ENZIMAS NA Nutrição
ENZIMAS NA Nutrição
ENZIMAS NA Nutrição
1 Introdução
Atualmente o mercado mundial está a frente de uma super suplementação com
cereais e alimentos ricos em proteína devido a boas safras agrícolas dos últimos
anos. Mas sem dúvida alguma que cereais irão cumprir um papel muito importante na
nutrição humana no futuro e existirá um deficit dentro dos próximos 20 a 30 anos.
Numa escala a longo prazo, o fornecimento para a crescente população mundial
pode não ser um problema de distribuição mas pode ser um problema crescente de
produção. A população atual é de 6 bilhões e terá aumentado para 8 bilhões no ano
2020. Todavia, não só o número de pessoas mas também o consumo individual de
comida irá aumentar. O aumento da prosperidade irá mudar os habitos alimentares
dramaticamente, sendo assim, tambem aumentará o consumo de cereais em forma
refinada (carne). Este aumento da demanda pode ser encoberto por mudanças nos
habitos alimentares ou mais elevada produção de grãos. Mas esta última alternativa
não será capaz de resolver a difícil situação de fornecimento de alimentos no mundo.
Portanto existe uma necessidade emergente de melhorias na produção de grãos como
tambem na eficacia da alimentação para produção animal.
Uma possibilidade para se aumentar a eficacia de produção animal é o uso de
enzimas alimentares na produção de alimento. Ate hoje, somente uma fração dos
componentes da alimentação é suplementado com enzimas. Esta situação irá mudar
rapidamente assim que o desenvolvimento de novas enzimas alimentares ou novas
formas de aplicação para estes produtos progredirem. Esta geração de enzimas
existentes provaram ser muito beneficas mas seu uso completo so irá aumentar
quando novas formas de enzimas estiverem disponíveis. A biotecnologia moderna
representa uma possibilidade de produção de enzimas específicas para certas áreas
de aplicação. Muitos outros problemas tambem devem ser resovidos antes que se
penetre no mercado potencial de enzimas.
O objetivo deste trabalho é caracterizar substancias presentes em ingredientes
comuns do alimento os quais tem um impacto negativo na performance animal e
indicar formas de sobrepor estes efeitos negativos ao suplementar a ração com
enzimas exógenas.
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I Simpósio Internacional ACAV—Embrapa sobre Nutrição de Aves
17 e 18 de novembro de 1999 – Concórdia, SC
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I Simpósio Internacional ACAV—Embrapa sobre Nutrição de Aves
17 e 18 de novembro de 1999 – Concórdia, SC
Do mesmo mode que minerais, fitatos são capazes de formar complexos com
proteínas, aminoácidos ou enzimas endógenas. A interação entre fitatos e proteínas
aparentemente se dá por uma ligação ionica na qual depende de condições de pH.
Com pH baixo, o fitato forma ligações eletrostáticas com resíduos básicos como
a arginina, lisina e histidina resultando num complexo insolúvel. Quando o pH se
aproxima do ponto isoelétrico, a carga da proteína é neutra e ela não irá se ligar ao
fitato. Sob condições básicas o fitato forma complexo com proteína na presença de
cations divalentes. Estes cations (Ca, Mg, Zn) agem como uma ponte entre o grupo
carboxila carregado negativamente e o fitato.
HO + C a+ O
pH alto
Amido O P O O P O
O O + + O
Ca
O O C CH 2
Proteina
Proteina O O
H H P
CH 2
H O
O
NH 3
O P O H
O
O O O H
P
O
H O
O P O
pH baixo OH
C H 2O H
O
O O
Thompson, 1988
Amido
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700 691
Ganho de peso (g/ave)
680
660
640
624
620
600 593
580
1.04 1.32 1.57
Fitato (%)
Ravindran et al 1999b
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82
Digestibilidade do nitrogênio
81.5
81
81
ileal (%)
80
79.3
79
78
1.04 1.32 1.57
Fitato (%)
Ravindran et al 1999c
70
65
Utilização do P (%)
60
55
50
45
0 500 1000 1500 2000 2500
Natuphos (FTU/kg)
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40
Utilização do Ca (%)
36
35
30 28
25
25 23
21
20
125 250 500 750 1000
Unidades de fitase Schoener et al 1993
50
Retenção do Zn (%)
45
45 44
43
40 39
38
35
0 150 300 450 600
Unidades de fitase
Yi et al, 1996a
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1
arroz
0,7 cevada
centeio
0,6
0 20 40 60 80 100 120
NSP (g/kg)
Annison, 1993
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NSP
E → ←E
←E
Micro Efeito
Viscosidade
flora “prisão”
da digesta
Simon, 1998
tempo as enzimas tambem são capazes de hidrolizar NSP insolúveis os quais são
primariamente localizados na parede celular, e os transforma numa forma solúvel. Os
NSP bloqueiam nutrientes no lumen da célula, o que é chamado “efeito prisão”. O
beneficio das enzimas de NSP é explicado principalmente pela ação de redução de
viscosidade e pela liberação de nutrientes suavizando o efeito prisão. Simon (1998)
sugere que um aumento na digestibilidade dos nutrientes é devido a uma redução de
viscosidade intestinal por:
- Melhoria na convecção do conteúdo intestinal através de contrações - Melhoria do
contato de nutrientes absorviveis com a surperficie dos enterócitos - Facilita a difusão
de substratos, enzimas digestivas e produtos da digestão
Uma indicação para a contribuição do efeito prisão pode ser o efeito de enzimas
exógenas na digestibilidade ileal de amido, sendo que o amido é o principal alimento
do endosperma dos cereais. Um trabalho de Almirall et al. (1995) demonstrou que
uma melhoria na digestibilidade de amido ocorre por suplementação de glucanase
numa dieta a base de cevada.
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Simon, 1998
que apoiam esta teoria são muito limitados. Suplementação de enzimas podem
modificar a quantidade e a composição da população microbiana no trato digestivo. Os
mecanismos podem ser uma passagem acelerada da digesta, melhorando a absorção
de nutrientes e uma mudança no local de absorção, reduzindo o comprimento do
intestino ou reduzindo a viscosidade a qual modifica as condições de adesão para
bactérias associadas ao tecido. Um estudo atual (Vahjen et al. 1998) averiguou o
efeito da suuplementação de xylanase numa dieta a base de trigo na colonização de
lactobacilli, uma enterobactéria e cocci anaeróbico facultativo gram positivo.
A adição de enzimas reduziu a contagem de enterobactérias e cocci gram positivos
totais em amostras do lumen e mucosa e aumentou os lactobacilli associados a
mucosa. Atualmente estes resultados são dificeis de interpretar com respeito ao efeito
na utilização de nutrientes no animal.
Enzimas que degradam NSP as quais são usadas comercialmente em todo
mundo são principalmente as xilanases e glucanases. Pectinases para uso em
dietas contendo leguminosas e galactosidases para degradação de galactosideos
em leguminosas são de menor importância comercial. Os beneficios economicos
de xilanase e /ou glucanase em termos de melhoria da performance são bastante
conhecidos. A Figura 10 descreve o efeito de níveis graduais de preparados de
xilanase e /ou glucanase em ganho de peso e taxa e conversão alimentar numa dieta
de frangos contendo 45% de trigo (Heindl and Steenfeldt, 1999). A adição de 100
ppm do preparado enzimático melhorou o ganho de peso 7.3% e taxa de conversão
alimentar em 4.1% durante o período do dia 0 ao dia 42.
A suplementação de enzimas que degradam NSP em rações contendo cereais
pouco viscosos como milho ou sorgo não é uma prática muito comum na indústria
atualmente. A principal razão é a inconsistência dos efeitos de enzimas NSP nestes
alimentos. Um trabalho de Pack and Bedford (1997) mostrou que uma combinação
enzimática consistindo de xilanase, amilase e protease podem melhorar o ganho de
peso e taxa de conversão alimentar de frangos alimentados com uma alimentação a
base de milho e soja. Contrário a estes resultados, Sherif et al. (1997) não observou
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2000 1,95
1850
1,85
1800
1750 1,8
0 25 50 100 0 25 50 100
Enzima, ppm Enzima, ppm
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18
TME (MJ/kg DM)
16
14
Controle
12
Xilanase
10
6
Feijão Feijão de fava Tremoço
bean
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Quando quantidades mais elevadas de farelo de soja foram usadas, nenhum efeito
de suplementação enzimática no valor energético foi observado.
10
9,5
ME (MJ/kg DM)
9
Controle
8,5 Galactosidase
7,5
30 40 50 60
Inclusão de soja (%)
3 Conclusões
A produção e o consumo de carne de frango aumentou dramaticamente na última
década. A taxa de crescimento anual é em torno de 6% e tem aumentado mais
que qualquer outro produto agrícola. Por ser um tipo de carne que é beneficiada
primeiramente quando ocorre uma melhoria da situação econômica, podemos esperar
um crescimento ainda maior da produção para os próximos anos. Para mantermos
e / ou melhorarmos a competitividade da produção avícola em comparação com a
produção de suínos ou de carne de boi devemos observar vários fatores:
• controle sanitário
• proteção ambiental
• bem-estar animal
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avicola na poluição ambiental a qual terá uma grande influencia na produção animal do
futuro. O desenvolvimento de novas tecnologias como engenharia genética irão ajudar
no desenvolvimento científico de enzimas específicas para a solução de problemas
nutricionais de alguns alimentos, tornando a nutrição de aves mais lucrativa.
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