Parecer 001 2021 Cgcob
Parecer 001 2021 Cgcob
Parecer 001 2021 Cgcob
br/documento/567450137
ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
DIVISÃO DE UNIFORMIZAÇÃO E SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS
PARECER n. 00001/2021/DUSC/CGCOB/PGF/AGU
Trata-se de processo encaminhado pela Equipe de Cobrança Judicial da PRF1 , para que esta
Coordenação oriente, no caso concreto, sobre providências que devem ser adotadas quando da solicitação expressa de
informação de CPF de executado.
Conforme consta, o processe teve início pela execução fiscal nº 35898-64.2018.4.01.3400, no bojo da
qual o juízo, apreciando pedido de bloqueio de ativos financeiros, intimou o IBAMA (exequente) para fornecer o
número do CPF do executado, fundamentando sua imprescindibilidade para acesso ao BACENJUD (sequencial 31).
De acordo com a documentação acostada, percebe-se que o crédito teve origem pelo auto de infração lavrado pelo
IBAMA, em desfavor de estrangeiro, domiciliado na França.
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Desta feita, ante todas essas considerações, em resposta aos questionamentos do Núcleo de
Inscrição em Dívida Ativa da ENAC (DESPACHO n. 02206/2020/DIVAT-CO/ENAC
/PGF/AGU - seq. 10), entende-se pela manutenção da obrigatoriedade de inclusão do CPF e
CNPJ no Sapiens Dívida, em prestígio à eficiência e à boa gestão dos créditos públicos,
devendo ocorrer a inscrição em dívida ativa de forma manual (no RAC ou ferramenta
congênere) tão somente em situações excepcionais para evitar o perecimento do
direito. Outrossim, conclui-se pela possibilidade de exigir o cadastramento do devedor no
banco de dados da Receita Federal para obtenção de um número de CPF/CNPJ, de modo que
todos os processos relativos a inscrição em dívida ativa da PGF estejam associados a um
elemento identificador.
Logo, a despeito do CPF e do CNPJ não serem elementos obrigatórios para que se efetive a inscrição
em dívida, é imprescindível a sua utilização no cadastramento dos créditos no Sapiens Dívida, sob pena de prejudicar
o efetivo funcionamento do sistema e respectivos avanços.
Inicialmente, cumpre esclarecer que não compete à CGCOB/PGF adentrar nas atribuições da estrutura
interna das autarquias e fundações públicas federais. Nos termos do artigo 28 da Portaria PGF nº 338/2016, à esta
Coordenação cabe o planejamento, a orientação, a coordenação e a supervisão da apuração da certeza e liquidez dos
créditos de qualquer natureza das autarquias e fundações públicas federais, bem como sua inscrição em dívida ativa e
respectiva cobrança amigável, judicial e extrajudicial.
Apesar disso, não pode-se dizer que CGCOB/PGF encontra-se despida de competência para
manifestar-se acerca da matéria de fundo trazida ao seu conhecimento, tendo em visa o objetivo final, arrecadação do
crédito, que interessa à autarquia e à PGF.
Art. 28. O Auto de Infração e Termos Próprios serão lavrados em formulário específico,
podendo ser confeccionados em meio eletrônico, por Agente Ambiental Federal designado
para a função de fiscalizar, contendo:
...
V - identificação do autuado, com nome, endereço completo se houver, endereço
eletrônico se disponível, CPF ou CNPJ, conforme o caso;
...
§ 1º Não possuindo o autuado registro junto ao Cadastro Nacional de Pessoas Físicas, deve ser
indicada a filiação e data de nascimento e solicitada a apresentação do referido documento
pelo autuado, no prazo assinalado;
§ 2º No caso do § 1º, a fiscalização, antes de encaminhar o auto de infração e respectivo
processo administrativo à autoridade julgadora competente nos termos desta Instrução
Normativa, deverá providenciar a solicitação de inscrição de ofício do autuado no
Cadastro Nacional de Pessoas Físicas, junto à Delegacia da Receita Federal do Brasil.
§ 3º após a diligência indicada no § 2º, o auto de infração e termos próprios serão cadastrados
nos sistemas corporativos e encaminhados os autos respectivos à autoridade julgadora
competente para apuração, consolidação das sanções, constituição definitiva e cobrança
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A despeito do § 4º, não exigir solicitação de inscrição do autuado no Cadastro Nacional de Pessoas
Físicas, percebe-se a importância do referido registro para apuração e cobrança dos valores devidos.
Apenas para esclarecer, destaca-se que o piso mínimo de ajuizamento (Portaria AGU nº 377/2011) é
avaliado a partir do somatório dos créditos inscritos em face do mesmo devedor, de modo que a excepcional inscrição
sem o elemento identificador comprometeria toda a rotina do sistema, prejudicando principalmente a autarquia. De
igual modo, este elemento identificador é necessário para realizar o protesto automatizado de Certidões de Dívida
Ativa e é obrigatório para o protocolo eletrônico de execuções fiscais nos TRFs. Também deve ser mencionado que o
CPF e o CNPJ são utilizados na formação de um único dossiê de pesquisas de bens e endereços do devedor pela PGF,
que é utilizado na cobrança de diversos créditos com diferentes credores.
Em acréscimo, não custa lembrar que a Procuradoria-Geral Federal (PGF) presta serviços jurídicos às
autarquias e fundações federais, sendo órgão responsável pela representação judicial e extrajudicial, pelas respectivas
atividades de consultoria e assessoramento jurídicos e pela apuração da liquidez e certeza dos créditos, de qualquer
natureza, inerentes às suas atividades, inscrevendo-os em dívida ativa, para fins de cobrança amigável ou judicial.
Ademais, na medida em que busca efetivar as multas aplicadas pela administração pública no exercício de seu poder
de polícia, reforça as políticas públicas da União, de suas autarquias e fundações.
Portanto, não há como afastar o interesse da própria autarquia em ver um trabalho eficiente frente aos
seus próprios créditos.
Nesta perspectiva, não custa apresentar, como exemplo, o processo administrativo constante do NUP:
02025.001302/2012-94 (seq. 01), em que o IBAMA, de maneira unilateral, providenciou o registro de CPF de
estrangeiro, sem maiores dificuldades.
Para que esta manifestação não seja interpretada de forma errônea, vale aclarar a seguinte
questão. O inciso III do artigo 37 da Medida Provisória n° 2.229-43, de 06 de setembro de 2001, atribui ao Titular do
Cargo de Procurador Federal: (i) a competência para apurar a liquidez e certeza dos créditos, de qualquer natureza das
autarquias e fundações públicas federais, inerentes às suas atividades; bem como (ii) a competência para inscrevê-los
em dívida ativa, para fins de cobrança amigável ou judicial, como se pode constatar abaixo:
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Por isso mesmo, a Procuradoria-Geral Federal seria o órgão mais indicado para orientar a atuação da
autarquia, de modo a facilitar a inscrição em dívida e a cobrança judicial e extrajudicial do respectivo crédito , sob
pena de, se assim não for, restar caracterizada ineficácia no resultado final.
Logo, considerando o interesse comum das duas partes, autarquia e PGF, seria aconselhável a
providência de CPF de estrangeiro durante a constituição do crédito.
Portanto, fica consignada a orientação para que a ENAC, ao receber os processos, verifique a
existência de registo de CPF de estrangeiro. Caso contrário, que proceda à devolução dos autos à entidade, com a
recomendação e advertência da importância da inscrição do autuado no Cadastro Nacional de Pessoas Físicas. Neste
ponto, ressalta-se apenas que deve a Coordenação-Geral da ENAC orientar os procuradores para que atentem ao prazo
da prescrição, antes da devolução dos processos de constituição dos créditos para diligências, até porque, conforme já
apontado, não há obrigatoriedade de existência de CPF para a inscrição do crédito em dívida.
Finalmente, é importante registrar que não cabe a esta Coordenação informar, especificamente, os
procedimentos que devem ser adotados nos casos concretos, na medida em que – a despeito de possuir a incumbência
para proceder à orientação sobre ações gerais destinadas à recuperação de créditos – a CGCOB/PGF não dispõe de
competência específica para dizer o que deve ser feito em cada processo de execução. Esta análise precisa ser
efetuada pelo próprio Procurador atuante, que deverá buscar a melhor estratégia para garantir a eficiência jurídica
necessária.
Apenas como exemplo, colaciona-se alguns casos em que se optou por direcionar o processo ao
Departamento Internacional da Procuradoria-Geral da União (DAI) para auxílio na recuperação de créditos. (
Vide: NUP: 01300.003433/2020-57, NUP: 00407.005171/2013-85, entre outros)
Ante o exposto, e considerando o cerne da consulta, sugere-se que o Procurador oficiante solicite as
informações necessárias à ENAC, para que possa subsidiar a execução fiscal. Destaca-se a necessidade de pedido de
prazo alargado, considerando toda a tramitação que se fará necessária entre a ENAC e à autarquia.
Com essas considerações, retorno os autos ao Serviço de Apoio Administrativo da CGCOB/PGF, para
encaminhá-los à Divisão de Uniformização e Solução de Controvérsias - DUSC/CGCOB, com vistas à avaliação das
sugestões apresentadas neste Parecer e, se assim entender, para fazer devolvê-los à ENAC e à Equipe de Cobrança
Judicial da PRF1 para ciência e providências necessárias.
À consideração superior.
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Documento assinado eletronicamente por TATIANA CHRISTOFOLI MARTINS DELATORRES, de acordo com os
normativos legais aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível com o código 567450137
no endereço eletrônico http://sapiens.agu.gov.br. Informações adicionais: Signatário (a): TATIANA CHRISTOFOLI
MARTINS DELATORRES. Data e Hora: 11-02-2021 17:01. Número de Série: 17376500. Emissor: Autoridade
Certificadora SERPRORFBv5.
Documento assinado eletronicamente por MARIVALDO ANDRADE DOS SANTOS, de acordo com os normativos
legais aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível com o código 567450137 no endereço
eletrônico http://sapiens.agu.gov.br. Informações adicionais: Signatário (a): MARIVALDO ANDRADE DOS
SANTOS. Data e Hora: 18-02-2021 15:48. Número de Série: 4658398995644806383. Emissor: AC CAIXA PF v2.
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