O Segredo Do Rio
O Segredo Do Rio
O Segredo Do Rio
Ilustrações de Fernanda
Fragateiro
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Por vontade expressa do autor, a presente edição não segue a grafia do Acordo
Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990,
Título: O Segredo do Rio Autor: Miguel Sousa Tavares Ilustrações: Fernanda Fragateiro
Revisão: Silvina Sousa Paginação: Clube do Autor, S. A. Impressão e acabamento:
Eigal - Indústria Gráfica, S. A.
Ilustrações de Fernanda
Fragateiro
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Para o Martim
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combinado para chamar o seu amigo. E o peixe, que
dormia no seu buraco, feito com pedras e
ramos de árvores arrastados pela corrente,
acordava com o som das pedras a cair dentro de
água e vinha ter com o rapaz à margem. E aí
ficavam a conversar muito tempo, o rapaz contando o
que se passava na escola e em casa, e o peixe
contando tudo o que acontecia debaixo de água,
dentro do rio.
Passou o Verão, veio o Outono e, em lugar das
chuvas que se esperavam, o Sol continuou
sempre a brilhar e os dias continuaram muito
quentes.
O rapaz estava feliz porque isso permitia-
lhe continuar a tomar banho no rio durante o dia e
a vir sentar-se à noite na sua margem. Mas o
pai do rapaz andava calado, com cara de
poucos amigos, falando pouco e resmungando
muito. Pelas conversas do pai com a mãe, o
rapaz percebeu que ele estava preocupado com a
falta de chuva. As colheitas do Outono estavam
ameaçadas, o milho estava seco, as uvas
queimadas, a seara não crescera e não havia
azeitonas nas oliveiras.
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"Está à minha espera!", pensou o rapaz, louco de
alegria. “É ele, é ele que voltou!”
Em menos de um minuto, calçou as botas sem
sequer as apertar e, mesmo em pijama, pulou pela
janela lá para fora e desatou a correr pelo meio do
olival até à borda de água.
Estava tão contente que entrou pela água adentro
e abraçou-se ao peixe, sentindo o seu corpo
molhado e coberto de grossas escamas.
– Olá, olá amigo, que fazes tu aqui? - Voltei
para viver aqui outra vez, se tu me deixares.
- Mas como podes voltar a viver aqui, se o meu pai te
pesca, quando te vir?
- Mas se eu resolver o vosso problema, se eu arranjar
comida para vocês todos, o teu pai já não precisa
de me pescar, não é verdade?
- Mas como é que tu nos arranjas comida para
dois meses?
– Já arranjei. Está ali, no fundo do rio. Ora,
olha.
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este rio tem um
segredo e esse
segredo é só meu.
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este rio tem um
segredo e esse
segredo é só meu.