DIREITO DO CONSUMIDOR e LGDP - CURSO RESIDENCIA 2023 - PROF. TATHIANE CAMPOS - FESUDEPERJ
DIREITO DO CONSUMIDOR e LGDP - CURSO RESIDENCIA 2023 - PROF. TATHIANE CAMPOS - FESUDEPERJ
DIREITO DO CONSUMIDOR e LGDP - CURSO RESIDENCIA 2023 - PROF. TATHIANE CAMPOS - FESUDEPERJ
1. Direito do consumidor Lei 8078/1990. Diálogo das fontes. Direitos básicos do consumidor. Responsabilidade civil. Fato e vício dos produtos e serviços. Riscos
do desenvolvimento. Teoria do desvio produtivo do consumidor. Desconsideração da personalidade jurídica no Código de Defesa do Consumidor. Proteção
contratual do consumidor. Contratos de plano e de seguro de saúde. Regulação da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). Empréstimos consignados.
Superendividamento do consumidor. Proteção administrativa do consumidor. Direito do consumidor e serviços públicos concedidos.
2. Proteção de dados pessoais Lei 13.709/2018. Princípios e fundamentos. Dados pessoais sensíveis. Dados pessoais de crianças e adolescentes. LGPD no setor
público. Lei de acesso à informação.
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INTRODUÇÃO
- FUNDAMENTO INFRACONSTITUCIONAL:
• Código de Defesa do Consumidor (CDC)
• TEORIA DO DIALÓGO DAS FONTES (art. 7º CDC) – “sempre que uma lei garantir algum direito para o consumidor, ela poderá se somar ao microssistema do CDC,
incorporando-se na tutela especial e tendo a mesma preferência no trato da relação de consumo.” (REsp 1037759)
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NORMAS CONSUMERISTAS
- Art. 1º CDC
• Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem
pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição
Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias.
• “As normas de proteção e defesa do consumidor têm índole de ordem pública e interesse
social. São, portanto, indisponíveis e inafastáveis, pois resguardam valores básicos e
fundamentais da ordem jurídica do Estado Social, daí a impossibilidade de o consumidor
delas abrir mão ex ante e no atacado.” (REsp 586316).
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• Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção
de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a
transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:
• I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
- Art. 4º, I, CDC - Fenômeno direito processual – inversão do ônus da prova (ope iudicis)
A) INVERSÃO OPE IUDICIS: determinada pelo juiz, a depender do caso concreto (art. 6º, VIII, CDC – REGRA DE INSTRUÇÃO)
• art. 6º. (...) VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz,
for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
• B) INVERSÃO OPE LEGIS: determinada pela própria lei, ou seja, opera-se automaticamente- REGRA DE JULGAMENTO- (3 situações):
(i) art. 12, §3º, CDC – fato do produto (cabe ao produtor provar que não causou o dano)
• Art. 12. § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar: I - que não colocou o produto no mercado;
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
• Art. 14. §3º. § 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II - a culpa
exclusiva do consumidor ou de terceiro.
• Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina.
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• - Princípio da Transparência/ Informação (Art. 4º, caput e III, CDC) – dever anexo (função integrativa boa-fé objetiva)
• Súmula 550-STJ: A utilização de escore de crédito, método estatístico de avaliação de risco que não constitui banco de dados, dispensa o consentimento
do consumidor, que terá o direito de solicitar esclarecimentos sobre as informações pessoais valoradas e as fontes dos dados considerados no respectivo
cálculo. - art. 5º, IV e 7, I, da Lei 12.414/2011 (Lei do Cadastro Positivo)
• OBS:
• CC/02 – Teoria da Imprevisão (art. 317 CC) – evento superveniente + imprevisível + comprometa o valor da prestação de uma das partes
• CDC – Teoria da Quebra da Base Objetiva do Contrato – fato superveniente + parcela excessivamente onerosa
• OBS:
• CONVENÇÃO DE MONTREAL (indenização tarifada) X CDC (reparação integral) -------- INF. 866 STF e INF.
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• OBS:
• CONVENÇÃO DE MONTREAL (indenização tarifada) X CDC (reparação integral) -------- INF. 866 STF e INF.
• INF. 866 STF (REPERCUSSÃO GERAL – TEMA 210 – DJ 25/05/2017):
• “Nos termos do art. 178 da CRFB, as normas e os Tratados Internacionais limitadores de responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros,
especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor.”
• ............................................................................
• “É possível a limitação, por legislação internacional especial, do direito do passageiro à indenização por danos materiais decorrentes do extravio da
bagagem.”
• E QUANTO AOS DANOS MORAIS? TBM SE APLICAM AS LIMITAÇÕES PREVISTAS NAS CONVENÇÕES? NÃO
• INF. 673 (Resp. 1.842.066- DJ 09/06/2020):
• As indenizações por danos morais decorrentes de extravio de bagagem e de atraso de voo internacional não estão submetidas à tarifação prevista na
Convenção de Montreal, devendo-se observar, nesses casos, a efetiva reparação do consumidor preceituada pelo CDC.
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CONCEITO DE CONSUMIDOR
• Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.
• 03 TEORIAS:
CONCEITO DE CONSUMIDOR
(i) TEORIA MAXIMALISTA: destinatário final é todo aquele consumidor que adquire o produto para o seu uso, independente
da destinação econômica conferida ao mesmo. Tal teoria confere uma interpretação abrangente ao artigo 2° do CDC,
podendo o consumidor ser tanto uma pessoa física que adquire o bem para o seu uso pessoal quanto uma grande
indústria, que pretende conferir ao bem adquirido desdobramentos econômicos, ou seja, utilizá-lo nas suas atividades
produtivas.
(i) TEORIA FINALISTA (SUBJETIVISTA): destinatário final é todo aquele que utiliza o bem como consumidor final, de fato e
econômico. De fato porque o bem será para o seu uso pessoal, consumidor final econômico porque o bem adquirido não
será utilizado ou aplicado em qualquer finalidade produtiva, tendo o seu ciclo econômico encerrado na pessoa do
adquirente (utiliza o bem para seu uso pessoal – de modo não profissional).
• Logo, destinatário final é aquele que RETIRA O BEM DO MERCADO DE CONSUMO! (Claudia Lima Marques)
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CONCEITO DE CONSUMIDOR
• CRÍTICAS:
• A teoria maximalista é criticada pela sua excessiva abrangência, uma vez que o CDC se destinaria à defesa dos
consumidores hipossuficientes e vulneráveis.
• Por outro lado, a teoria finalista é atacada por ser muito restritiva, excluindo de sua incidência figuras da relação de
consumo que também poderiam ser consideradas hipossuficientes, como a pequena empresa e o profissional liberal.
(i) TEORIA FINALISTA MITIGADA ou APROFUNDADA (STJ): considera-se consumidor tanto a pessoa que adquire para o uso
pessoal quanto os profissionais liberais e os pequenos empreendimentos que conferem ao bem adquirido a participação
no implemento de sua unidade produtiva, desde que, nesse caso, demonstrada a VULNERABILIDADE, sob pena da relação
estabelecida passar a ser regida pelo Código Civil.
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CONCEITO DE CONSUMIDOR
• STJ. TERCEIRA TURMA. RECURSO ESPECIAL Nº 1195642. REL. MIN. NANCY ANDRIGHI. DJE DATA:21/11/2012 RDDP VOL.:00120
PG:00135 RJP VOL.:00049 PG:00156 ..DTPB. EMENTA: CONSUMIDOR. DEFINIÇÃO. ALCANCE. TEORIA FINALISTA. REGRA. MITIGAÇÃO.
FINALISMO APROFUNDADO. CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO. VULNERABILIDADE. 1. A jurisprudência do STJ se encontra
consolidada no sentido de que a determinação da qualidade de consumidor deve, em regra, ser feita mediante aplicação da teoria
finalista, que, numa exegese restritiva do art. 2º do CDC, considera destinatário final tão somente o destinatário fático e econômico
do bem ou serviço, seja ele pessoa física ou jurídica. 2. Pela teoria finalista, fica excluído da proteção do CDC o consumo
intermediário, assim entendido como aquele cujo produto retorna para as cadeias de produção e distribuição, compondo o custo (e,
portanto, o preço final) de um novo bem ou serviço. Vale dizer, só pode ser considerado consumidor, para fins de tutela pela Lei nº
8.078/90, aquele que exaure a função econômica do bem ou serviço, excluindo-o de forma definitiva do mercado de consumo. 3. A
jurisprudência do STJ, tomando por base o conceito de consumidor por equiparação previsto no art. 29 do CDC, tem evoluído para
uma aplicação temperada da teoria finalista frente às pessoas jurídicas, num processo que a doutrina vem denominando finalismo
aprofundado, consistente em se admitir que, em determinadas hipóteses, a pessoa jurídica adquirente de um produto ou serviço
pode ser equiparada à condição de consumidora, por apresentar frente ao fornecedor alguma vulnerabilidade, que constitui o
princípio-motor da política nacional das relações de consumo, premissa expressamente fixada no art. 4º, I, do CDC, que legitima
toda a proteção conferida ao consumidor.
Defensoria RJ | RESIDÊNCIA 2023
CONCEITO DE CONSUMIDOR
• Art. 2º. (...) Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
• Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do
evento.
• Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as
pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.
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- Aquele que coloca no mercado de consumo prod/serviço assume os riscos da atividade econômica por ele desempenhada,
na medida em que aufere lucros de tal atividade. (TEORIA DO RISCO DA ATIVIDADE/EMPREENDIMENTO)
- Dever de garantir a qualidade e segurança dos produtos e serviços colocados no mercado de consumo.
• Art. 4º. A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito
à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a
transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:
• d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho.
Defensoria RJ | RESIDÊNCIA 2023
- Responsabilidade Civil Subjetiva (sem inversão do ônus da prova) – cabe - CULPA IMPRÓPRIA (CULPA PRESUMIDA) – a responsabilidade civil
ao consumidor demonstrar a falha na prestação do serviço. continua sendo SUBJETIVA, porém, haverá a inversão do ônus da prova.
• CUIDADO: A responsabilidade SUBJETIVA é apensas do médico. A responsabilidade civil do HOSPITAL será OBJETIVA!
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• “A responsabilidade dos hospitais, no que tange à atuação dos médicos contratados que neles laboram,
é subjetiva, dependendo da demonstração de culpa do profissional, não se podendo, portanto, excluir a
culpa do médico e responsabilizar objetivamente o hospital. Assim, a responsabilidade do hospital
somente se configura quando comprovada a culpa do médico integrante de seu corpo plantonista,
conforme a teoria de responsabilidade subjetiva dos profissionais liberais abrigada pelo CDC. Vale
ressaltar que, comprovada a culpa do médico, restará caracterizada a responsabilidade objetiva do
hospital.” STJ. 3ª Turma. REsp 1579954/MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 08/05/2018.
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• Ex: Soro Contaminado – Ausência de responsabilidade do Hospital - REsp 1556973/PE - quando a contaminação ocorre nas etapas de fabricação do
produto, a responsabilidade por danos causados aos consumidores em razão da sua utilização é exclusiva do fabricante e não do hospital- fato
exclusivo de terceiro (art. 14, §3º, II, CDC – contaminação por falha exclusivamente do fabricante)
• B) os atos técnicos praticados pelos médicos sem vínculo de emprego ou subordinação com o hospital são imputados ao profissional
pessoalmente, eximindo-se a entidade hospitalar de qualquer responsabilidade (art. 14, § 4, do CDC), se não concorreu para a ocorrência do dano;
C) quanto aos atos técnicos praticados de forma defeituosa pelos profissionais da saúde vinculados de alguma forma ao hospital, respondem
solidariamente a instituição hospitalar e o profissional responsável, apurada a sua culpa profissional. Nesse caso, o hospital é responsabilizado
indiretamente por ato de terceiro, cuja culpa deve ser comprovada pela vítima de modo a fazer emergir o dever de indenizar da instituição, de
natureza absoluta (arts. 932 e 933 do CC), sendo cabível ao juiz, demonstrada a hipossuficiência do paciente, determinar a inversão do ônus da
prova (art. 6º, VIII, do CDC).
• STJ. 4ª Turma. REsp 1145728/MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Rel. p/ Acórdão Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 28/06/2011.
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• Súmula n. 302 STJ: É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo a internação hospitalar do segurado.
• Súmula n. 469 STJ: Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde.
• Súmula n. 597 STJ: A cláusula contratual de plano de saúde que prevê carência para utilização dos serviços de assistência médica nas
situações de emergência ou de urgência é considerada abusiva se ultrapassado o prazo máximo de 24 horas contado da data da
contratação.
• Súmula n. 608 STJ: Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde, salvo os administrados por entidades de
autogestão.
• Súmula n. 609 STJ: A recusa de cobertura securitária, sob a alegação de doença preexistente, é ilícita se não houve a exigência de exames
médicos prévios à contratação ou a demonstração de má-fé do segurado.
Defensoria RJ | RESIDÊNCIA 2023
• Súmula n. 209 TJ/RJ : Enseja dano moral a indevida recusa de internação ou serviços hospitalares, inclusive home care, por parte do seguro
saúde somente obtidos mediante decisão judicial.
• Súmula n. 210 TJ/RJ: Para o deferimento da antecipação da tutela contra seguro saúde, com vistas a autorizar internação, procedimento
cirúrgico ou tratamento, permitidos pelo contrato, basta indicação médica, por escrito, de sua necessidade.
• Súmula n. 338 TJ/RJ: É abusiva a cláusula contratual que exclui tratamento domiciliar quando essencial para garantir a saúde e a vida do
segurado.
• Súmula n. 339 TJ/RJ: A recusa indevida ou injustificada, pela operadora de plano de saúde, de autorizar a cobertura financeira de
tratamento médico enseja reparação a título de dano moral.
• Súmula n. 341 TJ/RJ: É abusiva a recusa pelo plano de saúde, ressalvadas hipóteses de procedimentos eminentemente estéticos, ao
fornecimento de próteses penianas e mamárias imprescindíveis ao efetivo sucesso do tratamento médico coberto.
Defensoria RJ | RESIDÊNCIA 2023
- COBERTURA:
• Art. 10. É instituído o plano-referência de assistência à saúde, com cobertura assistencial médico-ambulatorial e hospitalar, compreendendo partos e tratamentos,
realizados exclusivamente no Brasil, com padrão de enfermaria, centro de terapia intensiva, ou similar, quando necessária a internação hospitalar, das doenças listadas
na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, da Organização Mundial de Saúde, respeitadas as exigências mínimas
estabelecidas no art. 12 desta Lei, exceto:
• I - tratamento clínico ou cirúrgico experimental;
• II - procedimentos clínicos ou cirúrgicos para fins estéticos, bem como órteses e próteses para o mesmo fim;
• III - inseminação artificial;
• IV - tratamento de rejuvenescimento ou de emagrecimento com finalidade estética
• V - fornecimento de medicamentos importados não nacionalizados;
• VI - fornecimento de medicamentos para tratamento domiciliar, ressalvado o disposto nas alíneas ‘c’ do inciso I e ‘g’ do inciso II do art. 12;
• VII - fornecimento de próteses, órteses e seus acessórios não ligados ao ato cirúrgico
• ....
• PERGUNTA: O PLANO DE SAÚDE É OBRIGADO A COBRIR TRATAMENTOS NÃO PREVISTOS EXPRESSAMENTE NA LISTA DA ANS?
Defensoria RJ | RESIDÊNCIA 2023
• ANTES: STJ tinha decidido que o rol dos procedimentos autorizados pela ANS era TAXATIVO, razão pela qual os planos de saúde – via de regra- não precisariam custeá-los.
• ATUALMENTE: Lei n. 14.454/22 passou a prever que o rol de procedimentos aprovados pela ANS é meramente exemplificativo.
• No tocante a alegação de que o tratamento pretendido não se encontra incluído no rol de procedimentos e eventos em saúde da ANS e que, portanto, não
teria cobertura obrigatória por parte da operadora de plano de saúde, cumpre observar a Lei n° 14.454, de 21 de setembro de 2022, que “altera a Lei nº 9.656,
de 3 de junho de 1998, que dispõe sobre os planos privados de assistência à saúde, para estabelecer hipóteses de cobertura de exames ou tratamentos de
saúde que não estão incluídos no rol de procedimentos e eventos em saúde suplementar”.
• “Art. 10.
• § 12. O rol de procedimentos e eventos em saúde suplementar, atualizado pela ANS a cada nova incorporação, constitui a referência básica para os planos privados de
assistência à saúde contratados a partir de 1º de janeiro de 1999 e para os contratos adaptados a esta Lei e fixa as diretrizes de atenção à saúde.
• § 13. Em caso de tratamento ou procedimento prescrito por médico ou odontólogo assistente que não estejam previstos no rol referido no § 12 deste artigo, a
cobertura deverá ser autorizada pela operadora de planos de assistência à saúde, desde que:
• I - exista comprovação da eficácia, à luz das ciências da saúde, baseada em evidências científicas e plano terapêutico; ou
• II - existam recomendações pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), ou exista recomendação de, no mínimo, 1
(um) órgão de avaliação de tecnologias em saúde que tenha renome internacional, desde que sejam aprovadas também para seus nacionais.”
Defensoria RJ | RESIDÊNCIA 2023
• ANTES: STJ tinha decidido que o rol dos procedimentos autorizados pela ANS era TAXATIVO, razão pela qual os planos de saúde – via de regra- não precisariam custeá-los.
• ATUALMENTE: Lei n. 14.454/22 passou a prever que o rol de procedimentos aprovados pela ANS é meramente exemplificativo.
• NOVO ENTENDIMENTO DO STJ: (efeito backlash)
• CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. PLANO DE SAÚDE. COBERTURA DE TRATAMENTO QUE
NÃO CONSTA NO ROL DA ANS. SITUAÇÃO EXCEPCIONAL. RECUSA INDEVIDA. DANOS MORAIS DEMONSTRADOS NAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. REEXAME DE PROVAS. INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 7 DO STJ.
DECISÃO MANTIDA. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO. (STJ - AgInt no REsp 2040629 / DF, AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL 2022/0372224-6, RELATOR Ministro MOURA RIBEIRO, ÓRGÃO
JULGADOR: T3 - TERCEIRA TURMA, DATA DO JULGAMENTO: 06/03/2023, DATA DA PUBLICAÇÃO Dje 09/03/2023)
• .............
• 2. A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça reafirmou a jurisprudência no sentido do caráter meramente exemplificativo do rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS),
reputando abusiva a negativa da cobertura, pelo plano de saúde, do tratamento considerado apropriado para resguardar a saúde e a vida do paciente.
• 3. A jurisprudência desta Corte Superior reconhece a possibilidade de o plano de saúde estabelecer as doenças que terão cobertura, mas não o tipo de tratamento utilizado para a cura de cada uma delas.
•
4. É abusiva a negativa da cobertura, pelo plano de saúde, de tratamento/medicamento considerado apropriado para resguardar a saúde e a vida do paciente.
•
5. O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido de que, tendo se caracterizado a recusa indevida de cobertura pelo plano de saúde, deve ser reconhecido o direito à indenização por danos
morais, pois tal fato agrava a situação de aflição psicológica e de angústia no espírito do usuário, já abalado e com a saúde debilitada. (STJ - AgInt no REsp 1976123 / DF, AGRAVO INTERNO NO RECURSO
ESPECIAL 2021/0384772-5, RELATOR Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, ÓRGÃO JULGADOR: T3 - TERCEIRA TURMA, DATA DO JULGAMENTO: 28/11/2022, DATA DA PUBLICAÇÃO Dje 09/12/2022)
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- DOENÇA PREEXISTENTE:
• Art. 11. É vedada a exclusão de cobertura às doenças e lesões preexistentes à data de contratação dos produtos de que
tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei após vinte e quatro meses de vigência do aludido instrumento contratual,
cabendo à respectiva operadora o ônus da prova e da demonstração do conhecimento prévio do consumidor ou beneficiário
• Súmula n. 609 STJ: A recusa de cobertura securitária, sob a alegação de doença preexistente, é ilícita se não houve a
exigência de exames médicos prévios à contratação ou a demonstração de má-fé do segurado.
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- CARÊNCIA:
• Art. 12. São facultadas a oferta, a contratação e a vigência dos produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei,
nas segmentações previstas nos incisos I a IV deste artigo, respeitadas as respectivas amplitudes de cobertura definidas no
plano-referência de que trata o art. 10, segundo as seguintes exigências mínimas:
• V - quando fixar períodos de carência:
• a) prazo máximo de trezentos dias para partos a termo;
• b) prazo máximo de cento e oitenta dias para os demais casos;
• c) prazo máximo de vinte e quatro horas para a cobertura dos casos de urgência e emergência;
• .....
• Art. 35-C. É obrigatória a cobertura do atendimento nos casos:
• I - de emergência, como tal definidos os que implicarem risco imediato de vida ou de lesões irreparáveis para o paciente, caracterizado em
declaração do médico assistente;
• II - de urgência, assim entendidos os resultantes de acidentes pessoais ou de complicações no processo gestacional.
• III - de planejamento familiar.
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• STJ:
• Os trabalhadores demitidos sem justa causa têm direito a manter, pelo período máximo de 24 meses, o plano de saúde com as mesmas condições que
gozavam durante o contrato de trabalho, desde que assumam o pagamento integral da contribuição.
• O empregado, ao ser demitido sem justa causa, deve ser expressamente comunicado pelo ex-empregador do seu direito de permanecer no plano.
Enquanto não for informado e não passar o prazo de opção, ele não poderá ser desligado do plano.
• STJ. 3ª Turma. REsp 1237054-PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 22/4/2014 (Info 542)
• OBS:
• Não se garante ao ex-empregado o direito à manutenção de plano de saúde vigente durante o contrato de trabalho quando há rescisão de contrato de
plano de saúde coletivo entre a empregadora estipulante e a operadora (AgInt no REsp 1879071/SP, DJe 30/11/2020)
Defensoria RJ | RESIDÊNCIA 2023
- AUSÊNCIA DE DIREITO DE PERMANÊNCIA PLANO DE SAÚDE – CANCELAMENTO PLANO EMPRESARIAL PELA EMPRESA:
• “Art. 30. Ao consumidor que contribuir para produtos de que tratam o inciso I e o § 1º do art. 1º desta Lei, em decorrência de vínculo empregatício, no
caso de rescisão ou exoneração do contrato de trabalho sem justa causa, é assegurado o direito de manter sua condição de beneficiário, nas mesmas
condições de cobertura assistencial de que gozava quando da vigência do contrato de trabalho, desde que assuma o seu pagamento integral.”
• STJ:
• Não se garante ao ex-empregado o direito à manutenção de plano de saúde vigente durante o contrato de trabalho quando há rescisão de contrato de
plano de saúde coletivo entre a empregadora estipulante e a operadora (AgInt no REsp 1879071/SP, DJe 30/11/2020).
• ............................................
• Nas hipóteses de cancelamento de contrato de plano de saúde coletivo firmado entre a seguradora e a ex-empregadora do beneficiário, não há
fundamento legal para obrigar o plano de saúde a manter o ex-empregado no contrato coletivo extinto, com as mesmas condições e valores
anteriormente vigentes. Todavia, o beneficiário pode fazer a migração para plano de saúde na modalidade individual ou familiar, sem cumprimento de
novos prazos de carência, desde que se submeta às novas regras e encargos inerentes a essa modalidade contratual (AgInt nos EDcl no REsp 1784934/SP,
DJe 29/10/2020).
Defensoria RJ | RESIDÊNCIA 2023
• A operadora de plano de saúde tem o dever de cobrir parto de urgência, por complicações no processo gestacional, ainda que o plano tenha
sido contratado na segmentação hospitalar sem obstetrícia.
• STJ. 3ª Turma. REsp 1947757-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 08/03/2022 (Info 728).
• É ilegal a cobrança, pelo plano de saúde, de coparticipação em forma de percentual no caso de internação domiciliar não alusiva a tratamento
psiquiátrico. A contratação de coparticipação para tratamento de saúde, seja em percentual ou seja em montante fixo, desde que não
inviabilize o acesso ao serviço de saúde é legal (válida). Todavia, em regra, é vedada a cobrança de coparticipação apenas em forma de
percentual nos casos de internação. A exceção são os eventos relacionados à saúde mental. STJ. 3ª Turma. REsp 1947036-DF, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 22/02/2022 (Info 727).
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• 3) NECESSÁRIA NOTIFICAÇÃO DO CONSUMIDOR INADIMPLENTE ANTES DE PROCEDER O CANCELAMENTO DO PLANO POR INADIMPLEMENTO:
• Diante do inadimplemento do pagamento da mensalidade, o plano de saúde deverá notificar o segurado para regularizar o débito e informar os meios
hábeis para a realização do pagamento, tal como o envio do boleto ou a inserção da mensalidade em atraso na próxima cobrança.
• STJ. 3ª Turma. REsp 1.887.705-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, Rel. Acd. Min. Moura Ribeiro, julgado em 14/09/2021.
• REGRA: em regra, os planos de saúde não são obrigados a fornecer medicamentos para tratamento domiciliar.
• c) outros fármacos incluídos pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) no rol de fornecimento obrigatório.
• STJ. 3ª Turma. REsp 1692938/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 27/04/2021 (Info 694).
Defensoria RJ | RESIDÊNCIA 2023
• 5) É ilícita a conduta da operadora de plano de saúde que nega a inscrição de recém-nascido no plano de saúde de titularidade de avô, sendo a genitora
dependente/beneficiária desse plano:
• Inicialmente, caso o consumidor queira, a operadora é obrigada a inscrever o recém-nascido, filho de dependente e neto do titular, no plano de saúde,
na condição de dependente, quando houver requerimento administrativo (art. 12, III, b c/c art. 21 Lei Plano de Saúde).
• Ainda que o recém-nascido NÃO se inscrevesse como dependente, o plano estaria obrigado a custear seu tratamento pelo prazo de 30 dias, nos termos
do art. 12, III, c, da Lei, Ademais, caso o neonato não se recupere em 30 dias a contar do parto do beneficiário do plano, ainda assim será abusiva a
atitude da operadora que tenta descontinuar o custeio de internação do neonato. O recém-nascido sem inscrição no plano de saúde não pode ficar ao
desamparo enquanto perdurar sua terapia, sendo sua situação análoga à do beneficiário sob tratamento médico, cujo plano coletivo foi extinto. STJ. 3ª
Turma. REsp 2.049.636-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 25/4/2023 (Info 773).
• “A cobertura de internação domiciliar, em substituição à internação hospitalar, deve abranger os insumos necessários para garantir a efetiva assistência
médica ao beneficiário - insumos a que ele faria jus caso estivesse internado no hospital -, sob pena de desvirtuamento da finalidade do atendimento em
domicílio, de comprometimento de seus benefícios e da sua subutilização enquanto tratamento de saúde substitutivo à permanência em hospital.” STJ.
3ª Turma. REsp 2017759-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/2/2023 (Info 765).
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VÍCIO NO PRODUTO:
• OBS:
• Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos produtos e serviços não o exime de responsabilidade.
• Art. 18. (...) § 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
• I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
• II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
• III - o abatimento proporcional do preço.
• § 2° Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta
dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor.
•
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VÍCIO NO PRODUTO:
• DOUTRINA :
• O produto essencial é aquele que possui importância para as atividades cotidianas do consumidor não sendo razoável exigir que o consumidor deixe seu produto essencial
para conserto pelo prazo de 30 dias, quando o bem é fundamental para desenvolver suas atividades. (BENJAMIM, MARQUES, BESSA, 2007)
• JURISPRUDÊNCIA:
VÍCIO NO PRODUTO:
• SERVIÇO PÚBLICO:
• Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são
obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
• Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a
cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste código.
• OBS 1: RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO: art 37, §6º, CRFB c/c art. 22 CDC (caso de falha na prestação serviço público- responsab. Civil OBJETIVA)
• OBS3: PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO ESSENCIAL: atrelado ao p. constitucional da dignidade da pessoa humana (mínimo existencial)
• PERGUNTA:
• - Pode a concessionária de abastecimento de água CORTAR o fornecimento de tal serviço essencial por ausência de pagamento do usuário?
CONFLITO APARENTE DE NORMAS: ART. 22 CDC X ART 6º, §3º, LEI 8987
•
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VÍCIO NO PRODUTO:
§ 4º A interrupção do serviço na hipótese prevista no inciso II do § 3º deste artigo não poderá iniciar-se na sexta-feira, no
sábado ou no domingo, nem em feriado ou no dia anterior a feriado. (Incluído pela Lei nº 14.015, de 2020)
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VÍCIO NO PRODUTO:
• SERVIÇO PÚBLICO: PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO ESSENCIAL
• PERGUNTA: Pode a concessionária de abastecimento de água CORTAR o fornecimento de tal serviço essencial por ausência de pagamento do usuário?
VÍCIO NO PRODUTO:
• PRAZO DECADENCIAL PARA RECLAMAR O VÍCIO NO PRODUTO:
• Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:
• § 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços.
• § 2° Obstam a decadência:
• I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser
transmitida de forma inequívoca;
• II - (Vetado).
• III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.
• VÍCIO OCULTO:
• § 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito.
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• Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de
culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem,
fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre
sua utilização e riscos.
•
RESPONSABILIDADE OBJETIVA
• Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:
• Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do
serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do
dano e de sua autoria.
•
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DIREITO DE ARREPENDIMENTO
• Art. 49 CDC:
• Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de
recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora
do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.
• Requisitos:
DIREITO DE ARREPENDIMENTO
• ATENÇÃO: Lei n. 14.010/2020: SUSPENDEU o direito de arrependimento para certas atividades no período da pandemia (COVID-19)
• Art. 8º Até 30 de outubro de 2020, fica suspensa a aplicação do art. 49 do Código de Defesa do Consumidor na
hipótese de entrega domiciliar (delivery) de produtos perecíveis ou de consumo imediato e de medicamentos.
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Questão de Prova
• CASO CONCRETO:
• Joana, residente na comunidade Babilônia, trabalha como cabelereira em um cômodo improvisado em sua casa para sustentar seus quatro filhos.
• No dia 01/04/2023, Joana comprou um secador da TAIFF no valor de R$ 299,00 reais, no site das Lojas Americanas, para melhorar a qualidade da sua atividade de
cabelereira, sendo este entregue no dia 10/04/2023. Contudo, nesse meio tempo ganhou um sorteio na Comunidade de Moradores recebendo um secador profissional e
uma chapinha profissional.
• Dessa forma, no dia 11/04/2023, Joana se dirige a loja física da ré para trocar o secador por outro produto sendo informada que tal ato não poderia ser realizado porque:
(i) a compra foi realizada online; (ii) não existe o direito de trocar produto que está em perfeito estado de funcionamento e, (iii) a fornecedora encontra-se em recuperação
judicial desde janeiro/23, sendo proibida a devolução de valores ou cancelamento de compras.
• Joana se dirige à Defensoria Pública do Estado de São Paulo no dia 14/04/2023 para saber se existe algum mecanismo para cancelar sua compra, eis que esse valor fará
muita diferença nos seus gastos mensais.
•
• A) Joana pode ser considerada como consumidora? Qual conceito de consumidor adotado pelo ordenamento jurídico pátrio?
•
• B) Existe algum mecanismo jurídico para Joana reaver o valor da compra?
•
• C) Existe o direito a troca de produto em perfeita condição de uso (sem qualquer vício)?
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Questão de Prova
• CASO CONCRETO:
• Joana, residente na comunidade Babilônia, trabalha como cabelereira em um cômodo improvisado em sua casa para sustentar seus quatro filhos.
• No dia 01/04/2023, Joana comprou um secador da TAIFF no valor de R$ 299,00 reais, no site das Lojas Americanas, para melhorar a qualidade da sua atividade de
cabelereira, sendo este entregue no dia 10/04/2023. Contudo, nesse meio tempo ganhou um sorteio na Comunidade de Moradores recebendo um secador profissional e
uma chapinha profissional.
• Dessa forma, no dia 11/04/2023, Joana se dirige a loja física da ré para trocar o secador por outro produto sendo informada que tal ato não poderia ser realizado porque:
(i) a compra foi realizada online; (ii) não existe o direito de trocar produto que está em perfeito estado de funcionamento e, (iii) a fornecedora encontra-se em recuperação
judicial desde janeiro/23, sendo proibida a devolução de valores ou cancelamento de compras.
• Joana se dirige à Defensoria Pública do Estado de São Paulo no dia 14/04/2023 para saber se existe algum mecanismo para cancelar sua compra, eis que esse valor fará
muita diferença nos seus gastos mensais.
•
• A) Joana pode ser considerada como consumidora? Qual conceito de consumidor adotado pelo ordenamento jurídico pátrio? SIM, Joana preenche os requisitos elencados
pela TEORIA FINALISTA MITIGADA para caracterizar-se como consumidora, devendo ser aplicável ao caso em tela a legislação consumerista, nos termos da jurisprudência
pacífica do Superior Tribunal de Justiça.
•
• B) Existe algum mecanismo jurídico para Joana reaver o valor da compra? Joana adquiriu o bem de consumo à distância, uma vez que efetuou a compra pela internet (site
da loja comerciante). Dessa forma, aplicável ao caso o instituto do direito de arrependimento previsto no art. 49 do Código de Defesa do Consumidor.
• C) Existe o direito a troca de produto em perfeita condição de uso (sem qualquer vício)? Em regra não, somente se o fornecedor assim prever em cláusula contratual. O
CDC somente prevê o direito de troca de produto viciado, nos termos do art. 18, §1º. Repare que, no caso em tela, o produto adquirido por Joana estava em perfeito
estado de funcionamento, ou seja, não apresentava qualquer vício de adequação que pudesse justificar a troca do produto ou o cancelamento da compra, nos moldes
previstos no art. 18 do Código de Defesa do Consumidor.
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- Art. 30 CDC:
• Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com
relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o
contrato que vier a ser celebrado.
• Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá,
alternativamente e à sua livre escolha:
• I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade;
• II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;
• III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e
danos.
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(i) induz o consumidor a gastar o seu tempo vital para solucionar o problema;
(ii) induz o consumidor a adiar algumas atividades existenciais;
(iii) desvia a rotina e planos do consumidor;
(iv) faz com que o consumidor assuma os deveres e custos que na verdade são do fornecedor
- Ag Resp. 1.260.458 STJ e Apelação Cível 0024656-53.2018.8.19.0206 TJRJ – LIGHT (TOI) (nov/2019)
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T.O.I.
• - LIGHT (concessionária de serviço público ESSENCIAL) – art. 37, §6º, CF e art. 22 CDC
• SÚMULA nº 254 TJRJ: “Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor à relação jurídica contraída entre
usuário e concessionária."
• - Relação Jurídica Consumerista Peculiar – Tutela Jurídica Diferenciada (Cláudia Lima Marques):
T.O.I.
• ACP - apelação cível nº 0108775-92.2009.8.19.0001 (7ª Câmara Cível TJ/RJ – irregularidade cobrança TOI)
• Lei Estadual nº 7.790/2018: VEDA a cobrança de valores decorrentes da lavratura do (TOI) na mesma conta, fatura ou boleto bancário, no
qual se remunere o serviço, no âmbito do Estado do Rio de Janeiro.
• SÚMULA nº. 256 TJ/RJ: "O termo de ocorrência de irregularidade, emanado de concessionária, NÃO ostenta o atributo da presunção de
legitimidade, ainda que subscrito pelo usuário.“
• SÚMULA nº. 192 TJ/RJ: "A indevida interrupção na prestação de serviços essenciais de água, energia elétrica, telefone e gás configura dano
moral.“
• Apelação Cível n. 0024656-53.2018.8.19.0206- 21ª Câmara Cível TJRJ – DANO TEMPORAL (TOI)
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T.O.I.
- JURISPRUDÊNCIA TJ/RJ: Para que seja caracterizada a irregularidade na conduta do consumidor, a simples lavratura do Termo de
Ocorrência de Irregularidade - TOI - não se revela suficiente, já que confeccionado com base em inspeção unilateral. Sem a devida
constatação de fraude por perícia oficial, não se justifica a imputação de débito a título de recuperação de consumo, configurando tal
conduta falha na prestação do serviço e dano moral in re ipsa.
• DIREITO DO CONSUMIDOR. CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO. ENERGIA ELÉTRICA. TERMO DE OCORRÊNCIA DE IRREGULARIDADE (T.O.I.). COBRANÇA. CONTRADITÓRIO.
AMPLA DEFESA. SÚMULA 256 DO PJERJ. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA. EXCLUDENTES. DANO MORAL.
• 1- A relação jurídica estabelecida entre as partes encontra seu fundamento nas normas previstas no Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990).
• 2-A concessionária amolda-se ao conceito de fornecedor contido no referido diploma legal (art. 3º, caput e §2º do CDC), porquanto presta serviço público de natureza essencial.
• 3-Ao exercer atividade no campo do fornecimento de bens e serviços, tem o fornecedor o dever de responder pelos fatos e vícios resultantes do empreendimento,
independentemente de culpa, eximindo-se somente se houver prova da ocorrência de uma das causas de exclusão do nexo causal.
• 4- Inegável a responsabilidade da concessionária de fiscalizar e manter a segurança do fornecimento do serviço de energia elétrica.
• 5- Contudo, para que seja caracterizada a irregularidade na conduta do consumidor, a simples lavratura do Termo de Ocorrência de Irregularidade - TOI - não se revela suficiente, já
que confeccionado com base em inspeção unilateral, afastada, sobretudo, dos princípios do contraditório e da ampla defesa.
• 6-Dispõe o enunciado nº 256 da súmula da jurisprudência dominante do PJERJ: "O termo de ocorrência de irregularidade, emanado de concessionária, não ostenta o atributo da
presunção de legitimidade, ainda que subscrito pelo usuário".
• 7-Sem a devida constatação de fraude por perícia oficial, não se justifica a imputação de débito a título de recuperação de consumo, configurando tal conduta falha na prestação do
serviço. 8- Dano moral in re ipsa, cuja verba deve ser fixada em patamar compatível com os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, bem como ao caráter punitivo-
pedagógico.
• (TJRJ. 0007400- 07.2021.8.19.0202 – APELAÇÃO - Des(a). MILTON FERNANDES DE SOUZA - Julgamento: 26/07/2022 - QUINTA CÂMARA CÍVEL)
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SUPERENDIVIDAMENTO
• Segundo Claudia Lima Marques, superendividamento pode ser definido:
• “como impossibilidade global do devedor-pessoa física, consumidor, leigo e de boa-fé, de pagar todas as suas dívidas atuais e futuras de
consumo (excluídas as dívidas com o Fisco, oriundas de delitos e alimentos) em um tempo razoável com sua capacidade atual de rendas e
patrimônio”
• De acordo com a doutrina, o fenômeno do SUPERENDIVIDAMENTO pode ser classificado da seguinte forma:
• 1) SUPERENDIVIDAMENTO ATIVO:
• A.1. CONSCIENTE: Consumidor de má-fé que contrai dívidas, sabendo que restará impossibilitado de quitá-las, com intenção deliberada de fraudar os
credores.
• A.2. INCONSCIENTE: Consumidor que agiu de modo impulsivo, de forma imprudente e desprovido de malícia, se omitindo em fiscalizar seus gastos (“gastou
mais do que deveria”).
• 2) SUPERNDIVIDAMENTO PASSIVO: Consumidor que se endivida involuntariamente. É afetado por fatores externos, como desemprego, doença, morte,
divórcio, nascimento, necessidade de empréstimos, redução de remuneração.
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SUPERENDIVIDAMENTO
• Ex:
• Art. 6º, XI, XII, XIII, CDC (novos direitos básicos do consumidor)
SUPERENDIVIDAMENTO
• - Art. 4º, IX e X e art. 5º VI e VII CDC (novos princípios e instrumentos da PNRC)
• Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses
econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:
• Art. 5° Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo, contará o poder público com os seguintes instrumentos, entre outros:
• VI - instituição de mecanismos de prevenção e tratamento extrajudicial e judicial do superendividamento e de proteção do consumidor pessoa natural;
• - Art. 6º, XI, XII, XIII, CDC (novos direitos básicos do consumidor)
• XI - a garantia de práticas de crédito responsável, de educação financeira e de prevenção e tratamento de situações de superendividamento, preservado o mínimo existencial, nos termos da
regulamentação, por meio da revisão e da repactuação da dívida, entre outras medidas;
• XII - a preservação do mínimo existencial, nos termos da regulamentação, na repactuação de dívidas e na concessão de crédito;
• XIII - a informação acerca dos preços dos produtos por unidade de medida, tal como por quilo, por litro, por metro ou por outra unidade, conforme o caso
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SUPERENDIVIDAMENTO
• Art. 51, XVII e XVIII, CDC (inseriu novas cláusulas abusivas)
• Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
• XVII - condicionem ou limitem de qualquer forma o acesso aos órgãos do Poder Judiciário;
• XVIII - estabeleçam prazos de carência em caso de impontualidade das prestações mensais ou impeçam o restabelecimento integral dos direitos do consumidor e de seus meios de pagamento a partir
da purgação da mora ou do acordo com os credores;
• Art. 54-A. Este Capítulo dispõe sobre a prevenção do superendividamento da pessoa natural, sobre o crédito responsável e sobre a educação financeira do consumidor.
• § 1º Entende-se por superendividamento a impossibilidade manifesta de o consumidor pessoa natural, de boa-fé, pagar a totalidade de suas dívidas de consumo, exigíveis e
vincendas, sem comprometer seu mínimo existencial, nos termos da regulamentação.
• § 2º As dívidas referidas no § 1º deste artigo englobam quaisquer compromissos financeiros assumidos decorrentes de relação de consumo, inclusive operações de crédito, compras a
prazo e serviços de prestação continuada.
• § 3º O disposto neste Capítulo não se aplica ao consumidor cujas dívidas tenham sido contraídas mediante fraude ou má-fé, sejam oriundas de contratos celebrados dolosamente
com o propósito de não realizar o pagamento ou decorram da aquisição ou contratação de produtos e serviços de luxo de alto valor.
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SUPERENDIVIDAMENTO
• Art. 54-C. É vedado, expressa ou implicitamente, na oferta de crédito ao consumidor, publicitária ou não:
• I - (VETADO);
• II - indicar que a operação de crédito poderá ser concluída sem consulta a serviços de proteção ao crédito ou sem avaliação da situação financeira do consumidor;
• III - ocultar ou dificultar a compreensão sobre os ônus e os riscos da contratação do crédito ou da venda a prazo;
• IV - assediar ou pressionar o consumidor para contratar o fornecimento de produto, serviço ou crédito, principalmente se se tratar de consumidor idoso, analfabeto,
doente ou em estado de vulnerabilidade agravada ou se a contratação envolver prêmio;
• V - condicionar o atendimento de pretensões do consumidor ou o início de tratativas à renúncia ou à desistência de demandas judiciais, ao pagamento de honorários
advocatícios ou a depósitos judiciais.
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SUPERENDIVIDAMENTO
• Art. 54-F. São conexos, coligados ou interdependentes, entre outros, o contrato principal de fornecimento de produto ou serviço e os contratos
acessórios de crédito que lhe garantam o financiamento quando o fornecedor de crédito;
• I - recorrer aos serviços do fornecedor de produto ou serviço para a preparação ou a conclusão do contrato de crédito;
• II - oferecer o crédito no local da atividade empresarial do fornecedor de produto ou serviço financiado ou onde o contrato principal for celebrado.
• § 1º O exercício do direito de arrependimento nas hipóteses previstas neste Código, no contrato principal ou no contrato de crédito, implica a resolução
de pleno direito do contrato que lhe seja conexo.
• § 2º Nos casos dos incisos I e II do caput deste artigo, se houver inexecução de qualquer das obrigações e deveres do fornecedor de produto ou serviço,
o consumidor poderá requerer a rescisão do contrato não cumprido contra o fornecedor do crédito.
• § 4º A invalidade ou a ineficácia do contrato principal implicará, de pleno direito, a do contrato de crédito que lhe seja conexo, nos termos do caput
deste artigo, ressalvado ao fornecedor do crédito o direito de obter do fornecedor do produto ou serviço a devolução dos valores entregues, inclusive
relativamente a tributos.
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SUPERENDIVIDAMENTO
• Art. 104-A/art.104-C CDC: PROCEDIMENTO
• Art. 104-A. A requerimento do consumidor superendividado pessoa natural, o juiz poderá instaurar PROCESSO DE REPACTUAÇÃO DE DÍVIDAS, com vistas à realização de audiência
conciliatória, presidida por ele ou por conciliador credenciado no juízo, com a presença de todos os credores de dívidas previstas no art. 54-A deste Código, na qual o consumidor
apresentará proposta de plano de pagamento com prazo máximo de 5 (cinco) anos, preservados o mínimo existencial, nos termos da regulamentação, e as garantias e as formas de
pagamento originalmente pactuadas.
• § 5º O pedido do consumidor a que se refere o caput deste artigo não importará em declaração de insolvência civil e poderá ser repetido somente após decorrido o prazo de 2 (dois)
anos, contado da liquidação das obrigações previstas no plano de pagamento homologado, sem prejuízo de eventual repactuação.
• .................................................................
• Art. 104-B. Se não houver êxito na conciliação em relação a quaisquer credores, o juiz, a pedido do consumidor, instaurará processo por superendividamento para revisão e integração
dos contratos e repactuação das dívidas remanescentes mediante PLANO JUDICIAL COMPULSÓRIO e procederá à citação de todos os credores cujos créditos não tenham integrado o
acordo porventura celebrado.
• § 4º O plano judicial compulsório assegurará aos credores, no mínimo, o valor do principal devido, corrigido monetariamente por índices oficiais de preço, e preverá a liquidação total
da dívida, após a quitação do plano de pagamento consensual previsto no art. 104-A deste Código, em, no máximo, 5 (cinco) anos, sendo que a primeira parcela será devida no prazo
máximo de 180 (cento e oitenta) dias, contado de sua homologação judicial, e o restante do saldo será devido em parcelas mensais iguais e sucessivas.
• O processo de repactuação de dívidas do superendividado (art. 104-A do CDC) é de competência da Justiça Estadual mesmo que também envolva a Caixa Econômica
Federal
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EMPRÉSTIMO CONSIGNADO
- EMPRÉSTIMO CONSIGNADO EM FOLHA DE PAGAMENTO EMPRÉSTIMO BANCÁRIO COM AUTORIZAÇÃO DE DESCONTO EM CONTA CORRENTE
- O empréstimo consignado apresenta-se como uma das modalidades de - Diversamente, nas demais espécies de mútuo bancário, o estabelecimento (eventual) de -
empréstimo com menores riscos de inadimplência para a instituição financeira cláusula que autoriza o desconto de prestações em conta corrente, como forma de pagamento,
mutuante, na medida em que o desconto das parcelas do mútuo dá-se diretamente consubstancia uma faculdade dada às partes contratantes, como expressão de sua vontade,
na folha de pagamento do trabalhador regido pela CLT, do servidor público ou do destinada a facilitar a operacionalização do empréstimo tomado, sendo, portanto, passível de
segurado do Regime Geral de Previdência Social - RGPS, sem nenhuma ingerência revogação a qualquer tempo pelo mutuário.
por parte do mutuário/correntista, o que, por outro lado, em razão justamente da
robustez dessa garantia, reverte em taxas de juros significativamente menores em - Nesses empréstimos, o desconto automático que incide sobre numerário existente em conta
seu favor, se comparado com outros empréstimos. corrente decorre da própria obrigação assumida pela instituição financeira no bojo do contrato
- Nessa modalidade de empréstimo, a parte da remuneração do trabalhador de conta corrente de administração de caixa, procedendo, sob as ordens do correntista, aos
comprometida à quitação do empréstimo tomado não chega nem sequer a pagamentos de débitos por ele determinados, desde que verificada a provisão de fundos a esse
ingressar em sua conta corrente, não tendo sobre ela nenhuma disposição. Sob o propósito.
influxo da autonomia da vontade, ao contratar o empréstimo consignado, o
mutuário não possui nenhum instrumento hábil para impedir a dedução da parcela - Registre-se, inclusive, que enquanto no empréstimo consignado os valores são deduzidos
do empréstimo a ser descontada diretamente de sua remuneração, em diretamente pela fonte pagadora, no mútuo bancário os descontos são realizados da conta
procedimento que envolve apenas a fonte pagadora e a instituição financeira. corrente do cliente (consumidor), logo, pode recair sobre qualquer valor ali depositado (não
- É justamente em virtude do modo como o empréstimo consignado é ficando restrito apenas a verba de natureza salarial).
operacionalizado que a lei estabeleceu um limite, um percentual sobre o qual o
desconto consignado em folha não pode exceder. Revela-se claro o escopo da lei - Assim, de acordo com o STJ, essa forma de pagamento não consubstancia indevida retenção
de, com tal providência, impedir que o tomador de empréstimo, que pretenda ter de patrimônio alheio, na medida em que o desconto é precedido de expressa autorização do
acesso a um crédito relativamente mais barato na modalidade consignado, acabe titular da conta corrente, como manifestação de sua vontade, por ocasião da celebração do
por comprometer sua remuneração como um todo, não tendo sobre ela nenhum contrato de mútuo.
acesso e disposição, a inviabilizar, por consequência, sua subsistência e de sua
família.”
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EMPRÉSTIMO CONSIGNADO
- EMPRÉSTIMO CONSIGNADO EM FOLHA DE PAGAMENTO EMPRÉSTIMO BANCÁRIO COM AUTORIZAÇÃO DE DESCONTO EM CONTA CORRENTE
• Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial, nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou provento.
• § 1º Mediante autorização do servidor, poderá haver consignação em folha de pagamento em favor de terceiros, a critério da administração e com reposição de custos, na forma definida em
regulamento.
• § 2º O total de consignações facultativas de que trata o § 1º não excederá a 35% (trinta e cinco por cento) da remuneração mensal, sendo 5% (cinco por cento) reservados exclusivamente para:
• I - a amortização de despesas contraídas por meio de cartão de crédito; ou
• II - a utilização com a finalidade de saque por meio do cartão de crédito.
• ................................
• Art. 1º Os empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, poderão autorizar, de forma irrevogável e irretratável, o
desconto em folha de pagamento ou na sua remuneração disponível dos valores referentes ao pagamento de empréstimos, financiamentos, cartões de crédito e operações de arrendamento mercantil
concedidos por instituições financeiras e sociedades de arrendamento mercantil, quando previsto nos respectivos contratos.
• § 1º O desconto mencionado neste artigo também poderá incidir sobre verbas rescisórias devidas pelo empregador, se assim previsto no respectivo contrato de empréstimo, financiamento, cartão de
crédito ou arrendamento mercantil, até o limite de 40% (quarenta por cento), sendo 35% (trinta e cinco por cento) destinados exclusivamente a empréstimos, financiamentos e arrendamentos
mercantis e 5% (cinco por cento) destinados exclusivamente à amortização de despesas contraídas por meio de cartão de crédito consignado ou à utilização com a finalidade de saque por meio de
cartão de crédito consignado.
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EMPRÉSTIMO CONSIGNADO
- EMPRÉSTIMO CONSIGNADO EM FOLHA DE PAGAMENTO EMPRÉSTIMO BANCÁRIO COM AUTORIZAÇÃO DE DESCONTO EM CONTA CORRENTE
- Art. 45 da Lei nº 8.112/90 e no art. 1º da Lei nº 10.820/2003: limitação até 35% (p/ servidor público) e 40% (para CLT), sendo um % reservado as despesas específicas
• OBS:
• Importante registrar que a Lei nº 14.131/2021, recentemente, ampliou, até 31/12/2021, esse limite:
• Art. 1º Até 31 de dezembro de 2021, o percentual máximo de consignação nas hipóteses previstas no inciso VI do caput do art. 115 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, no § 1º do
art. 1º e no § 5º do art. 6º da Lei nº 10.820, de 17 de dezembro de 2003, e no § 2º do art. 45 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, bem como em outras leis que vierem a
sucedê-las no tratamento da matéria, será de 40% (quarenta por cento), dos quais 5% (cinco por cento) serão destinados exclusivamente para:
• I - amortização de despesas contraídas por meio de cartão de crédito; ou
• II - utilização com finalidade de saque por meio do cartão de crédito.
• ...
• Art. 2º Após 31 de dezembro de 2021, na hipótese de as consignações contratadas nos termos e no prazo previstos no art. 1º desta Lei ultrapassarem, isoladamente ou combinadas
com outras consignações anteriores, o limite de 35% (trinta e cinco por cento) previsto no inciso VI do caput do art. 115 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, no § 1º do art. 1º e no
§ 5º do art. 6º da Lei nº 10.820, de 17 de dezembro de 2003, e no § 2º do art. 45 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, será observado o seguinte: (...)
• ATENÇÃO:
• A limitação trazida pelo art. 45 da Lei nº 8.112/90 e pelo art. 1º da Lei nº 10.820/2003 refere-se à consignação em folha de pagamento (e não para o desconto das prestações do empréstimo contratado).
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EMPRÉSTIMO CONSIGNADO
- EMPRÉSTIMO CONSIGNADO EM FOLHA DE PAGAMENTO EMPRÉSTIMO BANCÁRIO COM AUTORIZAÇÃO DE DESCONTO EM CONTA CORRENTE
• ATENÇÃO:
• A limitação trazida pelo art. 45 da Lei nº 8.112/90 e pelo art. 1º da Lei nº 10.820/2003 refere-se à consignação em folha de pagamento (e não para o desconto das prestações do empréstimo contratado).
• “São lícitos os descontos de parcelas de empréstimos bancários comuns em conta corrente, ainda que utilizada para recebimento de salários, desde que previamente
autorizados pelo mutuário e enquanto esta autorização perdurar, não sendo aplicável, por analogia, a limitação prevista no § 1º do art. 1º da Lei n. 10.820/2003, que
disciplina os empréstimos consignados em folha de pagamento.”
• STJ. 2ª Seção. REsp 1.863.973-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 09/03/2022 (Info 728).
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IMPORTANTES JULGALDOS
• A simples comercialização de produto contendo corpo estranho possui as mesmas consequências negativas à saúde e à integridade física do consumidor
que sua ingestão propriamente dita. Existe, no caso, dano moral in re ipsa porque a presença de corpo estranho em alimento industrializado excede aos
riscos comumente esperados pelo consumidor em relação a esse tipo de produto, caracterizando-se a situação como um defeito do produto, a permitir a
responsabilização do fornecedor.
•
STJ. 2ª Seção. REsp 1.899.304/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 25/08/2021.
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IMPORTANTES JULGALDOS
IMPORTANTES JULGALDOS
IMPORTANTES JULGALDOS
• APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. COMPRA EM PLATAFORMA VIRTUAL.
MERCADO LIVRE. SOLIDARIEDADE ENTRE O SITE INTERMEDIADOR DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA E O VENDEDOR DO PRODUTO. DEVER DE INDENIZAR. 1.
Reconhecendo a vulnerabilidade do consumidor, o Código Consumerista traz, dentre outras medidas, a previsão de responsabilidade solidária da cadeia de
fornecimento perante o consumidor. 2. No que tange à responsabilidade dos fornecedores de diversos tipos de serviços ofertados no meio virtual, o Superior Tribunal
de Justiça já se posicionou no sentido de que aqueles que disponibilizam ao consumidor toda a estrutura necessária para a concretização da venda, além das
ferramentas de busca de mercadorias, fazem parte da cadeia de fornecimento, nos termos do art. 7º, do CDC, juntamente com o vendedor do produto. 3. Atuando o
Réu como intermediador entre o vendedor e a consumidora, deve responder de forma solidária pelo insucesso das compras on line. 4. Falha na prestação do serviço. 5.
Dano moral configurado. Situação vivenciada pela Autora que ultrapassou a esfera do mero aborrecimento ou dissabor cotidiano. 6. Quantum indenizatório dos danos
morais que deve ser reduzido para o montante de R$ 3.000,00 (três mil reais), se mostrando mais condizente com os princípios da proporcionalidade e razoabilidade. 7.
Quanto aos danos materiais, inexiste dúvida que estes correspondam ao valor pago na aquisição de produto, devidamente corrigido.
• (TJRJ. 0001906-50.2021.8.19.0045 – APELAÇÃO - Des(a). TERESA DE ANDRADE CASTRO NEVES - Julgamento: 21/07/2022 - VIGÉSIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL)
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IMPORTANTES JULGALDOS
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• Ainda sobre o tema: Cabe ao consumidor a escolha para exercer seu direito de ter sanado o vício do produto em 30 dias - levar o
produto ao comerciante, à assistência técnica ou diretamente ao fabricante. STJ. 3ª Turma. REsp 1634851-RJ, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 12/09/2017 (Info 619).
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IMPORTANTES JULGALDOS
• 7) NÃO É LÍCITA A COBRANÇA DE TARIFA DE ÁGUA NO VALOR DO CONSUMO MÍNIMO MULTIPLICADO PELO
NÚMERO DE ECONOMIAS EXISTENTES NO IMÓVEL, QUANDO HOUVER ÚNICO HIDRÔMETRO NO LOCAL,
DEVENDO A COBRANÇA SE DAR PELO CONSUMO REAL AFERIDO, SOB PENA DE RESTITUIÇÃO EM DOBRO (TJ/RJ)
• APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. SERVIÇOS DE ÁGUA E ESGOTO. OBRIGAÇÃO DE FAZER E INDENIZATÓRIA. TARIFA MÍNIMA MULTIPLICADA PELO NÚMERO
DE ECONOMIAS. ILICITUDE. TESE FIRMADA NO RECURSO REPETITIVO Nº 1.166.561-RJ, SOB O TEMA Nº 414 DO STJ. PRESCRIÇÃO DECENAL. REFATURAMENTO.
RESTITUIÇÃO EM DOBRO DOS VALORES PAGOS. VIOLAÇÃO À BOA-FÉ. ERESP 1.413.542-RS. INTERRUPÇÃO INDEVIDA DO SERVIÇO ESSENCIAL. DANO MORAL
CONFIGURADO. DESPROVIMENTO DO RECURSO.
1. Trata-se de ação de obrigação de fazer cumulada com indenizatória em razão de cobrança do consumo de água por tarifa mínima multiplicada pelo número de
economias, tendo o imóvel hidrômetro, além interrupção no fornecimento do serviço.
2. A decisão prolatada no ProAfR no REsp 1.937.887-RJ determinou a suspensão dos feitos em segundo grau de jurisdição que versem sobre tarifa progressiva, não
sendo esse o caso dos autos.
3. O STJ pacificou o entendimento de que o prazo prescricional para a responsabilidade civil contratual é dez anos, nos termos do art. 205 do Código Civil.
4. No REsp repetitivo nº 1.166.561-RJ (Tema nº 414), foi firmada a tese de que 'Não é lícita a cobrança de tarifa de água no valor do consumo mínimo multiplicado pelo
número de economias existentes no imóvel, quando houver único hidrômetro no local', devendo a cobrança se dar pelo consumo real aferido.
5. A cobrança indevida acarreta a restituição em dobro, nos termos do art. 42, parágrafo único, do CDC, conforme entendimento pacificado pelo STJ no julgamento dos
Embargos de Divergência nº 1.413.542-RS, consubstanciando a cobrança indevida conduta contrária à boa-fé objetiva.
6. A interrupção do fornecimento do serviço essencial violou o disposto no art. 22 do CDC, restando configurado o dano moral.
• (TJRJ. 0028636-17.2018.8.19.0203 – APELAÇÃO - Des(a). ELTON MARTINEZ CARVALHO LEME - Julgamento: 19/07/2022 - DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL)
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IMPORTANTES JULGALDOS
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• Neste caso, haveria sim o dever de indenizar, conforme já decidiu o STJ: REsp 1.269.691-PB, Rel. originária Min. Isabel
Gallotti, Rel. para acórdão Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 21/11/2013 (Info 534).
• Para o STJ, o fornecedor dos serviços deverá indenizar o consumidor em caso de roubo armado ocorrido em:
IMPORTANTES JULGALDOS
• PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CONSUMIDOR. AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, MATERIAIS E ESTÉTICOS. ASSALTO EM LOTÉRICA LOCALIZADA NA GALERIA
DE HIPERMERCADO. VÍTIMA ATINGIDA POR PROJÉTIL DE ARMA DE FOGO. CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA
AFASTADA PELO ACÓRDÃO. PRETENSÃO DE ALTERAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. FORÇA MAIOR.
INEXISTÊNCIA. SÚMULA 83/STJ. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADA. AUSÊNCIA DE
SIMILITUDE FÁTICA. AGRAVO DESPROVIDO.
• 1. Nos termos da orientação jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça, faz parte do dever dos
estabelecimentos comerciais, como shopping centers e hipermercados, zelar pela segurança de seus clientes,
não sendo possível afastar sua responsabilidade civil com base Em excludentes de força maior ou caso fortuito.
• (STJ. AgInt no AREsp n. 1.805.922/PR, relator Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, julgado em 4/4/2022, DJe de
4/5/2022.)
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- LEI 13.709/2018:
- Trata-se da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais. Essa lei traz regras para disciplinar a forma como os dados pessoais dos indivíduos podem ser armazenados por
empresas ou mesmo por outras pessoas físicas, isso porque, com o avanço das redes cadastrais as fornecedoras estão criando um cadastro com vastas informações
pessoais de seus usuários, por exemplo, em toda interação que fazemos via internet (redes sociais e compras online), há coleta de dados. Tais dados são muito valiosos
economicamente porque eles definem tendências de consumo, políticas, religiosas, comportamentais, podendo servir para que empresas e políticos direcionem suas
estratégias de acordo com essas informações.
- OBJETIVO: proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural.
- DADOS PESSOAIS: consideram-se “dados pessoais” todas informações relacionadas a uma pessoa natural, tais como, seu nome, RG, CPF, telefone, estado civil, profissão,
grau de escolaridade, raça, nacionalidade, dentre outros.
- LEI 13.709/2018:
- FUNDAMENTOS: Art. 2º
- LEI 13.709/2018:
• - CONCEITOS:
• Art. 5º Para os fins desta Lei, considera-se:
• II - dado pessoal sensível: dado pessoal sobre origem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização de caráter religioso, filosófico ou político, dado referente
à saúde ou à vida sexual, dado genético ou biométrico, quando vinculado a uma pessoa natural;
• III - dado anonimizado: dado relativo a titular que não possa ser identificado, considerando a utilização de meios técnicos razoáveis e disponíveis na ocasião de seu tratamento;
• IV - banco de dados: conjunto estruturado de dados pessoais, estabelecido em um ou em vários locais, em suporte eletrônico ou físico;
• V - titular: pessoa natural a quem se referem os dados pessoais que são objeto de tratamento;
• VI - controlador: pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, a quem competem as decisões referentes ao tratamento de dados pessoais;
• VII - operador: pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, que realiza o tratamento de dados pessoais em nome do controlador;
• (...)
• XII - consentimento: manifestação livre, informada e inequívoca pela qual o titular concorda com o tratamento de seus dados pessoais para uma finalidade determinada;
• XIII - bloqueio: suspensão temporária de qualquer operação de tratamento, mediante guarda do dado pessoal ou do banco de dados;
• XIV - eliminação: exclusão de dado ou de conjunto de dados armazenados em banco de dados, independentemente do procedimento empregado;
• XVI - uso compartilhado de dados: comunicação, difusão, transferência internacional, interconexão de dados pessoais ou tratamento compartilhado de bancos de dados pessoais por órgãos e
entidades públicos no cumprimento de suas competências legais, ou entre esses e entes privados, reciprocamente, com autorização específica, para uma ou mais modalidades de tratamento
permitidas por esses entes públicos, ou entre entes privados;
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- LEI 13.709/2018:
• - PRINCÍPIOS:
• Art. 6º As atividades de tratamento de dados pessoais deverão observar a boa-fé e os seguintes princípios:
• I - finalidade: realização do tratamento para propósitos legítimos, específicos, explícitos e informados ao titular, sem possibilidade de tratamento posterior de forma incompatível com
essas finalidades;
• II - adequação: compatibilidade do tratamento com as finalidades informadas ao titular, de acordo com o contexto do tratamento;
• III - necessidade: limitação do tratamento ao mínimo necessário para a realização de suas finalidades, com abrangência dos dados pertinentes, proporcionais e não excessivos em relação
às finalidades do tratamento de dados;
• IV - livre acesso: garantia, aos titulares, de consulta facilitada e gratuita sobre a forma e a duração do tratamento, bem como sobre a integralidade de seus dados pessoais;
• V - qualidade dos dados: garantia, aos titulares, de exatidão, clareza, relevância e atualização dos dados, de acordo com a necessidade e para o cumprimento da finalidade de seu
tratamento;
• VI - transparência: garantia, aos titulares, de informações claras, precisas e facilmente acessíveis sobre a realização do tratamento e os respectivos agentes de tratamento, observados os
segredos comercial e industrial;
• VII - segurança: utilização de medidas técnicas e administrativas aptas a proteger os dados pessoais de acessos não autorizados e de situações acidentais ou ilícitas de destruição, perda,
alteração, comunicação ou difusão;
• VIII - prevenção: adoção de medidas para prevenir a ocorrência de danos em virtude do tratamento de dados pessoais;
• IX - não discriminação: impossibilidade de realização do tratamento para fins discriminatórios ilícitos ou abusivos;
• X - responsabilização e prestação de contas: demonstração, pelo agente, da adoção de medidas eficazes e capazes de comprovar a observância e o cumprimento das normas de proteção
de dados pessoais e, inclusive, da eficácia dessas medidas.
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• Art. 14. O tratamento de dados pessoais de crianças e de adolescentes deverá ser realizado em seu melhor interesse, nos termos deste artigo e da legislação pertinente.
• § 1º O tratamento de dados pessoais de crianças deverá ser realizado com o consentimento específico e em destaque dado por pelo menos um dos pais ou pelo responsável
legal.
• § 2º No tratamento de dados de que trata o § 1º deste artigo, os controladores deverão manter pública a informação sobre os tipos de dados coletados, a forma de sua
utilização e os procedimentos para o exercício dos direitos a que se refere o art. 18 desta Lei.
• § 3º Poderão ser coletados dados pessoais de crianças sem o consentimento a que se refere o § 1º deste artigo quando a coleta for necessária para contatar os pais ou o
responsável legal, utilizados uma única vez e sem armazenamento, ou para sua proteção, e em nenhum caso poderão ser repassados a terceiro sem o consentimento de que
trata o § 1º deste artigo.
• § 4º Os controladores não deverão condicionar a participação dos titulares de que trata o § 1º deste artigo em jogos, aplicações de internet ou outras atividades ao
fornecimento de informações pessoais além das estritamente necessárias à atividade.
• § 5º O controlador deve realizar todos os esforços razoáveis para verificar que o consentimento a que se refere o § 1º deste artigo foi dado pelo responsável pela criança,
consideradas as tecnologias disponíveis.
• § 6º As informações sobre o tratamento de dados referidas neste artigo deverão ser fornecidas de maneira simples, clara e acessível, consideradas as características físico-
motoras, perceptivas, sensoriais, intelectuais e mentais do usuário, com uso de recursos audiovisuais quando adequado, de forma a proporcionar a informação necessária
aos pais ou ao responsável legal e adequada ao entendimento da criança.
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• FIM!
• OBRIGADA