Guia Prático Da Amamentação de Ouro

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GUIA DA AMAMENTAÇÃO

Nutricionista (CRN2 6721)


Consultora em Amamentação Certificada pelo IBLCE (IBCLC - L50789)
Especialista em Nutrição Clínica e Aleitamento Materno
Mestre em Saúde da Criança UFRGS
Membro da International Lactation Consultant Association (ILCA)

www.rosanebaldissera.com
@rosane_baldissera
[email protected]
(51) 98588.7915
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● Descida e produção de leite materno após o parto


Normalmente a descida do leite (apojadura) acontece em torno do 3º a 5º dia
após o parto, podendo ocorrer até o 7º dia. Amamentar frequentemente, inclusive à
noite, se manter tranquila e relaxada, agiliza a descida do leite.
Nos primeiros 7 dias após o parto, as mamas produzem o colostro, rico em
anticorpos que conferem imunidade ao bebê e é secretado em pouca quantidade. Na
primeira semana de vida, o tamanho do estômago do bebê é bem pequeno (tamanho
de uma bolinha de gude), por esse motivo, o bebê fica bem saciado somente com o
colostro, não sendo necessária a complementação com fórmulas artificias.

Tamanho do estômago do bebê


Fonte: https://babiesfirstlactation.wordpress.com/2013/08/09/the-newborns-stomach

● Identificando os sinais de fome e saciedade do bebê


Sinais Iniciais de Fome: Mudança no nível de atividade (acordar, mexer-se);
movimentos com a boca; movimentos de procura com a cabeça; barulhinhos; colocar
as mãozinhas na boca. Esse é o melhor momento para colocar o bebê para mamar.
Sinais Tardios de Fome: Choro forte. Pior momento para amamentar, pois o bebê
fica muito bravo e demora para fazer a pega e iniciar a sucção, além disso, a sucção
tende a ser muito forte, causando desconforto para amamentar.
Sinais de Saciedade: Após a mamada, deve estar relaxado e satisfeito, sem
mostrar sinais de fome.
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● Como amamentar
Recomenda-se lavar bem as mãos antes de amamentar, não sendo necessário
lavar o seio antes ou depois das mamadas.
A mamãe deve escolher um lugar confortável para amamentar, pode ser na
poltrona, sofá, cadeira ou cama.
Caso a mama esteja muito cheia de leite, a aréola pode ficar tensa, endurecida,
sem elasticidade, dificultando a pega do bebê. Nesta situação, recomenda-se, antes
da mamada, massagear a aréola (pontas dos dedos com movimentos profundos e
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circulares) e extrais manualmente um pouco de leite da aréola para facilitar a pega do


bebê.
A técnica de amamentação, ou seja, a maneira como a dupla mãe/bebê se
posiciona para amamentar/mamar e a pega do bebê são muito importantes para que
o bebê consiga retirar, de maneira eficiente, o leite da mama e também para não
machucar os mamilos. Pense sempre primeiro na posição do bebê! Se a posição
estiver adequada, a pega será melhor.

Posição da Mãe e do Bebê: A posição da mamãe para amamentar deve ser a


mais confortável possível, podendo ser sentada, recostada ou deitada. Existem várias
posições para amamentar, a mãe deve escolher aquela em que se adapta melhor e
que fique bom para a dupla. Se a posição da mãe ou do bebê estiver inadequada, a
pega do bebê pode ficar prejudicada, o que poderá ocasionar dor para amamentar,
lesões nos mamilos, retirada insuficiente de leite, com consequente acúmulo de leite
nos seios, causando a curto prazo ingurgitamento mamário (mamas empedradas), e
longo prazo pouca produção de leite. Para facilitar, pode-se utilizar um travesseiro, ou
almofada em baixo do bebê. O bebê deve estar todo virado e alinhado para a mãe
(barriga com barriga na posição tradicional), seu lábio superior deve estar de frente
para o mamilo, e o nariz deve estar livre.

Posições para amamentar


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Posições para amamentar gêmeos

Pega do Bebê ao Seio: A pega, ou seja, o jeito em que o bebê abocanha o mamilo
e a aréola (parte escura do seio) é o principal fator para evitar dor e lesões mamilares,
assim como para que o bebê consiga extrair o leite com eficiência.
O bebê deve ser estimulado pela mamãe a abrir um “bocão”, encostar o mamilo
nos lábios do bebê estimula o reflexo de abertura da boca (não adianta colocar o
mamilo na boca do bebê quando ele estiver com uma boquinha pequenininha,
normalmente ele vai pegar somente o mamilo e vai machucar). Assim que o bebê abrir
bem a boca, a mãe deve levar a boca do bebê ao seio (não é o seio à boca do bebê),
ele deve abocanhar toda ou quase toda a aréola (parte escura do seio), se o bebê
abocanhar somente o mamilo, vai doer muito e vai machucar.
Na pega correta a mãe não sente dor para amamentar, o bebê abocanha quase
toda a aréola, o lábio inferior do bebê fica voltado para fora, as bochechas ficam bem
redondas (sem covinhas).
Veja em https://www.youtube.com/watch?v=1EmlqbMf9pk como fazer a pega
correta.
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Pega correta do bebê


Para facilitar, a mãe pode segurar o seio com os dedos polegar e indicador em
forma de “C” bem na base do seio, e não realizar uma pinça com o dedo indicador e
o dedo médio na aréola (isso dificulta a pega).
O segredo: NÃO SENTIR DOR, se estiver com dor, a mamãe deve retirar o bebê
do seio, introduzindo o dedo mínimo no canto da boca do bebê (para tirar o vácuo), a
fim de não deixar o bebê sugar o mamilo, e fazer o bebê pegar novamente o seio.

Atenção: Evite uso de bicos artificiais (chupetas, mamadeiras e bicos intermediários


de silicone) nas duas a quatro primeiras semanas de vida do bebê, pois a sucção nos
bicos artificiais é completamente diferente da sucção no peito. O bebê está
aprendendo a mamar ao seio neste período, e pode ficar confuso com a forma de
sugar o peito, podendo ter confusão de bicos, causando dor na amamentação e
sucção ineficiente, além de baixo ganho de peso.

● Rotina de amamentação
Número de mamadas em 24 horas: Recomenda-se que a criança seja
amamentada sempre que mostrar sinais de fome, sem restrições de horários ou
horários rígidos. Nos primeiros três meses é normal que a criança mame com
frequência, em torno de 8 a 12 vezes em 24 horas, e sem horários regulares. É o que
se chama de amamentação em livre demanda, que vai garantir o ganho de peso
adequado do bebê e a produção adequada de leite materno. Caso o bebê não mostre
sinais de fome com frequência, ou durma por mais de 3 horas consecutivas (contando
sempre do início da mamada anterior), recomenda-se acordá-lo para mamar (durante
o dia).

Duração das mamadas: O tempo de permanência na mama não deve ser fixado
(cada bebê tem o seu tempo). O mais importante é que a mãe dê tempo suficiente à
criança para esvaziar adequadamente uma mama para depois oferecer a outra mama,
e que o bebê se mantenha ativo sugando durante a mamada. O ideal é que o bebê
largue o seio espontaneamente mostrando que está satisfeito.
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Alguns bebês mamam somente um seio em cada mamada ou não conseguem


esvaziar completamente a mama, caso isso aconteça, a mama deve ser esvaziada
(nos primeiros dias) através da ordenha do leite, para evitar ingurgitamento mamário
e garantir a produção de leite. Caso o bebê mame nos dois seios, a próxima mamada
deve ser iniciada pelo seio em que o bebê mamou por menos tempo.
Bebês que fazem mamadas muito longas (mais de uma hora) com intervalos muito
curtos (menos de 30min), ou bebês que dormem muito durante a mamada (a mãe
precisa ficar “incomodando” o bebê para mamar) e fazem intervalos muito longos e
frequentes entre mamadas (mais de 4 horas), precisam ser avaliados quando à
eficiência e qualidade da mamada.

● Regurgitação, vômitos e posições para arrotar


Bebês podem regurgitar (voltar pela boca um pouco de leite do estômago) a cada
mamada, isso é um comportamento normal e fisiológico, pois o esfíncter (músculo) do
esôfago/estômago ainda está imaturo até o terceiro mês de vida do bebê. Evitar
manipular o bebê após as mamadas pode evitar regurgitações.
Vômitos também podem acontecer, mas devem ser esporádicos. Caso aconteçam
com frequência, o pediatra deverá ser informado.
Após cada mamada, recomenda-se que o bebê seja colocado nas posições que
facilitem a eliminação do ar deglutido durante a mamada (arroto), durante 10 a 15
minutos. Não é necessário dar tapinhas nas costas do bebê. Se nesse período o bebê
não arrotou (quando o bebê engoliu pouco ar durante a mamada), ele pode voltar à
posição normal ou ser colocado no berço.

● Como desengasgar o bebê


Bebê tossindo, com aparente ânsia de vomito, não conseguindo chorar ou
emitindo sons estranhos pode estar engasgado. A situação não é difícil acontecer, já
que o bebê pode engasgar com o próprio leite da mãe enquanto mama, com saliva ou
qualquer pequeno objeto que leve à boca. É preciso ficar atenta aos sinais e, caso a
criança esteja realmente engasgada, é essencial manter a calma para poder ajudar.
Caso o bebê engasgue muito, repetidas vezes em curtos espaços de tempo, o
pediatra deverá investigar o que está acontecendo.
A seguinte manobra deve ser realizada quando o bebê está engasgado:
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● Padrão de ganho de peso, fezes e urina do bebê (indicadores de que o


bebê está mamando bem)

Ganho de Peso: Todos os recém-nascidos perdem em torno de 10% do seu peso


de nascimento nos primeiros 3 a 5 dias após o parto. Depois dessa perda normal, o
bebê começa a ganhar em torno de 20 a 30g por dia.
Um ganho de peso mais lento (de 15 a 20g por dia), porém constante, pode ser
uma condição familiar ou genética.
Ganho de peso insuficiente, abaixo de 15g por dia, devem ser investigadas as
causas (normalmente é técnica inadequada de amamentação).
Fezes: Cerca de 70% dos recém-nascidos eliminam mecônio (fezes de cor preta,
pegajosas e sem cheiro) nas primeiras 12 horas de vida; outros 25% entre 12 e 24
horas e os restantes 5% até 48 horas após o nascimento. Espera-se que o mecônio
esteja totalmente eliminado até o terceiro dia de vida.
Bebês recém-nascidos (uma a duas semanas) precisam eliminar fezes
diariamente. Bebês com mais de 15 dias, com ganho de peso adequado, em
aleitamento materno exclusivo, podem evacuar a cada mamada ou passar até 5 a 7
dias sem evacuar, e as fezes podem variar de líquidas a pastosas, amareladas a
esverdeadas. O leite materno é bem absorvido pelo intestino e não sobram restos
para a formação do bolo fecal para evacuações mais frequentes.
Urina: A eliminação de urina reflete a hidratação do bebê e, consequentemente, a
ingestão adequada de leite materno. Após o 4º dia de vida, o bebê deve apresentar
em torno de 6 fraldas molhadas em 24 horas, urina clara e sem cheiro forte.
É importante que os pais verifiquem sempre o padrão das fezes e urina do bebê,
e qualquer alteração na frequência, consistência ou cor, devem comunicar o pediatra.
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Padrão adequado de fezes e urina no recém-nascido

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