Apostila Modelos de Plantacao de Igrejas
Apostila Modelos de Plantacao de Igrejas
Apostila Modelos de Plantacao de Igrejas
PLANTAÇÃO DE
IGREJAS
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
SEJA BEM-VINDO(A)!
Caro(a) aluno(a), é com grande satisfação que apresento a você as boas-vindas à disci-
plina Modelos de Plantação de Igrejas. Sou o professor Galaor Linhares Tupan Júnior,
pastor evangélico, e tenho trabalhado pela Igreja do Senhor há mais de 25 anos, junto
à Missão Cristã Elim. Nesse tempo, plantamos igrejas em várias cidades do território na-
cional, incluindo o interior do Amazonas. Agora, estamos também na Colômbia. Nosso
desejo é obedecer ao mandamento final de Jesus Cristo, avançando para a África, Ásia
e até os confins da terra. Cristo amou sua Igreja e deu sua vida por ela. Que seja assim a
vida daqueles que desejam segui-Lo.
Meu objetivo, ao escrever este livro, é despertá-lo(a) para a vocação missionária da Igre-
ja no mundo e instrumentalizá-lo(a) para a plantação de igrejas. No decorrer de seus
estudos, procure interagir com os textos, fazer anotações, realizar as atividades de es-
tudo e, acima de tudo, compreender como o conteúdo do livro pode se tornar realida-
de em suas ações. De muitas maneiras, você vai observar que seus estudos podem ter
aplicação prática em sua vida cristã, quer como um plantador de igrejas, quer como um
teólogo, ou, simplesmente, como um discípulo do Senhor Jesus Cristo.
Estaremos juntos para abordar os princípios básicos de plantação de igrejas, compre-
endendo biblicamente esse termo e verificando sua importância para a evangelização.
Nossos estudos consideram a teologia bíblica do plantio de igrejas. Vamos realizar uma
reflexão crítica sobre Missio Dei e o reinado de Deus, reconhecendo sua soberania frente
à plantação de igrejas. As citações bíblicas foram retiradas da versão Almeida Revista e
Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil.
Cremos que as promessas que Deus concedeu a Abraão são para todas as famílias da
terra. Reconhecemos que a Igreja do Senhor é uma só e desejamos que o evangelho
cumpra com seu propósito em diferentes línguas, tribos, povos e nações. Para isso, uma
compreensão adequada do significado de cultura é um pré-requisito para uma comu-
nicação eficaz das boas novas do evangelho. Vamos considerar a necessidade de utili-
zação de modelos adequados de plantação de igrejas, respeitando as diferenças trans-
culturais.
Teremos um momento para identificar qual é o perfil do plantador de igrejas e como
esse pode ser lapidado. Vemos, no chamado de Cristo, o desafio de depender daquele
que chama, e não de quem somos. Nossas fraquezas podem tornar-se uma oportunida-
de para a manifestação do poder e da graça de Deus.
Finalizando, vamos vivenciar o desafio da plantação de uma nova igreja, considerando
o exímio modelo do apóstolo Paulo, e estratégias essenciais para essa missão. Veremos
que o Espírito Santo é a pessoa central para o nascimento de uma igreja, o que pode ser
observado em Sua atuação poderosa em todo o livro de Atos dos Apóstolos. Como dis-
se o Senhor Jesus na Grande Comissão, em Mateus 28, 20: “[...] ensinando-os a guardar
todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à
consumação do século”.
APRESENTAÇÃO
Espero que, ao término desta disciplina, os conceitos aqui ensinados sejam trans-
formados em novas congregações em áreas do mundo ainda não alcançadas, ou
sejam traduzidos no fortalecimento das congregações já existentes. “Até que todos
cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita
varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (BÍBLIA, Efésios 4,13).
Um grande abraço, bons estudos e que Deus os abençoe.
09
SUMÁRIO
UNIDADE I
15 Introdução
33 Considerações Finais
37 Referências
38 Gabarito
UNIDADE II
43 Introdução
62 Cosmovisão e Contextualização
68 Considerações Finais
72 Referências
73 Gabarito
10
SUMÁRIO
UNIDADE III
77 Introdução
87 Diferenças Transculturais
122 Referências
123 Gabarito
UNIDADE IV
127 Introdução
169 Referências
170 Gabarito
11
SUMÁRIO
UNIDADE V
173 Introdução
208 Referências
209 Gabarito
213 Conclusão
Professor Dr. Galaor Linhares Tupan Junior
PRINCÍPIOS BÁSICOS DE
I
UNIDADE
PLANTAÇÃO DE IGREJAS
Objetivos de Aprendizagem
■■ Identificar biblicamente os termos relacionados ao plantio de igrejas.
■■ Descrever as fases do processo de plantio de igrejas.
■■ Conhecer os elementos presentes na plantação de igrejas.
■■ Considerar as abordagens históricas mais comuns nos últimos
séculos sobre plantio de igrejas.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Plantio de Igrejas - Conceitos e Termos
■■ O Plantio de Igrejas como Processo Orgânico
■■ Elementos Presentes na Plantação de Igrejas
■■ Perspectiva Histórica do Plantio de Igrejas
15
INTRODUÇÃO
Olá, caro(a) aluno(a). Muita literatura tem sido escrita a respeito da Igreja e sua
missão. Desde as primeiras páginas do Antigo Testamento, observamos que o
pecado de Adão não abortou o plano original de Deus. Havia um caminho para
a reconciliação; mediante o qual o homem poderia ter sua comunhão com Deus
restaurada e reconstruída. Deus escolheu Abraão e seus descendentes para aben-
çoar o mundo. O aparente fracasso dos judeus, com a final rejeição do Messias
também não puderam invalidar o propósito divino.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Introdução
16 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
PLANTIO DE IGREJAS - CONCEITOS E TERMOS
Esses dois termos caminham juntos no Novo Testamento, no qual lemos que foi
proclamado o evangelho, sempre verificamos que este foi depois demonstrado,
evidenciado, manifestado por meio do testemunho de vida.
Jesus chamou sua Igreja para pregar e viver. Lidório (2011) apresenta o
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
“Processo é uma palavra com origem no latim procedere, que significa mé-
todo, sistema, maneira de agir ou conjunto de medidas tomadas para atin-
gir algum objetivo. Relativamente à sua etimologia, processo é uma palavra
relacionada com percurso, e significa ‘avançar’ ou ‘caminhar para a frente’”.
Fonte: Significados ([2017], on-line)1.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Outra diferenciação abordada por Lidório (2011), Bastos (2010) e diversos auto-
res é entre igreja e templo. Para você, qual é a diferença?
Principalmente no Brasil, nosso conceito de igreja está atrelado a templo.
Quando falamos sobre plantio de igrejas, algumas vezes, pensamos no aspecto
do edifício e não em pessoas. Igreja não é estrutura, não é templo, não é insti-
tuição, mas são pessoas convertidas ao Senhor Jesus. Na África, por exemplo,
muitas igrejas se reúnem embaixo de árvores. Quem vai plantar uma igreja não
construirá, necessariamente, um templo, mas vai evangelizar, discipular, ajun-
tar convertidos, treinar líderes e acompanhar a igreja formada.
Jesus, que inaugurou a plantação da Sua Igreja na Terra, não construiu
nenhum templo. Em Atos, capítulo 2, há o relato de que a igreja louvava a Deus
no templo e de casa em casa. Ali estavam judeus, que preferiam o templo, demons-
trando suas raízes no judaísmo, e gentios que preferiam as casas. Embora houvesse
a preferência por lugares distintos para louvar a Deus, eles eram unânimes: os gen-
tios também iam ao templo e judeus também reuniam-se nas casas. Esse conceito
de união como marca da Igreja primitiva também é abordado nos comentários
de Atos, capítulo 2, da Bíblia Missionária de Estudos (2014).
Encontramos no texto de Alexandre Bastos, em Metodologia de Plantação
de Igrejas, o mesmo princípio apresentado:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O conceito de plantio de igrejas como processo orgânico é apresentado pelo
apóstolo Paulo em I Coríntios 3, 6, que diz: “Eu plantei, Apolo regou; mas o
crescimento veio de Deus”.
Paulo e Apolo desempenharam diferentes serviços, Paulo plantou,
Apolo regou. A metáfora de semear e de cuidar da plantação é bem sig-
nificativa no que se refere às fases de implantação de uma igreja local.
Os trabalhadores nada seriam sem a intervenção divina no crescimen-
to da igreja plantada. O trabalho missionário é árduo, como o é o de
plantar e regar. A dependência de Deus é a chave para um crescimento
constante e duradouro (BÍBLIA, 2014, p. 1172).
Plantar, regar e fazer crescer estão relacionados com aspectos vitais de cresci-
mento, de realização contínua e prolongada. A plantação de igrejas permanentes
e verdadeiras depende, em primeira instância, do próprio Deus. Os cristãos são
a lavoura em que o Pai é o agricultor e cultiva a Cristo. Os ministros de Cristo
podem plantar e regar, mas somente Deus pode dar o crescimento.
Embora, biblicamente, uma igreja plantada seja considerada “lavoura de
Deus”, onde há o plantio, rega e o crescimento, ela também é considerada “edifí-
cio de Deus”, cujo único fundamento é Cristo Jesus. Quem O definiu como base
para o edifício foi Deus, em Seu supremo propósito. Programas e métodos de
crescimento não podem ser eficazes sem Cristo, que é a vida da igreja.
Conforme I Coríntios 3,12, simbolicamente, os materiais adequados para a
edificação de igrejas são ouro, prata e pedras preciosas, os quais são minerais. O
ouro pode representar a natureza divina do Pai, com todos os seus atributos; a
prata pode representar o Cristo Redentor, Sua morte na cruz, todas as virtudes
e atributos de Sua pessoa e obra. As pedras preciosas, por sua vez, representam
a obra transformadora do Espírito Santo com todos os atributos de Sua pessoa.
A ideia de transformação de “lavoura de Deus” em “edifício de Deus” mani-
festa o caráter de modificação que a experiência cristã produz em nós. Portanto,
plantação de igrejas constitui-se integralmente num processo espiritual.
Hesselgrave (1995), apresenta, em seu livro Plantar Igrejas, um estudo
detalhado e criterioso das etapas que envolvem o processo de plantar igrejas,
considerando que:
[...] a missão primária da Igreja e, portanto, das igrejas, é proclamar o
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Esta é a tarefa central à qual Cristo chama o Seu povo. Nela encontramos a essên-
cia e o método da missão. Quem ordena a tarefa é Aquele que tem autoridade
para fazê-la. Após Sua obediência até a morte, morte de cruz, Deus, o Pai, con-
cede ao Filho toda autoridade nos céus e na terra. Como já foi testado por seus
discípulos, o Espírito Santo nos concede poder e força enquanto cumprimos o
mandamento.
As instruções para o plantio de igrejas ficam claras nas ordens de Jesus e
são tomadas como base para o trabalho da igreja primitiva. Indicamos a seguir
essas fases ou etapas, resumidamente, que envolvem a plantação de uma igreja:
1. Ir: levar a palavra do Senhor a campos ainda não alcançados. Aqueles
que são comissionados a ir fazem parte da comunidade de discípulos.
Foram salvos pela fé na palavra da pregação, batizados, testemunhando
arrependimento e foram transformados pela obediência aos ensinamen-
tos do Senhor.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mais próxima e pessoal, com o propósito de que a nova congregação
tenha um governo local, ou para que esses sejam enviados a novos cam-
pos ainda não alcançados.
6. Acompanhar: as novas congregações devem ser acompanhadas, con-
tinuamente, para correção de desvios, encorajamento dos irmãos e
fortalecimento da liderança local, assim como sempre fazia o apóstolo
Paulo.
Nesse versículo Paulo resume, dentre todas as suas cartas, o processo de plan-
tio de uma igreja local e explica aos tessalonicenses os elementos essenciais que
fizeram a igreja em Tessalônica nascer tão rapidamente. A Bíblia Missionária
de Estudos (2014), apresenta comentários de Lidório, o qual considera o nasci-
mento da igreja um fruto da chegada do evangelho que:
1) Chega em palavra, do grego logos, ou seja, habilidade comunicacional,
sermão comunicado de forma inteligível na língua e cultura daquele que
está ouvindo.
vontade do Pai.
Em Atos, capítulo 17, Paulo e seus companheiros estavam em uma pequena cidade
chamada Tessalônica, na qual ele pregou o evangelho apenas por três semanas.
Aos sábados, ele evangelizava os judeus na sinagoga e, durante a semana, evange-
lizava gentios e judeus no mercado que ficava na praça central da cidade. Depois
de três a cinco semanas, nasceu uma igreja em Tessalônica, o que, mesmo para
Paulo, foi algo sobrenatural, uma vez que a plantação da igreja de Éfeso, por
exemplo, ocorreu em três anos.
Sobre o processo de plantação de igrejas entre os irmãos tessalonicenses,
Lidório (2011), faz uma paráfrase das palavras de Paulo:
[...] meus irmãos em Tessalônica, vocês ficaram impressionados com o
meu ministério? Não foi por isso que vocês se converteram. Vocês se
converteram porque o evangelho, que é o Senhor Jesus Cristo, chegou
até vocês. Chegou também em palavra humana, mas não foi isso que
transformou os seus corações, mas foi o poder de Deus e o Espírito
Santo que operou em vocês. E quanto a mim, Paulo, e meus compa-
nheiros, nós tínhamos certeza, plena convicção, de que nós estávamos
fazendo a vontade de Deus (LIDÓRIO, 2011, p. 7).
Segundo Lidório, sem tais elementos, a igreja em Tessalônica não nasceria, pois,
dentro do processo de espalhar o evangelho e plantar igrejas, nada acontecerá
sem o poder de Deus e a ação do Espírito Santo.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
E você? Tem procurado ter a plena certeza (pleroforia) de que está no centro
da perfeita vontade de Deus? Se você não tem esta certeza, busque-a do
Senhor e não defina os próximos passos da sua vida por qualquer critério
que não seja a vontade dEle.
(Ronaldo Lidório)
nos alerta que Igrejas são plantadas nas ruas, nos mercados, nos bairros,
nas casas, nas matas, nas aldeias, nos condomínios. Igrejas são plantadas
nos lugares onde estão aqueles que ainda não conhecem pessoalmente a
Jesus. Uma visão que o plantador de igrejas precisa ter é a de ir aos luga-
res onde as pessoas estão.
■■ Oração: todos os lugares e épocas em que houve grande avanço mis-
sionário foi precedido de oração. Deus ouve as orações. Oração não é
repetição de necessidades, mas um ponto de encontro com Deus. Não é
transmissão de ideias para o Pai, mas um convite que Deus nos traz para
uma convivência mais próxima e íntima com Ele. A Bíblia nos ensina,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
em Mateus 18, 18 a 20, que “tudo o que ligarmos na terra terá sido ligado
nos céus, e tudo o que desligarmos na terra terá sido desligado nos céus”
e que, “se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qual-
quer coisa que, porventura, pedirem, ser-lhe-á concedida por meu Pai,
que está nos céus”. Isso, obviamente, não significa, de modo algum, que
podemos forçar Deus a fazer o que Ele não quer, mas sim que podemos
reivindicar que faça o que Ele deseja fazer em seu perfeito conhecimento
e soberana vontade. Na oração, também “recarregamos nossas baterias”,
pois oração é relacionamento com Deus. Lidório (2011) relata que Jesus,
intensamente, trabalhava, ensinava, curava, discipulava, expulsava demô-
nios e fazia amigos e, em seguida, se dirigia aos montes sozinho, ou saia
com alguns de Seus discípulos em um barco, para estar em comunhão
e relacionamento com Deus. Ali, Jesus refletia, descansava e encontrava
refrigério para Sua alma. Existem líderes tão atarefados que não têm
tempo para orar, para refletir, não têm tempo para ter amizades, para
abrir o coração, não têm tempo para serem pastoreados. Caem em cila-
das malignas porque, no meio do cansaço, não percebem que “baixam a
sua guarda”. Então, tudo que é carnal ganha mais força, aquilo que é do
Espírito é colocado de lado. Assim, ficam mais vulneráveis e rendem-se
a caminhos de destruição. O plantador de igrejas deve ter uma forte vida
de oração e vigilância em Deus.
■■ Planejamento: no projeto de plantio de igrejas temos que ter, de maneira
bem clara, qual é a visão, ou seja, o que desejamos alcançar ao final de um
período de trabalho. Quais são os alvos principais e quais são as ativida-
des que serão desenvolvidas para se alcançar esses alvos. Na Unidade V
trataremos esse assunto de forma específica.
farão mais diferença no processo de plantar igrejas do que suas áreas de facili-
dade e habilidade. Na Unidade IV estudaremos aspectos específicos do perfil e
caráter desejados para o plantador de igrejas.
A perspectiva histórica do
plantio de igrejas, certamente,
encontra-se entrelaçada com
a história da missão cristã.
Páginas incontáveis têm sido
escritas a esse respeito. Nossa
narrativa histórica detém-se
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ao processo seletivo de esco-
lha dos conteúdos a serem
abordados, considerando-se
que o volume dos aconteci-
mentos é muito vasto, em
diferentes locais geográfi-
cos. Levaremos em conta
aqui apenas alguns pontos
importantes. Hesselgrave,
analisando as abordagens
mais comuns nos últimos
séculos, diz que:
[...] os Reformadores dos séculos XVI e XVII recuperaram a mensagem
da Igreja, mas (na maior parte) estavam demasiadamente preocupa-
dos com os problemas da Europa para darem muito ímpeto às missões
noutras partes do mundo (HESSELGRAVE, 1995, p. 20).
embora tenha tido, na infância, uma formação modesta. Com sua dedicação
ao Senhor e estudos da Bíblia, Carey concluiu que a evangelização mundial era
a principal responsabilidade da Igreja de Cristo. Sua denominação não aceitou
suas declarações, dizendo que se Deus resolvesse converter os gentios o faria
sem a ajuda de Carey.
Em 1792 Carey publicou um livro de 87 páginas intitulado “Uma investi-
gação sobre o dever dos cristãos de empregarem meios para a conversão dos
pagãos”. Este se tratava de uma avaliação do mundo de seus dias, que refletia a
necessidade urgente da proclamação do evangelho a todas as nações da terra.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
No mesmo ano ocorreu a organização da Sociedade Missionária Batista, e Carey
se ofereceu para ser o primeiro missionário enviado.
Menos de um ano depois, em junho de 1793, ele e sua família partiram para
a Índia como membros da mesma sociedade. Carey chegou em Hooghly no dia
11 de novembro de 1793, marcando o início da grande era das missões além mar,
promovidas pela Inglaterra e Estados Unidos.
O trabalho de Carey na Índia foi excepcional e inusitado: ele tinha uma visão
missionária muito à frente do seu tempo, dedicando-se à causa cristã sem afron-
tar os aspectos da cultura local que não feriam os valores revelados por Deus
nas páginas da Bíblia Sagrada. Sua importância para o cristianismo na Índia
foi extraordinária. Junto com William Ward e Joshua Marshman, missionários
que se juntaram a ele em 1799, fundaram 26 igrejas, 126 escolas e traduziram
a Bíblia para 44 idiomas, além da vasta contribuição social que exerceu grande
impacto na Índia.
Lidório comenta que William Ward, companheiro e contemporâneo de
Carey, escreveu, em 1805, em um jornal criado pela equipe:
[...] ao plantarmos igrejas distintas, pastores nativos devem ser escolhi-
dos […] e missionários devem preservar suas características originais,
dedicando-se ao plantio de novas igrejas e supervisionando aquelas já
plantadas (LIDÓRIO, 2011, p. 15).
Lidório também cita Henry Venn e Rufus Anderson que começam a delinear a
necessidade de que as igrejas plantadas guardem autonomia e suficiência como
um organismo vivo:
Observaremos que o plantio de uma nova igreja não está pautado naquilo
que a força humana pode fazer, mas que igreja é obra de Deus e manifesta-
ção poderosa do Espírito Santo. Nada pode deter vidas que encontram em
Deus sua suficiência.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A dificuldade de se distinguir igreja e templo, perdendo o valor do dis-
cipulado e gerando mais investimento na estrutura do que em pessoas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais
34
Quando olhamos para o início da igreja vemos o quanto os irmãos viviam em oração.
Basta lermos os capítulos iniciais do livro de Atos e saberemos o porquê de tanto poder
em manifestação naqueles dias. Não era porque eles eram mais especiais do que nós,
nem pelo fato da igreja estar em seu início. A causa do poder estava na vida de comu-
nhão, de uma vida de oração.
O missionário e missiólogo Patrick Johnstone, em seu livro Intercessão Mundial, diz que:
“Quando o homem trabalha, o homem trabalha; quando o homem ora, Deus trabalha”.
Jorge Müller costumava dizer que “Um crente pode fazer mais em quatro horas, depois
de empregar uma em orar, que cinco sem orar”.
Precisamos entender que, para realizarmos a obra que o Senhor nos tem chamados, a
fazer, não seremos bem sucedidos se não orarmos. O poder ou a manifestação do poder
está numa vida de oração individual e congregacional.
No que tange à obra missionária – evangelismo de escopo mundial - temos aprendido
que podemos fazer a diferença no curso da vida de muitas pessoas por causa da nossa
vida de oração.
Em I Timóteo 2:4, a Bíblia nos diz que é a vontade de Deus que todos os homens sejam
salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade. Mas isto irá acontecer só porque
é vontade de Deus? Não!
Como já disse John Wesley: “Nos parece que Deus é limitado pela nossa vida de oração.
Ele nada faz pela humanidade a menos que alguém o peça para fazê-lo”.
Para que a vontade de Deus, expressa em I Timóteo 2:4 se cumpra, se faz necessário duas
ações do homem: orar e evangelizar.
Reinhard Bonnke diz em seu livro, Evangelismo por Fogo que “Evangelismo sem inter-
cessão é um explosivo sem um detonador. Intercessão sem evangelismo é um detona-
dor sem um explosivo”. Se juntarmos esses dois indispensáveis ingredientes, no entanto,
poderemos transformar o mundo, como foi dito com respeito a Paulo e Silas em Atos 17.
Precisamos ir, precisamos evangelizar e será a nossa oração que preparará o caminho
para nós passarmos. A nossa missão depende da nossa vida de oração!
Fonte: Verbo vida (2015, on-line)2.
MATERIAL COMPLEMENTAR
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <http://www.significados.com.br/processo/>. Acesso em: 19 maio. 2017.
2
Em: <http://verbodavida.org.br/lista-blogs/direto-da-agencia/vida-de-oracao-2>.
Acesso em: 19 maio. 2017.
GABARITO
olharmos para uma cidade carente do evangelho, orar por essa cidade, desper-
tar outros para oração e despertar parceiros para o projeto, enviar um plantador
de igrejas para o local, apoiar aquele que foi enviado até que pessoas se con-
vertam ao evangelho de Cristo e, assim, ver uma igreja nascer. Ninguém investe
em um negócio indefinido, os recursos sempre seguem a visão. As pessoas se
envolvem com aquilo que traduzem a elas convicção e paixão.
Oportunidade: há lugares onde nós temos muitas oportunidades para pregar
o evangelho, discipular pessoas e treinar líderes. Outros lugares são fechados,
com mínimas oportunidades. A questão não é quantas oportunidades nós te-
mos, mas quantas oportunidades nós usamos. Temos que pedir a Deus que os
nossos olhos sejam abertos para as oportunidades.
Teologia: ter como nosso guia a Palavra de Deus. Os projetos de crescimento e
plantio de igrejas não podem se afastar dos fundamentos teológicos. Segundo
Lidório (2011, p. 13), “nem tudo o que funciona é Bíblico”. Existem métodos que
são humanos, carnais e até mesmo malignos. Nós seremos cobrados por Deus
se formos infiéis aos Seus ensinamentos.
Continuidade: o plantador de igrejas deve manter constância e permanência
no acompanhamento dos trabalhos realizados. Muitos projetos de plantio de
igrejas são interrompidos, porque na fase do ajuntamento dos convertidos o
plantador da nova igreja se ausenta. O momento de ajuntar é essencial para
a consolidação da nova igreja. Mesmo depois da igreja plantada é necessário
manter a continuidade. Isso é nitidamente observado no ministério do apóstolo
Paulo. Ele plantava uma igreja, voltava para ajustar, mandava alguém para visi-
tar, escrevia e enviava cartas, articulava o estabelecimento de lideranças. Orava
pelas igrejas plantadas e as acompanhava permanentemente, visando seu for-
talecimento.
Prática: abundante evangelização. Um dos maiores entraves para plantio de
igrejas é a pouca evangelização. Há muita expectativa de que as pessoas se con-
vertam, mas, com pouca evangelização. Lidório (2011) nos alerta que Igrejas são
plantadas nas ruas, nos mercados, nos bairros, nas casas, nas matas, nas aldeias,
nos condomínios. Igrejas são plantadas nos lugares onde estão aqueles que ain-
da não conhecem pessoalmente a Jesus. Uma visão que o plantador de igrejas
precisa ter é a de ir aos lugares onde as pessoas estão.
Oração: em todos os lugares e épocas, onde houve grande avanço missioná-
rio, esse avanço foi precedido de oração. Deus ouve as orações. Oração não é
repetição de necessidades, mas um ponto de encontro com Deus. Não é trans-
missão de ideias para o Pai, mas um convite que Deus nos traz para uma con-
vivência mais próxima e íntima com Ele. A Bíblia nos ensina, em Mateus 18, 18
a 20, que “tudo o que ligarmos na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que
desligarmos na terra terá sido desligado nos céus” e que, “se dois dentre vós,
sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que, porventura, pe-
GABARITO
direm, ser-lhe-á concedida por meu Pai, que está nos céus”; isso, obviamente,
não significa, de modo algum, que podemos forçar Deus a fazer o que Ele não
quer, mas sim que podemos reivindicar que faça o que Ele deseja fazer em seu
perfeito conhecimento e soberana vontade. Na oração, também “recarregamos
nossas baterias”, pois oração é relacionamento com Deus. Lidório (2011) relata
que Jesus, intensamente, trabalhava, ensinava, curava, discipulava, expulsava
demônios e fazia amigos e, em seguida, se dirigia aos montes sozinho, ou saia
com alguns de Seus discípulos em um barco, para estar em comunhão e re-
lacionamento com Deus. Ali, Jesus refletia, descansava e encontrava refrigério
para Sua alma. Existem líderes tão atarefados que não têm tempo para orar,
para refletir, não têm tempo para ter amizades, para abrir o coração, não têm
tempo para serem pastoreados. Caem em ciladas malignas porque, no meio do
cansaço, não percebem que “baixam a sua guarda”. Então, tudo que é carnal
ganha mais força, aquilo que é do Espírito é colocado de lado. Assim, ficam mais
vulneráveis e rendem-se a caminhos de destruição. O plantador de igrejas deve
ter uma forte vida de oração e vigilância em Deus.
Planejamento: no projeto de plantio de igrejas temos que ter, de maneira bem
clara, qual é a visão, ou seja, o que desejamos alcançar ao final de um período
de trabalho. Quais são os alvos principais e quais são as atividades que serão
desenvolvidas para se alcançar esses alvos.
Liderança local: o bom plantador de igrejas é aquele que pensa em ir embora
no dia em que chega. Ele aspira estabelecer aquela obra para adentrar em no-
vos campos. Por isso, ele identifica, dentre os novos convertidos, pessoas que
possam ser treinadas para a futura liderança local daquela igreja.
5.
• A dificuldade de se distinguir igreja e templo, perdendo o valor do discipu-
lado e gerando mais investimento na estrutura do que em pessoas.
• A demora na introdução dos convertidos à vida diária da igreja, diluindo o
valor da comunhão e integração além de gerar crentes imaturos, sem fun-
ções, desafios ou envolvimento.
• A despreocupação com os fundamentos teológicos e atração pelos meca-
nismos puramente pragmáticos.
• A ausência de sensibilidade social e cultural, pregando um evangelho sem
sentido para o contexto receptor. Uma mensagem alienada da realidade
da vida.
• A excessiva pressa no plantio de igrejas, gerando comunidades superficiais
na Palavra e abrindo oportunidades reais para o sincretismo ou nominalis-
mo.
• O excessivo envolvimento com a estrutura da missão ou da igreja, desgas-
Professor Dr. Galaor Linhares Tupan Junior
TEOLOGIA BÍBLICA DO
II
UNIDADE
PLANTIO DE IGREJAS
Objetivos de Aprendizagem
■■ Assinalar a interdisciplinaridade entre Teologia e Missiologia.
■■ Compreender a soberania do reinado de Deus na plantação de
igrejas.
■■ Compreender os critérios teológicos para o plantio de igrejas.
■■ Refletir sobre cosmovisão e contextualização no processo bíblico de
proclamação da mensagem.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Acordo entre Teologia e Missiologia
■■ Reflexão Crítica sobre Missio Dei e Reinado de Deus
■■ Orientação Teológica para o Plantio de Igrejas
■■ Cosmovisão e Contextualização
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INTRODUÇÃO
Para que todas as famílias da terra sejam alcançadas pelo evangelho, neces-
sitamos plantar igrejas nas cidades, nos povoados, em lugares longínquos e nas
tribos de diferentes etnias. Observaremos o modelo do apóstolo Paulo, que con-
siderou o desafio de evangelizar e plantar igrejas entre todos os povos, mas sem
separar a ação missionária da doutrina bíblica correta. Apresenta-se, para nós, a
necessária interdependência entre teologia e plantação de igrejas: uma não pode
sobreviver sem a outra.
Faremos uma reflexão crítica sobre a Missio Dei e o reinado de Deus, buscando
conciliar Missão e Evangelização. Atualmente, sabemos que o mundo organiza-
cional aborda enfaticamente missão como a razão de ser de uma organização.
Na missão, tem-se destacado o que a empresa produz, sua expectativa de êxito
futuro e como espera ser identificada pelos clientes e pelo mercado; entretanto,
quando abordamos a Missão de Deus, não estamos falando de nenhum empre-
endimento humano, mas do propósito supremo de Deus em redimir Sua criação.
Na finalização da unidade, trataremos a relevância de conhecermos os con-
textos culturais em que a evangelização ocorre, seus objetivos, limitações e a
necessidade de que o conteúdo teológico não se perca.
Bons estudos!
Introdução
44 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ACORDO ENTRE TEOLOGIA E MISSIOLOGIA
Ronaldo Lidório (2011) faz uma análise de aspectos que, historicamente, tra-
zem limitações ao processo de plantio de igrejas. Essas limitações esclarecem, de
certa forma, a tendência do afastamento entre teologia e missiologia ocorrido
em diversas partes do mundo. Nossa intenção é permitir a problemática, com
vistas à construção de um entendimento teológico apropriado. Consideremos
algumas das limitações indicadas por Lidório (2011):
a) Como o assunto de plantio de igrejas está ligado à metodologia e pro-
cesso de campo, a tendência é avaliá-lo mais pelos resultados que produz do
que por seus fundamentos teológicos. Lidório (2011, p. 5), classifica esse fato
como “abordagem pragmática”, o qual traz a possibilidade de se deixar de
lado “o que é bíblico e teologicamente evidente” por aquilo que é prático e traz
melhores resultados; contudo, o divórcio entre teologia e missiologia não acon-
tecerá sem graves consequências e prejuízos para o plantio de igrejas. Portanto,
teremos como premissa de nossa abordagem acadêmica as raízes teológicas do
trabalho realizado pelos apóstolos no estabelecimento da igreja primitiva. Sua
ação é descrita na Grande Comissão do Senhor Jesus Cristo e seu processo de
semeadura do evangelho deve ser observado. Não devemos nos fundamentar
por meio daquilo que funciona, mas pelo que é bíblico e teologicamente correto.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: Significados ([2017], on-line)1.
Lidório (2011), apresenta o risco de termos igrejas evangelizadoras que não vivem
a palavra de Deus. Esse entendimento eclesiológico não dispensa a Igreja da
prioridade da proclamação do evangelho. Ainda que a evangelização não seja a
única característica procurada por Deus em Sua Igreja é uma prioridade urgente
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para a salvação de um mundo perdido que necessita ser reconciliado com Deus.
Diante de toda problemática apresentada quanto às possíveis fragilidades na
definição de uma teologia correta para a prática missiológica, consideramos que
nenhuma ação missionária deve ser tratada de forma isolada, mas deve ter sua
prática consolidada em toda teologia bíblica. Temos como fonte e motivação o
próprio Deus. Nesse sentido Peters (2000, p. 32), cita Webster: “[...] nós come-
çamos, então, onde a missão começa, com Deus”.
Outro teólogo contemporâneo que nos
auxilia no entendimento da conciliação entre
Teologia e Missiologia é Charles Van Engen
(1996). Ele considera, em seus estudos, que as
igrejas locais têm uma razão de serem multifa-
cetadas no que diz respeito à sua participação no
mundo, por meio da comunhão, proclamação,
serviço e testemunho. Devido ao grande número
de agências missionárias sem qualquer vínculo
denominacional, as igrejas locais, como agen-
tes missionários, ficaram relegadas a celeiros de
candidatos e fontes de suporte financeiro. Muitas
agências, organizações e instituições missioná-
rias são os únicos agentes missionário de Deus.
Dessa forma, a Eclesiologia passou a não ser tratada como assunto sério na
discussão dessas instituições. Por outro lado, as igrejas locais se divorciaram, mui-
tas vezes, da própria natureza, propósito e papel como comunidade comprometida
com a missão de Deus neste mundo. Ambos os aspectos não podem ser teologi-
camente admissíveis, mas, muitas vezes, se consolidaram na prática. Assim, no
pensamento da grande maioria dos cristãos, as palavras “igreja” e “missão” pas-
saram a expressar dois tipos diferentes de sociedade.
Van Engen (1996), tem como tese principal que à medida em que as congre-
gações locais são estabelecidas, a fim de alcançar o mundo por meio da missão,
elas se tornam de fato o que elas já são pela fé: povo missionário de Deus. Quando
a palavra “missão” é usada no singular está se referindo a Missio Dei, e quando
a palavra é usada no plural (missões), refere-se aos diversos meios pelos quais
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a Missio Dei é realizada.
Lidório aponta três perigos quando a Teologia e Missiologia não são perce-
bidas como parceiras:
1. Usar Deus como um instrumento para realizar nossos propósitos
no plantio e crescimento de igrejas em lugar de servi-lo no cumpri-
mento de Seus planos na Terra (I Coríntios, 3:11).
Evangelizar é difundir as boas novas de que Jesus Cristo morreu por nossos
pecados e ressuscitou segundo as Escrituras, e de que, como Senhor e Rei,
Ele agora oferece o perdão dos pecados e o dom libertador do Espírito a
todos os que se arrependem e creem. A nossa presença cristã no mundo
é indispensável à evangelização, e o mesmo se dá com aquele tipo de di-
álogo cujo propósito é ouvir com sensibilidade, a fim de compreender. [...]
Ao fazermos o convite do evangelho, não temos o direito de esconder o
custo do discipulado. Jesus ainda convida todos os que queiram segui-lo e
negarem-se a si mesmos, tomarem a cruz e identificarem-se com a sua nova
comunidade. Os resultados da evangelização incluem a obediência a Cristo,
o ingresso em sua igreja e um serviço responsável no mundo.
Fonte: Lausanne (1974, on-line)2.
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DE DEUS
Segundo Bosch (2002), Karl Barth foi um dos primeiros teólogos a apresentar
a missão como atividade de Deus quando, em 11 de abril de 1932, expôs um tra-
balho na Conferência Missionária de Brandemburgo, em Berlim, na Alemanha. A
influência de Barth no pensamento missionário atingiria seu auge na Conferência
de Willingen, em 1952. Em Willingen, reapareceu um antigo termo: Missio Dei
(expressão derivada do latim, que significa missão de Deus). Foi lá que a ideia
da Missio Dei emergiu de maneira clara, com a compreensão de que a missão é
derivada da própria natureza de Deus, sendo colocada no contexto da doutrina
da Trindade, e não da Eclesiologia ou da Soteriologia. Outro nome que se desta-
cou na Conferência de Willingen foi o de George Vicedom, autor da famosa obra
“Missio Dei: An Introduction to the Science of Mission”. A ênfase de Vicedom foi
de que Deus é o sujeito ativo da missão. Por isso, Barth diz que a Teologia enga-
ja-se em fazer o papel do anjo que lutou com Jacó, formulando e colocando as
perguntas certas a cada momento da igreja e da sua missão.
[...] estabelecida a “diversidade”, grandeza, excelência e glória de Deus,
tornando todas as suas obras dependentes dEle. De uma maneira es-
tranha e silenciosa, essa Teologia deixou de lado o conceito bíblico do
Deus vivo, do propósito de Deus, do Deus da história, da ação e dos
relacionamentos existenciais, do Deus de aqui e agora, do Deus que
está atualmente executando seu plano e programa, do Deus que é um
Deus sociável, um Deus de missão. Dessa forma, a Teologia se ocupou
mais como Deus celestial do que com o Deus da criação, o Deus sem-
pre presente na salvação e em missões. Essa inadaptação naturalmente
conduz a um divórcio entre Teologia e missões (PETERS, 2000, p. 33).
Peters afirma que, apenas se a missão tiver sua fonte, sua natureza e autoridade
no Deus trino e uno, ela pode realmente gerar uma motivação duradoura e
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ja). A igreja deixa de ser a remetente para ser a remetida. A missão não é
primordialmente uma atividade da igreja, mas um atributo de Deus. Deus
é um Deus missionário. Compreende-se a missão, desse modo, como um
movimento de Deus em direção ao mundo; a igreja é vista como um ins-
trumento para essa missão (BARRACA, 2010, on-line)3.
Nessa ideia, compreendemos missão tendo início no próprio Deus. Como nos
edifica e alegra pensar que Deus é um Deus missionário e que missão é uma
obra essencialmente de Deus.
Participar da missão é participar do movimento de amor de Deus para
com as pessoas, visto que Deus é uma fonte de amor que envia (BOS-
CH, 2002, p. 468).
O sentido ampliado da Missio Dei foi trazido por Bosch e nos detalha o caráter
missionário de Deus:
[...] a doutrina clássica da Missio Dei como Deus, o Pai, enviando o
Filho, e Deus, o Pai e o Filho enviando o Espírito, foi expandida no
sentido de incluir ainda outro - movimento - Pai, Filho e Espírito Santo
enviando a Igreja para dentro do mundo (BOSCH, 2002, p. 467).
trevas não prevaleceram contra ela. [...] e o Verbo se fez carne e habitou
entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como
do unigênito do Pai (BÍBLIA, João 1,1-5 e 1,14).
toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra (BÍBLIA, Atos 1,8). [...]
todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras lín-
guas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem (BÍBLIA, Atos 2,4).
Vivemos no tempo em que a Igreja do Senhor, como corpo, do qual Cristo é o
Cabeça, se constitui na presente dispensação de Deus para o mundo. Estamos no
século XXI com o desafio de restabelecer paradigmas concretos para atendimento
da missão de Deus, conforme Bosch aponta em sua obra Missão Transformadora:
[...] desde os anos 1950 tem havido uma notável escalada no uso do
termo “missão” entre os cristãos [...] Ela designava: a) Envio de mis-
sionários a um território especificado; b) as atividades empreendidas
por tais missionários; c) a área geográfica em que os missionários atu-
avam; d) a agência que expedia os missionários; d) o mundo não cris-
tão ou “campo de missão”; e) o centro a partir do qual os missionários
operavam no “campo de missão”. Num contexto ligeiramente diferente
esse termo também podia designar: g) uma congregação local sem um
pastor residente e que ainda dependia do apoio de uma igreja mais an-
tiga, estabelecida; h) uma série de serviços especiais destinados a apro-
fundar ou difundir a fé cristã, em geral num ambiente nominalmente
cristão. Se estabelecermos uma sinopse mais especificamente teológica
de “missão”, assim como o termo tem sido usado tradicionalmente, ob-
servaremos que ela foi parafraseada como: a) a propagação da fé; b)
expansão do reinado de Deus; c) conversão dos pagãos; d) fundação de
novas igrejas (BOSCH, 2002, p. 17).
Aqui, Paulo está nos afirmando que Deus fez Sua vontade conhecida a nós. Paulo
está falando sobre o plano eterno de Deus para o universo, por meio das gera-
ções. Esse trecho das Escrituras engloba toda revelação de Deus, começando
desde o livro de Gênesis, passando por toda a escritura, até se completar no
livro de Apocalipse. Por meio de sua obra e obediência perfeita, Jesus alcançou
o centro de todas as coisas. Em última análise, toda criação será unida debaixo
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do senhorio de Cristo. Não somente na terra, mas também nos céus, Cristo está
estabelecendo ordem e perfeita sintonia por meio de Sua obra.
É muito importante atentar para a centralidade do Senhor Jesus Cristo apon-
tada pelas escrituras. Nossa missão surge a partir da missão de Deus, que está
contemplada em toda narrativa bíblica. Temos que entender que a Bíblia não é
um livro cheio de regras, doutrinas e promessas, embora esses pontos estejam
presentes. Fundamentalmente, a Bíblia é a história do universo desde a criação
até chegarmos na nova criação. Essa história a qual Paulo está se referindo é a
missão de Deus.
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nos, mas pela fidelidade às Sagradas Escrituras” (LIDÓRIO, 2011, p. 12). Já
abordamos os riscos de se plantar igrejas sem o padrão bíblico das Escri-
turas. Nem sempre o que é bíblico traz grandes resultados. Nem sempre
o que traz grandes resultados é bíblico. A falta de fidelidade às Escritu-
ras é a grande responsável pelo nominalismo e sincretismo religioso.
3. “O plantio de igrejas não deve ser uma ação definida pelo conhecimento
do evangelho, mas por sua proclamação” (LIDÓRIO, 2011, p. 13). A
maior tarefa de um plantador de igrejas é a proclamação do evangelho,
conforme afirma Lidório:
[...] trabalho social, ministério holístico e compreensão cultural jamais
irão substituir a clara comunicação do evangelho, nem justificar a pre-
sença da igreja. O conteúdo do evangelho exposto em todo e qualquer
ministério de plantio de igrejas deve incluir: a)Deus como Ser Criador
e Soberano (Efésios 1:3-6); b) O pecado como fonte de separação entre
o homem e Deus (Efésios 2:5); c) Jesus, Sua cruz e ressurreição como o
plano histórico e central de Deus para redenção do homem (Hebreus
1:1-4); d) O Espírito Santo, como o cumprimento da Promessa e en-
carregado de conduzir a Igreja até o dia final (LIDÓRIO, 2011, p. 34).
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do Reino e cumprir a missão de Deus. Por isso, deve multiplicar-se pelo mundo.
A seguir, apresentaremos uma quadro elaborada por Ott e Wilson (2013),
que mostra aspectos essenciais da igreja e nos auxilia a reconhecer os elemen-
tos que devem estar presentes em uma igreja verdadeira, a qual corresponde aos
parâmetros bíblicos.
Quadro 1 - A Essência da Igreja
Natureza Marcas
Uma Doutrina correta
Santa Ministração fiel dos sacramentos
Universal Disciplina da igreja
Apostólica Fé pessoal
Propósito Metáforas
Testemunho, “martyria” Povo de Deus
Comunhão, “koinonia” Corpo de Cristo
Serviço, “diakonia” Rebanho de Deus
Proclamação, “kerygma” Noiva de Cristo
Adoração, “leiturgia” Templo de Deus
Sacerdócio Real
Fonte: Ott e Wilson (2013, p. 21).
No que diz respeito aos propósitos, vemos uma abordagem mais prática contem-
plada em Atos 2, 42, que descreve as atividades básicas da igreja. As metáforas
apresentadas apontam o relacionamento de Cristo com a sua Igreja e são observa-
das nas páginas do Novo Testamento, principalmente no livro de Efésios. Baseado
nessa discussão, apresentamos a definição de Ott e Wilson de uma igreja local:
[...] uma igreja local é uma comunhão de crentes em Jesus Cristo
comprometidos a reunir-se regularmente para propósitos bíblicos
sob uma liderança espiritual reconhecida (OTT; WILSON, 2013,
p. 22).
Essa definição básica inclui vários elementos-chave apontados por Ott e Wilson,
quais sejam:
1. Crentes: a igreja é composta de pessoas que têm experimentado
a salvação através do arrependimento e da fé em Jesus Cristo de
acordo com o Evangelho, tendo confessado por meio do batismo.
Eles desejam ser discípulos fiéis de Jesus Cristo, regenerados e ca-
pacitados pelo Espírito Santo. São o povo de Deus.
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mas reuniões regulares são. Um pastor remunerado não é indispensável, mas líderes
reconhecidos são. “Adesão a um credo em particular ou distintivo denominacio-
nal não é obrigatório, mas a fidelidade à verdade bíblica e seus propósitos é. (OTT;
WILSON, 2013, p. 23)”. O profundo conhecimento espiritual é um alvo, mas a
obediência no seguir a Cristo é o compromisso mais essencial que se deve buscar.
Esses objetivos devem ser acompanhados até que sejam alcançados, pois, ainda
que demore algum tempo, os valores e a visão desses alvos devem estar presen-
tes desde do início da plantação da igreja.
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COSMOVISÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO
Cosmovisão e Contextualização
64 UNIDADE II
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sentido teológico não se perca e a comunicação seja eficaz, se faz necessário o
processo de contextualização.
Ainda, de acordo com Hesselgrave (1995), destaca algumas perguntas que
devem ser consideradas pelo comunicador do evangelho, as quais ajudaram na
contextualização da mensagem, de maneira que as doutrinas bíblicas sejam comu-
nicadas numa linguagem compreensível ao auditório, sem perder sua fidelidade
às Escrituras. Apresentamos essas perguntas de forma adaptada:
1. Em que aspectos os ouvintes terão maior probabilidade de compreender
erroneamente a mensagem?
2. Quais crenças religiosas dos ouvintes são semelhantes à doutrina cristã
e podem formar pontes conceituais para a comunicação da mensagem?
(Cuidado neste ponto. O que consideramos semelhanças podem ser ape-
nas aparentes semelhanças, ocasionando mal-entendidos significativos,
a não ser que sejam tratadas com cuidado).
3. Quais preocupações do auditório-alvo são atingidas pela autoridade e
clareza da mensagem de Cristo?
4. Quais adaptações da mensagem já foram realizadas com êxito para este
tipo de auditório ou auditórios semelhantes?
Cosmovisão e Contextualização
66 UNIDADE II
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• Apresentar Cristo é a finalidade maior da contextualização. A Igre-
ja deve evitar que Jesus Cristo seja apresentado apenas como uma
resposta para as perguntas que os missionários fazem - uma solu-
ção apenas para um segmento, ou uma mensagem alienígena para
o povo alvo (LIDÓRIO, 2011, p. 20-21).
Quando uma pessoa ou um povo passa a ter uma experiência com Jesus e o
conhece como salvador pessoal, encontrará uma forma de expressá-lo e adorá-lo
em sua cultura e aplicará a palavra de Deus em sua cosmovisão. Assim nascem
as igrejas multiculturais. Por isso, o que mais importa na vida de um(a) plan-
tador(a) de igrejas é que ele(a) proclame a palavra de salvação, considerando a
teologia da contextualização.
Cosmovisão e Contextualização
68 UNIDADE II
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estamos encerrando esta unidade de estudo, considerando que muitas das infor-
mações aqui tratadas podem ser incorporadas à vida cristã diária, quer como
teólogo, ministro do evangelho, discípulo do Senhor Jesus, quer como missio-
nário ou plantador de uma nova igreja.
Você pode entender o quanto a base teológica correta é importante para a
plantação de igrejas. De que adianta levantarmos um grande edifício que possa
desabar, ou edificarmos em um fundamento não aprovado por Deus?
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Por isso, todo nosso trabalho deve ser traçado pela missão de Deus. Um
Deus missionário nos concede todo recurso e direção teológica para estabelecer-
mos seu reino e para fazermos Sua vontade. As ações missionárias consistentes
não podem caminhar divorciadas da Teologia, bem como a Teologia Bíblica não
pode caminhar sem forte expressão missionária.
Cabe a nós entendermos que a mensagem cristã é abrangente e universal.
É destinada a todos os homens de todas as épocas e de todas as culturas sobre
a face da terra. Porém, os contextos culturais em que Deus a revelou e em que
a mensagem é levada são bem distintos. Para que o sentido da palavra não se
perca no processo de comunicação, a contextualização se faz primordial. Temos
que perceber e considerar as diferenças culturais e de cosmovisão para comuni-
car a mensagem do evangelho adequadamente.
Alguns aspectos da antropologia missionária foram abordados no decor-
rer dos nossos estudos. Sempre é fascinante considerarmos e aprendermos
mais sobre as diferentes culturas, o que nos faz refletir sobre paradigmas, nos-
sos modelos e definições.
Na próxima unidade avançaremos nesse desafio. Vamos considerar, tam-
bém, o tema Modelos de Plantação de Igrejas, que é o nome da nossa disciplina.
Como podemos usar modelos preestabelecidos diante de realidades culturais
tão diferentes? Juntos, vamos encontrar essas respostas.
1. Missiologia e Teologia não devem ser tratadas como áreas separadas de estudo,
mas como disciplinas complementares. A Teologia não apenas coopera com a
Igreja ao fazê-la entender o sentido da Missão e a base para o plantio de igrejas,
como também provê o entendimento bíblico motivacional para o evangelismo.
Qual a importância da conciliação entre teologia e missiologia frente ao de-
safio de plantar igrejas?
2. Como nos edifica e alegra pensar que Deus é um Deus missionário e que missão
é uma obra essencialmente de Deus. O sentido ampliado da Missio Dei foi tra-
zido por Bosch e nos detalha o caráter missionário de Deus. Explique qual é o
sentido ampliado da Missio Dei, o qual engloba também o papel da Igreja.
3. Ott e Wilson (2013), dizem que: “plantação de igrejas é o ministério que, através
do evangelismo e discipulado, estabelece comunidades reprodutivas do reino
de crentes em Jesus Cristo que estão comprometidos em cumprir os propósitos
bíblicos sob a orientação de líderes espirituais locais”. Acompanhando essa de-
finição de igreja, cite dois alvos de curto prazo que sinalizam que a igreja
está plantada.
4. Cada ser humano possui uma visão e interpretação diferente do mundo, isso diz
respeito à sua cosmovisão. Segundo o que foi abordado ao longo da unidade, o
que é cosmovisão e qual sua implicação no plantio de igrejas?
5. Lidório (2011) apresenta Jesus como maior modelo de contextualização da men-
sagem. Aos judeus, Jesus falava mencionando cobradores de impostos, aos fari-
seus, Jesus falava sobre hipocrisia na adoração e práticas religiosas. À multidão,
narrava sobre plantações, pão e trigo. Cite um dos pressupostos fundamen-
tais, apresentado por Lidório (2011) para que a teologia da contextualiza-
ção seja preservada.
70
O Refúgio Secreto
durante a Segunda Guerra Mundial, famílias judias na Holanda
vivem dias de incerteza. Elas podem ser capturadas pelos nazistas
a qualquer momento, e uma mulher cristã encontra uma saída. Ela
passa a esconder os judeus na parte debaixo de sua casa. O filme nos
testemunha como é possível permanecer fiel ao Senhor, mesmo em
meio à depredação de uma cultura.
Material Complementar
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ON-LINE
2
Em: <http://www.lausanne.org/pt-br/recursos-multimidia-pt-br/pacto-de-lausan-
ne-pt-br/pacto-de-lausanne>. Acesso em: 22 mai. 2017.
3
Em: <https://estudos.gospelmais.com.br/missio-dei.html>. Acesso em: 22 mai.
2017.
4
Em: <http://www.lausanne.org/pt-br/recursos-multimidia-pt-br/compromisso-da-
-cidade-do-cabo-pt-br/compromisso>. Acesso em: 22 mai. 2017.
73
REFERÊNCIAS
GABARITO
CULTURAS E MODELOS DE
III
UNIDADE
PLANTAÇÃO DE IGREJAS
Objetivos de Aprendizagem
■■ Compreender a importância do chamado de Deus.
■■ Entender o que é cultura e os impactos das diferenças transculturais.
■■ Conciliar cultura com formatos de igrejas e modelos de plantação.
■■ Identificar alguns modelos de plantação de igreja.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ O chamado de Deus é para todos
■■ A cultura e as diferenças transculturais
■■ Compreendendo culturas, formatos e modelos
■■ Modelos de plantação de igrejas
77
INTRODUÇÃO
Introdução
78 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
“Ora, disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de
teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e
te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei
os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão
benditas todas as famílias da terra.” (Gênesis 12:1-3)
“Para que a benção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, a fim
de que recebêssemos, pela fé o Espírito prometido. Ora, as promessas foram
feitas a Abraão e ao seu descendente. Não diz: E aos descendentes, como
se falando de muitos, porém como de um só: E ao teu descendente, que é
Cristo.” (Gálatas 3:14, 16)
“Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.” (Mateus 1:1)
“Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que
devia receber por herança; e partiu sem saber aonde ia.” (Hebreus 11:8)
Vemos, no chamado de Deus a Abraão, uma promessa ampliada a toda raça adâ-
mica por meio de Cristo, o descendente de Abraão. A bênção de Abraão é o meio
para que todas as famílias da terra sejam alcançadas. Dois povos estão incluídos
nessa promessa, os filhos espirituais - que pela fé nasceram de novo em Cristo e
tornaram-se descendentes de Abraão pela fé - e o próprio povo judeu - a des-
cendência terrena de Abraão.
Lidório (1996), faz uma pergunta primordial para entendermos o chamado
de Deus no Antigo Testamento: A quem Deus se revelou? Se a resposta for: ape-
nas a Israel, estaremos perante um Deus nacional. Se cremos que Deus intentou
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alcançar todas as famílias da terra, então estaremos perante um Deus que pre-
tende ser conhecido e adorado por todas as nações.
De acordo com Gálatas 3,14, a bênção prometida consiste na dispensação
do próprio Deus concedido ao homem, por meio do Seu Espírito, nesse tempo
e por toda a eternidade. Deus prometeu dar a Si mesmo aos descendentes de
Abraão como uma bênção. De acordo com Gênesis, essa bênção viria a todas as
nações por meio do descendente de Abraão, que é Cristo.
Em Hebreus 11,8 vemos que Abraão saiu pela fé, não sabendo para onde
estava indo, por isso tornou-se o pai de todos os que creem. Lidório (1996) relata
uma pequena parte da grande visão transcultural de Deus descrita nas páginas
do Antigo Testamento, na qual Abraão e seus filhos espirituais levaram o evan-
gelho da salvação a todos os povos espalhados pela terra:
■■ Abraão deu testemunho do Senhor aos Cananeus, Filisteus e Heteus
(Gênesis 21:22-34; 23:1-12; 13:14-18);
■■ José foi testemunha do Senhor entre os Egípcios (Gênesis 41:1-16);
■■ Moisés testemunhou do Senhor aos Egípcios além de trazer consigo Jetro,
seu sogro Midianita (Êxodo 5:1-3; 18:1-12);
■■ Noemi testemunhou do Senhor a Rute e Orfa, que eram Moabitas (Rute
1:3-9, 16 e 17);
■■ Elias foi usado por Deus para ser bênção a uma viúva em Sidom (I Reis
17:8-16);
■■ Eliseu testemunhou a Naamã que era Sírio (I Reis 5:1-15);
O livro de Salmos também nos demonstra que o povo de Israel era consciente
da visão transcultural do seu Deus:
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Cantai ao Senhor um cântico novo, cantai ao Senhor, todas as terras.
Anunciai entre as nações a sua glória, entre todos os povos, as suas
maravilhas (BÍBLIA, Salmos, 96,1.3).
Reina o Senhor, tremam os povos. Ele está entronizado acima dos que-
rubins; abale-se a terra. Celebrem eles o teu nome grande e tremendo,
porque é santo (BÍBLIA, Salmos, 99,1.3).
Com os profetas do Velho Testamento essa condição não foi diferente. Eles pro-
fetizaram às terras do mar e aos povos de longe, como Isaías:
[...] ouvi-me, terra do mar, e vós povos de longe. Mas agora diz o Senhor,
que me formou desde o ventre […] sim diz ele: pouco é o seres meu ser-
vo, para restaurares as tribos de Jacó, e tornares a trazer os remanescen-
tes de Israel; também te dei como luz para os gentios, para seres a minha
salvação até à extremidade da terra (BÍBLIA, Isaías, 49,1-6).
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A CULTURA E AS DIFERENÇAS TRANSCULTURAIS
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mundo, interfere na existência física do ser humano, opera com uma lógica pró-
pria e se mantém dinâmica”. A cultura envolve tudo que se faz numa sociedade e
tem influência direta nas relações sociais, políticas e de poder. De uma maneira
simples, é todo e qualquer tipo de manifestação do ser humano. De época em
época a cultura sofre mudanças, que determinam novos hábitos e costumes.
Cada sociedade apresenta uma cultura específica com características pró-
prias que sofrem influência do ambiente no qual esta cultura se encontra inserida.
Roupas, comidas e até a forma de falar e se comunicar variam de cultura para
cultura, dependendo do ambiente. Percebe-se o grande desafio estabelecido para
plantação de igrejas.
Lloyd Kwast apresenta um modelo útil para compreensão da cultura como um
sistema concêntrico de atributos: a visão de mundo, as crenças, os valores, o com-
portamento e o habitus, que é acrescentado por Pierre Bourdieu. Kwast adverte:
[...] este modelo de cultura é muito simplista para poder explicar a
variedade de componentes e relações complexas existentes em cada
cultura, todavia, é a própria simplicidade do modelo que o recomen-
da como esboço básico para qualquer um que vá estudar a cultura
(KWAST, 1987, p. 441).
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Na questão educacional, por exemplo, existe um critério do que é verdadeiro
acerca do homem, sua inteligência, sua capacidade de resolver problemas. Nessa
questão, a cultura é definida pela maneira como as coisas são percebidas, apren-
didas e compartilhadas.
Não descartamos a hipótese de que numa mesma sociedade pessoas dife-
rentes, embora possam possuir comportamentos e valores semelhantes, podem
professar crenças diferentes. Nesse aspecto Kwast explica:
[...] este problema é resultante da confusão dentro da cultura entre
crenças operacionais (crenças que afetam valores e comportamen-
to) e crenças teóricas (convicções expressas em palavras e que têm
um impacto praticamente nulo sobre os valores e o comportamento)
(KWAST, 1987, p. 440).
DIFERENÇAS TRANSCULTURAIS
Diferenças Transculturais
88 UNIDADE III
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arranjo funciona bem, pois quando duas pessoas iguais concordam em
se encontrar às dez, cada uma aparece por volta das dez e quarenta e
cinco, esperando que a outra faça o mesmo. O problema surge quando
um americano se encontra com um árabe e marca reunião para às dez
horas. O americano aparece às dez, a “hora certa” segundo ele. O árabe
aparece às dez e quarenta e cinco, a “hora certa” segundo ele. O ameri-
cano acha que o árabe não tem nenhum senso de tempo (o que não é
verdade), e o árabe é tentado a pensar que os americanos agem como
servos (o que também é falso) (HIEBERT, 1987, p. 449).
Como turistas, é mais fácil enfrentar as diferenças culturais, pois sabemos que,
a qualquer momento, estaremos de volta à nossa realidade. O choque cultural
ocorre quando percebemos que aquela será a nossa vida por um longo período,
principalmente quando se trata de uma mudança em função de um chamado
missionário. E, nesse caso, somente o chamado pode ser um contra-ponto para
enfrentar o sentimento de desorientação numa cultura diferente.
Diferenças Transculturais
90 UNIDADE III
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conhecer como funciona a outra cultura. Nossa primeira tarefa ao en-
trarmos em uma nova cultura é estudar os seus costumes. Mesmo mais
tarde, sempre que parecer que alguma coisa está errada, devemos pre-
sumir que o comportamento das pessoas faz sentido por elas, e reanali-
sar nossa própria compreensão de sua cultura (HIEBERT, 1987, p. 453).
vista. “Crescemos em uma cultura e aprendemos que seus modos são os modos
certos de fazer as coisas. Qualquer pessoa que faça de maneira diferente não é
muito civilizada” (HIEBERT, 1987, p. 453).
O etnocentrismo se constitui em nossa predisposição em avaliar os com-
portamentos das pessoas de outras culturas pelos padrões e valores de nossas
próprias culturas. Mas, da mesma forma somos avaliados. O indiano também
se choca ao perceber que usamos talheres que estiveram inúmeras vezes na boca
de outras pessoas. Hiebert (1987) aponta que quando nos relacionamos, além de
entender as pessoas, precisamos derrubar as barreiras que separam as pessoas
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Diferenças Transculturais
92 UNIDADE III
Como você traduziria ... cordeiro de Deus... (João 1:29) para o esquimó,
língua na qual não existe qualquer palavra ou qualquer experiência com
animais que nós chamamos de ovelhas? Você criaria uma nova palavra e
acrescentaria uma nota no rodapé para descrever a criatura que não tem
significado no seu pensamento? Ou será que você usaria uma palavra
como ...foca..., que tem mais ou menos o mesmo significado na cultura
deles que ...cordeiro... tem na Palestina? [...] Em outras palavras, se numa
língua encontramos a palavra cordeiro, só precisamos encontrar a palavra
na outra língua para um mesmo tipo de animal e as pessoas entenderão o
que estamos querendo dizer. Mas não é isto necessariamente que aconte-
ce. Na verdade, geralmente acontece o contrário. As mesmas formas não
carregam os mesmos significados nas diferentes línguas. Quanto mais li-
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teralmente traduzirmos a forma, maior o perigo de perdermos o signi-
ficado. Um exemplo desta variação e significados dados à mesma forma
encontra-se na história do Natal. Na Palestina os pastores eram homens
devotos e respeitados. Na Índia os pastores são os beberrões das vilas, e nas
representações teatrais sobre o Natal mais do que uma vez eles subiram ao
palco completamente bêbados. Neste caso a forma foi mantida, mas per-
deu-se algo do significado. A mesma perda pode ocorrer sempre quando
traduzimos formas culturais tais como cultos ao redor da fogueira, árvores
de Natal e cruzadas evangelísticas (HIEBERT, 1987, p. 453-454).
lutos morais que não podem ser esquecidos. Então, em uma sociedade que aceita
a idolatria, a poligamia ou o adultério, a Palavra de Deus deve ser ensinada até
que condições de práticas pecaminosas sejam transformadas.
Diferenças Transculturais
94 UNIDADE III
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pode envolver a reinterpretação de um símbolo nativo. Por exemplo,
as damas-de-honra, hoje associadas aos casamentos cristãos, foram
originalmente usadas por antigos povos europeus não-cristãos para
confundir os demônios que eles pensavam que viria para levar a noiva
(HIEBERT, 1987, p. 458).
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bons resultados no trabalho desenvolvido, é preciso saber quem são as
pessoas, bem como saber interpretá-las.
■■ É importante conhecer as informações de segmentação demográfica para
tomada de decisões sobre evangelização.
■■ Embora as culturas e as pessoas sejam diferentes, o evangelho sempre
será o mesmo para todas elas.
ficação e serviço.
Hoje as celebrações maiores florescem em algumas sociedades, en-
quanto em outras, como em regiões tribais escassamente habitadas ou
povoadas por grupos nômades, os pequenos grupos familiares são a
norma. E cidades com alta densidade demográfica você pode encontrar
igrejas nas prisões, igrejas de rua, nas escolas, em empresas, em bares
e outros reunidos por afinidade. Perseguição ou liberdade, pobreza ou
riqueza, sociedades tradicionais ou progressistas - esses fatores eram
e permanecem importantes na formação de igrejas (OTT; WILSON,
2013, p. 115-116).
Embora as diretrizes das escrituras sejam amplas quanto aos aspectos de forma-
ção de igrejas, as negligências em observar padrões teológicos corretos podem
acarretar várias consequências negativas. Ott e Wilson (2013) afirmam que as
escolhas feitas pelos plantadores terão um impacto importante no estabeleci-
mento, crescimento, saúde e reprodução da igreja.
Indicamos a seguir alguns princípios relevantes, indicados por Ott e Wilson
(2013), que norteiam a plantação de igrejas teologicamente saudáveis e que sejam
culturalmente apropriadas, revelando a diversidade criativa de Deus:
1. Liberdade orientada pelo Espírito Santo: biblicamente, percebemos que
as congregações possuem bastante liberdade nos parâmetros para estru-
turação das novas igrejas, conforme retratado em Atos, capítulo 15. A
essência refere-se a princípios e valores, não recai sobre a tradição. “As
igrejas do Novo Testamento tinham que ser flexíveis e resistentes às adver-
sidades porque, na maioria dos casos, emergiram em território hostil e
tiveram que se adaptar às circunstâncias” (OTT; WILSON, 2013, p. 118).
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formato das igrejas plantadas. Desde que sejam teologicamente corre-
tas, as igrejas têm liberdade de serem adaptadas culturalmente. Líderes
locais convertidos à Palavra de Deus são muito importantes para tradu-
ção daquilo que é relevante para a cultura local.
3. Agentes do formato da igreja: cremos que as igrejas plantadas perten-
cem aos cristãos locais debaixo da autoridade do Cabeça da Igreja, Cristo
Jesus. Por isso a voz da comunidade deve ser ouvida e considerada, no
que diz respeito ao melhor formato de funcionamento da igreja para cada
cultura. Certamente, os fundamentos ensinados devem ser bíblicos para
que a igreja reflita uma comunidade do Reino de Deus e cumpra a Grande
Comissão. O processo de contextualização deve ser desenvolvido com
oração, reflexão e participação de informantes culturais que já são con-
vertidos e começam a desenvolver conhecimento bíblico. “O povo local,
livre do controle externo e de designs importados pode, sob a direção do
Espírito tornar-se a comunidade contextualizante natural” (OTT; WIL-
SON, 2013, p. 119).
Descrição
Uma comunidade cristã básica.
Foco em relacionamento e missão cristã.
Reúnem-se em casas, ou locais de trabalho ou locais neutros.
Geralmente dirigida por um pastor leigo.
Geralmente pertence a uma denominação.
Metáfora
Igreja como família.
Exemplos
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Ott e Wilson (2013) acrescentam que as igrejas nos lares trazem à lembrança
uma reunião familiar. Os relacionamentos são edificados usando dons espiritu-
ais, estudo bíblico e uma abordagem para o evangelismo. Os grupos formados,
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manter ou programas complexos para operar. Ela determina um estilo
que é participativo e inclusivo, espelhando o modelo de discipulado e a
comunhão ao redor da mesa do próprio Jesus (CHESTER, 2000, p. 41).
As igrejas nos lares podem ter um rápido aumento de tamanho, sem, no entanto,
amadurecer quanto ao ensino e formação de lideranças. O que pode ocasionar
uma duração menor para sua existência, se comparada às congregações tradicio-
nais. Ott e Wilson (2013) sinalizam que este formato apresenta maior dificuldade
para desenvolvimento de ministérios com crianças, jovens ou grupos de recu-
peração. A necessidade de uma cobertura espiritual se mantém decisiva para o
futuro e saúde desse formato de igreja.
Descrição
Uma unidade congregacional com agrupamentos por afinidade.
Geralmente usa um modelo baseado em um programa.
Reúnem-se em edifícios públicos.
Sociedade voluntária, aparentemente sem fins lucrativos.
Dirigida por pastores ordenados remunerados.
Metáfora
Igreja como instituição.
Exemplos
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No Brasil e nas Américas a maioria das igrejas protestantes fazem parte dessa
classificação. Ott e Wilson (2013) as identificam como congregações simples,
com menos de duzentas pessoas, em média. Essa estrutura tem sido formada
por uma assembleia voluntariamente reunida, segundo apontado por Dietterich.
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Essas igrejas, geralmente, têm um pastor profissional, trabalhando em tempo
integral ou parcial e voluntários que fazem o trabalho de secretaria, manutenção,
administração, ensino bíblico e trabalhos ministeriais. A maioria gira em torno de
um programa central e tende a ser relativamente estável e altamente estruturada.
Essas igrejas tendem a produzir obreiros e facilitar a comunhão, mas podem,
também, alimentar o tradicionalismo e a tomada de decisões, pode tornar-se
burocrática e centralizada, retratando formações seculares empresariais.
Mesmo com as aparentes desvantagens, esse tipo de igreja tem funcionado
bem. Uma solução para combater as fraquezas desse modelo é a organização de
grupos caseiros e o treinamento de leigos para liderá-los, facilitando o ministé-
rio mútuo baseado nos dons espirituais.
Descrição
Comunidades cristãs básicas em células.
Trabalham juntas para celebração e cumprimento da missão cristã.
Encontram-se nos lares e periodicamente em um local público.
Cresce treinando líderes e multiplicando células.
Metáfora
Igreja como rede.
Exemplos
Igreja Yohido Full Gospel, Seul, Coreia do Sul.
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Ott e Wilson (2013) indicam que em alguns lugares essa igreja é também cha-
mada de “igreja de duas asas” porque mantém um equilíbrio entre a célula
(reunião pequena) e a celebração (reunião grande). O discipulado pessoal, o
cuidado espiritual, o estudo bíblico e o evangelismo são descentralizados nas
células - a igreja como família. A adoração, o ensino e os eventos atrativos ocor-
rem predominantemente na celebração ou na grande reunião - a igreja como
povo de Deus. Até o batismo, a ceia e a disciplina na igreja podem ser pratica-
das no âmbito das células.
O desafio, no entanto, é mobilizar a liderança, a energia e os recursos
para realizar ambas as asas de forma satisfatória. Em alguns movimen-
tos de igrejas em células os líderes e as células são reproduzidos por
meio de clonagem. Cada célula tem um aprendiz e quando o grupo
chega a certo número de pessoas, se multiplica, dividindo o grupo em
dois e comissionando o aprendiz para liderar um dos grupos. Em cul-
turas nas quais o individualismo não é um valor forte, uma abordagem
de clonagem e controle centralizado é mais aceitável. No entanto, em
muitos lugares hoje, forçar a multiplicação (como no G12) vai contra
a índole cultural e seria considerada uma atitude abusiva. Outra abor-
dagem é tornar tarefa principal do líder encontrar um aprendiz com a
mistura certa de dons e mentoreá-lo para que a reprodução aconteça,
seja na célula, seja na celebração. As células podem apresentar todos os
problemas das igrejas nos lares. O desenvolvimento contínuo de for-
tes líderes de células é a chave para igrejas em células saudáveis (OTT;
WILSON, 2013, p. 124).
Ott e Wilson (2013) consideram que o Senhor não prescreveu formatos de igre-
jas, mas permitiu que os apóstolos tivessem a orientação do Espírito Santo no
estabelecimento de igrejas autóctones, com formação de lideranças locais. Os
então, mesmo que o papel dos plantadores seja importante nos estágios
de concepção e implantação da igreja, continuam a exercer influência
por meio de seu exemplo, ensino e orientação espiritual (OTT; WIL-
SON, 2013, p. 133).
Existem muitos princípios bíblicos eficazes para a plantação de igrejas, Deus não
abençoa um modelo mais do que outro. Estes modelos dizem respeito às ações
que serão desenvolvidas para que uma igreja seja plantada contextualmente
em uma determinada cultura. Bustle e Crocker (2010) afirmam que não há um
modelo único de plantação de igrejas que se aplica a todas as culturas, contex-
tos e realidades. Alguns são mais eficazes em áreas pioneiras, enquanto outros
são mais eficazes em áreas em que o cristianismo já existe há muito tempo, mas
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a igreja está num estado de declínio.
A recomendação é que se use os modelos que melhor se adequem ao contexto
e realidades do ministério. Oração, reuniões e boa missiologia serão extrema-
mente úteis na determinação do melhor método a ser utilizado. Pode ser que em
alguns casos um método puro não seja possível, mas seja necessária uma com-
binação dos métodos apresentados.
Nesse assunto, tomou-se por base e modelo de referência os estudos, traba-
lhos de pesquisa e observações realizados por Ott e Wilson (2013), bem como
suas nomenclaturas e terminologias, as quais apresentaremos em três tipos de
abordagem com suas subdivisões.
1) Abordagens para a plantação pioneira de igrejas
Nesse caso, as igrejas são plantadas em lugares nos quais há poucos cris-
tãos. O trabalho será realizado, apenas, pelos plantadores e crescerá quase que
exclusivamente por meio do evangelismo. As abordagens possíveis estão resu-
midas no quadro a seguir.
ABORDAGEM CARACTERÍSTICAS
Plantador de igrejas Um único plantador de igrejas se muda para a região-al-
pioneiro solo vo e começa um trabalho do zero.
Equipe de plantado- Uma equipe de plantação de igrejas é formada e prepa-
res de igrejas rada. Os membros da equipe possuem diversos dons,
porém a mesma visão e o mesmo chamado.
Colonização Um grande número de pessoas (geralmente da mesma
igreja) se muda para a região-alvo formando uma nova
igreja.
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a) O plantador solo
Segundo Ott e Wilson (2013), esse seja talvez o modelo mais comum de
plantação de igrejas e é a imagem típica que muitas pessoas têm do plantador
pioneiro. Esse é o responsável pelo evangelismo, discipulado e reunião dos novos
cristãos para formação da igreja. Pode funcionar quando o plantador está plan-
tando uma igreja na sua própria cultura e possui uma capacidade excepcional, ou
quando o povo é altamente receptivo, ou quando há um grupo de cristãos locais
que podem ser recrutados para ajudar. No entanto, raramente é eficaz transcul-
turalmente ou entre populações resistentes ao Evangelho.
b) A equipe de plantação de igrejas
Nesse caso uma equipe de obreiros, com uma visão comum e vários dons,
pode se unir no mesmo projeto. Atualmente, em missões transculturais, a abor-
dagem de equipe tem se tornado a norma para a plantação pioneira. Geralmente,
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Esse é um modelo dificilmente utilizado por causa do alto grau de envolvi-
mento que exige. Mesmo assim, pode ser um método de grandes resultados. Um
grupo de pessoas, geralmente composto por famílias inteiras, da mesma igreja
ou recrutados em várias igrejas, se muda para uma cidade ou região-alvo. Assim,
uma igreja é praticamente transplantada para o novo local. Existem os mesmos
riscos de conflitos encontrados na plantação em equipe e também a possibili-
dade de inibição para formação de novas lideranças locais, em função de muitos
dons já estarem presentes no grupo de plantadores. Caso esses problemas acon-
teçam, os mesmos devem ser discriminados e tratados.
d) Plantação não residente ou projeto de curto prazo
Caracteriza-se por visitas curtas de uma equipe de plantadores ou apenas um
líder que se dirige a um local para estabelecimento de uma igreja. Normalmente
há um ponto inicial de contato, uma família que já é cristã ou que traz abertura
à pregação da Palavra. Ocorrem reuniões para evangelização, ensino básico das
Escrituras e treinamento dos líderes locais. À medida que a igreja se estabelece,
as visitas são menos frequentes, mas devem continuar, ainda que ocasionalmente,
para fortalecimento e acompanhamento da nova congregação.
e) A plantação internacional de igrejas
Nesse caso, procura-se estabelecer uma nova igreja com a evangelização e
ajuntamento de estrangeiros que residem em outro país (estudantes, trabalhado-
res, refugiados etc.). Qualquer um dos métodos descritos anteriormente podem
ser utilizados, tendo o diferencial de que não se busca que a nova igreja plantada
seja autóctone, mas mantenha um caráter internacional, quanto ao idioma e a
liderança local. Algumas igrejas internacionais acabam por alcançar cidadãos
iniciativa maior de liderança, pois os cristãos que vieram de outra localidade estão
ocupados com outras responsabilidades e não podem se dedicar totalmente ao
pastorado da nova igreja.
Em países fechados para a atividade missionária tradicional, frequen-
temente é possível que a ajuda humanitária cristã, projetos de desen-
volvimento ou educadores entrem e se envolvam indiretamente na
plantação de igrejas. Os trabalhadores contribuem para o bem-estar do
povo local e não são vistos como uma ameaça às religiões estabelecidas
(OTT; WILSON, 2013, p. 141).
ABORDAGENS CARACTERÍSITCAS
Plantação de igrejas Membros de uma igreja estabelecida (mãe) se separam
mãe-filha para formar o núcleo de uma nova igreja (filha).
Plantação de igrejas A igreja inicia um culto adicional ou ministério (geral-
multisite ou satélite mente com sermões por vídeo). Liderança permanece
centralizada.
Plantação de igre- Uma comunidade independente decide formar uma
jas filha adotiva ou igreja pedindo o auxílio de uma igreja estabelecida, ou
replantação uma pequena igreja com dificuldades é revitalizada.
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Plantação de igrejas Várias igrejas estabelecidas cedem membros para
multimãe ou parceria iniciar uma igreja-filha comum.
Plantação de igrejas Uma igreja estabelece uma nova congregação entre
povo-foco ou multi- um grupo étnico ou social em particular, geralmente
congregação usando o mesmo edifício. As congregações são organi-
zacionalmente ligadas.
Rede de igrejas nos Igrejas caseiras multiplicam-se por divisão celular,
lares como estrutura mínima, e geralmente dirigidas por lei-
gos. O plantador não é um pastor, mas um orientador
que fornece treinamento aos líderes nos lares.
Fonte: Ott e Wilson (2013, p. 142).
O fator decisivo para a multiplicação é que o grupo inicial detenha boa experiên-
cia ministerial e sejam maduros na fé, o que proporciona liderança e estabilidade
para o trabalho realizado, o que, muitas vezes, falta em plantações pioneiras. O
impacto da ausência de membros na igreja-mãe deve ser superado por evan-
gelização, recrutamento e treinamento de novos obreiros. Esse método tem
trazido excelentes resultados para multiplicação em todo o mundo. A maior
parte dos outros métodos indicados para reprodução de igrejas são variações
dessa abordagem.
b) Plantação de igrejas multisite ou satélite
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para se adaptar às necessidades das novas localidades. A tomada de decisão pode ser
trabalhosa, pode-se promover um conceito de ministério profissional, que depende
muito de pessoal remunerado e de tecnologia. Os custos iniciais podem ser altos.
A abordagem é eficaz para a adição de igrejas, mas raramente leva à multiplicação.
c) Plantação de igrejas por adoção
Grupos formados por uma iniciativa de estudos bíblicos, grupo caseiro ou
de discipulado podem decidir se tornar uma igreja mais formal e buscar a ajuda
de uma igreja estabelecida para fornecer orientação e, possivelmente, recursos
ou cuidado pastoral.
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Uma alteração da abordagem da adoção pode ser vista quando uma igreja
que está passando por dificuldade, ou até morrendo, se aproxima de uma igreja
sadia e pede que ela seja “adotada” a fim de ser revitalizada. Algumas vezes a
igreja adotada torna-se uma sede adicional de uma igreja multisite.
A abordagem de adoção associa a maior parte dos benefícios da plantação
de igrejas mãe-filha.
No entanto, para que a adoção seja bem-sucedida, mãe e filha precisam
se conhecer bem antes que a parceria seja oficializada. Questões doutri-
nárias, filosóficas e financeiras devem ser francamente compartilhadas.
Acima de tudo, é preciso que se desenvolva a confiança entre os dois
grupos, e isso exige paciência e comunicação aberta (OTT; WILSON,
2013, p. 147-148).
rápido crescimento que esse modelo produz. A rede de igrejas nos lares se repro-
duz por meio de divisão celular de forma semelhante à da plantação mãe-filha.
Parte dos membros de uma congregação já existente são enviados para come-
çar uma reunião nos lares, tendo uma estrutura mínima e sendo dirigidas por
leigos. Possuem um grande potencial para a multiplicação rápida.
Por sua pequena visibilidade ela é mais resistente à perseguição do que as
igrejas tradicionalmente estruturadas. No entanto, pelo fato dos líderes recebe-
rem menos treinamento, podem ser suscetíveis a falsos ensinamentos e carecem
de ministérios especiais, o que pode levar à perda de membros para outras igre-
jas com maior estrutura ministerial.
g) Divisões de igrejas ou filhos não planejados
“Uma divisão de igreja é uma forma de reprodução que ninguém deseja ou
planeja, mas é a fonte de muitas novas congregações em todo o mundo” (OTT;
WILSON, 2013, p. 152). Não é necessário dizer que essa abordagem para a repro-
dução de igrejas não é aconselhada. Entretanto, da mesma forma como o conflito
entre Paulo e Barnabé resultou em duas equipes missionárias, Deus tem usado até
mesmo divisões de igrejas para expansão do Evangelho e alcance de mais pessoas.
3) Estratégias regionais para plantação de igrejas
Apresentamos, agora, os estudos de Ott e Wilson (2013) quanto a estraté-
gias de longo prazo para a plantação de várias igrejas em uma região geográfica,
uma área metropolitana, um bairro ou um Estado. Essas abordagens estão resu-
midas no quadro a seguir:
ABORDAGEM CARACTERÍSITCAS
Plantação de igrejas Iniciativas evangelísticas são empreendidas em várias
por prioridade de localidades e uma igreja é plantada no local de maior
colheita receptividade.
Plantação de igrejas Procura estabelecer pelo menos uma igreja em cada
por cabeça de ponte cidade ou vila não evangelizada, geralmente separadas
estratégica por distâncias geográficas.
Plantação de igrejas Procura estabelecer um agrupamento de igrejas relacio-
por agrupamento nadas em uma área geograficamente limitada.
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Plantação de igrejas Igrejas são plantadas em cidades e vilas consecutivas,
por propagação da geralmente seguindo rotas de transporte importantes.
videira
Plantação de igrejas Igrejas (nos lares) são plantadas espontaneamente à
espontânea ou diás- medida que os cristãos locais (que podem ser cristãos
pora de diáspora) espalham naturalmente o Evangelho.
Fonte: Ott e Wilson (2013, p. 153).
tantes uns dos outros, elas ficam concentradas em uma só área. O ponto
forte dessa estratégia é que os plantadores e as igrejas emergentes estão
razoavelmente próximos para se reunirem a fim de se encorajarem mutu-
amente, promoverem celebrações comuns periódicas, oferecerem treina-
mento conjunto de obreiros e auxiliarem-se uns aos outros em programas
evangelísticos e com outros objetivos (OTT; WILSON, 2013, p. 154).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade passamos por uma longa viagem cultural, a começar por Abraão,
em quem Deus se propôs a abençoar e revelar-se a todas a famílias da terra espa-
lhadas por diferentes povos, tribos e nações, constituídas por diferentes etnias.
Deus chama Abraão, o abençoa e lhe dá uma instrução: ser uma bênção. A
salvação em Cristo é a bênção prometida a Abraão, a qual ele alcançou pela fé.
A missão de Abraão e sua descendência é levar esta bênção a todos os povos
ainda não alcançados da terra.
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Assim como foi necessário a Abraão abrir mão do limite de sua própria cul-
tura, em Ur dos Caldeus, e aprender a caminhar por fé e dependência de Deus,
somos chamados a viver por um Reino Eterno. Entretanto, temos que discernir
que a cultura de cada povo deve ser considerada e respeitada quando o evan-
gelho é pregado.
As nuances históricas podem ser portas para levarmos o evangelho, assim
como Paulo, em Atenas, que fez referência ao deus desconhecido. Paulo per-
cebeu uma brecha na comunicação que, provavelmente, abriria as mentes e os
corações daqueles filósofos.
Dessa forma, o teólogo e o plantador de igrejas devem superar as barreiras
transculturais para levar os homens de volta a um relacionamento com Deus.
Quando Cristo entra em uma vida ou em uma cultura, Ele toma em suas mãos
aquilo que está distorcido ou sem significado e restaura, dá novo sentido às pala-
vras e à vida prática.
Embora o Evangelho esteja acima das culturas terrenas, para ter sentido para
um povo ele precisa ser incorporado de forma contextualizada, assim ele terá
poder para transformar as pessoas.
Quanto aos formatos de igrejas e os possíveis modelos para plantação de
igrejas, percebemos que Deus mantém Sua glória e riqueza na diversidade. Por
meio do Espírito Santo, da pesquisa, estudo e planejamento, Ele nos mostrará
os formatos e modelos mais adequados a serem aplicados.
Encerramos mais uma etapa de estudos, cumprindo com mais da metade do
nosso programa. Aproveite ao máximo o que ainda veremos a seguir.
Considerações Finais
118
O Fator Melquisedeque
Don Richardson
Editora: Vida Nova
Sinopse: neste livro, Richardson conta mais de 25 histórias fascinantes, que
mostram como Deus plantou a semente do evangelho em cada cultura do
mundo. Esta espécie de revelação geral de Deus é chamada pelo autor de
“O Fator Melquisedeque”, em uma alusão ao nome do sacerdote a quem Abraão prestou homenagem
no livro de Gênesis. O Fator Melquisedeque é um livro culturalmente rico e profundamente sensível
que mudará a visão de muitos cristãos sobre os povos pagãos e a soberania de Deus.
O totem da paz
Entre os sawis, uma tribo de canibais caçadores de cabeças, a traição
era mais que uma filosofia de vida. Constituía-se num ideal concebido
e aprimorado pelas gerações passadas. Em 1962, Don Richardson e
sua esposa Carol foram à terra dos sawis levando a história de um
herói diferente, cuja mensagem era amor, e não traição; perdão, e não
vingança: a história do Filho da Paz, enviado por Deus.
Material Complementar
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <http://instituto.antropos.com.br/v3/index.php?option=com_content&-
view=article&id=501&catid=35&Itemid=3>. Acesso em: 24 mai. 2017.
123
REFERÊNCIAS
GABARITO
O DESAFIO DE PLANTAR
IV
UNIDADE
IGREJAS
Objetivos de Aprendizagem
■■ Considerar quem foi chamado para realizar a tarefa de plantar igrejas.
■■ Analisar o perfil de homens e mulheres que plantam igrejas.
■■ Avaliar as condições de plantadores de igreja que desenvolvem duas
vocações.
■■ Reconhecer a importância do papel da igreja no plantio de igrejas.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Quem foi chamado para essa missão?
■■ O perfil do(a) plantador(a) de igrejas
■■ Plantadores bivocacionais
■■ A igreja e o plantio de igrejas
127
INTRODUÇÃO
Introdução
128 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O chamado de Deus é um tema sobrenatural e fascinante. Ninguém poderá
desejar o ministério sem que antes tenha compreendido o chamado de Deus.
Muitos fracassos ministeriais ocorrem pela falta de convicção do chamado, pois
é esse que capacita o obreiro a permanecer nos campos quando surgem as difi-
culdades. Vamos considerar alguns aspectos importantes nos próximos tópicos.
A) O conflito dos vocacionados ou a missão em crise?
Green (2005) nos aponta que dificilmente estaríamos exagerando ao falar-
mos das severas mudanças ocorridas no clima espiritual das últimas décadas.
Quando a revolução cultural dos anos 60 explodiu sobre nós, a aparência domi-
nante era a do modernismo, como ocorreu nos últimos dois séculos.
Nosso sistema educacional foi consolidado com forte influência do Iluminismo
do século XVIII, o qual rejeitou amplamente a noção de Deus e O substituiu pela
confiança na razão humana. A ciência, com toda a sua tecnologia, afirmava ser
a esperança para o futuro, pensava-se que o progresso seria inevitável. Com a
racionalização, somente o que era visível, medido ou verificado podia ser con-
siderado existente e verdadeiro.
Havia uma suposição não declarada sobre a natureza humana: ninguém
duvida que todos nós temos um coração de ouro; valores e relacionamento com
Deus foram considerados subjetivos, sendo colocados num segundo plano. Em
nossos dias, os pressupostos modernistas sobre a vida já perderam sua energia
e vigor. Green (2005) destaca que os pensadores do século XIX apresentaram a
ideia de que as pessoas não agem primeiramente com base na racionalidade. A
teoria de Darwin sobre o nosso passado, a de Marx sobre o futuro e as teorias de
Freud sobre a psiquê deixaram pouco espaço para a razão humana, como fator
determinante dos relacionamentos.
Vivemos nitidamente tempos de mudança cultural em massa, em que a visão
otimista do passado vai se dissipando. Estamos diante da progressiva destrui-
ção do meio ambiente - a camada de ozônio sendo afetada, as florestas tropicais
sendo dizimadas, o planeta Terra comprometido e mares envenenados, o acú-
mulo de armas nucleares com a capacidade de destruir o mundo inúmeras vezes,
espalhando medo e terror entre as nações. Cerca de quarenta milhões de pes-
soas por todo o mundo estão contaminadas pelo vírus da AIDS/HIV. Novas
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
[...] sabe, porém isto: nos últimos dias, sobrevirão tempo difíceis, pois
os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfe-
madores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados,
implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem,
traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos
de Deus, tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder.
Foge também destes (BÍBLIA, II Timóteo 3,1-5).
Vivemos dias como foram os dias do povo de Israel liderado pelos Juízes: “Naqueles
dias, não havia rei em Israel; cada um fazia o que achava mais reto” (BÍBLIA, Juízes,
21,25). Surge, então, a gritante necessidade de líderes que possam trazer clareza quanto
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ao propósito eterno de Deus para um mundo em profunda crise espiritual. Homens
e mulheres que possam representar a Deus e ser a própria boca de Deus falando,
exortando, pregando a Palavra de Deus em dias de profunda decadência espiritual.
Entretanto, em todas as épocas da história da humanidade, Deus sempre
atraiu homens para si e comissionou vidas para o exercício do ministério. Nos
dias atuais, Deus tem levantado um grande número de homens e mulheres com
compreensão bíblica sobre a vocação ministerial e discernimento quanto ao cha-
mado de Deus. Esses necessitam dar passos para um maior envolvimento com
ministérios na Igreja do Senhor.
Outros, ao completarem seus estudos teológicos, deverão buscar aperfeiço-
amento para atuação num campo missionário, para pastoreamento de igrejas já
estabelecidos, ou para a plantação de novas igrejas.
Lidório (2014) nos assinala o privilégio e a responsabilidade que temos
diante do chamado de Deus:
[...] nossa vocação em Cristo é nosso maior privilégio e também nosso
maior desafio. Perante tal vocação, devemos louvar a Deus e lhe agrade-
cer pelo privilégio de servir a Cristo ao mesmo tempo em que devemos
nos fortalecer no Senhor para não cair nas ciladas do diabo, resistir no
dia mau e pregar o Evangelho de Deus (LIDÓRIO, 2014, p. 29-30).
Não deixamos de considerar que todos os que receberam a Jesus como Senhor e
Salvador pessoal devem estar envolvidos com a edificação do Reino Eterno. Seja
com a evangelização e edificação de vidas nas escolas, no trabalho, no desenvol-
vimento da carreira profissional, em ministérios de uma igreja local, enfim, em
todo e qualquer lugar que estivermos inseridos.
ele(a) terá liberdade para mover-se em Deus, pois não será mais governado por
suas ambições naturais ou interesses pessoais, mas pelo querer e vontade de Deus.
Ana devolveu a Deus aquilo que dEle recebeu.
Necessitamos que se levantem, em nossos dias, homens e mulheres compro-
metidos com a vontade de Deus, que traduzam para o mundo o amor e o poder
transformador do evangelho. Homens e mulheres que comunicam vida a um
mundo perdido, que transformam os lugares por onde passam, que possuem
um testemunho de ações e não somente de palavras. As pessoas estão cansa-
das de muita fala e esperam ver a transformação que prometemos por meio do
evangelho. Para isso, precisamos de profundo compromisso com Aquele que
nos chama, precisamos negar-nos a nós mesmos e segui-lo. “Dizia a todos: Se
alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-
-me” (BÍBLIA, Lucas 9,23).
Nesse momento, cabe a nós uma profunda reflexão pessoal sobre a impor-
tância do chamado de Deus para a vida ministerial. E o que faremos para seguir
a Cristo.
B) O chamado ao ministério:
Em Marcos, a Bíblia Sagrada
relata: “Quando ia passando, viu
Levi, filho de Alfeu, sentado na
coletoria, e disse-lhe: Segue-me.
Ele se levantou e o seguiu”
(BÍBLIA, Marcos, 2,14). Jesus
havia há poucos instantes sido
questionado pelos fariseus em
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Marcos, capítulo 2, por ter dito
a um paralítico em Cafarnaum:
“Filho, os teus pecados estão per-
doados” Os fariseus arrazoavam que somente Deus podia perdoar pecados, então
Jesus questionou:
[...] qual é mais fácil? Dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus peca-
dos, ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito e anda? Ora, para que saibais
que o Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pe-
cados - disse ao paralítico: Eu te mando: Levanta-te, toma o teu leito e
vai para tua casa. Então, ele se levantou e, no mesmo instante, tomando
o leito, retirou-se à vista de todos, a ponto de se admirarem todos e da-
rem glória a Deus, dizendo: Jamais vimos coisa assim (BÍBLIA, Marcos
2,9-12).
O texto nos ordena que façamos discípulos de todas as nações. Todos foram
chamados para serem discípulos de Jesus, ainda que em diferentes níveis de
funcionalidade no corpo de Cristo. Foram chamados a aprender e praticar
suas ordenanças. Foram chamados para a oração, para ser sal da terra e luz do
mundo, para comunhão, para obediência, para santidade, para testemunho e
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sobre espíritos imundos para os expelir e para curar toda sorte de do-
enças e enfermidades. Ora, os nomes dos doze apóstolos são estes: pri-
meiro, Simão, por sobrenome Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho
de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o
publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o Zelote, e Judas Isca-
riotes, que foi quem o traiu (BÍBLIA, Mateus 10,1-4).
Dentre os doze, Jesus teve um relacionamento mais próximo com três discípu-
los, que foram líderes de grande expressão na igreja primitiva: “Contudo, não
permitiu que alguém o acompanhasse, senão Pedro e os irmãos Tiago e João”
(BÍBLIA, Marcos 5,37). Finalmente, um discípulo teve maior aproximação e
revelação de Jesus - João: “Ora, ali estava conchegado a Jesus um dos seus discí-
pulos, aquele a quem ele amava” (BÍBLIA, João 13,23).
O processo de discipulado foi realizado em diferentes graus, de acordo com
a atuação ministerial de cada grupamento. Para aqueles que teriam uma lide-
rança ministerial direta na administração da economia de Deus, Jesus chamou
para estarem com Ele, para que pudessem receber maior revelação. Esses seriam
trabalhados teologicamente, mas também na formação de um caráter para o
ministério, por meio do convívio com Jesus.
Lidório (2014) fala de sua experiência pessoal, na qual teve a oportunidade de
conviver ministerialmente com seu pai durante sua adolescência e, assim, entender
qual era a área vocacional à qual Deus o estava chamando, bem como vemos no
Velho Testamento, relacionamentos de serviço e discipulado, os quais foram esta-
belecidos para a formação de um caráter e ministério - Elias com Eliseu, Moisés
com Josué, Samuel com Davi, embora, na vida de Davi, os desertos, as aflições e
perseguições tenham sido também grandes aliados em seu processo de discipulado.
por esse chamado e não teremos paz enquanto não cumprirmos a vontade do Pai.
Embora o chamado de Deus tenha seu caráter pessoal, é muito importante
salientar que, quando Deus chama um homem ou uma mulher para o minis-
tério, esse chamado será reconhecido por sua congregação. O Espírito Santo
concede convicção tanto ao candidato como à sua igreja local sobre o chamado
de Deus. Certamente, o principal parâmetro que a igreja possui para discernir
o chamado na vida de um candidato são as qualificações ministeriais exigidas
pela Palavra de Deus para essa função (I Timóteo 3,1-13; Tito 1,5-9). Seu teste-
munho, sua fé, sua piedade, sua generosidade e capacidade para o ensino, sua
aptidão às disciplinas espirituais, dentre outras características, serão percebidas
pela igreja. Alguém que não tem a confirmação da igreja sobre seu chamado não
estará apto a desenvolver o ministério.
Cristo exerce seu governo sobre a igreja mediante os dons, os quais, por
sua soberana graça, distribui aos membros do corpo conforme a medida do
dom que concede a cada um. A cada um nos foi dada graça conforme a me-
dida do dom de Cristo. Graça e dom são palavras muito relacionadas entre
si. Graça em grego é charis, e tem dois significados. O primeiro significado é
misericórdia, e o outro, capacidade ou habilidade recebida para desempe-
nhar um ministério ou serviço determinado. Este segundo significado, em
grego, pode ser expresso pela palavra charisma, que está ligada ao dom.
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Este dom ou carisma não é recebido por méritos ou por desejo próprio, mas
depende totalmente da graça e da vontade de Deus. A palavra dom é a tra-
dução de dorea, e significa presente. Nem todos recebem a mesma medida
de graça, mas todos recebem alguma medida de graça para fazer a obra de
Deus.
Fonte: Himitian (2010, p. 151).
O texto de Mateus nos mostra que, na natureza, podemos observar que cada
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tério cristão.
Lidório nos auxilia na correta descrição e detalhamento do ministério de
apóstolos:
[...] se referem àqueles que foram convocados diretamente por Cris-
to. [...] Porém, no sentido do envio (apostelo - enviar), toda a Igreja é
apostólica, pois foi enviada por Cristo ao mundo. Para John Knox, os
apóstolos possuíam um perfil específico, pois eram as pedrinhas lança-
das bem longe, onde a Igreja e o Evangelho ainda não haviam chegado.
Eram os pioneiros de Cristo. É interessante perceber que os apóstolos
chamados por Cristo no primeiro século alcançaram alguns dos con-
fins da terra. Mateus foi para a Etiópia (África), André alcançou os citas
(na região da antiga URSS), Bartolomeu atingiu a Arábia e Tomé le-
vou o Evangelho à Índia. Paulo foi testemunha na Galácia, Macedônia,
Acaia e Ásia (LIDÓRIO, 2014, p. 21-23).
Vemos, ainda hoje, a expressão ministerial de apóstolos que são enviados a cam-
pos ainda não alcançados para levarem a palavra de Deus. Entretanto, nem sempre
esses ministérios são classificados com essa designação, não invalidando, porém,
a expressão ministerial e a funcionalidade que esse dom concede.
Profetas
Esse dom ministerial também tem sido objeto de controvérsias. Para mui-
tos teólogos o dom ministerial de apóstolos e profetas expiraram no momento
da finalização do texto bíblico. E entretanto, funcionalmente, podemos consi-
derar o exercício desse dom. Vejamos o entendimento apresentado por Lidório:
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[...] referiam-se tanto aos que tinham grande facilidade para comunicar
o Evangelho de Cristo quanto aos que moldavam outros com a forma
do Evangelho, ou seja, os discipuladores. Apesar de todos os redimidos
em Cristo serem chamados por Deus para a evangelização, compreen-
de-se que há alguns que o fazem com maior desenvoltura ou facilidade,
comunicando de forma clara e acessível o Evangelho aos que ainda não
abraçaram o Cordeiro de Deus (LIDÓRIO, 2014, p. 22-23).
Felipe e Timóteo são citados como evangelistas no Novo Testamento (Atos 21,8;
II Timóteo 4,5). Himitian (2010) considera que:
[...] os evangelistas funcionavam debaixo do ministério apostólico.
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Felipe estava mais relacionado a Pedro e João, e Timóteo estava liga-
do a Paulo. Tinham autoridade delegada, formavam parte da equipe
apostólica e eram colaboradores destes. Eles evangelizavam, batizavam,
curavam, fundavam igrejas, estabeleciam lideranças, e transmitiam a
doutrina dos apóstolos. Notemos que o perfil deles não se limitava ao
que hoje se convencionou chamar evangelista no meio evangélico (HI-
MITIAN, 2010, p. 154-155).
Certamente, o pastor sempre estará envolvido com o ensino, até mesmo por sua
condição de proximidade às ovelhas do rebanho de Deus. Entretanto, a qualifica-
ção ministerial para “mestres” sempre poderá ser percebida por uma habilidade
específica concedida pelo Senhor a alguns de seus servos.
Mestres
Os mestres, normalmente, possuem dons secundários como ciência e sabe-
doria na compreensão e conhecimento da Palavra de Deus. O mestre consegue
desvendar aquilo que parece estar nas entrelinhas das Escrituras, trazendo ali-
mento sólido para formação do caráter de Cristo nas ovelhas do Senhor. Lidório
nos auxilia:
[...] eram os que ensinavam a Palavra de forma clara e transformadora.
Seus ministérios não eram definidos pela quantidade de ouvintes ou
condições de trabalho, mas puramente pela rica experiência de abrir a
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Mais uma vez, vemos, nas colocações de Himitian, a indicação do exercício con-
junto do ministério de pastor e mestre, bem como a tendência de se caracterizar
o ministério de liderança eclesiástica como “pastor”, embora seja encontrado nas
Escrituras a designação do cargo de presbíteros para aqueles que estão à frente
da igreja de Cristo.
Finalizando a descrição dos dons ministeriais, Lidório (2014) corrobora o
entendimento de que o exercício de dons e ministérios jamais devem ser relacio-
nados com posição de superioridade ou notoriedade. Quem, assim, se comporta
expressa completa falta de compreensão da vocação ministerial. Como disse
o Senhor Jesus, o maior deve ser aquele que serve. Quando Paulo escreve aos
Romanos se apresenta como servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo;
ele reconhece que é um servo do Senhor Jesus, porém com um chamado espe-
cífico: ser apóstolo.
Apresentamos, a seguir, alguns princípios bíblicos relacionados com os
ministérios apontados por Himitian, que consolidam o entendimento da voca-
ção ministerial como serviço a Deus:
1) Princípio da soberania divina: Deus é quem escolhe, chama e dá
dons aos homens. Ele dá diferentes dons ministeriais, a quem Ele
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quiser, e na medida que Ele próprio determina.
Compartilho, com você, uma experiência muito marcante vivida por Ronaldo
Lidório em uma de suas viagens missionárias para o interior do Amazonas, que
caracteriza a necessidade de dependência de Deus acima de toda possibilidade
de qualificação que pode ser alcançada:
[...] estive visitando uma região próxima a Maraã no coração do Ama-
zonas, onde vivem os kambebas, kokamas e miranhas. Eram tidos, até
poucos anos atrás, como grupos indígenas ainda não alcançados pelo
A expressão de amor e paixão pelas almas perdidas deve ser nossa motivação
para o serviço ao Senhor. A completa dependência de Deus e de Sua Palavra tor-
na-se nossa maior qualificação ministerial.
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O PERFIL DO(A) PLANTADOR(A) DE IGREJAS
Você considera que o Sr. João, citado há pouco, tem um perfil adequado para
plantar igrejas?
Davi não foi considerado um candidato com perfil apropriado aos olhos dos
homens (BÍBLIA, I Samuel 16). Quando o profeta Samuel foi a Belém, enviado
por Deus para ungir o novo rei, Davi não foi convidado para estar entre os can-
didatos; antes, foi deixado no campo junto ao rebanho de seu pai, pois era o
mais jovem da família e considerado, ainda, inexperiente para aquela posição.
Contudo, foi exatamente ele o escolhido por Deus.
Moisés não se sentiu habilitado para o chamado de libertar o povo de Israel
do Egito. Também Jeremias, ele mesmo, narra como foi o seu chamado:
[...] a mim me veio, pois, a palavra do Senhor, dizendo: Antes que eu te
formasse no ventre materno, eu te conheci, e antes que saísses da ma-
dre, te consagrei, e te constituí profeta às nações. Então lhe disse eu: ah!
Senhor Deus! Eis que não sei falar, porque não passo de uma criança.
Mas o Senhor me disse: Não digas: Não passo de uma criança; porque
a todos a quem eu te enviar irás; e tudo quanto eu te mandar falarás
(BÍBLIA, Jeremias 1,4-8).
Temos, nessa lista, tantos outros homens preciosos que foram grandemente usa-
dos por Deus, entretanto, quando foram chamados, não se sentiam aptos para
o cumprimento de suas tarefas.
Ao apresentarmos as competências desejadas para o plantador de igrejas,
não queremos desconsiderar que é Deus quem realiza em nós Sua obra e nos
habilita. Sua graça e Seu poder se aperfeiçoam em nossas fraquezas. Mas, visto
que nossa incumbência é a tarefa sagrada de cuidar de almas por quem Cristo
morreu e ensinar princípios do Reino Eterno, nos reportarmos ao próprio Deus
em tudo que fazemos, então, precisamos considerar atentamente o perfil reve-
lado pela Palavra de Deus para o exercício do ministério. Quando me refiro ao
plantador de igrejas, reflita sobre sua própria vida ministerial, seja qual for seu
envolvimento na edificação do Reino de Deus.
Ott e Wilson (2013) nos dão informações sobre um estudo com 528 agên-
cias missionárias, em que se concluiu que cerca de três quartos (¾) de todo o
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Chamado Inteligência
de Deus Disciplinas espirituais emocional e
fortes (oração, ouvir a adaptabilidade
voz de Deus, jejum,
contemplação, leitura
e estudo da Bíblia etc.)
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Caráter santo
Um conjunto
especial de Dons espirituais
habilidades adequados
Apoio do para a missão para a tarefa
cônjuge
A. FUNDAMENTOS ESPIRITUAIS
Existem alguns aspectos espirituais que devem ser encontrados na vida daque-
les que seguem a Cristo como seus discípulos, como o caráter de Cristo, a vida
de oração, a santificação, a maturidade espiritual. Entretanto, quando se trata de
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Ott e Wilson (2013) apontam que os plantadores de igrejas devem ser escolhidos
entre os que já têm demonstrado maturidade espiritual, compromisso com disci-
plinas espirituais e habilidades necessárias para o desempenho do ministério. O
Diante das provações que passamos, muitas vezes, pode haver uma grande resis-
tência, assim como Jacó em Peniel. Entretanto, esse processo resulta em uma maior
intimidade com Deus, quando nos submetemos a Ele em temor e obediência.
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Novos padrões de submissão, maior humildade e paciência, e novas maneiras
de reagir diante das dificuldades podem ser aprendidas. Quando falta a maturi-
dade e sensibilidade espiritual necessária, o choque inicial com uma língua ou
cultura pode se tornar insuportável.
A Palavra de Deus, em Efésios, nos diz que “Cristo levou cativo o cativeiro e con-
cedeu dons aos homens (BÍBLIA, Efésios 4,8). Plantar e edificar igrejas é fruto
do Espírito Santo de Deus em nós. Deus usa uma variedade de dons espiritu-
ais para esse serviço. Apresentaremos, a seguir, um quadro proposto por Ott e
Wilson (2013), que nos ajuda a compreender o papel dos dons espirituais.
Quadro 1 - Funções e dons espirituais em uma equipe de plantação de igrejas
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e um pregador eloquente que tinha aceitado Jesus como Messias.
Com um pouco mais de instrução, ele foi preparado para usar suas
habilidades para persuadir e instruir as pessoas na fé. Ele desen-
volveu, ou “regou”, a igreja de Corinto (I Coríntios 3:6) e aparen-
temente, auxiliou Paulo em Éfeso (I Coríntios 16:12). Parece que
Apolo nunca se envolveu na plantação pioneira de uma igreja, mas
dedicou suas energias a fortalecer trabalhos já estabelecidos.
B) Fundamentos pessoais
B.1. Estabilidade
Lidório (2011, p. 12), enfatiza que “nada, a não ser Deus, Seu poder e ação,
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B.2. Resistência
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A condição de resistência apontado por Ott e Wilson é muito bem traduzida
pelas palavras “resolutos servos da cruz”, uma vez que, a experiência substitutiva
de Cristo na cruz em nosso lugar nos concede a oportunidade de nos conside-
rarmos mortos para muitos aspectos da vida natural, sabedores que na morte
daquilo que é nosso, se manifesta a vida daquilo que é dEle.
B.3. Autogerência
Muitos plantadores de igrejas trabalham fora de casa sem horas regulares de tra-
balho ou responsabilidades bem definidas. Consequentemente, têm necessidade
de usar o seu tempo e recursos de maneira prudente e efetiva. Para que possam
sair do lugar, necessitam ser cheios de decisão e disposição para ir aos lugares
públicos, conhecendo pessoas e compartilhando de Cristo.
A plantação de igrejas envolve tanto o desenvolvimento pessoal quanto
o desenvolvimento de um projeto. É um trabalho difícil e complexo que
requer longas horas, concentração e a disciplina de permanecer na tarefa.
Os plantadores também precisam de alvos claros e autocontrole se dese-
jarem ver progresso real. Antes de começar sua primeira atribuição, já de-
vem ter mostrado a habilidade de gerenciar seu tempo, sua família e seus
recursos de forma eficiente. Jesus voltou sua face para Jerusalém e nunca
perdeu de vista a razão pela qual ele veio. Para alguns, seguir seu exemplo
nesse aspecto é quase instintivo, mas, para a maioria, é um comporta-
mento aprendido. A autogerência exige uma avaliação realista de nossos
pontos fortes e de nossas limitações, além do cultivo de hábitos sadios e
limites para manter-se em direção ao alvo (OTT; WILSON, 2013, p. 318).
C. Vida familiar
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C.2. Necessidade de limites entre o lar e o ministério
Ott e Wilson (2013) apresentam outra dificuldade que é o “efeito vitrine”, quando
as atividades do dia a dia são observadas por muitas pessoas e perde-se o senso
de privacidade. Os ocidentais que trabalham em contextos tribais enfrentam difi-
culdade especial nesse aspecto, porque as pessoas que vivem coletivamente em
famílias estendidas não apreciam sua necessidade de privacidade.
Algumas vezes é muito difícil aceitar a superexposição dos filhos. A reação
natural seria recolher-se a um estilo de vida mais privado, mas os plantadores
reconhecem a importância do seu exemplo e testemunho como família e dese-
jam desenvolver novos relacionamentos. Eles sabem que a hospitalidade e o
ministério baseado no lar são essenciais para a plantação de uma igreja. A ten-
são não é de fácil solução.
A falta de limites se manifesta, também, de outras maneiras. Se não há um
escritório disponível, os plantadores precisam aprender a trabalhar em casa. As
crianças precisam aprender a compartilhar seus brinquedos e seu espaço todos
os dias de culto, caso a igreja se reúna na casa do obreiro. Problemas relacionados
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A mulher possui um papel relevante nas equipes de plantação de igrejas, seja ela
solteira ou trabalhando em companhia de seu marido. Entretanto, ela também
é desafiada por dificuldades singulares. Ott e Wilson (2013) apontam alguns
aspectos muito relevantes:
■■ Alguns sistemas religiosos, especialmente em culturas islâmicas ou tri-
bais, têm padrões distintos de adoração e práticas para as mulheres que
reduzem severamente a comunicação entre os sexos.
■■ Paulo trabalhou em parcerias significativas com assistência de mulheres
como Priscila (Atos 18-19), Evódia e Síntique (Filipenses 4) e obreiras locais
como Lídia (Atos 16), Ninfa (Colossenses 4,15), Febe e outras (Romanos
16), em um tempo em que as mulheres raramente eram encontradas em
posições de liderança. Atualmente, homens e mulheres podem trabalhar
juntos em parcerias criativas na plantação de igrejas, mas há obstáculos
a serem superados.
■■ Algumas vezes espera-se que as mulheres colaborem sem que lhes seja
concedida uma voz real nas decisões da equipe. Ott e Wilson (2013, p.
322) relatam que “uma plantadora de igrejas trocou de organização mis-
sionária porque, sendo uma mulher solteira e médica, ela tinha carga
integral de ministério, mas não possuía voto nas reuniões da equipe”. As
frustrações a respeito das desigualdades são agravadas quando os papéis
públicos para mulheres são reprovados, ou em culturas patriarcais e
machistas em que a educação, a inteligência e a opinião de uma mulher
não são consideradas.
PLANTADORES BIVOCACIONAIS
Plantadores Bivocacionais
158 UNIDADE IV
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ou mais tarde, tendem a acabar, caso a plantação da igreja depende deles, ela
também acabará. Outro aspecto é que as pessoas passam a pensar que é impos-
sível plantar uma igreja sem patrocinadores e recursos externos. Em último
lugar, quando os recursos externos são usados para a plantação da igreja, pode-
-se plantar também a ideia de que se foi a missão que construiu a nova igreja, é
a missão que deve sustentá-la.
Os recursos externos podem ajudar a plantação de igrejas e não são antiéticos.
Afinal, no estágio pioneiro ainda não existe igreja e todos os recursos - humanos,
estratégicos, tecnológicos e financeiros - precisam vir de fora. No entanto, devem
ser usados com sabedoria para que esses recursos não se tornem obstáculos para
uma multiplicação de congregações sadias, autossustentáveis e que se reproduzem.
Ott e Wilson (2013) indicam que outro empecilho para a multiplicação diz
respeito à educação formal dos plantadores de igrejas, que levam, normalmente,
vários anos em uma Universidade, escola bíblica ou seminário. Isto em si não
é ruim, entretanto, levará muito tempo e nunca haverá obreiros diplomados
suficientes para se tornarem plantadores de igrejas em um movimento em cres-
cimento. Isso também pode criar a impressão de que os leigos sem treinamento
não podem ou não deveriam liderar a plantação de igrejas.
Na prática, os movimentos de plantação de igrejas contam com leigos bivoca-
cionais e com métodos de treinamento informais, como treinamentos organizados
por igrejas, seminários oferecidos por escolas bíblicas e por organizações mis-
sionárias. Eles enfatizam o entendimento bíblico, a formação de caráter e o
desenvolvimento de habilidades práticas de ministério em lugar do conheci-
mento teórico.
Plantadores Bivocacionais
160 UNIDADE IV
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A necessidade de um descanso semanal e de limites entre o trabalho e a famí-
lia, a obtenção de tempo para se desenvolver as disciplinas espirituais podem se
tornar pontos conflitantes. Esses aspectos devem ser continuamente avaliados.
Sempre que possível, o plantador bivocacional deve buscar oportunidades
de qualificação e treinamento. Ele deve estar debaixo de um contexto de super-
visão e acompanhamento para que áreas de limitação possam ser ajustadas e
potencializadas.
O plantador de igrejas em tempo integral ou bivocacional deve, em tudo,
encontrar-se em completa dependência de Deus, quer seja na vida financeira,
na vida familiar, na preparação teológica ou no planejamento ministerial. O
Deus que chama é o mesmo que sustenta e capacita para o ministério. Cada con-
texto precisa ser considerado individualmente à luz da Bíblia e da orientação do
Espírito Santo de Deus.
Normas culturais e uma variedade de outros fatores devem ser levados em
conta quando determinamos o uso sábio dos recursos humanos, estruturais e
financeiros disponíveis.
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de líderes, delegação de autoridade, recrutação de membros para sua equipe mis-
sionária. Exemplos disso são os cooperadores, como Timóteo de Listra (Atos
16,1) e Apolo de Éfeso (Atos 18,24-26). O desenvolvimento, comissionamento
e delegação de obreiros possuem um papel fundamental no processo de cresci-
mento e multiplicação de igrejas.
O próprio Senhor Jesus denunciou a necessidade de formação de obreiros
para suprimento dos campos, em Mateus, conforme descrito a seguir:
[...] e percorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando nas sina-
gogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças
e enfermidades. Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque
estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor. E, então,
se dirigiu a seus discípulos: a seara, na verdade, é grande, mas os traba-
lhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande traba-
lhadores para a sua seara (BÍBLIA, Mateus 9,35-38).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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mente Ele conduzirá você às próximas etapas. A Bíblia está repleta de homens e
mulheres que encontraram no serviço a Deus sua motivação e razão de existir.
Deleite-se em sua leitura e Deus encherá seu coração de confiança, orientação
e firmeza. Sirva em sua igreja local até que chegue o tempo e esteja preparado
para assumir um novo desafio.
Se você já tem exercido uma função de liderança ministerial, invista na for-
mação de novos obreiros, entendendo que tudo começa pelo serviço, obediência
e disposição de realizar a vontade de Deus.
Diante de um mundo tão conturbado, entendemos o quanto é preciso con-
quistar estabilidade emocional e uma vida espiritual centrada na vontade de
Deus. Só assim poderemos cumprir nosso chamado e ministério. Depender
exclusivamente de Deus deve ser o segredo de nosso ministério. Ele nos habi-
lita, segundo Sua abundante graça.
A igreja tem um papel fundamental na plantação de igrejas. E deve dar prio-
ridade para a identificação de candidatos ao ministério, discipulá-los e enviá-los
para novos campos.
Na próxima unidade conheceremos um pouco mais o paradigma Paulino
para a plantação de igrejas. Que possamos nos desenvolver e amadurecer nessa
desafiadora tarefa!
Um plantador de igrejas deve se apaixonar pelo local e se apaixonar pelo povo. Quando
eu me apaixonei pela minha esposa, eu queria saber tudo sobre ela e passar o máximo
de tempo que eu pudesse com ela. Eu fazia coisas com ela que eu não faria normalmen-
te. Eu aprendi coisas novas sobre seus interesses. Eu fiz isso com fervor, porque eu estava
apaixonado por ela.
A mesma coisa é verdadeira sobre um povo e um local onde você está indo para plantar
uma igreja. Você deve se apaixonar por seus interesses. Você precisa aprender mais do
que qualquer outra pessoa sobre o local e o porquê de você estar se apaixonando pelo
local e pelo povo.
Ore e jejue por discernimento
Ore e jejue até que Deus deixe claro o seu chamado para você. Lute com o Senhor até
que seja irrefutável. Eu não quero um chamado geral para plantar uma igreja. Eu quero
um fardo claro para um povo específico. Eu não posso plantar uma igreja até que meu
coração se parta para o povo onde Deus tem me chamado para plantar uma igreja. Não
comece uma igreja sem este chamado.
No final do dia, eu quero um chamado do tipo Macedônico. Paulo teve uma visão, na
qual um homem da Macedônia chamava por ele: “Venha e nos ajude” (Atos 16:9). Não
estou dizendo que você precisa de uma visão em um sonho, e eu nunca tive um assim.
Entretanto, eu nunca plantei uma igreja e não plantaria uma a menos que eu tivesse
uma visão clara por um local e um povo e que eu soubesse no meu coração que Deus
estivesse me chamando para “ir e ajudar” um certo povo em um local específico.
Fonte: Stetzer (CTPI, 2015, on-line)3.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Vocacionados
Ronaldo Lidório
Editora: Betânia
Sinopse: se olharmos a Palavra de forma ampla, possivelmente as
convocações mais enfáticas sejam três: amar a Deus, amar ao próximo
e fazer discípulos. Esse é o nosso propósito e a nossa missão. Todos os
cristão foram chamados para fazer diferença neste mundo, portanto
se você ama e segue a Cristo você é chamado por Ele. Deus também convoca alguns para tarefas e
ministérios bem específicos, e é preciso compreensão bíblica e discernimento nesta caminhada.
Quarto de Guerra
o filme acerta em escolher o tema das relações conjugais para, a
partir daí, destrinchar sua relação direta com o amor próprio, perdão
e principalmente o amor como prova de fé ao nosso Deus. Os
personagens foram escritos de maneira a serem críveis e refletirem
os tipos encontrados em igrejas por todo o mundo. É impossível não
reconhecer a energia contagiante e a fé da senhora Clara em alguém
que fez parte de sua igreja ou história.
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <https://www.emqonline.com/node/2316>. Acesso em: 26 mai. 2017.
2
Em: <https://www.emqonline.com/node/343>. Acesso em: 29 mai. 2017.
3
Em: <http://ctpi.org.br/artigo-como-eu-sei-que-deus-quer-que-eu-plante-uma-i-
greja/>. Acesso em: 01 jun. 2017.
GABARITO
V
PLANEJANDO A
UNIDADE
PLANTAÇÃO DE UMA NOVA
IGREJA
Objetivos de Aprendizagem
■■ Analisar o modelo Paulino no desenvolvimento de estratégias para o
plantio de igrejas.
■■ Refletir sobre as estratégias mais relevantes para o plantio de igrejas.
■■ Compreender a essência da pessoa do Espírito Santo e Sua função na
plantação de igrejas.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ O paradigma Paulino para plantação de igrejas
■■ Estratégias essenciais para o plantio de igrejas
■■ O papel do Espírito Santo na plantação de igrejas
173
INTRODUÇÃO
Nesta última unidade você obterá mais informações sobre o processo de plan-
tio de igrejas. Quais etapas devem ser seguidas para o estabelecimento de uma
sólida congregação? Quais as melhores estratégias que devem ser implementa-
das? Quais os passos iniciais que devem ser tomados?
A Igreja era um mistério, um segredo escondido por muito tempo em Deus,
impossível de ser conhecido por desígnios humanos. Mas o Senhor abriu com-
pletamente a cortina e, numa visão panorâmica, revelou ao apóstolo Paulo seu
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Introdução
174 UNIDADE V
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O PARADIGMA PAULINO PARA PLANTAÇÃO DE
IGREJAS
O exemplo nos remete a uma profunda reflexão sobre as estratégias que devem
ser utilizadas para o plantio de igrejas quando um plantador é inserido numa
nova cultura. O Senhor Jesus nos ensinou que devemos ser “prudentes como as
serpentes e símplices como as pombas” (BÍBLIA, Mateus 10,16b). Temos que
ter a simplicidade das pombas para conviver com uma nova cultura de forma
objetiva e a prudência das serpentes para discernir o que é mais apropriado a
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ser aplicado em cada localidade.
Existem alguns elementos que são fundamentais como tarefa missionária da
vida da igreja, atividades como evangelização, pregação, discipulado, batismo e
ensino não podem ser negligenciadas. Hesselgrave (1995) cita como o encaixe
desses elementos pode ser melhor observado no ministério do apóstolo Paulo
e seus colaboradores, à medida que estabelecem igrejas em todas as partes do
Império Romano.
Lidório (2011) descreve, com muita destreza, algumas ações estratégicas
do apóstolo Paulo que o consagram como exemplo de um plantador de igre-
jas por excelência:
[...] em Antioquia da Pisídia ele iniciou o evangelismo a partir da Si-
nagoga, pregando aos judeus. Esses ficaram tão impressionados que
convidaram os missionários a voltarem na outra semana (At. 13:13-
48). Em Icônio a mensagem comunicada na Sinagoga não convenceu a
maioria. Paulo e Barnabé foram então usados por Deus manifestando
Sua graça por meio de milagres e maravilhas (At. 14:1-4). Em Listra
não há referência de Paulo pregando na Sinagoga. Usado por Deus para
a cura de um homem, Paulo fez, deste momento, uma ponte para pre-
gar o evangelho a toda uma multidão (At. 14: 8-18). Em Tessalônica
Paulo pregava na Sinagoga durante os sábados e na praça durante a se-
mana. Historicamente, ele se postava na “petros”, um suporte de pedra
à saída do mercado, para ali anunciar diariamente a palavra do Senhor
pelos que por ali passavam (At. 17: 1-14). Portanto, encontramos no
ministério de um só homem, em uma mesma geração, diferentes abor-
dagens e estratégias. Paulo fala a multidões, mas também visita de casa
em casa. Ele prega aos judeus na sinagoga, mas também o faz fora da
sinagoga. Utiliza praças e mercados, jamais deixando de proclamar às
multidões, mas se devota a indivíduos para discipulá-los e treiná-los
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pouca ou nenhuma estratégia; mas se entendermos que a palavra sig-
nifica um modus operandi flexível, desenvolvido sob a orientação do
Espírito Santo e sujeito à Sua orientação e controle, então Paulo real-
mente tinha uma estratégia. Nosso problema hoje é que vivemos numa
era antropocêntrica. Imaginamos que nada pode ser realizado na obra
do Senhor sem boa dose de maquinária eclesiástica - comissões, con-
ferências, laboratórios, seminários; ao passo que os cristãos primitivos
dependiam menos da sabedoria e perícia humanas, e mais da iniciativa
e orientação divinas. É óbvio que não foram mal-sucedidos. O que o
movimento missionário moderno precisa acima de qualquer outra coi-
sa é voltar para os métodos missionários da igreja primitiva (KANE,
1947 apud HESSELGRAVE, 1995, p. 36).
Lidório, em sua prática ministerial, nos apresenta sua rica experiência entre os
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Konkombas em Gana, na qual, ao plantarem as primeiras igrejas, foram utiliza-
das as mais diversificadas estratégias:
[...] as mulheres, muito ocupadas, tinham um tempo mais livre apenas
a caminho do rio para buscar água. Os velhos sentavam-se embaixo das
grandes árvores ao final da tarde. Os jovens e homens casados estavam
livres apenas durante a noite. As crianças corriam soltas o dia inteiro.
Ali os evangelizamos: a caminho do rio, embaixo das árvores, mais tar-
de, nas palhoças e brincando com as crianças. Durante anos fizemos
isso sistematicamente. Usamos histórias e ilustrações bíblicas. Encena-
mos alguns atos do evangelho. Expusemos com detalhes o plano de
salvação. Usamos símbolos da natureza para explicar a criação, seus
provérbios para falar sobre o pecado, suas músicas que comprovavam
o desespero no qual viviam. O centro era o evangelho, repetido várias
vezes. A mensagem era Cristo, sua vida e cruz. Nem todas estratégias
funcionaram bem, ou de forma constante. Mas, muitas foram essen-
ciais e percebo que a abundância na evangelização em múltiplas estra-
tégias de comunicação facilita o processo inicial de plantio de igrejas.
É o princípio do lançar da semente, sem saber qual germinará (LIDÓ-
RIO, 2011, p. 9-10).
Lidório (2011, p. 10) ainda nos exorta para o entendimento de que a Palavra de
Deus foi um elemento centralizado no nascimento e crescimento da Igreja em
Atos. Em Atos 6,7, 12-24 e 19,20 a “Palavra é o agente condutor do crescimento
da Igreja. Em Atos 20,32 Paulo recomenda os líderes em Éfeso à Palavra de Deus”.
Isto é, o apóstolo Paulo vê na Palavra de Deus a essência e o poder para a trans-
formação do homem, utilizando-as de forma abundante e fiel.
Uma das visíveis limitações nas atuais estratégias evangelísticas é o de-
suso da Palavra de Deus. Histórias, encenações, músicas e apelos são
Entendimento da cultura,
costumes e forma de vida Konkomba
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nhados pelo testemunho de vida e pela ação do Espírito Santo.
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-se ao Senhor Jesus. Atualmente Kanah é uma das mais influentes regiões cristãs
na China com mais de 500 igrejas reconhecidas.
Movimento de plantio de igrejas entre os Kekchi na Guatemala onde este grupo
com cerca de 400.000 pessoas vivendo na região de Alta Verapaz foi impactada
pelo evangelho. Entre 1993 e 1997, mais de 20.000 pessoas aceitaram ao Senhor
Jesus e 245 congregações nasceram. Entre 1997 e 2000 outras 10.000 pessoas
aceitaram ao Senhor Jesus e há entre eles hoje mais de 500 igrejas registradas.
Analisando mais de 90% dos processos de plantio de igrejas mais amplos e fru-
tíferos, pode-se notar que havia uma visão intencional de desenvolver um forte
e impactante movimento de evangelização, seja entre um povo, cidade ou país.
Nenhum campo missionário, ou ministério pode ser maior que a sua visão.
Perante uma quantidade expressiva de estratégias missionárias de plantio
de igrejas, apresento aquelas que Lidório considera mais utilizadas pelos movi-
mentos no mundo atual, tornando-se verdadeiros valores para as organizações
missionárias:
• Mapeamento etno-cultural e geograficamente definido. Saber qual
a extensão do desafio.
• Ênfase na reprodução.
Essas estratégias podem ser aplicadas nos mais diversos contextos encontrados:
urbano, rural ou tribal. São ações relevantes que podem nortear e consolidar o
trabalho de plantio de igrejas.
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Os conceitos de Missão, Visão e Valores podem ser utilizados adequadamen-
te para a plantação de igrejas, desde que a igreja seja considerada um orga-
nismo vivo. Assim, a missão é a razão da existência da organização, sendo o
seu DNA e definindo a sua identidade. A visão é uma construção do futuro
criada de uma forma pré-determinada, podendo ser modificada ao longo
do tempo. Possuindo uma missão e visão bem estruturadas, se originam re-
gras que definirão os valores da organização, dos quais não podemos abrir
mão.
Fonte: adaptado de Gilles de Paula (TREASY, 2015, on-line)3.
Ott e Wilson (2013), dizem que as plantações de igreja crescem por meio de
fases de desenvolvimento relativamente previsíveis. Essas fases refletem um pro-
cesso fluído, em vez de passos claramente definidos. Ainda assim, compreender
as fases de desenvolvimento e suas características é importante para identificar
as necessidades individuais, os desafios e as oportunidades que uma planta-
ção de igreja enfrenta. Ignorar as necessidades em constante mudança de uma
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nova comunidade. Nisso, não somente as funções do grupo receptor são
importantes, mas há também um ideal de tamanho para esse grupo. E
uma análise deverá ser feita junto com a escolha e os cuidados para com
o local e os horários das reuniões desses cristãos.
■■ Fé confirmada: a conversão não deve ser concebida simplesmente em
termos de um exercício mental, explica Hesselgrave (1995). Por isto, a fé
deve ser confirmada por meio da instrução para (e na) adoração, quanto
aos cultos, o testemunho e a sábia administração da vida. A instrução na
Palavra, a adoração a Deus, o serviço prestado a Cristo, o testemunho ao
mundo, a mordomia dos bens – estes são os elementos da confirmação
da fé do novo e de qualquer crente.
■■ Liderança consagrada: mas como uma nova igreja irá se desenvolver sem
ter uma liderança? Pensar, orar, trabalhar e planejar tendo em vista a edifi-
cação de uma liderança espiritual para a igreja que está sendo organizada
deve ser da máxima prioridade. Quando emergir a liderança espiritual, a
organização se tornará prática e essencial. Cabe salientar que nenhuma
organização pode ser mais forte do que a sua liderança. Nesta sétima fase,
já vislumbram-se os horizontes da repetição do ciclo.
■■ Crentes recomendados: Hesselgrave instrui que, após a nova liderança
ser delegada, uma retirada amigável do pioneiro da congregação estabele-
cida na melhor ocasião possível deve acontecer, para que, tão logo quanto
possível, haja uma transição ordeira da liderança pastoral na congrega-
ção. Trata-se de uma continuação de ministérios eficazes que tenham sido
empreendidos pelo obreiro pioneiro.
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Plantador de igrejas apostólico
Radicalmente diferente dos plantadores catalíticos e pastorais. Esse planta-
dor procura seguir o modelo do apóstolo Paulo que, até onde se sabe, nunca
se tornou o pastor de uma igreja que tenha plantado. Em vez disso, depois
do evangelismo inicial, ele se concentrava em capacitar os cristãos locais,
principalmente leigos, para dar continuidade e expandir o trabalho depois
de sua partida. Seu ministério era mais itinerante, inserindo a visão da
multiplicação em cada igreja plantada.
Figura 1:
Fonte: adaptado de Ott e Wilson (2013).
FASE DE PREPARAÇÃO
- Estabelecendo o alvo e comissio- - Entendendo e delineando a estra-
nando - tégia -
Determinar local e povo-foco a ser Aprender a língua e a cultura
alcançado. (se necessário).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Definir a visão e modelo de plantação Pesquisa do contexto demográfico,
de igreja. social, religioso e cultural.
Selecionar líder e recrutar equipe. Determinar estratégia de evangelismo
Garantir apoio financeiro e de oração. e de plantação de igreja.
Comissionar a equipe. Construir relacionamentos e consultar
parceiros.
Fortalecer a equipe, esclarecer papéis,
obter treinamento.
Esboçar uma proposta de plantação
de igreja.
Formador de equipe (papel do plan- Aprendiz (papel do plantador)
tador)
Definir a visão geral. Obter inspiração para um ministério
Desenvolver um sistema de apoio espi- eficaz e culturalmente apropriado.
ritual e financeiro. Aprender a língua local.
Recrutar e formar uma equipe de plan- Desenvolver amor e habilidade para
tação de igreja baseada em chamado, trabalhar com o povo-foco.
dons e afinidade. Estagiar, se possível, sob a orientação
Fazer da oração uma prioridade. de um obreiro nacional.
Fonte: Ott e Wilson (2013, p.166).
Mesmo nesse estágio inicial, é essencial que os novos cristãos sejam treinados
para ministrar nas formas mais básicas e mobilizados para compartilhar sua fé
e discipular a outros. Por essa razão, é importante que, desde o início, os plan-
tadores usem métodos que possam ser facilmente imitados e reproduzidos pelo
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FASE DE LANÇAMENTO
- Evangelizando e discipulando -
• Desenvolver relacionamentos e iniciar evangelismo
• Combinar diversos métodos e ministérios de misericórdia
• Batizar e ensinar obediência
• Discipular novos cristãos e treiná-los a fazer o mesmo
• Formar uma comunidade fundamental
• Assimilar sabiamente o crescimento por transferência
• Começar a treinar líderes servos.
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Motor e modelo (papel do plantador)
• Iniciar e moldar ministério
• Recursos externos podem ser necessários para dar a largada na plantação de
igreja, evitando a dependência de longo prazo
• Envolver cristãos locais no ministério básico
Fonte: Ott e Wilson (2013, p. 166).
Como mobilizador e mentor, nesta fase, o plantador descobre que sua tarefa mais
importante está cada vez mais atrás dos bastidores, capacitando, aconselhando e
encorajando outros que terão ministérios mais visíveis e, finalmente, assumirão
a total responsabilidade de liderança. A sólida formação dessa liderança deter-
minará o futuro da igreja plantada.
FASE DE ESTABELECIMENTO
- Congregando e amadurecendo -
• Desenvolver relacionamentos e iniciar evangelismo
• Combinar diversos métodos e ministérios de misericórdia
• Batizar e ensinar obediência
• Discipular novos cristãos e treiná-los a fazer o mesmo
• Formar uma comunidade fundamental
• Assimilar sabiamente o crescimento por transferência
• Começar a treinar líderes servos
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Mobilizador e mentor (papel do plantador)
• Incutir visão e valores bíblicos
• Avançar o ministério somente na proporção em que os cristãos locais este-
jam dispostos e preparados
• Esperar compromisso
• Mudança de ênfase do ministério direto para a capacitação de leigos para o
ministério em todos os níveis
• Evitar estabelecer padrões altos demais
Fonte: Ott e Wilson (2013, p. 166).
Nessa fase, Ott e Wilson (2013) indicam que várias coisas precisam acontecer:
em primeiro lugar, novas pessoas devem ser completamente integradas na vida
da igreja, treinadas e mobilizadas para servir.
Em segundo lugar, o ensino sobre mordomia deve ser aplicado a fim de que
os ministérios em crescimento sejam providos e a igreja seja autossustentável.
“Uma igreja que está em crescimento deve vencer a tentação de continuar a agir
como uma pequena igreja familiar, a menos, claro, que escolha se multiplicar
em igrejas de tamanho familiar” (OTT; WILSON, 2013, p. 169).
À medida que a igreja amadurece, a fase de estruturação se torna um
tempo de grande satisfação quando o trabalho duro começa a valer a
pena. Seja o novo corpo de cristãos um movimento informal de igre-
jas nos lares ou uma igreja mais tradicional, uma estrutura deve ser
providenciada para sustentar o crescimento, atender às necessidade de
FASE DE ESTRUTURAÇÃO
- Expandindo e capacitando -
• Formalmente empossar líderes e confiar-lhes totalmente a liderança
• Iniciar novos ministérios e estruturas para atender às necessidades
• Multiplicar trabalhadores treinando líderes para treinar outros
• Assimilar novos cristãos e visitantes
• Avaliar o desenvolvimento e a saúde da igreja
• Organizar legalmente a igreja
• Obter autonomia financeira total
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Multiplicador (papel do plantador)
• Não somente empossar os cristãos locais para assumirem todas as responsa-
bilidades principais, mas capacitá-los para tornarem-se capacitadores
• Os missionários trabalham somente nos bastidores
• Descontinuar qualquer dependência de recursos externos
Fonte: Ott e Wilson (2013, p. 166).
Quando Ott e Wilson (2013) falam em reprodução, não têm em mente somente
a multiplicação de igrejas-filhas plantadas localmente, mas que a igreja se torne
também um agente de envio de missionário, facilitando a plantação de igrejas
entre povos não alcançados.
A alegria de um plantador de igrejas não é muito diferente da alegria de
um avô, quando a igreja se reproduz plantando uma nova igreja. Além
de equipar os cristãos locais com ferramentas para o exercício do mi-
nistério e de visão para a multiplicação, a jovem igreja precisa analisar e
avaliar novamente seu desenvolvimento: ela ainda é fiel aos propósitos
bíblicos para a igreja ou se acomodou com sua estabilidade? O impacto
de ser sal e luz deve estar atingindo outros níveis. Essa fase pode ser
caracterizada pela tarefa dupla de fortalecimento e envio (OTT; WIL-
SON, 2013, p. 170).
FASE DE REPRODUÇÃO
- Fortalecendo e enviando -
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Embora o desenvolvimento de plantação de igrejas possa ser considerado um
processo em sequência, no qual encontramos diferentes fases previsíveis, não
podemos nos prender a certas etapas lineares do tipo passo a passo. O Espírito
Santo pode nos surpreender e modificar nosso programa, e devemos estar dese-
josos que isso aconteça.
Assim realizou-se na pregação de Pedro em Pentecostes, na qual quase três
mil pessoas foram acrescentadas à Igreja primitiva. Assim fez Deus em muitos
avivamentos, em que o Espírito Santo agiu para grandes colheitas, entretanto,
nem sempre os convertidos foram plantados adequadamente em igrejas. Aqueles
que servem ao Senhor devem estar bem preparados para conduzir na prática o
assunto desenvolvimento de plantação de igreja.
Tudo que vimos até aqui não seria possível sem a maravilhosa presença do Espírito
Santo de Deus, cuja presença, no decorrer da história da igreja, tem sido respon-
sável pelos grandes avivamentos e grandes movimentos de plantação de igrejas.
Lidório (2011), reconhecendo que o conhecimento teológico sem a presença do
Espírito Santo não pode fazer nascer uma igreja, relata que:
[...] se olharmos o crescimento da Igreja em um panorama mundial per-
ceberemos que o crescimento evangélico foi 1.5 % maior que o Islã na
última década. O evangelho já alcançou 22.000 povos nestes últimos 2
milênios. Temos já a Bíblia traduzida hoje em 2.220 idiomas. As gran-
des nações que faziam resistência ao evangelho estão sendo fortemente
atingidas pela Palavra, como é o caso da Índia e China, que em breve
deverá hospedar a maior Igreja nacional (e informal) sobre a terra. Um
movimento missionário apoiado pela Dawn Ministry plantou mais de
10.000 igrejas-lares no Norte da Índia na última década, em uma das
áreas tradicionalmente mais fechadas para a evangelização. No Brasil
menos evangelizado como o sertão nordestino, o norte ribeirinho e in-
dígena e o sul católico e espírita, vemos grandes mudanças na última
década, com nascimento de novas igrejas, multiplicação de movimentos
evangelísticos e crescimento da liderança local (LIDÓRIO, 2011, p. 60).
Lidório (2011) nos leva a refletir sobre a relação entre a expansão do evangelho e
a pessoa do Espírito Santo e quais os critérios para uma Igreja cheia do Espírito
envolver-se com a expansão do evangelho do Reino. Observamos abaixo suas
conclusões:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Nesta percepção, O Espírito Santo trabalha para fazer a Igreja mais pa-
recida com seu Senhor e fazer o nome do Senhor da Igreja conhecido
na terra (LIDÓRIO, 2011, p. 61).
Lidório (2011), nos apresenta dados dos avivamentos ocorridos nos últimos
séculos. A presença do Espírito Santo em cada mover de Deus foi o que determi-
nou e impulsionou os movimentos missionários. Os momentos de avivamentos
tornam a proclamação da Palavra um efeito natural da ação do Espírito Santo.
Indianos. Após uma vida de trabalho conseguiu traduzir a Palavra de Deus para
mais de 20 línguas locais.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
e abundante em função da contínua pregação e do testemunho de vida.
Assim, nosso profundo desejo e oração deve ser para que Deus traga novos avi-
vamentos sobre seu povo. Para que a Igreja possa alcançar aqueles que vivem
longe de Cristo e possa reencontrar sua verdadeira vocação: ser uma Igreja que
reflete a Jesus, que expressa ao mundo o amor de Deus e, por fim, uma Igreja
que proclama as boas novas da salvação em todas as nações da terra.
Perante o grande desafio que ainda temos diante de nós ao redor do mun-
do, creio que missiólogos nos mostrarão o caminho, mas apenas homens
cheios do Espírito Santo alcançarão a terra.
(Ronaldo Lidório)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais
206
atinge e permanece no nível pouco acima do 1 (normalmente 1.2). Neste caso eles já
conhecem as saudações, os termos chaves, interagem um pouco e não estão mais per-
didos no meio de uma conversa, entendendo o assunto geral. Mais de 80% dos que se
propõe a aprender uma língua não chegam ao nível 3 (de 1 a 5) que é de fluência relati-
va, transmissão e interpretação de idéias. Isto os privará de uma conversação mais pro-
funda, uma melhor compreensão do universo da língua falada bem como gerará uma
clara limitação na apresentação de idéias, emoções, mensagens, projetos e argumentos.
Tenha um claro alvo em mente. Talvez seu alvo seja aprender uma língua no nível 1
apenas. Mas, caso seja no nível 3, ou outro acima, mantenha este alvo claro, de forma
constante, em sua mente e coração. De toda forma, seja qual for seu alvo, não desista!
Não há alegria maior para um estudante de uma nova língua do que compreender e ser
compreendido ao ponto de comunicar, interagir e fazer diferença no ambiente em que
está inserido.
Fonte: Lidório (INSTITUTO ANTROPOS, 2008, on-line)4
MATERIAL COMPLEMENTAR
Terra Selvagem
O filme Terra Selvagem é, talvez, o melhor filme cristão que já foi
produzido. Conta a história de cinco missionários cristãos que são
mortos de forma bárbara por uma tribo indígena canibal. Após a
morte dos missionários, as esposas deles vão até a amazônia para
evangelizar estes índios e a aldeia se converte em uma história de
amor cristão que excede todo entendimento humano.
Material Complementar
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ON-LINE
Em: <http://instituto.antropos.com.br/v3/index.php?option=com_co
1
ntent&view=article&id=452:estrategias-de-plantio-de-igrejas--parte-
dois&catid=35&Itemid=3>. Acesso em: 29 maio. 2017.
Em: <http://ronaldo.lidorio.com.br/wp/o-campo-e-o-envio-de-missionarios//>.
2
maio. 2017.
Em: <http://www.instituto.antropos.com.br/v3/index.php?option=com_
4
1. Poderão ser utilizada para resposta três estratégias paulinas dentre as estraté-
gias abaixo listadas:
• Introduzir-se na sociedade local a partir de uma pessoa receptiva ou um
grupo aberto a recebê-lo e ouvi-lo.
• Identificar ali o melhor ambiente para a pregação do evangelho, seja públi-
co como uma praça ou privado como um lar.
• Evangelizar de forma abundante e intencional, a partir da Criação ou da
Promessa, e sempre desembocando em Cristo, sua cruz e ressurreição.
• Expor a Palavra, sobretudo a Palavra. Expor de tal forma que seja ela inteli-
gível e aplicável para quem ouve.
• Testemunhar do que Cristo fez em sua vida.
• Incorporar rapidamente os novos convertidos à igreja, à comunhão dos
santos, seja em uma casa ou um agrupamento maior.
• Identificar líderes em potencial e investir neles seja face a face ou por car-
tas.
• Não se distanciar demais das igrejas plantadas, visitando-as e se comuni-
cando com as mesmas, investindo no ensino da Palavra.
• Orar pelos irmãos, pelas igrejas plantadas e pelos gentios ainda sem Cristo,
levando-as também a orar.
• Administrar as críticas e competitividade sem permitir que tais atos lhe re-
tirem do foco evangelístico.
• Utilizar a força leiga e local para o enraizamento e serviço da igreja.
• Investir no ardor missionário e responsabilidade evangelística das igrejas
plantadas.
2. Devem ser apresentadas três modelos de estratégias, podendo ser:
• Mapeamento etnocultural e geograficamente definido. Saber qual a exten-
são do desafio.
• Análise cultural e fenomenológica. Entender as vias para a compreensão do
evangelho.
• Comunicação inteligível e comunitária do evangelho.
• Adoração e vida diária da igreja na própria língua materna e cultura alvo.
• Rápida incorporação dos novos convertidos à vida da igreja.
• Consciência de urgência evangelística já transmitida no processo de disci-
pulado.
GABARITO
7. Liderança consagrada: mas como uma nova igreja irá andar com suas pró-
prias pernas sem ter uma liderança? Pensar, orar, trabalhar, e planejar tendo
em vista a edificação de uma liderança espiritual para a igreja que está sen-
do organizada deve ser da máxima prioridade. Quando emergir a liderança
espiritual, a organização se tornará prática e essencial. Cabe salientar que
nenhuma organização pode ser mais forte do que a sua liderança. Nesta
sétima fase, já vislumbram-se os horizontes da repetição do ciclo.
8. Crentes recomendados: Hesselgrave instrui que, após a nova liderança ser
delegada, uma retirada amigável do pioneiro da congregação estabeleci-
da na melhor ocasião possível deve acontecer, para que, tão logo quanto
possível, haja uma transição ordeira da liderança pastoral na congregação.
Trata-se de uma continuação de ministérios eficazes que tenham sido em-
preendidos pelo obreiro pioneiro.
9. Relacionamentos continuados: embora esta igreja que acaba de nascer
deva continuar os seus relacionamentos com a igreja que a concebeu, ela
não deve olhar somente no retrovisor. Os relacionamentos devem receber
continuidade, tanto no cultivo e crescimento da fraternidade mútua entre
os crentes desta nova igreja quanto na busca por relacionar-se com novas
pessoas a serem alcançadas.
10. Igrejas missionárias convocadas: de igreja plantada, a nova igreja passa ao
status das igrejas missionárias convocadas. Aqui está sendo descrita a igreja
em sua última fase de maturidade. É quando os novos crentes, entendendo
a missão, dispõem-se a seguir participando na missão. E agora passarão a
ser os missionários comissionados, repetindo o ciclo paulino a partir de sua
primeira fase.
4. São três os tipos de plantadores de igrejas apresentados pelo modelo de desen-
volvimento de plantação de igrejas sugerido por Ott e Wilson, que são:
• Plantador de igrejas pastoral;
• Plantador de igrejas catalítico;
• Plantador de igrejas apostólico.
5. O modelo de desenvolvimento de plantação de igrejas proposto por Ott e Wil-
son (2013), visa a reprodução e a multiplicação por meio da atuação de um
plantador de igrejas apostólico. Prevê cinco fases diferentes de desenvolvimen-
to, que são: preparação, lançamento, estabelecimento, estruturação e reprodu-
ção.
CONCLUSÃO