.

b Depois, não ser um revolucionário, mas um reformis-


ta: ou antes, um batizador das estruturas sociopolíticas batizáveis.
Até porque, como dito, ele não terá chegado ao poder por uma revo-
lução, mas graças ao majoritário querer do povo. Tudo isso implica a
virtude da prudência sustentada e aperfeiçoada pela graça.

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c Depois, ter desenvolvida em grau sumo a virtude da
fortaleza, a que se contrapõem os dois vícios opostos da covardia e
da temeridade. Outra vez, é a graça a que a sustenta e aperfeiçoa.

d Depois, deve prezar maximamente o bem comum, ou


seja, o bem-estar dos cidadãos em geral, sua formação para a virtu-
de, sua preparação para a fé – e a paz social. Mas, para manter a paz
social, como dizia Leão XIII, em certa medida é preciso tolerar alguns
males, sem o que advirão males ainda maiores. Por outro lado, deve
ser sumamente duro com os males que se podem extirpar e que
impedem a mesma paz social. Intervém aqui, outra vez, a virtude da
prudência aprimorada pela graça.

e Depois, deve ser solícito, generoso, magnânimo com


todas as camadas da população. Um exemplo máximo disto foi o Rei
São Luís, que costumava conversar sob uma árvore com pessoas de
todos os níveis sociais e ouvir-lhes as queixas e os reclamos.

fDepois, como dito também, deve respeitar os corpos


intermediários (famílias, associações, corporações de trabalhadores,
grupos de homeschoolers, etc.) e buscar governar com seu apoio,
sem arvorar-se em déspota ilustrado, nem em populista apoiado em
massas amorfas.

g Por fim, deve ser o mais sábio possível, ou seja, conhe-


cer em algum grau os vários ramos da sabedoria, além de estimular
a autêntica arte do belo (ou seja, a arte de fazer propender ao bem
e à verdade) e dominar a retórica (ou seja, a arte de pelo verossímil
fazer suspeitar a verdade e o justo). São os dois primeiros e incontor-
náveis degraus de fazer o povo ascender à virtude.

Já tivemos algum governante assim? Sim: a Princesa Isabel.

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IV – NO ÂMBITO SOCIAL

1 A Santa Missa deve ser considerada o ato social culminante.


2 Um governo cristão deve, ademais, apoiar e favorecer todas
as festas e ritos católicos (como as procissões de Corpus Christi, etc.),
além de assegurar que todos os dias da Semana Santa sejam de
festa, etc.

3 Um governo cristão deve estimular o cuidado das crianças,


dos velhos e dos doentes, a cortesia social, o cavalheirismo masculi-
no, a delicadeza feminina, e até o bom trato dos animais (incluindo
uma morte o menos indolor possível para os de abate) – sem cair,
naturalmente, no exagero de uma legislação que privilegie antes aos
animais que aos homens ou que lhes dê direitos (por absurdo, o
animal não pode ser sujeito de direitos). Toda a criação sobre a terra
está a serviço do homem, que porém deve cuidar devidamente dela.

4 Deve-se proibir toda e qualquer forma de aborto, com penas


severas para os médicos que o praticarem.

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OBSERVAÇÃO: deve-se proibir também a bárbara eutanásia.
Não se confunda porém a eutanásia com a ortotanásia (ou seja,
o deixar que a natureza aja). Como dizia Santo Afonso Maria de
Ligório, o cristão, se está devidamente sacramentado, não deve
levar a vida terrestre além de certo limite, porque aspira princi-
palmente à vida celeste.

5 Deve-se estimular, mediante isenção progressiva de impos-


tos, que as famílias tenham filhos numerosos e que as mães possam
cuidar deles e de sua educação. Diga-se, aliás, que a família numero-
sa sempre foi um dos galardões da Cristandade.

6 Um governo cristão deve ajudar as famílias carentes de meios


para sustentar seus filhos.

7 Um governo cristão deve empenhar-se em suprimir a lei do


divórcio. Tanto o matrimônio sacramental como o natural (ou seja,
o não cristão, mas feito com a promessa a Deus ou a alguma divin-
dade de perpetuidade e de procriação) são indissolúveis, em ordem
principalmente à educação e cuidado da prole. O matrimônio civil,
em si, não tem validade diante de Deus; tem validade apenas social.
Mas não há divórcio civil sem a correlata dissolubilidade do casa-
mento sacramental ou natural. A conclusão impõe-se.

8 Deve-se educar o povo, e especialmente a juventude, contra


o sexo livre, fora do matrimônio, e contra o uso de contraceptivos,
que impedem o fim último do ato sexual: a procriação.

9 Devem-se ressaltar e estimular os vínculos com nossa ascen-


dência lusitana, o que se consegue também com um ensino de his-
tória nacional não revolucionário.

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10Deve-se coibir toda e qualquer forma de pornografia, mos-
trando paralelamente à população os males psicossomáticos que
advêm dela.

11 Um governo cristão deve fazer valer a censura etária: com


efeito, por exemplo, um filme que pode ser bom para um adulto
pode não sê-lo para uma criança ou para um adolescente. Para tal,
deve instituir um órgão censor composto por autoridades jurídico
-religiosas altamente virtuosas e ponderadas.

12 Deve-se proibir toda seita satânica.


13 Devem-se combater duramente, ainda que diferenciadamen-
te, o tráfico e o consumo de drogas.

14Deve-se buscar extirpar o crime com uma legislação o mais


dura possível.

15 A saúde não deve ser vista como uma questão econômica,


mas como uma questão social. Deve-se estimular, portanto, que os
planos de saúde sejam acessíveis, em princípio, a toda a população,
o que não é possível senão com uma diminuição dos tributos que
pesam sobre eles – desde que, naturalmente, haja da parte dos pla-
nos a contrapartida de preços acessíveis e de oferta de bom atendi-
mento médico-hospitalar. Isso a par, subsidiariamente, da melhoria
e manutenção do sistema público de saúde para os que, enfim, não
puderem ter plano de saúde.

16 Deve-se favorecer, ainda, a constituição e manutenção dos


hospitais de caridade, no espírito de São Camilo de Lélis.

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OBSERVAÇÃO: a questão da Previdência é demasiado complexa
para ser tratada antecipadamente. Mas um governo cristão deve
velar porque os incapacitados e os velhos tenham uma vida ou
um restante de vida o mais dignos possível.

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V – QUANTO À URBANIZAÇÃO

1 Deve-se estimular a progressiva descentralização das metró-


poles, esses monstrengos inabitáveis, violentos, opressivos, e privi-
legiar a constituição de cidades de médio ou de pequeno porte. No
Brasil há espaço mais que suficiente para tal.

2 Essas médias e pequenas cidades devem obedecer a planos


urbanísticos mais precisos, com proibição de construção de arra-
nha-céus e com a máxima arborização possível.

3 A construção de novas cidades deve também evitar graves


desequilíbrios ecológicos, de modo que se impeça sejam seus habi-
tantes as primeiras vítimas deles.

4 Deve-se evitar a arquitetura modernista – essa fabricadora


de disformidades de cimento e vidro – e desenvolver uma arquitetu-
ra inspirada em nossa bela tradição colonial, ainda que adaptada às
necessidades e às condições atuais.

5 As médias e as pequenas indústrias são de relativamente


fácil adaptação às médias e às pequenas cidades. Mas as grandes

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indústrias devem estar suficientemente distantes dessas cidades,
a fim de que seus habitantes não sofram seus possíveis efeitos
poluentes, etc.

6 Estas médias e pequenas cidades devem constituir-se de


modo harmônico com o campo e sua produção, se for o caso.

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VI – NO ÂMBITO POLÍTICO-DIPLOMÁTICO-MILITAR

1 O Brasil cristão deve estreitar relações diplomáticas antes


com a Polônia e a Hungria ou com quaisquer outros países que se
declarem cristãos.

2 Quanto ao mais, porém, as relações diplomáticas não de-


vem fundar-se em nenhuma preferência ideológica, até porque o
cristão não tem (ou não deveria ter) ideologia, que é sempre algo
de algum modo revolucionário. Mas toda e qualquer relação di-
plomática deve ter um suposto: que permaneça intacta nossa
soberania nacional.

3 Havemos todavia de evitar compromissos com regimes tirâ-


nicos ou que persigam a Igreja e a fé de qualquer modo; e estabele-
cer somente compromissos que beneficiem nosso país.

4 O mesmo vale, analogamente, para os tratados comerciais e,


em geral, para a política de comércio exterior.

5 Um governo cristão deve prestigiar, apoiar e fortalecer as for-


ças militares e policiais nacionais, de modo que defendam o país se
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necessário e combatam com a dureza precisa o crime e as drogas.
Deve também, todavia, fazê-las ver que, se têm a “espada”, a têm
como representantes de Deus, para a vendeta do mal, mas sempre
com a caridade possível. Deve enfim incutir-lhes o lema do cavaleiro
medieval: estão aí, antes de tudo, para a defesa da viúva, do órfão e
do necessitado.

6 Deve-se coibir todo programa partidário ou toda ação que


tenham caráter revolucionário, ou seja, que proponham a derru-
bada violenta do governo ou estimulem a luta de classes, ou que
apresentem propostas que vão frontalmente contra a lei natural
(como, por exemplo, a ideologia de gênero, o aborto, a liberação das
drogas, etc.).

OBSERVAÇÃO: conquanto nossa proposta de programa não


opte por esta ou por aquela forma de regime, deixando esta
questão à livre discussão dos católicos e da população em geral,
há que dizer, porém, que o melhor regime será aquele que, ao
lado de uma autoridade suprema firme, faça todo o povo partici-
par de algum modo e em algum grau da dignidade de governar,
assim como Deus, a causa primeira de tudo, dá a suas criaturas a
dignidade de ser causas segundas e participar assim do governo
do mundo.

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VII – NO ÂMBITO ECONÔMICO

1 Um governo cristão não atuará economicamente senão de


duplo modo:

a de modo coordenativo;
b de modo subsidiário, em ordem a suprir as lacunas
deixadas pelos agentes econômicos naturais e assegurar assim o
bem-estar geral da população.

2 Isso implica uma política econômica o menos impositiva


possível, por um lado; e, por outro lado, um número de empresas
estatais reduzido ao estritamente necessário. Nenhuma privatiza-
ção, porém, pode dar-se em detrimento da nação ou em benefício
de grupos estrangeiros que representem, de qualquer modo, uma
ameaça a ela.

3 Um governo cristão deve ter a permanente preocupação de


reduzir a carga tributária, e de escaloná-la segundo as possibilidades
das empresas e dos cidadãos: obviamente, as grandes empresas de-
vem pagar proporcionalmente mais em impostos que as demais,
etc. Mas insista-se: a redução da carga tributária deve ser geral.

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4 Um governo cristão, ademais, deve preocupar-se permanen-
temente com que os preços e os salários sejam justos, o que supõe
uma reeducação geral dos empresários segundo a Doutrina Social
da Igreja e, em particular, a de Santo Tomás de Aquino, a de Santo
Antonino de Florença e a de outros doutores escolásticos.

5 A propriedade é um direito, mas, como diz Santo Tomás de


Aquino, tem por limite o bem comum, e o governo deve estar per-
manentemente atento a isso.

6 Um governo cristão deve restringir o mais possível a usura


bancária, que afeta a todos, mas em especial a pessoas físicas e a
pequenos e médios empresários.


7 Os limites à liberdade de mercado devem decorrer unica-
mente, por um lado, das necessidades do bem comum e, por outro,
da incontornável moralidade: assim, por exemplo, a indústria porno-
gráfica não há de ter nenhuma liberdade de mercado.

8 Um governo cristão, sem detrimento da grande indústria,


deve favorecer as empresas de médio e pequeno porte e a produção
artesanal ou manufatureira. E isso não vai em detrimento da grande
indústria porque esta, já há muito tempo, se vem mecanizando ou
automatizando crescentemente, donde o alto nível de desemprego.

9 Diga-se o mesmo, mutatis mutandis, da produção agrícola.


OBSERVAÇÃO: um governo cristão não há de tolerar nenhu-
ma reforma agrária nos moldes revolucionários; mas deve sem-
pre estar atento à necessidade dos pequenos produtores rurais
e à urgência de realocar os trabalhadores rurais que perderam
seu emprego. Na Idade Média, os servos expulsos da gleba pelo
senhor feudal podiam trabalhar nas terras da Igreja.

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Algo semelhante deve buscar fazer um governo cristão, antes,
naturalmente, em razão dos próprios camponeses, mas também
para extirpar qualquer possibilidade de agitação revolucionária
no campo.

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CONCLUSÃO

Não é difícil ver que, para que este programa e um governo


cristão sejam viáveis, é necessário um longo trabalho prévio de con-
vencimento junto aos próprios católicos e junto à população em ge-
ral. E quem melhor hoje em dia para isso que os centros e institutos
da Liga Cristo Rei? Mãos à obra, portanto, que a messe é grande e os
obreiros são poucos.

Mas ainda há espaço para a pergunta de sempre: será tudo


isso de fato viável? Não o podemos saber com certeza. Parece difí-
cil. Mas não foi pela reza do rosário que Nossa Senhora intercedeu
pela vitória da minoritária armada papal contra a majoritária arma-
da turca na batalha de Lepanto? Ainda porém que a armada papal
não tivesse vencido, certamente São Pio V teria clamado: Seja feita a
Vossa vontade assim na terra como no céu. Ademais, a nós, os cris-
tãos que combatermos até o fim da carreira com esperança contra a
esperança mesma, nos está reservada a coroa da justiça.

Viva Cristo Rei!


Viva Nossa Senhora de Aparecida!

Viva a Princesa Isabel, a Redentora!


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