A Eficiência Do Método Sociolinguístico: Uma Nova Proposta de Alfabetização
A Eficiência Do Método Sociolinguístico: Uma Nova Proposta de Alfabetização
A Eficiência Do Método Sociolinguístico: Uma Nova Proposta de Alfabetização
Sociolinguístico: uma
nova proposta De
Resumo: Pesquisas recentes têm apontado o fracasso da alfabetização no Brasil e seus métodos vêm sendo
questionados. Nesse sentido, este trabalho vem atender à demanda urgente de resultados de pesquisas com
propostas práticas que visam contribuir com ideias e soluções capazes de alfabetizar com qualidade crianças
da escola pública. Trata-se de proposta fundamentada na sociolinguística e na psicolinguística que organiza o
trabalho docente com o objetivo de alfabetizar letrando. Parte da realidade do aluno, desenvolvendo e valori-
zando a sua oralidade por meio do diálogo, trabalha conteúdos específicos da alfabetização e utiliza atividades
adequadas às hipóteses dos níveis descritos na psicogênese da língua escrita. Desenvolve, ainda, a leitura de
textos significativos de diferentes gêneros, interpretação e produção textual. Apresenta, ao final, resultados
de duas pesquisas realizadas em rede municipal. Uma sem metodologia e outra em que foi implementado o
“Método sociolinguístico”.
Introdução
A Alfabetização vem sendo debatida no Brasil e os seus métodos questionados em razão
do fracasso escolar que a cada ano se torna mais evidente. Nesse sentido, o presente traba-
lho vem atender à demanda urgente de resultados de pesquisas com propostas práticas para
contribuir com ideias e soluções capazes de resolver o grave problema que é o fracasso da
alfabetização de crianças da escola pública, as quais, ao chegarem ao 5° ano da Educação
Básica (ou 4ª série), ainda permanecem analfabetas, como constatam os mais recentes censos
escolares (Saresp, IDEB).
Assim, enquanto alfabetizadora durante mais de dez anos, trabalhando com crianças das
camadas populares, e depois de dez anos no Ensino Superior, ministrando Conteúdos, Me-
todologias e Práticas de Alfabetização e Linguística, e ainda orientando Prática de Ensino
(estágio) de Alfabetização, foi-nos possível apontar explicações para o atual fracasso da alfa-
betização e encaminhar algumas sugestões para sua superação.
120
Nesse contexto, em 2007, como contribuição para a melhoria da alfabetização, publicamos
nossas reflexões decorrentes de pesquisa e prática alfabetizadora, no livro: Alfabetização -
Método Sociolinguístico: consciência social, silábica e alfabética em Paulo Freire, hoje em sua
3ª edição.
A propósito, neste artigo, pretendemos apresentar os resultados de duas experiências vol-
Fundamentação teórica
Para atender a essa demanda de alfabetização eficaz, o Método Sociolinguístico propõe
uma reinvenção da alfabetização infantil. Este trabalho entende Método como sistematiza-
ção, organização do trabalho docente. É “Sócio”, porque desenvolve efetivamente o diálogo
no contexto social de sala de aula, e é “Linguístico” por trabalhar o que é específico da língua:
a codificação e decodificação de letras, sílabas, palavras, texto, contexto, e desenvolver as
habilidades para ler e escrever como: a direção da leitura, o uso dos instrumentos de escrita,
organização espacial do texto, suportes de texto etc.
A presente proposta está fundamentada no Método Paulo Freire de alfabetização que, após
passar por uma adaptação, foi transformado em Método Sociolinguístico, revelando-se muito
produtivo, conforme avaliações recentes.
121
A alfabetização sociolinguística demonstra que o Método Paulo Freire está fundamentado
na sociolinguística com suas técnicas de desenvolvimento da competência fonológica no co-
nhecimento das correspondências grafo-fonêmicas, para o domínio da leitura e da escrita e de
seus usos sociais, e para subsidiar a transformação da consciência ingênua do alfabetizando
em consciência crítica, sonho do saudoso mestre Paulo Freire.
122
A “codificação” e a “descodificação” constituem os dois primeiros passos do Método Paulo
Freire de Alfabetização, garantindo que a aquisição da leitura e da escrita seja significativa, no
sentido de que partem da discussão da palavra geradora, através do diálogo e dos códigos que
o alfabetizando já domina, e constituem-se em fase necessária de exploração das potencialida-
des mentais do alfabetizando, por intermédio das linguagens que devem preceder a técnica de
ler e escrever, e que o instrumentalizam para o desempenho social, tendo acesso ao poder de
123
releitura de mundo. Nessa releitura, o professor irá orientar a discussão com questionamentos
que induzam os alunos à reflexão sobre o tema em debate.
Ao contrário da “codificação”, em que o professor questiona apenas para descobrir o que
os alunos sabem/pensam sobre o tema, na “descodificação” o docente questionará para fazer
com que reflitam sobre ele e assim cresçam criticamente. Respeitando o horizonte, a ludicidade
124
Existe também a falsa inferência de que, se for adotada uma teoria construtivista,
não se pode ter método, como se os dois fossem incompatíveis. Ora, absurdo é
não ter método na educação. Educação é, por definição, um processo dirigido a
objetivos. Só vamos educar os outros se quisermos que eles fiquem diferentes, pois
educar é um processo de transformação das pessoas (SOARES, 2003, p. 17).
A seguir, apresentamos o esquema do Método Sociolinguístico, em que aos passos do Méto-
AS – IS – OS – US - ES
CA – QUI – CO – CU – QUE
LA – LI – LO – LU - LE
A - I - O- U- E
125
SÍNTESE das sílabas a partir da ficha de descoberta para a composição de novas palavras
(os alunos juntam as sílabas e compõem as palavras na lousa, realizam a sua leitura e as copiam
no caderno):
COLA CALO COCA LEQUE QUIOSQUE
CUECA LUA ELE ELA AQUI
Resultados
Enfim, apresentamos os resultados da aplicação do Método Sociolinguístico em 2008, com-
parando-os com reflexões consolidadas a partir de proposta anterior, desenvolvida sem meto-
dologia definida em 2006.
126
Desde o ano 2000, orientando e corrigindo relatórios de estágio de graduandos em Pedago-
gia, estudamos as concepções e conhecimentos demonstrados por alfabetizadores, bem como
suas metodologias e estratégias de ensino. Até 2005, a prática utilizada por cerca de 80% dos
observados era a do “método das cartilhas” (CAGLIARI, 1999), porém, a partir de 2006, houve
uma mudança na metodologia docente, pois o método, ou qualquer forma de sistematização do
ensino, desapareceu das salas de alfabetização. Os alfabetizadores começaram a trabalhar de
127
dades e nem eram realizadas estratégias de nível silábico, ou seja, desenvolvidas atividades que
explorassem a composição silábica.
A segunda proposta foi aplicada em 2008 por professores de rede municipal e estadual a
partir do Método Sociolinguístico (MENDONÇA; MENDONÇA, 2007). Como já explicitado,
este “método” propõe uma sistematização do trabalho docente, parte da realidade do aluno
128
alfabetizada em seis meses, o trabalho com produção textual, interpretação e leitura tornou-se
mais acessível e produtivo.
A análise das estratégias utilizadas pelos alfabetizadores, em 2006, evidenciou diversos
equívocos, já descritos no livro de Mendonça e Mendonça (2007), provindos de uma possível
interpretação equivocada da Psicogênese da Língua escrita, de Ferreiro e Teberosky, pois de-
Saiba Mais
longe de acabar com a vergonha que é o analfabetismo adulto. A escola precisa parar de pro-
duzir analfabetos.
Referências
CAGLIARI, L. C. Alfabetizando sem o BÁ-BÉ-BI-BÓ-BU. São Paulo: Scipione, 1999.
FREIRE, P. Conscientização, teoria e prática da libertação: uma introdução ao pensamento de Paulo Freire.
São Paulo: Moraes, 1980.
FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 15. ed. São Paulo: Cortez/
Autores Associados, 1989. Saiba Mais
GADOTTI, M. Convite à leitura de Paulo Freire. São Paulo: Scipione, 1989. Saiba Mais
Bibliografia
MENDONÇA, O. S.; MENDONÇA, O. C. Alfabetização linguística e letramento: práticas
socioconstrutivistas. São Paulo: Impress Editora, 2010.
130