BIAR Liana 2009 Linguística Indisciplinar

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DEMARCANDO O TERRITÓRIO? SITUANDO A LINGÜÍSTICA APLICADA "


INDISCIPLINAR 1 "

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DEMARCANDO O TERRITÓRIO? SITUANDO
A LINGÜÍSTICA APLICADA
“INDISCIPLINAR1”
Liana de Andrade Biar (Doutoranda da PUC-Rio)
INTRODUÇÃO
Devido à particularidade de uma área que, diferente da maio-
ria das ciências humanas construídas a exemplo dos modelos cienti-
ficistas, se define muito mais pelo tipo de ação que realiza do que
propriamente pelo exercício teórico, os textos de Lingüística Apli-
cada levam algum espaço de seus manuais introdutórios a discutir o
escopo e os objetivos da área, heterogênea e interdisciplinar por na-
tureza.
Este artigo não será diferente. Meu objetivo é definir, a partir
da bibliografia que introduz o campo, a Lingüística Aplicada – do-
ravante LA – desde as suas origens atreladas ao ensino de língua,
até o que atualmente tem sido rotulado “LA crítica”
(PENNYCOOK, 2006) ou “LA contemporânea” (MOITA LOPES,
2006). Meu interesse mais específico é explorar as preocupações
centrais de uma “nova roupagem” desta área que, ainda que reafir-
mando seus objetivos originais voltados para a resolução de proble-
mas que emergem do mundo “real”, amplia seu escopo para além
dos limites da linguagem, afastando-se definitivamente de seu “ver-
dadeiro outro2”, a dita Lingüística Teórica, em direção às ciências
sociais.
Uma vez localizada essa corrente, focaremos a revisão na re-
flexão da proposta sócio-construcionista de pesquisa qualitativa
(FABRÍCIO, 2006; MOITA LOPES, 2006; PENNYCOOK, 2006,
entre outros), marcando seus movimentos de ruptura em relação às
tendências representacionistas e interpretativistas da ação humana,
bem como recuperando o percurso argumentativo que embasa sua
escolha não apenas como alternativa epistemológica, mas também
como postura ética adequada ao estudo dos fenômenos sociais na
contemporaneidade.
3
Linguagem em (Re)vista, Ano 6, Nº 10, 2009
DEFINIÇÃO DO CAMPO DA LINGÜÍSTICA APLICADA
O trabalho de definição da LA como área de estudos é tarefa
árdua justamente porque não há como se definir pontualmente os
pressupostos teóricos que lhe dão suporte e o objeto e metodologia
que formam sua heurística: trata-se de uma área heterogênea, que
abriga pesquisadores de diferentes tradições teóricas. Não à toa, boa
parte dos manuais introdutórios da área prefere defini-la pela expo-
sição de seus campos de atuação e exemplificação do modo de tra-
balho em cada um deles (cf. SEALEY & CARTER, 2004). Isso por-
que, nas palavras de Davies (1999), “o que a LA faz pode ser a defi-
nição do que a disciplina é (grifo meu)”. E o que a LA faz é debru-
çar-se, não sobre a linguagem em si, mas sobre problemas práticos
em que a linguagem está implicada, estejam eles em contextos edu-
cacionais ou sociais. A intervenção e a proposta de soluções para es-
tes problemas, portanto, é a sua definição e o seu diferencial no âm-
bito dos estudos lingüísticos3.
Especificamente, a maior parte dos trabalhos em LA diz res-
peito a questões pedagógicas relativas ao ensino de línguas, compre-
endendo temas como letramento em língua materna, bilingüismo e
ensino de LE. Outras áreas de atuação que poderiam ser arrolados
sob o guarda-chuva da LA são: linguagem em contextos profissio-
nais, linguagem em contextos clínicos, lingüística forense, lingüísti-
ca de corpus, análise crítica de discurso, entre outros.
No Brasil, a emergência da LA, nas décadas de 1960 e 1970,
esteve fortemente atrelada aos estudos sobre Inglês como língua es-
trangeira, passando, com o tempo, a incorporar outros temas como
linguagem e trabalho, linguagem e mídia, linguagem e gênero, lin-
guagem e tecnologia, linguagem e cultura, linguagem e identidade,
análise do discurso e estudos sobre língua materna (conforme
CAVALCANTI, 2004).
A multiplicidade de problemas abordados pela área, conforme
aponta Kaplan (2002), tende, no entanto, a diminuir o sentimento de
“propósito comum” ou o senso de identidade profissional entre os
pesquisadores. Mas tal senso existe, e possivelmente repousa muito
mais sobre o que não se compartilha, ou pelo conjunto de escolhas
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Linguagem em (Re)vista, Ano 6, Nº 10, 2009
que não se assume, do que propriamente por asserções positivas e
compartilhamento de um objeto ou método. A LA, por exemplo, não
dialoga com teorias que pretendam dar conta da natureza autônoma
da linguagem humana, com concepções ideais de interação e de su-
jeito, ou com aquelas que sequer os incorporam em suas generaliza-
ções. Problema anterior a este, a descrição e explanação da lingua-
gem por ela mesma não é sequer um objetivo da LA, conforme já se
disse. Sendo a preocupação da LA os problemas reais que emergem
de contextos comunicativos, estamos lidando justamente com os ob-
jetos comumente periféricos nas teorias de linguagem: se fosse es-
truturalismo, seria a “parole”; se fosse gerativismo, seria a perfor-
mance.
Pensar, portanto, que a LA seja a contraparte “prática” da
Lingüística Teórica é uma precipitação perigosa e indesejada. De
acordo com Cook (2003), estamos diante de dois discursos ou duas
ordens de realidade: aquela concernente à linguagem cotidiana, ex-
perenciada, e uma outra concernente a análises abstratas à luz da ex-
pertise lingüística. Não são modelos teóricos em competição: a LT
simplesmente não se presta à resolução dos problemas concernentes
à LA e vice-versa.
Para Kaplan (2002), entretanto, a heterogeneidade e interdis-
ciplinaridade da área também vêm acompanhadas de conseqüências
negativas, especialmente no que se refere ao fortalecimento político
da área, conforme adiantado acima. Para o autor, a indefinição quan-
to ao lócus e à epistemologia carecem de resolução. Por conta disso,
conforme anunciado na introdução deste trabalho, focarei a partir de
agora uma das propostas que oferecem respostas dessa natureza sob
a forma de um programa de investigação coeso.
EPISTEMOLOGIAS CONCORRENTES NAS CIÊNCIAS
SOCIAIS
Antes passar à apresentação da nova agenda de investigação
que marca o empreendimento “aplicado” na contemporaneidade, se-
rá necessário dar um passo atrás para resumida e simplificadamente
perfazer – e para tal me beneficio do alinhavo de Schawndt (2006) –
o caminho das principais correntes epistemológicas que guiam a
5
Linguagem em (Re)vista, Ano 6, Nº 10, 2009
pesquisa acadêmica de intenção qualitativa nas ciências sociais em
geral: seus princípios gerais, constituição de agenda e aplicações no
âmbito das ciências humanas.
O desenvolvimento da pesquisa qualitativa de nossos dias
apresenta claramente um caráter antitético em relação aos primór-
dios das ciências humanas, que, construídas à semelhança do fazer
científico das ciências naturais, apoiavam-se nos moldes epistemo-
lógicos positivistas baseados em observação e abstração coerente
das realidades-objeto observadas.
Um exemplo conhecido dessa tendência é o paradigma clássi-
co estruturalista de pesquisa etnográfica (por exemplo,
MALINOWSKI e LÈVI-STRAUSS, 1958), metodologicamente ori-
entado pela chamada observação participante, de cujo trabalho analí-
tico, alegadamente neutro e objetivo, se extraía sistemas estáveis e
ordenadores de dados por natureza dispersos e caóticos. Era essa
mesma a pedra de toque do empreendimento estruturalista: a criação
de um discurso coerente que eliminasse as arestas, contradições e
descontinuidades típicas da experiência/vivência social, por natureza
difusa e “porosa”. Desprezando as percepções/experiências nativas
sobre o mesmo objeto, cabia ao analista-etnógrafo deduzir uma lógi-
ca ou uma estrutura social oculta ao senso-comum. Descrever uma
ordem, portanto, era o mesmo que chegar à compreensão da cultura
analisada.
Ainda no âmbito da antropologia, e sob a alegação de que as
ciências humanas deveriam apresentar diferenças fundamentais em
relação ao fazer científico das ciências naturais, a até então hegemô-
nica postura positivista perde espaço para uma segunda tendência
das pesquisas sociais: o interpretativismo (especialmente Geertz,
1976/1979), tendência epistemológica que aposta justamente na im-
possibilidade de generalização, tipificação e objetividade caras ao
projeto etnográfico clássico. Isso porque um ponto essencial para a
proposta interpretativista é a idéia de que toda ação social é signifi-
cativa, isto é, para além do que fica aparente aos sentidos, há um
significado implícito relevante e irrecuperável pela observação dis-
tanciada: mais que observar, é preciso que se interprete o que está
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Linguagem em (Re)vista, Ano 6, Nº 10, 2009
aparente para, nas palavras de Chauí, tornar explícito o que está im-
plícito. Caberia, então, ao investigador-analista, captar a intenção
subjetiva por detrás da ação dos atores sociais, num ato de “reesta-
belecimento psicológico” da coisa observada (SCHWANDT, 2006,
p. 195).
Isso quer dizer que, mais do que constatar uma piscadela – do
exemplo célebre de Gertz – como prática social de uma dada cultu-
ra, caberia ao cientista social espiar empaticamente “por sobre os
ombros” do ator para desvelar suas intenções e sentidos subjacentes
– um flerte, uma sinalização de cumplicidade, de nervosismo, de
cansaço, etc. Também no âmbito da sociologia, a etnometodologia
traçava caminho semelhante, uma vez que almejava “reconstruir a
gênese dos significados objetivos da ação na comunicação intersub-
jetiva dos indivíduos no mundo de vida social” (OUTHWAITE,
1975, p. 91 apud SCHWANDT, 2006).
Um outro aspecto do interpretativismo é que tal apreensão de
significados, ainda na contramão da tendência estruturalista, só é
possível quando se aproxima a pesquisa das micro-situações e se
toma o próprio discurso que delas emerge como objeto pesquisável.
Isso é o que, no recorte de Winkis (1998), se chamará de ter-
ceira revolução etnográfica4: passa-se de uma ordem social (macro)
para uma ordem interacional (micro), que, por mais banal e gratuita
que possa parecer, seria a única forma possível de se obter insights
sobre a sociedade global, uma vez que a “totalidade” seria inapreen-
sível ao olhar humano. Esse olhar é condizente com a idéia bastante
divulgada a partir principalmente do trabalho de Goffman (1964,
1967, 1974, entre outros), para quem caberia à sociologia investigar
as micro-situações sociais em que os indivíduos se engajam, estas
tomadas como as formas mais puras e elevadas de reciprocidade e
sociabilidade. Goffman elege a situação engendrada na comunicação
face a face e os discursos reais que dela emergem, como o lócus pri-
vilegiado de investigação da sociedade – o infinitamente pequeno,
nas palavras de Bourdieu (2004). Pelas mãos de Goffman, os ele-
mentos que em vários níveis compõem a interação – participantes
reais, seus comportamentos verbais e não-verbais, princípios organi-
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Linguagem em (Re)vista, Ano 6, Nº 10, 2009
zacionais da conversa, mecanismos de sinalização e interpretação de
intenções e identidades – tornam-se objetos da sociologia.
A grande contribuição do fazer sociológico de Goffman pare-
ce ter sido o de tornar explícitos tais elementos, com vistas a forne-
cer bases teóricas para que se entendam os modos como as pessoas
atribuem valor simbólico ao que é dito e feito nos encontros sociais
(cf. SHIFFRIN, 1994) – de forma bastante alinhada, portanto, com
os propósitos interpretativistas. As metáforas constantes de Goffman
sobre a teatralização da vida cotidiana são reveladoras da idéia de
que os “atores” sociais, a partir de seus comportamentos em uma si-
tuação social específica, se esforçam num trabalho de encenação de
intencionalidades recuperáveis pelo analista.
Uma crítica de Schwandt (2006) à observação empática (a ou-
tra alcunha interpretativista em cujo campo estou incluindo
Goffman, ou pelo menos uma certa leitura de seu trabalho) seria o
caráter ingênuo da crença na possibilidade de se abstrair do intérpre-
te seu próprio subjetivismo e suas circunstâncias históricas para en-
tão acessar o modo como o ator social compreende o mundo. Em
outras palavras, trata-se de uma forma de compreensão realizada por
um intérprete-investigador sobre um objeto, não mais um objeto
abstrato, é verdade, mas um objeto que permanece sob o olhar de
alguém que não é “afetado pelo processo interpretativo e que man-
tém uma postura externa a este” (p. 198).
Soma-se a isso que os interpretativistas, uma vez que o senti-
do recuperado da análise de uma ação seria pretensamente seu signi-
ficado real, paradoxalmente buscam a verdade no subjetivismo. Se,
por um lado, a nova atitude solapa o objetivismo positivista em seu
método, por outro lado preserva sua pretensão desveladora.
A terceira tendência epistemológica descrita por Schwandt, a
hermenêutica filosófica, defenderia a impossibilidade de uma com-
preensão neutra do significado das ações sociais. Nas palavras de
Gallagher (1992), tentar apreender o ponto de vista do outro seria
algo comparável a “tentarmos nos afastar de nossa própria pele”. Is-
so porque a compreensão da vida social passaria inevitavelmente pe-
lo diálogo com nossas (do analista) próprias tradições, preconceitos
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Linguagem em (Re)vista, Ano 6, Nº 10, 2009
e visões de mundo. É nesse sentido que se rompe radicalmente com
a idéia interpretativista de que “a ação humana possui significado e
de que esse significado pode ser, em princípio, determinado ou de-
cidido pelo intérprete. Em outras palavras, a negociação do signifi-
cado não se dá apenas entre os atores investigados, mas entre estes
enquanto o objeto e o próprio intérprete. Enquanto cientistas sociais,
estaremos sempre engajados em análises “sem gabarito”, cuja con-
tribuição (a meta da hermenêutica filosófica) é descrever o processo
mesmo da compreensão (MADISON, 1991 apud SCHWANDT,
2006, p. 200).
Apesar de o trabalho de Geertz ter sido enquadrado acima
como ilustração para a tendência interpretativista de se recuperar as
intenções subjacentes e alegadamente verdadeiras do ator, há uma
segunda etapa/interpretação de seu trabalho (cf. Velho, 1981) em
que o papel do observador é problematizado. Geertz (1973 apud
VELHO, 1981) revisa os conceitos de proximidade e distância, tão
caros à antropologia estruturalista, antecipando um dos principais
tópicos da tendência pós-moderna de maneira bem semelhante à
postura da hermenêutica filosófica – a inevitabilidade do conheci-
mento posicionado. A parcialidade seria peça constituinte da cons-
trução do conhecimento:
Parece-me que Clifford Geertz ao enfatizar a natureza de interpretação
do trabalho antropológico chama atenção de que o processo de conhe-
cimento da vida social sempre implica em um grau de subjetividade e
que, portanto, tem um caráter aproximativo e não definitivo (VELHO,
1981).

Esse momento também é conhecido como virada “textualista”


(WINKIS, 1998), que significa uma tomada de consciência do ob-
servador sobre a descrição que realiza: é a sua experiência de intera-
ção com o objeto que está sendo descrito. Isso quer dizer que os da-
dos não falam por si, nem descrevem uma realidade. Assume-se que
o tipo de conhecimento produzido no texto etnográfico é de uma
pessoa, que, de dentro de determinações identitárias e contextuais,
olha o objeto de uma perspectiva própria. Fazer etnografia passa a
ser, então, criar uma narrativa (CLIFFORD e MARCUS, 1986).
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Linguagem em (Re)vista, Ano 6, Nº 10, 2009
Uma quarta tendência epistemológica, o construcionismo so-
cial, dá um passo além da hermenêutica filosófica. Afasta-se de vez
tanto do relato empírico quanto das concepções representacionistas
dos significados sociais e do conhecimento científico. Considerando
principalmente o trabalho de Potter (1996), Schwandt caracteriza
essa tendência a partir da idéia de que o mundo se forma à medida
que as pessoas o discutem, o escrevem e o contestam: “qualquer cri-
tério de atribuição de sentido à existência de coisas, eventos e expe-
riências ocorre no âmbito lingüístico-semântico” (FABRÍCIO,
2006). Sendo assim, aposta-se na impossibilidade de um sentido
universalmente válido às coisas do mundo, sendo o discurso cientí-
fico uma “uma forma de inteligibilidade de possibilidades incomen-
suráveis” (p. 201). Essa, como se sabe, não é uma idéia nova; re-
monta às discussões filosóficas clássicas que estão na base do pen-
samento ocidental. A origem greco-latina das discussões sobre o que
constitui o conhecimento e como ele é acessado sempre se pautou na
oposição realismo X relativismo (cf. MARTINS, 2005), estando o
construcionismo alinhado com a postura sofista de descrença em
uma realidade que seja anterior ou subjacente aos discursos, con-
forme aposta a tradição platônico-aristotélica.
É importante notar as implicações desta virada no discurso
sobre o método científico: quando o cientista é um descobridor
(GERGEN, 2008) a quem cabe desvelar uma verdade sobre o mun-
do, molda-se com esta crença um método firmemente centrado na
verificação de hipóteses – a formulação desta, a delimitação dos da-
dos, a testagem e as medidas e quantificações se justificam de acor-
do com essa base. Quando, por outro lado, se tem como aposta que
os significados sociais não são passíveis de descoberta, e sim de
construção ativa, a abordagem metodológica, naturalmente, se volta
para o engajamento e a subjetividade. Esse, garante Gergen (2008),
é o novo modo se fazer ciência social, o qual se confundirá como
uma anti-epistemologia, cujo ceticismo se aplica ao próprio trabalho
de pesquisa, assumidamente ideologizado e passível de crítica.
Uma das bases do relativismo construcionista, portanto, é o
diálogo entre diferentes modos de se pensar as práticas humanas
(GERGEN, 1994), donde se depreende a postura cética segundo a
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Linguagem em (Re)vista, Ano 6, Nº 10, 2009
qual fazer ciência social nessa perspectiva é necessariamente ensaiar
e tornar pública uma interpretação que só se valida retoricamente
(uma vez que não se admite um parâmetro de real como medida)
enquanto passo para construção de um argumento. Se, numa versão
mais forte deste construcionismo, todas as práticas etnográficas ou
reflexões sobre a sociedade, porque ficcionais, são consideradas
igualmente válidas, sendo impossível determinar como mais “corre-
ta” uma dada interpretação, o projeto construcionista, para boa parte
das suas versões, teria a validade apoiada em um compromisso éti-
co: as interpretações válidas seriam aquelas que se comprometem
com a desconstrução de práticas sociais injustas e com a transforma-
ção destas (com a aplicação social das interpretações), em oposição
radical ao desengajamento das epistemologias de demandas pura-
mente cognitivas (SCHWANDT, 2006, p. 207).
A clara imbricação entre epistemologia e política que se de-
preende das tendências construcionistas pode ser observada, ainda
no âmbito das ciências sociais, na proposta de Boaventura Sousa
Santos (2007). O autor constata que a realidade moderna ainda não
inventou um modo de produzir conhecimento que esteja à sua altura,
isto é, que há uma discrepância entre as novas práticas sociais e a
teorização destas, ainda centradas majoritariamente em um modelo
de compreensão etnocentrado (todos assim o seriam, se considerar-
mos o argumento construcionista delineado acima), e apresenta sua
proposta de construção de um conhecimento rigoroso da sociedade
firmemente apoiado na negação da neutralidade. Sua proposta tem
inegavelmente uma justificativa política: vivemos em uma socieda-
de injusta e não podemos ser neutros perante o que desejamos trans-
formar.
Mais do que isso, o autor chama a atitude epistemológica vi-
gente e ocidental de “indolente” (p. 25), porque se considera supre-
ma e prescinde de observar a riqueza epistemológica do mundo, ba-
seando-se em categorias reducionistas e dicotômicas que conduzem
uma racionalidade estreita. A essa atitude, que denomina “sociologia
das ausências” (que fecha os olhos para saberes não-científicos, para
idéias de progresso divergentes da lógica capitalista, para realidades
particulares e locais, por exemplo), contrapõe uma sociologia basea-
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Linguagem em (Re)vista, Ano 6, Nº 10, 2009
da em ecologias. Significa substituir a “monocultura” do fazer cien-
tífico colonizador pela abertura a outras fontes de conhecimento dis-
tantes do núcleo hegemônico, tomando-as em sua complexidade e
possibilidade de intervenção no real. O saber científico deve poder
dialogar com saberes populares, indígenas, urbanos, marginais,
camponeses...
não é possível hoje uma epistemologia geral. A diversidade do mundo é
inesgotável, não há teoria geral que possa organizar toda essa realidade
[...]. Não posso reduzir toda a heterogeneidade do mundo a uma homo-
geneidade que seria de novo uma totalidade que deixaria de fora muitas
outras coisas (SOUSA SANTOS, 2007).

A proposta do autor consiste, então, em um procedimento de


tradução intercultural, que busque inteligibilidade entre os diferentes
discursos de saber sem canibalizá-los, sem destruir a diversidade dos
saberes produzidos em círculos não-hegemônicos. Em poucas pala-
vras, significa conquistar a completude na diversidade.
IMBRICAÇÃO EPISTEMOLOGIA/POLÍTICA TAMBÉM NA
LINGÜÍSTICA APLICADA
O trabalho de Sousa Santos (2007) deixa entrever que, para
além de uma mera distinção teórica, um ponto que ganha destaque
nas teorias que passo a chamar de pós-modernas são as conseqüên-
cias socialmente devastadoras da opção por um fazer científico a-
político.
Rampton (2006), por exemplo, oferece uma ilustração dessa
linha argumentativa ao recortar duas rupturas sucessivas pelas quais
a sociolingüística anglófona passou nos últimos anos, para então re-
fletir sobre o papel da Lingüística Aplicada na contemporaneidade.
Ao descrever tal papel, o autor a contribui ainda apara a discussão
introduzida na seção 1 acerca da distinção entre LT e LA.
Para Rampton, a primeira ruptura por que passa a Lingüística
anglófona reflete a transição “tradição/modernidade”. O autor cor-
robora a trajetória epistemológica descrita na seção 2 deste trabalho,
afirmando que as ciências modernas estiveram empenhadas em
compreender os fenômenos sociais pertinentes à sua época, a saber,
a industrialização, a urbanização, a democracia de massas, etc, mui-
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Linguagem em (Re)vista, Ano 6, Nº 10, 2009
to baseadas no desejo de imparcialidade, que vem acompanhado de
uma ingênua celebração das diferenças. Ingênua porque, se por um
lado, tal tendência teve o mérito de defender a integridade e autenti-
cidade dos grupos na tentativa de se dar conta de suas sistematicida-
des e coerências, por outro, acirrou diferenças e identificações dico-
tômicas essencialistas (como, principalmente, branco/negro, mascu-
lino/feminino), fruto de um relativismo perigosamente absorvido pe-
lo senso-comum, uma vez que o trabalho de aceitação da diferença
pode apresentar como contrapartida o confinamento do outro (o di-
ferente) a um espaço próprio e cerceado, alimentando mecanismos
de exclusão (cf. BAUMAN, 1999).
Para Rampton (2006), os trabalhos da sociolingüística teórica
de viés variacionista são exemplos desse empreendimento, que pro-
cura captar identidades acirrando diferenças e fronteiras entre os
grupos. Uma lingüística do tipo Laboviana, como sugere Goffman
(1964), que pretende estabelecer correspondências estáveis entre va-
riantes lingüísticas e correspondentes identitários fixos, reforçam os
preconceitos que uma abordagem crítica procuraria combater5.
À segunda ruptura, Rampton nomeia transição modernida-
de/pós-modernidade. Enquanto o empreendimento moderno tomava
as entidades sociais como totalidades idealizadas (românticas, na pa-
lavra do autor), a perspectiva da modernidade tardia (ou pós-
moderna) considera esses objetos bem mais fluidos e heterogêneos
(“líquidos”, na terminologia de BAUMAN, 1992). Ao sujeito se
confere agentividade, escolha; e à ciência social, conseqüentemente
à Lingüística Aplicada, se tomada como tal, o papel de intérprete
das realidades construídas por eles. Problematiza-se o sentimento de
pertencimento (a uma classe, a um gênero, um raça...): mais do que
mera herança social (que parecia ser a idéia subjacente ao pensa-
mento moderno) este parece ser construído ad hoc, pela adesão múl-
tipla e simultânea de produtos e símbolos de diferentes “origens”.
Então, no lugar de confortavelmente generalizar sobre regras de as-
sociação entre variáveis lingüísticas e sociais, caberia à postura pós-
moderna olhar para as interações em contextos sociais concretos,
conforme propõe Goffman (1964), com sua constelação de traços
heterogêneos e seus discursos produzidos em experiências situadas,
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Linguagem em (Re)vista, Ano 6, Nº 10, 2009
conscientes de seu caráter caótico e fragmentário, e de que a demar-
cação abstrata de uma comunidade é apenas uma tentativa retórica e
ideologizada de representação – desempenho artificioso, nas pala-
vras de Rampton –; que é parte das competências discursivas dos
sujeitos transpor modos ideologicamente associados a determinados
grupos pelos contextos, tempo e espaço; que o uso lingüístico não é
mera manifestação, conforme preconiza a lingüística laboviana, mas
um dos objetos semióticos dos quais se lança mão para construir
sentidos contingentes em um contexto.
A pós-modernidade nos estudos da linguagem, sob este olhar
de Rampton, seria a negação de qualquer sistematicidade inerente ao
uso lingüístico. Se uma análise conduzida desta forma recebesse crí-
ticas por não apresentar uma teoria consubstanciosa, esse seria jus-
tamente o “espírito de sua época”, em que “o requisito mais básico é
a reverência pela complexidade e plenitude da interação”
(RAMPTON, 2006).
Se no trabalho de Rampton (2006) ainda se deixa entrever
uma proposta de investigação semelhante ao que acima foi rotulado
como interpretativismo, essa postura, entretanto, não é propriamen-
te a que marca os trabalhos é em LA que pretendemos apresentar a
partir de agora; há trabalhos que se alinham declaradamente com a
vertente construcionista. Fabrício (2006), por exemplo, assim como
Moita Lopes (2006) e Pennycook (2006), assumem a impossibilida-
de de apreender realidade fora dos discursos. Esses autores – Fabrí-
cio mais declaradamente – apóiam sua posição epistemológica nas
filosofias marcadamente anti-essencialistas de Nietzsche, Foucault e
Wittgentein6, já que estes, ainda que tributários de tradições diver-
sas, comungam o ceticismo quanto às possibilidades estáveis de co-
nhecimento, desarticulando uma crença na verdade quase sempre
presente no fazer científico.
Confirmando a inclusão, feita acima, do interacionismo na
vertente interpretativista pré-construcionista, Fabrício (2006) argu-
menta que o emprego amplo de metodologias de análise de discurso
como o sociointeracionismo e a ACD, apesar de valorizar uma visão
situada do sentido, ainda não se desvencilha completamente da bus-
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Linguagem em (Re)vista, Ano 6, Nº 10, 2009
ca por verdades subjacentes7, e nisso se distanciam do que chama de
novas abordagens de LA, comumente “desconfiadas da formação de
sistemas explicativos coesos, desestabilizando conceitos internaliza-
dos e desprendendo-se de consensos tranqüilizadores”.
Na mesma direção, Pennycook (2006) e Moita Lopes (2006)
definem a LA, em sua versão crítica, como uma “anti-disciplina” ou
como um “conhecimento transgressivo”; um campo de estudos que,
partir de um arcabouço intelectual aberto a influências diversas, de-
bruça-se sobre a linguagem e sua relação com a vida social, produ-
zindo sua própria teoria. Alternativamente a todos os tipos desinte-
ressados de produção de conhecimento, a pesquisa em LA seria um
projeto epistemológico marcadamente interdisciplinar, como já se
disse, e um “um meio de construção da vida social” (MOITA
LOPES, 2006). Em outras palavras, a LA seria um campo de estu-
dos que precisa ter algo a dizer sobre o mundo, e que o fará com ba-
se nas discussões a perpassam os outros campos das humanidades,
extrapolando os objetos especificamente lingüísticos.
Demarcada ético e teoricamente o papel da LA, Moita Lopes
(2006), então, a exemplo de Sousa Santos, sugere que uma das for-
mas de se viabilizar tal projeto é dar voz às minorias, aos modos do
sul, forçando um olhar não-ocidentalista, mas também não inocen-
temente relativista.
Estando as ciências sociais em geral e a LA em particular
comprometidas com a oferta de soluções para questões sociais, e
não simplesmente com a problematização destas, seria um erro
apoiar um radical relativismo epistemológico condescendente com
qualquer teorização social. Considerar que nenhum sistema de valor
possa ser compreendido como superior a outro, isto é, tomar a “par-
cialidade como virtude”, é quase tão grave quanto o “avestruzismo
liberal” que nega, sob o discurso da imparcialidade, sua responsabi-
lidade social (PENNYCOOK, 2006, p. 68). Isso porque a parciali-
dade impõe uma versão da realidade de forma autoritária, ignorando
a pluralidade que Sousa Santos (2007) propõe como essencial para a
contemporaneidade. O método de Sousa Santos, por exemplo, de
tradução e amalgamação de diferentes saberes baseia-se no argu-
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mento da necessidade de uma “justiça cognitiva global”, que valori-
ze os saberes exilados dos centros hegemônicos de produção de co-
nhecimento. O que o autor sugere como solução é, então, um “pós-
modernismo de oposição” composto da trama de teorias emergentes
(na forma de “coligações anti-hegemônicas“, nas palavras de Moita
Lopes, 2006).
Para Fabrício (2006, p. 52), as teorizações dessa natureza não
são as que surgem no intuito messiânico para com as minorias, mas
são as próprias epistemes que delas emergem. Estas são tendências
que fazem “do sul” (metonimicamente representante dessas minori-
as) um lugar de insurgência de conhecimentos válidos, formadores
desse amálgama que contribui caleidoscopicamente para uma
ação/reflexão rebelde sobre a sociedade.
Tal relativismo ético (por oposição a cético), que incorpora as
vozes das minorias, aliado ao hibridismo teórico declarado e à con-
seqüente explosão da separação entre teoria e prática constituiriam
os novos pilares da LA contemporânea.
Sendo assim, os estudos dos processos discursivos de cons-
trução de identidade apresentam-se como caminho apaziguador:
contemplam, a um só tempo, o diálogo entre as múltiplas áreas do
saber; a própria tese construcionista que privilegia a retórica como
modus operandi das construções alegadas e a crítica ao preconceito
e à discriminação. A negação da possibilidade de se delinear as
identidades como instituições pré-formadas se “verifica” discursi-
vamente, na análise do modo como os atores sociais se constroem
para fins locais de performação (BUTLER, 1990 apud
PENNYCOOK, 2006). São as práticas discursivas que orientam, nos
níveis situados de interação, os processos de (re)construção identitá-
rias.
Em resumo, a LA contemporânea, sem negar sua empreitada
original de afirmar-se como uma área de estudos voltada para ques-
tões práticas de resolução de problemas que envolvem o uso da lin-
guagem de forma assumidamente ético-intervencionista
(RAJAGOPLAN, 2006), define um núcleo teórico apoiado no para-
digma socioconstrucionista, um programa de investigação claro que
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elege o discurso como objeto e a construção de identidade como fe-
nômeno a ser investigado, promovendo uma ruptura mais definitiva
com a LT, uma vez que o novo direcionamento do escopo a aproxi-
ma muito mais do fazer científico das ciências sociais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Procuramos neste texto definir a LA como área de estudos,
buscando a fio que perpassa suas múltiplas propostas. Se há consen-
so, por um lado, sobre a natureza da atuação desta e sobre seus obje-
tivos fundamentalmente divergentes daqueles que marcam a LT , o
mesmo não se pode dizer quanto às bases epistemológicas e os obje-
tos eleitos como pesquisáveis. Neste trabalho, procuramos descrever
a arquitetura e a justificativa da proposta, no Brasil liderada por
Moita Lopes.
Se ocupar a vanguarda de uma (re)virada epistemológica tem
seu encanto, caberiam aqui, no entanto, pelo menos duas advertên-
cias. Em primeiro lugar, há que se reconhecer que uma das mais for-
tes preocupações da LA tem sido o fortalecimento da disciplina: o
balanço de Kaplan (2002) descrito na seção 1 deste trabalho advertia
para a necessidade de se criar unidade na área, enquanto o texto pro-
gramático de Moita Lopes (2006) celebra justamente a diferença e a
“mestiçagem”. Assumi-las como alternativa não só viável quanto
superior é prescindir justamente do que Kaplan considera fundamen-
tal. O risco é se deixar estar sempre em um “entrelugar”.
A segunda advertência é concernente ao risco de, ao se adotar
uma postura construcionista, adotá-la como a única possível, o que
corresponderia a ferir sua própria razão de existência. Afinal, nas
palavras de van Lier (1994), relativismo é o contrário de absolutis-
mo, e não de racionalismo; ter uma postura relativista, portanto, im-
plica reconhecer uma variedade de tipos de conhecimento científico.
De qualquer forma, confome Lorenz (1963 citado por VAN
LIER, 1994), o propósito de uma teorização pode ser querer conhe-
cer ou querer ajudar; o julgamento de um empreendimento científi-
co, se optarmos pela segunda opção, está na utilidade de seus resul-
tados. Na LA estariam profissionais que estão a serviço de proble-
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mas de vida real e não apenas a serviço da respeitabilidade acadêmi-
ca.
NOTAS
1
O termo “indisciplinar” é uma referência explícita ao título de re-
cente publicação organizada por Luiz Paulo da Moita Lopes (2006)
– Por uma lingüística indisciplinar –, a qual embasa muito do que
aparece em discussão no presente artigo, que justamente retoma e
descreve a arquitetura e a justificativa da proposta de Lingüística
Aplicada presente na obra do autor.
2
Tomo aqui emprestada a expressão de Possenti (2005) referente à
Pragmática, para o autor, o “verdadeiro outro” da Análise do Dis-
curso de base enunciativa.
3
Para se ter idéia da natureza de tais problemas, eles vão desde a es-
colha da segunda língua a ser ensinada em uma escola que recebe
muitos imigrantes até uma resolução política sobre língua oficial de
uma dada comunidade, passando por problemas comunicativos em
ambientes empresariais e impasses ideológicos suscitados por uma
notícia de jornal.
4
A segunda revolução, para o autor, seria uma etapa anterior do que
pretendemos demonstrar nesta recuperação do percurso das tendên-
cias às ciências sociais, menos relevante para meu propósito de uma
exposição mais geral: é o que ocorre m Chicago na década de 30,
quando, pelas mãos predominantemente de Lloyd Warner, passa-se
a de fazer uma antropologia baseada na exploração urbana (isto é,
pouco baseada em exotismos de ilhas distantes). Essa fase, que ain-
da se caracterizava pela busca de um certo exotismo urbano, da aná-
lise de minorias necessariamente, vai dando lugar, na década de 50,
a uma antropologia “fora das ilhas” mais convicta e simpática a
campos prosaicos (WINKIS, 1998, p. 131).
5
Mesmo por um viés teórico (em oposição ao ético), Goffman
(1964) argumenta sobre a invalidade desse modo de fazer sociolin-
güística. Para ele a construção de inventários abstratos de formas
lingüísticas associadas a variáveis sociais muito pouco tem a dizer
sobre a real natureza da relação linguagem/sociedade.
6
Cf. Marconde, 1997 e, mais especificamente, a própria Fabrício,
2006.
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7
Fabrício exemplifica com a ACD (de FAIRCLOUGH e VAN
DIJK, por exemplo) o tipo de interpretativismo que ainda busca cer-
tezas sobre os fenômenos sociais a partir da técnica de “desvelamen-
to” (realista e determinista) das ideologias embutidas no discurso.
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