Unidade Operária Contra o Fascismo
Unidade Operária Contra o Fascismo
Unidade Operária Contra o Fascismo
Dimitrov
Apresentação 5
I
O fascismo e a classe operária 13
II
A frente única da classe operária contra o fascismo 30
IV
Quem foi G. Dimitrov 82
Apresentação
A FRENTE ÚNICA
E AS ORGANIZAÇÕES FASCISTAS DE MASSAS
Notas:
1
Lênin: “A doença infantil do esquerdismo no comunismo”.
2
Reischsbanner: milícia política criada em 1924 pelos Partido Socialdemocrata e pelo
Centro Católico e Democrático da Alemanha em colaboração com os sindicatos
operários. Em 1932, tinha 3 milhões de filiados e, em 1933, os nazistas a dissolveram e
prenderam seus líderes.
3
Alusão à derrota das Astúrias em 1934.
4
Lênin: “Matérias inflamáveis na política mundial” – Ed. Russa.
5
Lênin: “A doença infantil do esquerdismo no comunismo”.
Quem foi G. Dimitrov
“ ...A roda da História gira para a frente. Não conseguirão pará-la.
Ela girará até à vitória final no comunismo”
O que virá a ser esse menino que adora empinar papagaios, correr
pelas ruas do bairro, lutar e fazer mil travessuras com as outras crianças?
Perguntava sua mãe, Parachkeva Doceva Dimitrova, acompanhando os
movimentos do seu primeiro rebento. Há pouco tinham chegado a Sófia,
capital da Bulgária, para onde o pai, Dimitar Mihailov se mudara antes em
busca de trabalho, conseguindo colocação como chapeleiro.
Gueorgui nascera na aldeia Colvatchevski, distrito de Radomir, em
1882. Em 1889, já em Sófia, ingressou na escola primária, que freqüentou
apenas por quatro anos, pois precisava trabalhar para ajudar no sustento da
numerosa família.
Tentou trabalhar como carpinteiro, não se adaptou; como ferreiro,
também não; como tipógrafo, “era como um milagre; as letras tornam-se
palavras, as palavras linhas e nasce o jornal, o livro, a leitura...E quando
colocas letras, lês constantemente. É o mesmo que estudares”, disse
Gueorgui, empolgado, ao pai, que perguntara como se sentia no trabalho da
tipografia.
Assim, aprendendo na escola da vida, o garoto-operário não perdia
uma reunião com os colegas para discutir problemas do trabalho; em 1900,
aos 18 anos, ingressou na Associação dos Trabalhadores Tipógrafos de
Sófia e, em 1902, no Partido Operário Social-Democrata Búlgaro
(POSDB), integrando sua ala esquerda, então denominada de “socialistas
estreitos”, em contraposição à ala direita, conciliadora, dos chamados
“socialistas largos”. Em 1909, foi eleito membro do Comitê Central.
Daí em diante, sua vida foi estudo, trabalho e militância. Mas
encontrou tempo para namorar uma companheira de partido, Liuba,
costureira e poeta, com quem se casou em 1906. A vida de Gueorgui e
Liuba foi “cheia de lutas e dificuldades, rica de amor abnegado e de
cuidados de um para com o outro. Eles não tiveram filhos” (depoimento de
Elena Dimitrova, irmã).
Insurreição e exílio
1923 foi o ano da primeira insurreição armada dos operários
búlgaros contra a ditadura fascista que se instalara no país. Integrante do
Comitê Central Militar Revolucionário, com a derrota da sublevação,
Dimitrov teve de deixar o país clandestinamente.
A partir daí, dedicou-se à organização e ao fortalecimento da
Internacional Comunista (III Internacional), na qual foi incansável
defensor e articulador da frente única contra o fascismo. No meio dessas
atividades, foi preso em Berlim no dia 9 de março de 1933, acusado com
mais quatro companheiros de incendiar o Reichstag (Parlamento) alemão.
O nazifascismo no banco dos réus
Os hitleristas haviam assumido o governo da Alemanha em 1932 por
meios legais, mas planejavam instalar uma ditadura fascista, visando a
eliminar os comunistas, acabar com o socialismo na URSS, dominar o
mundo capitalista e exterminar os judeus e os negros, considerados por
eles como “raças inferiores”
Repetindo o que fizera o imperador romano Nero (pôs fogo em
Roma e acusou os cristãos para justificar a matança), Hitler e seus
auxiliares Goering e Goebels incendiaram o Reichstag e acusaram os
comunistas, visando à proibição do Partido e perseguição aos seus
membros.
Imediatamente à detenção de Dimitrov, criou-se em Londres uma
Comissão Internacional de Inquérito formada por juristas e intelectuais
comunistas e democratas de vários países, que montou um contra-processo
para desmascarar a farsa hitlerista, mobilizando a opinião pública
internacional em favor da libertação dos comunistas injustamente
acusados.
Sem acesso ao trabalho da comissão, Dimitrov, sempre firme e
sereno, preparou a própria defesa, aliás, acusação aos nazifascistas e
brilhou nas audiências realizadas no Tribunal de Leipzig (Alemanha).
Milhões de pessoas no mundo inteiro se emocionaram com a
coragem daquele operário búlgaro que, nas garras da besta nazista, elevou
alto a voz, denunciou os verdadeiros criminosos, propagou o comunismo e
declarou seu amor à URSS, sem abrir mão do “...orgulho de ser filho da
classe operária búlgara”. Entre outras declarações contundentes, disse
Dimitrov: “A lenda de que o incêndio do Reichstag é obra dos comunistas
caiu totalmente por terra. Está demonstrado que o incêndio foi um
pretexto, o prelúdio para uma marcha de destruição, largamente pensada,
contra a classe operária e sua vanguarda, o Partido Comunista Alemão”.
“A roda da História gira, movimenta-se para a frente, para a Europa
Soviética, para a União Mundial das Repúblicas Soviéticas. E esta roda,
empurrada pelo proletariado sob a direção da Internacional Comunista,
não conseguirão parar nem com atividades exterminadoras, nem com
penas de morte. Ela gira e girará até à vitória final no Comunismo”.
Os juízes não suportaram mais continuar ouvindo as cortantes
palavras e calaram-no. Mas não ousaram condenar Dimitrov e seus
companheiros. Goering jurara que, absolvido ou condenado, ele era um
homem morto, mas perdeu também essa cartada. A União Soviética, que
ainda mantinha relações diplomáticas com a Alemanha, concedeu-lhe
cidadania e exigiu a sua soltura, o que aconteceu no dia 27 de fevereiro de
1934.
O combate continua
Dimitrov foi recebido com festa em Moscou. Sua libertação,
comemorada no mundo inteiro. Embora com a saúde abalada, não aceitou
a orientação médica de repouso integral e logo assumiu tarefas na
Internacional Comunista, dedicando-se à preparação do VII Congresso
que se realizou em 1935. Nele, foi decisiva sua atuação para que fosse
aprovada a resolução sobre a formação de frentes únicas contra o fascismo.
Mais tarde, com a invasão da França, da Europa Oriental e da URSS
pela Alemanha nazista (com apoio de seus comparsas: os fascistas
italianos e os militaristas japoneses), a Internacional Comunista orientou
que nos países ocupados se organizassem guerras de libertação por meio
de exército regular e de guerrilhas. Quanto aos países não atingidos
diretamente, a tarefa dos comunistas era conscientizar o proletariado e
todo o povo da ameaça que representava a Alemanha hitlerista e de que
apoiar a URSS significava defender a sua própria liberdade e
independência.
Tragédia familiar não derruba o revolucionário
Liuba havia falecido em 27 de maio de 1933, pouco mais de dois
meses da prisão de Dinmitrov pelos nazistas. Ele sentiu profundamente a
morte da esposa e companheira militante, mas não se deixou abater. Na
URSS, contraiu novo casamento, com Rosa, tendo nascido um filho,
Mitia, que lhe trouxe muita felicidade.
O povo soviético já enfrentava o invasor nazista dentro do seu
território e Dimitrov mobilizava os povos do mundo inteiro em defesa da
democracia e da pátria socialista, quando, em 1941, Mitia contrai difteria e
acaba falecendo aos sete anos de idade.
Inconsolável, disse a sua irmã Elena:
“O que eram os suplícios em Leipizig em comparação com o que
aconteceu agora? Lá, tinha à minha frente o inimigo e sabia como lutar e
superá-lo. Nesse caso, estou desamparado”.
De volta à pátria, para construir o socialismo
Mas sua família maior, o proletariado, o chamava; ele recuperou as
forças e prosseguiu na luta até a derrota do agressor nazista e a libertação
das nações ocupadas, inclusive a sua Bulgária. Para ela, retornou no dia 4
de novembro de 1945, ovacionado pelas massas populares como dirigente
e herói.
Assumiu a Secretaria Geral do Partido Comunista Búlgaro e a
presidência do Conselho de Ministros da República Popular-Democrática,
tendo sido responsável pela formulação das primeiras leis que colocaram o
país no caminho da construção do socialismo: reforma agrária,
nacionalização das empresas capitalistas, entre outras, e assinatura do
primeiro acordo de amizade, colaboração e ajuda mútua entre a República
Popular da Bulgária e a União Soviética em março de 1948.
Em dezembro de 1948, no VII Congresso do PC búlgaro, o informe
elaborado por Dimitrov avaliava:
“A experiência búlgara provou também a ideia leninista da
impossibilidade de realizar sérias e duradouras mudanças nas condições do
capitalismo apodrecido, da crise orgânica e sem saída da democracia
burguesa, sem tocar nas bases do capitalismo, sem dar passos pelo caminho
do socialismo”.
Haverá canções para ti
No dia 2 de Julho de 1949, faleceu Dimitrov. Numa ocasião, em
Moscou, Dimitri Manuilski, então Secretário do Comitê Executivo da
Internacional Comunista, fez-lhe uma bela homenagem, afirmando:
“...Haverá canções para ti e as gerações futuras jamais esquecerão o
homem que, durante os anos mais duros para os comunistas, através do seu
exemplo pessoal, da sua luta corajosa, infligiu a primeira derrota aos
hitleristas e inspirou aos povos fé nas suas forças e confiança na vitória
final”.
Não exageras? Perguntou-lhe Gueorgui Dimitrov.
Manuilski não exagerava!
Os editores
Fontes:
Recordações Sobre Gueorgui Dimitrov, depoimentos compilados por Petra
Radenkova, tradução de Catarina Ferreira Esteves, Sófia-Press, 1982
Gueorgui Dimitrov, Obras Escolhidas, Volume I, composição de Petra
Radenkova, tradução de Catarina Esteves, Sófia-Press, 1982 )