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2.

Contaminantes naturais dos alimentos

Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar 37

2.1. Aflatoxinas
Identificação: início dos anos 60 no Reino Unido
cerca de 100 mil perus morreram com uma
doença não identificada (Doença X dos perus)
que se caracterizava por uma extensa necrose
hepática.
Causa da doença compostos produzidos pelos
fungos (Aspergillus flavus) que contaminavam os
alimentos dos animais

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1
2.1. Aflatoxinas

Aflatoxina M1
Aflatoxina B1
Aflatoxina B2

Aflatoxina G1 Aflatoxina G2
Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar 39

2.1. Aflatoxinas

Produzidas por Aspergillus flavus, A.


parasiticus e A. Nomius.

Fungos crescem em cereais (trigo, milho,


sorgo, etc.) e frutos secos (amendoins, figos,
nozes, etc.) armazenados em condições de
relativamente baixa humidade: eliminação da
competição com outros géneros de fungos

Lipossolúveis e resistentes às condições


normais de confeção de alimentos
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2
2.1. Aflatoxina B1

Elevada toxicidade aguda em animais:


lesões hepáticas/necrose hepática
Potente indutor de hepatocarcinomas em
animais:
Diferentes sensibilidades entre espécies:
10 000 ppb – Sem resposta em ratinhos
15 ppb – Indução de hepatocarcinoma em ratos

Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar 41

O
O
Metabolismo da AfB1 OH O

O Excretada no leite
O OCH 3
H
CYP1A2 AfM1
O
O
H O
O O
H O
O CYP3A4

H O OCH 3 O OH
AfB1
O
H OCH 3
CYP1A2 CYP3A4 AfQ1
CYP1A2
bioactivação O Destoxificação
O O
O
O H
por conjugação
O
O H O com o glutatião
O
O
O OCH 3
O OCH 3
H Hidroxilação do
H
epóxido Dihidroxi-
exo- 8, 9 -óxido
endo- 8, 9 -óxido AfB1- aductos com
Genotóxico último proteínas
1

3
2.1. Aflatoxina B1 (Grupo 1 IARC)

Associação entre o nível de contaminação com AfB1 e o


desenvolvimento de hepatocarcinomas (HC):

A média da exposição em indivíduos com HC é


cerca de 4,5 vezes superior à do grupo controlo

Elevada frequência de mutações GC para AT, típicas da


AfB1, no gene p53 de HC verificados em regiões (China e
África) com elevado nível de contaminação com AfB1 e
ausência desta mutação em HC verificados em zonas de
baixa contaminação com AfB1

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Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar 44

4
Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar 46

Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar 45

5
2.3. Ocratoxina A
Fungos: Aspergillus ochraceus, A. mellus, A. carbonarius,
Penicillium viridicatum, P. palitans, P. urticarium, etc.
Alimentos: Cereais e produtos derivados, café, uvas (passas
de uva), vinho e cerveja
Resistência: 80% de redução durante a torrefação do café; 4 a
10% de redução no cozimento das farinhas
Toxicidade: Lesões hepáticas e renais em
animais. Teratogénica em ratos e
galinhas. Aumento da taxa de tumores
hepáticos e renais em ratos.
Possivelmente cancerígena para o homem
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2.2. Ocratoxina A

Nefropatia Endémica dos Balcãs (destruição progressiva


dos túbulos renais, fibrose intersticial e atrofia renal):
Elevada contaminação dos alimentos da zona com OTA
Elevados valor de OTA no sangue dos doentes
Possível predisposição genética
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6
Passas de uvas
Outros frutos secos
Xarope de tâmara
Pistácios
Plantas aromáticas secas
Raízes de gengibre (secas) Raízes de alteia (secas), raízes de dente-de-
leão (secas) e flores de laranjeira (secas)
Sementes de girassol, sementes de abóbora, sementes de
melão/melancia, sementes de cânhamo, sementes de soja
Grãos de cereais não transformados
Produtos de panificação, snacks à base de cereais e cereais para
pequeno- almoço
Bebidas não alcoólicas à base de malte
Café torrado, moído ou em grão
Café solúvel (café instantâneo)
Cacau em pó
Especiarias secas
Vinho, vinho de frutos e sumos de uva
51

Outras micotoxinas regulamentadas:


 Patulina, fumonisinas, zearalenona,
desoxinivalenol, citrinina, esclerócios da cravagem
e alcaloides da cravagem (Claviceps spp.)
Micotoxinas não regulamentadas/emergentes:
 Moniliformina, beauvericina, eniatinas,
fusaproliferina, esterigmatocistina, etc.

Problemas emergentes:

 Alterações climáticas
 Alterações na produção de alimentos
 Micotoxinas modificadas (metabolitos)
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7
2.4. Toxinas botulínicas
Clostridium botulinum:
Bactéria gram-positiva produtora de esporos

Em condições anaeróbias os esporos podem germinar e dar


origem às bactérias produtoras de toxinas:
O crescimento é inibido a pH < 5

Alimentos:
Enlatados
Enchidos
Conservas de vegetais

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2.4. Toxinas botulínicas

Tipos de infeção:
 Botulismo alimentar
Ingestão da toxina ativa
 Botulismo infantil (< 1 ano de idade)
Ingestão ou inalação de esporos
(O botulismo infantil representou cerca de 66%
do total de casos de botulismo registados nos
EUA em 2001)

Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar 53

8
Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar 54

2.4. Toxinas botulínicas

Sintomas (12 a 72 horas após a ingestão):


Náusea, vómitos, dor de cabeça, secura da boca,
perturbações da visão, dificuldade em falar
cansaço, fraqueza generalizada, paralisia
muscular, paragem respiratória e morte (5 a 10%)

Utilização como fármaco (BoTA):


Tratamento do estrabismo
Tratamento de movimentos
involuntários
Utilização em cosmética
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9
3. Contaminantes ambientais

Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar 68

3.1. Dibenzo-p-dioxinas (PCDD), dibenzofuranos (PCDF) e


bifenilos policlorados (PCB)
9 1 9 1
2 orto meta
8 2 8

3 para
7 3 7
6 4 4
6
PCDD PCDF PCB

PCDD e PCDF (Dioxinas)


 Estrutura planar formada por três anéis
 Dependendo do número e da posição dos átomos de cloro nos
seus anéis, podem ocorrer 75 PCDD e 135 PCDF, denominados
de congéneres, dos quais os que apresentam átomos de cloro
nas posições 2, 3, 7 e 8 têm maior relevância toxicológica
PCB
 Estrutura bicíclica com possibilidade de formação de 209
congéneres (PCB 1 a 209)
Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar 69

10
 PCB sob a forma de dioxinas (DL-PCB)

 Têm pelo menos 4 átomos de cloro


 Estrutura planar e propriedades
toxicológicas semelhantes às dioxinas
 Ou não têm substituições na posição
orto (PCB coplanares ou PCB não–
orto, PCB 77, 81, 126 e 169)
 ou são apenas mono-orto substituídos
(PCB105, 114, 118, 123, 156, 157, 167 e
189 )

 PCB não semelhantes às dioxinas (NDL-PCB)


 Estruturas químicas e propriedades
toxicológicas distintas das dioxinas
(restantes 197 congéneres)

Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar 70

9 1 9 1
2 orto meta
8 2 8

3 para
7 3 7
6 4 4
6
PCDD PCDF PCB

PCDD e PCDF (Dioxinas)


 Sem produção industrial (apenas padrões laboratoriais)
 Sem utilização específica
 Formação natural em processos de combustão (incêndios
florestais, fogueiras, erupções vulcânicas)
 Formação involuntária em processos industriais e térmicos
(branqueamento da pasta de papel utilizando cloro, produção
compostos clorados como alguns de herbicidas e fungicidas,
incineração de resíduos, etc.)

Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar 71

11
9 1 9 1
2 orto meta
8 2 8

3 para
7 3 7
6 4
6 4
PCDD PCDF PCB

PCB
 Produzidos pelo Homem devido às suas propriedades físico-
químicas (elevada estabilidade química, baixa condutância
elétrica, baixa inflamabilidade elevada resistência térmica) para
utilização em transformadores e condensadores, tintas,
plastificantes, lubrificantes, material à prova de fogo, fluidos
permutadores de calor, fitas isoladoras, etc.
 Utilizados em misturas comerciais compostas por diversos
congéneres e frequentemente contaminadas com PCDF

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Os PCBD/F e PCB:

 Poluentes orgânicos persistentes: elevada resistência à


decomposição química (ex. hidrólise), física (ex. fotólise)
e/ou biológica

Elevada estabilidade Elevado potencial de


Elevada lipofilicidade bioamplificação

Deteção no ambiente, alimentos e fluidos biológicos:


 Proibição de produção e utilização de PCB
 Controlo de processos para minimizar a formação de
PCDD/F

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12
Contaminação das cadeias alimentares:
 Elevada persistência
 Elevada dispersão ambiental (dioxinas adsorvidas em argilas e solos
podem ser mobilizadas passados anos)
 Existência de PCB em equipamentos e edifícios
 Descarte não controlado de materiais contendo PCB

Estima-se que a exposição alimentar (principalmente


produtos de origem animal) represente cerca de 80%
da exposição total:

 Necessidade de monitorização e controlo

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TEF (Fator de Equivalência Tóxica) (OMS, 2005)

 Permite expressar a toxicidade de cada


congénere em relação ao congénere mais
tóxico de todos (2,3,7,8-TCDD)

 A inclusão no sistema TEF inclui congéneres com:


 elevada persistência ambiental
 elevado potencial de bioacumulação
 partilha de mecanismo de toxicidade (ligação ao recetor aril-
hidrocarboneto, AhR)
 Estão incluídos no sistema TEF os PCDD/F toxicologicamente
mais relevantes (cloro nas posições 2, 3, 7 e 8) e os DL-PCB

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TEF para avaliação de risco estabelecidos pela OMS em
2005 e em uso na UE
Congénere TEF Congénere TEF
Dibenzo-p-dioxinas policloradas Bifenilos policlorados sob a forma
de dioxina
2,3,7,8-TCDD 1
1,2,3,7,8-PeCDD 1 PCB não-orto
1,2,3,4,7,8-HxCDD 0,1 PCB 77 0,0001
1,2,3,6,7,8-HxCDD 0,1 PCB 81 0,0003
1,2,3,7,8,9-HxCDD 0,1 PCB 126 0,1
1,2,3,4,6,7,8-HpCDD 0,01 PCB 169 0,03
OCDD 0,0003
Dibenzofuranos policlorados PCB mono-orto
2,3,7,8-TCDF 0,1 PCB 105 0,00003
1,2,3,7,8-PeCDF 0,03 PCB 114 0,00003
2,3,4,7,8-PeCDF 0,3 PCB 118 0,00003
1,2,3,4,7,8-HxCDF 0,1 PCB 123 0,00003
1,2,3,6,7,8-HxCF 0,1 PCB 156 0,00003
1,2,3,7,8,9-HxCDF 0,1 PCB 157 0,00003
2,3,4,6,7,8-HxCDF 0,1 PCB 167 0,00003
1,2,3,4,6,7,8-HpCDF 0,01 PCB 180 0,00003
1,2,3,4,7,8,9-HpCDF 0,01
OCDF 0,0003

T) Tetra; Pe) Penta; Hx) Hexa; Hp) Hepta; O) Octa; CDD) Clorodibenzodioxina;
CDF) Clorodibenzofurano
Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar 76

 Ensaio in vivo têm vindo a comprovar a aditividade da toxicidade

TEQ (Concentração tóxica equivalente de TCDD):


TEQ =  concentração de cada congénere x TEF
 TEQ: Estimativa do total da atividade tóxica equivalente ao
congénere 2,3,7,8-TCDD, para a mistura dos congéneres

Exemplos:
Produto contaminado com 2,3,7,8-TCDF:
TEQ =[2,3,7,8-TCDF] x (TEF do 2,3,4,8-TCDF)
Produto contaminado com OCDD, OCDF e PCB105:
TEQ = ([OCDD] x TEF) + ([OCDF] x TEF) + ([PCB105] x TEF)

Congéneres com menor TEF podem contribuir mais para o TEQ


Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar 77

14
REGULAMENTO (UE) 2023/915 DA COMISSÃO
de 25 de abril de 2023

Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar 78

REGULAMENTO (UE) 2023/915 DA COMISSÃO


de 25 de abril de 2023

Teores máximos para:


 Carne e produtos à base de carne, exceto miudezas comestíveis de
veado
 Fígado e produtos derivados de bovinos, ovinos, caprinos, suínos, aves
de capoeira, cavalo e aves de caça selvagens
 Gordura de bovinos, ovinos, suínos, aves de capoeira e mistura de
gorduras animais
 Produtos da pesca e moluscos bivalves (pg ou ng/g peso fresco da parte
comestível)
 Óleos de origem marinha (óleo de peixe, óleo de fígado de peixe e óleos
de outros organismos marinhos colocados no mercado para o
consumidor final)
 Leite cru e produtos lácteos
 Ovos e ovoprodutos, exceto ovos de gansa
 Óleos e gorduras vegetais
 Alimentos destinados a lactentes e crianças pequenas (pg ou ng/g de
peso fresco)

Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar 79

15
Alertas na União Europeia

Alimentação de porcos com resíduos de panificação expostos a PCB e a PCDF durante


o processo de secagem, devido à presença de PCB no combustível utilizado

Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar 80

Toxicocinética:
 Boa absorção pelo trato gastrointestinal
 Congéneres com 6 ou menos átomos de cloro: absorção > 90%;
com mais de 6 átomos de cloro: absorção ~ 75% (em ratos)
 Pode haver transferência via placenta
 Acumulados principalmente no tecido adiposo e fígado
 Congéneres com cloros nas posições 2, 3, 7 e 8 são muito
resistentes à biotransformação (potencial de bioacumulação)
 Tempo de semivida da TCDD no Homem adulto – 7 a 11 anos
(Quanto mais gordura maior a persistência)

 Excretados no leite (principal via de exposição dos recém


nascidos)

Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar 81

16
Mecanismo de toxicidade PCDD/F e DL-PCB:

Recetor aril-hidrocarboneto (AhR):


Regulação da expressão de um largo número de genes
Interação com proteínas regulatórias (ciclo celular, apoptose)
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Efeitos de toxicidade descritos:

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17
Efeito cancerígeno:
 Grupo 1: Todos os DL-PCB, a 2,3,7,8-TCDD e o 2,3,4,7,8-PeCDF

 Grupo 3: Restantes congéneres: Grupo 3,

 Apesar de só estarem classificados os DL-PCB, a IARC considera


que o efeito dos PCB não pode ser apenas atribuído aos DL-PCB.

Mecanismo de toxicidade dos NDL-PCB:


Ativação de outros recetores celulares:
 Efeito menos intenso do que os DL-PCB
 Fígado e tiroide como alvos mais sensíveis
 Alteração dos níveis hormonais (hormonas da tiroide)
 Distúrbios do desenvolvimento
 Distúrbios imunológicos

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Dados em humanos conhecidos devido:


 Agente laranja Vietnam
7,1 milhões de litros aplicadas de 1961-1971
 Acidente de Seveso (Itália, 1976)
Reação exotérmica incontrolada numa fábrica de
herbicidas libertou uma nuvem química contendo
TCDD que contaminou uma área de aprox. 18 km2
 Acidente de Yusho (Japão, 1978)
O líquido de refrigeração com PCB/PCDF contaminou o
óleo de arroz através de uma fuga no permutador de calor
 Exposição ocupacional não intencional
 Exposição intencional (Victor Yushchenko, 2004)
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18
3.1. PCDD/F e PCB

Cloroacne num doente de Yusho Victor Yushchenko antes e após o


envenenamento com TCDD

Cloroacne num trabalhador de


uma incineradora no Japão
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Efeito da exposição pré-natal aos PCB no


desenvolvimento intelectual

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19
PCDD/F e PCB:
Leite materno de mulheres que vivem em latitudes muito
a Norte com maior nível de contaminação do que o das
mulheres de climas temperados
Níveis mais elevados de contaminação detetados no
urso polar da Noruega (90 ppm)

Desregulação endócrina Corvo-marinho com o bico cruzado


Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar 86

REGULAMENTO (UE) 2023/915DA COMISSÃO de 25 de abril de 2023

 Certas espécies de peixes na região do Báltico


podem conter teores elevados de dioxinas, DL-
PCB e NDL-PCB. A exclusão do peixe pode ter
um impacto negativo na saúde da população
da região do Báltico.

 Na Letónia (salmão), Suécia e Finlândia é possível


comercializar salmão-do-atlântico, arenque-do-báltico
com mais de 17 cm, salvelinos, lampreia-do-rio e truta,
capturadas no meio natural e respetivos produtos, com
origem na região do Báltico que excedem os máximos
desde que se informe a população e que se garanta que
não são comercializados noutros Estados-Membros.
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20
"Guia com 10 Recomendações para
uma alimentação saudável e segura
durante a gravidez“ DGS, 2021

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3.2. Pesticidas
3.2.1. Inseticidas organoclorados - DDT

 Agrotóxicos de lenta degradação e biotransformação


 Bioacumuláveis e bioamplificáveis:
Níveis no leite materno superiores aos admissíveis
nos produtos lácteos
 Persistentes (até 30 anos no solo)
 Elevado carácter lipofílico
 Baixa volatilidade

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21
Papel fundamental no combate à malária
País Ano Nº de casos
Cuba 1962 3519
1969 3
Jamaica 1954 4417
1969 0
Índia 1935 >100 milhões
1969 285962
Jugoslávia 1937 169545
1969 15
Venezuela 1943 8171115
1958 800
Taiwan 1945 >1 milhão
1969 0

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Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar 92

22
3.2.1. DDT
Absorvido pelo GI
Acumulado maioritariamente no tecido adiposo

Principal mecanismo de toxicidade:


Neurotóxico – Interfere com a transmissão do impulso
nervoso inibindo diversas ATPases dos neurónios

Ingestão de doses elevadas em voluntários humanos


(>10mg/kg):
Dormência da boca, parestesia da língua, vertigens,
tremores e vómitos

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3.2.2. Insecticidas organofosforados


Mecanismo de toxicidade:
Inibidores da acetilcolinesterase

Potência de toxicidade:
Aumenta com o aumento da afinidade para com a enzima
Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar 94

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3.2.2. Organofosforados
Características:
- Elevada toxicidade aguda (casos de envenenamento
em humanos)
- Pouco persistentes no Ambiente
- Solúveis em água
- Sofrem biotransformação podendo ser bioativados
Inseticida LD50 em ratinhos (mg/kg)
Paratião 10-12
Metil-paratião 30
Paraoxão 0,6 – 0,8
DDT 300 -1600

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3.2.2. Organofosforados

Toxicidade aguda:

Sinais e sintomas podem levar horas após a absorção:


Suor e salivação abundantes, lacrimejamento, fraqueza,
tonturas, tremores musculares e morte

Maior risco para o operador menor risco de aparecerem


resíduos nos alimentos

Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar 96

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3.2. Pesticidas
Limite máximo de Resíduos (LMR):

Limite máximo legal de concentração de um resíduo de


pesticida no interior ou à superfície de géneros
alimentícios ou alimentos para animais, fixado com base
nas Boas Práticas Agrícolas e na menor exposição
possível dos consumidores, necessária para proteger os
consumidores vulneráveis

Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar 97

REGULAMENTO (CE) N.o 396/2005 DO PARLAMENTO EUROPEU E DO


CONSELHO
de 23 de Fevereiro de 2005,
relativo aos limites máximos de resíduos de pesticidas no interior e à
superfície dos géneros alimentícios e dos alimentos para animais, de
origem vegetal ou animal

*) Indica o limite inferior da determinação analítica.


Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar 98

25
3.3. Contaminantes Emergentes
Fármacos e seus metabolitos, produtos de limpeza e de
higiene pessoal:
 Águas residuais
 Águas de escorrência de explorações animais
 Aquaculturas

Podem ser bioacumulados e


bioamplificados nas cadeias tróficas
marinhas:

 Contaminação de bivalves
 Contaminação de peixes

Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar 99

Fármacos e seus metabolitos, produtos de limpeza e de


higiene pessoal em peixes e moluscos
 Analgésicos e anti-inflamatórios
 Paracetamol, diclofenac, ácido acetilsalicíclico (4,1 a 490 ng/g peso
seco)

 Antidepressivos, calmantes, ansiolíticos, etc.


 Carbamazepina (0,8 a 5,3 ng/g peso fresco)
 Diazepam (110 ng/g fígado de peixe)

 Antibacterianos e antifúngicos
 Triclosan (507 a 1010 ng/g gordura)
 Metiltriclosan (157 ng/g gordura)
 Eritromicina (18 ng/g peso seco)

Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar 100

26
 Musks
 Fragrâncias sintéticas utilizadas em produtos de limpeza e de higiene
pessoal (perfumes, loções para aplicar após o barbear, loções para o
corpo, champôs, etc.)
 A ampla utilização destes compostos provocou a sua dispersão pelo
Ambiente e, no início de 1990, foi relatada a sua presença no ar, na
água, nos sedimentos, animais selvagens e em seres humanos
(sangue, leite e tecido adiposo).
 Persistentes e lipofílicos
 Alguns com potencial de bioacumulação e de desregulação endócrina

Galaxolidon Musk- Musk-


Galaxolide Tonalide Musk-xileno
e tibeteno mosqueno
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Dados analíticos: Ostras e Mexilhões

Amostras de ostras e mexilhões foram apanhados entre 2013 e 2014 em


Portugal, Espanha e França
Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar 82

27
Retardadores de chama bromados:

Compostos ou misturas de compostos produzidos pelo Homem


devido à sua baixa inflamabilidade para aplicação:
 Plásticos
 Têxteis
 Equipamentos elétricos e eletrónicos
 Mobiliário
 Materiais de construção, etc.

Lipofílicos, persistentes:
 Bioacumulados e bioamplificados

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Retardadores de chama polibromados:


 Em ensaios in vivo em animais:

 Alteração das hormonas tiroideias

 Alteração na reprodução e no
desenvolvimento neurológico

 Perturbação do desenvolvimento
cerebral e do comportamento
 Detetados nos alimentos e em tecidos e fluidos humanos
(leite materno)
 Utilização proibida ou restringida
Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar 82

28
Microplásticos
 Partículas plásticas com diferentes
formas e com dimensão entre 1 µm e 5
mm
 Utilizadas em produtos de limpeza
abrasivos, cosméticos esfoliantes,
pastas dos dentes, etc. (Fonte primária)
 Formados pela decomposição dos
plásticos (Fonte secundária)
 Ingeridos e acumulados nas cadeias
tróficas marinhas

Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar 83

Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar 84

29
Efeitos adversos dos microplásticos

Partícula: danos físicos (abrasão, obstrução), processos


inflamatórios, stress oxidativo

Aditivos e matérias-primas (monómeros) utilizados no fabrico


dos plásticos: acrilonitrilo, estireno, bisfenol A, retardantes de
chama bromados, corantes, etc.

Contaminantes adsorvidos: Suporte


para adsorção e concentração de
POP como os HAP, PCB, DDT, etc.

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Efeitos adversos dos microplásticos

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30
3.4. Substâncias perfluoroalquiladas (PFAS)
Família de produtos químicos persistentes, produzidos
pelo homem para utilização industrial

O sulfonato de perfluoro-octano (PFOS) e o ácido perfluoro-octanoico (PFOA) e


seus sais são os PFAS que se encontram em concentrações mais elevadas nos
alimentos e nos seres humanos.

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Substâncias perfluoroalquiladas (PFAS)

Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar 82

31
Substâncias perfluoroalquiladas (PFAS)

 Peixe, carne, ovos e frutas são as principais fontes


de exposição alimentar

 Os bebés e outras crianças são os grupos


populacionais mais expostos. A exposição durante a
gravidez e a amamentação são os fatores que mais
contribuem para os níveis de PFAS nos bebés.

 São bioacumulados em tecidos ricos em proteínas


e a maioria não pode ser eliminada durante a
confeção
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Efeitos na saúde(PFAS)

Considerado o efeito mais


crítico para estabelecer a
dose tolerável

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32
REGULAMENTO (UE) 2023/915 DA COMISSÃO
de 25 de abril de 2023
relativo aos teores máximos de certos contaminantes presentes nos
géneros alimentícios e que revoga o Regulamento (CE) n.o 1881/2006

Substâncias perfluoroalquiladas
Teor máximo (μg/kg) Observações
PFOS PFOA PFNA PFHxS Soma de PFOS, PFOA, PFNA e PFHxS O teor máximo aplica-se ao peso fresco.
PFOS: ácido perfluoro-octanossulfónico
PFOA: ácido perfluoro-octanoico
PFNA: ácido perfluorononanoico
PFHxS: ácido perfluoro-hexanossulfónico
Para o PFOS, o PFOA, o PFNA, o PFHxS e a sua soma, o teor máximo refere-se à soma dos
estereoisómeros lineares e ramificados, independentemente de serem ou não separados por
cromatografia.
No que diz respeito à soma de PFOS, PFOA, PFNA e PFHxS, os teores máximos dizem
respeito aos limites inferiores de concentração, que são calculados com base no
pressuposto de que todos os valores abaixo do limite de quantificação são zero.

Teor máximo (μg/kg):

 Carnes, incluindo miudezas, peixes, crustáceos e ovos

Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar 82

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