Dificuldades de Aprendizagem o Que São
Dificuldades de Aprendizagem o Que São
Dificuldades de Aprendizagem o Que São
O ensino nas instituições do governo é da pior qualidade. Falo com a experiência de vários anos como supervisora de estágio
na área de psicologia escolar, uma vez que os grupos de estagiários sob minha supervisão permanecem por um ano nas
instituições de ensino da rede pública, e tem por tarefa realizar um diagnóstico e desenvolver um projeto de intervenção que
atenda as principais necessidades da escola
Percebemos que muitos materiais literários estão sendo lançados na psicopedagogia que até pouco tempo, tinha
carência de materiais científicos específicos para a área. Este novo lançamento do seu livro "Dificuldades de
Aprendizagem" O que são? Como trata-las, é a primeira obra da psicopedagogia que explica a leigos o trabalho do
psicopedagogo e sobre as diversas faces das dificuldades de aprendizagem. Era esta a sua intenção? Por que?
A motivação para a elaboração do Livro "Dificuldades de Aprendizagem.O que são? Como tratá-las? "foi criar um
material que pudesse facilitar o enquadre junto à criança (e/ou adolescente) e seus pais, quando houvesse indicação
para uma intervenção psicopedagogica. Essa necessidade surgiu da minha experiência enquanto supervisora de
estágio em atendimento psicopedagógico clínico na PUC/SP. Frente à dificuldade dos estagiários em esclarecer, à
criança e à família, como e porquê seria conduzido o processo de intervenção, ocorreu-me que um material ilustrado,
através do qual, os personagens envolvidos no processo pudessem se identificar, poderia se constituir num
instrumento valioso para o Psicopedagogo.Ao longo da trajetória de criação do material, outras demandas foram se
acrescentando a motivação inicial, como por exemplo: a importância de auxiliar o professor no momento do
encaminhamento do aluno com dificuldades; o esclarecimento aos acadêmicos da área da educação e da psicologia à
respeito da especificidade da psicopedagogia; uma contribuição acerca da complexidade do processo de
aprendizagem escolar, etc...Por fim, quando depois de pronto, passei a testá-lo, a fim de verificar sua eficácia antes da
publicação, constatei o efeito terapêutico produzido pelos movimentos de identificação e projeção, das crianças que, ao
se reconhecerem no personagem e nas situações presentes no livro, sentiam-se compreendidas e acolhidas. Só a
título de esclarecimento, sem muito rigor teórico, estou chamando de identificação "ao processo psíquico de se
reconhecer em um elemento externo" e de projeção "o processo psíquico de atribuir ao elemento externo, aspectos do
mundo interno."
Este é um livro que deverá estar nas instituições e nos consultórios já que claramente existe a preocupação com a
qualidade do material, imagens e a didática empregada nas questões/respostas que surgem a cada momento no
processo daqueles que procuram e necessitam de um trabalho psicopedagógico?
De fato, a intenção, é que este material esteja tanto na clínica, como nas instituições de ensino em geral, e que possa
ser utilizado de forma criativa, em vários momentos do processo. Que possa ainda ser manuseado muitas vezes, por
isso a preocupação com o papel e que as imagens (ilustrações) superem o alcance da linguagem escrita.
Você é autora também do livro "A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática". A quem se direciona
este livro e qual a abordagem?
O livro " A Psicopedagogia no Brasil : contribuições a partir da prática"é direcionado à psicopedagogos, estudantes de
psicopedagogia e aos profissionais da educação e da psicologia interessados em conhecer o campo da
psicopedagogia. Nesse livro, através de uma abordagem da prática procurei sistematizar os fundamentos da
psicopedagogia. No capítulo I procuro definir a psicopedagogia, seus fundamentos epistemológicos e seu objeto de
estudo, contextualizando-a.Nos capítulos II e III discuto a especificidade dessa prática, a questão da formação, o
código de ética e os limites e as possibilidades da psicopedagogia frente a realidade brasileira. Nos capítulos IV e V
procuro ilustrar, através de fragmentos de casos, a prática clínica e institucional, e comparo a prática psicopedagógica
com outras práticas, ou seja, procuro delimitar nosso campo de atuação.Por fim, nas considerações finais trato da
questão da identidade do psicopedagogo brasileiro , que foi sendo tecida ao longo dos capítulos do livro.
Como organizadora e autora lançou outros três livros "Avaliação psicopedagógica da criança de 0 a 6 anos";
"Avaliação psicopedagógica da criança de 7 a 11anos" e "Avaliação psicopedagógica do Adolescente", como é
trabalhar com profissionais com outras abordagens psicopedagógicas?
A complexidade do fenômeno em questão - a aprendizagem humana - tem a dimensão da própria vida. Costumo
trabalhar com uma definição de aprendizagem inspirada em Bleger. Em Psicologia da Conduta, Bleger nos diz que "a
conduta e a personalidade têm um desenvolvimento no qual vão se organizando progressivamente, respondendo a um
processo dinâmico no qual podem se modificar de maneira mais ou menos estável. Chama-se aprendizagem esse
processo pelo qual a conduta modifica-se de maneira estável à raiz das experiências do sujeito."Portanto, embora o
conceito de aprendizagem tenha sobre si o peso da tradição intelectualista, abarca muito mais. Por isso, a despeito da
importância que esse aspecto possa ter, ele é só uma parte da aprendizagem total que o ser humano realiza.
A meu ver, essa definição de aprendizagem, por si só, justifica o caráter multidisciplinar da psicopedagogia. Assim, é
imprescindível que o psicopedagogo tenha flexibilidade e abertura para integrar, articular e compartilhar conhecimentos
e experiências com profissionais, cujas abordagens sejam distintas a sua. Não se pode perder de vista que trata-se de
um mesmo fenômeno, analisado através de perspectivas diferentes e que não são excludentes, ao contrário, se
complementam. Por isso, para mim trabalhar com profissionais com outras abordagens psicopedagógicas é sempre
uma experiência muito enriquecedora.
Como doutora em Psicologia da Educação e Psicopedagoga, poderia esclarecer aos nossos leitores a diferença entre
estes dois trabalhos, a Psicologia da Educação e a Psicopedagogia, já que estamos vivendo um momento em nossa
profissão onde estes dois aspectos são confundidos por aqueles que desconhecem o trabalho do psicopedagogo?
No meu livro "A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática", logo na introdução faço uma discussão à
respeito da diferença entre as denominações Psicologia Educacional, Psicologia Escolar e Psicopedagogia. Aqui, sem
estender sobre o assunto, posso dizer que tradicionalmente a
Psicologia da Educação diz respeito a uma área que estuda a utilização dos conhecimentos teóricos da Psicologia às
questões da Educação. Trata-se portanto, de um campo teórico que vai resultar em teorias da Educação.
Diferentemente, a Psicopedagogia consiste numa área de aplicação, que recorre à conhecimentos das diversas áreas
que estudam o fenômeno humano na compreensão do processo de aprendizagem. Quero ressaltar que não se trata,
como costuma-se pensar, na aplicação da psicologia à pedagogia.
Em certos aspectos vejo a evolução da Psicopedagogia no Brasil nestes últimos anos com otimismo.Por exemplo, no
que se refere ao conhecimento que vem sendo produzido através de dissertações, teses e outras pesquisas. Por outro
lado, preocupa-me a proliferação de cursos de psicopedagogia em Instituições que visam apenas a parte financeira, e
conseqüentemente geram práticas irresponsáveis em nome da psicopedagogia
A regulamentação da profissão é extremamente delicada. Seu aspecto positivo reside no fato de que talvez pudesse
nos preservar da proliferação de cursos sem qualidade, bem como de práticas irresponsáveis que possam
comprometer a credibilidade da psicopedagogia. Existe ainda o fato de que sendo uma profissão regulamentada ficam
assegurados certos espaços de atuação como por exemplo, criação da carreira para nomeação de cargo em
instituições governamentais. No entanto, parece-me que frente a oposição de outros profissionais à regulamentação da
profissão ( diga-se de passagem meramente uma questão de reserva de mercado ), o psicopedagogo encontra-se
despreparado, correndo o risco de desencadear uma problemática que acabe por restringir sua atuação .
Esta é uma questão que me mobiliza profundamente. O meu desejo é falar sobre este ponto por horas a fio, para
demonstrar minha indignação com o descaso dos nossos governantes frente a educação no nosso pais. O ensino nas
instituições do governo é da pior qualidade. Falo com a experiência de vários anos como supervisora de estágio na
área de psicologia escolar, uma vez que os grupos de estagiários sob minha supervisão permanecem por um ano nas
instituições de ensino da rede pública, e tem por tarefa realizar um diagnóstico e desenvolver um projeto de
intervenção que atenda as principais necessidades da escola.O que temos constatado através dessas experiências é
um caos absoluto. Podemos dizer que ao concluírem a 8a. série os alunos mal sabem escrever. É lamentável. Em
relação as instituições particulares, podemos dizer que uma pequena parcela prima de fato pela qualidade de ensino,
as demais são empresas com fins lucrativos, o que vale inclusive para o ensino de Terceiro Grau. Quanto ao
psicopedagogo, este se faz presente, mas no sentido de receber das escolas o encaminhamento de alunos com
dificuldades de aprendizagem, do que propriamente como psicopedagogo institucional. Porém, tenho observado
recentemente uma crescente demanda em relação ao psicopedagogo nas instituições particulares e até mesmo a
iniciativa de alguns municípios na implantação da carreira de psicopedagogo institucional