Bestiário Africano

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BESTIÁRIO AFRICANO

1) Abambo (Oeste da África) – O termo em plural para “fantasmas”. O singular é Ibambo. Não
se sabe de onde eles vêm ou por que se tornam visíveis em certos momentos. É entendido que
são as almas dos mortos. Não são bons ou maus, mas eles vêm sem serem convocados,
ocasionalmente possuindo pessoas.

2) Abatwa (Folclore Zulu) – Um povo tão diminuto que é encoberto pela grama e dorme em
formigueiros. Eles são nômades, parando apenas para comer o que eles caçaram. Eles odeiam
ser do tamanho que são, chegando a matar pessoas com os seus arcos se eles entendem que
as mesmas ressaltam esse fato. O singular de Abatwa é Umutwa. O modo correto de
cumprimentar um Umutwa quando ele pergunta “Quando você me viu?” é “Eu te vi quando
estava longe”. Isto agrada o Umutwa, que responde “Então eu fiquei grande”. Os Abatwa
fazem jornadas para mudar as suas regiões de caça, o grupo inteiro montando em um cavalo,
do pescoço ao rabo. Se eles não encontrarem comida, eles comem o cavalo. Os Abatwa são
poderosos à sua maneira, pois a grama os esconde de tal forma que eles podem “picar” um
homem até a morte com as suas flechas envenenadas sem serem vistos. O veneno que eles
usam é um anticoagulante, que faz com que a pessoa sangre até a morte.

3) Adroanzi (Mitologia Lugbara) – Uma raça de criaturas que se parecem com cobras, mas são
na verdade a prole do espírito maligno Adro. Os Adroanzi caçam à noite, na forma de pessoas,
atacando e devorando humanos. Eles se aproximam pelas costas da vítima, atacando assim
que a mesma olhar para trás. Mas se o alvo seguir em frente sem medo, ele não é atacado.

4) Adze (Folclore Ewés) – Um vampiro que pode se transformar em um vagalume. Caso


capturado nesta forma, ele reassume a forma humana. A forma de vagalume é usada para
passar por espaços pequenos e entrar em casas, para sugar sangue de quem está dormindo.
Isto causa doença e até morte na vítima. Na forma humana, o Adze pode possuir uma pessoa.
A mesma será considerada uma bruxa, porque a possessão traz má sorte às pessoas que
convivem com a pessoa que foi possuída.

5) Arro (Folclore dos Dilings e Nubas) – Bail, deus supremo destes dois povos, encarregava os
Arro, espíritos dos mortos, de guiar e ajudar os humanos. Eles davam conselhos aos chefes,
agiam como guardiões e recompensavam ou puniam humanos de acordo com as suas ações.
Ou seja, pode-se pensar nos Arro como uma mescla de anjo e ancestral.

6) Árvore Canibal de Madagascar (Folclore de Madagascar) – Como o nome indica, trata-se de


uma planta carnívora grande o suficiente para devorar pessoas. Ela se distingue das demais
criaturas da lista em que foi inventada por um homem branco para um jornal em 1874. No
artigo original, é dito que a árvore recebe sacrifícios de uma “tribo Mkodo”, igualmente fictícia.
A planta é descrita como tendo o formato de um abacaxi de mais de dois metros de altura. O
tronco é marrom e tão duro quanto ferro. Saindo do topo do tronco e descendo até o chão, as
folhas têm quase quatro metros de comprimento em meio metro de largura. Elas são cobertas
de ganchos afiados. Uma espécie de grande flor branca no meio das folhas guarda um líquido
doce, intoxicante e que causa sono. Esta “flor” também tem seis palpos semitransparentes e
brancos, com quase dois metros de comprimento e em movimento constante. Entre a “flor” e
as folhas, saem muitas gavinhas peludas verdes, cada um com cerca de dois metros de
comprimento. Quando uma vítima é colocada acima do tronco, os palpos se enroscam nos
braços e pescoço. Em seguida, as gavinhas se enrolam ao redor da pessoa, seguidas pelas
folhas. A refeição desta árvore assassina é então comprimida como se por uma prensa
hidráulica. Enquanto se alimenta, a árvore gera o líquido doce, que é coletado pelos nativos
que colocaram a vítima ali, como uma espécie de recompensa narcótica e talvez viciante. As
folhas e gavinhas se abrem dez dias depois, restando apenas um crânio branco.

7) Arwe (Folclore Etíope) – Uma serpente que governava a região agora chamada de Etiópia.
Ela era longa como um rio, e os seus dentes eram grandes como o braço de um homem.
Gulosa, comia plantações, gado e pessoas. Caso as pessoas se recusassem a alimentá-la, ela se
contorcia, causando terremotos. Ela foi morta por um estrangeiro que conseguiu envenená-la.
Agradecidos, os locais pediram que ele ficasse e governasse eles, o que ele aceitou. Quando
envelheceu, este senhor pediu que as pessoas aceitassem a liderança de sua filha, Makeda,
que se tornou a Rainha de Sheba.

8) Asamanukpai (Folclore da Costa do Ouro) – Anões com os pés voltados para trás. Eles
podem ser brancos, negros ou vermelhos. Os anões mais velhos são maiores e barbudos. Os
Asamanukpai gostam de comer e dançar em rochedos de pedra polida. Se você entrar no
território deles, deve acalmá-los com oferendas de rum. Caso contrário, será apedrejado ou
guiado até as profundezas da floresta, perdendo o caminho de volta. Às vezes, os Asamanukpai
são amigáveis com alguém, ensinando o que sabem a esta pessoa. Eles também esfregam o
suco de uma planta nos olhos, ouvidos e boca da sua nova amizade, tornando-as capaz de
ouvir e ver pensamentos, prever o futuro, assim como falar e cantar com os anões. Tal pessoa
se torna um “Gbalo”, um tipo de adivinho e sábio.

9) Asanbosam (Folclore dos Acãs) – Um tipo de vampiro. É descrito como tendo dentes de
ferro, pele rosada, ganchos de ferro no lugar de pés, cabelo longo e vermelho. Ele vive nas
árvores, emboscando pessoas do alto.

10) Asiman (Folclore Daomé) – Uma bruxa vampira. Ela ganha os seus poderes ao conjurar
uma magia específica, deixando de ser humana. A Asiman é capaz de remover a própria pele e
se tornar uma presença luminosa voadora que se parece com a chama de uma vela. Nesta
forma, ela observa do céu por uma vítima. Após se alimentar, ela se torna capaz de se
transformar em um animal. E é apenas na forma animal que é possível destruir uma Asiman.

11) Awiri (Oeste da África) – Um tipo de espírito guardião. O singular é Ombwiri. Quase todas
as pessoas têm o seu próprio Ombwiri, que vive em uma pequena casa construída próxima à
casa da respectiva pessoa. Toda a boa sorte desta pessoa vem do seu Ombwiri: todos os
problemas que evitou e todas as boas coisas que conseguiu. Awiri também são responsáveis
por tudo que é maravilhoso ou misterioso: relevos geográficos distintos, fenômenos celestiais
e até eventos extraordinários que afetam a vida das pessoas. Não existem sacerdotes que
sirvam de intermediários entre as pessoas e os Awiri. O Ombwiri deve ser respeitado e até
temido, mas ele não é um espírito maligno. Entende-se que todos os Awiri são ou descendem
das almas dos mortos. E que os Awiri mais dispostos a colaborar e ajudar uma pessoa são
aqueles que foram os ancestrais da mesma. E a maior ajuda que trazem é uma que muitos
africanos desejam acima de qualquer outra coisa: filhos e filhas. Quando Awiri surgem, pode-
se ver que são brancos, não importa a raça que fossem em vida. Pessoas brancas eram
consideradas Awiri por alguns nativos. Awiri geralmente vivem na região da sua tribo de
origem. Caso a mesma seja extinta ou mude de lugar, os Awiri ficam e aceitam se afiliar a
novas pessoas que venham a morar na região vazia. Awiri ficam inativos na estação de frio
seco, que corresponde de maio a setembro no oeste equatorial da África. Neste período, são
pequenos e quase sem vida. Pode-se pensar nisto como uma espécie de hibernação. Existe
quem pense nos Awiri como um equivalente africano das fadas europeias.

12) Aziza (Folclore Yorubá e Jeje) – Esta divindade e/ou espírito da selva também é chamado
de Aroni. Ela é descrita como um homem pequeno, de uma perna só, que fuma um cachimbo
feito de uma concha. Um dos mitos a seu respeito conta que ele roubou o fogo dos céus e o
deu aos humanos. Ele também sabe muitas coisas sobre cura e ervas medicinais, podendo
ensinar isto às pessoas. Há quem acredite que o Saci é uma variante deste mito no Brasil,
trazido pelos escravos vindos da África.

Para evitar confusões, devo esclarecer que existe um outro tipo de criatura chamada “Aziza”.
Neste caso, são semelhantes às fadas europeias. Estes seres vivem nas profundezas das
florestas e costumam ser benignos, por exemplo, ajudando caçadores e trazendo boa sorte a
quem os invocasse.

13) Badimo (Folclore dos Tswanas) – Os Badimo são os espíritos dos mortos e são hostis aos
vivos, agindo mais como diabos: desfazendo o que o Deus Supremo fazia, deturpando os Seus
propósitos e convencendo humanos a se afastar Dele.

14) Balungwana (Folclore Baronga) – Seres pequeninos, às vezes chamados de anões. Parece
que o singular é mulungwana. É dito que eles vem do céu quando chove. Quando as pessoas
ouvem o trovão, dizem: “os balungwana estão brincando lá em cima.” Durante a praga de
gafanhotos de 1894, um homem e uma mulher pequeninos supostamente surgiram
anunciando a praga e dizendo: “não matem os gafanhotos; eles nos pertencem.” Um
mulungwana também surgiu em um morro em 1862, logo antes de começar uma guerra entre
dois chefes.

15) Bida (Folclore Soninquês) – Um dragão em forma de uma enorme serpente. Ele exige
sacrifícios na forma de donzelas para fazer chover ouro sobre a cidade chamada Wagadu. Bida
vive em um poço profundo ao lado da cidade. Um herói chamado Mamadi Sefe Dekote
conseguiu decapitar o dragão. A cabeça ainda falou, amaldiçoando a cidade a ficar sem ouro
por sete anos, sete meses e sete dias. A cabeça pousou em uma região ao sul, que se tornou
famosa pelo ouro que vinha de lá. Bida era descrita como a cobra dourada, mas não é claro se
isso se refere à aparência ou à fortuna que trazia.

16) Boio (Folclore da Zâmbia) – Em um lugar chamado Chilunga, norte de Loango, existia um
fetiche chamado Boio, que governava a região através de uma princesa que lhe servia de
representante. Boio vive na terra: as pessoas ouviam a sua voz quando passavam por perto do
altar dedicado a ele. Oferendas eram postas ali, desaparecendo em seguida. O espírito dentro
do fetiche, também chamado Boio, tinha, além da voz humana, a voz de um pássaro. Certa
vez, dois homens estavam carregando um pau como se houvesse uma maca suspensa nele,
mas não havia nada. Alguns passantes riram disto. Em seguida foram feitos prisioneiros por
mãos invisíveis, soltos apenas após um pagamento ser feito à princesa. O fato é que havia uma
maca suspensa, carregando o fetiche, mas ambos eram invisíveis. Apenas duas pessoas têm o
poder de enxergar Boio, dentro de seu lar subterrâneo: as mesmas que lhe trazem comida.

17) Bouda (Folclore Etíope) – Etíopes acreditam que ferreiros são feiticeiros capazes de se
transformar em hienas. Há quem diga que esses “homens-hiena” abrem covas de cemitérios à
meia-noite e roubam os corpos. Muitos nativos olham para ferreiros de forma suspeita.
Aproveito isto para dizer duas coisas sobre hienas: as suas mordidas são capazes de quebrar e
moer ossos, e os seus potentes ácidos estomacais conseguem digerir os ossos devorados.

18) Bulgu (Folclore Guji Oromo, Etiópia) – Um grande ogre canibal com quatro olhos em uma
cabeça na forma de uma lâmina de machado. Ele conhece fórmulas mágicas verbais que
destroem muros.
19) Camaleão (Folclore de Burkina Faso) – Um símbolo associado a mudanças e à
transformação de uma pessoa na forma de um espírito. Além disso, camaleões são vistos de
maneira suspeita, devido à sua capacidade de mudar de cor e olhar em duas direções ao
mesmo tempo. Camaleões apareciam em máscaras, amuletos e altares, servindo como
espíritos protetores ou para aumentar o poder do usuário, combater formas sobrenaturais de
doenças e encantamentos, até servindo para contrapor os efeitos das fases da lua.

Nas tradições dos Yorubás, o camaleão Agemo é intermediário e mensageiro entre o deus
supremo e outras divindades ou humanos. Certa vez, ele ajudou o deus supremo, Olorun, a
vencer uma competição contra Olokun, deusa do mar. Ela acreditava ser a melhor tecelã e
tintureira de roupas, melhor até mesmo do que Olorun. Ela o desafiou a uma competição de
tecelagem e tinturaria. Ele pediu que ela apresentasse amostras da sua habilidade. Mas cada
tecido que ela mostrava tinha os padrões e cores repetidos perfeitamente por Agemo. Olokun
declarou a própria derrota, pois se um mero mensageiro podia duplicar o que ela produzia,
Olorun seria ainda mais habilidoso.

20) Cedro do Fim (Mito da Criação do Mundo do Quênia) – Abaixo de Seu trono, Deus criou
uma árvore gigantesca. Ela tem milhões (ou talvez bilhões) de folhas. Em cada uma delas, há
um nome escrito por Deus, pois Ele conhece cada um de nós pelo nome. Quando Ele desejar,
uma folha cai. Antes que a mesma atinja o chão, um anjo a pega e lê o nome para o Anjo da
Morte, chamado Ndulo Mtwaa-roho, “Aquele que Toma Almas”. O mesmo então desce para
separar a alma do corpo daquele que tem o nome que foi lido.

21) Chamma (Folclore do Congo) – O nome significa “arco-íris”. Esta é uma cobra gigante que
entra nas fontes dos rios e os faz inchar, criando enchentes que carregam gramas, árvores e
aldeias inteiras na direção do mar.

22) Chemosit (Folclore Nandi) – Um demônio canibal que vive debaixo da terra. Metade
homem, metade pássaro, ele tem uma perna e usa como muleta um bastão em forma de
lança. A boca vermelha brilha à noite como se fosse uma lamparina. Ah, e ele tem nove
nádegas. Sim, nove. Ele prefere devorar crianças, atraindo-as com canções à noite. A criança,
ouvindo a música e vendo a luz saindo da boca do monstro, acha que está acontecendo uma
dança ao redor da fogueira e vai na direção dela.

23) Chipfalamfula (Folclore Moçambicano) – Um peixe enorme, com o poder de controlar um


rio. Ele é capaz de fazer o curso d’água seguir por baixo da terra ou causar enchentes. Mas ele
costuma salvar pessoas se afogando e sempre ajuda crianças com problemas.

24) Chiruwi (Folclore de Maláui) – Uma criatura que assombra a floresta. Ele tem um braço,
uma perna e um olho; a outra metade do corpo é feita de cera. Também carrega um machado.
Quando encontra um homem, o desafia a uma luta desarmada. Se a pessoa vence, o Chiruwi
ensina-a a criar substâncias sobrenaturais, assim como as propriedades medicinais de ervas e
árvores. Mas se a pessoa perder, ela morre.

25) Dingonek (Folclore do lago Vitória) – Um monstro descrito como tendo quatro metros de
comprimento; cabeça grande como a de um leão, mas com a anatomia e pintas de um
leopardo; dois dentes grandes e brancos, como os de um tigre dentes-de-sabre; escamas como
as de um tatu; colorido e pintado como um leopardo; um rabo longo e achatado, próprio para
nadar; as patas deixam pegadas largas como as de um hipopótamo, mas com as garras de um
réptil. O caçador que o viu, John Alfred Jordan, disparou com o seu rifle calibre .303 a nove
metros de distância na cabeça, mas só fez a criatura sair da água. Jordan escapou e a procurou
depois, mas sem sorte. Os locais adoravam uma serpente ou réptil que diziam trazer boas
colheitas e aumento das manadas de gado, mas não fica claro se é a mesma criatura.

26) Dhegdheer (Folclore da Somália) – O nome significa “que tem orelhas longas”. Esta é uma
demônia canibal que caçava crianças perdidas na floresta.

27) Eloko; plural é Biloko (Folclore dos Mongo-Nkundo, que vivem às margens do rio Congo, na
África Central) – Anões que podem ser os espíritos dos ancestrais ou de mortos que ainda têm
questões a acertar com os vivos. Vivem nas profundezas da selva, onde a mata chega a ser
escura de tão fechada. Os seus tesouros são as frutas e animais da floresta. Caçadores
precisam de magia poderosa para adentrar e sobreviver nas regiões dominadas pelos Biloko,
ou correm risco de morrer de fome por nunca achar nada para comer. Os anões vivem em
árvores ocas e se vestem apenas com folhas. Eles tem grama crescendo no corpo, no lugar de
pelos e cabelos. Possuem focinhos com bocas que podem se esticar até ficarem grandes o
suficiente para engolir um homem. Possuem garras longas. Biloko usam sinos que enfeitiçam
quem passar por perto, a menos que a pessoa carregue um amuleto ou fetiche que impeça
isto. Eles “cheiram como a floresta”, as suas vozes soam como a de uma criança. E como se
não bastasse, devoram pessoas.

28) Emere (Folclore Yorubá) – Uma criança que consegue viajar entre o mundo físico e o
espiritual à vontade. O termo tem uma conotação negativa, porque significa que o filho ou
filha de uma família constantemente desaparece e reaparece. Uma Emere é impaciente,
querendo o que tem de melhor na Terra e no Céu. Ela é, na verdade, um espírito disfarçado
que confundiu vida e morte. Acredita-se que Emeres são mais poderosas do que bruxos. Elas
costumam morrer de pura felicidade: quando se casam; quando tem filhos; quando se formam
na universidade, etc. Emeres também são lindas e sedutoras, e costumam ser mulheres.

29) Fanany (Folclore de Madagascar) – Semelhante à hidra grega, esta criatura é uma serpente
com sete cabeças, cada uma com um chifre.

30) Fandrefiala (Folclore de Madagascar) – Uma cobra que caça do topo das árvores. Quando
um animal ou pessoa passa por baixo, a Fandrefiala se arremessa como se fosse uma azagaia, a
ponta do rabo apontando na direção da presa. Não me ficou claro se a ponta do rabo é afiada,
mas gosto de pensar que sim. A cobra é descrita como sendo amarela ou marrom, enquanto a
ponta do rabo é vermelha. A dica para saber se uma Fandrefiala está prestes a atacar é que
três ou sete folhas caem da árvore. A criatura as faz cair para avaliar a sua trajetória.

31) Funkwe (Folclore Lamba) – É dito que esta criatura é uma serpente cujo corpo é tão longo,
que vai da fonte do rio Kafulafuta até a junção com o rio Kafue. Isto dá cento e vinte e oito
quilômetros! A ponta do rabo é como de um peixe, tendo uma barbatana. Os Funkwes vivem
em um fosso abaixo da fonte do rio e saem quando querem comer peixes. Existe uma história
de um Funkwe que se transformou em um humano e se casou com uma mulher.

32) Ga-Gorib (Folclore da África do Sul) – Um grande monstro assassino com um truque. Ele
ficava sentado à beira de um grande fosso e segurava uma pedra na testa. Ele desafiava os
passantes a pegar a pedra e jogar nele. Quando eles faziam isto, a pedra ricocheteava e
matava quem a atirou. Ga-Gorib foi morto pelo herói legendário Heitsi-Heib, que distraiu a
criatura, acertou-a atrás da orelha e a jogou dentro do próprio fosso.

33) Gor, o Trovejante (Folclore da África Central) – Um elefante mítico que serve de
mensageiro do deus supremo dos pigmeus, Khonvoum.
34) Groot Slang (Folclore Khoikhoi) – Peço desculpas se este texto desapontar alguém. A
versão mais popular desta criatura diz que ela é uma fusão de serpente e elefante. Diversos
sites e imagens a mostram desta forma. Eu mesmo a mostrei assim quando escrevi sobre
fantasia africana. Contudo, para esta lista, fui pesquisar mais a fundo. E não achei nada disto.
O que achei foi o seguinte: esta criatura é uma imensa serpente do folclore dos Khoikhoi, mas
a documentação escrita vem de caçadores e exploradores europeus. Ela vive em uma caverna
chamada “Buraco Maravilhoso” ou “Fenda sem Fundo”, cheia de diamantes, que estaria ligada
ao oceano, há dezenas de quilômetros de distância. A entrada dela estaria em uma grande
rocha no meio do rio Orange, que seria frequentado pela criatura. A mesma teria diamantes
no lugar de olhos e emanaria uma aura maligna, sentida por todos que a veem. Pessoas que
clamam ter visto Groot Slang dão detalhes de que ela teria cerca de quinze metros de
comprimento, e que haveria não apenas uma, mas duas. E os locais parecem acreditar que a
criatura é, na verdade, um espírito em forma de serpente, guardião da caverna e seus
diamantes. Isto significa que os desenhos, vídeos e textos estão errados? Não acho. Embora
esteja muito longe de ser uma autoridade no assunto, para mim, folclore que é folclore evolui
com o tempo. Esta capacidade de mudar é inclusive parte do que acho interessante sobre ele.
Mesmo a “clássica” mitologia grega tem versões alternativas de eventos, personagens e
monstros. O errado é congelar o mito, lenda ou história em uma só versão, impossível de ser
alterada.

35) Ibini Ukpabi (História da Confederação Aro, na atual Nigéria) – Um oráculo cujo nome
significa “Tambor do Deus Criador”. O objeto era usado para resolver casos de assassinato,
bruxaria, envenenamento e disputas familiares. Os sacerdotes do oráculo tinham o hábito de
vender à escravidão quem perdesse nos julgamentos. Houve quem dissesse que os sacerdotes
falsificavam os vereditos do oráculo para adquirir vítimas. Centenas de pessoas visitaram o
templo; muitas não voltaram. As comunidades de origem acreditavam que o oráculo devorava
quem o visitava.

36) Ilomba (Folclore Lozi, Zâmbia) – Uma serpente marítima criada por um feiticeiro. Os
ingredientes são: unhas; sangue da testa, costas e peito; ervas mágicas; tudo misturado em
uma panela. O resultado é jovem e deve ser alimentado com ovos e mingau para crescer. O
seu propósito é matar quem o feiticeiro manda; a vítima, quando picada, vê uma cobra com o
rosto do feiticeiro. Outras pessoas veem uma cobra comum. A criatura consome a alma de
quem ela morde. Criá-la traz riscos: se a cobra é morta, o seu criador também morre e vice-
versa. Uma Ilomba faminta é capaz de devorar o feiticeiro que a criou, mas se ele matá-la ou
destruí-la, será assombrado pelas almas que a Ilomba consumiu.

37) Indombe (Folclore do Congo) – Uma cobra titânica feita de cobre, com vários quilômetros
de comprimento. O seu corpo brilha vermelho devido ao calor que emite; o seu toque queima.
Ela vive há inúmeros anos, podendo ter então conhecimentos que ninguém mais tem. Quando
ela se enfurece, solta um rugido e gera chamas que iluminam uma floresta inteira. É curioso
que o fogo dela parece queimar só o que ela quer, pois ela consegue se enrolar em árvores
sem carbonizá-las. Indombe é capaz de engolir todos os habitantes de uma aldeia. Quem a
matar deve devorá-la sem deixar nenhum pedaço sobrando, ou a cobra se torna um fantasma.
É curioso que neste estado, ela não assombra quem a matou, mas reconhece a superioridade
do vencedor e o guia até uma aldeia linda e livre de doenças onde as futuras gerações do
vencedor podem viver.

38) Inifwira ou Nyuvwira (Folclore do Distrito de Chitipa, na República de Malawi) – Uma


enorme serpente de oito cabeças que habita áreas ricas em minerais, especialmente aqueles
usados como dinheiro. Também vive em colinas, dentro de minas. Ela pode fazer com que
aviões caiam, e se você tiver um pedaço da pele dela no seu bolso, o avião onde você está não
consegue partir. Ela emite alguma espécie de gás venenoso e consegue gerar eletricidade,
brilhando à noite. Um método descrito para matá-la é através de uma armadilha: deve-se
construir uma casa redondas cujas paredes, vistas de cima, são espiraladas como o interior de
uma concha. No chão desta casa, deve-se colocar uma série de navalhas, para que a cobra
entre na casa mas se corte toda quando chegar no centro da espiral e tente sair.

39) Inkanyamba (Mitologia Zulu, África do Sul) – O nome que os zulus dão para o tornado, que
para eles é uma divindade feminina. As suas representações são na forma de longas serpentes,
porque, para os locais, um tornado se parece com uma cobra descendo dos céus para tocar a
terra. Os domínios de Inkanyamba são a tempestade, água e o granizo.

40) Intulo (Folclore Zulu) – Mistura de homem e lagarto ou jacaré. Os nativos da província de
Kwalulu Nata acreditam que ele é um mensageiro da morte, enviado pelo deus supremo para
chamar aqueles que estão para morrer.

41) Irimu (Folclore Wachaga) – Um termo que significa “canibal”, aplicado a mais de uma
criatura. A primeira é um homem leopardo, que pode assumir tanto uma forma humana
quanto se tornar um leopardo por completo. Uma história descreve o Irimu como tendo dez
rabos. Outra diz que é possível descobrir se a pessoa é um Irimu porque ele tem uma segunda
boca na nuca, escondida pelo cabelo. O outro tipo de Irimu é um homem que quebrou um
tabu, e devido a isso se transformou: arbustos espinhentos brotaram do seu corpo. Ele então
vagou pela região, engolindo tudo e todos que cruzavam o seu caminho. O seu irmão
consultou um adivinho, que o aconselhou a incendiar os espinhos. Ele fez isto e conseguiu
restaurar o Irimu à sua forma humana original.

42) Iroko (Folclore da costa oeste africana) – Esse é o nome de uma árvore que vive até
quinhentos anos. Também é chamada de uloho e odum. Já os Yorubás a chamam de írókó,
logo ou loko, acreditando que ela tem características sobrenaturais: ela é habitada por um
espírito que, caso seja visto, causa insanidade e morte. Alguns evitam a árvore; outros lhe
servem oferendas. Os Yorubás também acreditam que quem derrubar uma árvore Iroko sofre
grande azar, assim como a sua família. Além disso, é dito que, em uma casa que use madeira
da Iroko, é possível ouvir a voz dela, pois o espírito está preso na estrutura.

43) Isitwalangcengce (Mitologia Bantu) – Também chamado de “Monstro da cesta”. A razão é


que ele tem uma cesta no lugar da cabeça, enquanto o resto do corpo é humanoide. Quando
se abate um boi, as mulheres carregam cestas para receber uma parte da carne. O monstro as
ataca na volta para casa, agarrando-as e colocando-as na sua cabeça-cesta. O Isitwalangcengce
então vai jogá-las no desfiladeiro mais próximo. Depois disto, ele desce lá embaixo para comer
o cérebro delas.

44) Iskoki (Mitologia Maguzawa) – A religião dos Maguzawas inclui um número infinito de
espíritos chamados Iskoki, o singular sendo Iska. A religião possui cerca de três mil Iskoki
individuais. A tradução literal desta palavra é “ventos”. Contudo, as crenças a respeito destes
espíritos se misturaram com crenças islâmicas e eles se tornaram Al-Jannu, traduzido como
“gênios”. Os Iskoki estão divididos em duas categorias principais: os Gona, “espíritos da
fazenda”, que são espíritos domados e de fácil manipulação; e os Daji, “espíritos selvagens”,
indomados e que são difíceis de serem contatados.

45) Itowe (Folclore Ajaua) – Gnomos que, apesar de serem humanoides e terem duas pernas,
andam de quatro. Eles roubam comida das hortas e fazem com que abóboras apodreçam. Se
eles encostam em uma fruta ou vegetal, o mesmo fica amargo. Para impedir os Itowe de fazer
tudo isso, os Ajauas colocam alguns vegetais em cruzamentos, uma forma de oferenda.
46) Izimu (Folclore Zulu) – A palavra pode ser traduzida como “canibal”, mas, para os Zulus, ela
significa algo mais: seres que já foram humanos mas deixaram de ser ao adotarem o
canibalismo por prazer em vez de necessidade. A aparência dos Izimu varia conforma quem
conta, mas todos parecem concordar que eles podem se transformar em seres humanos, se é
que já não se parecem com eles. Os Zulus e os Ambundu dizem que é possível reconhecer um
Izimu pelo cabelo longo e malcuidado: algo muito óbvio para povos que, ou raspam todo o
cabelo, ou o moldam em formas elaboradas.

47) Homem Branco (Oeste da África) – O explorador escocês Mungo Park encontrou um grupo
de escravos em 1797, em uma cidade chamada Kamalia. Eles estavam aterrorizados, pois
acreditavam que a razão de homens brancos comprarem tantos escravos era para devorá-los.

48) Kalonoro (Folclore de Madagascar) – Anões ou gnomos selvagens vivendo nas montanhas
de Marojejy. Eles são descritos como sendo bizarros e/ou assustadores, mas os únicos
detalhes da sua descrição é de que tem pés virados para trás e olhos brilhantes como brasa.

49) Kalunga (Folclore dos Ambundus, de Angola) – A palavra pode significar tanto “Morte”,
“Rei do Submundo” ou “Rei do Mar”. O último significado tem a ver com o temor que o
oceano traz aos Ambundus, especialmente quando se considera que eles viram milhares e
mais milhares de africanos serem levados nos navios e nunca mais voltarem. Apesar do terror
que a noção de morte traz, Kalunga não faz o que faz por prazer, mas encara como um dever a
ser cumprido.

50) Kinoly (Folclore de Madagascar) – Um tipo de morto-vivo. Ele se parece com um ser
humano, exceto pelas seguintes características: o estômago e intestinos apodrecem e somem,
assim como a pele que os cobria, deixando um buraco no lugar; os olhos são vermelhos; as
unhas são longas. Os Kinoly constantemente roubam arroz, cru ou cozido, apesar de que não
parecem ter como comê-lo. Eles também arrancam os fígados das pessoas.

51) Kishi (Folclore Angolano) – Um demônio de duas faces. Visto de frente, é um homem
atraente e charmoso, que atrai mulheres jovens. Mas a nuca esconde o rosto de uma hiena,
com o qual ele devora a sua vítima. Este segundo rosto tem dentes longos e afiados, assim
como mandíbulas tão fortes que é impossível desprendê-las de algo que tenha mordido.

52) Khodumoduno (Lenda dos Sutos) – Este ser também é chamado Kanmapa. Certa vez, uma
coisa disforme e gigantesca surgiu na região, engolindo todas as pessoas e animais no
caminho. Uma mulher conseguiu se camuflar e escapar do monstro. Ela estava grávida e logo
deu à luz. Ela foi buscar por uma cama para o bebê, mas quando voltou, encontrou um homem
adulto com duas ou três lanças na mão e um cordão de ossos usados para adivinhação em
volta do pescoço. Ele disse que era o seu filho e perguntou onde estavam as pessoas, o gado e
os cães. Após lhe contar, ela o levou até a entrada do vale, onde Khodumoduno havia ficado
preso. Ele já estava tão imenso quanto uma montanha. O bebê crescido, chamado Ditaolane,
conseguiu usar de sua agilidade para evitar ser engolido pelo monstro, enquanto o perfurava
com as suas lanças. Ele conseguiu matar o monstro e ainda por cima, usou uma faca para abri-
lo e libertar todos os seres que foram engolidos. Ditaolane foi celebrado, recebendo tantos
presentes na forma de gado que logo tinha um grande rebanho. Ele também adquiriu diversas
esposas e até construiu o seu próprio kraal (um tipo de aldeia africana). E assim tudo ficou
bem, por um tempo.

53) Kongamato (Folclore kiiKaonde) – O nome significa “Aquele que sobrepuja os barcos”, pois
a criatura tem o poder de fazer com que as águas de um rio parem de fluir, subitamente
aumentando a água em um vau e portanto afogando quem tenta passar, tanto a pé quanto de
barco. Ele é descrito como uma espécie de “lagarto com as asas membranosas de um
morcego”, o que faz alguns pensarem nele como um pterodátilo. A sua cor é vermelha e a
envergadura das asas é de entre um metro e vinte a dois metros. O bico tem dentes. Os
nativos dizem que muitas poucas pessoas sobrevivem a um encontro com um Kongamato.
Também ressaltam que ele é invulnerável, comendo quaisquer projéteis disparados contra o
mesmo. Devido ao fato de que ninguém jamais encontrou a carcaça de um Kongamato, os
nativos acham que ele é imortal. Eles não o consideram algo sobrenatural, mas algo
semelhante a um leão comedor de homens ou um elefante furioso, embora muito pior. Há
quem acredite que, caso um barco fique parado na água, não importando o que o remador
faça, é porque um Kongamato o está segurando por baixo. Também se fala que o monstro
come apenas os dedinhos dos pés e das mãos, os lóbulos das orelhas e as narinas da vítima.

54) Kumpo (Mitologia Diola) – Cada aldeia realiza diversos festivais ao longo do ano. O Kumpo
é uma pessoa vestida em folhas de palmeira e com uma bandeira em um galho na cabeça. Ele
dança por horas e fala um idioma secreto, comunicando-se com a audiência através de um
intérprete. O seu papel é encorajar a comunidade a agir pelo bem de todos. Também deseja
que todos se alegrem durante o festival. Não participar do festival é visto como um
comportamento antissocial. Ser solitário não é um direito entre os Diolas, todos apreciam a
música e dançam. Não se deve saber a verdadeira identidade do Kumpo. Aliás, ele é
considerado um fantasma, não uma pessoa. É tabu encostar nele, ou até mesmo nas folhas de
palmeira que o cobre. Ao final da festa, ele dá adeus a todos e se refugia no bosque sagrado
local.

55) Linkalankala (Folclore do povo Barotse, atual Zâmbia) – Familiar de um feiticeiro ou bruxo.
Composto de um casco de tartaruga preenchido por uma mistura de raízes carbonizadas e
gordura. Nesta mistura se prende uma adaga ou faca, com a lâmina saindo de onde ficaria a
cabeça da tartaruga. O familiar se move à noite para apunhalar a pessoa indicada pelo bruxo.
Às vezes, o Linkalankala apenas aponta a lâmina na direção da sua vítima, enfeitiçando-a em
vez de matá-la.

56) Lukwata (Folclore Baganda) – Significa “serpente aquática”. A criatura supostamente


viveria no lago Vitória. O seu comprimento seria entre seis e nove metros. A pele seria negra e
macia, enquanto a cabeça seria arredondada. O monstro atacaria pescadores e barcos. Partes
do Lukwata teriam poder mágico e poderiam ser usadas como relíquias no leste da África.

57) Maithoachiana (Folclore Quicuio) – Anões canibais. Eles são ricos, ferozes, sensíveis em
relação à própria altura, ferreiros habilidosos, vivem em cavernas e usam lanças.

58) Mangabangabana (Folclore Baronga) – Um povo fantástico que tem só uma perna e asas.
Alguns os consideram um tipo de meio-homem, visto abaixo.

59) Mbirhlen’nda (Folclore Nigeriano) – Um espírito que habita um fetiche, geralmente dentro
de um altar ou templo. O seu papel é proteger a comunidade local contra a força destrutiva
chamada Shuuta, que age contra pessoas que cometem maldades. Shuuta é como um furacão,
gerando ventos que destroem tudo no caminho. Mas esta força também atinge pessoas que
não fizeram nada de errado, então os fetiches contendo Mbirhlen’nda são necessários. Para
garantir a sua proteção, as pessoas fazem oferendas frequentes aos fetiches.

60) Mbulu (Folclore Xhosa e Zulu) – Um demônio quase idêntico a uma pessoa. O que o
distingue é um rabo muito longo cuja ponta tem uma boca com dentes afiados. Este rabo tem
uma vontade própria e é guloso, sendo capaz de caçar e comer coisas como ratos, o que pode
às vezes atrapalhar os planos do Mbulu.

61) Mdi Msumu (Folclore Wachaga) – Uma árvore misteriosa. Certa vez, uma garotinha
chamada Kichalundu caiu em um buraco. Os seus companheiros não conseguiam puxá-la de
volta, e ela desapareceu. Eles escutaram ela cantando, “Os fantasmas me levaram. Vão e
contem para o meu pai e a minha mãe”. Todo o povo local se reuniu ao redor do buraco, e,
apesar dos conselhos de um adivinho e um sacrifício, não conseguiram resgatá-la. Mas onde
ela desapareceu, uma árvore surgiu, tão alta que alcançava os céus. Os garotos cuidando do
rebanho descansavam na sombra desta árvore. Certo dia, dois deles resolveram subir nela
para alcançar “Wuhu, o Mundo Acima”. Desde então, a árvore foi chamada Mdi Msumu, que
significa algo como “Árvore da(s) História(s)”.

62) Meio-Homem (Folclore Zulu e outros) – Existe um tipo de criatura recorrente em diversos
povos africanos, os “meio-homens”. Existem variações regionais, mas o básico é que são como
humanos, mas tem apenas um olho, um braço e uma perna. Alguns dos seres chamados
Amazimu são assim. Há o caso do Chiruwi, presentes na primeira parte desta lista. Outros
seres semelhantes são os canibais Amadhlungundhlebes; e o Sechobochobo do folclore Baila,
um tipo de duende da floresta que traz boa sorte a aqueles que o veem. Ele também ensina
pessoas sobre quais plantas são medicinais.

63) Migas (Folclore do Congo) – Um monstro vivendo nos rios. Achatado, gigantesco e com
tentáculos longos. Qualquer um ou qualquer coisa que chegasse muito perto era agarrada
pelos tentáculos e levada ao seu lar submerso, para ser devorada.

64) Mokéle-mbêmbe (Folclore do Congo) – Um monstro temido pelos nativos. Existe mais de
um, e eles habitam os rios maiores, como o Ubangi, Sanga e Ikelemba. Mokéle é descrito da
seguinte forma: pele sem rugas e de uma cor marrom-acinzentada; do tamanho de um
elefante; pescoço longo e flexível; um único dente, ou chifre, muito longo; um longo rabo
musculoso. Foi dito que canoas que cheguem muito perto são atacadas, os ocupantes mortos,
mas a criatura não come os corpos, pois é um herbívoro. Vive me cavernas escavadas pelas
correntezas nas margens argilosas dos rios. É um ser famoso na criptozoologia, uma
pseudociência que busca criaturas desconhecidas como o Pé Grande. Muitos criptozoologistas
acreditam que seja uma espécie de dinossauro.

65) Moselantja (Folclore de Botsuana) – Humanoide, mas é coberto de escamas, tem olhos
pequenos e malvados, e um rabo muito longo que termina em uma boca com dentes afiados.
Ele se aproxima silenciosamente de pessoas que estão sozinhas e próximas do rio, até ficar
próximo o suficiente para respirar fundo no pescoço da vítima. Aí ele começa a sussurrar
mentiras no ouvido dela. Se a pessoa olhar para o Moselantja, ele não vai embora até
conseguir o que quer. Isto pode ser um favor, joias, roupas ou outros objetos. Ele usa de
bajulação e medo para manipular a vítima. Este monstro é guloso, devorando toda a comida
que conseguir, usando o rabo para procurar o que estiver escondido ou até pescar
caranguejos.

66) Mpakafo (Folclore Betsileo de Madagascar) – Um tipo de vampiro que arranca e devora o
coração e fígado de quem ele ataca. Os Mpakafos são altos e de pele branca, então pessoas
brancas e altas, como o antropologista Conrad Kottak, já foram confundidas com estes
vampiros.

67) Mukunga M’bura (Folclore Quicuio) – Para este povo, o arco-íris é um monstro aquático,
que sai da água à noite para devorar gado.
68) Mumbonelekwapi (Folclore Ajaua) – O nome significa “de quão longe você me viu?”,
porque estes anões barbudos têm um complexo em relação às suas alturas. Eles falam esta
frase quando chegam perto de alguém, e a pessoa deve responder que os viu de longe, ou
arrisca receber um golpe de lança. Eles vivem nas montanhas e são ótimos ferreiros.

69) Ndzoodzoo (Folclore Macua) – Uma criatura com um chifre do tamanho de um cavalo, mas
não fica claro se ela se parece com um cavalo ou não. Eu pessoalmente acho um elande de um
chifre só uma ideia interessante. O chifre tem setenta e seis centímetros de comprimento.
Ndzoodzoos são ferozes e atacam sem necessidade de serem provocados. É curioso que
quando dormem ou estão calmos, o chifre fica flexível e se enrola ao redor da cabeça. Mas se
forem ameaçados ou ficarem furiosos, o chifre endurece e se torna uma arma. A ndzoodzoo
fêmea não tem um chifre.

70) Ngojama (Folclore Pokomo) – Uma criatura vampírica. Se parece com um homem, mas tem
um prego de ferro na palma da mão, usada para apunhalar as pessoas que pega e beber-lhes o
sangue. Um registro acrescenta um rabo na descrição do Ngojama, e diz que certa vez, um
homem tentou civilizar um destes monstros, ensinando-lhe como fazer fogo e cozinhar.
Parecia ter sucesso, até que, certo dia, o Ngojama o atacou e o devorou. O povo Galla dá o
nome Ngojama a leões comedores de homens, aparentemente sem associação com o
sobrenatural.

71) Ngoma-lungundu (Fcolore Venda) – Um tambor sagrado chamado “O Tambor dos Mortos”,
considerado a voz divina. Ninguém exceto o rei ou o alto sacerdote podiam tocar ou sequer
ver o tambor, que permitia ao rei realizar milagres. O rei Mwali, que se tornou um ancestral-
deus, falava através do tambor.

72) Ninginanga (Folclore Malinquês) – Um demônio com chifres e olhos flamejantes que vive
nas montanhas. Se o rei local mantém boas relações com o demônio, o mesmo vomita ouro e
prata. Se algo amargar a relação entre eles, Ninginanga se enrosca ao redor do rei e o sufoca.
Isto parece sugerir que o demônio tem uma forma serpentina.

73) Nkala (Folclore do povo Barotse, atual Zâmbia) – Outro familiar de um bruxo, feito a partir
do exoesqueleto de um caranguejo, preenchido por alguma espécie de amuleto ou fetiche.
Isto faz com que o familiar seja possuído pelo espírito de um caranguejo, que então se esconde
em um rio. Quando a vítima definida pelo bruxo atravessa o mesmo rio, o familiar usa as suas
longas pinças para agarrar a sombra da pessoa. O termo dos Barotse para sombra, mwevulu,
também significa “alma”. Aparentemente, o familiar come esta sombra, causando a morte da
vítima.

74) Nkondi (Folclore Bacongo) – Ídolos encantados que abrigam um espírito capaz de caçar e
atacar inimigos, criminosos e bruxos. Eram usados para garantir juramentos ou proteger
aldeias de pessoas malignas como feiticeiros. O plural de Nkondi é Minkondi, Zinkondi ou
Ninkondi. As figuras são criadas por uma espécie de artesão divino chamado Nganga. Os olhos
e a bolsa de remédios da estátua são feitas com espelhos, permitindo que ela enxergue o
mundo dos espíritos. Algumas figuras são decoradas com penas, simbolizando a ideia de que
elas enxergam o mundo e as suas presas como se fossem aves de rapina.

75) Nkuyu unana (Folclore de Mayombe, no Congo) – Esses monstros são as almas de bruxos
que ressurgiram da tumba. São descritos como sendo baixos, talvez por terem as pernas
cortadas na altura do joelho, pele completamente negra, uma unha muito longa, cabelo longo
e emaranhado. Eles vagam por aldeias desertas e cemitérios, roubando galinhas,
amedrontando crianças e, às vezes, atacando pessoas. É possível ouvi-los gemendo e
reclamando do frio, ou imitando as vozes de crianças para enganarem alguém. Caso um Nkuyu
unana seja morto, deve-se queimar o corpo. Outra tática contra eles é colocar veneno no
buraco do qual ele sai ao deixar o seu túmulo.

76) Nommos (Religião Dogon) – Os espíritos ancestrais primordiais do povo Dogon. Descritos
como criaturas semelhantes a peixes, anfíbias e hermafroditas. A arte local mostra um tipo de
sereia. Termos para se referir aos Nommos são “Mestres da Água” e “Professores”.

77) Nzassi (Folclore do Congo) – Um termo usado tanto para “relâmpago” quanto “trovão”,
embora Lu siemo também seja um termo para o relâmpago. Os locais falam de ambos como se
fossem pessoas. Por exemplo, dizem que se você está na selva, ouve o trovão e tenta correr,
Nzassi vai atrás de você e te mata. Um relato fala que Nzassi tem vinte e quatro cães de caça
que atacam quem estiver do lado de fora da casa durante uma tempestade, e incendiando
uma palmeira, assim como um raio.

78) Obayifo (Folclore Ashanti) – Um vampiro, que alguns também consideram um tipo de
bruxo. Seriam comuns e capazes de habitar os corpos de pessoas. Teriam olhos desonestos e
serem obcecados com comida. Quando viajam à noite, emitem uma luz fosforescente das
axilas e do ânus.

79) Owuo (Folclore de Togo) – Um gigante canibal, a personificação da morte. O mito conta
que o povo, após descobrirem que o gigante comia pessoas, o queimaram. O lar do mesmo
continha alguma espécie de remédio que, quando colocado nos ossos que haviam no lar do
gigante, ressuscitaram as pessoas que ele havia devorado. Sem querer, alguém deixou um
pouco do remédio cair no olho do gigante, e ele abriu. Agora, de acordo com o mito, sempre
que o olho pisca, alguém morre. Ele ainda está em algum lugar, piscando.

80) Pégaso Etíope – Esta criatura não pertence aos folclores e mitologias locais, mas foi
descrita por Plínio, o Velho, em sua obra chamada “História Natural”. Estes cavalos seriam
descendentes do Pégaso original, teriam asas e dois chifres.

81) Popobawa (Folclore Suaíle) – Um espírito maligno, cujo nome significa “asa de morcego”. A
forma física do espírito pode mudar, mas a sombra escura que ele cria quando ataca à noite, é
a razão do nome. Os Popobawas podem assumir formas de homens e animais. Eles preferem a
noite, mas podem ser vistos de dia. Algumas pessoas os associam a um cheiro de enxofre.
Quando ele ataca, pode gerar fenômenos paranormais ou simplesmente usar de violência
contra as vítimas; mas o que todos temem é caso ele decida violentar homens e mulheres.
Este monstro é um tipo de Shetani, visto abaixo.

82) Putchu Guinadji (Folclore Cotoco) – Este fetiche é uma espécie de talismã usado por
pessoas sofrendo de loucura ao serem atacadas por demônios. Ele tem a forma de um
cavaleiro montado sobre um cavalo, e costuma ser feito de prata. Em casos mais sérios, deve
ser envolvido em couro. Ninguém além do seu usuário deve tocar em um Putchu Guinadji, pois
os demônios, e portanto a loucura, são transmissíveis.

83) Relâmpago (Múltiplos folclores) – Os povos Pondo, Zulu e Xhosa acreditam no relâmpago
como sendo um pássaro chamado Impundulu. As descrições dele são muitas e variadas. O
Impundulu é associado a muitos pássaros diferentes por povos diferentes: pássaros negros ou
vermelhos, águias ou pavões, penas iridescentes ou brilhantes, do tamanho de uma pessoa ou
não, etc. Inclusive existem algumas tribos que pensam no relâmpago como um animal
diferente. Por exemplo, os Bushongo acham que ele é Tsetse Bumba, um leopardo todo negro.
Já os Lambas acreditam em uma criatura semelhante a uma cabra com as pernas traseiras e
caudas de um crocodilo, que desce ao mundo através de uma corda descrita como forte e
parecida com uma teia de aranha velha, coberta com poeira.

O Impundulu criaria o trovão ao bater as asas. Quando atinge o chão na forma de um raio, ele
deixa um grande ovo que traz má sorte à vizinhança. Um feiticeiro seria necessário para
escavar o ovo e destruí-lo, mas aparentemente, a posse do ovo poderia trazer boa sorte. Caso
alguém consiga capturar ou matar um Impundulu, pode obter a sua gordura, que tem
propriedades mágicas usada para conjurar raios e detectar ladrões.

84) Rompo (Folclore africano e também indiano) – O nome significa “devorador de pessoas”.
Essa criatura é um carniceiro que desenterra os corpos de humanos. O Rompo vive em
florestas. Cauteloso, anda ao redor da refeição diversas vezes antes de consumi-la. Um
monstro quimérico, tem cerca de 90 centímetros de comprimento (sem incluir o rabo), as
patas dianteiras de um texugo, parece um urso do quadril para baixo, a cabeça é de uma lebre
e a crista é como a de um cavalo.

85) Sasa e Zamani (Folclore Suaíle) – Os Sasas são espíritos conhecidos por pessoas vivas,
enquanto os Zamanis são espíritos que ninguém mais conhece. É como se o espírito da pessoa
morta ainda tivesse uma espécie de meia-vida limitada pelas lembranças dos vivos. Quando
ninguém mais se lembra de um Sasa, ele ou ela se torna um dos Zamanis, que ainda são
reverenciados como um todo, sem identidade individual.

86) Shetani (Folclore Suaíle) – O plural é Mashetani. Um tipo de espírito, a maioria deles são
malignos, possuem formas diferentes e poderes diversos. Muitos artesãos esculpem
Mashetani em ébano ou outra madeira escura africana, incluindo uma ou mais das seguintes
características: formas humanas, animais ou combinações das duas; deformações como serem
ciclopes, apêndices exagerados, bocas sem dentes e corpos voltados para trás, com a cabeça
virada no sentido contrário. Existem diversos tipos de Mashetani: o Ukunduka se alimenta
através de relações sexuais; o Shetani Camaleão é uma espécie de réptil carnívoro; o
Shuluwele é inofensivo e colhe ervas medicinais para feiticeiros.

87) Sinkinda (Oeste da África) – Um tipo de espírito. O singular é Nkinda. Existem duas teorias
sobre a origem deles. A primeira é de que são as almas de pessoas medíocres. A outra é de que
são demônios que nunca chegaram a receber uma forma física. Quase todos os Sinkinda são
malignos. Eles sentem frio, então entram nas aldeias para se aquecer junto a uma fogueira.
Outros podem surgir nas comunidades dos vivos por pura curiosidade. Alguns Sinkinda então
possuem os corpos das pessoas, geralmente da sua própria família. Se muitos Sinkinda
possuírem o corpo de uma pessoa ao mesmo tempo, ela pode enlouquecer. Caso alguém
pergunte, o Nkinda pode responder: “eu sou um espírito da sua própria família, e vim viver
com vocês. Estou cansado de sentir fome e frio na floresta. Eu quero fica aqui.” A possessão
por um Nkinda pode deixar alguém doente. Alguns Sinkinda, chamados Ivâvi, servem como
mensageiros, trazendo notícias distantes como “uma epidemia está vindo” ou “um navio
carregando uma fortuna está vindo”. Estes casos são considerados bênçãos, pois o Nkinda
tenta ajudar o(s) vivo(s).

88) Subaga (Folclore Bammana de Mali) – Vampiros que conseguem voar, ser silenciosos e
sugar a vida das pessoas. O primeiro Subaga foi um homem chamado Kenimbleni, que roubou
do feiticeiro Korongo três pós secretos. O primeiro fez com que ele pudesse trocar de pele
como uma cobra, tornando-o imortal; o segundo o tornou capaz de voar à noite, como um
morcego; o terceiro permitiu que ele conversasse com os pássaros. Depois, Kenimbleni
também aprendeu a se transformar em um leão ou um pássaro de garras vermelhas. Os
Subaga comunicam-se entre si, usando tambores cobertos com peles humanas.

89) Svikiro (Folclore Xona) – Um espírito ancestral que possui uma pessoa para dar conselhos.
Também é o nome do médium que hospeda o espírito. Um tipo de Svikiro são os Mhondoros,
espíritos de reis e chefes que normalmente habitam os corpos de leões sem juba.

90) Tibicena (Mitologia Guanche, das ilhas Canárias) – Também chamados de Guacanchas. Um
tipo de demônio com a aparência de grandes cães selvagens com olhos vermelhos e um pelo
negro longo. Eles viveriam em cavernas sob as montanhas. Estes monstros seriam a prole de
Guayota, um tipo de deus maligno ou diabo.

91) Tikoloshe (Folclore Xhosa) – Um monstro peludo semelhante a um babuíno. Os Tikoloshes


viviam nos rios, mas agora parecem fazer parte do folclore urbano, sendo vistos até em
Joanesburgo. Eles podem ficar invisíveis temporariamente e também sabem como se
transformar em uma criança humana, graças aos seus poderes mágicos. Eles têm longas unhas
negras, violentam mulheres e pulam nas costas das pessoas para forçá-las a fazer o que eles
querem.

92) Ture (Mitologia Azande) – O povo Azande é astucioso e calculista quando conversa: eles
percebem o poder das palavras e as usam de forma cautelosa. Eles têm uma forma de falar
chamada sanza, em que as palavras e gestos tem significados ocultos, muitas vezes maliciosos.
Eles entendem o mecanismo mental chamado por psicólogos de “Projeção”, como que as
pessoas geralmente odeiam o que elas acham que odeiam elas.

Simbolizando esta compreensão do ser humano, existe uma figura chamada Ture. Retratada
como metade homem, metade animal, um ser social que possui um lado amoral. Ture
representa o lado obscuro da natureza humana. Também representa a ideia de que as pessoas
são animais forçados pela sociedade a usar máscaras.

93) Tuyewera (Folclore Lamba, Kaonde e Baila) – Um diabrete com cerca de noventa
centímetros de altura encomendado de feiticeiros para adquirir fortuna para o dono. Eles se
tornam invisíveis e roubam comida de outros para adicionar às reservas do seu mestre. Depois
de algum tempo, eles dizem ao dono que estão solitários e querem companhia, então exigem
o nome de alguém, e se o dono não disser, o Tuyewera o mata. A pessoa nomeada é morta
quando o diabrete suga o seu fôlego enquanto ela dorme. Isto também cria um novo diabrete.
O mestre tem que nomear novas vítimas de tempos em tempos, ou ele será a próxima.

O povo Baila chama essas criaturas de Tuyobela, acreditando que elas são os fantasmas de
homens e mulheres mortos por bruxas e então conjurados na forma de um espírito maligno,
mas físico o suficiente para morder pessoas. Os Tuyobelas têm a cabeça virada ao contrário e
são usados para envenenar, causar doenças e matar.

94) Umdhlebi (Folclore Zulu) – Uma árvore perigosa e feia. As folhas são de um verde-escuro,
reluzentes, duras e quebradiças, enquanto a fruta é uma vagem escura com a ponta vermelha.
Esta planta é capaz de envenenar qualquer pessoa que se aproxime. Os sintomas são uma
forte dor de cabeça, olhos vermelhos, delírio e morte. Existe a crença de que algumas pessoas
são capazes de colher as vagens que caíram ao chão, mas apenas caso se aproximem pelo lado
que o vento sopra. Elas também sacrificam um animal para o demônio vivendo dentro da
árvore. As vagens colhidas podem ser usadas para criar um antídoto contra o veneno da
árvore. Ela cresce em solo rochoso e infértil, mas existe um arbusto com as mesmas
características que cresce em solo fértil.
95) Umvoku (Folclore Zulu) – Uma combinação de morto-vivo e familiar de um bruxo. Esta
criatura é criada a partir de um cadáver, tornando-se da altura de uma criança e incapaz de
falar, exceto por uma espécie de grunhido. Isto é porque o bruxo corta a língua dele, para
evitar que o Umvoku divulgue os seus segredos. O ritual para criá-lo parece incluir uma agulha
incandescente inserida na testa. Um dos propósitos deste morto-vivo é envenenar pessoas em
uma aldeia. Existe uma crença similar à do Banshee irlandês: ver um Umvoku é sinal de que
alguém vai morrer, e que os parentes de alguém doente devem desistir da ideia de que a
pessoa se recupere. Um relato diz que o Umvoku é capaz de manipular a grama para que ela
se enrosque ao redor das pernas de uma pessoa. Outro possível poder dele é que, caso alguém
diga o seu nome, ele corta a garganta da pessoa e a transforma em um outro Umvoku.

96) Urso Nandi (Folclore do leste africano) – O nome “Nandi” vem do povo Nandi, que vive no
Quênia. Como o nome indica, é semelhante a um urso de pelagem escura, ou marrom-
avermelhada com uma listra branca. O seu rugido seria similar a uma espécie de gemido. Um
relato inclui orelhas grandes. A criatura é popular entre criptozoologistas, que a associaram a
diversas criaturas folclóricas e lendárias desta lista, como o Lukwata e o Dingonek. Outra
possível forma do Nandi é de que seja um tipo de babuíno gigante.

97) Usilosimapundu (Lenda dos Zulus) – Esta criatura é basicamente uma ilha ou região inteira
sobre pernas, “uma terra que se move”. A sua descrição fala que, no seu dorso, há áreas
passando pelo inverno, enquanto outras estão na estação da colheita. Nas costas de
Usilosimapundu, encontramos colinas, rios, terras altas e precipícios. Grande assim, é até
capaz de ser um continente ambulante, podendo simbolizar a crença de que o mundo é um
grande animal sobre o qual as pessoas vivem. Por outro lado, em dado momento, ela consegue
se esconder atrás de um morro. O seu tamanho parece depender da narrativa, então caso a
use em algo, sinta-se livre para fazê-la tão colossal quanto achar melhor. O rosto é uma grande
rocha, com olhos e uma larga boca vermelha. A criatura possui um rebanho de gado, mas não
é claro se ela precisa destes animais para algo. O dorso dela também tem duas árvores “mais
altas do que o resto”, que são alguma espécie de subalternos de Usilosimapundu.

98) Vazimba (Folclore de Madagascar) – A crença popular é de que estes pequeninos foram os
primeiros habitantes da ilha. Algumas pessoas acham que isto tem um fundo de verdade,
teorizando que existiu um povo pigmeu vivendo lá antes dos povos atuais. Existem muitas
histórias, tradições e crenças a respeito dos Vazimbas em Madagascar. Alguns acham que eles
não eram humanos, mas espíritos ou monstros que assombravam certos lugares como rios e
rochedos. Vazimbas teriam o costume de submergir os seus mortos em certos brejos, e que
tais lugares são sagrados, atraindo peregrinos que fazem sacrifícios. Os Vazimbas sempre são
menores do que pessoas comuns, tendo pele muito pálida ou muito escura. Alguns
mencionam rostos alongados com grandes lábios que escondem dentes afiados, e que
Vazimbas não podem tocar objetos que entraram em contato com sal, e é proibido levar carne
de porco ou alho a lugares com tumbas Vazimbas.

99) Wokulo (Folclore dos Bammanas, de Mali) – Eles são espíritos com a aparência de anões
com menos de um metro de altura. Têm cabeças grandes e cabelo abundante, mas são quase
invisíveis, embora eu não tenha conseguido descobrir o que falta para a invisibilidade ser
completa. Wokulos roubam comida das cozinhas das pessoas. Eles conseguem ver através de
paredes e árvores. Também são tão fortes que conseguem arremessar um homem. Os pés são
ao contrário, como no caso do Curupira. Um Wokulo pode viver por mais tempo do que uma
pessoa, mas ele não é feliz porque os Wokulos são escravos do diabo chamado Dume.
100) Yumboes (Folclore Uolofes) – Os espíritos dos mortos. Eles têm cerca de sessenta
centímetros de altura e têm a pele pálida. Eles formam relacionamentos com certas famílias e,
caso alguém da mesma morra, dançam no túmulo para lamentar a perda. Eles vivem no
subterrâneo das colinas Paps. Os locais contam histórias de pessoas que foram recebidas nos
lares magníficos dos Yumboes, em mesas ricamente adornadas, e como não era possível ver
nada dos Yumboes exceto as mãos e pés. Eles roubam cereais das pessoas, mas pescam por
conta própria. Eles gostam de enterrar vinho de palmeira (feito com a seiva da palmeira) até
que fique amargo, para então bebê-lo enquanto tocam tambores nas colinas.

101) Zangbeto (Religião Ogu de Benim, Togo e Nigéria) – Uma sociedade secreta que também
serve à comunidade como uma polícia sobrenatural. Eles são os guardiões da noite, trazendo
lei e ordem, encontrando ladrões e bruxos que são então apresentados à comunidade para
serem punidos. Quando estão em um transe, possuem habilidades mágicas, como engolir
vidro sem sofrer nada ou assustar bruxos. Eles aparentemente invocam um poder que
habitava a terra antes da vinda do homem e são uma fonte de sabedoria para o povo de
Benim. Eles usam uma fantasia feita de palha e uma máscara, mas quando estão assim, se
acredita que não há nada sob a fantasia além de um espírito noturno.

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