Planejamento de Carreira

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PSICOLOGIA E ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL

PLANEJAMENTO DE CARREIRA
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................................. 4
MERCADO DE TRABALHO ........................................................................................................ 5
Contexto brasileiro ..................................................................................................................... 13
Competências necessárias para atender ao mercado de trabalho ............................................. 16
Redes sociais ............................................................................................................................ 19
CARREIRA ................................................................................................................................ 23
Teorias tradicionais .................................................................................................................... 23
Transição conceitual .................................................................................................................. 24
Principais modelos e concepções de carreira ............................................................................ 27
Principais propostas de desenvolvimento e gestão da carreira .................................................. 33
Categoria e definição de carreira ............................................................................................... 40
PLANEJAMENTO DE CARREIRA: PAPEL DO INDIVÍDUO ...................................................... 43
Analisar o mercado e as oportunidades de carreira ................................................................... 47
Em busca do autoconhecimento ................................................................................................ 51
Uma ação sempre presente na vida dos profissionais competitivos: o constante aprendizado .. 64
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 72

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INTRODUÇÃO

A carreira é um sistema de organização e de compreensão da trajetória de


vida no trabalho das pessoas, tem uma função social e administrativa de
organização da mobilidade no mercado de trabalho e uma função psicossocial de
dar sentido a sequência de trabalhos que as pessoas realizam (RIBEIRO, 2009a).
Dutra (2010) destaca que os estudos acerca da carreira são importantes para
auxiliar as pessoas e a organização na compreensão da realidade em que estão
inseridas e, desta forma, minimizar equívocos que podem levar a perdas e
sofrimentos para as pessoas bem como a prejuízo e riscos para a organização.
Segundo o autor, a definição de carreira é uma sucessão de degraus de
complexidade e atribuições de responsabilidades das pessoas.
Ribeiro (2009a) relata que em um cenário de transição, os estudos sobre
carreira contribuem na medida em que são exploratórios, qualitativos, longitudinais,
interdisciplinares e contemplam a visão de dualidade na relação organização e
indivíduos. A proposta do autor é que as pesquisas abordem as populações não
tradicionais e minorias do mundo do trabalho, analisem as dinâmicas de carreiras
externas e internas inseridas em uma dimensão de projeto social e redefinam
carreira, trabalho e processos de gestão de pessoas. Estes pontos contribuem para
visualizar estruturas por detrás do caos aparente. Permitem observar que, embora
não haja mais um modelo hegemônico, existe uma variedade de modelos que
podem ser identificados.
Estudar a carreira, então, auxilia no entendimento e na análise das possíveis
relações que os indivíduos estabelecem com o mundo do trabalho, originando suas
trajetórias profissionais e ocupacionais e permitindo a legitimação de estruturas de
movimentação nas organizações de trabalho, contribuindo, como apontado por
Dutra (2010), Malvezzi (1999) e Ribeiro (2009a), tanto para o desenvolvimento
contínuo dos planos de carreira nas organizações, quanto para o desenvolvimento
particular da carreira de cada trabalhador, além de gerar contribuições para os
processos de gestão de pessoas em geral.
Para compreensão dos diferentes estudos sobre o tema e a comparação com
os relatos da prática no mercado brasileiro, será inicialmente apresentado o cenário
do mercado de trabalho em que a carreira como fenômeno psicossocial e concepção

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teórica se desenvolveu, depois serão analisadas as concepções de carreira e as


práticas de desenvolvimento e gestão.

MERCADO DE TRABALHO

Para que a discussão dos modelos de carreira seja aprofundada, é importante


retomar, de forma breve, o cenário em que está inserida, pois assim pode-se
compreender a carreira de forma contextualizada.
A carreira surge no mundo do trabalho no início do século XX visando
estruturar a trajetória dos funcionários no interior das empresas através da
sistematização previamente planejada de um caminho a ser percorrido composto de
cargos e funções a serem desempenhados (concepção de carreira externa ou
organizacional).
Carreira é a estrutura fundamental da movimentação dos trabalhadores no
interior das organizações de trabalho. O emprego é a forma primordial de vínculo ao
mundo do trabalho e o conjunto de empregos definidos como mercado de trabalho,
na chamada sociedade salarial, na qual havia pouca variação nos modelos e
estruturações da carreira, sendo este um dos motivos que fizeram com que a
carreira não fosse um tema muito estudado nos primeiros 70 anos do século XX
(MALVEZZI, 1999; RIBEIRO, 2009a).
Há três décadas o mercado de trabalho, desenvolvido nos países capitalistas,
tem se reconfigurado e a discussão sobre este tema traz recorrentemente os
tópicos: desemprego, insegurança, enfraquecimento dos sindicatos, novas formas
de trabalho, crescimento do setor de serviços, trabalhador polivalente, entre outros.
Mattoso (1994) propõe uma discussão que relacione as profundas mudanças
estruturais do mundo com as problemáticas existentes no mercado de trabalho. O
autor atribui a origem dos problemas ao rompimento do padrão de desenvolvimento
do pós-guerra‖ (p. 14), cujos efeitos tem se ampliado desde a década de 1980,
principalmente com o desenvolvimento avançado do capitalismo. As mudanças são
refletidas na redução de empregos estáveis e na diversificação das formas de
contratação, com prioridade para o trabalho parcial, com tempo determinado, ou as
subcontratações. O que contribuiu para que o trabalho se tornasse cada vez mais
individual e houvesse dificuldade em reconhecer classes de trabalhadores, em

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função da diversidade de vínculos empregatícios, o que também tem gerado


profundas modificações nas estruturas e nas concepções de carreira (BLANCH,
2003; SENNETT, 1998).
Motta (2006) relaciona as mudanças ocorridas nos modelos de administração
com as novas configurações econômicas, políticas e sociais. Desta forma, a
competição acirrada, que resultou da quebra de fronteiras econômicas e a
interdependência entre as nações, levou ao rompimento das barreiras de mercado
financeiro e a diminuição da proteção dos governos às empresas.
Para o autor, a mudança nos mercados via automação, com investimentos
constantes em novas tecnologias, alia-se ao aumento de mão de obra disponível e
maior competição. Os vínculos de emprego diversificam-se, tornam-se mais frágeis e
com tempo determinado. A ideia de trabalho descartável alterou o significado das
relações de trabalho e dos critérios de sobrevivência e dignidade das pessoas
(MOTTA, 2006, p. 10). Há uma ruptura do vínculo de comprometimento
organizacional e o estabelecimento de novas formas de contrato psicológico.
Antunes (2008) explicita as transformações através de um paralelo entre os
modelos taylorista e fordista, adotados de forma hegemônica até a década de 1970
e o surgimento da flexibilização da produção com o toyotismo. O autor retoma a
premissa do taylorismo que é o controle dos tempos e movimentos e do fordismo
que é a produção em série, através da linha de montagem, com a fragmentação das
funções de trabalho e separação entre elaboração e execução. Este modelo se
concentrou em grandes instalações, centralizadas e com modelo hierárquico
verticalizado. Este cenário é desestabilizado pela crise e recessão no início da
década de 1980.
A crise leva a redução das plantas industriais das grandes corporações e
estímulo ao desenvolvimento de pequenas e médias empresas, articuladas aos
conglomerados através dos avanços tecnológicos. Observa-se altos níveis de
desemprego estrutural, que é causado pela inserção das novas tecnologias, como a
robótica e informática, na organização do trabalho e da produção. Além do
crescimento do setor de serviços, que reforça a mudança no modelo de acumulação
de capital, anteriormente concentrado no modelo industrial.
O toyotismo substitui o padrão dominante fordista em várias partes do
capitalismo globalizado. Esta fase de transição é marcada por retrocessos nos

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direitos dos trabalhadores e da ação sindical, além de individualismo exacerbado. O


aumento da competição, e dos riscos abre espaço para o surgimento de novas
formas de vínculo empregatício e ao desenvolvimento de uma rede de
subcontratações.
O toyotismo se apresenta como modelo ágil e lucrativo de produção de
mercadorias, seu princípio está em produzir o necessário em menor tempo, com
capacidade de atender rápido a pedidos pequenos e variados. Lógica que muda o
formato de produção em série, com baixa qualificação do trabalhador. Neste novo
formato é importante que os operários sejam qualificados e polivalentes, sabendo
operar várias máquinas. A estrutura de trabalho é horizontalizada e trabalha-se com
um número mínimo de funcionários que faz horas extras quando necessário e são
complementados por temporários, subcontratações, em função da necessidade de
produção.
Dentro desta nova estrutura estão presentes os círculos de controle de
qualidade, qualidade total, gerência participativa, eliminação do desperdício. A figura
do chefe é substituída pelo autogerenciamento, nos grupos de trabalho a falha ou
falta de uma pessoa reflete no corte do aumento de salário das demais.
Além do modelo japonês, Antunes (2008) cita o exemplo da flexibilidade
produtiva vivenciada pela Itália. Neste modelo articula-se a descentralização
produtiva e o avanço tecnológico, que adicionados a fragmentação do trabalho,
resultam em maior exploração e controle sobre a força de trabalho. Assim como
maior dificuldade para que o sindicato atue diante de uma classe de trabalhadores
mais segmentada e fracionada. O trabalho adquire diferentes formas, e crescem a
superexploração, trabalho em casa e setor informal.
Em meio a este cenário, cogita-se, inclusive, o fim do proletariado. Antunes
(1999) busca caracterizar os chamados “ novos proletariados do mundo na virada do
século” e defende que ao contrário do que alguns autores propõem, eles não estão
em via de desaparição. O autor também pontua quais os pontos de diferenciação
dos trabalhadores do final do século XX, quando comparados aos trabalhadores do
século XIX e sugere a substituição do termo “classe trabalhadora” para “classe-que-
vive-do-trabalho”, cuja definição compreenderia o “ conjunto de seres sociais que
vivem da venda de sua força de trabalho e são desprovidos dos meios de produção”
(p. 201). Fazem parte deste conjunto, por exemplo, os trabalhadores do setor de

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serviços, cujo trabalho é consumido como valor de uso e não de troca e que se
encontram em expansão na maioria dos segmentos, além de outros trabalhadores
não assalariados.
Em comparação ao século XIX e boa parte do século XX, a classe
trabalhadora atual não se concentra apenas no proletariado industrial, o que faz com
que se mostre mais heterogênea, complexa e fragmentada, por isso a noção de uma
“classe-que-vive-do-trabalho”. Não estão neste grupo os pequenos empreendedores,
já que estes detêm parte dos meios de produção, e “aqueles que vivem de juros e
especulação” (p. 201) os chamados gestores do capital, considerados responsáveis
pelo controle no processo de valorizar e reproduzir o capital.
Os cinco pontos principais de mudanças na “classe-que-vive-do-trabalho” e
no próprio mundo do trabalho destacados por Antunes (1999) estão relacionados ao:
1) Aumento da produção com menor número de operários, principalmente aos
ligados ao trabalho manual e com vínculo estável;
2) Aumento do número de trabalhadores temporários com consequente
precarização do vínculo de trabalho;
3) Aumento da mão de obra feminina nas áreas de trabalho ainda manuais e
com vínculos parciais de trabalho;
4) Crescimento do setor voltado para serviços;
5) Exclusão da força de trabalho jovem e idosa do mercado de trabalho.

Especificando estes pontos, o autor busca esclarecer o quanto houve um


aumento da exploração do trabalho e, ao contrário do que se diz com relação ao “fim
dos empregos”, destaca que ocorre um aumento dos subempregos através da
intensificação de terceirizações e afrouxamento dos vínculos de trabalho.
Portanto, estes cinco eixos, quando atrelados ao questionamento de quais
tipos de relações sociais estão sendo geradas pelo trabalho atualmente, levam a
reflexão do quanto há de qualidade de vida presente nestes contextos, nos quais se
deve considerar qualidade de vida no sentido restrito a construção saudável de
relacionamentos e o trabalho enquanto forma de construção do indivíduo. Os pontos
críticos se apresentam com relação à perda da vivência de”longo prazo”, que foi
suprimida e com ela a corrosão da ideia de confiança, visto que firmar um laço de

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lealdade e compromisso mútuo é algo que está ligado diretamente à possibilidade


de experiências mais profundas na vivência. A valorização do curto prazo limita o
desenvolvimento deste laço de confiança. A própria vivência de redes e valorização
dos contatos breves, apressados e superficiais faz com que um valor como a
lealdade deixe de ser atraente, interferindo, diretamente, na estrutura tanto do
comprometimento organizacional, quanto do contrato psicológico (SENNET, 1998).
Outro ponto que pode ser observado é a questão da valorização da
competição acirrada de forma que acaba por impossibilitar a formação de um vínculo
de convivência saudável, visto que reforça a postura de relacionamentos em que
prevalece o boicote entre os funcionários que passam a pensar somente em si
mesmos. O que pode ser considerado um agravante neste quadro é que cada vez
temos menos claro um quadro de referências e valores e, embora haja nas
organizações um discurso voltado para a ética, o que se vive no dia a dia está cada
vez mais mergulhado em valores flexíveis de acordo com uma lógica individual de
trabalho.
O cenário é de incentivo ao individualismo, com consequente diminuição da
possibilidade de cooperação. O gerenciamento das organizações se baseia no
estímulo a responsabilizar os indivíduos por suas escolhas, por seu aprimoramento
e pela construção individual de sua carreira, há cada vez menos estímulos a
construções coletivas. O próprio achatamento das estruturas organizacionais
estimula as visões não vinculadas ao crescimento ascendente em uma estrutura
organizacional predeterminada, mas relacionada ao significado de conquistas
individuais independente da organização de atuação. O progresso é alcançado na
medida em que se desenvolvem autoconfiança, capacidade de aprendizado
constante e habilidade para se adaptar a novas tarefas.
Motta (2006, p. 18) sintetiza o cenário da seguinte forma: [...] a organização
moderna, vítima e cúmplice da sociedade individualista, possibilita a percepção de
uma falta de proteção como companheira de todos os funcionários. Perdeu-se na
competitividade e individualismo contemporâneo uma grande parte do sentimento de
lealdade na gestão das pessoas. É como se a empresa olhasse as pessoas apenas
pelo valor atual de suas habilidades e competências [...]. Hoje sugere-se a ideia de
substituir competências e não de “demitir pessoas”.

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Uma forma de exemplificar a competitividade e individualismo citado pelo


autor é através da baixa correlação entre ocupação e formação expressa no
diploma. Macedo (1998), em pesquisa com empresas do setor de eletroeletrônica,
sobre a correspondência entre ocupações exercidas e profissões expressas nos
diplomas, propõe que as organizações pesquisadas sinalizem em um quadro com
“cargos, funções e ocupações” versus as “profissões e diplomas”, quais seriam as
correlações presentes. O resultado é que há grande flexibilidade nos requisitos
referentes ao curso presente no diploma e a ocupação que será exercida. Assim, o
cargo de analista de sistema, pode ser exercido por profissionais formados em
análise de sistemas, administração, ciências sociais, contabilidade, direito,
economia, engenharia da computação, estatística, letras, matemática,
processamento de dados, psicologia, publicidade e propaganda e relações públicas.
Há uma enorme flexibilidade de contratação para a mesma ocupação.
Macedo (1998) enfatiza que em algumas áreas, entretanto, há exigência, em
função de regulamentações do mercado, ou do ponto de vista técnico, que a
ocupação fique restrita a uma formação. É o caso dos médicos, contadores ou
advogados, quando exercem atividades tradicionais atreladas a sua formação. O
que não significa que estes profissionais não possam optar por exercer ocupações
que não fiquem restritas a exigência de seu diploma. É o caso do exemplo do
analista de sistema, citado anteriormente, que pode ser exercido por um advogado,
mostrando a ruptura da correlação direta entre formação (dimensão educacional) e
mercado de trabalho (dimensão profissional e ocupacional).
O autor enfatiza que o mercado de trabalho apresenta maior amplitude das
ocupações do que das profissões. Sendo a primeira lição aprendida que o horizonte
de uma pessoa formada deve ser mais amplo que da sua profissão. O segundo
ponto de atenção, destacado por Macedo (1998), está na importância de saber
aprender a aprender, estar sempre desenvolvendo a capacidade de pensar.
Outro texto interessante para exemplificar este cenário é o artigo publicado,
em 07/09/2008, pelo jornal Estado de São Paulo, no caderno Empregos, intitulado
“ Diversidade de formação profissional caracteriza a área de RH”. A matéria
apresenta dados de uma pesquisa feita pela Associação Brasileira de Recursos
Humanos com profissionais que atuam no mercado de Recursos Humanos (RH),
divididos nas seguintes categorias: chefias, profissionais de RH e prestadores de

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serviço. O objetivo foi levantar qual a formação destes profissionais. Os dados


apresentam diversas áreas (pedagogia, serviço social, engenharia, direito,
economia), com a predominância de psicólogos e administradores, os quais
representam em torno de 30% de cada categoria.
A matéria citada reforça o quanto as fronteiras estão menos delimitadas tanto
para cada formação, quanto com relação à abrangência dos profissionais que
podem preencher um determinado cargo. O que corrobora a proposta de Macedo
(1998), citada anteriormente, e que demonstra que é um fato cada vez mais
presente no mercado de trabalho atual e comum em algumas áreas, como a de RH.
A diversidade dos espaços ocupados por cada área tem como ponto positivo
a possibilidade de diálogo e integração do saber. Por outro lado, pode refletir o
enfraquecimento das categorias profissionais, pois os indivíduos que atuam em um
determinado cargo, já não se reconhecem enquanto classe. Esta perspectiva resulta
em indivíduos que olham cada vez mais para si e não conseguem se reconhecer no
outro, no grupo de referência (RIBEIRO, 2009a).
No mercado de trabalho dito moderno percebe-se cada vez mais a
necessidade do indivíduo estar aberto ao aprendizado e se adaptar a novas
atividades e exigências que a função realizada demanda. Este movimento dá força
para um foco cada vez mais voltado para o indivíduo, o que reforça o que foi dito
anteriormente, ou seja, fragmenta e enfraquece seu reconhecimento a uma classe,
desconstrói a referência de grupo ao qual ele pertence, deixando-o cada vez mais
“sozinho” no exercício de sua profissão.
É importante destacar que as teorias administrativas contemporâneas de
autogerenciamento da carreira vêm para reforçar esta lógica, em que cada vez mais
se atribui ao indivíduo as conquistas e, principalmente, dificuldades que encontra em
sua carreira. Isto isenta outras esferas desta responsabilidade, como, por exemplo, a
empresa e o Estado. O indivíduo se isola e incorpora um novo papel em que não há
mais necessidade da presença de um “ líder” para cobrá-lo, ele mesmo se cobra pelo
alcance de metas e por ser responsável pelo espaço que ocupa no mercado de
trabalho (BLANCH, 2003; SENNETT, 2006).
Malvezzi (2000) faz uma síntese das transformações decorrentes das
mudanças no cenário econômico e social, caracterizado como globalização, em três

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instâncias: dimensão ontológica, dimensão econômica e dimensão antropológico-


psicológica.
Para o autor, o aspecto central da dimensão ontológica é a compressão do
espaço-tempo, que está relacionado com a alteração e condição de ser de diversos
eventos que, antes distantes geograficamente, interagem com se estivessem
próximos fisicamente. Na dimensão econômica explicita o enfraquecimento das
fronteiras nacionais e maior exposição dos mercados as variáveis do cenário
mundial. Por fim, na dimensão antropológico-psicológica constata-se a rápida
circulação de informações e a abertura de possibilidade dos indivíduos viverem
diversas identidades já não mais limitadas e propostas por um particular grupo
cultural.
Neste contexto, a marca principal da mudança está relacionada às dimensões
de tempo e espaço, visto que as duas sofreram grande transformação nesta nova
era organizacional. Ao contrário dos modelos tradicionais em que havia um cenário
mais homogêneo e uma delimitação clara de espaços e papéis assumidos, hoje o
mercado de trabalho se apresenta heterogêneo e instável, em constante mudança,
com flexibilização nas relações, o que pode ser exemplificado pelos diferentes tipos
de vínculo empregatício que um indivíduo pode assumir para desempenhar a
mesma função: efetivo, terceirizado, pessoa jurídica (PJ), temporário. Além do
espaço, o eixo tempo também sofre alterações, visto que não há mais a
previsibilidade, do cenário de carreiras tradicionais, e que as tecnologias de
informação e comunicação contribuem para o desenvolvimento de novas dinâmicas
nas organizações.
No início, havia uma preocupação do indivíduo com a entrada no mercado de
trabalho, o objetivo era selecionar e direcionar esta entrada de acordo com as
necessidades organizacionais. A manutenção e saída do mercado de trabalho
ocorriam sem maiores dificuldades.
A preocupação atualmente está em todos os pontos do processo: entrada,
manutenção e saída. Existem, ao mesmo tempo, e até na mesma organização,
modelos tradicionais, convivendo com novas formas de organização. Pode-se
pensar em um indivíduo, funcionário de uma consultoria “A”, que presta serviço
alocado em uma empresa “B”, e trata de assuntos e conteúdos relacionados à
tecnologia desenvolvida por outra empresa”C”. O que explicita como o espaço não

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está mais claramente delimitado. Assim, como na dimensão tempo, havia certa
previsibilidade, havia um modelo de crescimento horizontal com cargos e funções
definidas, temos presenciado uma maior dificuldade de planejamento e antecipação
dos passos futuros da carreira. Há uma redução do número de hierarquias,
principalmente de média gerência, e uma movimentação lateral com mudanças das
atividades a serem realizadas e rotação dentro da organização, o espaço está sendo
tomado pela instabilidade.
Dentro deste cenário, ficam marcadas: a diversidade de formas de atuação, a
falta de delimitação de fronteiras dentro das categorias e a imprevisibilidade com
relação ao futuro, como apontam Antunes (1999), Blanch (2003), Mattoso (1994) e
Sennett (1998).
As carreiras, antes determinadas por estruturas homogêneas, fixas e
estáveis, sofrem o impacto de todas estas transformações descritas, se tornando
estruturas e processos mais heterogêneos, complexos e instáveis, levando ao maior
desenvolvimento dos estudos sobre a temática, e a configuração de um conjunto
sistematizado de produções acadêmicas e administrativas com foco nas carreiras.

Contexto brasileiro

No Brasil, a evolução da carreira segue as tendências mundiais, entretanto, o


período das modificações nem sempre é correspondente aos países pioneiros nas
mudanças. Casado (2007, 2008) propõe uma breve revisão histórica ao qual
tomaremos como base para nossa narrativa.
Durante os primeiros setenta anos do século XX, houve no contexto brasileiro,
um predomínio da carreira tradicional baseada na noção de carreira organizacional
ou plano de carreira, conforme indicaram Hall (1976), Schein (1978) e Van Maanen
(1977).
Na década de 1970, seguiu e predominou a carreira tradicional, e o cenário
político nacional era de uma ditadura, com consequente repressão aos sindicatos.
Na economia, os investimentos na indústria de base impulsionavam a entrada de
mão de obra de baixa qualificação, nas fábricas. Havia uma migração do campo
para cidade. Os investimentos eram feitos em treinamento, em formato de escolinha,
com certa infantilização do trabalhador. As empresas investiam em reconhecimento

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dos seus funcionários por tempo de trabalho, uma forma de diminuir a rotatividade
do quadro de funcionários. É importante destacar que as teorias administrativas
contemporâneas de autogerenciamento da carreira vêm para reforçar esta lógica,
em que cada vez mais se atribui ao indivíduo as conquistas.
A temática carreira ainda não estava em evidência. O trabalho, tido como
ideal para as pessoas, era ser concursado em uma empresa pública como o Banco
do Brasil.
A estagnação econômica e a retração de produção foram marcos dos anos
1980, resultando em demissões e redução de postos de trabalho, o sindicato retoma
forças e faz uma década marcada pelas greves. O foco da gestão de pessoas foi a
descrição dos cargos e os métodos de remuneração foram aprimorados tanto
internamente, quanto externamente. Momento no qual surgem os grupos de
pesquisas salariais no mercado, assim como os programas de qualidade.
A psicologia organizacional muda seu foco de estudo de grupos para o de
equipes. Em função da recessão houve achatamento das curvas salariais e
começam a ser desenhadas as árvores de carreira, surgindo a possibilidade de
carreira em Y, por exemplo, que permitia ao funcionário seguir pelo caminho da
gestão, ou pelo caminho técnico, como especialista, em alguns contextos
organizacionais.
A partir de 1990, presenciamos a entrada maciça das tecnologias da
informação, como a Internet e aparelhos de telefone celular. Além da abertura do
mercado para importação de produtos. Começam a redução das barreiras entre
países e a informação começou a ser disponibilizada com maior velocidade. A
palavra de ordem nas empresas era fazer mais com menos. Começam mudanças
marcantes no cenário do mercado de trabalho: reengenharia, privatização de
estatais, terceirização da mão de obra. Inicia-se, também, a introdução da prática de
remuneração variável, resultante da produtividade, assim o salário, para
determinados cargos, passa a ser constituído por uma base fixa mais remuneração
variável. O conceito de equipe passa para times, e a descrição de cargos começa a
ser substituída por competências, com foco nos conceitos de agregação de valor e
busca de comprometimento.
Em carreira, o foco é dado para empregabilidade, definida como
competências, atitudes e habilidades esperadas para uma pessoa conquistar e
manter um trabalho ou emprego. No mercado de trabalho é essencial a condição de

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ser empregável, que se traduz em as pessoas terem capacidade de aprender e se
adaptar as novas demandas, determinando seu grau de empregabilidade e
configurando a dinâmica de inclusão-exclusão do mercado de trabalho (CAMPOS,
2006; RENTERÍA-PEREZ; MALVEZZI, 2008). O cenário é de diversificação de
vínculos de trabalho, com concentração do trabalho efetivo (CLT - Consolidação das
Leis do Trabalho) para cargos considerados essenciais para as empresas e
contratos de prestação de serviço para as áreas de apoio.
Na primeira década do século XXI, a globalização é o cenário predominante,
a tecnologia permite acompanhar acontecimentos em qualquer lugar do mundo em
tempo real. As organizações vivenciam a fase das privatizações, fusões e
aquisições. Os empregos estáveis nas organizações passam a ocupar um espaço
cada vez menor no mercado de trabalho. Na gestão de pessoas, o conceito de time
migra para valorização do individualismo. Assim, você é responsável pelo seu
desenvolvimento e seu vínculo é com você e não mais com a empresa.
Casado (2007, 2008) indica que os estudos sobre carreira nas organizações
passam a ser desenvolvidos considerando os conceitos de carreira sem fronteiras e
carreira proteana, como sugerido pela literatura internacional desde os anos 1990
(ARTHUR; LAWRENCE; HALL, 1989). A sociedade passa a ser marcada pelas
redes sociais.
A linha do tempo que pode ser construída é de um cenário em que carreira
significava a vida na empresa até a década de 1970 (carreira organizacional), que
migra para um modelo de descrição de cargos e possibilidade de crescimento na
carreira gerencial ou de especialista (carreira em Y), em 1980 (ainda com foco na
carreira organizacional), é sintetizado na disseminação do conceito de competência
e empregabilidade nos anos de 1990 (início da mudança nas concepções de carreira
tradicional calcada num modelo mais estável, homogêneo, desenvolvida numa
mesma organização e determinado pelas empresas para modelos mais
heterogêneos) e, segundo Casado (2007, 2008) com base na literatura internacional,
para culminar num enfoque na carreira sem fronteiras (desenvolvida dentro e fora
das organizações e em distintas organizações) e proteana (com uma
responsabilidade maior do indivíduo sobre sua carreira) para caracterizar a carreira
no início do século XXI, juntamente com a ênfase nas redes sociais como estratégia
e base para a construção e o desenvolvimento das carreiras.

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No contexto brasileiro há uma mistura entre os modelos tradicionais e os


modelos contemporâneos da carreira, trazendo desafios e ambiguidades nos
estudos e nas práticas relacionadas à concepção e à gestão das carreiras nas
organizações.
Assim, se a carreira tem sofrido transformações em sua prática e em sua
teoria, os requisitos para sua construção, traduzidos na noção de competências para
a carreira também. A seguir faremos uma análise destas mudanças.

Competências necessárias para atender ao mercado de trabalho

Diante dos cenários apresentados, alguns autores questionam quais


competências são necessárias para atender as demandas do mercado de trabalho.
Roche (apud BARROS JR., 2009) destaca que, atualmente, além dos
indivíduos deterem os saberes, é necessário que sejam capazes de se mobilizarem
“para o novo, para a criação, para o resultado e que possam readaptar-se
permanentemente frente aos imprevistos e as mudanças que surgem” (p. 32).
Tradicionalmente, a capacidade estava em saber realizar trabalhos repetitivos e
executar procedimentos, em um modelo taylorista, com caráter relativamente
estático.
A busca por profissionais que estejam abertos a mudança, aprendizagem
constante e com agilidade para atuar diante dos imprevistos propicia a sensação de
que o mercado de trabalho deve disponibilizar “super-heróis” para atuarem nas
organizações. Com o objetivo de ilustrar a prática atual, Dutra et al (2009)
desenvolveram uma pesquisa de campo, com a proposta de mapear quais são as
competências e quais as estratégias que, na visão dos funcionários, retém talentos
na organização. Os autores questionam como é viável para um líder manter a
competitividade diante de um mercado globalizado em que mudanças ocorrem de
forma veloz e pesquisam quais as competências que eles desenvolvem.
É importante esclarecer que Dutra et al (2009) consideram tanto a linha
americana de estudos do tema, quanto a linha europeia. Entendem que competência
está relacionada ao” [...] conjunto de qualificações que a pessoa tem para executar
um trabalho com nível superior de performance” (p. 79) - linha americana de
concepção das competências. Assim como, consideram que a competência se

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relaciona com a influência de um indivíduo sobre o contexto, que está ligada ao fato
de se “[...] colocar em prática o que se sabe em um determinado contexto” (p. 80),
gerando a influência do outro (linha europeia de concepção das competências).
Enfim, definem competência como “ [...] uma realidade dinâmica, mais um processo
do que um estado, ou seja, usando a competência é que nos tornamos
competentes” (p. 78).
O estudo constata que, na avaliação dos líderes, o que leva a pessoa a
permanecer na mesma organização são, principalmente, os desafios, as
oportunidades de aprendizagem e o bom ambiente de trabalho. Pontos que entram
em contradição com o que, tradicionalmente, era avaliado como principal: os planos
de carreira e bons pacotes de remuneração. Isto significa que é necessário estar
atento às novas formas de gestão de pessoas.
Dutra (2007) realizou uma pesquisa em que, através da combinação dos
conceitos de competência e complexidade, buscou compreender quais as formas de
interação entre a dinâmica da gestão de pessoas e o desenvolvimento das carreiras
profissionais no cenário contemporâneo.
O autor considera que as mudanças no mercado de trabalho refletem a
necessidade de modificação no processo de gestão de pessoas. Destacam-se dois
pontos de influência direta no gerenciamento de pessoas. O primeiro relacionado à
mudança no perfil exigido das pessoas, a partir da década de 1980, pois antes o
foco estava na obediência e disciplina e, então, muda para a autonomia e o
empreendedorismo. O segundo está na descentralização dos processos decisórios.
Ambas as mudanças tornam a empresa mais dependente da iniciativa e do
envolvimento das pessoas.
O ponto de atenção está no fato que gerar maior envolvimento das pessoas
para garantir melhores resultados e diferenciais competitivo também significa
oferecer um espaço maior para as pessoas pressionarem as organizações em busca
da satisfação de suas necessidades. Esta discussão caracteriza a importância de
serem estabelecidos novos contratos de trabalho. Desta forma, a exigência por
remuneração e carreira continua a existir, mas somados a elas outros fatores
tornam-se importantes para garantir a permanência do indivíduo na organização,
conforme estudo de Dutra et al. (2009).

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Dutra (2007) observou que as empresas com sucesso na gestão de pessoas


adotavam um padrão de políticas e práticas que ele explica através dos conceitos de
competência e complexidade aliado a definição de trajetória de carreira, postulada
como a “ [...] sequência de posições ocupadas pela pessoa em atribuições e
responsabilidades de mesma natureza” (p. 81). Sendo que as competências exigidas
estariam atreladas as atribuições e responsabilidades e o grau de complexidade da
tarefa aumentaria de acordo com os diferentes níveis de cargo. Por fim, o padrão de
remuneração também aumentaria de acordo com a incorporação de novas
atribuições e responsabilidades, e pela capacidade de agregar valor a si e a
empresa através de seu trabalho.
O autor considerou a aliança entre competência e complexidade, pois o
objetivo está em valorizar a pessoa em função da entrega e orientá-la para que
amplie a capacidade de agregar valor. A capacidade de entrega é definida por Dutra
(2002) como “ o saber agir responsável e reconhecido, que agrega valor para a
organização” (p. 54), para si próprio e para o meio em que vive. A constatação de
que criar gradações contribuía para avaliação mais adequada das competências,
evolui para o desenvolvimento de padrões de complexidade.
A compreensão da complexidade está em considerar o que uma determinada
situação exige da pessoa em termos de contribuição. Então, se existe uma tarefa de
difícil execução que pode ser sistematizada e reproduzida com facilidade por outros
profissionais, temos um baixo nível de complexidade. Entretanto, se mesmo
sistematizada, a tarefa continua sendo de difícil execução, ela possui maior nível de
complexidade. Assim, o padrão de exigência de entrega da pessoa para realizar
uma atividade é a base para construção de fitas métricas que estarão atreladas à
remuneração e às oportunidades de desenvolvimento da carreira.
Fica claro que um ponto crucial na organização pós-industrial está na
expectativa das pessoas de que cada vez mais a remuneração seja equivalente à
contribuição. O que é evidenciado pelo aumento de questionamentos referentes a
salários, bonificações e participações nos lucros (KANTER, 1997).
Desta maneira, no modelo atual, as organizações buscam cada vez mais
atrelar a remuneração ao desempenho, de forma a valorizar os trabalhos que geram
valor para a organização. Uma das saídas possíveis está sistematizada por Dutra

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(2007), utilizando os modelos de competência, complexidade e trajetória de carreira


de forma conjunta e interligada.
Em contrapartida, no modelo tradicional, o status era a base do contracheque,
e o foco estava na posição hierárquica ocupada, sendo o salário relacionado ao
cargo sem a discussão de quanto e como é entregue o trabalho. Kanter (1997) relata
que, de forma geral, os sistemas de pagamento eram ineficazes em termos de
custos e não motivavam as pessoas a fazerem mais.
O modelo atual destaca cada vez mais os indivíduos, o que pode aumentar as
tensões entre pares e dificultar a cooperação entre equipe, estão em jogo tanto as
tensões nas relações verticais, quanto nas relações com os pares (horizontais).
Assim, os modelos bem-sucedidos serão aqueles que conseguirem aliar impulsos
por realização individual com o esforço cooperativo de toda a equipe, associado à
oferta de estratégias ou incentivo de ações de desenvolvimento da carreira
associados à remuneração e valorização mensurada pela capacidade de entrega de
cada um.
Com esta responsabilização maior do desenvolvimento e gestão da carreira
sobre o próprio indivíduo (carreira de Proteu) e a expansão da carreira para além
dos limites organizacionais (carreira sem fronteiras), a carreira tem sido construída
com base na estrutura organizacional, mas também, de forma ampliada, nas redes
sociais.

Redes sociais

Após a 2ª Guerra Mundial, grandes companhias investiram em planos de


carreira com objetivo de conquistar a lealdade das pessoas. O foco dos gerentes de
recursos humanos era cultivar uma força de trabalho estável e, desta forma, habilitar
a empresa a alcançar seus objetivos. A estabilidade econômica e os empregos
seguros eram a realidade daquele momento histórico.
Atualmente, as tendências enfatizam a importância de o indivíduo assumir o
controle da gestão de seu caminho profissional. Kishore (2006) destaca o
desenvolvimento de redes sociais e a revolução opt-out que serão apresentados a
seguir, como fenômenos que ilustram a necessidade dos indivíduos serem mais
responsáveis por suas carreiras.

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O conceito de redes sociais é apresentado como um ferramenta para o


desenvolvimento de carreira e é considerado a ampliação do conceito de mentoring
(DUTRA, 2010). Tradicionalmente, o mentoring está vinculado a uma relação “em
que uma pessoa sênior, que trabalha na mesmo organização do “ mentoreado’
(termo referente à pessoa que recebe à ‘mentoria’) e presta assistência em relação
ao desenvolvimento pessoal e profissional deste último – é uma relação entre duas
pessoas” (KISHORE, 2006, p. 5).
O conceito evolui para redes sociais, a partir do cenário de menor estabilidade
e menor clareza para planejar a carreira em uma organização. As redes sociais de
desenvolvimento são “ relações de apoio ao desenvolvimento que não se restringem
às fronteiras de uma organização, em que há participação de vários níveis
hierárquicos e de múltiplas relações em rede, ao mesmo tempo e em qualquer
momento da carreira” (KISHORE, 2006, p. 9). As autoras deste conceito são Higgins
e Kram (apud KISHORE, 2006), que tem como base quatro pilares para o mesmo:
“as redes sociais de desenvolvimento por si só; as relações de desenvolvimento que
compõe a rede; a diversidade das redes sociais de desenvolvimento e a força das
relações de desenvolvimento que constituem as redes sociais de desenvolvimento.”
(p. 52).
Há possibilidade de traçar um paralelo entre esta tendência e a proposta de
Castells (2002), ao apontar a importância das redes para nova organização social. O
autor destaca que “ a sociedade em rede está fundamentada na disjunção sistêmica
entre o local e o global (...) na separação, em diferentes estruturas de tempo/espaço,
entre poder e experiência” (p. 27).
Em função destas condições, há desarticulação e encolhimento da sociedade
civil. Há correspondência entre as formas de construção da identidade e propostas
para carreira ao longo da história. Segundo o autor, a identidade organiza
significados e permite a negociação de estilos de vida em meio à multiplicidade atual
de possibilidades, sendo a carreira a construção de um estilo de vida no trabalho.
Na carreira tradicional, dominante inicialmente nas organizações, a proposta
era de uma identidade legitimadora, havia um comportamento predefinido e o
esperado é que os indivíduos fossem disciplinados e seguissem as regras, gerando
um movimento de resignação e adaptação constante da identidade. A organização

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definia e conduzia os próximos passos da carreira, bastava seguir o que era


proposto.
Na sociedade atual, o espaço é reconstruído de forma menos estruturada e a
expectativa é que os atores se responsabilizem pela construção de sua trajetória e
por seu desenvolvimento, no movimento que Castells (2002) descreve como
identidade de projeto, ou seja, a tentativa de desenvolver sua vida, no caso aqui
específico a vida no trabalho ou carreira, através das relações possíveis com as
redes sociais, gerando um movimento de co-construção contínua.
Veloso e Dutra (2010) descrevem que revolução opt-out é uma tendência
observadas nos estudos de Mainiero e Sullivan (2006) e Hewlett (2007)10 e refere-
se ao movimento de afastar-se ou diminuir seu ritmo de trabalho na organização e,
com isto, interromper por um período o desenvolvimento de sua carreira.
Para dar continuidade a este ponto é importante retomar a proposta
formulada por Dutra (2001) de dividir carreira em gerencial, operacional e
profissional, definidas como:
* Carreiras operacionais: ligadas às atividades-fim dos processos
organizativos;
* Carreiras profissionais: ligadas às atividades específicas, que demandam
pessoas com formação e competências associadas a ela;
* Carreiras gerenciais: ligadas às atividades de gestão.

E destacar que a tendência opt-out é uma realidade presente dentro das


carreiras gerenciais. Este movimento ocorre de forma voluntária, com diferentes
objetivos: interromper, reduzir, flexibilizar a carga de trabalho ou empreender. O

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autor destaca que este movimento ocorre através da busca de um cargo de menor
remuneração e responsabilidade e visa conquistar maior equilíbrio com a vida
pessoal, redução horas de trabalho, adoção horários flexíveis, ou interrupção da
atividade profissional por um período. Fatores apontados como maiores
influenciadores para decisão de opt-out são o gênero e a idade. A idade está
atrelada a geração que pertence o profissional. Considerando as gerações
presentes no mercado de trabalho atual: baby boomers (nascidos entre 1946 e
1964); geração X (nascidos entre 1965 e 1978) e geração Y (nascidos entre 1978 e
1994), constata-se o movimento opt-out, mais presente nas duas últimas. Com
relação ao gênero, é identificado que as mulheres apresentam mais interrupções na
carreira, sendo os motivos relatados ligados a questões familiares. O autor destaca
que este motivo é o alegado por ser socialmente aceito, mas pesquisas mais
minuciosas mostram que a falta de reconhecimento e de flexibilidade de horários
leva a este resultado.
Este é um discurso com foco na carreira subjetiva, pois a atenção dos
gestores é nas necessidades dos integrantes das equipes, já que temos diferentes
demandas e sistemas de valores, quando consideramos as diferentes gerações. E
também na carreira sem fronteiras, nas quais as pessoas são responsáveis pelo
futuro de sua carreira, sendo importante para esta prática, cultivar o network,
traduzido como rede de relacionamentos, e buscar constantemente atualizar seus
conhecimentos, conforme veremos no próximo tópico.
O movimento opt-out indica uma tendência de que a carreira seja concebida e
gerida levando-se em conta os principais papéis sociais que cada indivíduo
considera relevantes e que são muito heterogêneos, pois não são mais construídos
em relação a um modelo homogêneo e genérico de sociedade com papéis fixos,
mas antes em relação às redes sociais: complexas, heterogêneas e múltiplas.
Em síntese: a carreira se amplia e tem sido construída na relação com as
redes sociais em geral, não somente na relação organizacional; e começa,
gradativamente, a levar em conta um equacionamento das várias dimensões da
vida, além do trabalho, como importantes para o planejamento e desenvolvimento da
carreira, como o movimento opt-out.
Após a apresentação da configuração do mercado de trabalho, em termos de
sua estruturação e seus requisitos, no interior do qual se desenvolvem as carreiras,

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como sistemas organizados de movimentação laboral, façamos, a seguir, uma


síntese de como tem sido estudada a carreira como um constructo teórico.

CARREIRA

Teorias tradicionais

Contextualizado o mercado de trabalho e feita a discussão de competências e


redes sociais, podemos retomar o histórico da temática carreira. Com o objetivo de
sistematizar o estudo do modelo tradicional de carreira, podem ser desenhadas três
linhas de análise: 1) “visão estrutural”, 2) “visão de perfil” e 3) “visão
desenvolvimentista”, sendo que a primeira foi desenvolvida pelas Ciências da
Gestão, a terceira pelas Ciências do Trabalho e a segunda por ambas as áreas de
estudo e intervenção, sendo este o primeiro modelo de análise e intervenção no
campo da carreira organizacional (RIBEIRO, 2009b).
A visão estrutural propõe o desenho do plano de carreira com as respectivas
descrições de cargos a fim de que as pessoas possam ser movimentadas na
organização, apresenta uma configuração voltada para o indivíduo inserido numa
empresa com os passos necessários e predefinidos para sua ascensão de carreira,
sendo esta a concepção que se vincula mais ao termo “carreira” (DUTRA, 1996;
SCHEIN, 1993).

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A visão de perfil relaciona-se ao ajustamento entre o perfil do indivíduo e o


perfil da profissão e procura medir o quanto o indivíduo se aproxima do que o
selecionador busca, está relacionada ao ajustamento pleno do indivíduo à estrutura
institucional, em termos dos requisitos fundamentais para um bom desempenho
associado à satisfação na realização do trabalho (HOLLAND, 1997; PARSONS,
1909/2005).
Já a visão desenvolvimentista está vinculada a um dos precursores do
estudo de carreira, Donald Super, e propõe um modelo a partir da ideia de que as
pessoas têm diferentes perfis e que a relação entre o perfil do indivíduo e o contexto
de trabalho muda de acordo com o ciclo de vida, ou seja, coloca em discussão a
importância do contexto para pensar carreira. Assim, em determinados momentos da
vida de um indivíduo ele dará maior ou menor relevância para distintos aspectos e
dimensões relacionados à sua carreira e ao seu trabalho (SUPER, 1957, 1963).
O modelo tradicional é hegemônico até meados dos anos 1980, quando
passa a abrir espaço para outras formas de análise das carreiras. Os estudos
demonstram que o conceito de carreira ficou suscetível às transformações em
função das mudanças do mercado de trabalho, resultantes do desenvolvimento
tecnológico, competitividade acirrada, globalização, busca pela qualidade e quebra
do modelo taylorista de produção, conforme já descrito e analisado no subseção 2.1
(TOLFO, 1999, 2002).

Transição conceitual

A partir dos anos 1980 iniciou-se um processo de reestruturação das


empresas, com diminuição de hierarquias e concentração de processos em
pequenas e médias organizações. Na configuração do mercado de trabalho as
expectativas passaram a ser de empresas menores (enxutas), mais rápidas para se
adaptar às mudanças e aos novos modelos de trabalho. O indivíduo também
precisou se adaptar a nova realidade. Ribeiro (2009a, p. 151-152) apresenta um
quadro comparativo entre as características da carreira tradicional e as
características assumidas no modelo atual de carreira (Quadro 1).

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MODELO TRADICIONAL DE CARREIRA MODELO ATUAL DE CARREIRA

1. Predomínio das visões essencialistas, 1. Predomínio das visões dialéticas e


interacionistas e funcionalistas de concepção construcionistas de concepção de carreira
de carreira 2. Modelos transicionais e psicossociais
2. Modelos estruturais, tipológicos e de análise da carreira
desenvolvimentais de análise da carreira 3. Sem normatividade, nem padrão de
3. Normatividade: genérica com estrutura carreira: carreira interna determina a
coletiva, sendo que a carreira externa carreira externa na relação com o mundo
determina a carreira interna (padrão de do trabalho (fragmentação individualista)
carreira) 4. Psicossocial (vinculada à relação
4. Organizacional (vinculada ao posto de indivíduo-trabalho)
trabalho) 5. Imprevisibilidade (futuro incerto e
5. Previsibilidade (futuro predeterminado) construído em relação continuamente)
6. Descontinuidade histórica
6. Continuidade histórica 7. Insegurança, instabilidade e incerteza:
7. Segurança, estabilidade e certeza: trabalho aberto a mudanças constantes de
trabalho fixo e conservador com função função ou com múltiplas funções –
específica (pouca mudança e mobilidade) trabalhos por projetos
8. Desenvolvimento, progresso e 8. Processo e mobilidade: conquista
mobilidade: conquista cumulativa por pontual por competências e reafirmada a
antiguidade cada momento
9. Dimensão organizadora da experiência 9. Dimensão organizadora da
espaço-temporal (time: tempo linear e experiência espaço-temporal (timing:
previsível – temporalidade de Chronos) tempo mutante e sem controle
10. Processos dominantes de ajustamento (temporalidade de Kairós)
ou adaptação 10. Processos dominantes de construção
11. Base no dualismo dialética
12. Desenvolvimento acontece pela 11. Base na dualidade
maturidade vocacional 12. Desenvolvimento acontece pela
13. Carreira como projeto de estado e maturidade de carreira
identidade: produto predeterminado a ser 13. Carreira como projeto de ação e
alcançado identidade como processo (estratégia
14. Mundo do trabalho visto como um identitária)
mundo pensado e antecipável 14. Mundo do trabalho visto como um
15. Ação privilegiada para a construção de mundo construído e não-antecipável, que
carreira: pensamento (ação como não está acabado e pronto
representação orientada pelo real e referência 15. Ação privilegiada para a construção
do produto a ser alcançado) de carreira: agir sobre o mundo (ação
como representação orientadora do real e

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16. Projeto de carreira desvinculado do referência do processo a ser construído
projeto de vida continuamente)
16. Projeto de vida (vínculo do projeto de
carreira com todas as dimensões da vida)

Quadro 1 - Quadro comparativo dos princípios gerais norteadores dos


modelos de carreira
O Quadro 1 estabelece a comparação entre os pontos de destaque do
modelo tradicional de carreira e a configuração que assume no modelo atual. Ficam
evidentes as divergências nas dimensões tempo e espaço. Enquanto no modelo
tradicional os pilares eram a previsibilidade, estabilidade e segurança focados em
processo de ajustamento, no modelo atual é evidente a construção contínua da
relação em meio a um cenário imprevisível, descontínuo e aberto a constantes
mudanças (RIBEIRO, 2009a).
A proposta de relacionar a carreira tradicional ao conceito de tempo de
Chronos, tempo linear, predeterminado externamente, forma adotada pela
sociedade para organizar os dias e noites, vincula-se a organização da carreira de
acordo com o modelo de seguir os passos propostos e predefinidos na política da
organização. Considera que promoções de cargo são adotadas por critério de tempo
na empresa e seguem a hierarquia de cargos vertical com previsibilidade dos
próximos passos, no tradicional plano de carreira organizacional.
Já a introdução do tempo Kairós ocorre em função da mudança de cenário e
valoriza a questão do tempo interno, da percepção que os indivíduos têm dos
acontecimentos e de seu desenvolvimento. Há mudança na forma de organização,
visto que apesar de continuarem a existir modelos predeterminados, eles deixam de
ser únicos, ou restritos e se tornam plurais. As escolhas por onde seguir serão cada
vez mais decisões tomadas pelo indivíduo em relação ao seu contexto ampliado
(redes sociais) e não somente pela organização. O objetivo é que as empresas
sejam capazes de contribuir no estímulo do desenvolvimento de pessoas com
autonomia e informações para fazer suas escolhas.
Mais do que isto, em função das frequentes mudanças no mercado de
trabalho, as empresas passam a ter como desafio na interação com os empregados,
gerar uma relação vantajosa entre empresa e empregado, conciliar expectativas e
ritmo de desenvolvimento, estimular uma postura inovadora e empreendedora em

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seus gestores, assim como administrar as pessoas que não se mostram


interessadas em se desenvolver e estão estacionadas em sua carreira (DUTRA,
1996).
A administração de carreira é um sistema que pode ser utilizado para conciliar
as expectativas de desenvolvimento das empresas, àquelas de crescimento
profissional e pessoal de seus empregados. Uma das possibilidades é através de
processos de gestão compartilhada, que possibilite ao funcionário gerenciar sua
carreira e as empresa gerenciar as oportunidades. Visto que dentro do modelo
tradicional é notável o estabelecimento de uma relação unilateral, em que os
gestores decidiam a trajetória dos empregados na organização e estes aceitavam o
que era definido para suas carreiras (DUTRA, 1996).
Assim os modelos de carreira passam a estar relacionados a alguns fatores
internos e externos e deixam de ser predominantemente determinados pelos fatores
externos. Um exemplo é o modelo de carreira construtivista em que “a carreira é
resultante da ação da pessoa sobre meio social e das influências que ela sofre deste
meio, a base da teoria está no construtivismo ou construcionismo social.” (RIBEIRO,
2009b, p. 207). Ou o modelo contextual-desenvolvimentista, que “considera a
carreira resultante do processo de desenvolvimento individual ao longo da vida e do
contexto interpessoal, sociocultural e ambiental, em mudança constante, que gera
sínteses adaptativas” (RIBEIRO, 2009b, p. 207). Ambos atentam-se a relação
indivíduo-trabalho, na visão psicossocial.
Os processos de ajustamento e/ou adaptação a uma ordem predefinida de
coisas (organização social homogênea e hegemônica) passam a conviver cada vez
mais com processos de construção contínua com base em redes sociais
heterogêneas e múltiplas e a carreira amplia seu escopo do trabalho para a
construção da vida (SAVICKAS et al., 2009).

Principais modelos e concepções de carreira

Verifica-se que os estudos abordam “carreira” por diferentes perspectivas e


considerando os diversos modelos pode-se estudar carreira através dos dois eixos
principais.

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No primeiro a carreira é caracterizada como artefato administrativo, ou seja,


uma ferramenta criada para organizar a movimentação das pessoas nas empresas,
que tem como objetivo pensar soluções voltadas para as necessidades práticas de
uma organização.
E no segundo eixo de estudos vincula-se a uma visão mais subjetiva,
desenvolvida pela sociologia e pela psicologia, que visam analisar e compreender a
carreira como um processo psicossocial, e analisá-la enquanto um processo
direcionado a entender o indivíduo e suas escolhas e projetos profissionais
(RIBEIRO, 2009b).
Nosso foco será o primeiro eixo de estudos que descreve as novas formas da
carreira no mercado de trabalho contemporâneo, ou seja, como tem se organizado a
movimentação das pessoas nas empresas e fora delas.
Além dos modelos citados até este ponto da carreira proteana (HALL, 2002) e
da carreira sem fronteiras (ARTHUR; ROSSEAU, 1996), temos também a carreira
portfólio (DUBERLEY; MALLON; COHEN, 2006; FENWICK, 2006; TEMPLER;
CAWSEY, 1999), a carreira espiral ou multidirecional (BARUCH, 2004; EVANS,
1986; HIGGINS; THOMAS, 2001), carreira caleidoscópio (MAINIERO; SULLIVAN,
2006) e o arco-íris de carreira (SUPER; SAVICKAS, 1996). A seguir,
apresentaremos um quadro adaptado de Bendassoli (2009) e Ribeiro (2009b) com
uma breve definição de cada uma das abordagens.
Abordagem Definição

Carreira de Proteu Foco no indivíduo como responsável pela construção de sua


carreira frente as demandas do mundo do trabalho.

Carreira sem fronteiras Foco na relação pessoa-organizações e na construção de


redes de relacionamento, considerando diferentes possibilidades
de vínculos de trabalho dentro e fora da organização, num
processo de validação da carreira também fora do contexto
organizacional.

Carreira espiral ou Foco na relação pessoa-trabalho e na possibilidade de criar


multidirecional diferentes percursos profissionais dentro da organização.

Carreira caleidoscópio Foco na relação pessoa-trabalho e na possibilidade de criar


diferentes percursos profissionais dentro e fora da organização,

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através dos quais os indivíduos reorganizam os diferentes
aspectos de suas vidas para formar padrões distintos da carreira
com base na sua situação particular naquele momento.

Carreira portfólio Foco no indivíduo e na sua capacidade de desenvolver


diferentes competências e utilizá-las no trabalho para construir
sua trajetória.

Arco-íris de carreira Foco nos diferentes papéis sociais que o indivíduo assume ao
longo da vida e na articulação destes e do contexto em que está
inserido com a construção de sua carreira.

Quadro 2 - Definição de modelos contemporâneos nos estudos de


desenvolvimento de carreira

O Quadro 2 apresenta uma síntese de casa um dos modelos que serão


detalhados a seguir.
A proposta da carreira de Proteu está baseada em atender o novo cenário
do mercado de trabalho, assim tem como premissas a autonomia, autodireção,
habilidade para aprender, habilidade para direcionar a carreira e a vida, e habilidade
para construir relações. Está focada nas necessidades do indivíduo e na realização
baseada nas expectativas internas, que visa o sucesso interno, ou seja, o sucesso
psicológico. Sendo que, desenvolvimento é entendido como aprendizado constante,
saber aprender. Com relação ao modelo tradicional de carreira, o enfoque desta
forma sai do saber fazer, ter a carreira direcionada pela organização, e o significado
de desenvolvimento deixa de ser treinamento formal, retreinamento e mobilidade
para cima na hierarquia (VELOSO; DUTRA, 2010).
O objetivo da carreira sem fronteiras está em redesenhar a trajetória de
carreira dentro e fora da organização, com possibilidade de criar diferentes vínculos,
sendo o valor do trabalho o ponto a ser considerado, independente da organização.
Trabalhar deixa de ficar restrito a ter um emprego fixo em uma organização
estruturada. Proposta inclusive que atende a necessidade das organizações de ter
quadros enxutos e flexíveis, assim como dos indivíduos em conciliar necessidades
profissionais, pessoais e familiares. Dois pontos chave são a auto-organização,
definida como a aprendizagem constante resultante de ciclos de processos estáveis,

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porém limitados; e a atuação, que remete a ação, ao indivíduo ser responsável por
seu aprendizado e construí-lo de forma cooperativa. A construção cooperativa está
relacionada a cultivar redes de relacionamento que proporcionam troca de
conhecimento e aprendizado (VELOSO; DUTRA, 2010).
A carreira espiral ou multidirecional é marcado pela flexibilidade,
dinamismo e abertura à experiências múltiplas numa variedade de opções e
direções de desenvolvimento, sendo o valor atribuído a cada uma delas de
responsabilidade do empregado: a pessoa define seus padrões de carreira e
sucesso, o que exige um autoconhecimento e um conhecimento da organização de
trabalho grande, mas a estrutura da carreira é planejada e gerida pelas
organizações do trabalho (BARUCH, 2004, 2006; HIGGINS; THOMAS, 2001).
Na carreira caleidoscópio destaca-se que os padrões de carreira de homens
e mulheres
[...] não se tornaram sem fronteiras, mas sim caleidoscópicas, ou seja, tanto
homens quanto mulheres estão atualmente trabalhando dentro e fora das fronteiras
organizacionais visando primordialmente a conciliar as suas necessidades
particulares de autenticidade, balanceamento e desafios. (VELOSO; DUTRA, 2010,
p. 11).
Isto reorganizando os diferentes aspectos de suas vidas para formar padrões
distintos da carreira com base na sua situação particular naquele momento
(MAINIERO; SULLIVAN, 2006).
A carreira portfolio foca no caráter relacional da carreira. Considera que a
divisão entre carreira interna e externa não agrega valor aos modelos atuais, visto
que a construção está na relação e vinculada ao olhar do outro, ou seja, não
percebe, como possíveis, construções individuais de carreira, visto que estão
inserido em um contexto, marcado por mudanças e por esquemas interpretativos
(RIBEIRO, 2009a).
O arco-íris de carreira propõe uma análise que relaciona os papéis que o
indivíduo assume durante a vida com a atuação no mundo do trabalho e a realização
do projeto de vida. O modelo está baseado nas características relacional e
psicossocial. A base está na possibilidade de mobilizar e desenvolver estratégias
para lidar com constantes modificações ocorridas na trajetória da carreia,
considerando a articulação dos diferentes papéis sociais, concebendo a carreira

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como um processo em construção que contempla descontinuidades e transições


(RIBEIRO, 2009a; SUPER, 1980, 1990).
Nota-se como eixo comum no estudo de carreira a questão da movimentação.
Sendo que a forma como esta movimentação ocorre é o que diferencia as
propostas. Assim, em um modelo tradicional o ponto de atenção está em seguir uma
proposta externa, predeterminada pela organização, para ascensão na carreira, que,
em geral, estava baseada em uma sequência de cargos linear e ascendente. Já na
proposta de carreira de Proteu a atuação do indivíduo é essencial, e ele é o ator
responsável por gerar mudanças e construir sua carreira. A carreira sem fronteiras
foca o indivíduo como agente que constrói além da carreira a rede de
relacionamentos que possibilita troca de conhecimento e gerar aprendizado. As
carreiras portfolio e espiral trazem como essencial a construção da carreira em
contexto, os elementos de interação e movimentação. Assim como o modelo do
arco-íris de carreira tem como base elementos relacionais e psicossociais. Outro
ponto comum entre os modelos contemporâneos está na compreensão da carreira
para além da esfera objetiva e predominantemente na dimensão psicossocial,
tomando como indissociáveis indivíduo e sociedade.
Além dos modelos contemporâneos para estudar carreira apresentados até
este ponto, o presente trabalho contará com a utilização de uma figura de linguagem
para contribuir na compreensão de carreira. Está figura é a metáfora: designação de
um objeto ou qualidade mediante uma palavra que designa outro objeto ou
qualidade que tem com o primeiro uma relação (Dicionário Eletrônico de Língua
Portuguesa Houaiss). Nas organizações a metáfora é utilizada em estudos para
auxiliar no entendimento das organizações e que tem como um de seus expoentes o
autor Gareth Morgan.
Morgan (1996) é um cientista social de destaque nos estudos do
comportamento organizacional, que propõe em sua obra “Imagens da Organização”, a
utilização de metáforas para compreender as empresas. O autor argumenta que as
metáforas são “um modo de pensar e uma forma de ver que permeia a maneira pela
qual entendemos nosso mundo em geral” (p. 16), o objetivo é que elas facilitem o
estudo da dinâmica das diferentes organizações e as teorias da administração
aplicadas às empresas. Em sua proposta ele estabelece as comparações das

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organizações com: máquinas, organismos vivos, cérebros, culturas, sistemas


políticos, prisões psíquicas, fluxo e transformação e instrumentos de dominação.
A proposta de Inkson (2004) é, seguindo a mesma linha de trabalho de
Morgan (1996), propor metáforas para as diferentes formas de pensar carreira. O
autor destaca que a metáfora ajuda a estruturar o que estamos pensando e a
perceber os eventos de uma forma especial. É uma forma de descrever o mundo
através de termos familiares, que estimula a criatividade. Os pontos de atenção
neste processo são não dar preferência por uma das metáforas de maneira que isto
restrinja as possibilidades de ver carreira de formas alternativas, e não deixar que a
metáfora induza, nos faça perceber coisas que não tem nenhuma relação com a
proposta. São descritas nove metáforas:
1. Metáfora do legado: carreira como herança. Refere-se ao aspecto
hereditário, a percepção de carreira como um legado que passa de uma geração
para a seguinte.
2. Metáfora do ofício: carreira como construção. Esta comparação destaca o
papel do indivíduo e os aspectos psicológicos e comportamentais envolvidos nos
processos de construção da carreira.
3. Metáfora dos estágios: carreira como ciclo. Propõe o estudo da carreira
através de fases, ciclos, sequências comuns a trajetória cronológica das pessoas.
Está presente na noção popular de início, desenvolvimento e encerramento da
carreira. O ponto de atenção está em estereótipos ligados a baixa contribuição
profissional e papel de pessoas mais velhas.
4. Metáfora da harmonia: carreira como ajuste. Relaciona-se a ideia de
ajustamento entre pessoa e ambiente, tradicionalmente a visão de que determinados
perfis de indivíduo correspondem ao que é esperado para exercer determinadas
profissões.
5. Metáfora do trajeto ou jornada: carreira como jornada. É comum a
carreira ser caracterizada desta forma, como um movimento, localizado no tempo e
espaço entre trabalho, ocupação e organizações. É atraente, pois é capaz de
incorporar dois aspectos em sua descrição, o movimento entre o tempo e o espaço.
O ponto de atenção está no fato do termo jornada ser bastante abrangente e
genérico.

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6. Metáfora das redes: carreira como encontros e relacionamentos. Destaca


os aspectos sociais e políticos. Relaciona-se a encontros e construção de redes de
relacionamento, uma competência chave atualmente.
7. Metáfora do teatro: carreira como papel. Como um papel de mediação
entre comportamento vocacional e papéis sociais. A teoria dos papéis nos ajuda a
entender a sobrecarga e conflitos de papéis em momentos de crise na carreira. Além
de chamar atenção para relação entre a interação dos papéis de trabalho e “não
trabalho” (papel como estudante, cidadão, integrante de família). Neste enfoque, a
carreira toma caráter de um desempenho teatral por toda a vida, com escritores
múltiplos, diretores e sugestões, e caracterização complexa.
8. Metáfora econômica: carreira como recurso. Metáfora com foco
econômico que visa o potencial da carreira, aliada a outros recursos, para gerar
riquezas. Está relacionada à visão atual da pessoa como recurso mais importante da
organização para gerar resultados. Dá ênfase ao gerenciamento do conhecimento.
9. Metáfora da narrativa: carreira como história. Está relacionada ao nosso
imaginário sobre carreira, povoado por muitas histórias que as pessoas contam,
adicionado ao que há de conhecimento e mitos sobre o tema na sociedade. O ato de
contar nossas histórias de carreira nos ajuda a refletir sobre novas possibilidades.
As histórias representam e se constroem sobre arquétipos de carreira. Neste
contexto, a mídia contribui para a construção da figura de homens e mulheres de
sucesso que em um passe de mágica, tiveram carreiras fantásticas e milionárias. O
ponto de atenção desta metáfora está em desenvolver a percepção para saber
diferenciar o que é real e o que é ficção.
Configurado o quadro do que tem se concebido como carreira nas últimas
décadas vejamos como tem sido postulado os requisitos para o desenvolvimento
das carreiras e as propostas para a gestão da carreira nas organizações.

Principais propostas de desenvolvimento e gestão da carreira

No cenário nacional, o tema carreira está presente em obras relacionadas à


gestão de pessoas, com um enfoque administrativo, são representantes deste grupo
Dutra (1996, 2002), Costa e Balassiano (2006). Assim como em obras com

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abordagem psicossocial, Malvezzi (1999), Ribeiro (2004, 2009a, 2009b) e Tolfo


(2002, 1999).
Conforme Dutra (2002), a temática carreira pode ser vista, atualmente, como
a possibilidade de desenvolvimento de um projeto individual que pode ter relevância
também para organização. Para isto é importante que o profissional se veja como
sujeito na construção e planejamento de seu desenvolvimento e por parte da
organização haja possibilidade de estimular e conciliar tais perspectivas.
Desta forma, o planejamento de carreira se refere a um exercício de
autoconhecimento, pois o autor cita que as pesquisas convergem para a construção
da carreira como algo que ocorre de dentro para fora. A base está na identificação
de três pontos: identificar traços de personalidade, valores e pontos fortes. Assim,
podem ser delimitadas metas que estejam de acordo com o que traz realização
profissional na visão de cada indivíduo, para então traçar um plano de carreira. O
autor alerta para que o plano de carreira não seja um projeto engessado, pois senão
torna-se uma camisa de força, ao invés de funcionar como uma ferramenta para o
alcance de objetivos.
Costa e Campos (2006) pontuam que a carreira tradicional está atrelada a um
instrumento que facilita a administração de pessoas com foco racional e objetivando
a construção de uma relação de lealdade entre trabalhador e organização.
As autoras retomam Mckinlay (2002), Grey (1994) e Savage (1998) (apud
COSTA; CAMPOS, 2006, p. 65) para esclarecer que a administração de carreira
permite o desenvolvimento das grandes burocracias e de uma determinada forma de
construção organizacional. Implicitamente há uma promessa de que se o indivíduo
demonstrar diligência, mérito e autodisciplina será recompensado com a ascensão
na carreira, promessa que está desenhada no longo prazo e associada ao
desempenho e presença dos comportamentos citados. De forma prática, o objetivo é
produzir o efeito de que o indivíduo é o maior interessado em seu
autogerenciamento e em transformar o trabalho em espaço principal para realização
do seu “projeto de si”.
Entretanto a rigidez do modelo de carreira tradicional entra em crise e
caminha para um modelo com maior flexibilidade nos processos de trabalho,
descrições de cargo e formas de contratação. Com isto, outras compreensões sobre
carreira surgem. Segundo Costa e Campos (2006), a principal mudança nestes

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novos olhares sobre carreira é que antes a organização era responsável por planejar
e administrar as carreiras e hoje este papel é atribuído ao indivíduo.
Mesmo com a mudança de foco na responsabilidade, as novas formas de
administrar carreira ainda partem de uma proposta de rota programada. Ao
autogerenciamento que já era estimulado é adicionada a responsabilidade pelo
desenvolvimento. A proposta de vínculo durante a vida profissional a uma
organização, não é mais central, e o compromisso do indivíduo é com o mercado de
trabalho e com seu desenvolvimento independente da organização em que está
atuando. O Quadro 3, adaptado de Costa e Campos (2006), sintetiza as
competências principais do modelo tradicional de carreira versus modelo atual.
Competência - modelo de carreira Competência - modelo de carreira atual
tradicional
Autodisciplina Flexibilidade

Conformação Autonomia

Pretensão de controle e predição Consistência

Contrato de lealdade à organização Convivência com a incerteza

Quadro 3 - Principais competências do modelo tradicional de carreira versus


modelo atual

O paradoxo que fica evidente é “[...] as organizações lutam para ocupar um


lugar privilegiado no imaginário dos trabalhadores, ao mesmo tempo que oferecem
vínculos cada vez mais efêmeros” (COSTA; CAMPOS, 2006, p. 68). A reflexão
proposta pelas autoras é que quando se fala em gestão de carreiras, a idéia de
gestão remete a planejamento, ação, controle e avaliação. Entretanto, o cenário
atual do mercado de trabalho remete a exploração de um eixo diferente da gestão,
um eixo focado na vivência, em que temos traços ainda pouco explorados pela
literatura de carreira e que estão descritos no Quadro 4, também adaptado de Costa
e Campos (2006).
1º traço Abertura ao acaso Aceitação de que a vida profissional não segue rota
conscientemente estabelecida

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2º traço Disposição para construir Vontade de aprender, crença na possibilidade de
a si mesmo transformação daquilo que se é

3º traço Motivação para vir a ser Vínculos transitórios (desinteresse pelo


pertencimento organizacional), desempenhar o
trabalho de forma honesta, mas livre de
dependência emocional

4º traço Lealdade a si mesmo Compromisso com o prazer pessoal e com agradar


a si mesmo
Quadro 4 - Traços relacionados ao desenvolvimento de carreira
contemporâneo

A conclusão de Costas e Campos (2006) é que os traços: abertura ao acaso,


disposição para construir a si mesmo, motivação para vir a ser e lealdade a si
mesmo, atualmente compõe a característica de “autoria da criação de si” esperada
dentro do contexto de desenvolvimento de carreira.
Na literatura internacional, Thite (2001) traz uma contribuição para discussão
do paradoxo atual no desenvolvimento de carreira. Ele ressalta que a carreira sem
fronteiras e a economia baseada no conhecimento são foco das empresas que
aprendem, mas passam uma mensagem contraditória para os funcionários. Por um
lado, as organizações contemporâneas esperam que os empregados adotem uma
prática dinâmica para desenvolvimento de suas carreiras, atuem em equipes
autodirigidas e adotem respostas rápidas em meio ao cenário de constantes
mudanças. Por outro lado, as organizações não se posicionam com relação a arcar
com o enorme custo de treinamentos técnicos e comportamentais que os
empregados necessitam para se manter inseridos no mercado de trabalho.
Enquanto atualmente as pessoas aceitam que não podem mais esperar das
organizações o direcionamento para desenvolvimento de suas carreiras, com
certeza preferem não trabalhar para aquelas que adotam a postura de deixar toda a
responsabilidade de atualização e desenvolvimento sob responsabilidade das
pessoas.
O autor foca na discussão deste paradoxo e faz um paralelo entre a postura
das empresas e a literatura de tipos de liderança, assim coloca que as organizações
esperam que os empregados tenham uma postura transformacional e oferecem

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condições transacionais para isto. Desta forma esperam dos empregados uma
postura de engajamento, desenvolvimento de seu potencial, motivação, ao mesmo
tempo, os líderes mantêm uma postura impessoal, adotam decisões racionais e sem
envolvimento da equipe, não investindo no desenvolvimento de potenciais. A
conclusão de Thite (2001) é que as organizações devem adotar uma postura pró-
ativa no seu papel de gerenciamento de carreiras, através da remoção de fronteiras
internas para movimentação de pessoal, planos de carreira individual, ações de
mentoring e autogerenciamento, além de adotar uma nova filosofia de RH.
Thite (2001) faz um comparativo entre as responsabilidades da organização
no modelo tradicional de carreira e no modelo contemporâneo. Em seguida faz a
mesma comparação partindo da visão dos indivíduos. Assim, na primeira
comparação, são destacadas as responsabilidades da organização no modelo
tradicional de carreira e os pontos principais são: estrutura de cargos com vários
níveis hierárquicos, supervisão baseada em avaliação de performance, estilo de
gerenciamento baseado no comando e controle, responsabilidade pelo planejamento
e desenvolvimento da carreira das pessoas e movimentos unidirecionais de carreira.
Em contraposição,no modelo contemporâneo de carreira, as responsabilidades da
organização são: tecnologia da informação e do conhecimento direcionando o
aprendizado organizacional, colaboração estratégica com osconcorrentes, incentivo
a redes de relacionamento, grupo menor de empregados com vínculo efetivo com a
empresa e grupo maior de funcionários com vínculos de trabalho com tempo
determinado, times autogerenciados e movimentos multidirecionais de carreira.

Já quando são observadas as responsabilidades do indivíduo no modelo


tradicional de carreira, os pontos de destaque são: lealdade a organização,
desenvolvimento da carreira e crescimento na mesma empresa, baixa
responsabilidade sobre o gerenciamento de carreira, ênfase em competências
específicas (especialista) e presença de acordos coletivos.
No cenário contemporâneo estas responsabilidades do indivíduo são
apresentadas da seguinte forma: redução da lealdade com a organização, foco na
empregabilidade, portfólio de competências, ênfase nas questões de estilo de vida,
total responsabilidade pelo gerenciamento da carreira e necessidade de aprendizado

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constante. Ou seja, fica evidente que os indivíduos assumem a responsabilidade de


gerenciar suas carreiras, assim como arcar com os custos necessários para isto.
Outros autores que contribuem com novo modelo para gerenciamento de
carreiras são Butcher e Harvey (1998), que reforçam a importância do
desenvolvimento de meta habilidades dos empregados para que haja contribuição
para as organizações. Assim, os autores destacam que se a carreira se tornou
complicada nas organizações contemporâneas, é necessário que as pessoas criem
possibilidades e atinjam resultados, sendo o desenvolvimento das meta habilidades
um caminho para que isto aconteça, pois são competências que facilitam o
aprendizado e a adaptação. As quatro competências são: desenvolvimento da
habilidade cognitiva, autoconhecimento, resiliência e autocontrole. A conclusão do
autor é que estas metas habilidades são necessárias para direcionar suas ações e
tomadas de decisão dentro de uma estrutura organizacional.
Neste novo panorama, a carreira passou a ser estudada com foco em
entender a nova realidade e refletir sobre a mesma. Templer e Cawsey (1999)
contribuem com mais um formato dentro de desenvolvimento de carreira. Os autores
trazem uma reflexão sobre a perspectiva de carreira portfolio, a ideia essencial está
ligada a desenvolver um portfólio de habilidades e vender para clientes, sendo seu
valor na organização atrelado ao resultado que produz para os clientes.
Na estrutura geral, a formatação da área de RH muda, pois os contratos que
são estabelecidos com a organização podem ser de três naturezas: funcionários
efetivos, temporários e prestadores de serviço. Assim, a gestão de RH estará
descentralizada de forma a atender a cada um dos três tipos de contratações. Para
que este desenho se torne concreto o primeiro passo está em alinhar as
competências principais do negócio (“core”), definir o grupo de funcionários efetivos,
ligados ao desenvolvimento de tais competências, para que este grupo defina a
contratação dos temporários e prestadores de serviço (PJ).
No primeiro grupo, na estratégia da empresa, temos os funcionários que
devem ser mantidos no longo prazo. No segundo grupo, de temporários, as tarefas
devem estar ligadas a atividades específicas e que requerem competências menos
complexas. E no último grupo, de prestadores de serviços (PJ), estão os indivíduos
com a carreira portfólio, com qualificação e portfólio de habilidades orientado para
atender aos clientes. Todo esse formato revê a visão tradicional de RH centralizado

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e responsável por seleção, recrutamento, treinamento e desenvolvimento, e traz


uma nova proposta, de RH descentralizado e dividido de acordo com os vínculos de
trabalho a serem estabelecidos entre funcionários e organização.
Assim, como no exemplo de Templer e Cawsey (1999), Atkinson (2002)
contextualiza o novo formato do contrato psicológico. A discussão está atrelada à
mudança de foco do contrato e desenvolvimento de carreira, deslocando-se do
modelo tradicional com vínculo efetivo com a instituição e trajetória linear para a
carreira chamada transitória, que destaca uma relação com foco no curto prazo e
vínculo de menor envolvimento emocional e comprometimento do empregado.
A proposta da autora é que a empresa esteja atenta para a forma como vai
conduzir esta transição, preocupando-se com o gerenciamento das carreiras, de
forma a oferecer ferramentas e preparar as pessoas para que possam fazer suas
escolhas e planos. Esta transição envolve várias etapas e neste período o foco deve
ser a comunicação aberta, informações explícitas, desenvolvimento e aprendizado
contínuo para consolidar uma nova forma de relacionamento.
Quais as possibilidades, então, de desenvolver programas de carreira com
foco nesta nova forma de atuação? Stevens (1996) traz alguns pontos positivos e
outros que devem ser evitados nos programas de desenvolvimento de carreira. O
foco está na importância de desenvolver os programas em parceria com as
organizações e com a participação dos executivos no processo.
Como os demais autores, ele enfatiza a importância do autoconhecimento e o
retorno positivo que este ponto tem para organização com reflexo no sucesso
financeiro da empresa. Sua contribuição se estende para os pontos a serem
evitados nos programas, que são: oferecer o programa para apenas uma parte da
organização, usar ferramentas inadequadas para auto avaliação, promover apenas o
workshop para desenvolvimento de carreiras na organização, misturar a discussão
sobre performance atrelada a revisão de carreira.
Dutra (1996) relata o estado da prática, a partir de uma pesquisa realizada
com empresas dos EUA, de alguns países da Europa, Cingapura e Austrália. Os
fatores que levaram as empresas participantes a adotarem sistemas de
administração de carreira estão ligados a: 1) crença dos gerentes de que
desenvolver a carreira leva ao desenvolvimento dos empregados, 2) estímulo dos
indivíduos a usar seus talentos, 3) falta de preparo dos supervisores para discutir

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este tema com a equipe, e 4) necessidade da administração de carreira estar


relacionada ao plano estratégico da empresa.
As práticas adotadas por estas empresas são os programas internos de
treinamento e desenvolvimento, programas de orientação dos empregados em
relação a sua carreira, seminários e workshops externos para desenvolvimento de
carreira, processo de divulgação interna das oportunidades de trabalho, reembolso
de cursos externos efetuados pelos empregados e aconselhamento de carreira
efetuado por supervisores, gerentes e especialistas da área de RH.
Os planos de melhoria para o futuro estão concentrados em aumentar a
ligação com as estratégias do negócio, expandir e aprimorar os programas e o
sistema de informações entre empresa e empregado, treinar gerentes para serem
melhores conselheiros de carreira e melhorar a integração entre as diferentes
práticas de administração de carreira.

Categoria e definição de carreira

OPORTUNIDADES DE CARREIRA

1997 A empresa está sempre abrindo novas oportunidades de carreira e


possibilitando que os funcionários que entraram nos níveis mais baixos
cheguem aos mais altos. E tem, para isso, mecanismos específicos - oferta
interna de cargos vagos, avaliações de desempenho anuais, política que dá
preferência aos profissionais da casa em vez de buscá-los no mercado etc. Uma
empresa cinco estrelas neste quesito deve estar constantemente criando novas
vagas por intermédio da expansão de seus negócios.

1998 Ganha mais estrelas a empresa que está constantemente abrindo novas
oportunidades de carreira para seus funcionários. E que possibilita àqueles que
entraram nos níveis mais baixos chegarem aos mais altos. Existem mecanismos
específicos para isso: oferta interna de cargos vagos, avaliações de
desempenho anuais, política que dá preferência aos profissionais da casa em
vez de buscá-los no mercado etc. Para ser cinco estrelas neste quesito a
empresa deve estar sempre criando vagas por meio da expansão de seus
negócios.

1999 Promover as pessoas, permitir que elas troquem de função, ter programas de
aprendizagem contínua e serviços de aconselhamento de carreira são fatores

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primordiais para garantir cinco estrelas neste item. A empresa deve ter práticas
formais que melhorem a empregabilidade do funcionário dentro da empresa e
fora dela. Ganharam mais pontos as empresas que tiverem altas taxas de
promoção da prata da casa e que usam os perfis de habilidades e competências
para contratar, treinar e remunerar.

OPORTUNIDADES DE CARREIRA E TREINAMENTO

2000 Não basta apenas oferecer chances reais (e para a maioria dos funcionários) de
ascensão dentro da organização para obter a cotação máxima. A empresa tem
de dar apoio e suporte para que o pessoal se desenvolva e aumente a
empregabilidade tanto dentro quanto fora de suas fileiras. E isso só é possível
se houver investimentos consistentes em treinamento, mobilidade interna e
aproveitamento da prata da casa na hora de promoções. E aqui temos, este
ano, uma novidade: juntamos os quesitos "Treinamento e Desenvolvimento" e
"Oportunidades de Carreira", que apareciam nos anos anteriores. A razão: os
dois falam das mesmas coisas. Também mudou o fato de não nos basearmos
mais no total anual de horas de treinamento que a empresa afirma dar a cada
funcionário. Sabemos que é difícil contabilizar o treinamento dado no próprio
local de trabalho - e justamente este que acaba sendo mais eficaz. Como medir,
por exemplo, as horas de treinamento de um profissional que está fazendo um
estágio de três meses em um filial do grupo em outro país? Para dar as estrelas
neste quesito, baseamo-nos, principalmente, no que ouvimos dos funcionários.
Nas empresas auditadas por nossa equipe, pergunta-se isso pessoalmente. Nas
demais, consideramos os comentários espontâneos escritos por eles nos
questionários de satisfação. Também consideramos as políticas que garantem
mobilidade interna e se a avaliação de desempenho é levada em consideração
nas horas de promoção.
TREINAMENTO E OPORTUNIDADES DE CARREIRA

2001 De nada adianta ser um profissional cheio de planos para o futuro se a empresa
não proporciona chances reais de crescimento. Empresas que têm como
prioridade promover os profissionais de suas fileiras em vez de buscar gente no
mercado e que investem em treinamento mostram que valorizam seu pessoal. O
total anual de horas de treinamento que uma companhia oferece a seus
colaboradores não é o único fator levado em conta. Isso porque é praticamente
impossível colocar tudo em números. Como medir aquele treinamento que é
dado no local de trabalho? As estrelas deste quesito vêm principalmente do que
ouvimos dos funcionários nas entrevistas que são realizadas nas empresas.
Também são levados em consideração os comentários feitos por eles no

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questionário de satisfação.
2002 É claro que o funcionário não pode esperar sentado que a empresa se preocupe
o tempo todo com o seu aprimoramento profissional. Cabe a ele traçar seu plano
de desenvolvimento e ir à luta. Mas isto não quer dizer que as organizações
devem lavar as mãos. Elas precisam dar sua contribuição, ter uma política de
concessão de bolsas de estudo e oferecer treinamento para que, no futuro,
estes talentos possam se desenvolver e alcançar posições de comando.
Empresas que ganham cinco estrelas neste quesito possuem uma política de
recrutamento interno consistente, transparente e justa. Antes de buscar um
talento qualquer no mercado, elas avaliam primeiro as próprias fileiras,
valorizando a prata da casa. Para análise deste item, não basta considerar
apenas o número de horas que foi destinado a treinamento. Seria uma
imprudência, pois não há como avaliar, por exemplo, os cursos internos, feitos
ali mesmo, no setor em que a pessoa trabalha. Dessa forma, aqui vale muito a
opinião do funcionário, tanto ao responder ao questionário quanto nos
depoimentos dados ao jornalista que visitou a empresa na última etapa do
processo de avaliação.
DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL

2003 O importante aqui é dar oportunidade de crescimento a equipe, tais como cursos
de reciclagem, apoio a educação continuada, treinamento e possibilidades reais
de promoção. O número de estrelas aponta a quantidade e a qualidade de
oportunidades oferecidas e o que os funcionários consideram que está a seu
alcance para incrementar a própria carreira.
2004 As estrelas relacionadas a desenvolvimento profissional são concedidas
levando-se em conta as oportunidades e condições de crescimento oferecidas à
equipe, e fatores como política de recrutamento interno e oferta de bolsas de
estudo.
2005 Desenvolvimento profissional, treinamentos e bolsas de estudo (por exemplo)
estão especificados nos subitens: funcionários brasileiros que trabalham no
exterior, funcionários promovidos, subsídio para graduação e pós-graduação,
programas de mentoria, MBA por meio de convênios com instituições tais como
FGV, Universidade de Michigan e Universidade George Washington. O
recrutamento interno é forte e há grandes perspectivas de crescimento na
própria empresa.
CARREIRA PROFISSIONAL

2006 Pesquisas realizadas pela fia deste 2000 têm mostrado que o aspecto mais
valorizado pelas pessoas é a perspectiva de crescimento profissional. Para isso,
as ações da empresa se referem tanto ao estímulo quanto ao suporte para que

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a pessoa cresça. Um aspecto importante da carreira é o processo de inclusão,
ou seja, todas as pessoas que mantém uma relação de trabalho com a empresa
são objetos dessa preocupação. Esse será cada vez mais o fator determinante
de diferenciação da empresa no mercado.
CARREIRA

2007 Atualmente aspecto mais valorizado pelas pessoas é a perspectiva concreta de


crescimento profissional. A empresa faz a sua parte quando oferece suporte
para isso.
2008 a Identifica quais ferramentas a empresa oferece aos funcionários para que eles
2016 cresçam profissionalmente.

Quadro 5 – Categorização do tema carreira na revista Guia Você S/A Exame


“As melhores empresas para você trabalhar”, organizada por ano de publicação,
com a respectiva definição adotada.

PLANEJAMENTO DE CARREIRA: PAPEL DO INDIVÍDUO

A crença de fixar-se em um único emprego de longo prazo em uma única


empresa tornou-se perigosa no mercado de trabalho atual. Isto se deve a mudança
na lógica das carreiras, onde anteriormente o indivíduo seguia o padrão burocrático
de uma progressão ordenada de cargos cada vez mais altos e financeiramente
melhores.
Gostando ou não, mais e mais pessoas verão suas carreiras delineadas de
acordo com a maneira como elas se desenvolvem e colocam no mercado suas
habilidades e suas ideias — e não pela sequência de empregos oferecidos por uma
corporação (KANTER, 1997, p. 329).
Assim sendo, Mariaca (2003) a tendência hoje é o profissional fazer cada vez
mais mudanças de rota em sua carreira. Pois a qualquer instante, pessoas físicas ou
jurídicas podem ser demitidas por seus patrões ou clientes respectivamente.
Logo, o importante é o profissional possuir habilidades competitivas exigidas
para encontrar trabalho quando for necessário. Para isto é preciso flexibilidade para
mudar, objetivando obter segurança com a "empregabilidade". Como Kanter (1997)
afirma empregabilidade implica em saber se o trabalho de hoje vai aumentar o valor
pessoal em termos de oportunidades futuras.

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Já ao realizar planejamento de carreira os profissionais conquistam um


diferencial competitivo. Pois este processo tem como característica básica antecipar
cenários futuros e compará-los com os pontos fortes que o indivíduo possui e
aqueles que precisa desenvolver para atuar no mercado de trabalho. "0
planejamento não diz respeito a decisões futuras, mas as implicações futuras de
decisões presentes" (DRUCKER, 1992, p. 42).
Deste modo, a carreira não deve ser tratada no improviso por parte dos
profissionais.
Conforme menciona Pereira (2002), improvisar significa agir ao acaso,
preparar algo as pressas no momento que acontece. Salienta-se que em qualquer
atividade humana realizada sem nenhum tipo de preparo, é uma atividade aleatória
que conduz, em geral, o indivíduo a destinos não esperados.
Constata-se que há por parte das pessoas, uma natural resistência ao
planejamento de suas vidas profissionais, tanto pelo fato de encararem a trilha
profissional como algo dado, quanto pelo fato de não terem tido qualquer tipo de
estimulo ao longo de suas vidas.
"Surpreendentemente, muitos empregados pouco sabem a respeito do
planejamento de carreira. Frequentemente não estão conscientes da necessidade e
das vantagens desse planejamento" (PONTES, 2002, p. 317).
Hall e Gutteridge (apud DUTRA, 1996) comentam que a resistência quanto o
planejamento de carreira por parte dos indivíduos ocorre pelos seguintes fatores:
a) algumas pessoas percebem o desenvolvimento de carreira como uma
responsabilidade primária ou exclusiva da empresa;
b) alguns acham que a ascensão na carreira é uma questão de sorte,
bastando estar no lugar certo na hora certa;
c) outros acreditam que, para fazer carreira, devem trocar constantemente de
empresa;
d) há os que acham que não há sentido em pensar no planejamento de
carreira, uma vez que não da para prever o futuro; e
e) há aqueles que não têm coragem para encarar a si próprios ou relutam em
efetuar as mudanças necessárias a seu plano de carreira.
Esta ausência de um projeto profissional consciente coloca as pessoas em
situação de risco. Dutra (2002) aponta os riscos mais frequentes àqueles que não

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possuem planejamento de carreira, sendo eles: armadilhas profissionais, isto


acontece quando se executa um trabalho que demanda pouco de seus pontos fortes
e muito de seus pontos fracos. Esse trabalho, na maior parte do tempo, gera grande
desgaste e pouca satisfação, podendo conduzir a uma situação de estresse e
inibindo o desenvolvimento do profissional. Com há falta de foco as pessoas se
incomodam com a carreira e sentem desconforto profissional. 0 processo que
envolve a instalação do desconforto profissional, percepção, ação de mudança e
saída da situação de desconforto demora de dois a cinco anos. A visão restrita das
alternativas de desenvolvimento profissional, ocasiona a falta de oportunidades tanto
na empresa onde se atua quando no mercado.
Para evitar situações de risco e que o acaso prevaleça durante suas
escolhas, o profissional pode utilizar-se de um planejamento de carreira. Segundo
Drucker (apud PEREIRA, 2002) o processo de planejamento é muito mais
importante do que seu produto final. Pois o planejamento contempla ações
alternativas em relação a estados futuros e escolhe as ações alternativas.
É importante ressaltar que por meio do planejamento as pessoas trabalham
para fazer acontecer uma situação que não resultaria da evolução dos
acontecimentos, conforme Maximiano (2002). Este é uma forma de lidar com o
futuro que contrasta com o comportamento de não fazer nada. Onde os profissionais
conservadores e os acomodados apostam na estabilidade, na fatalidade dos
eventos e na manutenção do status quo. Processam de forma negativa os sinais da
necessidade de mudança, as ameaças e as oportunidades que vêm do ambiente.
Sendo assim, nada fazem para se preparar e esperam que o futuro venha a seu
encontro.
Desta forma, é fundamental que o profissional seja responsável pela
administração de sua carreira, buscando empregar seu talento em atividades que
lhe proporcione prazer, uma vez que o profissional não depende somente da
organização para decidir seus caminhos profissionais.
Portanto, as pessoas precisam ter consciência de seu papel para fazer a
gestão de sua carreira. Onde, "você é o dono da sua carreira e responsável por ela.
Trate-a bem. Ninguém é capaz de administrá-la melhor do que você" (MINARELLI,
1995, p.22).

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Portanto, "no planejamento de carreira torna-se imprescindível a reflexão do


indivíduo sobre sua relação com as organizações e as atitudes que pode
efetivamente tomar em busca da sua própria "autonomia" (CALDAS, 2000, p.267). 0
planejamento de carreira indica que o futuro começa a ser inventado e construído
com ações do presente, onde é preciso agir na direção daquilo que se deseja em
termos de caminhos profissionais ou de ações necessárias.
Para antever o perigo precisa-se planejar, o que significa estudar o cenário e
traçar metas para o futuro.
Apesar de existir vários modelos, manuais, na literatura existente indicando
como fazer o planejamento de carreira, este estudo aborda os procedimentos
indicados por London e Stumf (apud DUTRA, 1996), sendo eles: analisar mercado
de trabalho e identificar as oportunidades de carreira; realizar uma auto-avaliação
em busca do autoconhecimento; estabelecer os objetivos da carreira aliado com os
objetivos de vida e elaborar um plano de ação.
A figura abaixo demonstra as etapas do processo de planejamento de
carreira, segundo London e Stumf.

Estabelecimento de Objetivos
de Carreira

Identificação de
Oportunidades
Autoavaliação de Carreira

Plano de Ação

Etapas do processo de planejamento de carreira - Fonte: DUTRA (1996, p.


25).

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Analisar o mercado e as oportunidades de carreira

Constata-se que o mercado de trabalho está em constante modificação.


Sendo que uma das principais mudanças dos últimos tempos, foi à mudança nas
relações de trabalho que acarretou o rompimento da estabilidade nos empregos.
Esta mudança aliada à globalização, ao aumento do uso de tecnologias, redução
organizacional, flexibilização do trabalho, entre outras; extinguiu certas profissões e
gerou diversas oportunidades aos profissionais.
Segundo Franco (2002 a), uma pessoa de sucesso no antigo mercado de
trabalho, marcado pela segurança e por carreira estáveis, poderia ser identificada
por algumas características apresentadas abaixo:

PERFIL PROFISSIONAL ANTIGO

Seguidor
Leal
Paciente
Executor
Especializado

Antigo perfil profissional Fonte: FRANCO (2002 a, p. 38).

Ainda para o mesmo autor, até hoje muitas empresas e indivíduos acreditam
que essas são as qualidades exigidas para o sucesso. Porém, atualmente nas
empresas competitivas as qualidades exigidas parecem ser o contrário destas
apresentadas.
Logo, o profissional que deseja se manter competitivo e assegurar sua
permanência no mercado deve orientar-se em um novo perfil de profissional bem
sucedido, apresentado abaixo: .

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NOVO PERFIL
Iniciativa
Liderança
Criatividade
Autodesenvolvimento
Agilidade
Flexibilidade
Gerenciar o risco
Educador
Lógica de raciocínio
Trabalho em equipe
Conhecimento de línguas
Informática
Resistência emocional

Moderno perfil profissional - Fonte: FRANCO (2002 a, p. 39).

É neste cenário junto aos novos padrões de carreira que profissionais, assim
como as organizações, encontram-se frente a oportunidades e perigos, conforme
Kanter (1997).
As consequências são aos profissionais deste novo mercado maior
autonomia, liberdade e criatividade para determinar seus próprios destinos. Isto gera
uma força de trabalho adaptável, para quem progredir significa melhorar, conseguir
mais habilidades, desenvolver ideias onde encontrar-se-ão cenários cada vez mais
desafiadores.
Porém, segundo Kanter (1997) é perigoso retirar das pessoas a segurança
corporativa sem oferecer outra atividade para concentrar-se em construir seu futuro.
Por conseguinte o desmoronamento da hierarquia corporativa tradicional além da
segurança no emprego, os salários foram intensamente afetados. Para a autora,
status, e não a sua real contribuição para a empresa, era a base tradicional para os
números impressos nos contracheques das pessoas.
Assim nos planos de remuneração tradicionais, cada cargo tem atribuído a si
um nível de salário, fixado relativamente sem levar em conta como o trabalho foi
executado ou o valor real do desempenho para a organização. "Se houvesse um
componente de "mérito", este era em geral muito pequeno" (KANTER, 1997, p. 233).

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No entanto, a remuneração, neste novo olhar sobre a carreira, está


intimamente ligada ao esforço do próprio profissional. Desta forma, ele é
recompensado de acordo com o mérito e não mais pelo status. "Isso significa que o
profissional precisa mostrar resultados e buscar sempre a inserção em empresas
que valorizem os méritos que ele apresenta" (FRANCO, 2002 a, p. 93). 0 autor ainda
complementa afirmando que a decisão de promover, dar aumentos, demitir vai
depender do desempenho e da capacidade de comprovar, a todo instante, as suas
qualidades.
Este processo, para Kanter (1997), distingue a sociedade. Os "ricos" são
pessoas com liberdade para perseguir suas ideias e objetivos de carreira, ou seja, a
gestão de carreira pode ficar reservada a uma pequena elite, e os "pobres" são
aquelas pessoas que, tanto no nível "alto" quanto no "baixo", se prendem aos
ditames dos procedimentos estabelecidos, alheios ao processo. Corrobora com esta
visão Chanlat (1996) afirmando que a sociedade está em vias de se fragmentar e o
centro deste processo é o mercado de trabalho. Ao lado de um grupo de
assalariados estável e bem remunerado, encontra-se um número crescente de
desempregados e de pessoas que ocupam empregos precários, contratados ou
temporários. Havendo desta forma, a dualidade da sociedade, onde a flexibilização
do trabalho é diretamente responsável pelo aumento do pessoal temporário
diminuindo empregos estáveis e bem pagos, pelo aumento da precariedade e da
exclusão. Onde a lógica financeira 6, na atualidade, cada vez mais questionada por
ser de curto prazo e por não se preocupar com a estabilidade dos empregos.
Desta forma, Chanlat (1996) reforça que os paradoxos e os desafios a serem
enfrentados devem ser refletidos atualmente pelos que desejam fazer carreira.
Ulrich (2000) acredita que para construir uma carreira flexível é necessário
remodelar-se para acompanhar o ritmo das mudanças, que tome para si a
responsabilidade pela condução de suas carreiras e comprometer-se com o sucesso
da empresa. Isto significa estar ciente das tendências do mercado e conhecer as
habilidades e os comportamentos que a empresa necessitará no futuro. Para isto é
preciso que o profissional antecipe-se as mudanças, adotando uma postura proativa
em relação a sua carreira.

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Complementando esta visão, Lobato et al (2003) asseguram que as


tendências hoje existentes influenciam decisivamente o futuro, porém estão sob o
signo da imprevisibilidade.
Para lidar com as incertezas e construir um perfil profissional para o futuro é
preciso estar atento as mudanças que ocorrem no ambiente turbulento onde se está
inserido. Para Macedo (2003), os profissionais que adotam estas ações garantem
diferenciação no mercado. Sendo elas: antecipar-se as tendências dos mercados
local e global; antecipar-se ao impacto e ao florescimento de novas tecnologias e
processos; antecipar-se As mudanças constantes das organizações; detectar e
avaliar ameaças e oportunidades decorrentes dessas forças em curto, médio e longo
prazo em relação a sua carreira; definir com clareza e agilidade as novas armas de
que necessitarão, as novas linguagens que usarão, os novos conhecimentos
técnicos, gerenciais, comportamentais e estratégicos de que precisarão; definir
novas estratégicas e táticas que utilizará para manter-se ativo e prosperar no
mercado de trabalho e ter informação já que essa é a palavra-chave quando se trata
de inteligência competitiva na carreira.
No entanto, independente das ações a serem buscadas, os profissionais não
devem deixar de ter em mente que só sobreviverão no mercado, indivíduos e
corporações que adicionem valor a seus clientes.
Todavia, como afirma Kanter (1997) a busca de novas oportunidades aliada
com o aperfeiçoamento continuo das habilidades são propostas que nortearão a vida
dos profissionais, mesmo quando se está atuando em uma mesma corporação.

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Em busca do autoconhecimento

Adotar uma atitude positiva em busca da convergência entre o trabalho e


vocação fortalece a motivação e o prazer na atividade profissional. Sendo que...
A proximidade entre o trabalho desempenhado e a vocação é fundamental
para que a pessoa tome iniciativa, para que todos os dias tenha animo, energia,
disposição. A vontade de ir atrás de trabalho é, inclusive, decorrência do ajuste
vocacional (MINARELLI, 1995, p. 51).
A busca da vocação requer um diagnóstico interno por parte dos profissionais.
Isto é, fazer uma reflexão tendo como objetivo a consciência das suas próprias
habilidades, dos pontos fortes e fracos, aptidões e intenções. Desta forma, a pessoa
pode planejar-se para uma carreira onde possa atuar com interesse e facilidade.
Para Bronson (2003), ao se ver diante da interrogação: "0 que eu faço da
minha vida?" os profissionais referem-se a um imperativo moral, onde estes se
referem à maneira como se responsabilizam pelas oportunidades que cruzam seu
caminho, na busca da sua identidade — do autoconhecimento.
Segundo Panelli (2003), a escolha de uma carreira é ponto fundamental no
projeto de vida de uma pessoa. É mais do que identificar uma vocação, baseada em
sensações, informações, desejos, influências, etc. t, na verdade, definir em que área
do conhecimento e das relações humanas irá atuar, visando a otimização da
felicidade pessoal (satisfação, sucesso, autoconfiança, autoestima elevada, etc.),
associada a máxima aplicabilidade da potencialidade intelectual e cultural. Vale
ressaltar... que cada pessoa é diferente não apenas de todas as demais, mas de si

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própria em diferentes momentos, ao longo de sua vida, e em diferentes situações.


Com um mínimo de auto-observação, pode se identificar que características
essenciais mantêm-se ao mesmo tempo que se modificam, conforme o
amadurecimento ou os desafios enfrentados pela pessoa (MAXIMIANO, 2002, p.
248).
Este autoconhecimento busca a identificação das caracterizações da nossa
personalidade comportamental; das competências naturais; dos estilos de ação e
enfim, o perfil natural e imutável com o qual o indivíduo nasce e que, embora
sensível a ajustamentos e adequações, dificilmente será mutável na sua essência.
Savioli (1999) complementa afirmando que o autoconhecimento, é um fator básico
para que se conheçam seus pontos fortes e pontos que tem para desenvolver.
No entanto, muitos profissionais não possuem uma reflexão acerca de si
mesmos (sonhos, aptidões, entre outras) e tomam decisões na carreira baseados
em outras motivações.
Guerra (2004) acredita que de nada adianta uma pessoa estudar nas
melhores universidades, realizar as melhores especializações, se no momento em
que a vida exige atitude a pessoa não souber o que fazer.
Dutra (2002) complementa assegurando que muitas pessoas tendem a guiar
suas carreiras mais por apelos externos, como, remuneração, facilidades, status,
prestigio, etc., do que por preferências pessoais.
Assim, não basta apenas alterarmos as formas de organizacão do trabalho,
mas também fundamental que seja estimulada uma revisão da postura das pessoas
frente a seu trabalho, a partir do autoconhecimento em termos de preferências e
projeto de vida (DUTRA, 1996, p. 9).
Apesar de haver na literatura diversos modelos indicando como aliar o
autoconhecimento com a carreira profissional, vamos utilizar os quatro pontos
indicados por Bridges (1998) para um indivíduo tratar em seu planejamento de
carreira.
Sendo eles:
Desejo
Quando as vagas no mercado de trabalho eram definidas de acordo com os
cargos, segundo Bridges (1998), as pessoas nas organizações não realizavam as
atividades que gostavam de executar, uma vez que, os cargos não se moldavam ao

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seu ocupante. Raros indivíduos eram remunerados por atividades que executavam
por prazer, exceto atletas, cantores, pintores, entre outros.
Porém, a diferença entre os trabalhadores que "desejam" executar seu
trabalho e aqueles que não o desejam pode representar a diferença entre o trabalho
de alta e de baixa qualidade, entre o trabalho executado rapidamente e aquele que
não consegue acompanhar os prazos estabelecidos e entre o trabalho que identifica
soluções para os problemas e o que fica atolado quando estes são encontrados
(BRIDGES, 1998, p. 54).

Ainda para o mesmo autor, o ponto principal é que o desejo é uma motivação
demasiadamente forte para não ser considerada quando se está em busca de
oportunidades profissionais.
Logo, "o desejo não apenas representa uma poderosa força motriz, como
também capacita o indivíduo a criar outras condições necessárias para o sucesso"
(BRIDGES, 1998,p. 55).
Para identificar seus desejos, o profissional deve desenvolver seu
autoconhecimento. Para isto algumas questões podem nortear a busca do
conhecimento dos desejos individuais, tais como: Estou neste mundo para fazer o
que? Quais situações da vida fizeram me sentir mais energizado, mais vivo, mais
envolvido com o que fiz?

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Aptidão
Antigamente quando o número de universitários era escasso, a formação
secundária era suficiente para conquistar um bom emprego. Hoje, verifica-se que um
diploma não é garantia de boa colocação no mercado de trabalho.

Cabe salientar que a


intensificação da era do
conhecimento exigiu mudanças
em relação As habilidades e
conhecimentos dos profissionais.
Assim, para Bridges (1998),
gerações inteiras de profissionais
que possuíam bons empregos,
que possuíam avaliações
positivas de desempenho e que
haviam sido promovidos com
razoável regularidade, foram
subitamente considerados
desnecessários.

As aptidões são qualidades utilizadas pelo profissional, onde este tem a


capacidade de fazê-la bem, que podem ser reutilizadas e recicladas em sucessivas
situações de trabalho.
Mas nem sempre as aptidões profissionais se revelam de maneira nítida. Para
descobrir suas aptidões o indivíduo pode utilizar-se das seguintes questões: Quais
são meus pontos fortes? Quais são os "talentos essenciais" que utilizo para
conseguir realizar este trabalho?
Nem sempre o trabalho que o indivíduo executa lhe permite utilizar ao
máximo suas aptidões. Porém participando de outras atividades, como por exemplo
hobbies, a sensação de completo torna-se mais evidente neste indivíduo.

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Temperamento

Segundo Bridges (1998) cada indivíduo possui dentro de si algo que


corresponde satisfação no trabalho. Logo, este trabalho atende seus desejos,
capitaliza suas aptidões individuais e faz uso de ativos específicos. Porém, a
essência da natureza individual é relevante neste momento. "O temperamento é o
que dá uma identidade individual; o que literalmente significa um "padrão" de
conduta ao longo do tempo e em todos os tipos de contextos distintos" (BRIDGES,
1998, p. 80).

O temperamento pode tornar uma pessoa bem sucedida em uma


determinada atividade e pode se tornar um entrave em outra. Este faz parte das
qualificações pessoais, porém de forma subjetiva. O temperamento representa,
modifica o desempenho dos profissionais. O autor dá o exemplo da empresa
Nordstrom que seleciona as pessoas que demonstram "amabilidade" porque isto
está associado à cultura do serviço de atendimento ao cliente.
Muitos fatores podem contribuir para determinar o temperamento de um
indivíduo.
Bridges (1998) aponta: o sexo, a herança étnica ou cultural, fatores históricos,
condições econômicas.
Refletir sobre perguntas como: Que tipo de pessoa eu sou? Gosto de
descobrir coisas sozinho ou prefiro a interação? Prefiro o desconhecido ou algo já
experimentado e testado?

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Ativos

Para Bridges (1998) os ativos são cada parte de conhecimento que o


indivíduo possui.
Por exemplo: conhecer linguagem de programação, saber digitar, falar
francês são ativos potenciais. Dependendo da situação, são estes conhecimentos
(ativos) que diferenciam um candidato na hora do recrutamento.
Estes ativos, para Bridges (1998) podem ser adquiridos através de:
a) experiências pessoais: viagens, mudanças estruturais de vida,
relacionamentos, viagens, novos interesses ou atividades.
b) experiências profissionais: tanto as formais como as informais, dos
empregos as atividades voluntárias.
c) realizações: tanto as que foram conscientemente empreendidas (montar
uma equipe esportiva, conseguir um emprego almejado) como os empreendimentos
menos formais (ser nomeado o funcionário do mês, sair de um estado de depressão,
entre outros).
d) projetos: os relacionados ao trabalho, os que lhe foram atribuídos e
iniciados por sua conta, grandes e pequenos, recompensados ou não notados.
Estas características, assim como o entendimento da personalidade própria,
auxiliam no processo de escolha e administração de carreira. "Quem olha para fora
sonha; quem olha para dentro desperta". (YOUNG apud GUERRA, 2004, p. 29).
Portanto, é bom despertar interiormente para não passar a vida "feito um
sonâmbulo", que realiza as atividades sem consciência de si mesmo, desperdiçando
os próprios potenciais.
Porém, Xavier (2001) aponta algumas características pessoais que tornam
uma pessoa vulnerável na gestão de carreira: ilusão que é a visão distorcida e
fantasiosa de si mesmo, dos outros, da situação. Faz com que a pessoa espere o
que não deveria esperar. Um exemplo é o executivo que não imagina que é
vulnerável a demissão. Subjetividade que significa a visão particular do indivíduo,
um modo específico de sentir, pensar e agir, que ele tem, mas não é compartilhado
pelos outros. A impulsividade ocorre quando a pessoa toma decisões de modo
superficial, rápido, impensado e tumultuado gerando uma mudança impensada no
emprego e uma guinada desnecessária na carreira.

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Contudo, a busca do autoconhecimento orienta a concretização de objetivos


pessoais, profissionais, empresariais, sociais do indivíduo.

Estabelecer os objetivos de carreira aliado com os objetivos de vida


A carreira trata dos caminhos profissionais que uma pessoa percorre em sua
vida.
Desta forma, o planejamento de carreira não deve ser feito de maneira
isolada. Já que "a carreira é um processo complexo interligado com outros aspectos
da vida" (SAVIOLI, 1999, p. 83).

Um passo muito importante no


processo de planejamento de
carreira é estabelecer um objetivo
claro e factível. "0 primeiro passo é
saber aonde quer chegar"
(FERREIRA, 2003, p. 30).

De acordo com Lobato et al (2003) a definição dos objetivos, tomam por base
não só os desafios atuais, mas também aqueles já identificados para os próximos
cinco ou até dez anos. Essa etapa é considerada uma das mais clássicas da

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metodologia de planejamento. Onde os objetivos são resultados quantitativos e


qualitativos a serem alcançados num determinado prazo, de acordo com os
principais referenciais do indivíduo.
Mas para conquistar seus objetivos de longo prazo é necessário estabelecer
metas em curto e médio prazo. Lobato et al (2003) definem quanto ao prazo, os
objetivos podem ser de longo, médio e curto prazos. 0 objetivo ern longo prazo é o
de maior abrangência. Os objetivos em médio prazo derivam do desdobramento do
objetivo de longo prazo em objetivos de menor abrangência e prazos intermediários.
Os objetivos em curto prazo, também designados como metas, correspondem à
decomposição dos objetivos de médio prazo em atividades a serem cumpridas num
breve espaço de tempo, no cotidiano do indivíduo.
Porém no mercado de trabalho para se obter uma gestão competitiva de
carreira, é preciso que o próprio profissional procure objetivos claros, mensuráveis e
realistas, porém desafiadores com recursos disponíveis. Desta forma, as pessoas
podem se comprometer a realizar os objetivos propostos vinculando todos os seus
esforços, diferenciando-se dos demais profissionais.
Para estabelecer objetivos de carreira, o profissional deve considerar além
das principais tendências do mercado, os aspectos de sua vida, sendo eles:
individual, social, familiar, espiritual entre outros.
Macedo (2003) afirma que muitos profissionais desperdiçam os melhores
anos da vida para descobrir mais tarde que lutavam por objetivos que não faziam o
menor sentido. De acordo com Rivero (2002) a valorização excessiva com a carreira,
em detrimento de outras fontes de realização humana, acaba trazendo
consequências ruins para a família e também para o profissional. Para o autor são
indivíduos que demoram a descobrir que suas ambições não proporcionaram a
segurança e a felicidade esperada. "Viver apenas em razão de um propósito de vida
de curto prazo é um objetivo pequeno e desprovido do sentimento de grandeza
humana" (MACEDO, 2003, p. 82). Importante para o homem viver papéis sociais de
maneira rica e realizadora. Onde "pessoas realizadas afetivamente tendem a
trabalhar melhor" (UVALDO, 2002, p. 28).

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Porém para Kanter (1997) muitos profissionais possuem o vício de trabalhar
demais, sendo denominados "workaholis". Estes profissionais são levados a fazer
mais atividades do que precisam e não conseguem largar o trabalho, descansar ou
tirar férias. Ainda na visão da autora, a redução da segurança do emprego dentro da
reestruturação corporativa pode produzir ansiedade quanto à carreira, onde os
profissionais pressionados por produtividade, trabalham mais para tornarem
insubstituíveis.
Neste ambiente de trabalho opera-se sob o imperativo de trazer maiores
resultados utilizando-se de menos recursos, sobrecarregando as responsabilidades
dos profissionais dificultando a realização do ser humano nas demais áreas sociais.
Além de consumir tempo, o local de trabalho atual está se tornando o centro
da vida emocional do indivíduo, conforme Kanter (1997). Isto se dá pois na
organização burocrática tradicional, os papéis eram tão circunscritos que a maior
parte dos relacionamentos tendia a ser bastante formal e impessoal. Porém,
atualmente, as organizações estão dando ênfase ao trabalho em equipe, a
cooperação, aproximando mais as pessoas, tornando mais importante dimensão
pessoal dos relacionamentos. De acordo com Rivero (2002), é cada vez mais
comum de relacionamento pessoal no trabalho, a atração entre homem e mulher. O
que tornou mais aceitável a presença de casais nas empresas. Apesar de haver
muitas empresas que proíbem certos graus de parentesco entre funcionários.
Rivero (2002) afirma que os problemas dos relacionamentos pessoais
surgem, quando os vínculos emocionais invadem a vida profissional. Amizades
especiais, romances no local de trabalho são potencialmente ameaçadores, pois as
pessoas podem começar a demonstrar favoritismo em lugar da objetividade ou
bloquear o acesso de outras pessoas a si mesmas.
Desta forma, é preciso muito cuidado ao administrar esta relação para esta
não prejudique as relações de trabalho incidindo na demissão, assim como a vida
familiar. Importante salientar que até os anos 70, a participação das mulheres no
mercado de trabalho era bastante restrita. Neste ambiente ocorria uma forte
separação entre o trabalho e a família. "A separação dos setores ocupacionais e
familiares da sociedade passou a ser considerada essencial para o funcionamento
tranquilo de cada um e assim para a integração da sociedade como o todo"
(KANTER, 1997, p. 297).

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Assim, o homem não era visto como parte integrante da vida familiar quando
saía para o trabalho, de acordo com De Masi (2000).
Contanto, apesar da emergência das carreiras das mulheres, ainda existe um
conflito entre as exigências do trabalho e as exigências do familiar. Onde para
Kanter (1997) há evidências de que as mulheres a partir dos trinta anos começam a
perder suas ambições de carreira devido ao desejo da maternidade. Assim, a
conexão oportunidade-sobrecarga oferece um perigo de excluir metade da força —
as mulheres — das melhores posições.
Ferreira (2003) diz que as tensões e os conflitos entre a vida pessoal e a vida
profissional nunca serão plenamente resolvidos. Todavia, para aproveitar
oportunidades de carreira muitos profissionais têm que sacrificar sua vida familiar.
"Enquanto as situações empresariais induzem as pessoas a trabalhar ao
máximo, o tempo para a vida pessoal fora do trabalho será limitado" (KANTER,
1997, p. 304).
No entanto, nas decisões quanto à carreira o profissional deve buscar
oportunidades para desenvolver-se, porém considerando os relacionamentos
humanos e as demais dimensões sociais. Uma vez que para atingir qualidade de
vida, o indivíduo deve estar bem em todas as esferas da vida, sendo o trabalho
apenas uma delas.

Os ciclos da carreira

Segundo Saviolli, (1999) as carreiras, assim como os homens e as


organizações, possuem um ciclo de vida: nasce, cresce, amadurece e morre.
Assim como os indivíduos possuem fases de vida onde os desejos, objetivos,
necessidades e ações se transformam. Cabe ao profissional analisar suas intenções
de acordo com sua vida e avaliar qual etapa na carreira está passando para realizar
seu planejamento.
Segundo Ferreira (2003) a carreira é um processo cíclico. Ela possui
momentos clássicos que são descritos de acordo com Dutra (2001) da seguinte
maneira:
1) Inicio: O ingressos na carreira é bem claro para a empresa e para as
pessoas. Pois segundo Dutra (2001) quase sempre é possível estabelecer com
precisão os requisitos e as condições de acesso à carreira.

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2) Crescimento: As organizações, em geral, monitoram de maneira adequada


o início do processo de crescimento da pessoa na carreira. De acordo com Dutra
(2001) logo depois, porém, as abandonam. As empresas mais estruturadas conseguem
estabelecer todo o percurso de crescimento em determinada carreira.
Após o crescimento, a carreira pode atingir um nível de estabilização, com a
ausência de oportunidades de carreira.
Neste momento há profissionais que, ignorando as constantes mudanças no
mercado de trabalho, se acomodam em suas posições, neste estágio, o que é
definido por Bardwick (1998) como "entitlement" ou "zona de conforto". Nela as
pessoas são presunçosas; não trabalham com afinco para atingir resultados para
organização e acreditam que são merecedoras de aumento de salário e promoções
desejadas. Minarelli (1995) acredita que a acomodação é fruto da natureza humana.
Para manter a carreira saudável é preciso lutar contra a própria natureza.
Cohen (2003) aponta cinco principais razões para que a carreira saia dos "
trilhos", durante esta fase de acomodação sendo: inabilidade para mudar ou para
adaptar-se durante uma transição; problemas de relacionamento, fracasso na
montagem e na liderança de equipes; incapacidade de entregar resultados e falta de
experiência em outras áreas do negócio.
Nesta fase é fundamental ao indivíduo reavaliar sua carreira para que não
seja surpreendido com a falta de promoção, ser transferido para áreas menos
importantes ou até mesmo ser demitido.
3) Final: Dificilmente as organizações e as pessoas tem clareza sobre o final
de carreira. Muitos indivíduos que estão no topo de suas profissões há muitos anos
encontram-se sem perspectivas de desenvolvimento e bloqueiam o acesso daquelas
que estão crescendo. O fundamental é a pessoa se preparar para outra carreira,
dentro ou fora da empresa, mas com o apoio dela. Um profissional técnico, por
exemplo, sem vocação gerencial, pode ser preparado para a vida acadêmica, para
montar seu próprio negócio, para atuar como profissional liberal etc.
Constata-se que a recolocação no mercado está se tomando um exercício
cada vez mais constante no mercado. Podendo já ser considerado em um momento
de carreira uma vez que ocorre mudança de ambiente de trabalho onde não
necessariamente implica em crescimento profissional. "[...] desde os anos 90 vem
despontando a tese de que os executivos precisam não apenas desenvolver-se
dentro de sua carreira mas também gerenciar a sucessão de carreiras que passarão

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a ter ao longo do tempo" (KANTER, 1997, p. 185).

Para Girardi (2003), este período desencadeia dois pontos básicos: de um


lado a empresa e suas formas de lidar com o desligamento dos profissionais, de
outro, o profissional, que enfrenta o desafio de manter sua motivação e condições de
empregabilidade. Importante alertar aos profissionais que, ao passar por uma
demissão, um ciclo de trabalho se completa, sendo mais uma etapa que todos estão
propensos a enfrentar durante sua carreira. Bolles (1998) acredita que qualquer
pessoa que entre no mercado de trabalho, atualmente, deve estar preparada para
algo entre três e seis mudanças emprego, durante sua vida. Porém, deve-se dar
continuidade ao processo de planejamento de carreira. Minarelli (1995) afirma que
para estar no mercado de trabalho é preciso cuidar da promoção e manutenção
continua da carreira através da empregabilidade. Isto, segundo o autor, não deve ser
uma preocupação somente quando o profissional está desempregado.

Elaborar um plano de ação


Quanto ao estabelecimento de objetivos durante carreira do profissional, cabe
dizer que cada pessoa irá estabelecê-los da maneira conveniente a sua vontade.
Cada profissional tem suas preferências, metas e objetivos de vida - por isso
que é preciso ficar longe dos esteriótipos do mercado. Nem todos querem ser
diretores de empresa, o importante é respeitar as suas opiniões e seus valores e
agir de acordo com o que você quer (MICHELETTI, 2004, p. 5).
Entretanto, estes objetivos somente serão válidos se houver uma ação efetiva
para conquistá-lo. Esta é etapa mais delicada de todo o processo, por implicar
mudanças de comportamento, reestruturação do cotidiano, revisão do
relacionamento com a empresa, resistências, conforme aponta Dutra (1996).
Neste processo, para Franco (2002 a), é fundamental o profissional indicar
qual caminho seguir para conseguir passar dos planos abstratos e formulações
teóricas para a realização efetiva dos objetivos propostos.
Lobato et al (2003) aponta um formulário de um plano de ação que serve
orientar as decisões para conquistar os objetivos propostos:

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OBJETIVOS ESTRATÉGIAS PRAZOS RECURSOS

1. E1.1 Início Término

E1.2

2. E2.1 Início Término

E2.2

Formulário de plano de ação FONTE: LOBATO et al (2003, p.129).

Este formulário, encaixa-se ao planejamento individual de carreira. Pois


monitora os resultados, identifica a adequação entre objetivos, prazos e
disponibilidade de recursos.
Maximiano (2002) vai de encontro com Lobato et al (2003) pois acredita que o
produto do processo de planejamento é a preparação de um plano. Em essência,
um plano contém uma combinação de três componentes: objetivos, recursos e
controle.
Além destes aspectos, é importante avaliar a consistência das ações e dos
próprios objetivos quanto a: valores internos, demandas da empresa, demandas do
ambiente, compatibilidade com a vida familiar e nível de riscos envolvidos.
No entanto, para qualquer ação no mundo do trabalho, independente de sua
dimensão, precisa ser pautada pela eficiência e pela eficácia máxima. Assim, ainda
para Franco (2002 a), é recomendável que para cada objetivo traçado sejam
mensurados os recursos necessários e o tempo que será exigido.
Ressalta-se que os recursos financeiros são fundamentais para assegurar o
cumprimento dos objetivos traçados. Gonçalves (2004) diz que no planejamento
profissional, a maior parte das metas requer um desenvolvimento pessoal com
cursos de formação, idiomas, tecnologias, entre outros. O custo para desenvolver
profissionalmente é alto, logo é preciso possuir recursos financeiros para conquistá-
los. Cabe aqui ressaltar que, no Brasil muitos indivíduos ficam alheios a este
processo de constante desenvolvimento pessoal e profissional. Isto decorre devido
à falta de renda, educação e até mesmo de condições básicas de sobrevivência. Eis
um paradoxo do mercado de trabalho brasileiro.

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O exercício de projetar a carreira é capitalizar forças e recursos (geralmente


escassos) para conquistar o caminho pretendido.
Neste processo muitas questões ficarão sem respostas precisas, mas
servirão para indicar a necessidade de revisão do planejamento de carreira.

Uma ação sempre presente na vida dos profissionais competitivos: o


constante aprendizado

As constantes modificações no mercado de trabalho exigem uma nova


postura por parte tanto das organizações quanto dos colaboradores. Neste novo
contexto, a aprendizagem, tem um papel destacado, pois é grande impulsionadora
de inovações para o mercado.
Sendo assim, "nesse mundo não haverá trabalho para mão de obra não
qualificada, assim como não haverá trabalho para quem foi qualificado na filosofia do
adestramento — que só sabem fazer uma coisa" (PASTORE, 1995, p. 33).
Uma posição similar é assumida por Bastos (1997) ao afirmar que a demanda
por constante atualização, mais do que um discurso sempre presente, passa a ser
uma imperiosa necessidade para a sobrevivência das organizações e dos indivíduos
enquanto profissionais.

Portanto, o processo de
formação continuada deve fazer
parte de qualquer planejamento de
carreira do profissional moderno.
"Educação e treinamento,
educação contínua e
retreinamento, permanecem como
prioridades na agenda" (KANTER,
1997, 379).

De tal modo, que a busca do desenvolvimento deve ocorrer durante toda a


vida profissional. Portanto "os processos de desenvolvimento são infindáveis"
(SAVIOLI, 1999, p. 49).

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Para Chiavenato (2002), conhecimento, habilidade e competência formam o


tripé do sucesso em qualquer profissão. Ser um profissional que conhece a fundo
seu trabalho e que mantém constantemente atualizado esse conhecimento. A
capacidade de continuar aprendendo o tempo todo é visualizada como um atributo
valioso, diante da certeza de que daqui a poucos anos o profissional estará inserido
em um ambiente diferente, às vezes se quer imaginado. Assim "também
fundamental para as empresas contar com profissionais capazes de desenvolver
uma visão própria, individual e diferenciada na aplicação de seus conhecimentos"
(CHIAVENATO, 2002, p. 99).
As atividades de rotina estão se tomando um componente cada vez menor
nos cargos modernos, já que estas podem ser automatizadas, transferidas para a
máquina ou eliminadas.
Logo, para Chiavenato (2002), o ponto-chave no ato de agregar valor está em
saber aplicar o conhecimento e a criatividade para situações novas.
Para Dutra (2001), a agregação de valor dos indivíduos 6, portanto, sua
contribuição efetiva ao patrimônio de conhecimentos da organização, o que lhe
permite manter suas vantagens competitivas ao longo do tempo, já que os fatores
que levam à eficácia de uma empresa e mudam seus resultados estão diretamente
ligados aos valores e ao modo de pensar e agir das pessoas que compõem a
organização.
Ainda para o mesmo autor, a competência alia a aplicação dos
conhecimentos adquiridos pelo indivíduo e as habilidades para a obtenção de
resultados. Portanto, a competência é mais visada no mercado de trabalho atual. A
competência "saber agir de maneira responsável (...) implica mobilizar, integrar,
transferir conhecimentos, recursos, habilidades, que agreguem valor econômico à
organização e valor social ao indivíduo" (FLEURY apud DUTRA et al, 2001, p. 25).

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COMPETÊNCIAS HABILIDADES
Saber fazer Saber fazer. Saber
acontecer. pensar e agregar valor.
Postura e atitude.

CONHECIMENTO
Saber.
Aprendizagem
continua.

O triângulo da excelência - Fonte: CHIAVENATO, 2002, p. 100

Para Dutra (2001), a pratica organizacional, as decisões sobre indivíduos são


tomadas em razão do que eles entregam para a organização, enquanto o sistema
formal, concebido, geralmente, a partir do conceito de cargos, privilegia apenas o
que as pessoas fazem vinculadas com a descrição de cargos.
Assim, dentro das organizações existem diferentes conjuntos de entrega,
tendo em vista as áreas ocupacionais, o tipo de negócio, os tipos de carreira etc.
Logo, a carreira profissional - a sequência que concilia desenvolvimento pessoal
com o organizacional — auxilia a definir as entregas necessárias à organização e os
horizontes profissionais oferecidos.
Por causa da ênfase interfuncional das corporações pós-globalização, houve
o aumento no número de parcerias que transpõem fronteiras envolvendo
transferência de conhecimentos.
Desta maneira, é cada vez maior a parcela de pessoas em todos os níveis do
negócio que precisam sentir-se confortáveis ao aprender sobre tecnologia, ao
acessá-la, ao incorporar ao seu desenvolvimento pessoal. Em especial, a tecnologia

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de informação, que permite a comunicação mais rápida e com preço menor, aliado
ao conhecimento de línguas estrangeiras, conforme Kanter (1997). Constata-se o
conhecimento em informática e idiomas (principalmente o inglês) como sendo uma
necessidade básica no atual mercado de trabalho.
Contudo, Vianna (2003) chama atenção para um fenômeno que está
ocorrendo com a carreira profissional, independentemente de qual seja, que é a
imagem de commodity, ou seja, produto básico de consumo. Já que muitos "gurus",
"headhunters" apontam competências necessárias para o sucesso na carreira
(como: MBA, idiomas, internet). Cabe dizer que há atributos que são valorizados no
mercado de trabalho, porém é arriscado afirmar que aqueles que os possuem terão
êxito em sua carreira.

Para onde seguir?

Outro aspecto relevante


no processo de
planejamento de carreira
é a decisão de que
caminhos percorrer
durante a carreira.

O indivíduo pode desenvolver sua carreira em:

a) Organizações privadas:
As organizações como em geral (pequenas, familiares, médias, grandes)
estão sendo afetadas pelas mudanças do mercado. Para Kanter (1997) a iniciativa
privada, em especial, através de um esforço para aumentar o valor gerado por suas
atividades. Para tal missão, elas reduzem custos, tornando-se mais enxutas,
interrompendo ou terceirizando áreas não relacionadas à sua competência essencial
e movendo-se dentro e fora dos negócios com maior flexibilidade.

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Houve assim uma reestruturação nas relações de trabalho, onde os


funcionários perderam a estabilidade de seus empregos — durante anos
desfrutadas nas corporações. Isto exige das pessoas inseridas no mercado de
trabalho uma nova visão em relação a suas carreiras.
Os profissionais que pretendem atuar na iniciativa privada devem ter claro em
suas mentes as mudanças e assim adotar atitudes condizentes com a nova
realidade do mercado.
b) Organizações públicas:
Diante da perda da estabilidade nas organizações privadas no Brasil é cada
vez maior o interesse da classe média nos concursos públicos, de acordo com a
revista Veja (2003). A intensa procura por vagas públicas é evidenciada no número
elevado de candidatos em concursos públicos.
Muitas pessoas creem que os cargos públicos são capazes de oferecer
segurança, estabilidade, rotina previsível, com garantia de um salário no fim do mês.
Porém, Oliveira (2000) ressalta que o Governo (seja municipal, estadual ou federal)
não é mais uma organização sólida, uma vez que sua receita geralmente esta
comprometida com os gastos públicos. Assim ... "os empregos públicos estão
ficando a cada ano mais raros e, com toda certeza, nos próximos anos não irá
crescer" (OLIVEIRA, 2000, p. 124).
Corrobora Kanter (1997) afirmando que a empresa tradicional pública, grande
e hierárquica, não inovadora, atrelada a seus processos e fechada a novas ideias
está com seus dias contados.
Contudo, a busca pelo caminho seguro, pelos caminhos já definidos, ainda é
um atrativo do setor público frente à instabilidade das carreiras no setor privado.
Apesar da tradição do comportamento burocrático nas instituições públicas; da
ineficiência na gestão de recursos; da premiação de funcionários através de
participação política e não por competência, muitos profissionais estão planejando
suas carreiras para trabalhar nestas instituições.
c) Empreendendo seu negócio
A perda das perspectivas de emprego duradouro e de carreira nas grandes
organizações estimulou muitas pessoas a ser os próprios patrões, conforme
Maximiano (2002). Com isso, a administração empreendedora tornou-se uma
tendência social importante.

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Paralelamente, as grandes empresas procuram estimular o espírito dos


empreendedores internos, as pessoas capazes de descobrir e implementar novos
negócios.
Segundo Degen (1989), o processo de criação de um empreendimento
depende basicamente de três etapas: a primeira consiste em identificar a
oportunidade de negócio, e coletar informações sobre ele; a segunda, em
desenvolver o conceito do negócio, com base nas informações coletadas na
primeira, identificar riscos, procurar experiências similares para avaliar esses riscos,
adotar medidas para reduzí-los, avaliar o potencial de lucro e crescimento e definir a
estratégia competitiva a ser adotada; e a terceira consiste em implementar o
empreendimento, iniciando pela elaboração do plano de negócio, definição das
necessidades de recursos e suas fontes, até sua completa operacionalização.
Ainda para o mesmo autor, existe uma grande variedade de motivos que
levam as pessoas a ter seu próprio negócio. Vontade de ganhar muito dinheiro, mais
do que seria possível na condição de empregado; desejo de sair da rotina e levar
suas próprias ideias adiante; vontade de ser seu próprio patrão, não ter de dar
satisfações a ninguém sobre seus atos; a necessidade de provar a si e aos outros
de que é capaz de realizar um empreendimento e o desejo de desenvolver algo que
traga benefícios, não só para si, mas para a sociedade.
Porém, o sucesso e a satisfação no emprego e na vida particular são os
fatores que mais inibem as pessoas a tomar a decisão de se tornar
empreendedores. Elas não têm nenhuma motivação de assumir a incerteza e o risco
de um negócio próprio, se tudo vai bem.
Além disso, com o sucesso no emprego surgem as obrigações normais da
classe média, como: aquisição da casa própria, gastos com automóveis,
empregados, filhos na escola, clubes, rodas sociais, que acabam envolvendo as
pessoas a ponto de, sem a garantia do salário, se sentirem inseguras. Para elas é
aterrorizante a ideia de ter de abrir mão de algumas dessas conquistas, devido a um
possível revés num negócio próprio.
d) Terceiro setor
Cresce a confiança depositada nas organizações de um setor em constante e
forte expansão no Brasil e no mundo: o chamado terceiro setor. Isto acontece, pois,

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há o aumento dos problemas sociais e a incompetência do Estado para resolvê-los,


segundo Maximiano (2002).
Para Chivenato (2002) no terceiro setor a sociedade organiza-se para cuidar
de si própria. Neste setor as organizações são privadas e sem fins lucrativos e
complementam as iniciativas do setor governamental e do setor privado no
atendimento de diversas necessidades da sociedade e na formação de um sistema
econômico mais justo e democrático.
No Brasil, de acordo com Passador (2002), em 1991 existiam mais de 200 mil
organizações sem fins lucrativos, empregando mais de 1 milhão de pessoas.
Para Passador (2002), a definição de Terceiro Setor surgiu na primeira
metade do século, nos Estados Unidos. Sendo a mistura dos dois setores clássicos
da economia: o público, representado pelo Estado, e o privado, representado pelo
empresariado em geral. O Terceiro Setor é um campo a ser explorado pelas
empresas que querem exercer novas atividades que surgem em todo mundo e no
Brasil com uma proposta de ação no campo social, baseada em princípios de gestão
de marketing social com foco em ações de parceria com projetos sociais.
Nestas organizações se encontram, em sua grande maioria, os indivíduos que
valorizam o ser humano de uma maneira intensa e que estão inconformados com as
desigualdades sociais e econômicas que a lógica da economia de mercado acaba
ignorando, e que o Estado do bem-estar social se mostrou incapaz de resolver. O
crescimentos da consciência comunitária encontra, nestas organizações, um
ambiente favorável a sua aplicabilidade. Os valores predominantes, bastante
adequados para o desenvolvimento dos que trabalham nestas organizações, são:
democracia, transparência, coletividade, flexibilidade e criatividade.
Portanto, as organizações do terceiro setor conseguem, pela qualidade
intrínseca de sua missão, motivar e comprometer seus colaboradores, facilitando a
criação de um ambiente participativo e recompensador. Estas corporações exigem
posturas, qualificações e oferecem retornos diferenciados ao profissional.
e) Trabalhar por conta própria
Nesta atividade o indivíduo é um prestador de serviços e não possui um
empregador, mas clientes. Segundo Oliveira (2000), o prestador de serviços é
contratado por um cliente apenas para fazer determinadas atividades, por
determinado tempo.

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Decidir por qual trilha percorrer, permite que as ações do planejamento de


carreira sejam tomadas de forma compatível com as organizações pretendidas.
Constata-se que é cada vez mais comum o profissional transferir-se ao longo de sua
carreira, por exemplo, de uma organização pública para empreender seu próprio
negócio, ou, de uma organização privada para o terceiro setor. A cada mudança,
com o planejamento de carreira, o profissional pode analisar o ambiente, traçar seus
objetivos, metas e desenvolver ações para alcançar suas aspirações.
O planejamento de carreira segundo Gonçalves (2003) não deve ser um
processo inflexível. Este deve ser constantemente revisado pelo profissional devido
as rápidas mutações no ambiente dos negócios e as transformações nos desejos
pessoais e interesse de carreiras.
Sendo assim, o planejamento de carreira não é uma ação fixa. "O mundo é
dinâmico, assim como nós, e o planejamento também" (FERREIRA, 2003, p.31).
Sendo que gerenciar a carreira é uma tarefa permanente, já que o profissional deve
estar em constante atualização.
Porém, é importante dizer que o antigo mundo dos empregos ainda
permanecerá por muito tempo em algumas organizações. Mas o mercado de
trabalho se vê diante de um ambiente rumando para além dos empregos e em busca
de formas de trabalho mais lucrativas.
Neste cenário, a reflexão e a busca de um planejamento de carreira só trazem
benefícios às pessoas e empresas. Mesmo que este processo de planejamento de
carreira não garanta sucesso no caminho profissional.

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