Artigo Grecco
Artigo Grecco
br/imprimir/14677
Considerações iniciais
O presente artigo descreve a importância de uma realidade jurídico-social acerca da aplicação da pena no Sistema Penal
Brasileiro, desenvolvendo analises nos aspectos gerais da função social da pena com ênfase da necessidade na
ressocialição do indivíduo prevista na Lei nº 7. 210/ 84 que institui a Lei de Execução Penal.
Entrementes, sua finalidade é ilustrar a evolução da pena no contexto histórico, demonstrando em sua plenitude as teorias
abarcadas pela função social da pena, expondo os seus conceitos, suas acepções, características, e o posicionamento de
alguns doutrinadores.
Posteriormente serão explanadas quais as medidas usadas acerca da função social da pena e o seu caráter
ressocializador. Diante deste contexto é que será analisado se a pena realmente exerce a função ressocializadora, e se o
Estado contribui para a reinserção dos apenados no convívio social.
Por fim, foi feita entrevista com um detento, sobre o referido tema, abordando todas as realidades do sistema carcerário,
considerando sua perspectiva acerca da função ressocializadora da pena, bem como suas opiniões, indagação, e seus
posicionamentos.
Portanto a influência dessa marginalização é abordada através de um sistema prisional que decorre de uma problemática
que envolve um desrespeito com os direitos humanos, sendo a liberdade cerceada com a pena privativa de liberdade,
gerando como consequência a perda dos demais direitos assegurados pela constituição federal.
O sujeito quando regressa para a sociedade, não possui nenhuma perspectiva de vida, pois as oportunidades de reinserção
na sociedade são mínimas. Uma vez que a sociedade trata de forma negativa, muitas vezes descriminalizando, tratando de
forma preconceituosa, sem dar ao menos uma perspectiva de vida. Diante da problemática do descaso da sociedade
muitos indivíduos se revoltam e reingressa ao mundo do crime, tornando dessa forma um ciclo vicioso de marginalização.
Pois a maioria dessas pessoas não possui condições mínimas de sobrevivência, muitas delas são de classes pobres,
desassistidas, esquecidas pelo poder publico sem acesso a saúde, educação, trabalho, condições essas que é fundamental
para a subsistência do ser humano.
Atualmente o sistema penitenciário encontra-se em decadência uma vez que as problemáticas giram em torno das
dificuldades encontradas, entre elas, pode-se destacar a superlotação no sistema carcerário, as condições degradantes,
subumanas, presídios que se assemelham a um verdadeiro deposito de seres humanos. Diante desse cenário encontramos
um sistema falido, ineficaz, descumprindo a sua real função que é a de recuperar e reeducar os apenados.
Logo se verifica o descumprimento da missão imposta ao Estado que é tido como garantidor na assistência judiciária. É
hora do judiciário brasileiro agir, não basta apenas enclausurar o sujeito sem que ao menos os seus direitos fundamentais
como cidadão sejam respeitados, portanto, é cabível ao poder Judiciário adotar medidas imediatas para chegar a uma
finalidade que é humanização da pena no sistema penitenciário, obtendo como consequência a função social da pena que é
a ressocialização.
O dispositivo da Lei de execução penal promove a ressocialização com a intenção de preparar o indivíduo para o convívio
1 of 20 27/11/2020 13:40
Função Ressocializadora da Pena - Brasil Escola https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/14677
social, pois é fundamental desenvolver trabalhos com a finalidade fazer com que a pena privativa de liberdade desempenhe
sua função social, sem transgredir os direitos individuais do apenado, de forma que os sujeitos sejam ressocializados,
reeducados e consequentemente reingressado na sociedade.
Portanto acredita-se que este artigo deva proporcionar aos leitores uma compreensão acerca da função social da pena e
que através desta compreensão, a sociedade possa entender que não é apenas uma questão de punir o transgressor pelo
ato ilícito praticado, mas sim uma questão jurídico-social de grande importância não só para a sociedade, mas também para
o individuo, evitando assim a reincidência.
O direito quando não é utilizado de forma correta, termina colocando não só o agente que praticou o delito como também a
própria sociedade em um grave perigo. Embora o Brasil tenha demonstrado uma pequena evolução acerca da
desigualdade social, ele continua obtendo dados preocupantes no que diz respeito às condições de existência e de
desenvolvimento da sociedade.
É traçada a partir das conveniências do sistema. O que realmente importa é que as normas
penais ordenem e regulem o funcionamento do corpo social, devendo o Estado extrair, a parir
desta necessidade, os valores a serem traduzidos em tipo legais incriminadores. (CAPEZ, 2011,
p.159)
Assim, conclui-se, preliminarmente, que só se pode punir lesão ao bem jurídico se isso for fundamental para a pacificação
da sociedade.
[...] Para Frederico Marques, Direito Penal é o conjunto de normas que ligam ao crime, como fato,
a pena como conseqüência, e disciplinam também as relações jurídicas daí derivadas, para
estabelecer aplicabilidade de medidas de segurança e a tutela do direito de liberdade em face do
poder de punir do Estado. E, acrescentava Frederico Marques, para dar uma noção precisa de
Direito Penal, é indispensável que nele se compreendam todas as relações jurídicas que as
normas penais disciplinam inclusive as que derivam dessa sistematização ordenadora do delito
da pena. (apud BITTENCOURT, 2011, p. 32-33)
Adotando os ensinamentos de Welzel o autor define Direito Penal como “Direito Penal é o conjunto de normas jurídicas que
regulam o exercício do poder punitivo do Estado, associando ao delito, como pressuposto, a pena como consequência”.
(apud BITENCOURT, 2011, p. 32). Dessa forma o Direito Penal tem por finalidade prevenir o crime, por meio de regras
impositivas, bem como combatê-lo, quando sua atuação preventiva falhar.
O Direito Penal é o ramo do ordenamento jurídico que se ocupa dos mais graves conflitos
existentes, devendo ser utilizado como a última opção do legislador para fazer valer as regras
legalmente impostas a toda comunidade, utilizando-se da pena como meio de sanção, bem como
servindo igualmente para impor limites à atuação punitiva estatal, evitando abusos e intromissões
indevidas na esfera de liberdade individual.(NUCC, 2009, p. 61)
Além disso, a vida em sociedade exige sistemas normativos que satisfaçam ás normas indispensáveis entre os indivíduos,
logo o fato que contraria esse sistema normativo é chamado de ilícito jurídico. Por sua vez, a ocorrência de um fato com
2 of 20 27/11/2020 13:40
Função Ressocializadora da Pena - Brasil Escola https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/14677
Considerando que os danos que alcançam maiores dimensões decorrem da lesão dos bens jurídicos mais importantes e
indispensáveis para a sociedade, como, por exemplo, a vida, propriedade, saúde, entre outros. Analisando o dispositivo do
autor Prado “o pensamento jurídico moderno reconhece que o escopo imediato e primordial do Direito Penal radica na
proteção de bens jurídicos — essenciais ao indivíduo e à comunidade”. (PRADO, 2007, p. 4)
Diante dessa necessidade surge o direito para garantir a segurança jurídica e as condições que mantém a essência do
dever ser no convívio social.
O doutrinador Reale de forma precisa assevera que o Direito é “[...] um conjunto de regras obrigatórias que garante a
convivência social graças ao estabelecimento de limites à ação de cada um de seus membros”. (REALE, 2002, p. 1)
O homem, por sua própria natureza, vive e coexiste em comunidade (relatio ad alterum). O direito
regula o convívio social, assegurando-lhe as condições mínimas de existência, de
desenvolvimento e de paz. Tanto assim é que a sociedade e Direito se pressupõem mutuamente
(ubi societas íbi jus et ibi jus ubi societas). (PRADO,
2005, p. 52)
Ainda segundo o doutrinador Prado, o direito penal tem que prevalecer-se de medidas de proteção que visa resguardar os
bens jurídicos fundamentais a vida humana, impondo sanção ao descumprimento da ordem jurídica:
Para sancionar as condutas lesivas ou perigosas a bens jurídicos fundamentais, a lei penal se
utiliza de peculiares formas de reação-penas e medidas de segurança. O Direito Penal é visto
como uma ordem de paz pública e de tutela das relações sociais, cuja missão é proteger a
convivência humana, assegurando, por meio da coação estatal, a inquebrantabilidade da ordem
jurídica. (PRADO, 2005, p. 54)
Diante disso, como forma de reprimir o delito, foram impostas leis de tal forma que determinaram limitações à liberdade e
suspensão de direitos. A pena tem sido o elemento empregado pelas autoridades que agem em nome do Estado para
aplicar a sanção contra aqueles que cometeram um delito.
Durante muito tempo, nas antigas civilizações a pena era executada de forma diversa, predominava como forma de castigo,
a maior parte delas ocorria em locais insalubres, os encarceramentos eram subterrâneos e não havia condições mínimas de
segurança. No entanto como uma espécie de fase preliminar o encarceramento era feito principalmente por poços e
masmorras, consequentemente a aplicação das penas, se transformou no principal retorno penológico.
A sanção que prevalecia decorria das penas de mutilação, torturas, castigos corporais, pena morte, dentre outras, embora
imposta como forma de defesa do Estado, a pena tinha por finalidade a correção do agente e a prevenção geral da
sociedade.
A prisão é uma exigência amarga, mas imprescindível. A história da prisão não é a de sua
progressiva abolição, mas a de sua reforma. A prisão é concebida modernamente como um mal
necessário, sem esquecer que as mesmas guardas em sua essência contradições insolúveis.
(BITTENCOURT, 2011, p. 505)
É interessante destacar, que atualmente o elenco das penas do século passado não é mais satisfatório, porque era
imprescindível que se encontrassem novas sanções compatíveis com os tempos atuais, cuja função e a finalidade fossem
atendidas, perante toda a sociedade.
3 of 20 27/11/2020 13:40
Função Ressocializadora da Pena - Brasil Escola https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/14677
Conforme o atual sistema normativo brasileiro, a pena não deixa de possuir todas as
características expostas: é castigo + intimidação ou reafirmação do Direito Penal + recolhimento
do agente infrator e ressocialização. O art. 59 do Código Penal menciona que o juiz deve fixar a
pena de modo a ser necessária e suficiente para a reprovação e prevenção do crime. (NUCCI,
2009, p. 370)
Feitas essas considerações, cumpre esclarecer que as penas que afetam a liberdade do
condenado podem consistir em sua completa privação através do enclausuramento daquele em
um estabelecimento penal ou somente na limitação ou restrição do jus libertatis [...]. (PRADO,
2005, p. 570)
Ao conceituar pena de prisão, o autor Nucci assevera “Pena de prisão é a sanção imposta pelo Estado, por meio de ação
penal, ao criminoso como retribuição ao delito perpetrado e prevenção a novos crimes.” (NUCCI, 2010, p. 309)
Diante do contexto é notória que a pena de prisão é considerada uma privação da liberdade, dessa forma a punição tem
que estar prevista em lei. Conforme se constata, a pena de prisão implica na existência de um Estado e retira do agente do
crime o tempo e o espaço no qual o mesmo tinha perante a sociedade e depositar um período de tempo e espaço próprios,
institucionais. Essa punição foi constituída como forma de retorno ao delito, ou seja, o tempo em que o agente fica na prisão
é empregado para a reflexão da gravidade do crime praticado, e de impedir que futuros delitos sejam cometidos, esse é um
caráter primordial da pena de prisão, sendo interpretada como caráter de reparação publica.
Assim, para retirar o agente da convivencia do delito, o Estado tem que utilizar como sanção a pena para proteger
eventuais lesões a determinados bens juridicos. Por isso, concluimos que, no mundo da ciência do Direito Penal, a sanção
é esgotada em funão da pena. Para o ordenamento juridico penal, a sanção proporcional é consequência ao
comportamento social desviado.
No entendimento de Greco:
Prima facie, deverá o legislador ponderar a importância do bem jurídico atacado pelo
comportamento do agente para, em um raciocínio seguinte, tentar encontrar a penaque possua
efeito dissuasório, isto é, que seja capaz de inibir a prática daquela conduta ofensiva. Após o
raciocínio correspondente à importância do bem jurídico-penal, que deverá merecer a proteção
por meio de uma penaque, mesmo imperfeita, seja a mais proporcional possível, no sentido de
dissuadir aqueles que pretendem violar o ordenamento jurídico com ataques aos bens por ele
protegidos, o legislador deverá proceder a um estudo comparativo entre as figuras típicas,
paraque, mais uma vez, seja realizado o raciocínio da proporcionalidadesob um enfoque de
comparação entre diversos tipos que protegem bens jurídicos diferentes.(GRECO,2005, p. 111)
A respeito deste contexto, para explicar a forma de aplicação da pena, preleciona o autor Bittencourt:
4 of 20 27/11/2020 13:40
Função Ressocializadora da Pena - Brasil Escola https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/14677
pelas penas que cominar. Enfim é indispensável que os direitos fundamentais do cidadão sejam
considerados indisponíveis (e intocáveis), afastados da livre disposição do Estado, que, além de
respeitá-lo deve garanti-los. (BITTENCOURT, 2011, p. 57-58)
Portanto, deduze-se que a pena deve se manter dentro dos limites do princípio da proporcionalidade e só pode ser imposta
mediante um processo judicial cercado de todas as garantias juridicas, como, exemplificativamente, contraditório, ampla
defesa e devido processo legal . É importante frisar que não só o Direito Penal como também o ordenamento juridico
deverá respeitar a diginidade da pessoa humana, logo a cominação das penas deve ser aplicada de forma individual,
analisado-se a adequação entre a pena justa e seus limites, observando o fundamento da amplitude do injusto e da
culpabilidade.
O Direito Penal exerce a função de garantir a liberdade de toda sociedade, resguardando as condições necessárias para o
convívio social, colaborando para a tutela dos direitos, da segurança, e da liberdade dos cidadãos. Embora que sua
interferência seja aplicada apenas quando for indispensável para a defesa da humanidade ou para a proteção pacífica da
coletividade, garantindo-lhe o direito de ir e vir.
O bem jurídico só poderá ser punido, se este for indispensável para o convívio social, no Estado democrático de direito
compete às normas do Direito Penal proteger os cidadãos. No entanto é cabível ao Direito Penal combater a agressão, a
intolerância, os maus tratos, pois para este direito o cumprimento do dever não esta ligada à violência, mas esta ligada a
vinculação do respeito aos princípios consagrados na constituição.
Todavia, compete ao Direito Penal controlar o poder do Estado, a intolerância, irracionalidade e autoritarismo. No Estado
democrático de direito, o Direito Penal não convive com respostas igualmente violentas, como já referido, o que legitima é o
respeito aos princípios consagrados formalmente na Constituição.
O Estado de direito é incompatível com qualquer proposta de diminuição de garantias e o Direito Penal só deve servir para
limitar e diminuir a violência, prevalecendo sobre a prisão à liberdade. Dessa forma surgem os direitos do encarcerado no
estado democrático de direito, no qual o cumprimento da pena não pode implicar jamais na perda ou diminuição dos direitos
fundamentais, ou seja, a prisão só pode ocorrer quando houver a necessidade de aplicação de pena para a proteção de
bens jurídicos relevantes.
O autor supracitado ainda faz as seguintes considerações acerca da função social do Direito Penal:
Ao prescrever e castigar qualquer lesão aos deveres ético-sociais, o Direito Penal acaba por
exercer uma função de formação do juízo ético dos cidadãos, que passam a ter bem delineado
quais os valores essenciais para o convívio do homem em sociedade.(CAPEZ, 2011, p. 20)
A função do Direito Penal em sua essência é a humanização da pena, determinando que o indivíduo não pode ser tratado
como meio, mas como fim, como pessoa, impondo limitação à quantidade e à qualidade da pena e, consequentemente, o
respeito à vida e à proibição de penas cruéis ou degradantes incluídos o rigor desnecessário e as privações indevidas
impostas aos condenados. Aos condenados à pena privativa de liberdade deverão ser propiciadas as condições para uma
existência digna, zelando por sua vida, saúde e integridade física e moral.
5 of 20 27/11/2020 13:40
Função Ressocializadora da Pena - Brasil Escola https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/14677
Através de tantos problemas acerca da criminalidade é imprescindível para o Direito Penal solucionar esses conflitos, como
forma de reação do delito, essas soluções são denominadas de Teoria das penas. Diante de tal menção o autor Greco
(2011, p. 473) certifica “Assim, de acordo com nossa legislação penal, entendemos que a pena deve reprovar o mal
produzido pela conduta praticada pelo agente, bem como prevenir futuras infrações penais”.
Ultimamente no que diz respeito à função das penas diversas teorias buscam justificar seus fundamentos e suas
explicações. Dependendo do conceito de pena que é adotada conseguimos vislumbrar qual teoria será aplicada a cada
caso concreto.
O autor Bacigalupo faz uma sustentação filosófica sobre o estudo das teorias das penas:
[...] as chamadas teorias da pena, na verdade, são princípios ou axiomas legitimantes do direito
penal, que não respondem a pergunta por que se deve punir, mas sim, outra pergunta: sob que
condições é legitima a aplicação de uma pena. (BACIGALUPO, 1994, p.12)
Ao abordar os tópicos das teorias sobre a função das penas é imprescindível fazer uma análise sobre os principais
aspectos de cada teoria, estes aspectos estão relacionados aos principais fatos ocorridos sobre a importância e a
consequência que cada uma aborda em seus ensinamentos. No entanto as teorias sobre a função social da pena é
basicamente fundamentada em três teorias são elas: teoria absoluta ou retributiva, teoria relativa ou da prevenção, teoria
mista ou unificadora da pena.
A teoria absoluta está atrelada essencialmente aos preceitos da retribuição, onde teoria retributiva pondera que a pena se
consume na opinião de legítima retribuição, tendo como finalidade a reação punitiva, ou seja, como uma espécie de
resposta violenta ao delito praticado pelo agente. Logo a pena é imposta como forma de retribuição, ou seja, compensação
do mal ocasionado pelo crime.
Preleciona o autor Greco acerca da teoria absoluta, atrelada ao caráter retributivo da pena:
A teoria da retribuição não encontra o sentido da pena na perspectiva de algum fim socialmente
útil, senão em que mediante a imposição de um mal merecidamente se retribui equilibra e expia a
culpabilidade do autor pelo fato cometido. Se fala aqui de uma teoria ‘absoluta’ porque para ela o
fim da pena é independente, ‘desvinculado’ de seu feito social. A concepção da pena como
retribuição compensatória realmente já é conhecida desde a antiguidade e permanece viva na
consciência dos profanos com uma certa naturalidade: a pena deve ser justa e isso pressupõe
que se corresponda em sua duração e intensidade com gravidade do delito, que o compense.
(GRECO, 2011, p. 473)
É importante destacar que o Direito Penal não ataca a sociedade com respostas violentas, pois o direito é incompatível com
qualquer proposta de redução de garantias, uma vez que ele visa controlar agressão, a intransigência, dentre outros
aspectos degradantes que faz com que o indivíduo sinta-se privado de seus princípios consagrados na constituição.
Não só o sistema penitenciário como também o Estado, tem o dever de respeitar os direitos essenciais dos encarcerados,
garantindo e respeitando seus princípios, seus valores e, sobretudo a sua vida. Portanto no sistema prisional, cabe ao
poder judiciário controlar a ação da administração cujo foco é cuidar do cumprimento da pena e dos direitos individuais.
[...] “nem a função do Direito Penal pode derivar-se de uma contemplação de penas e medidas
como figura isoladas do sentido que em cada momento histórico cultural e em cada modelo de
Estado corresponde ao Direito, nem a função do Direito Penal esgota-se na função da pena e da
medida de segurança”. É quase unânime, no mundo da ciência do Direito Penal, a afirmação de
6 of 20 27/11/2020 13:40
Função Ressocializadora da Pena - Brasil Escola https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/14677
que a pena justifica-se por sua necessidade [...]. (BITTENCOURT, 2011, p. 98)
As teorias relativas estão fundamentadas no critério da prevenção onde conferem à pena, a missão de impedir que no
futuro sejam cometidos novos delitos, ou seja, tem a função de prevenir a sua pratica, servindo como garantia social.
Atualmente a função da pena é desempenhada sobre eficácia em sua aplicação como forma de impedir e inibir a prática de
futuros crimes, bem como a conduta reprovada do indivíduo em relação ao seu ato praticado. Portanto, a pena tem como
finalidade a repressão dos crimes, a prevenção, proteção dos bens jurídicos e a ressocialização. Entretanto é de suma
importância fazer uma reflexão acerca da reinserção do indivíduo na coletividade após a realização do cumprimento da
pena. Conforme o autor Greco (2011, p. 475) assevera que “Independentemente das criticas que se faz á primeira das
vertentes do Direito Penal voltada para as conseqüências, qual seja a proteção de bens jurídicos, nesta oportunidade
abordaremos somente aquelas que se dirigem as duas formas de prevenção geral e especial”.
Entrementes a teoria relativa se subdivide em: teoria preventiva geral e teoria preventiva especial.
Prevenção geral
A teoria da prevenção geral está atrelada à generalidade dos indivíduos, considerando que a imposição e execução de uma
pena sirvam para intimidar todos os delinquentes, revelando aos cidadãos o cumprimento da ordem jurídica, servindo como
reforço na vigência das suas normas de tutela de bens jurídicos. Diante do exposto é notório que a pena pode ser
concebida como forma de intimidação para outras pessoas através do sofrimento, enclausuramento, onde prevalece que
caso o delinquente cometa fatos criminais como forma de punição o Estado aplicará uma reprimenda penal, ou seja, será
imposta uma pena.
De maneira sucinta relata Bittencourt (2011, p.108) “A teoria geral fundamenta-se em duas idéias básicas: a idéias da
intimidação, ou da utilização do medo, e a ponderação da racionalidade do homem”.
[...] a concepção preventiva geral da pena busca sua justificação na produção de efeitos
inibitórios a realização de condutas delituosas, nos cidadãos em geral, de maneira que deixarão
de praticar atos ilícitos em razão do temor de sofrer a aplicação de uma sanção penal. Em
resumo, a prevenção geral tem como destinatária a totalidade dos indivíduos que integram a
sociedade, e se orienta para o futuro, com o escopo de evitar a pratica de delitos por qualquer
integrante do corpo social.(PRADO, 2005, p.554)
A teoria de a prevenção geral pode ser estudada sob dois aspectos, dividindo-se em: prevenção negativa e prevenção
positiva.
A prevenção negativa produz consequências de intimidação sobre a generalidade das pessoas, amedrontando os
transgressores com o objetivo de que elas não cometam nenhuma infração, todavia essa intimidação penal esta
relacionada ao Estado, fazendo com que os agentes sejam desestimulados a pratica de delitos, ameaçado pela pena.
[...] por meio da prevenção geral negativa ou prevenção por intimidação, o Estado se vale da
pena por ele, aplicada a fim de demonstrar a população, que ainda não delinqüiu, que, se não
forem observadas as formas editadas, esse também será o seu fim. Dessa forma, o exemplo
dado pela condenação daquele que praticou a infração penal é dirigido aos demais membros da
sociedade.(GRECO,2011, p. 475)
Portanto, encontra-se respaldo na intimidação conforme a gravidade do delito praticado, por sua vez, a condenação criminal
e a intensidade de sua conduta a aplicação da pena vai ter como embasamento a prevenção geral negativa, pois o
7 of 20 27/11/2020 13:40
Função Ressocializadora da Pena - Brasil Escola https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/14677
legislador vai aumenta ou atribui sanções severas, de acordo com a gravidade do delito, acreditando na possível redução
da criminalidade, fazendo com que os sujeitos reflitam antes de cometer qualquer tipo de infração penal. Entretanto a
Prevenção positiva contraiu um formato positivo, promulgando um ideal retributivo modificativo, ponderando que sua
fundamentação afirma a legitimidade dos princípios regulamentados, impetrando por meio de uma justa penalidade ao
agente que praticou o delito.
Dessa forma neutralizando o resultado do crime haveria, portanto um fortalecimento jurídico em relação à sociedade,
ensejando na satisfação do sentimento de justiça em torno do delinquente.
O autor Greco ainda faz a seguinte menção acerca da teoria da prevenção geral:
Em virtude da função positiva está atrelada atoda coletividade, verifica-se a importância da pena em decorrência das
condutas delituosas praticada pelos agentes, de maneira tal que, deixarão de praticar atos ilícitos em razão do temor de
sofrer a aplicação de uma sanção penal, de forma que esta teoria orienta os indivíduos de maneira geral, a fim de evitar a
prática de novos crimes por qualquer sujeito inserido no corpo social, considerando desta forma a pena como um
instrumento destinado à consolidação normativa.
Prevenção especial
A teoria da prevenção especial procura impedir a prática de novos delitos, no entanto ela conduzir excepcionalmente ao
criminoso em particular, objetivando que este não regresse ao mundo do crime.
O autor Bittencourt (2011, p.111) expõe o seguinte pensamento “A prevenção especial não busca a intimidação do grupo
social nem a retribuição do fato praticado, viando apenas aquele indivíduo que já delinquiu para fazer com que não volte a
transgredir as normas jurídico-penais”.
Essa teoria não procura retribuir o ato praticado pelo agente no passado, por outro lado ela tem a finalidade de prevenir
novos delitos do agente. Portanto, esta é a característica da prevenção geral, em virtude de que o ato praticado pelo agente
não vai de encontro com a coletividade. Ou seja, o fato é conduzido a uma pessoa determinada que no caso é o criminoso.
Nesta disposição, a prevenção especial pode subdividir-se em: prevenção negativa e prevenção positiva.
Prevenção negativa está atrelada a intimidação ou inocuização, esta teoria tem como finalidade a neutralização da ação
delitiva do agente, onde aquele que praticou uma conduta ilícita através de sua intimidação ou inocuização não volte a
cometer a ação delituosa. Portanto esta teoria procura impedir a reincidência através de artifícios eficazes e discutíveis
como, por exemplo, o isolamento do indivíduo dentre outros. Esta teoria diverge da positiva, pois ela não tem como
finalidade corrigir, reparar o ato cometido pelo delinquente, mas apenas de neutralizar os efeitos de sua inferioridade.
Pela prevenção especial negativa, existe uma neutralização daquele que praticou a infração
penal, neutralização que ocorre com sua segregação no cárcere. A retirada momentânea do
agente do convívio social o impede de praticar novas infrações penais, pelo menos na sociedade
da qual foi retirado. Quando falamos em neutralização do agente, deve ser frisado que isso
somente ocorre quando a ele for aplicada pena privativa de liberdade. (GRECO, 2011, p.474)
Este conceito é indispensável para o oferecimento da pena, deste modo sua execução precisa ser observada, visto que
diante das circunstâncias ela não atende às condições mínimas de reinserir o agente na sociedade. Cuja finalidade da pena
privativa de liberdade é afastar o criminoso da sociedade, sobretudo a de eliminar o objetivo da ressocialização, advertindo
que esse cumprimento envolve um objetivo totalmente inverso, onde a pena consegue privar o agente de seus direitos,
8 of 20 27/11/2020 13:40
Função Ressocializadora da Pena - Brasil Escola https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/14677
É melhor prevenir os crimes do que ter de puni-los; e todo legislador sábio deve procurar antes
impedir o mal do que repará-lo, pois uma boa legislação não é senão a arte de proporcionar aos
homens o maior bem estar possível e preservá-los de todos os sofrimentos que se lhes possam
causar, segundo o cálculo dos bens e dos males da vida.(BECCARIA, 1997, p.27)
A prevenção positiva consiste na ressocialização do delinquente, através de contemplar um tratamento de corrigir os atos
praticados pelo agente com o propósito de evitar sua reincidência. Intercedendo por um cumprimento de pena regida ao
tratamento do agente criminoso, com o a finalidade de incidir em sua personalidade fazendo com que o sujeito não volte a
cometer delitos. Noutras palavras, essa teoria afirma que a finalidade das sanções penais estão pautadas na
ressocialização, na reinserção do delinquente, impedindo que uma vez cumprida sua pena o indivíduo não volte a delinquir.
Pela prevenção especial positiva, segundo Roxin, “a missão da pena consiste unicamente em
fazer com que o autor desista de cometer futuros delitos.” Denota-se aqui o caráter
ressocializador da pena, fazendo com que o agente medite sobre o crime, sopresando suas
consequências, inibindo-o ao cometimento de outros. (apud GRECO, 2011, p.474)
Diante desse entendimento percebe-se a importância de adequar o infrator em seu regressar à sociedade, é notório que a
pena passou a ser um mal necessário através da reclusão do infrator. Logo, assim que ele retornar a vida normal,
provavelmente ele voltará a delinquir, daí que surge a figura da função ressocializadora da pena, ela vai fazer com que o
indivíduo readquira a confiança perante a sociedade, retornando assim para o convívio social.
Na verdade, mesmo que passível de criticas, os critérios preventivos ainda poderão servir á
sociedade, bem como ao agente que cometeu a infração penal, principalmente no que diz
respeito à prevenção especial ou a ressocialização do condenado. Devemos entender que, mais
que um simples problema de Direito Penal, a ressocialização, antes de tudo, é um problema
político-social do Estado. Enquanto não houver vontade política, o problema da ressocialização
será insolúvel. De que adianta, por exemplo, fazer com que o detento aprenda uma profissão ou
um oficio dentro da penitenciaria se, ao sair, ao tentar se reintegrar na sociedade, não conseguirá
trabalhar? E se tiver de voltar ao mesmo ambiente promíscuo do qual fora retirado para fazer com
que cumprisse sua pena? Enfim, são problemas sociais que devem ser enfrentados
paralelamente, ou mesmo antecipadamente, á preocupação ressocializante do preso.
(GRECO,2011, p. 477)
Entrementes o artigo 59 do Código Penal ostentou de forma expressa um duplo sentido para a pena onde prevê que as
penas devem ser de retribuição e prevenção. “O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da
vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime”.
No mesmo diapasão, “No dizer Mir Piug, entende-se que a retribuição, a prevenção geral e a prevenção especial são
distintos aspectos de um mesmo e complexo fenômeno que é a pena”. (apud BITENCOURT,2011, p. 112). Portanto
percebemos que o autor adota um posicionamento eclético.
Entrementes, o autor CAPEZ faz a seguinte explicação “a pena tem a dupla função de punir o criminoso e prevenir a pratica
do crime, pela reeducação e pela intimidação coletiva (punitur quia peccatum est et ne peccetur)”. (CAPEZ, 2011, p. 385)
9 of 20 27/11/2020 13:40
Função Ressocializadora da Pena - Brasil Escola https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/14677
De acordo com esse direcionamento, assevera-se que a pena justa é provavelmente aquela que
assegura melhores condições de prevenção geral e especial, enquanto potencialmente
compreendida e aceita pelos cidadãos e pelo autor do delito, que só encontra nela (pena justa) a
possibilidade de sua expiação e de conciliação com a sociedade. Dessa forma, a retribuição
jurídica torna-se um instrumento de prevenção, e a prevenção encontra na retribuição uma
barreira que impede sua denegação. (PRADO, 2005, p. 563)
Portanto é evidente o caráter punitivo e reeducativo da apena de forma que ela deverá ser justa e adequada, considerando
que sua proporcionalidade decorrerá da gravidade do delito praticado. No que tange em sua essência ela não pode ser
reduzida em um único ponto de vista, pois seus embasamentos contem realidade altamente complexa.
A pena- espécie de gênero sanção penal- encontra sua justificação no delito praticado e na
necessidade de evitar a realização de novos delitos. Para tanto, é indispensável que seja justa,
proporcional à gravidade do injusto e à culpabilidade de seu autor, além de necessária à
manutenção da ordem social. (PRADO, 2005, p. 522)
A pena é a característica fundamental do Direito Penal, sendo aplicada de forma imposta pelo Estado equivalente a
proporção do delito praticado. É relevante destacar que a finalidade do Direito Penal é regular e pacificar o convívio social
embora a sociedade não se contenha com o retorno da reprimenda penal, nesse mesmo entendimento a função da pena
apresenta um caráter seletivo, noutras palavras, o Direito Penal desempenha uma função de liberdade e de segurança
perante toda a sociedade, enquanto que a pena tem um caráter retributivo, revelando-se de forma eficaz.
A função do Direito Penal é garantir a liberdade de todas as pessoas, assegurando as condições para o convívio social,
atuando na segurança dos cidadãos, na liberdade, e tutelando os seus direitos, onde o cumprimento da pena no sistema
prisional nunca poderá provocar a perda ou minimização dos direitos fundamentais, no entanto sua interferência é aplicada
somente quando for imprescindível para o resguardo ou para a proteção pacífica da sociedade, garantindo a liberdade e
punindo apenas lesões ao bem jurídico sendo este indispensável para a coexistência da sociedade, logo para haver a
privação da liberdade é necessário que este bem seja muito importante por isso que não é qualquer caso que pode justificar
a prisão do ser humano, a violação dos bens jurídicos que merecem proteção estão descritos na Constituição Federal.
O art. 5° da Constituição Federal dispõe sobre as garantias fundamentais dos direitos e deveres individuais e coletivos.
“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.
Portanto, os bens jurídicos são valores constitucionalmente protegidos, logo os presos têm seus direitos assegurados tanto
pela Constituição Federal, como também assegurados pela Lei de Execução Penal. Deste modo, se os bens jurídicos forem
violados haverá punição, porém se esses bens jurídicos puderem ser protegidos por outro ramo do direito, deverá, no
entanto renunciar o Direito Penal, conforme relataNucci (2009, p. 75) “Caso o bem jurídico possa ser protegido de outro
modo, deve-se abrir mão da opção legislativa penal, justamente para não banalizar a punição, tornando-a, por vezes,
ineficaz, porque não cumprida pelos destinatários da norma”.
10 of 20 27/11/2020 13:40
Função Ressocializadora da Pena - Brasil Escola https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/14677
Em nosso país, depois de uma longa e lenta evolução, a Constituição Federal, visando proteger
os direitos de todos aqueles que, temporariamente ou não, estão em território nacional, proibiu a
cominação de uma série de penas, por entender que todas elas, em sentido amplo, ofendiam a
dignidade da pessoa humana, além de fugir em algumas hipóteses, á sua função preventiva [...].
(GRECO, 2011 p. 469)
Conforme o dispositivo da Constituição Federal elencado no art. 5º inciso XLVII descreve que não haverá penas: a) de
morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d)
de banimento; e) cruéis;
Deste modo temos como essência a humanização da pena, fazendo com que o delinquente seja respeitado como pessoa, e
tenha todos os seus direitos venerados, ou seja, respeito à vida, a saúde, a dignidade, a integridade física e moral. Nota-se
que a pena garante que o seu cumprimento seja próximo aos seus familiares, assim como à privacidade, à intimidade, à
liberdade de expressão, ao sigilo da correspondência.
Portanto é imprescindível que todos os direitos do indivíduo sejam respeitados, independentemente do delito praticado.
[...] servindo a pena exclusivamente fins racionais e devendo possibilitar a vida humana em
comum e sem perigos, a execução da pena apenas se justifica se prosseguir esta meta na
medida do possível, isto é, tendo como conteúdo a reintegração do delinquente na comunidade.
Assim, apenas se tem em conta uma execução ressocializadora. O facto da idéia de educação
social através da execução da pena ser de imediato tão convincente, deve-se a que nela
coincidem prévia e amplamente os direitos e deveres da colectividade e do particular, enquanto
na cominação e aplicação da pena eles apenas se podem harmonizar através de um complicado
sistema de recíprocas limitações. (CLAUS ROXIN, 1986, p. 40)
A Constituição Federal assegura em seu art. 5º XLVI um rol de penas a serem estabelecidos aqueles que praticaram
infrações penais. Considerando as penas aplicáveis ao nosso ordenamento jurídico seus fundamentos estão expostos no
dispositivo do art. 32 do Código Penal Brasileiro, esse dispositivo determina uma separação fundamental sobre as espécies
de pena. Logo as infrações cometidas pelos transgressores serão punidos de acordo com a gravidade de cada delito, ou
seja, uma vez contrariando as normas, através de sua conduta ilícita o agente será castigado através de uma sanção penal.
Portanto diante da conseqüência jurídica de um crime, foi necessário estabelecer uma separação das penas. Sua divisão
será definida da seguinte forma: pena privativa de liberdade, pena restritivas de direito e a pena de multa.
Essa pena está inserida no art. 33 e subsequente do Código Penal, nos respectivos tipos penais, devendo ser aplicadas
diretamente. As penas privativas de liberdade retiram o condenado do convívio social, privando-o da liberdade comum a
todos os homens. O código penal adotou a pena privativa de liberdade como gênero e manteve a pena de detenção,
reclusão e prisão simples como espécie. Todavia, o mencionado artigo constituirá a distinção entre a pena de reclusão e
detenção.
O método atual de punição, eleito pelo Direito Penal, que privilegia o encarceramento de
delinqüentes, não estaria dando resultado e os índices de reincidência estariam extremamente
elevados. Por isso, seria preciso buscar e testar novos experimentos no campo penal, pois é
sabido que a pena privativa de liberdade não tem resolvido o problema da criminalidade.(NUCCI,
2009, p. 371)
11 of 20 27/11/2020 13:40
Função Ressocializadora da Pena - Brasil Escola https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/14677
As penas privativas de liberdade são classificadas em reclusão, detenção e prisão simples. As penas de reclusão e
detenção são constituídas como base da implicação da pratica de delito, desempenhando-se primeiramente nos regimes
fechados, semiabertos e abertos. Por outro lado, a pena de detenção é sobreposta nas contravenções penais, seu regime é
desempenhado no local aberto ou semiaberto, enquanto que a pena simples os agentes ficam sempre apartados dos
condenados a pena de reclusão ou de detenção.
A diferenciação entre reclusão e detenção hoje se restringe quase que exclusivamente ao regime
de cumprimento da pena, que na primeira hipótese deve ser feito em regime fechado, semi-
aberto, enquanto na segunda alternativa – detenção admite-se a execução somente em regime
semi-aberto ou aberto, segundo dispõe o artigo 33, caput, do código Penal. Contudo, é possível a
transferência do condenado a pena de detenção para regime fechado, demonstrada a
necessidade da medida. (PRADO, 2005, p. 576)
São as penas de reclusão, detenção e prisão simples. As duas primeiras constituem decorrência
da pratica de crimes e a terceira é aplicada a contravenções penais. As penas de prisão simples
devem ser cumpridas, sem rigor penitenciário, em estabelecimento especial ou seção especial de
prisão comum, em regime semi-aberto ou aberto.(NUCCI, 2010, p. 316)
Essas penas são as mais utilizadas nas legislações modernas, apesar do consenso da falência do sistema prisional, sendo
esse sistema degradante e destruidor da personalidade humana e incremento da criminalidade por imitação moral. É
importante destacar que o agravamento do delito, por si só, não é pretexto para constituir o regime fechado. O início para a
pena obedece aos critérios estabelecidos no art. 59 do código penal, dando ênfase à súmula 718 do STF, que dispõe que a
apreciação do julgador sobre a importância do delito não constitui motivação idônea para a imposição de penas mais
severas, de acordo com os permitidos das penas aplicadas.
[...] A começar pelo fato de que somente os chamados crimes mais graves, são puníveis com a
pena de reclusão, reservando-se a detenção para os delitos de menor gravidade. Como
conseqüência natural do anteriormente afirmado, a pena de reclusão pode iniciar o seu
cumprimento em regime fechado, o mais rigoroso de nosso sistema penal, algo que jamais
poderá ocorrer com a pena de detenção. Somente o cumprimento insatisfatório da pena de
detenção poderá levá-la o regime fechado, através da regressão. (BITTENCOURT, 2011, p. 517)
Todavia, a sociedade deve ter consciência dos efeitos negativos da reclusão ou da detenção de um individuo, tanto durante
o cumprimento da pena como após ser colocado em liberdade. Contudo é bom advertir que para alguém ser considerado o
agente de um crime, é notório que, deve-se reverenciar o princípio previsto na Constituição da República Federativa do
Brasil, sobre a anterioridade da lei penal previsto no artigo 5ª, inciso XXXIX, “não há crime sem anterior que o defina, nem
pena sem prévia cominação legal”.
12 of 20 27/11/2020 13:40
Função Ressocializadora da Pena - Brasil Escola https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/14677
A prescrição desta pena tem por escopo contornar a duvidosa eficácia das penas privativa de liberdade de curta duração
aplicada à conduta delitiva de insignificante repercussão. Desse modo, as penas restritivas de direito são substitutivas por
excelência. Conforme o art. 43 e subsequentes de Código Penaltêm caráter substitutivo, sendo aplicadas posteriormente às
penas privativas de liberdade, desde que presentes os requisitos legais para tanto.
Diante da já comentada falência da pena privativa de liberdade, que não atende aos anseios da
ressocilaização, a tendência moderna é procurar substitutivos penais para essa sanção, ao
menos nos que se relacione com os crimes menos graves e aos criminosos cujo encarceramento
não é aconselhável. (MIRABETE, 2003, p. 267)
No entanto o autor Pimentel revela o principal problema acerca da aplicação das penas “o grande problema referente à
aplicação das penas alternativas reside no fato de que elas somente podem ser atribuídas a réus que não ofereçam
periculosidade, e que possam permanecer em liberdade”. (apud MIRABETE, 2003, p. 268)
[...] As penas restritivas de direitos previstas no estatuto atual é autônoma e não acessórias
sendo, que conseguinte, inadmissível sua cumulação com a pena privativa de liberdade. São de
Fato substitutivas desta ultima, de modo que sua aplicação exige, em uma etapa preliminar, a
fixação pelo juiz do quantum correspondente a privação da liberdade, para ao depois proceder-se
a sua conversão em pena restritiva de direito, quando for possível. (PRADO, 2005, p. 607)
Restou consignado, ainda, a importância de esclarecer a finalidade da pena exposta pelo autor Nucci:
São penas alternativas as privativas de liberdade, expressamente prevista em lei, tendo por fim
evitar o encarceramento de determinados criminosos, autores de infrações penais consideradas
mais leves, considerando-lhe a recuperação através de restrições a certos direitos. É o que NILO
BATISTA, define como um movimento denominado “fuga da pena”, iniciado a partir dos anos 70,
quando se verificou, com maior evidencia, o fracasso do tradicional sistema punitivo no Brasil. [...]
são sanções penais autônomas e substitutivas. São substitutivas porque derivam da permuta que
se faz após a aplicação, na sentença condenatória, da pena privativa de liberdade.(NUCCI, 2010,
p. 367)
No Brasil, as penas restritivas de direitos são conhecidas como penas alternativas ou substitutivas de caráter geral.
Portanto, quando o juiz aplica uma das penas privativa de liberdade, pode ser substituída por uma restritiva de direito. O juiz
vai cuidar de cumprir a restrição de direito e não mais a privativa de liberdade, salvo necessidade de conversão por fatores
incertos e futuros. O STJ entende que as penas restritivas de direitos caracterizam-se por ser alternativa a privação de
liberdade, tendo por objetivo evitar o encarceramento de sentenciados por infrações penais mais leves, promovendo-lhe a
recuperação por meio da restrição de certos direitos.
As penas restritivas de direito são classificadas em: prestação pecuniária, perda de bens e valores, prestação de serviço a
comunidade ou a entidades públicas, interdição temporária de direitos e limitação de fim de semana.
A prestação pecuniária versa no pagamento em dinheiro a vítima, entretanto seus dependentes ou o âmbito institucional
privado ou público proposto à destinação social, com o valor da prestação implantada pelo juiz da condenação expressando
que o valor da condenação não pode ser inferior a um salário mínimo e nem tão pouco superior a 360 (trezentos e
sessenta) vezes. No entanto a prestação pecuniária não se confunde com a multa reparatória, ao passo que a prestação
pecuniária só é oportuna se houver dano material ao ofendido movido pelo ilícito, enquanto que a multa reparatória é
cabível na falta de prejuízos individuais.
A perda de bens e valores pertencentes ao condenado diz respeito aos proventos obtidos pelo indivíduo em decorrência da
pratica do delito, e terá como teto o valor maior em favor a favor do Fundo Penitenciário Nacional.
Ensina o autor Nucci (2010, p. 423) “É a transferência ao fundo penitenciária nacional de bens e valores lícitos do
13 of 20 27/11/2020 13:40
Função Ressocializadora da Pena - Brasil Escola https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/14677
condenado, como forma de puni-lo, evitando-se o cárcere, tendo por limite o prejuízo gerado pelo crime ou lucro auferido”.
A Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é pertinente aos trabalhos gratuitos ao apenado retornado
os institutos assistenciais em geral, como forma de reeducá-lo e gerando empenhos de maneira angustiante, consistente na
modificação da pena privativa de liberdade na redução de uma hora de trabalho por dia de condenação. (NUCCI, 2009, p.
423)
Para o autor Bittencourt (2011, p. 572) “a doutrina tem conceituado como o dever de prestar determinada quantidade de
horas de trabalho não remunerado e útil para a comunidade durante o tempo livre, em beneficio de pessoas necessitadas
ou para fins comunitários”.
A interdição temporária de direitos conceitua-se como a legítima pena restritiva de direito, pois tem a intenção de fortificar-
se junto ao exercício de determinada função ou atividade por um período determinado, como forma de punir o agente de
crime relacionado à referida função ou atividade proibida.
Segundo o autor Nucci (2009, p. 423) “é a proibição de exercício de atividade pública ou privada, durante determinado
tempo, bem como a suspensão de autorização para dirigir certos veículos ou a proibição de freqüentar determinados
lugares”.
Destarte, as penas de interdição temporária de direitos são divididas em: proibição do exercício de cargo, função ou
atividade pública, bem como de mandato eletivo, proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de
habilitação especial, de licença ou autorização do poder público, suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir
veículo, proibição de freqüentar determinados lugares, proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame público.
No que diz respeito à proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo. Essa
pena restritiva de direito pode ser explicada nos casos de contravenção atinente a obrigação funcional cometida pelos
agentes públicos ou aqueles que possuem mandato eletivo cometido através de um ilícito pena. No entanto a deslealdade,
o abuso de poder, a transgressão do dever funcional recomenda obrigar a aplicação da mencionada pena alternativa
quando não for aconselhada aplicada a pena privativa de liberdade
A proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização
do poder público. A pena em análise pode ser consagrada na delinquência de violação de segredo profissional, como por
exemplo, médicos no que diz respeito à omissão de socorro, advogados em relação à fraude processual, dentre outros.
Todavia a pena tem um caráter predominantemente preventivo, evitando dessa forma a reincidência daquela pessoa que
desobedeceu as regras fundamentais no que diz respeito ao desempenho de suas atividades ou abusando de suas
condições profissionais para a prática do ilícito penal.
Suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo, essa pena é aplicável unicamente aos crimes culposos de
trânsito, como a mesma duração de tempo da pena privativa de liberdade substituída.
Proibição de frequentar determinados lugares, essa pena é aplicada de forma genérica ou imprecisa ademais o magistrado
terá a obrigação de mencionar de forma expressa na sentença quais são os lugares que o indivíduo não poderá freqüentar,
salientando que além disso a pena aplicada deve ter relação com o crime cometido pelo sujeito, como a forma de prevenir a
pratica de um novo delito.
Pois não teria sentido, se a determinação do magistrado proibisse a freqüência de lugares aleatórios, ou seja, por ele
escolhido, uma vez que a suspensão não se adequaria a prevenção penal, nem tão pouco possibilitaria a integração social
do sujeito, finalidade imposta a qualquer sanção penal.
Proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame público. Essa foi à grande novidade contemplada pela Lei n.
12.550, de 15 de dezembro de 2011, essa lei instituiu uma nova modalidade pena de interdição temporária de direitos, ou
seja, a proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame público.
Limitação de fim de semana essa pena “consiste na obrigação de permanecer na casa do albergado, ou estabelecimento
similar, durante cinco horas aos sábados e domingos, participando de cursos e palestras educativas”. (NUCCI, 2010, p.
14 of 20 27/11/2020 13:40
Função Ressocializadora da Pena - Brasil Escola https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/14677
423)
[...] NoBrasil, é uma das penas substitutivas, consiste na obrigação de permanecer aos sábados e
domingos, por cinco horas diárias, em casa de albergado ou estabelecimento adequado, podendo
ser ministrados aos condenados durante essa permanência curso e palestras, ou atribuídas a
eles atividades educativas (art. 48 e parágrafo único).(MIRABETE, 2003, p. 275)
Penas de Multa
Essa pena esta elencada no art. 49 Código Penal estabelece a pena de multa que consiste no pagamento ao fundo
penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360
(trezentos e sessenta) dias-multa.
Conforme o art. 49, § 1º, do CP. O juiz ao fixar a pena de multa, deve considerar a situação econômica do condenado,
podendo triplicar o valor máximo fixado, quando for insuficiente, em relação às posses do condenado. Dessa forma é
importante salientar que de acordo com o § 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de
correção monetária.
A pena multa, através do louvável sistema dias-multa, atende de forma mais adequada aos
objetivos da pena, sem as nefastas conseqüências da falida pena privativa de liberdade. É um
dos institutos que inegavelmente, melhor responde aos postulados de política criminal com
grande potencial em termos de resultado em relação à pequena criminalidade e alguma
perspectiva em relação à criminalidade media.(BITENCOURT, 2011, p. 660)
Em suma, a lei penal geralmente prevê os limites máximos e mínimos da multa, deixando a encargo do juiz a faculdade de
individualizá-la. Logo, este deverá levar em consideração, no momento de fixar a soma total da pena, alem das
circunstâncias atenuantes e agravantes, o grau de culpa e principalmente a situação econômica do condenado.
Ressocialização
Em virtude do descaso do sistema prisional o apenado ao adentrar no presídio é visto perante a sociedade como um
marginal contraindo atitudes e desenvolvendo tendência delituosa, diante desse problema percebemos que a sociedade
tem uma grande parcela de culpa, já que existem diversas formas de reprimir o transgressor, não basta apenas enclausurar
o delinquente em celas como se fossem animais, por isso que é importante adequar medidas que contornem este fato.
Portanto para que seja modificada esta situação é imprescindível que a sociedade acabe com essa ilusão de que a pena
tem que ser uma punição severa, dolorosa. É necessário mostrar para a sociedade que existe uma função para a pena,
onde será esta cumprida conforme o regimento legal.
Segundo Bittencourt:
Do ponto de vista do Direito penal, Bitencourt defende que não se pode atribuir às disciplinas
penais a responsabilidade exclusiva de conseguir a completa ressocializaçao do delinqüente,
15 of 20 27/11/2020 13:40
Função Ressocializadora da Pena - Brasil Escola https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/14677
Observa-se hoje no Brasil o maior descaso com problemas sociais, e por conta deste desprezo é que o recluso sai do
presídio sem emprego, sem família, sem dignidade, e isso se torna um ciclo vicioso no qual o recluso não tem a menor
chance de reinserção social. Logo verificamos que durante a reclusão ou porque não dizer o fracasso da pena privativa de
liberdade não consegue reabilitar ninguém servindo apenas para reforçar os valores negativos do apenado.
Proclama a Lei de Execução penal que a assistência ao preso e ao internado é dever do Estado,
objetivando prevenir o crime e orientar o retorno a convivência em sociedade. [...] Também ao
egresso será prestada assistência, que consistira na orientação e apoio para reintegrá-lo a vida
em liberdade, alem da concessão, se necessário de alojamento e alimentação, em
estabelecimento adequando, pelo prazo de dois meses (art. 25 LEP). (RADO, 2005, p. 590)
Por isso parte-se do pressuposto que a prisão somente serve para punir, diante desse diapasão colocam de lado qualquer
esperança de utilizar o presídio para ressocialização, pois ao contrário de ressocialização, ocorre com freqüência o tráfico
de armas, de entorpecentes, rebeliões, fugas, transtornos psicológicos, violência sexual inclusive mortes. Portanto podemos
dizer então que o preso se torna vítima do sistema penal.
A lei de execuções penais (LEP) apresenta as garantias indispensáveis para a sustentação de sujeitos em presídio, dentre
elas as características de forma apropriadas, priorizando o afastamento de local de cumprimento da pena entre homens e
mulheres, a fim de impedir que violências ocorram nas celas. Na realidade as prisões brasileiras simplesmente só servem
como uma espécie de depósito de seres humanos, perdidos, sem direitos, chutados da sociedade.
Além de toda sorte de agressão física que muitos detentos suportam nos cárceres, são acrescentadas aquelas de ordem
psicológicas, a marginalização social, que consegue alcançar a sua família, que diversas ocasiões passam a suportar
desaforos por parte do sistema penitenciário além da discriminação gerada pela coletividade. As deficiências da vida
carcerária a que os presos estão submetidos estão relacionadas com a violência ocorrida entre os presídios, que sofrem
constantemente com o déficit de vagas que faz com que milhares de presos chegue a conviver em uma pequena cela em
ato de revezamento para dormir, sendo anulada desta forma os valores morais e éticos do ser humano.
O relacionamento com sujeitos encarcerados implica, muitas vezes, lidar com indivíduos movidos por vingança e revolta,
pois a perda, quer seja da liberdade ou de qualquer natureza, já é o bastante para ensejar em um fato de difícil aceitação.
Portanto essa negligência do Estado não socializa nem educa, convém tão somente para marginalizar, na realidade
funciona como escola do crime, em que os encarcerados têm todo o momento disponível para aprenderem uns com as
experiências dos outros, bem como serem violentados e abusados pelos próprios detentos.
No entanto os presídios diariamente sofrem o déficit de vagas, ou seja, insuficiência de celas, certamente este é um dos
mais alarmantes problemas do sistema penitenciário brasileiro, que obriga milhares de detentos conviverem em condições
de precariedade. É óbvio que a solução para este problema não se resume em apenas construção de mais
estabelecimentos prisionais, a superlotação do sitema prisional é um problema social, institucional, moral.
Entretanto quando o sistema não cumpre com a função de ressocializar o infrator inseridos no mundo do crime a sociedade
é quem paga o preço com a insegurança e ameaça dos criminosos. É importante ressaltar que a massa carcerária é
predominantemente jovem de baixa renda e de baixa escolaridade, sendo que muitos não tem sequer a oportunidade de
ingressar na escola, um fator primordial é a educação, isso reflete na questao cultural de cada detento.
A função ressocializadora é a medida necessária para dar um novo caráter à pena por isso deve ser revista, pois, no
contexto no qual ela é aplicada, não atende às condições mínimas de reinserir o sujeito à sociedade. Tendo a pena privativa
de liberdade o objetivo não apenas de afastar o criminoso da sociedade, mas, sobretudo, de excluí-lo. Note-se que a pena
16 of 20 27/11/2020 13:40
Função Ressocializadora da Pena - Brasil Escola https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/14677
Indubitavelmente, a prisão não é um meio de prevenção, ou de repressão de novos delitos, pelo contrário é uma máquina
de marginalização conforme assevera o doutrinador Greco:
A prisão, como sanção penal de imposição generalizada não é uma instituição antiga e que as
razões históricas para manter uma pessoa reclusa foram a principio, o desejo de que mediante a
privação da liberdade retribuísse a sociedade o mal causado por sua conduta inadequada; mais
tarde, obrigá-la a frear seus impulsos antissociais mais recentemente o propósito teórico de
reabilitá-la. Atualmente, nenhum especialista entende que as instituições de custódia estejam
desenvolvendo as atividades de reabilitação e correção que a sociedade lhe atribui. O fenômeno
da prisionização ou aculturação do detento, a potencialidade criminalizante do meio carcerário
que condiciona futuras carreiras criminais (fenômeno de contagio), os efeitos da estigmatização, a
transferência da pena e outras características próprias de toda a instituição total inibem qualquer
possibilidade de tratamento eficaz e as próprias cifras de reincidência são por si só eloquentes.
Ademais, a carência de meios, instalações e pessoal capacitado agravam esse terrível panorama.
(GRECO, 2011, p. 476)
É evidente a existência de diversos meios para a solução dos conflitos pertinentes ao sistema carcerário brasileiro e dentre
eles podemos destacar: a falta de estrutura das penitenciárias, a implantação de normas de cumprimento de pena
alternativa, criação de Varas de Execuções Penais, dentre diversos meios de soluções encontrados, que diminuiriam o
problema caótico que é o caso da superlotação.
Diante da situação, são cabíveis medidas que diminuam esse problema existente, tais como a separação dos presos de
acordo com a gravidade do delito. Outro ponto que merece destaque é a desqualificação dos agentes penitenciários, que,
embora sejam contratados para resguardar a ordem e a segurança das penitenciárias, permitem a entrada de
entorpecentes, armas, bem como a fuga dos apenados. Diante desses fatos, temos também as formas desumanas,
insalubres e os maus tratos existentes, que violam os direitos e as garantias fundamentais dos detentos.
Portanto, é imprescindivel a importância da aplicação de novos métodos no tratamento penitenciário, com ênfase na
ressocialização do indivíduo delituoso, fazendo com que o mesmo possa voltar ao convívio social com respeito e dignidade.
Contribuindo para a diminuição da reincidência criminal, ocasionada principalmente pelo preconceito, pela exclusão social,
pelo despreparo educacional e profissional, e pela falta de oportunidade de trabalho.
Relato de experiência
Entrevista
A vida carcerária foi adquirida por este homem na maior parte de sua vida, respeitando sua privacidade seu nome será
preservado.
Seu relato tem por finalidade demonstrar não só para o Estado como também para a sociedade, o descaso, à precariedade,
a violência, e as condições subumanas ao qual essas pessoas estão submetidas.
Para ele o sistema carcerário é uma realidade para poucos, pois só quem sabe é aquele sujeito que já sentiu na pele o
desprezo de uma sociedade preconceituosa. É fácil uma pessoa julgar um ex-detento, mas muitos não sabem o que o terror
abaixo de seus olhos, infelizmente é uma realidade aterrorizante. Os pavilhões considerados como nossas casas são
marcados por tragédias, dores, sofrimentos, ódio, vingança, vimos nos olhos de cada um o sofrimento, e as desilusões que
17 of 20 27/11/2020 13:40
Função Ressocializadora da Pena - Brasil Escola https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/14677
Segundo o seu relato, além dos pavilhões, serem sujos, os detentos sofrem abusos sexuais, físicos, mentais, são torturados
dia após dia, são expostos as mais variadas doenças como: AIDS, hepatite, doenças veneras, câncer, dentre outras
doenças. Os detentos são obrigados a obedecer tanto um sistema criado pelos próprios detentos muitos deles são
chamados de chefe do poder, considerados como bandidos de alta periculosidade, prevalecendo sempre a sua lei diante
dos mais fracos. Salientando que além da corrupção e da bandidagem dos detentos, somos obrigados a conviver com
agentes penitenciários, que sem nenhuma autorização nos espancam, nos maltratam com requintes de crueldade, incluindo
execução sumária dos detentos, tanto dentro do sistema prisional como fora das penitenciárias.
A experiência, deste homem mostra a repugnação acerca do assunto abordado. Ele sempre fazia menção às torturas que
os detentos sofriam nas penitenciarias, diante da nossa conversa percebi que suas mentes eram torturadas 24 (vinte quatro
hora) horas por dia.
Para ele, o ser humano tem a oportunidade de escolher dois caminhos: a do mundo errado ou ao do mundo certo. Porém
aqueles que escolhem o mundo errado sofrem os preconceitos da sociedade, eles tentam de todas as formas se
reabilitarem ao convívio social, mas infelizmente muitas pessoas não acreditam que um ex-detento possa se ressocializar.
No âmbito profissional o olhar das pessoas já te exclui, quer seja através de gestos, ou até mesmo com comentários
maldosos, nos deixando constrangidos diante das pessoas que nos cercam.
Quando esses detentos recebem direito de cumprir a pena em regime de semiaberto muitos tem planos de cuidar da família
e ingressar no âmbito profissional, adquirindo através do seu próprio esforço, a subsistência do seu dia a dia, porém a
realidade é outra.
Ora, a sociedade tenta abrir as portas para os ex-detentos e ao passo que abre, ao mesmo tempo fecha. Por isso que
muitos se revoltam e voltam a delinquir, porque muitos deles são discriminados, maltratados. Em sua mente ninguém é
perfeito, todos erram não basta julgar, apontar o dedo, é necessário adotar medidas que diminuam esses dados alarmantes
da criminalidade.
Fazendo uma breve análise dos presos, de 100% (cem por cento) que entra no mundo do crime, se ao menos 80% (oitenta
por cento), tivesse oportunidade de ingressar em cursos profissionais ou em escolas, essa margem de marginalização seria
diminuída. A falta de ocupação para os detentos é utilizada diante deles como um provérbio que faz menção a “mente vazia
é a oficina do diabo”, pois muitos deles vivem de maneira ociosa, de maneira tal que ocupa suas mentes com idéias fugas,
vinganças, relacionamentos com indivíduos que quase sempre tem visões e valores distorcidos acerca da sociedade.
A família é fundamental na vida de qualquer pessoa, principalmente quando esta pessoa esta isolada do mundo. Entretanto
a figura da família foi primordial em sua vida e em sua recuperação. Embora muitos não saibam o que é isso na prática,
pois no sistema prisional muitos detentos são esquecidos, pelos pais, pelos filhos, e até mesmo pelas esposas, uma vez
que a realidade do sistema penitenciário é bastante diferente, e pouquíssimas pessoas se submetem a ir visitá-los.
Por isso a família é a base de tudo, é a parte fundamental desse processo, não só no que diz respeito à ressocialização,
mas no que diz respeito à reintegração na sociedade, fazendo com que o sujeito seja aceito de maneira igualitária diante de
todos.
Diante de tanto sofrimento dentro do presídio, uns preferem lutar e conquistar uma vida nova. Enquanto outros preferem
viver na luta do crime e da marginalização. No sistema prisional existe a distinção entre dois mundos diferentes, o mundo
real, chamado de liberdade e o mundo penitenciário, chamado de inferno, porém cada um tem sistema diferenciado e ao
mesmo tempo semelhantes com relação a luta pela sobrevivência. Dentro do mundo marginalizado você não tem liberdade
de sair ou correr, ou você enfrenta ou você morre, a liberdade no sistema penitenciário é chamada de morte.
No entanto durante a nossa entrevista achei oportuno inserir um pensamento que ele recitou. O pensamente é chamado de
liberdade.
Quem honra aqueles que amamos com a vida que levamos? Quem manda monstros para nos
matar. E, ao mesmo tempo, diz que nunca vamos morrer? Quem nos ensina o que é verdade e a
rir das mentiras? Quem decide porque vivemos e o que morreremos defendendo? Quem nos
18 of 20 27/11/2020 13:40
Função Ressocializadora da Pena - Brasil Escola https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/14677
acorrenta? E quem guarda a chave que nos libertar? É você. Você tem todas as armas que
precisa. Agora lute.
Toda via, o seu relato termina com a seguinte frase “O conhecimento pode abrir a porta para liberdade só basta dá uma
chance”. Portanto para esse detento não depende apenas de uma só pessoa para ocorrer à redução da marginalidade, é
necessário que todos abracem a causa, que todos se permitam a ajudar uns aos outros, vivemos em um mundo de
desigualdade e é necessário que isso acabe de uma vez por todas, antes que seja tarde demais.
Considerações finais
A Lei nº 7. 210/ 84 institui a Lei de Execução Penal, este dispositivo apresenta as garantias indispensáveis para a
conservação dos indivíduos no sistema carcerário, entre elas são apresentadas as qualidades do ambiente, bem como
adequação, a separação do cumprimento da pena, os tipos de assistência, direitos e deveres dentre outros dispositivos.
Todavia é primordial destacar que a LEP proporciona condições harmônicas integrando o condenado ou internado ao
convívio social, porém não só a LEP, protege o detento, bem como a Constituição Federal Consagra em seu art. 5° a
proteção dos direitos e garantias fundamentais, sobretudo garantindo o respeito à integridade física e moral.
Porém diante de tantas ocorrências, relatos, exibido neste trabalho podemos constatar que a realidade do sistema penal é
outra completamente diferente, ou seja, as celas são assemelhadas a um depósito de seres humanos, perdidos,
esquecidos, sem direitos, sem garantias, sem valores essenciais para a sobrevivência do ser humano.
A realidade é que o sistema carcerário encontra-se em descaso, devido à falta de respeito à dignidade da pessoa humana
com a concordância das autoridades competentes, que constitui uma incapacidade do Estado no que diz respeito
administração penitenciária.
É sabido que o enclausuramento do indivíduo é considerado como uma forma imediata de punir o infrator. Entretanto o
sistema carcerário está sendo ineficaz, e está muito longe de ser um sistema eficiente. É inadmissível que presos sejam
ignorados diante da existência do Poder Executivo e Judiciário.
Não acabamos com a violência, aprisionando pessoas, nem tão pouco tratando de forma subumana, preconceituosa, pelo
contrário, se o tratamento for dessa forma, a violência tende a crescer, a se fortalecer e a se organizar cada vez mais. Por
isso que diante da negligência do Estado muitos detentos sofrem nos presídios, com o abandono da família, e muitas vezes
passam por discriminação pela própria sociedade.
Temos que ter o conhecimento que não é qualquer punição que vai fazer com o indivíduo se afaste da conduta delituosa, ou
seja, privar o indivíduo de um bem que é fundamental para a sua subsistência é simplesmente colaborar para que os presos
que de maior potencial ofensivo se reúnam com aqueles sujeitos que cometeram apenas infração menos grave. Por isso, a
pena privativa de liberdade será, sempre, a ultima ratio legis, ou seja, a última saída para a conservação da ordem jurídica.
Portanto é primordial fazer uma reforma no sistema carcerário, com o propósito de buscar a ressocialização, deste modo o
Estado tem o dever de prevenir o crime, em contrapartida ele tem a obrigação de ressocializar, reintegrar, o preso na
sociedade.
Dessa forma, pode-se entender que atualmente que o Estado sozinho não detém os mecanismos produtivos capazes de
assegurar trabalho e profissionalização de todos os agentes encarcerados sem o envolvimento de toda a sociedade, que
tem uma enorme parcela de responsabilidade diante desse problema. Existem diversas formas de reprimir o infrator, pois
como foi analisado não podemos apenas focar a reclusão como ponto primordial restringindo o direito de liberdade
aprisionando em celas como se fossem animais.
Diante do exposto, podemos dizer que não adianta apenas castigar o individuo. É necessário lançar mão de medidas
importantes, orientando o apenado, a fim de que ele possa ser reintegrado novamente a sociedade. O Estado tem que
proporcionar um amparo integral a esses indivíduos, para que, dessa forma, consigam resgatar os seus valores e
princípios, retornando para o convívio familiar e, sobretudo, para sociedade, evitando assim a reincidência.
REFERÊNCIAS
19 of 20 27/11/2020 13:40
Função Ressocializadora da Pena - Brasil Escola https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/14677
BACIGALUPO, Enrique. Manual de Derecho Penal. Parte General. Santa Fé de Bogotá: Temis, 1994.
BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das penas. Trad. De Flório de angelis. Bauru, Edipro, 1997.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 16ª ed. São Paulo: Saraiva, v. 1, 2011.
BRASIL, Lei Execução Penal: Lei 7.210/1984. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7210.htm> acesso
em: 23 maio 2012.
BRASIL, Lei Execução Penal: Lei 12.550/2011. Disponível em: < <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014
/2011/Lei/L12550.htm> acesso em: 24 maio 2012.
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Parte Geral. 15ª Ed.São Paulo: Saraiva, v. 1, 2011.
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. Parte Geral. 4 ª ed. rev. atual e ampl. Rio de Janeiro: Impetus, v.1, 2005.
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: Parte Geral. 4 ª ed. rev., atual e ampl. Rio de Janeiro: Impetus, v.1, 2011.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal. 19 ª Ed. Atlas: Ex.02, 2003.
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. 5ª Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009.
NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 10 ª Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.
PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal brasileiro. 7 ª Ed. Parte Geral. Arts. 1º a 120. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2005.
PRADO, Luis Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro. 5ª Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, Revista dos Tribunais,
2007.
PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro. 5 ª Ed. Parte Geral. São Paulo: Revista dos Tribunais, v. 1, 2010.
REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 27 ed. São Paulo: Saraiva 2002.
ROXIN, Claus, Problemas Fundamentais de Direito Penal. 1ª Ed. São Paulo: Veja, 1986.
20 of 20 27/11/2020 13:40