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volume V - número 2?

- maio/junho 1968

diretor responsável íNDICE


Adalberto Miehe
redator chefe
Alfredo Fronke
secretário SIMULADOR DE DUPLO FEIXE
Fausto P. Chermont PARA OSCILOSCóPIO 131
expediente
M. Gerez
consultores AS CURVAS CARACTERíSTICAS DAS
eng. Tomos Hojnol VALVULAS E SUAS APLICAÇõES 137
eng. Luciano Klioss
desenhos
Alcides J . Pereira AMPLIFICADORES CLASSE D (Conclusão) 140
publicidade
D. Gomes DISTORSOR PARA GUITARRA EUTRICA 144
circulação
E. Duarte
fotografias O MULTITESTER (conclusão) 149
Fotolobor Ltdo.
clichis
Clicherio Unido S. A.
ENCICLOPÉDIA DOS SEMICONDUTORES 154
serviços gr6ficos
Escolas Profissionais Salesianos PROJETO DE UMA FONTE ESTABILIZADA 156
distribuição exclusiva
para todo a Brasil SELETOR DE CANAIS 159
Fernando Chinoglio Distribuidora S. A.
R. Teodoro do Silvo, 907 PRÉ-AMPLIFICADOR PARA MICROFONE
Rio de Janeiro
E CAPSULA MAGNÉTICA DE TOCA-DISCOS 167
distribuição em Portugal
e Provincial Ultramarinos
Centro do Livro Brasileiro Ltdo. A ESTABILIZAÇÃO DE TENSõES
R. Rodrigues Sampaio, 30-B COM SEMICONDUTORES 169
Lisboa
proprietários e editôres DEMODULADORES DE FM 173
ETEGIL
Ed. Técnico-Gráfico Industrial Ltdo.
OFICINA 180
redação e adminiatroção
R. Sto. lfigênio, 180
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São Paulo - Brasil SEMP AC546/16 431/BF 185
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Registrado . . . . . . . . . . . NCr$ 6,50 autores. EÕ vedada a reproduc;:ao dos textos e das ilustracoes
publicados nesta revista. salvo mediante autorizac;:ao por escri-
Aéreo Registrado . ..... . NCr$ 8,50 to da redac;:ao.
ASSINATURA 2 ANOS
Registrado . . . . . . . . . . . NCr$ 11 ,50
Aéreo Registrado . . . . . . NCr$ 15,50
ASSINATURA 3 ANOS Instrumental de alto precisão e grande con-
Q.egistrodo ... ...... .. NCr$ 17,00 fiobilidode é fotor primordial poro um la-
Aéreo Registrado . . . . . . NCr$ 23,00
As assinaturas deverão ser enviados boratório realmente eficiente .
;x;ro (Foto cortesia Hewlett-Packard do Brasi l)
ETEGIL - C. P. 30869 - S. Paulo
Introdução proporcionando dois canais inde- Princípio de funcionamento
pendentes, ambos com ótima qua-
O osciloscópio é um dos apa- lidade de traço até 30 kHz. Bàsicamente o simulador
relhos mais úteis que o técnico Para trabalhos em audiofrequên- uma chave eletrônica que, como
pode ter em sua bancada. A par- cias é suficiente e permite com- tal, permite que ora passe só o
tir do momento em que se pas- parações diretas de duas formas sinal do canal A, ora passe só
sa a dispor de um dêstes apare- de onda quaisquer, oferecendo a o sinal do canal B. Na realidade.
lhos, ainda que seja simples, é possibilidade de medidas de, por êsse trabalho de comutação é co:
enorme a facilidade com que se exemplo, diferença de fase entre mandado por uma onda quadra·
pode contar para executar qual- elas. Essas formas de onda po- da fornecida por um multivibra·
quer trabalho. Certos ajustes e dem ser da entrada e da saída dor astável e de frequência anro-
certos defeitos só o osciloscópio de um .amplificador de aúdio, ximada 125 kHz. O multivibra-
pode indicar corretamente. Com podem ser corrente e tensão dum dor tem dois estados possíveis:
uma tensão de calibração à mão, componente eletrônico, etc. Cada durante o primeiro estado, o am-
passa a ser um ótimo voltíme- canal do simulador de duplo plificador, por exemplo, o A,
tro. Pode-se medir desde milivolts feixe tem ganho vertical inde- permanece amplificando, enquan-
até mesmo centenas de volts, ven- pendente; os contrôles são aces- to o B fica cortado; durante o
do-se cada forma de onda. Enfim, síveis no painel frontal, onde estado seguinte ocorre o inverso
é muito ampla a aplicação de um também se encontra um terceiro com os amplificadores A e B. De
osciloscópio. contrôle, que permite variar a sorte que, na tela do osciloscó-
posição relativa dos dois traços pio, ora o feixa de raios catódi-
Não são muitos os técnicos que na tela e até mesmo a superpC'· cos traça parte da onda que o
possuem um osciloscópio dado sição de ambos. canal A amplifica, ora traça
o seu prêço elevado quando com-
parado a outros aparelhos indis-
pensáveis numa bancada, como,
por exemplo, um multímetro. E
todos aqueles que já possuem
um modesto osciloscópio, ou têm
ao seu alcance algum não pró-
prio, sonha com o osciloscópio
de duplo feixe. Êste, no fundo,
consta de dois osciloscópios in-
dependentes que usam uma só
tela. Seu prêço torna-se mais al-
to que o dos simples por ser de LAMPL 'Fl CADOR
maiores recursos. 'Po:;:ç Ão CAIJA L O

Neste artigo sugerimos a cons- LAMPLIFI CAD OR


CANAL A
trução de um aparêlho extrema-
mente simples e barato que simu- CMJAL .A
la em seu osciloscópio comum
a função do duplo feixe. Êste
simulador é todo transistorizado,

MAIO/JUNHO, 1968 131


parte da onda que o canal B
amplifica. A fig. 1 ilustra o si-
mulador em diagrama de blo-
cos, mostrando as formas de on-
da nas entradas e na saída para
o osciloscópio
Assim sendo, obtém-se, a ri-
gor, sinais interrompidos, ou se-
ja, descontínuos na tela, como
mostrado na fig 1, com certo
exagêro proposital para melhor
entendimento do leitor. Todavia,
os sinais A e 8 parecerão con-
tínuos, pois serão formados por
FIG. 1 pontes luminosos muito próxi-
mos um do outro, uma vez que
a frequência de varredura do os-
~------~--~--------.---•+
ciloscópio é normalmente man-
tida baixa.

Circuito
B
O gerador de onda quadrada
(fig 2) é formado por transis-
tores de silício planar tipo
BF I R4 com frequência de corte
alta (> 200 MHz) para o obten-
ção de uma boa onda quadrada.
Para que a onda fornecida seja
simétrica deve-se ter R, = R. e
FIG. 2 C, = C, cujos valores também
determinam a frequência do mul-
tivibrador.
A onda quadrada é retirada
dos coletores de T, e T,, por
meio de C, em paralelo com R,
e de c. em paralelo com R.,
sendo então aplicada às bases
de T, e T. (transistores de cha-
veamento, tipo BC I 08, silício
planar). Dos coletores de T, e
T., que são inten:ooectados, re-
colhe-se o sinaJ · para a entrada
do vertical do osciloscópio via
duplo seguidor de emissor T, e
T, (fig. 6).
Na fig. 3 apresentamos, além
de T, e T., m transistores T, e
T., também do tipo 8C I 08 que
funcionam como amplificadores
de áudio para os sinais de en-
FIG. 3 trada A e 8 . O potenciômetro
R" controla a posição relativa
dos dois sinais na tela do osci-
-loscópio. Ru e R,. (vide fig. 6)
determinam a amplitude de cada
um dos sinais individualmente.
A ÍIID de isolar o simulador
prõpriamente dito do osciloscó-
pio, interpôs-« um estágio du-
plo seguidor de emissor esque-
matizado na fig. 4.
O esquema completo do si-
mulador de duplo feixe, exceto
a fonte, é apresentado na fig. 6.

Desempeoho
A tensão de alimentação exer-
ce grande influência no funcio-
FIG. 4 namento do circuito. Com o

MAIO/JUNHO, 1968
132
r-----------~----------~-e+12V
Ch
1
._,r r
c16
1001J.F/25V
110V I
I
L( FIG. 5
Fonte de alimentação. A nume·
ração correta · do transistor é
T 9 e não T 7 •

aumento da tensão de alimen- por meio do potenciômetro R,.. fim, contém todo o circuito da
tacão observa-~ que ocorre uma O transistor AC 128 (ou OC 74) fig. 6, com exceção dos contrQ-
melhora na separação entre o deve ser montado sôbre um dis- les de ampliture do ·Canal A e
canal A e o canal B. Por outro sipador de alumínio de 8 cm', do canal B e do contrôle de
lado, na situação de ausência do pelo menos. posição dos sinais. A fig. 7 apre-
sinal de entrada, obtém-se me- senta a placa de circuito impres-
lhor onda quadrada com alimen- so com a disposição dos compo-
tação entre 8 e 13 volts: se se Construção nentes simultâneamente.
aumenta a tensão para mais de
13 volts a comutação torna-se O simulador propriamente dito A fonte também é apresentada
lenta, ao passo que abaixo de é montado em uma placa de cir- em placa de circuito impresso,
8 volts há instabilidade durante cuito impresso. Esta contém, contendo, inclusive, o potenciô-
a comutação. Elegeu-se 12 V então, o gerador de onda qua- metro R,. que serve para ajustar
para tensão nominal. A fig. 5 drada, o amplificador do canal a tensão de alimentação. A fig. 8
mostra o circuito empregado na A, o amplificador do sanai B mostra claramente a placa com
fonte de alimentação onde a ten- e o estágio separador da saída a distribuição de todos os com-
são de saída pode ser ajustada duplo seguidor de emissor. En- ponentes da fonte.

T3 T5
'~
ca
R13

Rs

+12V

R15

FIG. 6

MAIO/JUNHO, 1968
• • • • • • ":"l:__: • •
~ • • ·~/
• •
,....---
• • • •

.
'--

FIG. 7
• • •

I
·~. :I~·
Circuito impresso ,
visto do lado do
cobre.
• D •

• •

• •

6
• ~ •

~H~
i
• I
I

- • • I

• I· • • ·I -• •
• • • •
r--
• • • •
A@ • .. .. @A • •
I

TERRA P/VERTICAL

Rzz
• c::::::J •

• •

o o

ENTRADA A ENTRADA B
Um chassis de alumínio do-
brado em U serve de base para
a fixação das duas placas de cir-
cuito impresso e também dos três
contrôles, das tomadas de sinais
de entrada, da tomada de saída
para o osciloscópio e da chave
liga-desliga da rêde. A fig. 9
apresenta êsse chassis com tôdas
as dimensões das furações e das
dobras necessárias.
A caixa do simulador é com-
posta pelo chassis acima descrito
e por uma tampa ·que também é
uma chapa de alumínio dobrada
em U (fig. 10).

LISTA DE MATERIAIS
RESISTORES
R, 5,6 K
Rz = 5,6 K
R, = 58 K
R. 58 K
Rs
R,
= 330 K
330 K
Rt 47 K
R. 180 K
R, = 180 K
R,.
Ru
= 1,5 K
1,5 K
R,z Potenciômetro 2 K
linear
R, Potenciômetro 50 K
linear ..
R,. Potenciômetro 50 K
linear
R.. 1 K
R,. 47 K
R,t 33 K
lt,. 47 K
lt,. 12 K
Rzo = 1 M

CIRCUITO IMPRESSO DA FONTE FIG. 8


(DETALHES NA FIG. 8)
Circuito lmpreaso e compo·
nentes da- fonte, visto do lado
do cobre

• CIRCUITO IMPRESSO
DO SIMULADOR
(DETALHES NA FIG. 7)

MAIO/JUNHO, 1968 135


I '~ -I
__..4(12x) l
-$-~
II -·- ' 8 I
I
'10 I , I
~ -t- I
I· 25 .. 1
I

I 65
I I
I
I I
o
I() I ·8 A' ' 8 I
I-·---------- . -$- -~- 1

$-
~- ,A
i~
~
o I
1•
30
i
-·-----.-

o
N
I
o I
I() I
I
I
I
' I
-~- on
o
....
II
' I~
-$-I
, I
·A
-~-
I

60 140

FIG. 9

150

FIG. 10

204
·I· 62 -1
R 21 =1 M Cs = 270 pF cerâmica T, = BC 108
Rn =2K C, = 47 nF poliester T4 =
BC 108
R,= 1on c. = 47 nF poliester T, = BC 108
R, = Potenciômetro
4 50 K c,. = 100 nF poliester T, = BC 108
linear C 11 = 100 nF poliester J'1 =
BC 108
c, = 100 !J.F/6,4 V eletrolítico Ta = BC 108
TRANSFO~DORES C" = 100 ~ nF poliester T. = AC 128 (ou de 74)
Tr, = Transformador de fôrça c,. = 10dJ-t.F/25 V eletrolítico
secundário: 30V, 100mA. C,s = 100 }J.F/25 V eletrolítico DIO DOS
c,. = 100 JJ.F /25 V eletrolítico
CAPACITORES D, D,, D,, Ji>• = BY 126
C, =
100 pF cerâmica TRANSISTORES
C, = 100 pF cerâmica CHAVES
C, =
22 nF poliester T, = BF 184
c. = 22 nF poliester T, = BF 184 Ch, = chave bipolar liga-desliga

MAIO/JUNHO, 1968
AS
CURVAS CARACTERISTICAS
DAS VALVULAS
ESUAS APLICAÇOES
1 - GENERALIDADES
_,!o__ _
A interpretação e a utilização correta das curvas
características das válvulas a vácuo é uma das mais
importantes tarefas com que se defronta o engenheiro
ou o técnico especializado em rádio e eletrônica.
Embora os fabricantes forneçam as principais
curvas necessárias para os trabalhos de projeto, ou
simplesmente para que se possa ter uma idéia a res-
peito do desempenho de uma determinada válvula,
é interessante, em muitos casos, efetuar-se o levan- A
tamento de tais curvas. O equipamento exigido para
êsse fim é relativamente simples e as medidas reque- (o)
ridas podem ser fàcilmente procedidas por estudan-
tes das escolas de eletrônica de grau médio ou su-
perior. A experiência e a soma de conhecimentos
que se adquire nessa modalidade de trabalho justifi-
ca plenamente o esfôrço dispendido, contribuindo,
ademais, para que se amplie a familiaridade indis-
pensável no trato com as válvulas termiônicas.
As curvas características das válvulas permitem, +
outrossim, a resolução por métodos gráficos de um
grande número de problemas práticos de eletrônica,
sendo mister assim que o estudante aprenda, desde
o início a utilizar corretamente às curvas fornecidas
pelos manuais ou levantadas no laboratório.
O presente artigo se destina a leitores que já A
possuem os conhecimentos preliminares acêrca d'l
teoria e do funcionamento das válvulas eletrônicas
Onde fôr julgado necessário, todavia, ~ erá dada uma ( b)
explicação sucinta a respeito dos fatos diretamente
Fig. 1
envolvidos na matéria em estudo. O tratamento ma-
temático empregado é o mínimo que se pode dis- Polarização de uma válvula diodo no sentido
pensar ao desenvolvimento quantitativo dos assuntos direto (a) e no senti!lo inverso ( b).
abordados, achando-se plenamente ao alcance do lei-
tor.
apresenta de permitir a condução, quando se acha
2 - DI ODOS A VÃCUO polarizado no sentido direto (placa positiva em re-
lação ao catado, conforme se ilustra na fig. la) e
de impedí-la, quando se acha polarizado no sentido
O fato primordial que caracteriza o funciona- inverso (placa negativa em relação ao catado, como
mento de um díodo é a faculdade que o mesmo se mostra na fig. lb).

MAIO/JUNHO, 1968 137


Se o díodo estiver polarizado no sentido direto, ções que nem sempre se aproximam suficientemente
sua corrente de placa ou corrente anódica I. cresce dêsse padrão.
com a tensão E. existente entre a placa e o catodo
(fig. 1a). A lei de variação de I, em função de E., A expressão analítica da corrente anódica de
seria linear, no caso de um díodo ideal, exprimindo- um díodo real é raramente considerada, na resolu·
-se por uma relação da forma ção de problemas práticos. Costuma-se, em lugar
disso, trabalhar diretamente com a curva caracterís-
I, = k E, (1) tica I. X E, levantada em laboratório ou fornecida
pelos manuais de válvulas.
na qual o fator de proporcionalidade k é constante Na fig. 3 se apresenta a curva característica tí-
e tem a dimensão de uma condutânc-ia (inverso de pica de um díodo real. No trecho AB, normalmen-
uma resistência). te utilizado nas aplicações práticas, a expressão ana-
lítica da curva se aproxima da lei de Child-Langmuir.
Essa função é representada gràficamente por Fora dos limites A e B, a curva exibe algumas par-
uma reta que passa pela origem, dizendo-se, por es- ticularidades notáveis:
sa razão, que a lei de variação considerada é linear.
Um ponto qualquer P dessa reta é determinado por Ia (mA)
suas coordenadas E," e I,". A relação entre essas
quantidades corresponde ao inverso do fator k e de-
------c
,,
fine a re·sistência dinâmica do diodo: 8 ,,-

r, = constante (2)

De acôrdo com a construção mostrada pela fig.


2, a resistência dinâmica é dada pela tangente trigo-
nométrica do ângulo a. que a reta característica for-
ma com a vertical:
Fig. 3
r, = tg a.
Curva característica típica de um díodo real.
É de se notar que o díodo apresenta uma resis-
tência dinâmica constante, o que se traduz pelo fato
do ângulo a. não variar, qualquer que seja a posi- 1) Para E. = O, e mesmo para valôres nega-
ção do ponto P ao longo da reta característica. tivos pequenos dessa tensão, observa-se a existência
de uma corrente anódica residual, o que se deve ao
fato de que alguns dos elétrons emitidos pelo cato-
Ia (mA) do chegam a atingir a placa, nas condições consi-
deradas;
2) Para valôres excessivamente altos de E., a
curva tende a se horizontalizar. Isso significa que a
corrente anódica I. passa a aumentar muito pouco,
ainda que a tensão E, seja substancialmente aumen-
tada. O abaixamento sofrido pela curva no trecho
BC se deve a que a totalidade dos elétrons emitidos
pelo catodo, a uma dada temperatura T, é utilizada
pela placa na formação dà corrente anódica, o que se
designa usualmente como saturação (o têrmo mais
correto seria esgotamento, mas a expressão acima
está consagrada pelo uso).
Se a temperatura do catodo fô.sse aumentada pa-
Fig. 2 ra um valor T, > T, hawria emissão de uma quan-
Característica I, x E, de um díodo ideal. tidade suplementar de elétrons, de modo que a sa-
turação seria atingida a um valor maior de I.. Na
fig. 4 se mostram as curvas traçadas para quatro
1 . 2. 1 - Curva .Característica do diodo real valôres diferentes da temperatura de catodo de um
díodo termiônico.
A corrente anódica I, de um díodo real a vácuo A corrente de saturação é dada analiticamente
não varia linearmente com a tensão E, existente en- pela lei de Richardson:
tre placa e catodo, mas é proporcional, dentro de
certos limites, ao cubo da raíz quadrada da referi- I,.. =a A 'P e - 'l'rr
da tensão:
onde
I. = k' vE,' (4)
a = área efetiva de emissão do catodo;
É conveniente aceitar com restrições a validade T temperatura absoluta do catodo;
de tal relação, designada como lei de Child-Lang·
muir, pois a mesma foi estabelecida para o caso de
e 2,471828 = base do sistema de logarítmos ne-
perianos;
um díodo constituído por um filamento linear situa-
do no eixo geométrico de um anodo cilíndrico. Os A e cp =constantes de emissão termiônica, determi-
diodos a vácuo de uso corrente possuem configura- nadas pela natureza química do catodo.

138 1\IAIO/JUNHO, 1968


numericamente igual à tangente trigonométrica do
ângulo a; que a tangente à curva traçada pelo ponto
P, forma com a vertical.
Na prática, costuma-se considerar um ponto p·,
bastante próximo de P, e determinam-se os valôres
das variações incrementais -C~E. e -C~I., conforme se
mostra na fig. 5. A resistência procurada será dada,
então, por
-C~ E.
r. (7)

a aproximação sendo tanto maior quanto menores


forem os valôres de -CIE.. e [!.I,, ou quanto mais
linear fôr a curva no ponto em questão.
Note-se, aliás, que a relação (7) recairá na de-
finição (6), passando-se ao limite, ao se fazer [!.I.
tender para zero:
dE,
fa = (8)
Fig. 4 di.
Correntes de saturação a diferente• temperatura de catodo.

1.2. 3 - .Reta de Carga


O fenômeno da saturação não tem muita im-
portância, porque a inflexão da curva característica O díodo é normalmente empregado com uma
ocorre geralmente para valôres da tensão E, acima carga entre a placa e o catodo. No caso de se tratar
do valor máximo Ema, especificado pelo fabricante de uma carga puramente resistiva RL (fig. 6), em
da válvula. í:.sse limite não deve ser jamais ultra- série com uma tensão de 'polarização Eb, haverá na
passado nas condições normais de emprêgo do díodo.
É por essa razão que o trecho da curva caracterís-
tica acima do ponto M (fig. 3) se acha representada
em linha pontilhada.

1. 2 . 2 - Resistêoda dinâmica

A não-linearidade do comportamento do díodo


real implica na variação do valor de sua resistência
dinâmica para diferentes valôres de E, ou de I,. O A
valor da resistência dinâmica do díodo no ponto P
de sua curva característica é definido pela derivada:
Fig. 6

dE, Válvula diodo com uma resistência de


carga RL.
r. = (6)
di,

CURVA CARACTERÍSTICA

Fir. 7
Fig. 5 Reta de carga de um diodo.
Determinação gráfica da resistência diftâmica
do diodo. (Continua na pág. 172)

MAIO/JUNHO, 1968 139


ificadores
CI sse

n
De todos os sistemas de mo-
dulação descritos, o de modula-
ção de largura do pulso é o úni-
co em que a baixa freqüência
possui amplitude independente
da freqüência de modulação, o
que exclui portanto tóda distor-
ção de amplitude.
Além disso fica excluída tam-
bém distorção harmónica do
sinal devido à ausência de com-
ponentes harmónicas da fre- A modulação de largura do Fig . 4
qüência de modulação. No en- pulso pode ser feita de 3 modos Diagrama de blocos de um amplifi-
tanto, como podemos ver na diferentes: aluando-se só sóbre o cador classe D.
figura 3, o espectro de freqüên- início do pulso ou só sóbre a
cias devido a êsse tipo de modn- parte final do mesmo ou então
lnção apresenta harmónicas da sóbre os dois lados. A importân-
freqüência de repetição com suas cia que se deve creditar às ban- se utilize de modulação de lar-
respectivas bandas laterais de das laterais relativamente à fre- gura atuando sóbre os dois lados
amplitudes também independen- qüência de áudio é menor para do pulso, é o que se vê na fi-
tes da freqüência de modulação. o tipo de modulação que atua gura 4
sóbre os dois lados do pulso.
Vamos analisar em primeiro
Entretanto, é necessário que a lugar o modulador. Existem vá-
freqüência de repetição dos pul- rias maneiras de se produzir pul-
sos seja superior a 4/m., Um,, = sos modulados em largura. A
freqüência de corte superior de mais conhecida emprega um si-
áudio) para que a influência das nal de forma triangular e o su-
bandas laterais seja desprezível. perpõe ao sinal de áudio. Quando
Assim por exemplo, se desejamos há coincidência entre os dois si-
construir um amplificador que nais ocorre a comutação de um
Fig. 3 vá até 20kHz, é necessário que estágio que pode então estar blo-
Espectro de freqüência obtido no a freqüência de repetição seja da queado ou saturado. A forma de
caso da modulação em largura. ordem de 80kHz no mínimo. onda resultante é a vista na figu-
ra 5, nela vemos que a superpo-
sição das duas ondas (triangular
Isso pode provocar uma dis- e sinal de áudio) determina ins-
CIRCUITOS BÁSICOS tantes de tempo precisos onde
torção inharmónica devido à pos-
sibilidade de interferência entre a os dois sinais têm a mesma am-
freqüência de áudio e as bandas O diagrama de blocos básico plitude. Podemos então, produ-
laterais. de um amplificador classe D que zir um sinal modulado, utilizan-

140 MAIO/JUNHO, 1968


+--Fig. 5
--.....-.----+-........-12V
-8

Princípio da modula·
ção em largura de um AAAA
sinal senoidal a partir
de sinais triangulares.
rvvvv
s

Fig. 7
Modulador a diodos e formas
de onda obtidas em funcio·
naniento.

do um circuito que assume um guns inconvenientes, pois o tem-


estado determinado quando o si- po de subida ou de descida es-
nal de áudio é maior do que o tá ligado à inclinação da onda
sinal triangular e comuta para o triangular, além disso, quando o do transistor constituem um fil-
outro estado possível quando se transistor T, começa a conduzir tro passa alto, alinhando os pul-
produz o contrário. Para um si- o potencial de seu emissor tende sos em relação ao seu valor mé-
nal de áudio de pequena ampli- a ficar mais negativo e se opõe dio, durante um período da
tude (ou nulo) a relação entre ao efeito do sinal triangular que
os impulsos gerados correspon- freqüência de áudio. A taxa de
procura torná-lo mais positivo; modulação de um circuito como
dentes a cada um dos estados é isto diminui ainda mais o tempo
igual a 1. de comutação. Também a taxa êste é limitada pela amplitude
de modulação é reduzida a fim que devem ter os pulsos para
de não introduzir uma distorção levar o transistor à saturação.
Modubdor diferencial muito grande no sinal de saída.

O esquema da figura 6 permi- Disparador de Schmitt


Modulador a diodos
te que se realize uma modulação
do tipo diferencial. Baseia-se no O disparador de Schmitt (fig.
princípio de adição dos dois si- Um modulador dêsse tipo efe-
tua a comparação de duas ondas 8) permite diminuir os tempos de
nais no circuito base emissor do comutação em relação aos sis-
transistor T,, que faz com que por intermédio de uma porta a
diodos. Na saída do comparador temas precedentes. Em um circui-
êle fique bloqueado ou saturado
obtemos uma onda senoidal sô- to dêste tipo basta que se apli-
durante espaços de tempo respec-
tivamente proporcionais à ampli· bre a qual se superpõe impulsos que à base do transistor" de
tude da freqüência de áudio. triangulares de largura variável, comando a soma algébrica do si-
os quais atingem todos o mesmo nal de áudio e da onda triangu-
Uma análise mais detalhada potencial. O condensador de li- lar, para obter sinais retangula-
do funcionamento mostrará ai- gação e a resistência de entrada res modulados em largura.

.----..-.......--------t----e-8
-12V
~Ok
s

220
--4--~-----eo
~------~~------_.~~--0
Fig. 8
Fig. 6
Disparador de Schimitt que torna menores os tempos
Modulador do tipo diferencial. de comutação.

1\rAIO/JUNHO, 1968 141


Entretanto, existe uma limita- Produção direta de sinais
ção da taxa de modulação pelo 1nF retaogulares modulados
fato de os dois limiares de co-
mutação não poderem ser idên- em largura
ticos. Com efeito, se tivéssemos
um sinal de freqüência muito E' possível a obtenção direta
baixa, cuja amplitude provocou de sinais retangulares modudados
uma comutação no pico da onda 22k em largura a partir de um mul-
triangular, a volta ao estado an- tivibrador semelhante ao da fi-
terior só se dará se a variação gura 11.
?o ~inal de comando fôr superior
a diferença entre os dois limia- ~------------~~--0 . A modulação em largura é ob-
res. Fig. 9
tida por modificação de tempo
de descarga de C, e C, em fun-
No caso de a variação ser in- Oscilador de relaxação com transis· ção da amplitude de áudio.
suficiente, perde-se um certo nú- tor unijunção.
mero de informações sôbre a Esta montagem apresenta o in-
evolução do sinal o que provoca conveniente de introduzir uma
um aumento da taxa de distor- lados). Sua inversão de inclina- modulação de freqüência que,
ção. Por outro lado, passa a não ção é lenta, e então se o utiliza- para uma freqüência de repetição
existir comutação dos transistores mos juntamente com um dispa- de 75kHz, limita a taxa de mo-
de saída e a potência que êles rador de Schmitt a taxa de dulação em largura à 0,5 para
devem dissipar pode tornar-se rá- modulação se deteriora ainda. evitar que as bandas laterais da
pidamente proibitiva; também modulação de freqüência caiam
decorre dessa situação uma limi- no espectro de áudio.
tação do sinal antes do modula- Produção de sinais triaagulares
dor. ~ste intervalo de tempo é pela integração de sinais Observações:
chamado de tempo de atraso e retangulares
corresponde à menor largura de Nos amplificadores estereofô-
pulso que o sistema pode dis- nicos é importante se utilizar um
criminar. A freqüência mínima Atualmente, as montagens que
permitem obter sinais triangula- oscilador de modulação única e
do sinal de áudio é determinada de freqüênia constante a fim de
então por êste fator. res pela integração de sinais re-
tangulares são muito conhecidas sincronizar os dois canais e evi-
já que são simples e introduzem tar os efeitos de uma modulação
uma taxa de distorção muito pe- parasita.
GERADOR DE ONDAS quena.
TRIANGULARES Uma sobremodulação do sinal
Mais freqüentemente, os sinais de saída pode-se produzir, e fará
retangulares produzidos por um com que apareça um certo nú-
São inúmeros os circuitos que mero de harmônicas. Essa sobre-
geram sinais triangulares e não multivibrador astável são envia-
dos a um integrador Miller o modulação decorre de uma cei-
iremos enumerá-los todos aqui. fagem ("limitação") do sinal de
Trataremos apenas de algumas qual, além de garantir uma boa
linearidade compensa a atenua- áudio criada pelos amplificado-
montagens mais utilizadas na res que precedem o multivibra-
prática. ção devida à integração dado o
ganho do estágio (figura 10). dor.
Até agora consideramos sinais
triangulares sem distorção. No
entanto, é evidente que a linea-
ridade do sinal de saída será fun-
ção da linearidade do sinal trian-
gular assim como a taxa de
modulação é limitada pelas in- Fig. 10
clinações da subida e descida.
Integrador de Miller para obtenção
de sinais triangulares.

Oscüador de relaxação cpm


transistores unijunção

Sendo muito simples de ser


realizado é o que mais se utiliza
em amplificadores de baixa po-
tência populares.
Considera-se que êste sistema
funcionando em uma freqüênci~ Fig. 11
de aproximadamente 70kHz, for- Multivlbrador capaz de fornecer
nece sinais pràticamente triangu- dlretamente sinais retangulares
lares (figura 9). modulados em largura.

Na realidade êsse circuito in-


tro~uz uma modulação compre-
endida entre a modulação de lar-
gura simples e a dupla (dois

142 MAIO/JUNHO, 1968


--+---•-B

o e---_.____._
(a) ( b)

-B

(c)
Fig. 12
Estágios de saída de um amplificador classe D.

Fig. 13 Fig. 14
Para sinais fracos os transistores de saí· A fim de melhorar o rendimento, pode·se comutar
da são saturados alternadamente durante uma corrente de intensidade proporcional ao valor
meio período do sinal de alta freqüência. instantâneo do sinal !!e áudio.

ESTÁGIO DE SAíDA de que se a alimentação entrar


momentâneamente em curto isso
O estágio pode se apresentar levaria à deterioração dos tran-
sob formas mais diversas como sistores. ~ste fenômeno tem co-
aquelas vistas na figura 12. mo causa o tempo que o circuito
leva para sair da saturação, fator
As montagens emissor comum importante para os componentes
e coletor comum (a) são pouco de estágio de potência.
interessantes pois Rt e R, impli- Essa observação cabe princi-
cam em uma dissipação não dese- palmente a amplificadores que
jada de potência. utilizam tiristores. ~sse inconve-
A fim de remediar essa situa- niente, no entanto, pode ser eli-
ção empregamos então, o está- minado em parte pela utilização
gio push-pull (b), alimentando os de um par complementar (c).
dois transistores com sinais em E' possível ainda de se obter o Fig. 15
oposição de fase que serão sus- quádruplo de potência em relação
cessivamente bloqueados ou sa- ao circuito precedente, se utili- Distorção dos sinais de áudio.
turados. Entretanto, subsiste para zarmos uma montagem simétri-
esta montagem o inconveniente ca (d). (Continua na pág .I 55)

:MAIO/JUNHO, 1968 143


DISTORSOR
PARA
GUITA~RA EL~TRJGA
HELIO LUIZ DE RIZZO (*)

INTRODUÇÃO diodo na saída do amplificador onde ocorre o disparo do circui-


para o alto falante, mas êle apre- to, conforme figura 1.
Hoje em dia está muito difun- senta o inconveniente de não
permitir um ajuste contínuo do É interessante observar os pon-
dido o uso da guitarra elétrica.
Qualquer orquestra ou conjunto. nível de distorção e traz desvan- tos de disparo, aquêles em que o
principalmente os modernos, _ut~­ tagens para o bom funcionamen- disparador passa de um estado
lizam êste instrumento. Ulti- to do amplificador. a outro: a tensão com a qual
mamente, tem recebido bastante êle passa do estado I para o 2
Depois de experimentadas vá- não é a mesma responsável pela
atenção por parte da indústria rias idéias, a que melhor efeito
eletrônica, que desenvolveu am- mudança do estado 2 para o I.
produziu consistiu no uso de um Essa propriedade do disparador
plificadores especiais, com efei- disparador Schmitt modificado
tos de reverberação e vibração. Schmitt é chamada de histerese,
para a finalidade desejada. isto pela analogia com a magne-
Cada vez mais, a guitarra usa de
truques eletrônicos para que os Conforme a figura I, temos tização do ferro.
executantes possam conseguir um sinal senoidal na entrada e Um meio de variarmos essa
sons e efeitos novos. uma onda retangular na saída histerese consiste na inserção de
Depois do vibrato e do r<:ver- (retirada do coletor de T, da fi- um resistor em série com o emis-
berador, surgiu a idéia de mu- gura 2). Notamos perfeitamente sor de T,, entre os pontos e,.
dar a forma de onda emitida
pela guitarra e aplicada ao am-
plificador. Foi justamente isso
que se fêz e houve boa aceitação
por parte dos músicos, a maio-
ria dos quais já está utilizando
mais essa bossa.
O aparelho descrito neste ar-
tigo funciona segundo o princí-
pio supra citado. Seu custo é
baixo e o leitor que se dispuser a
montá-lo certamente encontrará
uma boa clientela entre os jo-
vens músicos do ie-ie-ie.

PRINCíPIO DE TENSAÕ DE
FUNCIONAMENTO ENTRADA
Ei
Primeiramente, o que quere-
mos é mudar a forma de onda rl-----~-----r-----t-----t
e aplicá-Ia ao amplificador. É
também necessário que esta te-
nha um grande número de har-
mônicos, a fim de proporcionar
um melhor efeito sonoro.
Logicamente, o raciocínio nos
dirigirá para a onda quadrada,
que, como sabemos, contém um
grande número de harmônicos e
nos dará o efeito desejado.
Um método muito simples TENSA-O DE COLETOR DE T2
consiste na colocação de um

(•) E .E .U. Mackenzie. FIG. 1

144 MAIO/JUNHO, 1968


A comutação de normal para
,.----------..--• +'Ecc distorcido é feita por meio de
uma chave de pressão, muito
usada em aparêlhos de interco-
municação e fàcilmente encon-
trada no mercado nacional. Es-
sa chave deve ser de construção
robusta, pois será comutada com
o pé do guitarrista.
FIG. 2
A chave é montada na caixa
com o botão no comprimento
exato, para fora, para evitarmos
E1 O O
L-------~------•e2 que seja forçada. ~sse compri-
v Q . mento do botão, externamente, é
suficiente para que, quando fór
pisada, na posição de mesmo
plano com a caixa, seja suficien-
te para comutação, sem que o
eixo da chave encoste no seu
e e·,. Dependendo do seu va- mais é que um contróle de vo- batente.
lor, a faixa de histerese poderá lume. O potenciómetro P, serve
subir ou descer, podendo mesmo para o ajuste da realimentação Os transistores são de silício-
saturar uma só parte da senóide para o circuito emissor dos dois -planar, tipo BC108, também fà-
de entrada. estágios. o que resulta em alte- cilmente encontrados no comér-
ração da forma de onda na saí- cio de componentes eletrónicos.
~sse efeito é aproveitado pa- da do aparelho. Na figura 4 es-
ra contróle de volume no apa- tão ilustradas as formas de on-
relho. O efeito produzido é de da obtidas para diversas posições
aumentar o tempo de comutação de P,. O resistor R, impede que
do circuito, pois o resistor intro- todo o sinal de saída escoe para
duz uma degeneração no emis- a massa quando o cursor de P,
sor de T,. está no extremo inferior. FIG. 4
No circuito do distorsor (figu-
ra 3) foram eliminados três re-
sistores (Rb, R e Rb,) original do

ffiffi
disparador, para servir melhor
ao fim desejado. Ao mesmo
tempo foi acrescentado um. resis-
tor de realimentação (R,) para
melhor estabilidade CC.
O potenciómetro P, é destina-
do ao conttóle do nível de his-
terese. ~ste, como já sabemos,
G Q
VALÔRES PICO A PICO
variando o nível de saída, nada

FIG. 3

MAIO/JUNHO, 1968 145


Et1V '
f=10Hz Ei=1,0V
Ecc•611 f•100HZ
4,8\1
Ecc=911

Ei=1,0V
f=100Hz
Ecc•6V

Ei~111
f=10Hz
Ecc=311
I211 (
_j_~::::::::::::=....J-- L ~·1,011
f=100Hz
Ecc=3V
j
u

E(0,2511. 5,211
f=100Hz
Ecc•911
Ei=111
'Gil
f=10Hz
Ecc=911

Ei=0,2511
f•100Hz
Ecc•611 3,211

E1•0,2511
f•100Hz
Ecc•311

FIG. 5

146 MAIO/JUNHO, 1968


FIG. 6 BV

7V
>
-a. 6V
a.
g 5V
CARACTERíSTICAS ~
-)"
O consumo do distorsor é mui- ~ 4V
to baixo, conforme mostra a ta-
3V
bela abaixo, para diversas ten-
sões de alimentação.
2V

A 1111entaça'J Comum o
- -- -- - 1V
'j'/ 0,8mA
6V 0,5mA
50 100 500 1.000 5.000 10.000
3V 0,2mA
-Hz

EN

FIG. 7

Na figura 5 podemos apre- sem dúvida, dá uma melhor AJUSTE, SUGESTõES,


ciar formas de onda de saída apresentação e torna-o mais CONCLUSõES
para diferentes níveis de sinal de compacto. O circuito, entrento,
entrada e diferentes tensões de pode ser montado da forma con- A ligação do aparelho com a
alimentação. As formas de onda vencional ou com ilhóses aplica- guitarra e amplificador será fei-
foram obtidas com contrôles de dos a uma placa de fenolite. ta do seguinte modo.
distorção e volume em suas res-
pectivas posições máximas. O jaque da guitarra, que iria
A figura 7 ilustra a fiação para o amplificador, é conecta-
impressa, bem como a posição de do em J, e um outro fio, com
A figura 6 ilustra a curva de cada componente. O tamanho da dois jaques machos, é ligado a
resposta em freqüência. J, (saída do aparelho) e ao am-
chapa é de 100 x 45mm. plificador. Ajustamos o volume
no amplificador, para uso nor-
O circuito funciona perfeita- mal, depois pisamos no botão e
mente com tensões de alimenta- A montagem foi feita num ajustamos a distorção ao nível
ção de 3 ou 6V, com apenas chassis de alumínio, ao qual fo- desejado, completando assim a
queda no ganho (figura 5). ram incorporados a chave CH, operação. Quando desejarmos
os potenciômetros P, e P,, a ba- distorção, é só pisar no botão.
teria, os jaques de entrada e saí-
da e a placa de fiação impressa. O aparelho descrito pode ser
usado também para contra-bai-
CONSTRUÇÃO xo, com excelentes resultados.
Para distribuição de compo- Devido ao seu tamanho bem
A construção do parelho foi nentes na caixa, podemos apre- reduzido, pode ser montado
feita em fiação impressa, o que, ciar a foto na figura 8. dentro da própria guitarra.

MAIO/JUNHO, 1968 147


LISTA DE MATERIAIS

T, - BC108
T, - BC108
c - 220nF/ 160V poliest-zr FIG. 8
c, - 4 70nFI 160V polizster
R, -lMSJ; I/ 4W
R, - 470!1; l / 4W
R, -IMSJ; l/4W
R, - 4,7kSJ; 1!4W
R, - 3,9kSJ; 1!4W
CH,- chave de pressão 4 X 2
J, - jaque (fêmea) p/ guitarra
J, - jaque (fêmea) p/ guitarra
p, - 50kSJ; potenciômetro li-
near sem chave
P, - 50kSJ; potenciômetro li-
near sem chave
Suporte para pilhas, chapa de
alumínio, parafusos, etc ..

•••
EQUIPAMENTO PRODUZI RÃ MAIS RESISTÊNCIAS A CARV AO

Acaba de chegar a primeira unidade de uma série de equipamentos super-


-automáticos para o produção de resistências de carvão. Já com esta pri-
meiro unidade poderá de imediato ser aumentado o capacidade de
produção de Constante Eletrotécnico S. A. de mais de 3 . 000 . 000 de
resistências por mês. A realização de mais êste plano de expansão e
modernização do Constante, permitirá aprimorar o atendimento do mercado
nacional e ampliar seu volume de exportação. O equipamento teve sua
importação aprovado pelo Comissão de Desenvolvimento Industrial e Mi-
nistério de Indústria e Comércio; Grupo Executivo do Indústria Eletro-
Eietrônico .

148 MAIO/JUNHO, 1968


SÉRGIO AMÉRICO BOGGIO

II

O Voltímetro CC 40kfl

O voltímetro CC é um instru-
mento que se destina a medir 1kfl
diferenças de potencial em cir-
cuitos de corrente CQntínua. +A

Na figura 9 encontramos um FIG. 9 A


esquema típico de voltímetro CC: 1.000V
um galvanômetro em paralelo
1,5k.fl
com dois resistores em série. -B
Tais resistores formam um divi-
sor de tensão para o galvanôme-
tro. Com a chave seletora na po-
sição de I OV temos apenas um
resistor de 40k!l em série com
o conjunto galvanômetro-divisor.
Éste resistor provoca uma que- uma ~imples relação dada pela tar uma resistência interna ele-
da de tensão adequada de for- lei de Ohm entre tensão e cor- vada, para que êste consuma
ma que o galvanômetro dê a má- rente. Desta forma, poderemos pouca corrente do circuito. Quan-
xima deflexão quando nos bor- fazer uma escala já marcada em to mais elevada fôr esta resis-
nes A e B estiver sendo aplica- valôres de tensão. tência, tanto melhor é o instru-
da uma diferença de potencial mento, pois consome menos cor-
de IOV. Para leituras acima de Para medirmos uma diferença rente do circuito. Instrumentos
I OV serão necessanas maio- de potencial, devemos conectar de baixa precisão de medida
r~s quedas de tensão e, conse- o voltímetro em paralelo com o têm resistência interna por vol-
qüentemente, os resistores em circuito em cujos terminais está ta de Ik!l/volt, os de média
série deverão ter os valôres mais a tensão que desconhecemos. As- oualidade IOk!l/volt e os de boa
elevados. Como vemos na figura sim, para alimentar o galvanô- qualidade têm resistência inter-
9, assim que passamos a chav·e metro, o voltímetro consome na acima de 20k!l/volt.
para a posição 50V o resistor uma certa corrente do circuito, a
série é aumentado para !50k!l + qual deve s~r a menor possível O voltímetro é destinado ex-
+ 40k!l, dando um total de para que a precisão da leitura clusivamente à medição de ten-
I90k!l. Ao passarmos para não seja afetada. Por exemplo, sões em circuitos de corrente
250V o resistor aumenta para no caso de geradores de elevada contínua, não podendo ser usa-
990k!1. Na posição de 500V te- resistência interna, ao conectar- do em circuitos CA sob perigo
remos 1.990k!l e na posição mos o voltímetro, êste consumirá de danificação do galvanômetro.
l.OOOV teremos 3.990k!l. uma certa corrente, havendo en- De fato, o conjunto móvel do
tão uma queda de tensão na re- galvanômetro tentaria seguir as
Na verdade, o galvanômetro sistência interna do gerador, e variações da corrente alternada,
mede a corrente do circuito; po- desta forma a tensão de saída e no caso de medirmos a tensão
rém, como o circuito do voltíme- dêste se altera. Logo, deduzimos da rêde, cuja frequência é geral-
metro é apenas resistivo teremos que o voltímetro deve apresen- mente de 60Hz, o conjunto mó-

MAIO/JUNHO, 1968 149


metro, formam um divisor de
tensão ajustável para o galvanô-
metro. Suponhamos uma tensão
FIG. 10 senoidal no ponto X Na alter-
nância positiva o díodo D, não
conduz e o díodo O, conduz,
e, desta forma, a alternância po-
sitiva no ponto Y é aplicada ao
galvanômetro. Na alternância ne-
gativa o díodo D, entra em con-
vel iria vibrar nessa freqüência, 1OV não pode ser utilizada, pois dução, pondo em curto a entra-
o que danificaria totalmente o a tensão a ser medida é supe- da do galvanômetro, o diodo D,
seu equilíbrio, devido à solicita- rior ao fim de escala. Nas esca- não conduz, e assim consegui-
ção indevida nos pivôs e safiras. las de 250V, 500V, e l.OOOV, as mos uma corrente unidirecional
leituras teriam pouca precisão; aplicada ao galvanônr.:tro.
Como a utilização dêste vol- assim conclui-se que a melhor
tímetro é em circuito de CC, de- escala no caso é a de 50V. Pelo fato de ser aplicada uma
vemos observar a polaridad~ da corrente pulsante ao galvanô-
tensão a ser medida antes de co- O voltímetro de CC é geral- metro, haveria a informação nês-
nectarmos o instrumento no cir- mente utilizado para a medição te de um conjugado motor pul-
cuito. Por êste motivo é que ela das tensões de alimentação dos sante, isto é, o conjunto móvel
vem indicada nos bornes do ins- eletrodos de válvulas ou termi- ficaria oscilando. Porém, devido
trumento. Na figura 9 o borne A nais de transistores. Essas me- a inércia mecânica do conjunto
é positivo e o borne B é negati- didas devem ser feitas com o móvel, êste deflexionará num
vo. Se ligarmos a polaridade in- equipamento funcionando sem ponto médio do conjugado mo-
corretamente, o ponteiro tentará sinal alternado. Assim, utilizamos tor e, d~sta forma, o galvanô-
se deslocar para a esquerda, for- o voltímetro CC para medir ten- metro sempre indicará o valor
çando assim o conjunto móvel, sões de placa, grades, catodo, co- médio da corrente, qualquer que
ch111gando, em alguns casos mais letor, base, emissor e outros fins. seja a forma de onda da corren-
graves, a danificá-lo. te pulsante que por êle circule.
Como normalmente o que nos
Na figura 10 ilustramos um O Voltímetro CA interessa é saber o valor eficaz
tipo bem comum de escala de de uma tensão alternada senoi-
voltímetro. A utilização da es- O voltímetro de CA é destina- dal, os voltímetros CA geral-
cala deve ser feita em conjun- do à medição de diferenças de mente encontrados na praça for-
to com a posição da chave sele- potencial em circuitos de corren- necem somente êste valor. As-
tora. Assim, se a chave seletora te alternada. Como já tivemos sim, deve o leitor ficar preveni-
estiver na posição de 1OV deve- oportunidade de vêr, o galvanô- do que a leitura que se efetuar
remos ler na faixa B da figura metro do tipo D'Arsoval só se num voltímetro CA indicará o
1O. Se a chave estiver na posi- presta para medidas de corrente valor eficaz da tensão aplicada,
ção 50V deveremos ler na escala contínua, não podendo em hipó- e o que é mais importante, ês-
C acrescentando aos valôres li- tese .alguma ser utilizado em cor- te valor somente estará correto
dos um zero. Na posição 250V rente alternada. Daí concluímos se a tensão aplicada fôr senoi-
leremos na faixa A acrescentan- pela necessidade de transformar- dal. Pois a escala do voltímetro
do um zero. Na posição 500V mos tensão alternada que de- é calibrada em valor eficaz de
leremos na faixa C acrescentan- sejamos medir para uma ten- tensão alternada senoidal. Se ca-
do dois zeros. Na posição l.OOOV so interessar o valor de pico da
são que não inverta sua polari-
leremos na faixa B acrescentanc dade no decurso do tempo. Para tensão senoidal, basta multipli-
do dois zeros. A posição da cha- car o valor efic~z obtido no vol-
tanto, lançamos mão de retifica-
ve seletora sempre indica o má- dores. A figura 11 ilustra um cir- tímetro por v2, que é aproxi-
ximo valor que se pode medir, o cuito típico de um volrímetro CA. madamente 1,414. Se desejar-
qual corresponde ao fim de es- mos o valor pico a pico, basta
cala. NUNCA devemos aplicar Os resistores de 20kil e de multiplicar por 2 o valor de pi-
ao voltímetro uma tensão supe- 2kil, em paralelo com o galvanô- co encontrado.
rior a indicada naJ chave seletora
na posição em que estiver ligada.
No caso de desconhecermos a FIG. 11
ordem de grandeza da tensão a
ser medida, devemos colocar a
chave seletora na posição de má-
xima tensão, no nosso caso
l.OOOV. Só depois de termos
uma idéia do valor aproximado
da tensão é que devemos abai- 200kíl
xar a escala para uma posiÇão +A
mais adequada. A chave sele-
tora deve ser colocada sempre
numa posição que nos permita -B
fazer a leitura da tensão com
maior prec1sao. Por exemplo,
se desejamos medir uma tensão
d·e cêrca de 40V, a posição de

150 MAIO/JUNHO, 1968


Da mesma forma como no tímetro e efetuamos nova me- mos um voltímetro, seja CA,
voltímetro CC, no voltímetro CA dição. Se a tensão medida fôr ou CC, devemos conectá-lo em
também são utilizados resistores alternada, é óbvio que a inver- PARALELO com o circuito cuja
para dar uma queda de tensão são das pontas em nada deve tensão desejamos saber.
conveniente ao galvanômetro. afetar a leitura de tensão. Po-
Assim, temos que na posição de rém, se a tensão fôr contínua
10V encontramos um resistor teremos que em uma das posi-
ajustável de 40k!l para calibrar ções das pontas de prova êle in- O MUiamperímetro CC
no momento da montagem dicará um valor, e ao inverter-
do instrumento a escala de mos as pontas, dará uma de- O miliamperímetro CC é um
lOV. Na posição de 50V o flexão em sentido contrário. instrumento destinado a medir
resistor de queda vale 200k!l, em Assim, conseguimos' distinguir corrente contínua da ordem de
250V vale 800k!l + 200k!l = uma tensão CA de uma CC. É miliamperes. Na figura 13 en-
1M!l e em 1 . OOOV vale 4M!l. de grande importância lembrar contramos um circuito básico.
que não devemos medir CC no
A utilização do voltímetro CA voltímetro de CA, pois teremos O resistór de 5k!l em paralelo
deve ser feita de maneira aná- uma leitura totalmente errada. com o galvanômetro é um shunt
loga à explicada para o voltíme- para desvio de corrente e o re-
tro CC; com a exceção de que Se desejarmos medir a tensão sistor de 1kil é um limitador.
não temos que observar a pola- de sinal na placa de uma válvu- A chave seletora seleciona os
ridade da tensão aplicada. la, NÃO podemos fazer tal me- resistores que irão ser colocados
em paralelo com o galvanôme-
tro, agindo êstes como shunt pa-
ra desvio de corrente. De fato.
como o galvanômetro suporta
baixas correntes, nas medições de
correntes maiores precisamos
FIG. 12 desviá-las por meio de resistores
vulgarmente denominados shunts.
Uma outra finalidade do shunt
é diminuir a resistência interna
do miliamperímetro. Pelo moti-
vo de que um miliamperímetro
Na figura 12 apresentamos a dição diretamente com o voltí- é utilizado em série com o cir-
escala de tensões alternadas. Em metro CA, visto que a tensão cuito, ao ser percorrido pela cor-
diver!os instrumentos a escala de sinal estará superposta a uma rente dêste último irá introdu-
de leitura em CC é a mesma que tensão contínua de alimentação zir uma queda de tensão no
em CA, sendo que geralmente se da placa (+ B). Para tal, lan- circuito. Como é de se esperar,
utiliza de uma escala CA inde- çamos mão de um capacitor devemos reduzir ao máximo es-
pendente para os 10V. de ótima isolação para o blo- ta queda de tensão e para tal é
queio da tensão contínua. Nor- preciso fazer com que a resis-
Quando a chave seletora es- malmente, o capacitor usado tência interna do miliamperíme-
tiver na posição 1 . OOOV deve- é um O,liJ.F X l.500V. Deve tro seja a menor possível. A
remos efetuar a leitura na faixa ser colocado em série com o vol- justificativa dêste fato é dado pe-
C da figura 12, acrescentando ao tímetro e, desta forma, só cir- la lei de Ohm (E = R x I); de
valor lido dois zeros. Na posição culará pelo voltímetro corrente
de 250V utilizamos a faixa B fato, para a mesma intensidade
alternada, pois é fato sabido que de corrente, ao diminuirmos a
acrescentando um zero. Na po- um capacitor não permite pas-
sição de 50V utilizamos a fai- resistência, a diferença de poten-
sagem de corrente contínua. cial de queda no resistor irá di-
xa D acrescentando um zero. Na Em alguns instrumentos de medi-
posição de 10V utilizamos a minuir.
ção êste capacitor já se encontra
faixa A para verificar a posição ligado internamente, sendo que Na figura 13, com a chave se-
do ponteiro, e os valores serão para CA deve ser usado outro letora na posição 250mA o re-
lidos na faixa C. Por exemplo: borne de medição. sistor shunt vale 1!1, na de 25mA
a chave seletora está na posição vale 10!1 e na 2,5mA vale 100!1.
de 1OV e o ponteiro está locali- Para finalizar, firmamos esta Já na posição de 100!-LA a quase
zado na direção do ponto T; idéia básica de que ao utilizar- totalidade da corrente passa pe-
acompanhando o traço até a fai-
xa C, leremos a tensão de 2V.
Esta faixa A é fàcilmente iden-
tificada nos voltímetros pela se-
guinte legenda: "AC lOV only"
(somente para CA 10V).
Quando a tensão que deseja-
mos medir, não sabemos se é CA
ou CC, devemos proceder da se- FIG. 13
guinte maneira com o voltíme-
tro de CA. Na escala de tensão
conveniente ligamos o voltímetro
em paralelo com o circuito; ob-
servamos o valor da tensão in-
dicada. Em seguida, inverte- '
L--- - ---- - _ j
I
mos as pontas de prova do vol-

MAIO/JUNHO, 1968 151


FIG. 14

FIG. 15

lo galvanômetro, o que nos indi- à massa). Com a válvula em são negativos, indicando atenua-
ca que a máxima corrente que funcionamento, lemos no mili- ções de sinal e para a direita os
êste pode suportar é de cêrca amperímetro a corrente por êle valôres são positivos, corespon-
de 90J.LA. Em diversos instru- indicada e com o auxílio do ma- dendo a amplificações de sinais.
mentos esta posição também é nual comprovamos se está de
usada para medidas de tensões acôrdo com as especificações do Vejamos agora como utili-
CC; sendo que nêste caso há fabricante. Se porventura encon- zar tal instrumento, lembran-
uma indicação no instrumento. tramos um valor muito baixo do do primeiramente que os pon-
normal, e tôdas as tensões de tos de entrada e de saída
Na figura 14 encontramos ilus- alimentação estiverem corretas, onde forem feitas as medidas
trada uma escala de miliampe- isto será um indício evidente de devem ter obrigatoriamente a
rímetro. Com a chave seletora que a válvula está com emissão mesma impedância, sendo es-
na posição 250mA, utilizamos a baixa. ta normalmente fixada em
faixa A acrescentando um zero 600!l. Observando êste fato de
ao valor obtido. Na de 25mA Aliando os conhecimentos de grande importância, devemos
utilizamos a faixa A com o pró- voltímetro CC e miliamperí- conectar o instrumento em pa-
prio valor obtido. Na de 2,5mA metro CC, podemos comprovar ralelo com a entrada do cir-
utilizamos a faixa A deslocan- se uma válvula ou transistor es- cuito e ajustar o sinal de
do-se a vírgula de uma casa a tá ou não em perfeito funciona- entrada até que o instrumen-
esqu~rda do valor obtido. Na mento. Assim procedendo, ob- to indique zero dB. Feito
posição de 1OOJ.LA utilizamos a temos com o voltímetro CC tôdas isto, passamos o insrumento pa-
faixa B acrescentando um zero as tensões entre eletrodos e com ra a saída do circuito, conec-
ao valor obtido e lembrando que o miliamperímetro CC tôdas as tando-o também em paralelo, e
nesta posição a unidade a ser correntes que circulam pelo dis- lemos o valor indicado. Se o
usada é J.LA, assim teremos que positivo e, com o auxílio de um instrumento indicar zero dB é si-
100J.LA = O,lmA. manual de curvas características,
podemos comprovar se os va-
nal de que o circuito nem am-
plificou nem atenuou o sinal. Se
O miliamp~rímetro é um ins- lôres acima obtidos estão ou não o ponteiro defletir para a es-
trumento que sempre deve ser de acôrdo com as especificações querda indicando uma leitura
ligado em SÉRIE com o circui- do fabricante. Esta é sem dúvi- negativa, isto significará que o
to. Quando não sabemos o va- da a melhor e mais segura ma- circuito atenuou o sinal e, em ca-
lor aproximado da corrente que neira de se comprovar o funcio- so contrário, amplificou o sinal.
desejamos medir, devemos sem- namento de uma válvula ou Pelo simples fato de termos ajus-
pre iniciar a medição com a transistor. tado zero dB para a entrada, o
chave na posição de máxima valor encontrado na saída já é
escala, no nosso caso 250mA. o valor numérico do ganho ou
Porém, devemos estar seguros A Escala de· Decibel atenuação em dB.
de que a corrente em hipótese
alguma supere êste valor máxi- Como normalmente a pos1çao
A unidade decibel (dB) é nor- utilizada para a medida de dB
mo. Como êste miliamperíme- malmente usada para· expressar
tro é do tipo CC, não podemos é 1OVAC, devemos observar se
o ganho de um circuito ampli- as tensões que vamos medir não
utilizá-lo em CA pelos mesmos ficador. Suponhamos que em um
motivos vistos para o voltíme- superam I OV e se não há ten-
amplificador tenhamos na entra- são contínua superposta. Caso
tro CC; além do mais, deve ser da uma tensão de 2V e na saída
observado o sentido em que flui houver, devemos bloqueá-la por
uma tensão de 8V, ou seja, um meio de um capacitor.
a corrente, observando a pola- ganho de tensão G. = 4. Se de-
ridade dos bornes marcados no sejarmos expressar êste ganho em
miliamperímetro. decibéis, G = 20 . log G., don- Mediçio de Capacitores e
de vem que, no nosso exemplo,
Uma das aplicaões do miliam- o ganho em dB será 20 .log Indutores
perímetro CC é a medição de 4, aproximadamente 12dB. As-
correntes de circuitos de alimen- sim, notamos uma relação loga- Alguns multitestes são dota-
tação, tais como, correntes do rítmica entre ganho de tensão dos de escalas para a medição
circuito de +B de um receptor e ganho em dB. No multiteste do valor de um determinado ca-
de rádio, para comprovar se o a posição pa chave seletora para pacitor ou indutor dentro de uma
valor está dentro das especifi- a medição <le dB é normalment·e certa faixa de valôres. Porém, pa-
cações da fonte. Uma outra uti- a posição I OVAC, sendo que a ra tal medida é necessária uma
lização é para C()mprovar a emis- leitura do valor em dB é nor- fonte externa de tensão alterna-
são de uma válvula. Para tal malmente numa escala como a da de valor adequado. Como
procedemos da seguinte forma: mostrada na figura 15 tal medição é normalmente feita
inserimos o miliamperímetro em na posição CA JOV, a fonte de
série com o circuito de' catodo Como podemos notar, a es- tensão alternada deverá forne-
(positivo no catodo e negativo querda de zero dB os valôr.es cer IOV.

152 MAIO/JUNHO, 1968


Na figura 16 temos a manei-
ra de ligar o instrumento. Com
os bornes A e B em curto, o
ponteiro deverá deflexionar até
o fim da escala.
Assim, concluímos que o nos-
so transformador deverá modi-
ficar a tensão da rêde para o REDE 10V
;
valor de 10V. Se a posição de
leitura de capacitores e in-
i~. ·'-"'-"'
o

A, ,
. . ./"-.I

:a
I
dutores corresponder à outra es- ~----lt--·J
cala de tensão, o transformador
deverá modificar a tensão da \_BOBINA OU
rêde para o valor de fim de es- CONDENSADOR
cala da posição corespondente. FIG. 16
Na figura 17 temos a ilustra-
ção das escalas, uma para ca- Medição de Correntes Elevadas
pacitares e outra para induto- CA e CC
res. Conforme a figura, há uma
marcação a respeito da freqüên- A maioria dos multitestes não
cia. De fato, como podemos no- possui escala de medição de
tar, pela montagem da figura 16 corrente alternada, e a de cor-
o elemento em teste fica em rente contínua chega apenas à
casa dos 250mA. Com a monta-
gem apresentada na figura 18
poderemos medir correntes al-
ternadas e contínuas de quaisquer
valôres.
Trata-se de um divisor de cor-
FIG. 17 rente, com 5 posições, mas o
leitor poderá aumentar ou di-
minuir o número de posições à
vontade. A escala utilizada no
multiteste será a de IOV.
Para utilizarmos tal instru-
mento, devemos conectar os bor-
nes A e B em série com o cir-
série com o meàidor, sendo qu~ tamente na escala. É óbvio que cuito, e efetuar a leitura na
êste, na verdade, estará indican- só poderemos medir capacita- escala de volts, mas apenas o
do a reatância da bobina ou do res ou bobinas cujos valôres es- valor numérico, sendo a unidad~
capacitor. Pelas fórmulas: tejam dentro dos limites da es- d;, medida o ampere. Por exem-
cala. plo, suponhamos estar na escala
2 1t/L, Um cuidado deve ser tomado x 10, e a leitura no voltímetro foi
X= - - - - , Xc de 3V; assim, pela lei de Ohm,
2 1t/C quanto ao tipo de capacitor
e sua tensão de isolação. Não 3V em O, l!l implica uma
as quais fornecem a reatância podemos testar capacitares ele- corrente de 30A. Desta ma-
capacitiva X, e a reatância in- trolíticos, pois circularia cor- neira, chegamos a uma regra
dutiva Xc em função da freqüên- rente alternada, danificando-os. pr~.tica, que consiste em ler o
cia f e da capacidade C ou in- Quanto à tensão de isolação, valôr em volts, acrescentar um
dutância L, concluímos que a vale para qualquer tipo, mas zero, a unidade de medida, sen-
reatância depende da freqüência, não podemos testar capacita- do o ampere. Na posição xi não
além do valor do componente. res com tensão de trabalho acrescentamos zero, na -;- I O des-
Como desejamos saber êste úl- menor do que a da fonte, no locamos uma casa para a esquer-
timo, necessitamos fixar a fre- nosso caso IOV, pois estaríamos da e assim por diante. Concluí-
qüência. Para isso, o -instrumen- em perigo de ruptura do dielé- mos que, na posição + 1 . 000,
to utiliza a própria freqüência de trico. Continua na pág. 155
rêde. Como os dois valôres pa-
drões são 50Hz e 60Hz, normal-
mente os instrumento s trazem
escalas marcadas nessas duas
freqüências, conforme indica a
figura 17. Assim, o leitor deverá
D
efetuar a leitura na escala cor- H.OOO x10
respondente à freqüência da rê-
de que estiver utilizando. FiG. 18 + +100 x1
+A
O manêjo de tal parte do ins-
trumento é simples, bastando
intercalar o capacitor ou bo- -B
bina que desejamos testar nos 1.ooo.n 1001l 100
bornes A e B na figura 16. Fei-
to isso, efetuamos a leitura dire-

MAIO/JUNHO, 1968 153


IV
CIRCUITO EQUIVALENTE COM PARAMETROS H Dessas relações podemos obt-er
fàcilmente a resistência de entra
Os parâmetros h não estã-o li· os parâmetros para os vários ti- da U,/i, a amplificação de cor-
gados, ao contrário do que acon- pos de montagem através de uma rente i,/i, e a ganho de tensão
tece com a maioria dos símbo- das notações seguintes: U,/U, desde que R, (resistência
los técnicos a uma determinada do gerador) e R, (resistência de
grandeza física. O símbolo h po- a) para o emissor comum: carga) sejam conhecidas.
de tanto ser uma resistência co-
mo uma condutância ou simples- hut-, h~lc, hn(';
h12(', A ordem de grandeza dos pa-
mente um número puro (relação hbct', hcbt', h:::ct':
hhht-, rftmetros h para correntes de co-
entre duas grandezas de mesma h;., h,., h r., h.,... letor de I mA e freqüências de
dimensão). De modo geral, os áudio é
b) para o coletor comum: ape·
parâmetros h são definidos como nas trocando o e pelo c, por h li 0,3 ... k!l
se segue: exemplo: h,, 0,01 ... 0,5%
h" - resistência de entrada pa- h;, h", etc. h, 10 ... 1000 .
ra saída em curto. c) para o base comum: colo- h, = I 00 ... 2~-.t U
h, - relação entre a tensão de cando ·no lugar de e agora a le-
entrada e a tensão de tra b, por exemplo:
EFEITO HALL
saída. h;h, h,", etc.
Além disso sabemos que: O efeito Hall se caracteriza da
h 11 - relação entre a corrente seguinte maneira: uma plaquinha
de saída e a corrente de h,h (1.
de material adequado (ToAs, por
entrada para saída em hll.· = f3 exemplo) de espessura d é atra-
curto (amplificação de h,,= 1-.t vessada no sentido logitudinal
corrente). por uma corrente J, chamada
As relações que podémos es-
h" - condutância de saída pa- tabelecer usando os parâmetr-os corrente de excitação, enquanto
ra entrada em aberto. h são as seguintes (figura I): uma campo magnético B atua
perpendicularmente à superficie
Ocasionalmente essa notação U, = h"i' + h,f.t, da plaquinha (fig. 2). Da ação
representa os parâmetros h para i1 = h,.i, + hn1-.t2 conjunta dess::~s duas grandezas
o circuito base comum. Normal- e, U, + i,R, surge entre os pontos 3 e 4 uma
mente. entretanto, diferenciamos U, = i,R, diferença de potencial chamada

B
___ ,1.
I
-t.2
b c
3
R1
h21 i1
e1 h22 R2

u1 u2

e e

FIG. 1 FIG. 2

154 MAIO/JUNHO, 1968


tensão de Hall em vazio ~.:ujo grande o que implica em que o nho (volume) e com sinal, me-
valor é dado pela expressão: mesmo seja semicondutor. dimos a tensão E no alto falante.
Conhecendo-a e a impedância R
b) para que o componente for- do alto-falante poderemos, pela
U = i, · B onde Rh é neça potência adequada é neces-
sário que sua resistência especí-
aplicação da fórmula P = FJ./ R,
d obter a potência de saída. Con-
fica seja suficientemente pequena. vém desde já previnir que tal
uma constante do material (cons- c) a constante de Hall e a medição não é precisa, já que o
tante de Hall). resistência específica devem ter valor da tensão obtida é um va-
valôres independentes da tempe- lor médio, a impedância varia
As substâncias apropriadas com a freqüência, o sinal não é
para um emprêgo prático do ratura.
perfeitamente senoidal. Se dis-
efeito Hall devem obedecer a Materiais que preenchem estas pusermos de um gerador de áu-
três condições: especificações são por exemplo: dio, poderemos obter medidas
o InAs e o InAsP ou o InSb. bem mais precisas.
a) a constante de Hall do ma- A esp::ssura da placa em geral
terial empregado deve s::r muito é de O,lmm (ou menos). Sugerimos ao leitor para que
construa uma tabela ou gráfico
de potência em função da tensão
PTC de saída no alto-falante para as
impedâncias principais 3,211, 411,
811, 1611, o que evitará cálculos
São semicondutores qu-.: apr·::- na hora da medição. Se possí-
sentam um coeficiente de tem- vel, melhor será marcar dire-
peratura positivo dentro de uma tamente na escala do instrumen-
faixa determinada da temperatu- to os valôres de potência.
ra (fig. 1).
Na extremidade inferior da
curva característica a resistência
•••
é pequena e de valor relativa-
mente independente da tempera-
tura. Na temperatura de traba- AMPLIFICADORES
lho o aumento da resistência é
rápido e para um aumento d-:: CLASSE D
temperautra de 50°C chega a
uma ordem de grandeza de 2 a (cont. da pág. 143)
3 vêzes o valor inicial, o qu::
corresponde a um coeficiente d'.! FIG. 3 Melhoria do rendimento
cêrca de + IO%;oc. de conversão
As curvas características de Os PTC são utilizados em ge- Para um sinal de áudio pràti-
um PTC pOd',! ser vistas na fi- ral para sistemas de medição e camente nulo, cada um dos tran-
gura 3. contrôle de temperaturas. sistores de saída se encontra sa-
turado durante um meio período
do sinal de alta freqüência.
O MULTITESTER O filtro não sendo perfeito,
uma corrente de alta freqüência
(cont. da pág. 153) circula através dos transistores
sob uma tensão diferente de
quando o voltímetro indicar 1OV Se utilizarmos outras escalas YcE<'"' (figura 13). Segue-se que
t::remos O,OlA ou lOmA e, na de tensões teremos outras me- a potência dissipada nos coleto-
posição xlO, quando indicar o d!ções, que são doesnec,essárilas res diminui notàvelmente o ren-
voltímetro lOV, teremos lOOA. pois irão repetir as m~didas fei- dimento de conversão.
~ste simples artifício amplificou tas na de lOV.
bastante a faixa de leitura do Para melhorar o rendimento,
multi teste. pode-se comutar uma corrente de
Medição de Potência intensidade proporcional ao va-
No que diz respeito à constru- lor instantâneo do sinal de áu-
ção dêsse sistema auxiliar, cui- Com o artifício anterior, me- dio. Isto pode se realizar fazendo
dados devem ser tomados quanto dimos a corrente do circuito e funcionar os transistores de saí-
à robustez da chave e do resis- com o voltímetro medimos a da segundo um princípio seme-
tor, na posição de maiores cor- tensão. Se o circuito fôr apenas lhante ao da classe B. (Figura
rentes. Notamos que a prxisão resistivc, a potência é dada pelo 14 ).
dos valôres medidos está dire- produto da tensão pela corrente.
tamente ligada à precisão dos re- Caso contrário, deveremos mul- Aparece aqui uma outra for-
sistores. tiplicar a tensão pela corrente c ma de distorção que se deve ao
pelo fator de potência do cir- fato de que existe uma transi-
Quando efetuarmos uma me- cuito. ção descontínua entre a passa-
dição da qual desconhecemos a gem de um pulso de duração mí-
ordem de grandeza da corrente, Para medirmos a potência d~ nima e a ausência total de
deveremos iniciar a medida pela um amplificador de áudio pro- impulsos. Essa distorção é muito
posição de máxima corrente, ou cedemos da ~eguinte forma. Com semelhante ao "cross over" (figu-
seja, posição xlO. o amplificador no máximo ga- ra 15).

MAIO/JUNHO, 1968 155


---. -- -•--- .• --- ---- .• --. . . . . . .• .• .• .• .• .• ......• ......• .• .• .• .• .•
..................................................
•••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••
..••••••••••.•.......................... ... ..
•••• • • • •
• • • • • • • • •••••••• • • • • • • • • • • •.•
~ ~.
'

1.0 Ten. Eng. 0 HÉLIO HERTT


GRANDE
1.0 Ten. Eng. 0 BERNARDO S.
SILVA FILHO
1.0 Ten. ALFREDO MAURíCIO

APRESENTAÇÃO Portanto, a fonte regulada de- de retificação com a finalidade


v~ atender às seguintes especi- de se utilizar um transformador
O projeto desta fonte regulada ficaçõ~s: de fôrça pequeno, sem tomada
fêz parte do trabalho final de central.
curso realizado pelos autores no Alimentação primária: l!OV
Instituto Militar de Engenharia (50/60Hz)
(Rio de Janeiro). A fonte era CÁLCULO DO
destinada a alimentar um voltí- Corrente CC máxima: 80 TRANSFORMADOR
metro com escolha automática mA DE FõRÇA
de escala (vide revista ELEC-
TRON N. 0 26 e 27) projetado Saída CC: -20V
pelos autores. Tensões do Secundário
Saída CA: 6,3V
Ressaltamos o aspécto didático Para uma tensão contínua de
Regulação máxima: 1% 20 volts na saída da fonte regu-
dêste artigo: caso o leitor deseje
projetar uma fonte regulada, mes- Ripple máximo: 4% lada, parece razoável prever en-
mo com outras especificações. tre os pontos b e b, uma tensão
aqui encontrará a necessária contínua não regulada mínima
orientação. PROJETO de 30 volts. Assim, admitindo
uma resistência de 400n para o
Um retificador de onda com· indutor do filtro, entre os pontos
ESPECIFICAÇÕES pleta, saída a capacitar, é aco· a e a, necessita-se de uma tensão
piado a um regulador série a mír.ima de
Para um bom desemp~nho da semicondutores (figura !). A re-
unidade lógica de voltímetro com tificação em ponte é efetuada por Eaal min
escôlha automática de escalas, quatro diodos BY127. que aten-
face aos componentes emprega- dem com folga às especificações
Eaal rnin 30 + 80 X 0,4
dos, obs·ervou-se, durante os en- de corrente. Preferiu-se êste tipo Eaal m in 62V (valor CC)
saios, a necessidade de uma fon-
te de corrente contínua de boa
regulação ou, em outras pala-
vras, uma fonte de baixa impe-
dância de saída.
O regime de corrente (26 a 68
mA) exclui d~ pronto a utiliza-
ção de uma bateria sêca. Com a:
efeito, em pouco tempo, com tal o
consumo, a bateria se esgota. o
<[
Resta, dêste modo, a alternativa 110V _J
::>
de um retificador que, a partir C)
LU
da tensão CA da rêde, forneça à a:
unidade lógica a potência ope-
racional exigida. Por outro lado,
a alimentação da unidade de in- -20V
dicação visual fica resolvida atrá-
vés de uma tomada CA de 6,3V
no secundário do transformador
de fôrça. FIG. 1

156 MAIO/JUNHO, 1968


e, de acôrdo com a tabela do
livro indicado em Referências, re-
sulta fio 0 = 0,19mm para
o enrolamento primário.
Para I, = SOmA, tem-se fio
0 = 0,20"19mm para o enrola-
mento de 60V.
FIG. 2
Para I, = 200mA, a tabela
indica fio 0 = 0,321mm para
o enrolamento de 6,3V.
Cálculo da janela:
Utilizou-se um perfil com a
dimensão b = 2Smm (figura 2).
Supondo A altura mínima da janela será:
Admitindo um rendimento de
Eaal mio 1,2 ·E,.,;. O,S, temos W = 7,6W A = 1,7 · (a 1 + a, + a,)
E,.,;. = 50V Secção do núcleo: Considerando a necessidade de
deixar 1mm de cada lado na
Como margem de segurança, S ~ ,; Wcm' = 3cm' . Ado- perna central para melhor rigi-
E,= 60V ladoS = 4cm' dez mecânica, b = 26mm.
Para a unidade de mdicação Número de lâminas: Assim:
visual, considerando que apenas
uma das lâmpadas fica acesa de Para o perfil considerado, d,' . N,
cada vêz, reservamos um enrola- S=1·n·e a.=----
mento de 6,3V a 200mA. b
= 21mm (para o perfil 03)
Dimensionamento do Transfor- n número de lâminas = 3S 0,19 2 o 1. 350
mador de Fôrça (figura 2) (adotado 40) =------
26
Tendo em vista que um trans- e = espessura da lâmina
formador dêste tipo não é pro- 0,5mm .. a. = 1,S7mm
duzido comercialmente, achamos
por bem incluir neste projeto, Enrolamento primário: d,'N,
com . a respectiva seqüência de a,
cálculo, os dados necessários à E . 10'
b
sua construção. N. = - - - - = 1.350 es-
4,44·f·BS
Utilizamos como núcleo perfis piras (0,202) 2 676
E de ferro silício (1. 000 gauss)
de 0,5mm de espesssura. N. = número de espiras
= ..
26
Potência exigida da rêde através f = freqüência da rêde =
do transformador: 50Hz 00 a, = 1,06mm

W = Wronto + W;ndk. +perdas B = indução magnética =


10.000 gauss d/ N,
a, =
Wtonto = SOmA · 60V =
= 4,SW s área da secção = 4cm' b

W;nd;o, = 200mA • 6,3V E = tensão eficaz da rêde = (0,3211 ) 2 71


1,3W 120V 00

26

A relação de espiras por volt será: r = N/E = 11,3 espiras/volt 00 a, = 0,2Smm


N 1.350
r = - - :_ r = - - - = 11,3 espiras/volt a= 1,7 X 3,21 = 5,45
E 120
Enrolamentos secundários: Cálculo do Filtro em 1t:
- Enrolamento de 60V : N, = 11,3 · 60 = 676 espiras Com a finalidade de reduzir
- Enrolamento de 6,3V: N, = 11,3 · 6,3 = 71 espiras ao mínimo a queda de tensão
relativa ao capacitor C., isto é,
Com base numa densidade de corrente j = . 2,5A/mm', tornar
w 7,6
I. = = = 64mA «R
E 120 4f o c.
MAIO/JUNHO, 1968 157
Assim, para R, + R.,.,
r-~~----~----~----e-zov
R, + Rz. = 3,02 - 2 =
=1,02ill

O valor de R 0 :
v,-v. 23 - 7,6
Rn = ----- =
FIG. 3 I, 5
= 3,08

Adotado R 0 = 3ill
O fator S de estabilidade, face
aos parâmetros utilizados, resulta:
+ ...-----------------------4----.. +3V ~' · Rk
s =
R,+ R,,
onde R = resistência equivalente PROJETO DO REGULADOR onde Rk = Y, · I I R.,
da carga, SÉRIE
Como r, » 2k!l e ~, = 30:
O regulador série está ilustrado
c, » na figura 3.
30 o 5
4fR s = ----- = 147
1,02
20V v, = -49,6V:.~ -64,2V
Para f = 50Hz e R = ----- = v, -23V Para a impedância de saída
O,IOOA
resulta:
= 200 n, resulta I, = 100mA
Rk 2 . 000
T, AC128
T,
~2 os 30.147
c, » --------- AD149
4 o 50 200 = 0,45!1

C, » 25!J.F
D = OAZ205
Para regulação máxima de I %
deve-se ter:
Para limitar o "ripple" às espe- (L = 5mA e V, = 7,6V)
cificações, IJ. v, "'"
O resistor de carga R. deve p...,. =
1oo. v2 satisfazer:
< 4
8w• . L . c, . c, . R
Com Vz min = 23 V para =
Para o AC-128, ~' ""' 90 : Pn ... x

LC, > 11,8 X to-• = 0,01,


Adotado R, = 2k11
e ainda /J. V, m;u = 23 . O,OJ = 0,23V
As resistências (R, + R,,) e
O fator de estabilidade mínimo
2wL » « R (Rzb + Rs + R,) devem satis- requerido será:
2w · c, fazer
R, + R,, + R, + R, /J. V, mu

ou
--------------- = S min =
4w' . c, . L » 1
2wC,R »1 v, /J. V, mu = 0,1 • V, m<>

C, » 12,7!J.F = V,
3,02 0,1 • V, mu

Logo, foi utilizado um capacitor


de (50 + 30) !J.F com isolamento Tomando R, R,. + Rzb + R, + 0,1 o 64,2
para 150 volts, tomando-se
+ R, = 3,02k11, = = 28
C, = 50!J.F e C, = 30 !J.F. 0,23
Daí resulta: Assim, o valor S obtido supera
O indutor L resulta: L » de muito a condição mínima es·
0,084H. Adotou-se o valor típi- R,b + Rs = I - 0,4 = 0,6k11 pecificada.
co de lOH para SOmA. A uni-
dade encontrada no comércio
apresentou uma resistência d·e
Arbitrando R, = 30011, Referência: Cálculo de Trans-
formadores de Fôrça - Omar
350!1. resulta Rzb = 30011 Nathan Rodrigues.

158 MAIO/JUNHO, 1!168


I
Selefor
de •

cana•s I
Eng.o IVO HEISE

Introdução ESTÁGIO DE R. F.

O seletor de canais é o estágio de entrada do O estágio de RF é um circuito sintonizado,.


televisor. Recebe os sinais diretamente da antena devendo ampliar o canal selecionado sem deformá-lo;
nas várias freqüênciall correspondentes aos diversos atenuando os outros canais recebidos p.ela antena.
canais, e permite a seleção do canal desejado. Tran$-
mite-o já ampliado ao ampliador seguinte (am- Reconhecemos no circuito exemplificado o bal-
plificador de FI) numa freqüência fixa, predeter- lun, cuja função é transformar os 300!1 simétricos
minada pelas normas (freqüência intermediária). da antena em 75!1 assimétricos, na relação de I :4.
A vantagem da antena com sinal simétrico relacio-
S::ndo o seletor constituído de estágios de baixa na-se com o cancelamento parcial, no ballun, de
potência, a tendência modema é transistorizá-lo. ruídos impulsivos, induzidos na linha de transmissão
Contudo no Brasil o seletor a válvula é ainda o da antena ao receptor.
mais difundido.
A preferência pelo transistor está no seu redu- Logo em seguida ao ballun, temos um circuito
zido tamanho, a não existência de filamentos, a que nada mais é do que um transformador 'lt de
baixa tensão de alimentação. Além disso, em altas impedâncias um pouco mais elaborado. O circuito
freqüências, o transistor vem apresentando quali- '71' elementar está indicado na figura 3, o qual, dese-
dades de ruído cada vez melhores. ~ste fator é nhado de outra forma , fica como na figura 4.
muito importante em estágios de entrada, pois
limita fortemente o menor sinal aproveitável pelo Na ressonância, o valor eqüivalente a R, na
receptor. posição R2, será maior, menor ou igual, conf~rme
C,/C2 seja maior, menor ou igual a I. Todavia
isto só ocorreria para uma freqüência b~m deter~
DESCRIÇÃO minada. Se quisermos aumentar a faixa em que
o valor de R2 fique próximo de um valor préfixado,
teremos que fazer o circuito mais elaborado, resul-
O seletor de canais pode ser esquematizado tando um circuito do tipo do nosso circuito típico.
pelo diagrama de blocos da figura I; como exem-
plo de circuito tomemos o da figura 2. ~ste transformador 1t é usado para transformar
a impedância complexa de entrada do elemento
ativo (transistor ou válvula) numa carga resistiva
de 75!1 (pelas normas americanas). Com êstes 75!1
ANTENA ESTÁGIO ESTÁGIO FI
AMPLIFICADOR MISTURADOR
haverá o casamento de impedância com a antena,
DE R F através do ballun. Evita-se que êste processo seja
feito através de divisor resistivo, pois isto acarre-
taria perda de potência (atenuação do sinal) e pio-
raria o fator de ruído do seletor.
ESTÁGIO
CAG OSCILADOR
. O elemento ativo pode ser representado pelo
circuito da figura 5. A realimentação representada
por gf e Cf pode ser neutralizada tomando-se um
FIG. 1 ponto E com tensão de polaridade inversa à do

MAIO/JUNHO, 1968 159


81

FIG. 2

•t2 V CAG

FIG. 6
A - c

FIG. 3
B
Yn

$'"'" Yzz

YN
E

C, realimentando para o _ponto A através de _uma


impedância tal que no ponto A a tensão induzida
por C tenha fase oposta e mesma amplitude que a
tensão induzida por E, cancelando-se assim a reali-
FIG. 4
mentação (figura 6, onde Y,, =NY., (N =
VE/Vc).
Quando a realimentação é pequena, não há
necessidade de se neutralizar; há realmente seletores
que têm o estágio de RF não neutralizado (nosso
circuito típico).
Nos parágrafos seguintes. a análise do elemento
ativo será feita sem considerarmos a realimentação,
a fim de facilitar nosso estudo; figura 7.
A impedância de saída &o Co é usada para sin-
tonizar e amortecer em parte o primário do filtro
passa-faixa.
A função do filtro é dar ao seletor uma boa
seletividade, tendo de atenuar em cêrca de 40-50dB
a freqüência-imagem do canal sintonizado e a pró-
pria FI do receptor. Para tanto, é em geral d-e
FIG. 5 sintonia dupla e acoplamento levemente super-crí-

'. 160 MAIO/JUNHO, 1968


de sua realimentação, possibilitando a obtenção de
curvas de passagem estáveis e suaves. Evidente-
mente estas capacitâncias estão também relacionadas
com os amortecimentos do filtro, pois a faixa de
passagem é bem definida.
FIG. 7

( M • k 12 '(L,L2 l o>--~c-G--(w_l 47 s

,v, gmVin R1 c, L2 c2 R2 IV2l f)


FIG. 8 K

FIG. 10

lico. Representemos o filtro pela figura 8 e de· OSCILADOR


finamos os parftmetros: Acoplamento normalizado
Os osciladores de seletores de canais são quase
== n = k"y'Q, Q,. sempre "ampliadores" com forte realimentação. O
diagrama de fluxo de um ampliador realimentado
Afastamento normalizado de freqüência n é dado na figura I O, onde:
(f!fo - fo!fl v' Q, Q, e = entrada
Wn = 21tfo = I/ v' L,C, 1/ v' L,C, saída
Q,- R,w.C = d, - 1 G = ganho do ampliador sem realimentação
Q, = R, Wo c d, I K realimentação
D = d, + d, O ganho dêste ampliador é dado pela relação
A curva de resposta será do tipo da figura 9, e no G(w)
ponto central fu o ganho será: G'
+ K(w) · G(w)

O ampliador oscilará se houver uma saída s não


n' ·
.1 + nmortecida com o tempo para uma entrada e = O,
e a seletividade I rr I = I U,(f)/U,(f.,) I isto é, se G' =
oo, o que acarretará 1 + K(w) ·
1 + n'
· G(w) =
O. As limitações de freqüência má-
xima de oscilação para cada elemento ativo estão
I rr I = relacionadas com a variação dos seus parâmetros
y' (I + n' - n') ' + n' (Q, / Q, + Q,/ Q, +2) com a freqüência; impondo um w máximo tal que
~eja possível K (wm,.) · G(wm,.) = -I. No caso dos
e para acoplamento levemente super-crítico a faixa
transistores, por exemplo, a f f3 (freqüência para
de passagem será B == y' 2 fo D a qual o ~ de um transistor diminui de 3 dB) é
bastante importante para determinação da máxima
freqüência de oscilação.
v2 1t l O oscilador dos seletorcs de canais sempre
v, oscila numa freqüência central do canal a ser re-
cebido. mais a freqüência central do ampliador de
F. J.

Denomina-se fr~qiiência imagem dêste canal à fre-


qüência
-
I
·- -- -· ···- - .... - - -+··---- - -· .. ·····- - - f""'' + 2fn
fo f {frequência)
Para o ajuste fino do canal, o oscilador em g~ral
FIG. 9 tem freqi.iência variável, o que nos permite com-
pensar pequenas falhas de calibragem do receptor
ou de transmissão.
O dimensionamento do filtro deve condicionar A bobina variável do tanque do oscilador de
em princípio: um alto ganho, uma faixa de pas- nosso circuito típico constitui esta sintonia fina.
sagem suficiente para não deformar o sinal a ser O oscilador deve ter boa estabilidade de am-
recebido, uma boa sel•etividade e estabilidade. In- plitude e de freqüência, devendo ser relativamente
dustrialmente, não deve ser esquecida a constância insensível às variações de tensão de rede ou de tem-
de características àe um seletor para outro. ~eratura, devendo também ter boa estabilidade com
No circuito típico, a capacitância adicionad ·1 o envelhecimento do circuito. O seletor deve irra-
ao primário do filtro diminui relativamente possí- diar o menos possível a tensão gerada pelo oscilador,
veis variações da capacitância de saída do elemento pois isto atrapalharia os outros aparelhos de tele-
ativo. O divisor de tensão capacitivo no secun- visão. Por isso, é recomendável um seJ.:tor bem
dário serve para elevar a impedância de entrada blindado e, se, possível, com estágio ampliador d~
do transistor seguinte e diminuir possíveis efeit::~s RF que isole o oscilador da antena.

MAIO/JUNHO; 1968 161


SELETOR DE CANAIS
AMPLITUDE
AMPLiTUDE

/
/
/
---- ' ' '
~a~--r~~~Er
I -- t
PV PS FREQ DO OSCILADOR
PS PV
. . . - ---+- --·-- -·--+-------· --· -
PORTADORA
VÍDEO 41,?5MHz 45,75fAH l

PORTADORA
SOM

FIG. 11

MISTURADOR potência para a vanaçao total de ganho, que de-


verá ser da ordem de 20dB. Por isso seria difícil
O estágio misturador é também relativamente empregar um transistor epitaxial num estágio de
simples de ser analisado. Recebe o sinal ampliado ganho controlado, pois a variação de ganho para
pelo amplificador de RF nas freqüências do canal êstes transistores é em geral muito lenta (veja
em questão, e o sinal do oscilador. Produz o ba- figura 12). Assim, encontraremos geralmente neste
timento dos dois sinais, transferindo a informação estágio transistores de material homogêneo no co-
contida no canal de RF para o canal de FI. letor, que causam variações mais rápidas de ganho
com a corrente, figura 13.
Sendo a freqüência do oscilador maior do que
a freqüência do canal recebido, produz-se na mis-
tura uma inversão das freqüências, conforme FIG. 12
indicado na figura 11, pois se fosc > fsom > fv;doo,
então fosc - fsom < fosc - fv;d.,.,. Portanto, apesar
de na transmissão a portadora de som ser de fre- Ili TRANSISTOR EPITAXIAL

I~
qüência mais alta que a pordadora de vídeo, no
ampliador de FI a portadora de som é de freqüên-
cia mais baixa que a da portadora de vídeo.
A mistura de duas freqüências pode se fazer
em um elemento qualquer de característica não
linear, como por exemplo um díodo ou a impe-
dância de entrada de um transistor.
Existe uma amplitude ideal que o oscilador deve
injetar no misturador, para que o ganho de con-
versão seja o maior possível, o que deve ser G
TRANSISTOR CO M C0L FTOR
observado em cada canal que seja selecionado. Em
HOMOGÊ NEO
geral o estágio misturador é a característica não
linear de entrada de uma válvula ou transistor, cuja
saída já é sintonizada para freqüência intermediária,
constituindo portanto o primeiro ampliador d·~ FI.

ATUAÇÃO DO AGC
+
FIG. 13
O AGC é o contrôle automático de ganho
do aparêlho. Procura fazer com que o alimentação Os problemas causados pela atuação do AGC
do cinescópio seja pràticamente independente do sinal são devidos ao fato de que muitas vêzes êle não
de entrada. Para isso, a partir de um certo nível, varia só o ganho do estágio, mas tende também
reduz o ganho dos estágios ampliadores, entre êles a deformar as curvas de passagem. Principalmente
o ampliador de RF. O fator de ruído do conjunto no caso dos transistores, a variação de corrente de
será o menor possível para o maior intervalo d~ emissor acarreta variações das impedâncias de en-
sinal de entrada, se o AGC do seletor fôr de trada e saída (veja figura 14). Alguns transistores
ação retardada, isto é, se começar a atuar somente de silício poàem apresentar variações de até I : I O
30 a 50 dB depois de começar a atuar sôbre o ganho de impedância de entrada. Esta variação de im-
de FI (veja fórmula no capítulo relativo ao ruído). p~dância de entrada acarreta problemas no casa-
No seletor de canais o AGC age sôbre o mento da antena ao elemento ativo, pois o trans-
estágio de RF, cujo ganho será função de um formador de impedâncias é feito para determinados
parâmetro variável comandado pelo AGC, por valôres de impedância de entrada. No entanto, o
exemplo, tensão de polarização da grade 1 para · coeficiente de reflexão na entrada do se-letor não
um pentodo de corte remoto, a corrente de emissor deve ultrapassar valôres de ordem de 50%.
de transistor, etc. ~ste parâmetro vai geralmente A segunda consideração a ser feita refere-se à
ser comandado por uma tensão U que será gerada impedância de saída. Representemcs esta impedân-
no estágio de AGC. cia por uma parte real Ro e uma reativa 1/wC.~ =
Devemos ter uma maior variação relativa de e respectivas variações t!,. R. e t!,. C0• Na figura 14
ganho t!,. G I t!,. U possível e o menor consumo de temos o circuito eqüivalente. O t!,. C, causaria um

162 MAIO/JUNHO, 1968


- -- -

~"-"" l
z,, Ro
FIG. 14
v,n v,
AR o
=r c. =rA C0 R
'r c l1 l2 =r= c 2 R2
AZ11
[
deslocamento na freqüência de ressonância do pri- FATOR DE RUíDO
mário do filtro e uma variação no fator de amor-
tecimento d, = 1/Q, = (Wm ·R, ·C,)-', onde: Como é sabido da teoria de ruído, em um
conjunto de amplíadores em sene (figura 15) com
Wm = freqüência de centro da faixa ganho a,, fator de ruído F ,, i = 1 . . . n, o ruído
R, resistência total de amortecimento do do ';onjunto é dado por:
primário
C, = capacitância total de sintonia do primário F,- 1 F, - 1
R, resistência total de amortecimento do se-
cundário F Fo+--- +---- +
C, = capacitância total de sintonia do secun-
dário
Fn
/::,. Ro também causaria variações no fator de amor-
tecimento do primário. Um dos cuidados a ser to-
+ .. .. +
mado refere-se a
/::,. Co tomando-se Co + C = C,, tal qu~ /::,. Cu « C, . Se os a , forem maiores que 1, teremos os últimos
Consideramos o efeito de /::,. Co insignificante. têrmos da série despresíveis, ficando pràticamente:
Outra precaução está relacionada a /::,. Ru. O ·fato r
de amort~cimento total do filtro F, -1
d = do + d, = Q, I + Q,- o =
.= (R,.C,.Wm)- 1 + (R,.C,.wm)- 1
deve permanecer constante, pois para um determi-
nado acoplamento (no nosso caso levemente super- Em televisores temos um caso semelhante (figura
crítico) determina a faixa de passagem do filtro. 16). Portanto o fator d:! ruído do conjunto é pràti ·
Para d tornar-se constante, temos que levar em camente dado por
consideração que (para cada canal Wm sendo fixe)
-t:,.R,
F
Wm.Co.Ro 2 a ••
pois já tornamos C, constante

t:,. R, Ro. R
como
R,' 1=1 I
, pois R , = - - , ! /::,. Rol
Ro+R
I (R/Ro +R)' . /J.Ro I

I/::,. R,jR,' I = (R/Ro +R)'/::,. Ro


. (Ro+ R/ R . Ro)' = I/::,. Ro/ Ro' l Mesmo assim, sendo a.. da ordem de 1O o fato r
de ruído do misturador deve ser 10 vêzes superior
portanto: I/::,. dI = I -t:,.R.!wm.C,.R,' I ao fator de ruído do estágio de RF para influenciar
=
I /::,. Ro/Wm.Co.Ro' I = o conjunto.
Para fazermos d constante t:,. d « d. Como w,, A explicação para o AaC retardado também
é fixo e /::,. Ro/ Ro' são impostos pelo elemento ativo está na fórmula F = F •• + (FM - 1) I a •• ; para se
para estabilizar a curva, só nos resta aumentar C, . obter o mínimo ruído mantém-se a.F constante
Como porém d = 1/ wm.C,.R, + 1/ wm.C,.R, = cons- até onde fôr possível (saturação ou limitação do
ampliador de FI).
tante, para aumentar ' C, teremos que diminuir R:
ou C,R, para manter a faixa do sistema. Donde s~ Para freqüências de VHF o ruído atmosfé-
conclui que a estabilização da curva sempre custa rico contribui muito pouco em relação ao ruído in-
perda de ganho do sistema. corporado ao sinal pelo receptor, que fica assim
fortemente limitado quanto ao menor sinal apro-
CARACTERíSTICAS E MEDIDAS DO SELETOR veitável, pelo próprio fator de ruído de seus está-
DE CANAIS gios de entrada.
O ruído do estágio de RF depende fortemen-
As principais características do seletor de canab te do elemento ativo usado como ampliador e do
são: ganho, seletividade, estabilidade do oscilador, acoplamento antena-elemento ativo.
irradiação, comportamento do Aac, fator de ruído Pode-se fazer dois tipos de casamento, sendo
e índice de modulação cruzada . um dêles o de maior transferência de energia e
Alguns dos fatôres que influ~m as cinco pri- o outro o de mínimo ruído. Os dois casamentos
meiras características já foram analisados. Resta- não coincidem necessàriamente, e o que é feito na
nos agora falar sôbre o fator de ruído e índice de prática é o casamento de impedâncias para máxima
modulação cruzada. transmissão de energia, evitando assim reflexões de

MAIO/JUNHO, 1968 163


-----[;] FIG. 15

FIG. 16

~GERADOR
DE
RUI DO
1-
OBJETO DE
AMPLIADOR
DE BAIXO
- DE TE TOR
C/ INDICADOR
ME DI DA 1-- RUIDO E - 3dB
FIG. 17
~I
CALIBRADO
( SELETOR I FAIXA LARGA
F2 ' G2

sinal na entrada, que acarr;:tariam o aparecimento de Mesa ou Planar. como os casos dos AFI39 e AF239
"imagens fantasmas", se o cabo da antena fôsse su- de germânio ou BFY88, BF200 e BF202 de silício.
ficientemente longo. Na faixa de VHF a preferência por válvulas
ou transistores está mais ou menos empatada, com
Há diversas fontes de ruído, algumas com ca- valores de 2 a 5kTo. Na faixa de UHF ·as válvulas
racterísticas de ruído branco, como por exemplo o começam a perd~r terreno para os transistores, onde
. ruído Shot, e o ruído térmico, que influenciam as
faixas de V. H. F e U. H. F. e outros que no caso
o AFI39 apresenta F =
7,5dB para 800MHz e
o AF239 e BF200 são ainda melhores.
não interessam, como o ruído flicker ou ruído I I f
cuja potência fornecida é inversamente proporcional
à freqüência. COEFICIENTE DE MODULAÇÃO CRUZADA
O estudo do ruído começou recentemente com
Einstein (1906) e Lorentz (1912). As não linearidades das características dos ele-
O ruído em transistores é comtituído de várias mentos ativos (principalmente transistores) causam,
partes: ruído Shot das correntes de base e einissor, além de distorções do sinal modulado e mudanças
ruído de divisão de correntes (emissor -. base + do índice de modulação, um tipo de fenômeno,
coletor), ruído S·hot do díodo base-coletor polari- muito importante, que denominamos de modulaçã ~ >
zado inversamente, etc. cruzada. Suponhamos que em um transistor sejam
injetados dois sinais: um com freqüência f 1 sem
O ruído térmico também é constituíd'J de par- modulação (sinal útil) e o outro com fr~qüência
tes, devidas à rbb', r" etc., como também de resis · f, modulado em amplitude (sinal perturbador). Na
tências eventuais no circuito, que por isso devem saída poderemos constatar que a modulação de f,
ser evitadas no circuito de acoplamento da antem:. apart:ce também modulando o sinal f 1 (figura 18).
ao elemento ativo. Êst~ efeito pode ser constatado em alguns t:-
levisores quando sintonizamos um canal distant~
A medida do fator de ruído é feita em cabine (fraco) e existe um canal vizinho muito forte. P:>-
blindada, com um gerador de ruído e um ampliador deremos então constatar o canal selecionado, bem
dotado de um atenuador de 3dB (figura 17). Com sintonizado, e a imagem do canal vizinho, não sin-
o gerador sem funcionar, mas ainda conectado, c
o atenuador curto circuitado, observa-se a indicação
de tensão (potência) na saída. Depois, com
o atenuador atuando e o gerador de ruído li- FIG. 18
gado, aumenta-se a quantidade de ruído in-
jetado até se obter novamente, na saída, o
mesmo valor de tensão (potência) que se
tinha no comêço. Feito isto, o gerador cali-
WffiA- '•
brado indica qual o fator de ruído (veja Te-
lefunken Laborbuch III, pág. 154).
Em seletores a válvula, usam-s;: triodos
que têm baixo ruído mas baixo ganho, pen-
todos que têm alto ganho mas alto ruído,
cascodes que apresentam uma melhor combi- ~- ·
nação de ganho e ruído, ou válvulas especiais
como o neutrodo PC900. Em transisto-
rizacios temos alguns transistores especialmente
desenvolvidos para êste estágio, em técnica

164 MAIO/JUNHO, 1968


OBJE TO
MEDIDOR DE
ÍNDICE DE
MODULAÇÃO
FIG. 19
DE MEDIDA

cronizada e mais fraca, como se fôsse uma imagem Os seletores de VHF (30-300MHz) incluem a
fantasma "correndo" atrás da outra. faixa I (Canais 2 a 6) e a faixa III (Canais 1 a 13)
Estudos teóricos realizaoos mostram que o coe- e os de UHF operam dentro da faixa de 470 a
ficiente de modulação cruzada está diretamente rela- 890MHz (Canais 14 a 83).
cionado com a derivada segunda da transcondutância O problemà da mudanÇa de sintonia de um
e inversamente proporcional à transcondutância (*): canal para outro pode ser resolvido em princípio
de duas maneiras. A primeira é a solução por co-
a'Y, mutação, como por exemplo no circuito da figura 2.
Aí podemos reconhecer que para obtermos o casa-
k au,.' mento de impedâncias na entrada do seletor, o filtro
m== 1t de entrada é modificado para cada canal, sendo
IYztl portanto seletivo.
O coeficiente de modulação cruzada pode ser As indutâncias do filtro passa faixa também
definido como sendo a tensão perturbadora, U,., são comutadas com o respectivo acoplamento. A
modulada 100% em amplitude, necessária para pro- indutância do oscilador também tem que ser comu-
duzir 1% de modulação cruzada, para determinada tada e quando o ajuste fino do oscilador também
tensão de entrada do sinal útil, e para determinado é comutado (como no nosso caso) diz-se que o se-
afastamento da freqüência perturbadora. A sua me- letor é memomático.
dida é esquematizada na figura 19. As vêzes o oscilador é acoplado ao misturador
Os resultados são em geral apresentados como indutivamente, o que tem a vantagem de tornar
êste acoplamento ajustável para compensar possíveis

1 ~1
variações de amplitude de sinal injetado para cada
Y, canal.
Uma possibilidade para mudança de canal é
em função de L (corrente de coletor) ou como U., a variação contínua de certos valôres do seletor, co-
para 1% de modulação cruzada. mo por exemplo no circuito de U. H. F. (figura 20).
A modulação cruzada em seletores de canais No circuito, podemos reconhecer que o .filtro 1t
depende quase que exclusivamente do elemento ativo de entrada não é mudado para cada canal dentro
do estágio de entrada, do tipo de circuito (emissor da mesma faixa, sendo portanto de faixa larga.
comum ou bas~ comum) e do acoplamento antenõ.i- O filtro passa faixa é deslocado de um canal para
elemento ativo (faixa larga ou estreita). outro pelo princípio indicado na figura 21, onde a
freqüência de ressonância de uma linha de trans-
CLASSIFICAÇAO missão curto-circuitada em um extremo varia de
acôrdo com a capacitância acrescentada ao seu ex-
Os seletores de canais podem s:-:r classificados: tremo livre. Representemos isto pelo circuito dl
a) Quanto ao tipo de sintonia v
figura 22, onde: w,..., = 1/ LC.

{ Conde.,•dm variável
Capacitância variável
Comutação Indutância variável '· Varicaps
Sintonia Contínua Comprimento variável de linhas
de transmissão ressonantes
(linhas )./2, }..f 4, etc)

b) Quanto à freqüência
S.:letores de VHF
Seletores de UHF
(*) Internationale Elektronische Rundschau
Heft 11 Seiten 625-628
Heft 12 Seiten 691-694

IIAIO/JUNHO, 1968 165


t2 V - r = -

- -- -~1 - ---11 - ·-- - 1


I
I

ENTR:DAu :
ASSIMET. !
I FIG. 20

1:

-t -n:- 11
t12V C AG ACC'f'LAME'-ITO H 2V FI

,._____ FIG. 21
I
I
I
I ou a1 nd a
I
I

z- CAPACITaR VARIÁVEL

FIG. 22

No caso, a capacitância variável correspond:: Em UHF, no caso de sintonia por conden-


à~ capacitâncias dos diodos BA141, que variam sadores, faz-se os condensadores de placas divididas
com a tensão aplicada inversamente (Varicaps) coma em setores que são ajustados independentemente,
podemos observar pelo gráfico da figura 23. -Portan- vindo das altas freqüências para as baixas
to, a tensão Vo de + 30 a + 2 V nada mais é que (de Cm;n -> Cm_,).
o comando de sintonia. Com varicaps, escolhe-se diodos casados, com
O transistor AF239 é o ampliador de RF c variação relativa de capacitância aproximadamente
o AF139 é o oscilador misturador. igual, melhorando-se- o rastreio através de trimmers
ou indutâncias variáveis (fios dobráveis).
Um problema que surge neste tipo de sint-onia
é o rastreio Um outro problema de sintonia contínua é a
variação dos Q dos circuitos sintonizados e do aco-
Como sabemos, num filtro duplamente sintoni- plamento entre êles, o que tende a alterar a faixa
zado a variação relativa de capacitância do pri- de passagem da curva. Por isto encontra-se fre-
mário e do secundário deve ser aproximadam-ente qüentemente seletmes de sin~onia contínua com
igual, pois caso çontrário a curva de passagem ~::urvas de passagem que para as baixas freqüências
se deforma. A variação relativa de capacitância têm acoplamento super-crítico e para as altas fre-
do tanque do oscilador também deve ser igu:~l, qüências têm acoplamento sub-crítico, fator êst..:
pois a sua fr~qüência precisa ser sempre igual à que é causado pelas variações do C do circuito
freqüência central da faixa do canal sintonizado e dos parâmetros dos elementos ativos.
(faixa de passagem) mais a FI.
Sintonizadores com L variável são dificilmente
Em VHF isto é conseguido ajustando-se a> encontrados em televisão, apesar de que ainda den-
bobinas no comêço (menor freqüência) de cada faixa tro da faixa de VHF são encontrados em rádio
e trimmers em paralelo no fim das m ~smas (mabr (sintonizadores de FM).
freqüência). Cont. na pág. 168

Ic
I
FIG. 23 I
- c
I v

166 MAIO/JUNHO, 1968


~rrffi o ffi llil [pOO ~o rnffi ~am
Q)ffi [{ffi
[]]O ffi ITW~ ww@
@
rn m[)) ~ rn o@) [ij) @)mm rnliarn@) ~ mlfrn rn@) o ~ a~ rn rn ~
tação independente da freqüên-
4,7k
cia. O conjunto RC (2,2nF.
+24V
22kfl, lOnF, 390k!l) é usado
2,2n 10n 8,2k
quando o circuito funciona como
pré-amplificador para cápsula
~ magnética de toca-discos. Além
do amortecimento dependente da
CÁPSULA ,3 90k freqüência, êste circuito apresen-
MAGNÉTICA ta a vantagem de diminuir a
distorção. Para permitir que o
1(.1. ponto de trabalho permaneça
R i =-47kíl. 68k + constante, qualquer que seja a
Vj •2mV MICROF.
MI CR. R0 •100k posição da chave seletora,
• 4,5mV, CÁPSULA
MAGNETICA 68p BC109 V0 •350mV é necessano manter o pri-
meiro transistor bloqueado pa-
ra corrente contínua do elo
BC109 de realimentação. Para esta fina-
lidade foi previsto o capacitar
+ 2501! de 2501J.F. O resistor de base
do transistor T, determina a
2,7k rt'sistência de entrada do ampli-
ficador.
47k
390 3,3k

FIG. 1 T-1 T-2 FIG. 2


20
ãl
~
16
N
Os componentes necessários J: >o
para um pré-amplificador para ~ 12 .....
>o >o
microfDn~ são quase os mesmos .....
que os de um pré-amplificador >o 8 2 w
z
para cápsulas magnéticas de to- 0: o
ca-discos. Os dois circuitos dife- o
o 4 1 ~
0:
<t u
rem entre si somente pelo fato t:::!
de que o sinal proveniente do ...J o oi
<t w
toca-discos deve ser equalizado. :::>
o -1 o
o que não é necessário para o w -4 0:
sinal do microfone. As diferen- 0: o
ças entre os circuitos são tão o
o -8 -2~
<t ~
pequenas que um único ampli- u u.
ficador provido de uma chave ~ -12 :::;
...J n.
e alguns componentes adicionais n. ~

pod~ servir para ambas as fina- ~ -16 <t


w'
lidades. w
0:
0:
n.
Para utilização como ampli-
ficador de microfone, o circuito
<l.

f
-20. 1
10 2 5 w2 2 5 103 2 5
4
10 2
--t{HZ)
t
na figura 1 tem uma realimen-

MAIO/JUNHO, 1968 167


DADOS TtCNICOS O capacitor de realimentação
negativa de 68pF, entre coletor
e base do transistor T,, diminui
a tendência à oscilação. Esta é

Tensão de alimentação
I
Pré-amplificador
de microfone
I Pré-amplificador
equalizador
causada pela alta amplificação e
elevada freqüência de corte su-
perior. Para conseguir bom com-
portamento no que diz respeito
24V 24V
ao ruído do primeiro estágio, a
Corrente CC 0,85mA 0,85mA corrente de trabalho do transistor
Sinal de saída T, é fixada num valor muito pe-
queno, de IOO(J.A.
(f =1kHz, R= JOOkil) 350m V 350mV
Sinal de entrada (Extraído de: Siemens Halbleite1
- Schaltbeispiele 1967)
(f =1kHz)
Idem, máximo
2m V
20m V
4,5mV
43mV
•••
Resistência de entrada 47k!l 47k!l
Distorção
f = 100Hz 0,3% 0,2%
f =1kHz 0,3% 0,1%
f =20kHz - 0,1%
Rejeição de sinais
interferentes > 50dB > 50dB

•••

de VHF ao qual será transferida a informação d!


SELETOR DE CANAIS UHF. A desvantagem dêste último é que êle também
(cont. da llág. 166) precisa da possibilidade de ajuste fino, ficando os
ajustes finos do conversor de UHF e do seletor de
Em UHF encontramos o "eqüivalente" a VHF interdependentes. Assim sendo, ocorre freqüen-
istc, ou seja, comprimentos d! linha variável. Esta temente que os ampliadores não fiquem alinhados
solução porém apresenta o grande problema do com- a Fí de receptor.
curto-circuito ser dificilmente obtido, pois em pontos
próximos ao máximo de corrente, q~alquer ~qu~na .
resistência de contato amortece mmto os c1rcmtos
COMENT ÃRIOS
sintonizados (isto sem levar em conta os problemas
mecfmicos).
No Brasil, os seletores mais difundidos são os
Existem dois tipos de "tuners" de UHF. de tambor (comutaç:ío de bobinas). Um outro tipo
(bastante usado na Europa) é o de sintonia por
O conversor de UHF "converte" o canal de condensadores variáveis, interligados por meio de
UHF para um canal de VHF que passa a ser r·ece- um eixo comum. Atualmente tem havido grande
bido pelo seletor de VHF, como se fôsse um canal inetrêsse pelos diodos varicaps, que apesar de apre·
comum de VHF. O sintonizador de UHF conv<:rtc sentarem ainda grandes problemas elétricos, como
o canal de UHF diretamente para o canal de FI, variações insuficientes de capacitância, rastreio din-
produzindo também a inversão da curva de passa- cilmente correto, exigência de tensão de comand::>
gem conforme foi explicado para os seletores de estabilizada, etc., apresentam enormes vantagens me-
VHF. ~ste sinal é injetado diretamente no ampJi-· cânicas como mudança de canal através de uma
ficador de FI (ponto A do nosso circuito típico). A t~nsão contínua, ligações sem engrenagens ou eixos
diferença entre os dois é que, no sintonizador, o os- mecânicos, pequeno volume ocupado, não exis-
cilador oscila acima da freqüência do canal a umn tência de peças móveis, fácil memorização de canais
distância igual à freqüência de FL No conversor, através de botões de fácil manipulação, sintonia
o oscilador oscila abaixo do canal sintonizado, e a fina bastante simples, além da não existincia de
uma distância igual à freqüência central do canal microfonia.

168 MAIO/JUNHO, 1968


aestabilizacão
de
tensões
com . d t
sem1con u ores
Vamos nos preocupar neste e em artigos subseqüentes com o es-
tudo; funcionamento e desenvolvimento de circuitos, empregados na esta-
bilização de tensões, que se utilizem de semicondutores. Comumente a
tensão a ser estabilizada é a tensão contínua fornecida por uma fonte
de alimentação, donde podemos dizer que nos dedicaremos mais à
apreciação das fontes de tensão contínua estabilizadas.
Assim de modo geral o que iremos abordar a seguir são as várias
configurações possíveis de bloco número 2 da figura 1.

FIG. 1

Antes porém, vamos tecer algumas considerações sôbre o bloco


de número 1, o qual se compõe de um transformador, do retificador e
do filtro. O filtro pode ser composto por uma indutância (choque), uma
resistência, condensadores ou uma combinação determinada dêsses ele-
mentos. São êsses componentes que determinam o valor da resistência
interna R, da fonte de alimentação à qual é ligado o circuito estabiliza-
dor. A tensão não estabilizada V, tem seu valor modificado exatamen-
te de acôrdo com as variações porcentuais da tensão da rêde (a resis-
tência interna da rêde é considerada desprezível). Além disso, quando
a corrente contínua que é entregue à carga varia, essa tensão V, também
sofre variações já que s:: modifica o valor da queda de tensão que se
produz sôbre a resistência interna da fonte de alimentação. Portanto, é
conveniente que o valor dessa resistência interna seja bem pequeno.
Para determinar os limites de tolerância que deve possuir a tensão V,
não nos devemos esquecer de considerar também a tensão de "ripple".
Isto se deve ao fato de que se o filtro utilizado não fôr capaz de
"aplainar" suficientemente a tensão contínua que êle entrega ao circui-
to estabilizador êste deverá não somente cuidar de estabilizar as va-
riações de tensão contínua devidas à rêde ou à carga, como também
as devidas à tensão de "ripple" que se encontra sobreposta à tensão
contínua. Justamente levando êste aspecto em consideração é que se
recomenda o emprêgo de circuitos retificadores de onda completa. Além
do que existe a vantagem, no emprêgo dêstes circuitos sôbre os circui-
tos retificadores de meia onda, de que a tensão contínua sôbre o con-
densador depende muito menos da carga, pois a freqüência da tensão
de ripple é duas vêzes maior assim como o valor médio da tensão
contínua.

MAIO/JUNHO, 1968 169


O valor da variação de tensão contínua provocada pela tensão de
ripple pode ser estimada como sendo igual a:

I.
13 em retificação de meia onda.
c
I.
6,5 - - em retificação de onda completa.
c
onde I. é a corrente contínua fornecida à carga (ou ao circuito estabi-
lizador) em mA e C é a capacidade do condensador de filtro _e m p.F.
Resumindo, podemos dizer que a variação total da tensão contínua
à saída do filtro resulta da soma das variações devidas à carga, à rêde
e à tensão de ripple.
Os semicondutores (diodos Zener e transistores) se prestam muito
bem para circuitos de estabilização de tensões baixas em que o consumo
(corrente) seja elevado, pois além do fato de ocuparem muito pouco
espaço, em relação a outros componentes como válvulas ou regulado-
res magnéticos, apresentam ainda as vantagens de possuir uma resistên-
cia interna muito pequena, desenvolver menos calor e possuir menor
tensão de ruído.
O primeiro requisito para que se tenha uma estabilização da tensão
contínua de saída de uma fonte de alimentação é a existência de uma
tensão de comparação cuja constância seja muito alta. Em aparelhos que
contêm válvulas essa tensão de comparação é gerada a maioria das vê-
zes por uma válvula a gás, em aparelhos transistorizados por diodos
~NSÃO Zener.

Estabilização de tensão com diodos Zener

Os diodos do tipo Zener apresentam a partir de uma determinada


tensão inversa, chamada tensão de ruptura, um crescimento muito rá-
pido da corrente inversa. Esta tensão depende do grau de impureza
com que é "dopado" o semicondutor e não tem uma determinação exa-
ta, pois a passagem do estado de não condução para o de con-
dução inversa (assim chamada porque sôbre o diodo está aplicada uma
tensão inversa) é gradual, determinando um joelho na curva caracte-
rística do diodo. :Bsse joelho é melhor definido nos diodos de silício
do que nos de germânio, daí se encontrar na prática só diodos Zener
de silício. A tensão de Zener (chamada também tensão de referên-
cia) propriamente dita, é definida para um determinado valor da cor-
rente inversa situado já na zona de crescimento abrupto de corrente
FIG. 2 (fig. 2). Para diodos com tensão de Zener maior do que 6V o ponto
de transição, ou seja, de início do joelho, corresponde a valôres da cor-
rente inversa em tôrno de 50!lA, já para diodos cuja tensão de Zener
se encontra entre 4 e 6V, a transição se dá somente quando a corrente
inversa atinge alguns mA.
Os diodos Zener de um determinado tipo possuem uma potência
máxima que podem dissipar, que depende da temperatura ambiente e
do modo pelo qual êle é montado no circuito. Em condições de funcio-
namento permanente ela é obtida numericamente através da seguinte ex-
pressão:

onde T; é a temperatura máxima permissível de operação da junção


TA é a temperatura ambiente
e
RT;A é a resistência térmica entre a junção e o meio ambiente.
Cabe acrescentar somente que, se o diodo Zener é de potência, a
resistência térmica entre a junção e o meio ambiente é na verdade a
soma da resistência térmica entre a junção e a cápsula do diodo (R1c)
com a resistência térmica entre a cápsula e o radiador (RcR) e mais a
resistência térmica entre o radiador e o meio ambiente. Geralmente
todos êsses dados podem ser obtidos diretamente de um manual de se-
micondutores.

170 MAIO/JUNHO, 1968


Supondo, por exemplo, um tipo determinado de díodo Zener que
possua uma resistência térmica entre a junção e o ambiente menor do
que 0,31°C/mW e sabendo ainda que a máxima temperatura de junção
permissível é de 150°C, teremos para uma temperatura ambiente <!c
25°C uma potência máxima dissipada admissível para êsse tipo de:
150 - 25 125
Pomo~." = 400mW.
0,31 0,31

Montando o díodo sôbre radiadores, conseguimos resistências tér-


- -TENSÃO
micas mais baixas e portanto, aumentamos a potência máxima dissipa-
da pelo mesmo.
:e a potência máxima dissipada que determina a máxima corrente
inversa permitida (chamada corrente de Zener máxima) através da
expressão:

lzmax == onde U, é a tensão de Zener.


u.
Portanto, como conclusão, podemos dizer que para um determina-
do tipo de díodo a corrente de Zener máxima depende da tensão de
Zener.
Antes de entrarmos na análise e projeto de circuitos de estabiliza-
I I
ção que se utilizam de diodos Zener, convém introduzir o conceito do
•-----!
0 ,3v
~
que seja resistência de Zener ou resistência dinâmica: é a relação entre
uma pequena variação de tensão ao redor de uma tensão inversa pró-
xima do valor da tensão de Zener e a variação correspondente da cor-
FIG. 3 rente inversa (fig. 3).
Portanto
r,
DIOOOS ZEPOER DE PEQUENA POTÊNC IA

~
·=- onde D,. U, representa a variação de tensão e D,.l, corresponde a variação
de corrente. No exemplo da figura 3, D,.U, vale 300mV e D,.l., 4mA,

• •
!:iii !!:: 3m A

'"o
<I ~ ~
a ~ !!!:'i '!:'! ::i
~ :õiii
~mA
40 mA
de onde resulta uma resistência de Zener para uma tensão inversa de
300mV
0
z ~ rtilí - 5V, igual a 75!1.

- -
''"
,__
"'
v;
'"crI == ==- ~ n'
4mA

== - -

li De uma observação das figuras 4 e 5 podemos tirar duas conclusões


importantes: a) os menores valôres de resistência Zener se verificam
--TENSÃO DE ZENER
para diodos cuja tensão de Zener se encontra entre 6V e 8V (fig. 4).
b) Além disso, a resistência de Zener, para uma dada temperatura
DIOOOS ZENER DE POTENC IA ambiente varia com a temperatura da junção. A temperatura da junção,
por sua vez aumenta quando a corrente inversa aumenta, já que dêsse
aumento de corrente decorre uma maior dissipação de potência na
junção (a potência dissipada na junção é produto da tensão inversa cujo
valor varia pouco, pela corrente inversa). Ora, para uma dada tempe-
ratura ambiente então, valôres crescentes de corrente provocam valôres
crescentes de temperatura de junção e portanto, conduzem a variações
de valor de r,. Essas variações se governam pelo coeficiente de tem-
peratura da resistência de Zener, e diferem para dois exemplares do
mesmo tipo que sejam examinados. Normalmente, os manuais forne-
cem o valor de r, para uma corrente inversa correspondente à tensão
de Zener e para uma temperatura ambiente de 25°C.
--T EN SÃO DE ZENER O coeficiente de temperatura da resistência de Zener expressa a
variação que sofre a mesma em relação ao seu valor, a uma dada tem-
FIG. 4 peratura, quando a temperatura da junção aumenta de um grau para
uma corrente inversa constante.

para Ln, c te

D,. = 1°C
D,.r, aumento ou diminuição de valor que sofre r,.
O seu valor é positivo para diodos com tensão de referência maior
do que 6V, e negativo para aquêles que possuem tensão de referência

MAIO/ JUNHO, 1968 171


menor do que 5V. Para os diodos cuja tensão de referência se situa
entre 5V e 6V o coeficiente de temperatura é nulo. (fig. 5).
A variação da tensão de Zener com a temperatura se dá segundo
um coeficiente de temperatura igual em valor ao da resistência de Zener.
Antes de começarmos a discutir os circuitos empregados na esta-
r 2 •3mA
'-=~!!!: bilização de tensão com diodos Zener convém fazer a seguinte ressalva:
l!!:ii ==
... !!!!:
embora existam diodos com tensão de referência aproximadamente igual
à 300V o que permite, então, o uso de um único diodo até tensões des-
..: sa ordem de grandeza, desde que a máxima potência dissipada permissí-
vel não seja ultrapassada, recomenda-se para tensões acima de lOV a
I utilização de vários diodos Zener de baixa tensão ligados em série.
Com isso conseguimos:
r~ a) menores coeficientes de temperatura
III b) menores valôres para a resistência de Zener.
~ TENSÃO OE ZENER O item a se explica, pois com a escolha de diodos de Zener que
possuam coeficientes de temperatura de sinais contrários podemos mes-
""'- mo fazer com que o coeficiente do conjunto seja igual a zero.
"'
~u
a:"--
12 '50mA
Exemplo: Suponhamos que se deseje uma tensão de referência de
18V a uma corrente inversa de 3mA. O coeficiente de temperatura
;;;;;;::
~0: para um díodo Zener com tensão nominal de 18V é da ordem de
:l'"' I!!!!:;
'" z
l-- ~J
I~ 7,5 · 10_. por °C. A utilização de uma associação série de três diodos
w "' dos quais dois com tensão de Zener de 5V e o outro com 8V, resultaria
Q W
o IJJ num coeficiente de temperatura de cêrca de 1 . 10_. por °C.
"''ZI~ O item b decorre do fato de podermos escolher para a associação
wcn
º~
"-'"
w
o «
u o
,.rJ" que queremos fazer diodos com resistências de Zener bem pequenas o
que faz com que a resistência total do conjunto seja menor do que a
correspondente a um único díodo que substituísse a associação.
' -TENSÃO DE ZENER Por exemplo, para uma tensão de Zener de 16V a uma corrente
inversa de 1mA corresponde um diodo Zener com resistência de Zener
FIG. 5 de 10011 aproximadamente. Se ligarmos em série dois Zener de 8V cada
de tensão de referência o conjunto apresentaria uma resistência total
de 1411.

• • •
-0-0-

1. 2 .4 - Levantamento das características do diodo


AS CURVAS CARACTERíSTICAS ...
(cont. da pág. 139) O circuito básico para se proceder ao levanta-
mento da curva característica de um diodo se acha
esquematizado na fig. 8.
resistência uma queda de tensão I. Rr., de modo que
a tensão E, entre placa e catodo terá por valor:
E, = E:, - C R._ (9)

ou, tirando-se o valor de 1,:


Eb - E,
I, (lO)
Rr.
A relação (9) ou (1 O) é a equação de uma reta
que pode ser traçada no gráfico I. X E. (fig. 7). Os
pontos de intersecção dessa reta, denominada reta
de carga, com os eixos das tensões e das correntes,
Fig. 8
são dados por:
Circuito básico para o levantamento das carac·
E, Eh, para I . = O (li) terísticas de um díodo.

Eb
I, = - -, para E. = O (12) Os terminais de filamento devem ser, antes de
Rr. mais nada, ligados a uma fonte capaz de fornecer
a tensão e a corrente recomendadas pelo fabricante
O traçado da reta de carga permite a resolução da válvula, a menos que se deseje estudar o compor-
do problema básico da eletrônica das válvulas a vá- tamento do diodo em condições de temperatura de
cuo: dado um diodo e sua curva característica, e po- filamento ou de catodo diferentes das que são espe-
larizando-se o mesmo por uma tensão Eb, através cificadas.
de uma resistência de carga Rr., determinar o valor O potenciômetro R, se presta para o ajuste a
da corrente anódica I, e da tensão entre placa e grosso modo da tensão E. (indicada pelo voltímetro
catodo E •. V); o ajuste fino é procedido pelo potenciômetro (em
A solução é dada simplesmente pela determina- série) Rt.
ção das coordenadas E,P c I.P do ponto P de inter- A tensão contínua de polarização é alimentada
secção da reta de carga com a curva característica, através dos terminais B, podendo proceder de uma
conforme se mostra na fig. 7. bateria ou de um retificador.

172 MAIO/JUNHO, 1968


Demoduladores

A modulação em freqüêocia de da portadora permanece cons- a amplitude de tensão de modu-


tante. Neste caso, a informação lação. O valor dessa variação é
A modulação em freqüência a transmitir provoca a mudança chamado desvio de freqüência
(FM) assumiu grande importân- da freqüência de transmissão (fi- e corresponde à percentagem de
cia desde sua introdução na dé- guras Ia e lb). Ao mesmo tem- modulação nas transmissões· AM.
cada de 1940, por apresentar po, o valor da freqüência por- O desvio de freqüência exprime
muitas vantagens sôbre a modu- tadora varia em tômo de um a intensidade de som a ser trans-
lação em amplitude (AM). O valor médio, acompanhando as mitido. O timbre do som· corres-
método da modulação em fre- variações de amplitude das on- ponde à velocidade de mudança
qüência é conhecido há bastante das de modulação (voz, música, de freqüência (em AM corres-
tempo. Não teve porém o mes- etc). A variação de freqüência ponde à freqüência da modula-
mo desenvolvimento rápido da é tanto maior quanto maior fôr ção).
modulação em amplitude, pelos
inúmeros problemas técnicos que
acarretava. Entre outros, não ha-
via geradores de sinais nas fre-
qüências em que a FM é útil.
Há anos, quando a técnica de
transmissão dava seus primeiros
passos, chegou-se a usar enormes
motores síncronos na obtenção
de oscilações de radiofreqüência.
Tal equipamento permitia a ob-
tenção de freqüências de até al-
gumas centenas de kHz, que
eram usadas nas transmissões
AM em ondas longas. O apare-
cimento e uso de válvulas de
grande potência, que trabalha-
vam em freqüências mais altas, Fig. 1
possibilitou o uso da modulação
Modulação em ampli-
em freqüência. Decisiva na es- tude (em cima) e em
colha da modulação em freqüên- freqüência (em baixo).
cia, foi, no entanto, a questão da

nn
largura de faixa, que discutire-
mos adiante. n
As diferenças fundamentais
entre FM e AM são fáceis de
entender. Enquanto na técnica de b
TE MPO
AM a informação (voz ou mú-
sica) é transmitida pela varia-
ção da amplitude (modulação) da
portadora de radiofreqüência
(donde o nome "modulação de
u v u "
U~Plitude"), em FM a amplitu-

IIAIO/JUNHO, 1968 173


V antageos e possr"bilidades da FM lhor das hipóteses, só sete trans- picos de tensão. Portanto, a ten-
missores poderiam operar nesta são que aparece depois do dío-
Teoricamente, poderíamos usar faixa. ~ êste o principal motivo do tem sempre a mesma ampli-
a FM em transmissões em baixas de não existirem transmissores tude, determinada pelo valor da
freqüências, como, por exemplo, FM em ondas médias. Além dis- polarização do mesmo. Entre-
em ondas médias. No entanto, so, a transmissão em VHF é tanto, os modernos circuitos de-
usamos FM somente a partir de por si só, menos susceptível às moduladores já executam essa
30MHz (VHF em diante) pelo perturbações e ruídos, muito co- ação limitadora e dispensam o
fato de ser necessária uma gran- muns em freqüências mais bai- uso de um circuito limitador adi-
de largura de faixa para a mo- xas. cional.
dulação. Tais larguras de faixas
só são fàcilmente obtidas em Uma outra vantagem é a maior Um detetor convencional, do
altas freqüências. Além disso, dinâmica que se pode obter em tipo usado em réceptores AM
reunem-se as vantagens das on- FM, graças aos grandes desvios não responde a variações de
das bastante curtas com as da de freqüência utilizados. Defini- freqüência. ~ necessário pois
FM. mos dinâmica como a relação transformar primeiramente a
entre as intensidades máxima e modulação em freqüência numa
Uma característica importan- mínima de um som. Em AM modulação em amplitude. Isto
te da FM, a quase ausência de não é possível transmitir a dinâ- é feito por intermédio de um
ruídos, é grandemente melhora- mica natural da voz ou da mú- discriminador. O mais simples
da quando aumentamos ao má- -sica. Os "pianíssimos" acaba- discriminador é o indicado na
ximo o desvio de freqüência. riam desaparecendo dentro do figura 3, que é o chamado "por
Mas tal aumento leva-nos à ruído e os "fortíssimos" satu- sintonia deslocada".
maior largura de faixa, sendo rariam o transmissor, distorcen-
necessário um compromisso en- do o som. Além dêstes, teríamos
tre êsses dois fatôres. Ao con- vários efeitos secundários desa-
trário da AM, onde à uma faixa gradáveis, que prejudicariam as
maior corresponde um ruído transmissões. A alternativa, uma
maior, na FM, dispondo-se de dinâmica reduzida, é bem me-
uma faixa maior, obtém-se me- nos desagradável. Em AM, te-
nos ruído. ~ como se houvesse mos, pois, uma dinâmica estreita
uma "troca" de ruído por lar- sendo necessário atenuar os
gura de faixa; aumentando um sons fortes e intensificar os fra-
o outro diminui. cos. Tais problemas não existem
em FM, pois a diferença entre
"piano" e "forte" é acarretada
não por variações de amplitu- Fig. 3
de, mas sim de freqüência. Ape-

I:
__
h •I·
ba150kHz
h :I
_.
z.
sar de, na prática, restringirmos
a dinâmica também nas trans-
missões em FM, esta é bem
maior do que naquelas em AM.
Representação do tipo mais simples
de demodulador de FM.

Há, além destas, outras vanta- Os principais circuitos discri-


Fig. 2
gens na FM, principalmente no minadores são:
Desvio máximo de freqüência para que diz respeito a ruídos, efi-
transmissões de FM em alia fidelidade. 1 - demodulador por sinto-
ciência, etc. Citá-los, seria ir tania deslocada
além do escopo dêste artigo,
cuja finalidade é descrever al- 2 discriminador diferencial
O máximo desvio de freqüên- guns circuitos típicos de temo- (ou de Travis)
cia foi normalizado tanto na duladores de FM. 3 - discriminador de fase
rádio-difusão como nos estágios (ou Foster-Selly)
de som de televisão. ~ êle 75
kHz para rádio-difusão em alta Limitação e demodulação 4 - detetor de relação
fidelidade (50kHz até 10kHz) 5 - detetor de ângulo de
e 25kHz para o som das trans- Amplificando o sinal de FM fase.
missões de TV. Isto significa a um nível adequado nos está-
que, na máxima intensidade de gios de RF e FI, êle é condu-
som a ser transmitida, a freqüên- zido a um limitador, cuja função
cia da portadora sofre um des- é eliminar variações de ampli- Demodulador por sintonia
vio de ± 75kHz (ou ± 25kHz tude e interferência ocasionais. deslocada
na televisão). Os transmissores Essas variações de amplitude po-
de FM possuem, pois, uma lar- dem causar perturbações no fun- ~ste demodulador em sua for-
gura de faixa superior a 150 cionamento do demodulador e ma fai simples está ilustrado na
kHz, nas freqüências em que provocar ruídos indesejáv-eis no figura 3. O circuito ressonante
operam. Tal faixa resulta do des- alto-falante. A furma mais sim- não está sintonizado exatamente
vio superior e inferior da fre- ples de limitador é um díodo ao na freqüência portadora da on-
qüência, conforme pode ser visto qual se aplica uma polarização da recebida, mas um pouco aci-
na figura 2. Como vemos, não CC constante. Enquanto a ten- ma ou abaixo dela. Por essa
podemos usar FM em ondas mé- são de RF se mantiver abaixo do razão, as freqüências mais pró-
dias, pois utilizaríamos quase \lÍVel de polarização, o díodo não ximas do ponto de ressonância
15% de tôda a faixa, que é de conduz; no momento em qu~ fôr dão origem a uma tensão maior
1. 100kHz, (500 a 1. 600kHz) ultrapassado êsse nível, o díodo no circuito que as mais afasta-
em cada transmissora. Na me- passará a conduzir, cortando os das. Em outras palavras, cada

174 MAIO/JUNHO, 1968


do circuito LC. Os conjuntos L,
~
90,~ \ o 2 4
C,, L2C2, os diodos D, e D2, os
resistores de carga R, e R, e os
respectivos capacitores de aco-

90./ I \
plamento CP, e Cp>, formam dois
circuitos demoduladores simétri-
cos. As sintonias dos circuitos

:; \
ressonantes I e II estão desloca-
das de valôres iguais, acima e
abaixo da freqüência de resso-
nância do circuito LC.
~ r-- f- h
•'

- !--"-
Fig. 4
------ (MHz)
A portadora não modulada
produz, nos cricuitos sintoniza-
dos, tensões iguais que por sua ·
Forma de onda do sinal na 5aída de um ~emodulador por sintonia
vez provocam iguais quedas de
deslocada. tensão sôbre os resistores de car-
ga. As duas tensões são opostas
em virtude da mesma polarida-
de dos diodos D, e D2; em con-
D aos poucos sendo abandonado. seqüência disso neutralizam-se, e
Apenas o mencionamos por re- a tensão entre os pontos a e b
presentar um dos estágios do de- é nula. Uma elevação no valor
senvolvimento da técnica de FM. da freqüência, decorrente da
modulação, fará com que a ten-
são induzida no circuito II (cuja
O discriminador diferencial (ou ressonância estará mais próxima
R F
de Travis). da freqüência recebida) tenha va-
lor mais elevado que a do cir-
~te circuito, que elimina os cutio I (fortemente dessintoniza-
inconvenientes do demodulador do em relação à freqüência
por sintonia deslocada é apre- recebida). O resultado é maior
sentado na figura 7. A tensão corrente no diodo 0,, ficando
de FM é acoplada aos circuitos o ponto b positivo em relação
ressonantes L, C, e L2 C2 por meic ao ponto a. Por outro lado, di-
Fig. 5
Circuito aperfeiçoado de um dem•·
lador por sintonia deslocada.

vanaçao de freqüência provoca


uma variação de amplitude e,
con~qüentemente, uma modula- Fi&'- 6
ção de amplitude (figura 4). AWDellto ~e linearida·
Isto não elimina a modulação de da detecção pelo
em freqüência, mas a associa à uso de dois cin:uitos
sintoobados em a&ie.
modulação em amplitude, que
pode ser detetada pelos proces-
sos convencionais.
O funcionamento dêste siste-
ma pode ser melhorado p:!lo uso
de dois circuitos sintonizados em
série (figura 5). Os dois cir-
cuitos têm sua sintonia ligeira- 01
mente deslocada, o que produz o
uma curva de ressonância assi-
métrica (figura 6). O ponto de +
trabalho A está localizado no R1 Cp1
meio do trecho mais linear da
curva, proporcionando menor
distorção. Com o uso de dois BF
circuitos sintonizados, essa par-
te retilínea é bem maior e, con-
seqüentemente, a reprodução me- R2 Cp2
nos sujeita à distorção.
+
Atualmente êste circuito en-
contra pouco emprêgo. As difi-
:r +B
b
02
culdades de sintonia, a falta de
estabilidade e de linearidade fi- Fig. 7
zeram com que o mesmo fôsse Discriminador diferencial.

MAIO/JUNHO, 1968 175


v dos dois circuitos ressonantes. O
primário deve ser sintonizado na
freqüência central f" ao passo
que os circuitos II e I devem es-
tar sintonizados acima e abaixo
de t, nas freqüências f, e f;,
respectivamente. ~ste circuito é
o empregado em contrôle aumomá-
tico de freqüência (CAF) de re-
ceptores. Neste caso, usam-se
diodos de reatância variável, co-
mandados por tensões de con-
trôle convenientes.
+V
Discriminador de fases (ou de
Foster-Seely)

A figura 9 representa o cir-


cuito de um discriminador de
fase mais conhecido como dis-
criminador Foster-Seely. O aco-
plamento do primário com o se-
cundário se faz por meio do
I capacitor C,. As bobinas do se-
I

I
cundário estão sintonizadas para
a mesma freqüência.
b Na ausência de modulação, há
um defasamento de 900 entre
E" e E,, e, portanto, e, e e,,
-v sendo iguais, se cacelam. Va-
riando a freqüência de E., o de-
Fig. 8 fasamento entre E,, e E,2 variará
proporcionalmente e a resultante
Curva S, resultante da combinação de duas curvas de será diferente de zero, aparecen-
ressonância.
do em forma de um sinal de
áudio.
O principal defeito do discri-
minador Foster-Seely é sua sen-
minuindo a freqüência, o circui- torção. Os capacitores c., e c.,, sibilidade às variações de am-
to I terá induzida maior tensão, do circuito da figura 7, desti- plitude da portadora.
e o ponto a se torna positivo em nam-se à eliminação dos resí-
relação a b. Havendo variação duos de alta freqüência.
contínua de freqüência, haverá
uma correspondente flutuação Como êste circuito é sensível Detetor de relação
da tensão entre a e b, tensão es- às variações de amplitude, é ne-
sa oscilante em baixa freqüên- cessário utilizá-lo em conjunto Comparado a outros demodula-
cia. A designação de "discrimi- com um limitador separado. A dores de FM, o detetor de rela-
nador diferencial" provém do desvantagem dêste discriminador ção apresenta diversas vanta-
fato de estarem ligados os cir- é a dificuldade de ·sintonização gens. A figura 1O mostra o
cuitos I e II em oposição de
fase. A polaridade oposta nos
dois circuitos sintonizados faz
com que a curva à direita da fi- Fig. 9
gura 8a seja "dobrada" para bai- Discriminador de fase ( Foster-Seely).
xo, produzindo-se a curva da
figura 8b, denominada curva S.
O ponto de trabalho está situa-
do no centro da parte retilínea;
as partes desenhadas com linha
interrompida não são utilizadas
para a demodulação. As altera-
ções de freqüência devidas à
modulação, fazem o ponto de
trabalho "deslizar" para cima e
para baixo, ao longo da curva
de ressonância, produzindo ten-
sões positivas e negativas. Co-
mo a curva possui uma parte
retilínea bastante longa, resulta
uma reprodução isenta de dis-

176 MAIO/JUNHO, 1968


to. O amortecimento cai para
pequenos sinais de RF e aumen-
ta muito para sinais grandes. Se
a tensão de RF aumentar muito,
a resistência interna do diodo cai
R e amortece furtemente o circui-
to ressonante do secundário (on-
+ de se tem E,). Isto acarreta uma
BATERIA
+ limitação de picos de tensão,
causados por perturbações exter-
R nas (figura 12).
+ A bateria é em geral substituí-
da por um capacitor eletrolítico
+B de grande capacidade, que não
acompanha mudanças rápidas.
Para cada estação sintonizada,
Fig. 10 êste capacitor estabiliza a tensão
Primeira apresentação de um detetor de relação. soma E,, + E,z.
Ruídos muito fortes cortam os
diodos, pois à tensão sôbre o ca-
pacitor C se mantém constante.
O circuito é, portanto, insensível
a ruídos muito rápidos, como
faíscas por exemplo.
Muito freqüentemente não se
usa o capacitor C2 de acopla-
Fig. 12
mento, substituindo-o por um
Tensões presentes na entrada acoplamento indutivo. A figura
e na saída de um limitador. 13 ilustra a configuração final.

I
I
I
Fig. 11 I
Curva característica de um dlodo. ií
I
LIMITAÇÃO

circuito numa primeira versão.


Certos detalhes podem ser sim- .I
plificados, como veremos adian-
te. A esquerda da linha trace-
jada êle é idêntico ao discrimi-
nador de Foster-Seely. Os diodos,
no entanto, estão com polarida-
des opostas. Não mais teremos
em R subtração das tensões e, e
ez, mas sim soma. A bateria con-
serva constante o valor desta
tensão soma.

Ação limitadora

Ao contrário dos circuitos até -C


10 a 50\lF
aqui discutidos, o detetor de re- +
lação apresenta por si só ação
de limitador.
Um diodo pode ser considera-
do como um resistor, cuja resis-
tência varia com a tensão nêle
aplicada. Tal resistência é baixa I__
para grandes tensões, mas muito
alta para baixas tensões (figura +B
11). Variando a resistência do
diodo com o sinal, varia o fator Fig. 13
de amortecimento Q do circui- Circuito final de um detetor lfe relação simétrico.

MAIO/JUNHO, 1968 177


de um detetor de relação assi-
métrico. O uso do limitador re-
duz ainda mais a influência das
variações em amplitude sôbre o
sinal detetado.
R
+
Detetor de ângulo de fase

Um outro circuito para de-


molução de FM é o detetor de
Fig. 14 ângulo de fase, representado na
Detetor de relação assimétrico. figura 17. Chegou a ser usado
nos circuitos de som dos ori-
meiros aparelhos de televisão,
mas devido às dificuldades de
A parte desenhada entre as linhas dos na freqüência de FI do re- ajuste, baixa eficiência e outras,
pontilhadas é o que comumente ceptor (em FM, e quase sempre foi aos poucos sendo abandona
se chama de "transformador de- 10,7MHz). do. Emprega uma válvula de no-
tetor de relação". ve eletrodos (7 grades).
Essa válvula possui duas gra-
Estágio de som de televisão des de comando: 3 e 5, que são
Detetor de relação assimétrico
ligadas a dois circuitos ressonan-
Os circuitos indicados nas fi- A figura 16 mostra um cir- tes, nos quais temos o sinal de
furas 1O e 13 representam dete- cuito típico, usado nos está- freqüência modulada. A corren-
tores de relação simétricos, pois gios de som dos receptores de te de anodo só pode existir quan-
tôdas as tensões e correntes são TV. Consiste de um limitador e do as duas grades de contrôle
simétricas em relação ao ponto
terra. No entanto, o mesmo po-
de ser montado assimetricamente
em relação à terra, conforme a
figura 14. Tal montagem é in-

à
teressante quando são usados dio-
dos a vácuo, cujos catodos devem
estar ligados à terra; tal é o caso i\RAO
das válvulas de funções múlti- f I DETETOR OU
plas (como a EBC 91, por ex.).
0
:I DISCRIMINADOR
--<1--+-.......
Limitador
O circuito indicado na figura
15 é o de um limitador~ que po-
derá ser usado com qualquer dos +B
circuitos detetores discutidos até
agora. O pentodo é do tipo co
mum, servindo qualquer um de
Fig. 15
radiofreqüência. Os circuitos res-
sonantes deverão ser sintoniza- Exemplo de um limitador de tensão.

Fig. 16
Estágio de som de um
receptor de TV. g usado
um limitador e um dete·
tor de relação assimétrico.

178 MAIO/JUNHO, 1963


Fig. 17

Detetor de ângulo de fase usando

1
uma válvula especial.

L----+----.+

3 e 5 estiverem positivas em te. É importante que tais re- geral com grande parte de seu
relação ao catodo. Com a tângulos tenham sempre a mes- espectro nas altas freqüências.
mudança de fase das tensões ma altura, isto é, que haja Para uma boa relacão sinal-ruído
dos circuitos I e II (mudan- Hmitação da corrente de anodo. nas altas, é necessário um refôr-
ça esta devido à FM), há uma Isto se consegue com o auxílio ço dos sons dessas freqüências.
constante variação dos interva- das grades 2, 4, 6 que blindam os A êsse refôrço nas transmissões
los de tempo em que a corrente outros eletrodos e nas quais apli- damos o nome de ênfase. Se o re-
de anodo pode existir. Como camos uma baixa tensão CC ceptor tivesse uma curva de res-
tais intervalos são maiores e me- (20 V). Com essa providência a posta linear, haveria excesso de
nores, ao compasso da freqüên- corrente só pode atingir um de- agudos. Torna-se pois necessá-
cia modulada, a corrente de ano- terminado valor, estando, pois, H· ria uma atenuação na recepção,
do também será maior ou me- mitada. Tal detetor exige uma atenuação essa conhecida como
nor. Podemos retirar a tensão de tensão de excitação de quase 8V, como de-ênfase. ·
áudio do resistor R., tendo po- a qual acarreta o inconveniente
rém o cuidado de passá-la num da inclusão de mais estágios am- A constante d·e tempo normal-
filtro RC, a fim de eliminar as plificadores de FI. mente usada, tanto na ênfase co-
componentes de alta freqüência mo na de-ênfase, é de 75IJ.s. Em
(veja adiante). outras palavras, na transmissão
t.nfase e de-ênfase há um refôrço do lOdB / década
O fenômeno está representa- a partir de 2,2kHz. Na recepção
do na figura 18. Os retângulos Dada a grande largura de fai- a curva é contrária, atenuando-
representam os intervalos nos xa em FM, são acentuados os -se lOdB/ década a partir de
quais há passagem de corren- ruídos em forma de pulsos, em 2,2kHz.

+V I II I II

Fig. 18
A corrente de anodo, em função
da fase das tensões nos circuitos -
v~~ I I 1 I I I i 1
-t

• •
I e II. 1 I I 1 1 I I
I I I I I I
1
t
lo I
I I
I
I
1
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I
I
I I
I
I
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MAIO/JUNHO, 1968 179


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OFICINA- êste é o título de uma nova secção, dedicada


especialmente ao técnico reparador, seja de rádio, seja de
televisão ou ramos correlatas. Focalizaremos sempre os de-
feitos mais comuns·que aparecem na oficina do reparador,
analisando-os com detalhes e oferecendo sugestões sôbre a
sua localização e eliminação. Não teremos limitações quan-
to aos assuntos a serem tratados: tudo aquilo que possa
interessar ao técnico é assunto ·para nós. Por essa razão,
também, a partir dêste número passaremos a incorporar a
secção "Documentação Técnica" à nossa OFICINA.

180 MAIO/JUNHO, 1968


OFICINA
TELEVISOR SEM DEFLEXÃO VERTICAL

~ste defeito como sabemos, é imediatamente mentos estão ligados em paralelo, basta colocar em
identificado pela presença de uma única linha bran- curto-circuito a grade e o filamento da válvula de saí-
ca na tela do tubo. Sômente poderá ser provocado da. Nos aparelhos em que os filamentos se acham dis-
pelo circuito de deflexão vertical, que, por sua vez, postos em série, é preciso intercalar entre filamento
é composto de duas etapas: a osciladora e a de e grade, um capacitor de 0,02 a O,liJ.F. Como já
saída vertical. mencionamos se houver neste caso uma deflexão
Antes de mais nada, será necessário sabermos
qual destas duas etapas é a causadora do defeito.
Isto é bem simples, pois a freqüência de operação
do circuito de deflexão vertical é de 60Hz e temos
à mão uma tensão desta mesma freqüência : a ten-
são de rêde e, conseqüentemente, a tensão de fila-
mento. Portanto, se fôr aplicada uma tensão (reti-
rada do circuito de filamento) de 60Hz, à grade de
contrôle da válvula de saída vertical e houver de-
flexão, saber-se-á de imediato, que esta etapa não
é a causadora do problema. Caso contrário, eviden-
temente, será aí onde iremos procurar o defeito.
Não bastará, porém, sabermos qual das duas
etapas é a "culpada": nela deveremos, posterior-
mente, fazer algumas medições que irão reduzir o
tempo do consêrto, permitindo a verificação de mui-
tos componente~ sem necessidade de medições "a
frio", o que nos obrigaria a deslicar o aparelho.
Vejamos, portanto, com mais detalhes, o proces-
so de trabalho para o consêrto.
Uma vez retirada a tampa traseira do aparelho,
em primeiro lugar, localizamos os contrôles corres-
pondentes ao circuito de deflexão vertical, ou sejam,
altura, linearidade vertical e fixação ou sincronismo
vertical. Os dois primeiros encontram-se na parte
posterior do chassi. Girando-se o eixo dêstes con-
trôles de um extremo do percurso ao outro, podere-
mos comprovar se existe interrupção em algum dêles
pois neste caso, em alguma posição apareceria de-
flexão (mesmo que não total) .
Seguindo as ligações dêsses contrôles chegaremos
ao circuito de deflexão vertical, onde será fácil a
localização da válvula de saída (vertical). Aí apli-
caremos à grade uma tensão de 60Hz, retirada do cir-
cuito de filamento. Nos televisores em que os filil- FIG. 1

MAIO/JUNHO, 1968 181


vertical na tela do cinescop10, o estágio de saída Até aqui, vimos o que deve ser feito se o de-
vertical estará em ordem, devendo-se procurar o de- . feito está localizado no estágio de saída. Vejamos
feito na etapa osciladora vertical. agora, o procedimento a seguir no caso de estar per-
feito êsse estágio.
Suponhamos, no entanto, que o defeito esteia
na saída vertical (no caso do não aparecimento de A figura 2A apresenta um circuito oscilador ver-
deflexão com a prova acima). Teremos então, de tical usando transformador de bloqueio. Poderá
realizar algumas medições, a fim de verificar se a apresentar variações; usamos, na nossa ilustração, um
válvula tem condições de funcionamento. triodo (que poderia ser a seção triodo de uma
ECL85, cujo pentodo será a válvula de saída ver-
A figura 1 mostra dois circuitos de saída. Em tical).
A, é utilizada uma válvula triodo, em conjunto com
transformador de saída vertical do tipo convencio- Na fig. 2B apresentamos a mesma etapa oscila-
nal, com enrolamentos separados. Em B é apresen- dora, porém empregando circuito multivibrador com
tado um circuito com válvula pentodo e autotrans- duplo triodo (que pode ser a 12AU7 ou similar).
formador. Convém identificar o tipo de circuito para Apesar das diferenças nos circuitos, em ambos os
que os testes e medições sejam os corretos. casos o contrôle de fixação ou sincronismo fica na
grade de contrôle. Por essa razão, a identificação do
Antes de tudo, tentamos a substituição da vál- circuito se torna fácil, seguindo-se as ligações dês-
vula, que bem pode ser a causadora do defeito. Se te contrôle.
após essa substituição ainda não houver deflexão, Antes de realizar as medições neste estágio, é
devemos efetuar medições nos seguintes elementos aconselhável substituir a válvula.
da válvula: anodo, grade de blindagem (ou grade
auxiliar), catodo e grade de contrôle. Com estas me- Não encontrando tensão anódica, os resistores
dições podemos constatar eventuais defeitos no trans- de carga ou o contrôle de altura poderão estar in-
formador de saída vertical, resistor de polarização terrompidos. Uma tensão elevada no catodo poderá
da grade de blindagem, resistor de catodo, poten- ser provocada por interrupção do primário do trans-
ciômetro do contrôle de linearidade vertical e ca- formador de bloqueio (Fig. 2A) ou do resistor
pacitor de acoplamento entre osciladora e saída ver- de catodo comum (Fig. 2B). A tensão de catodo
tical. destas válvulas é bastante baixa e, em caso de dú-
vida, bastará medir a continuidade do componente
A inexistência de tensão no anodo da válvula suspeito. Tensão positiva na grade de contrôle pode
de saída vertical indica um enrolamento interrompi- ser causada por curto-circuito no capacitor de aco-
do no transformador de saída (o primário no caso plamento entre o separador de sincronismo e a gra-
do circuito da Fig. lA e a parte superior do enro- de de contrôle (Fig. 2A) ou, no caso do circuito
lamento, no circuito da Fig. lB). Não havendo
tensão na grade de blindagem (Fig.
lB), o respectivo resistor de polari- FIG. 2
zação estará interrompido. Tensão a
elevada no catodo indica interrupção
no resistor de catodo ou no ~~c=~-<~r4-e+B
potenciômetro do contrôle de linea-
ridade. A tensão do catodo se ele- CONTRÔLE DE ALTURA
vará, nêste caso, em conseqüência
L____..P/SAÍDA
da queda de tensão provocada pela .---vERTICAL
resistência interna do instrumento.
Valôres de 5 a 20V nêste eletrodo
podem ser considerados comuns.
A existência de uma tensão posi-
tiva na grade de contrôle da válvula
indica um curto-circuito no capacitor
de acoplamento ao estágio oscilador;
em caso de suspeita de interrupção,
é conveniente substituí-lo também.
Se, após a realização de tôdas +B
essas medições não houver sido cons-
tatada nenhuma anomalia, é neces- /SEP(<RADORA DE
sário desligar o aparêlho e medir DE SINCR.
a continuidade do resistor de escape
de grade, do secundário (ou a parte
do enrolamento correspondente ao
secundário) do transformador de
saída vertical e das bobinas de-
fletoras verticais. Deve-se tomar
L INTEGRADOR
VERTICAL
,-----------,

CONTRÔLE DE
VERT.

FIXAÇÃO VERTICAL
cuidado de desligar um dos
terminais das bobinas antes de
fazer o teste. Fica excluído o capa-
citor eletrolítico ligado ao catodo,
pois um defeito neste não causará
falta de deflexão. b

182 MAIO/JUNHO, 1968


da Fig. 2B, por um curto-circuito nêste mesmo ca- bloqueio, no resistor ligado em série com o con-
pacitor ou no de acoplamento entre o anodo do pri- trôle de fixação (sincronismo) vertical e o próprio
meiro e a grade do segundo triodo. potenciômetro dêste contrôle. Estas verificações po-
dem ser feitas ligando o instrumento entre grade
Constatando-se a existência de tensão anódica, e chassi do aparêlho e girando o eixo do potenciô-
tensão normal de catodo e não ·estando positiva a metro.
grade (ou as grades), podemos eliminar das sus-
peitas, o potenciômetro do contrôle de altura, o ( s) Passaremos, a seguir, à verificação dos capaci-
resistor(es) de carga, o primário do transformador de tares do integrador (se apresentam curto-circuito)
bloqueio (Fig. 2A) e o resistor de catodo (Fig. e do resisto r de escape de grade (continuidade).
28). Antes de desligar o aparelho devemos subs-
tituir o capacitor de acoplamento entre o primeiro Caso ainda permaneça o defeito, uma última
e o segundo triodo (Fig. 2B) ou então, ligar em verificação será a das soldas dos componentes li-
paralelo outro de mesma capacidade, para ter a gados às grades de contrôle e do próprio soquete:
certeza de que não está interrompido. poderia existir alguma ligação interrompida ou um
curto-circuito.
Desligado o aparelho, deve ser medida a con-
tinuidade nos enrolamentos do transformador de Antônio P. Miguel

UM DEFEITO DE ALIMENTAÇÃO
Recentemente surgiu-nos para consêrto, um re- àquela cujo valor é especificado para a mesma. Con-
ceptor de rádio que apresentava um defeito curioso. cluímos que, sendo a corrente através da válvula
Como o sintoma fôsse coloração avermelhada das retificadora elevada, haverá uma resistência relativa-
placas da retificadora, a conclusão lógica a que mente baixa entre os pontos X e Y.
chegamos inicialmente (assim como todos o fariam)
é que a causa seria o capacitor eletrolítico. Uma A comprovação disso é simples: com o apa-
rápida verificação, no entanto, provou o engano e relho desligado e os capacitores eletrolíticos de fil-
foi aí que começou nossa dôr de cabeça, como ve- tragem · descarregados é conectado um ohmímetro en-
remos adiante. tre X e Y. Se a resistência indicada fôr superior a
cêrca de 1OOk!l, é provável que o circuito esteja em
O receptor de tipo convencional, com válvulas de ordem. Quando nós realizamos essa medida no nos-
base "octal" utilizando transformador de fôrça, tem so "receptor-problema", o valor indicado foi de apro-
as suas partes 'suspeitas' representadas na Fig. 3. ximadamente 9k!l, muito baixo portanto.
O fato da placa de uma válvula adquirir colo- Muito bem. Chegamos à conclusão de que a re-
ração avermelhada quando ligada, é indício seguro sistência entre X e Y é muito baixa. Que faremos
de ser a corrente que circula pela válvula superior agora? Vejamos.

FIG. 3

MAIO/JUNHO, 1968 183


Em primeiro lugar, cortamos (ou dessoldamos) A comprovação será feita com ohmímetro, medindo
a ligação A-B (Fig. 1). Ligando o ohmímetro, entre a isolação das duas peças suspeitas.
o ponto A e a terra, verificamos o valor indicado.
No nosso caso, achamos cêrca de 300k11, um valor Como até agora as etapas testadas estão em
satisfatório que nos faz concluir que o defeito deve ordem, prosseguiremos com o exame. Desligamos o
estar depois do ponto B. A esta altura um "curioso" ponto E-F, ligando o instrumento entre F e a massa.
que nos dava seu apoio moral interveio:
Convém, nesta altura, religar C-D, a fim de
- "Mas . . . e se a resistência indicada fôsse não esquecer isto, mais tarde.
baixa? Deveríamos então, testar os componentes da
fonte de alimentação. Primeiramente, o estado dos Sendo baixa a resistência indicada ~lo ohmíme-
condensadores de filtro C, e C,, desligando-os Jo tro poderá estar ocorrendo um curto-circuito no trans-
circuito e verificando sua isolação com o ohmímetro. formador de saída T,. ~ste curto-circuito pode se
Em se tratando de eletrolíticos, apresentarão nor- localizar, tanto entre o primário e o núcleo, como
malmente uma pequena fuga, ocasionando leitura de entre o primário e o secundário, uma vez que um
100k11 ou mais. Caso seja mais baixo o valor, o dos extremos dêste se acha ligado à terra. Outros
condensador será, provàvelmente, a peça causadora possíveis causadores do defeito seriam, o capacitar
do defeito. Caso contrário, verifica-se o choque de C, (em curto-circuito ou com fuga) ou a válvula
filtro T,. V, (em curto-circuito). O teste de tôdas essas peças
será feito através da medição de resistência.
Normalmente, o enrolamento dêsse cho~ue esta-
rá isolado do núcleo. Pode acontecer porem, que No nosso receptor, porém, quando medimos a
uma ou mais espiras entre em contato com o núcleo resistência entre F e a massa, o valor oo indicava
que, estando parafusado ao chassi, prop?rci?na um que também êste estágio se achava perfeito.
caminho para a massa, isto é, um curto-c1rcmto para
a válvula retificadora. A prova é simples: desligar o Depois de religar EF, interrompemos G-H, li-
choque (ambos os fios) e medir a resistência entre gando o instrumento de G à massa .
as duas extremidades do enrolamento e o núcleo.
Qualquer leitura baixa revela o defeito; indicações O valor indicado foi, outra vez, infinito ( oo);
de resistência "infinita" provam a "inocência" do caso contrário teríamos procurado um defeito em
choque. v. (curto-circuito interno) ou no 2.0 transformador
de FI (curto-circuito entre enrolamentos ou entre o
Mas o defeito pode também ser procurado na primário e a caneca) .
própria retificadora ou mesmo no transformador de
fôrça. Na válvula retificadora de aquecimento in- Como passo seguinte, ligamos o ohmímetro entre
direto, um curto-circuito entre catodo e filamento o ponto H e a terra, encontrando aí o baixo valor
pode causar o fenômeno (em geral, uma das extre- de resistência, já medido no início. Ocorreram então
midades do filamento está ligada à massa) .
as seguintes alternativas: capacitar C,, válvula V, e
o 1.0 transformador de FJ. O primeiro estava per-
A medição da isolação filamento-catado, (com a feito; a segunda idem. O transformador de FI tam-
válvula fora do soquete) confirmará ou não essa bém não apresentou anomalias.
suspeita.
Aparentemente, não hávia solução para o "mis-
No caso das válvulas retificadoras de aqueci- tério", pois todos os componentes sôbre os quais
mento direto, onde é usado um enrolamento sepa- poderia recair a suspeita estavam verificados e ino-
rado no transformador para a alimentação do fi- centes. Restavam, porém, os fios de ligação e o
Jimento pode estar ocorrendo um curto-circuito entre soque te.
enrolamentos do transformador. A medição da re-
sistência entre enrolamentos, seguindo o processo já
descrito, poderá comprovar esta suspeita. Um exame visual um pouco mais detido no
soquete da válvula V, revelou a existência de con-
tato entre a porca de fixação e o terminal n.0 4,
Entretanto, como já dissemos, o valor que en- correspondente à grade de blindagem (.ou grade au-
contramos foi de 300k11, o que nos obriga a pro- xiliar). ~ste contato acidental, provocado pelo desa-
curar mais adiante. Poder-se-ia recomendar neste pêrto da porca, provocou um fluxo excessivo de
ponto, a religação de A-B, a fim de não ~squecê-la corrente pelo resistor R,, acarretando o fenômeno
mais tarde e criar novas dôres de cabeça; e melhor, constatado na retificadora. Depois de trocar a porca
porém, deixar êste ponto aberto, a fi~ . de_ eliminar por uutra menor, que não pudesse, mesmo sôlta, en-
das mediações futuras, o valor da res1stenc1a de fu-
trar em contato com o terminal do soquete, refi-
ga dos capacitares eletrolíticos.
zemos as ligações ainda abertas e, por medida de
precaução, substituímos o resistor R,, cujo valor
Cortamos então, a ligação entre C e D, ligando
o instrumento entre D e a terra. O valor encontrado provàvelmente havia sofrido alteração pelo sobre-
foi oo, o que é ótimo, mas o. resultado foi no- aquecimento.
vamente a pergunta " . . . e se ... ?"
Constatamos então que, agora, a resistência en-
Vejamos o que pode suceder. No caso de uma tre X e Y era elevada, como deveria ser. Ligando
baixa resistência o culpado poderia ser o capacitar o aparêlho à rêde, funcionou normalmente.
c, (com fuga, ou em curto-circuito) ou então, um
curto-circuito placa-catodo ou placa-filamento de V,. Sérgio Américo Bogio

184 MAIO/JUNHO, 1968

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