3 - Vanessa Teixeira - Ecos Do Movimento Da Negritude Nas Lalp
3 - Vanessa Teixeira - Ecos Do Movimento Da Negritude Nas Lalp
3 - Vanessa Teixeira - Ecos Do Movimento Da Negritude Nas Lalp
v1n1p153-163
Abstract: The thirties of twentieth century were marked by the emergence of the
Negritude Movement, articulated by black students, inside and outside Africa, who
proposed to rethink the place and value of black culture in the world, through a
critical writing of a social, philosophical and political nature. Responsible for the
publication of the journals Légitime Défense (1932), L’Étudiant Noir (1934) e
Présence Africaine (1947-1968), these thinkers “intend to be united by the affirmation
of the black culture, to the black's awareness of his own condition” (SANTILLI, 1985,
p. 174). Among the many researchers of African Portuguese-language Literature, it is
important to consider the impact of the new ways of looking at the historical
development and the cultural significance of the black population, in Africa and in the
diaspora, which culminated in the French-speaking Negritude Movement and its
rereading, about the construction of an authentically African literature in the
Portuguese colonies. The poetry, especially, from the late of the fortieths of twentieth
1
Professora Adjunta do Setor de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa da Universidade Federal
do Rio de Janeiro.
ECOS DO MOVIMENTO DA NEGRITUDE... Vanessa Ribeiro Teixeira
century, claims the possibility of bringing to its center both the drama of colonized
black people and the valorization of their culture.
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
de Cor, que irá se tornar, anos mais tarde, o cerne filosófico do “Black Renaissance”.
O arauto dessa proposta será, sem dúvidas, o poeta norte-americano Langhston
Hughes, idealizador do “Harlem Renaissance” e autor do poema “The Negro Speaks
of Rivers” (1921), um grito sobre a história trágica do negro na diáspora, mas
também uma ode à valorização da identidade e da cultura negras.
Uma série de congressos voltados para o debate sobre o pan-africanismo foi
realizada no eixo EUA-Europa, após o fim da Primeira Guerra Mundial: Paris (1919),
Londres e Bruxelas (1921), Londres e Lisboa (1923) e Nova Iorque (1927). Aliás, o
desenrolar e o desfecho das duas Grandes Guerras, sobretudo a Segunda, facultou
aos intelectuais preocupados com a reconstrução de um lugar de autonomia para os
negros no mundo a possibilidade de formular novas perspectivas sociais, culturais e,
finalmente, políticas para o povo negro. Apesar da precedência de Dr. Du Bois –
cujo volume Almas Negras (ao qual já nos referimos) teria influenciado o
Renascimento Negro dos anos 20 e 40 –, podemos destacar outros nomes
fundamentais para a reconstituição das raízes dos ideais da Negritude. Os
pressupostos filosóficos do humanista, diplomata, historiador, sociólogo e médico
haitiano, Jean Price-Mars, por exemplo, logram não só pensar a situação do negro,
mas as relações entre os homens ao longo dos tempos. René Maran (1887-1960),
escritor martiniquense, surpreende com a publicação do seu romance Batouala
(1921), um ousado manifesto contra a colonização francesa em terras africanas.
Os anos 30 do século XX são marcados pela produção de estudantes
negros, responsáveis pela publicação das Revistas Légitime Défense (1932),
L’Étudiant Noir (1934) – segundo José Pires Laranjeira, 1935 – e Présence Africaine
(1947-1968), as quais, de acordo com Maria Aparecida Santilli, no seu antológico
Estórias Africanas (1985), “intencionam unir-se pela afirmação da cultura negra, para
a conscientização do negro sobre sua própria condição” (SANTILLI, 1985, p. 174).
Entre os principais nomes envolvidos nessa empreitada, devemos destacar o poeta,
dramaturgo, ensaísta e político martiniquense, Aimé Césaire (1913-2008), a quem
devemos a criação e aplicação do termo “negritude”, surgido no longo poema Cahier
d’um retour au pays natal, publicado na Revista Volontés 10, em 1939. Léon Damas
(1912-1978), escritor, poeta e político, nascido na Guiana Francesa, e Leopold
Sedar Senghor (1906-2001), escritor e político senegalês, completam essa que será
(...)
E do drama intenso
duma vida imensa e útil
resultou certeza
(...)
o súbito bater de jazz
soou como um grito de libertação,
Oh!
Meus belos e curtos cabelos crespos
e meus olhos negros como insurrectas
grandes luas de pasmo na noite mais bela
das mais belas noites inesquecíveis das terras do Zambeze.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Mario Pinto de; TENREIRO, Francisco José. Poesia negra de expressão
portuguesa. Vila Nova de Cerveira: Nóssomos, 2012. (Edição Fac-similada)
MUNANGA, Kabengele. Negritude: usos e sentidos. 2 ed. São Paulo: Ática, 1988.
SOUSA, Noémia de. Sangue negro. São Paulo: Editora Kapulana, 2016.