Manual Preparatório para Seleções de Mestrado e Doutorado: Um Guia Metodológico Destinado Às Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
Manual Preparatório para Seleções de Mestrado e Doutorado: Um Guia Metodológico Destinado Às Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
Manual Preparatório para Seleções de Mestrado e Doutorado: Um Guia Metodológico Destinado Às Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
M294
Livro em PDF
ISBN 978-65-5939-859-1
DOI 10.31560/pimentacultural/2023.98591
CDD: 607.001
PIMENTA CULTURAL
São Paulo • SP
+55 (11) 96766 2200
[email protected]
www.pimentacultural.com 2 0 2 3
CONSELHO EDITORIAL CIENTÍFICO
Doutores e Doutoras
1. O que é a ciência?
CAPÍTULO 2
Fernando da Silva Cardoso
Onde e o que cursar?
Comentários sobre os programas de pós-graduação,
linhas de pesquisa e orientadores(as)...................................................................26
CAPÍTULO 3
Antonio Lopes de Almeida Neto
Sobre o que vou escrever?
A seleção do tema e a revisão de literatura............................................................35
CAPÍTULO 4
Roberta Rayza Silva de Mendonça
Como devo escrever?
Técnicas de escrita de acordo com o contexto acadêmico.......................................43
CAPÍTULO 5
Antonio Lopes de Almeida Neto
Documentos para a pesquisa
científica – NBR’s ABNT.........................................................................53
CAPÍTULO 6
Luísa Vanessa Carneiro da Costa
Natália de Oliveira Melo
O que devo inserir no meu projeto?
Tópicos comuns ao projeto de pesquisa
em Ciências Humanas e Ciências Sociais Aplicadas................................................62
CAPÍTULO 7
Alex Bruno Feitoza Magalhães
Como construir um objeto
e uma metodologia diante da técnica
de coleta de dados documental?........................................................ 72
CAPÍTULO 8
Ilzy Gabrielle Soares da Silva
Como construir um objeto
e uma metodologia diante
das imagens e da análise de conteúdo?...........................................82
CAPÍTULO 9
Lucas Leon Vieira de Serpa Brandão
Como construir um objeto
e uma metodologia diante da técnica
de coleta de dados por meio
da entrevista e da análise do discurso?............................................88
CAPÍTULO 10
Rita di Cássia de Oliveira Angelo
Minha proposta segue um padrão
ético de pesquisa científica?
Discussões sobre a submissão de uma investigação
em um Comitê de Ética em Pesquisa....................................................................96
CAPÍTULO 11
Luís Massilon da Silva Filho
E se eu não conseguir escrever?
Discussões sobre o bloqueio de escrita............................................................... 105
CAPÍTULO 12
Maria Rita Barbosa Piancó Pavão
Preciso de um bom currículo?
Conversa sobre a organização
e comprovação do Currículo Lattes......................................................................115
CAPÍTULO 13
Maria Luiza Rodrigues Dantas
O que são políticas afirmativas
na pós-graduação?
Requisitos e organização documental................................................................. 124
CAPÍTULO 14
Fernando da Silva Cardoso
Quais são as outras etapas
de um processo seletivo?
Diálogos sobre prova escrita, arguição/entrevista,
proficiência e postura em um certame.................................................................131
Sobre os organizadores.......................................................................140
O QUE É A CIÊNCIA?
A PESQUISA NO CONTEXTO
DAS CIÊNCIAS HUMANAS
E SOCIAIS APLICADAS
DOI: 10.31560/pimentacultural/2023.98591.1
INDICAÇÕES DE LEITURAS
ALCOFF, Linda Martín. Uma epistemologia para a próxima revolução. Tradução de
Cristiana Patriota de Moura. Revista Sociedade e Estado, Brasília, v. 31, n. 1, p. 129-143,
jan./abr. 2016. DOI 10.1590/S0102-69922016000100007. Disponível em: https://www.scielo.
br/j/se/a/xRK6tzb4wHxCHfShs5DhsHm/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 12 fev. 2023.
SILVA, Márcia Alves da; ROSA, Graziella Rinaldi da (org.). Pedagogias populares e
epistemologias feministas latino-americanas. Curitiba: Brazil Publishing, 2019.
Disponível em: https://wp.ufpel.edu.br/dgenerus/files/2019/09/Ebook_Marcia_
Graziela_.pdf. Acesso em: 12 fev. 2023.
INDICAÇÕES DE LEITURAS
COMPLEMENTARES
AGAMBEN, Giorgio. Signatura rerum: sobre o método. Tradução Andrea Santurbano e
Patrícia Peterle. 1. ed. São Paulo: Boitempo, 2019.
SUMÁRIO 17
PLATÃO. Teeteto. Tradução de Adriana Manuela Nogueira e Marcelo Boeri. Lisboa: Edição
da Fundação Calouste Gulbenkian, 2010.
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Desde o surgimento da Antiguidade Clássica, quando a
filosofia surgiu na Grécia antiga, uma das principais preocupações
humanas era com a forma de conhecer e com o que se podia
conhecer. O ambiente reflexivo iniciado com a sistematização do
pensamento humano, dos temas e conteúdos que se apresentavam
e representavam forte impacto — de grande importância para
os antigos — demonstrou que houve e há grande interesse por
uma área do pensamento humano que conduz a pensar sobre o
conhecimento, que conduzirá ao entendimento da verdade. Assim a
epistemologia surge como estudo de um conhecimento verdadeiro,
contrário à opinião (doxa).
SUMÁRIO 18
Assim, o pensamento racional que tanto preza pela verdade
universal se afastou do senso comum, dos mitos, das crenças e
de todas as formas do pensar humano que, de alguma forma, não
passasse pelo rigoroso critério da justificação racional. A verdade
que se evidencia parecia inacessível aos que não comungassem
do padrão grego de pensar. O curioso nessa perspectiva é que
essa verdade universal, que não se deixa contaminar pela opinião
ou qualquer outro pensamento considerado menor, demonstrava
dificuldades de estabelecer o que era importante para o pensar,
quais as possibilidades de conhecer verdadeiramente. Sendo assim,
na filosofia clássica, a ontologia, a ética e a lógica se mesclam com a
epistemologia em um emaranhado de questões interconexas. O que
parecia ser uma certeza do encontro de verdades universais puras
deixa em seu rastro de reflexão um mar de incertezas.
SUMÁRIO 19
PRINCIPAIS DISCUSSÕES
Hodiernamente, quando falamos de epistemologia de forma
clássica, remetemo-nos a uma forma de saber relacionada a teorias
do conhecimento. Tais teorias se preocupam em estudar em que
condições e possibilidades o pensamento ocorre e em que graus
e níveis de conhecimento ele opera, relacionando-o a abordagens
teóricas consagradas. O conhecimento clássico é voltado para a ideia
de que todo conhecimento é racional e, a partir dessa racionalidade,
o homem compreende e explica o mundo que o cerca.
SUMÁRIO 20
como únicas possibilidades do conhecimento a ser gerado e autores
reconhecidamente científicos ou filosóficos se tornaram cânones
do saber absoluto, banindo-se outras possibilidades de saber não
consagradas academicamente.
SUMÁRIO 21
importantes ou científicas. É nesse contexto que as epistemologias
históricas se apresentam e removem os critérios clássicos de
cientificidade, expandindo a fronteira entre as diversas formas do
pensar. Assim, o que antes não era classificado como ciência passa
agora a se imbricar, ampliando-se as possibilidades do saber científico
e abrindo novas perspectivas para o pesquisador traçar a sua pesquisa
sem apoio canônico prévio, criando o próprio referencial, na medida
em que impacta e é impactado pela pesquisa.
SUMÁRIO 22
O conhecimento e sua produção se traduzem em reflexões
diversas e ações no mundo comum, produzindo novas formas
de conhecimento. Assim, ressignificamos sentidos, certezas e
significações nos reinventando, em um eterno devir com um
conhecimento que se volta contra si mesmo, dobra-se, cola-se e
desloca-se do eixo de partida, construindo uma teia de rizomas. Essa
nova forma de conhecer visa ir além do partilhar. Deseja compartilhar
e repensar as suas certezas primeiras, buscar sua arqueologia.
Aparece como novas ações sistematizadas e partilhadas no mundo
comum em que ganham sentido.
SUMÁRIO 23
Nessa dimensão mais inclusiva, as questões de gênero
e de raça, por exemplo, ganham uma narrativa própria, fazendo a
sua própria episteme. Saberes ancestrais, diaspóricos e locais
dos vencidos e oprimidos dividem as atenções com os saberes
clássicos e consagrados. Não há mais um calar dessas narrativas
e uma impossibilidade de se discutir metodologicamente questões
e perspectivas fora do eixo da tradição branca e europeia. As vozes
que se calaram ao longo da construção dos métodos e cânones que
formaram a tradição buscaram encontrar seu espaço, mesmo que
tenham encontrado e ainda encontrem uma infinidade de barreiras
para serem validados. O impossível do passado se abre como
perspectiva no presente e deixa-nos uma promessa para um futuro
mais inclusivo e plural.
SUMÁRIO 24
Negros, povos originários, diaspóricos, decoloniais, feministas têm
espaço nessa forma de pensar sobre a produção acadêmica e
sobre novos desdobramentos metodológicos/epistêmicos para a
construção de uma academia decente.
SUMÁRIO 25
2
Fernando da Silva Cardoso
DOI: 10.31560/pimentacultural/2023.98591.2
INDICAÇÕES DE LEITURAS
CIRANI, Claudia Brito Silva; CAMPANARIO, Milton de Abreu; SILVA, Heloisa Helena
Marques da. A evolução do ensino da pós-graduação senso estrito no Brasil: análise
exploratória e proposições para pesquisa. Avaliação, Campinas, v. 20, n. 20, p. 163-187,
mar. 2015. DOI 10.590/S1414-40772015000500011. Disponível em: https://www.scielo.br/j/
aval/a/8CnjZmYsCs7xkrWKn7vj9Nd/abstract/?lang=pt. Acesso em: 31 jan. 2023.
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
A procura por um programa de pós-graduação stricto sensu
materializa, geralmente, o desejo cultivado durante a graduação,
especialização lato sensu ou atividade profissional quanto à
vivência da pesquisa. Reflita, no entanto, que a aproximação com
o espaço acadêmico e o curso que favorecerão o aprofundamento
da sua formação enquanto pesquisador(a) não deve ser motivado
apenas pelo pretenso prestígio que o mestrado, doutorado ou
orientador(a) trará.
SUMÁRIO 27
O alerta é importante, pois a escolha de um PPG, por si só,
não define o sucesso dessa etapa formativa. Perceber que existem
outros aspectos certamente mais importantes na dinâmica de eleição
mencionada é fundamental para que você possa significar afetiva
e academicamente o seu lugar na universidade. A importância e
o impacto do programa na região em que você reside, a proposta
curricular e as ações de pesquisa e extensão que os(as) docentes
desenvolvem, por exemplo, agregam mais possibilidades aos
seus anseios com a formação stricto sensu que a nota do curso, o
currículo do(a) eventual orientador(a) ou o fato de ser oferecido por
uma instituição considerada “tradicional” ou localizada nos centros
urbanos, tão somente.
PRINCIPAIS DISCUSSÕES
Os objetivos diante da procura por um mestrado ou doutorado
precisam considerar as suas potencialidades e como elas podem ser
expandidas diante do seu envolvimento com a proposta formativa e as
atividades que são a marca do curso almejado. Acredite: a formação
para a pesquisa é um movimento que se dá, principalmente, a partir
de atitudes que você está disposto(a) a mobilizar no diálogo com
a proposta curricular do PPG e, principalmente, com os trabalhos
coordenados pelo(a) orientador(a).
SUMÁRIO 28
Todo o cuidado deve ser tomado, igualmente, quando se
trata das possíveis projeções não apenas com relação ao curso e
à instituição, mas também aos(às) eventuais orientadores(as). É um
grande erro considerar que o percurso e o sucesso de uma pessoa
lhe serão transferidos por osmose. A pergunta “onde e o que cursar?”,
no entanto, pode ser refletida a partir de alguns pontos centrais:
SUMÁRIO 29
Passo 1: Liste os programas de pós-graduação
por área do conhecimento
Um dos principais equívocos nos processos de seleção
stricto sensu é o fato de candidatos(as) apresentarem propostas de
pesquisa que pouco dialogam com os objetivos do PPG e os projetos
de investigação que o estruturam. Isso se deve ao fato de, com
frequência, as pessoas não examinarem ou obterem informações
precisas quanto às especificidades formativas oferecidas. Atenção:
as chamadas, sobretudo em redes sociais e sites, por si só não
suprem a importância de se estudar a fundo o PPG.
SUMÁRIO 30
escala anterior a esses aspectos, buscando conciliá-la, agora, com
elementos de ordem financeira e pessoal.
SUMÁRIO 31
Entenda que, neste terceiro passo, a intenção está em,
desde a linha de pesquisa mapeada, individualizar as pessoas para
quem o plano de pesquisa será direcionado e então conhecer os
trajetos individuais de investigação e como você pode agregá-
los a pesquisas por elas desenvolvidas. Lembre-se sempre: o seu
projeto de pesquisa precisa estar vinculado a uma investigação-
tronco do(a) orientador(a) pretendido. Não construa uma proposta
que releve apenas os seus anseios individuais. Isso certamente não
garantirá aderência ao PPG e à linha pleiteados, o que é essencial
para o êxito na seleção.
SUMÁRIO 32
necessitam ter aderência temática e relação com a proposta para
que, dessa forma, possam contribuir teórica e metodologicamente
com a sua formação e pesquisa.
SUMÁRIO 33
O levantamento indicado tem dois focos centrais: primeiro,
para que se inteire acerca dos marcos teóricos e epistêmicos que têm
sido mobilizados pelo(a) orientador(a) pretendido em suas produções
[lembre-se que é comum, na pós-graduação, o aprofundamento de
dado campo teórico e a afiliação a autores(as) específicos(as), assim
como a bases epistêmicas]; e, em segundo plano, para que demarque
quais as perspectivas metodológicas recorrentes nos estudos [do
mesmo modo que pesquisadores(as) costumam empregar trajetos
metodológicos específicos no seu cotidiano de investigação, é usual
e também esperado que orientandos(as) os utilizem de algum modo].
SUMÁRIO 34
3
Antonio Lopes de Almeida Neto
SOBRE O QUE
VOU ESCREVER?
A SELEÇÃO DO TEMA
E A REVISÃO DE LITERATURA
DOI: 10.31560/pimentacultural/2023.98591.3
INDICAÇÕES DE LEITURA
FREIRE, Paulo. Não há docência sem discência. In: FREIRE, Paulo. Pedagogia da
autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25. ed. São Paulos: Paz e Terra,
1996. p. 11-26.
LIMA, Telma Cristiane Sasso de; MIOTO, Regina Célia Tamaso. Procedimentos
metodológicos na construção do conhecimento científico: a pesquisa bibliográfica.
Revista Katálysis, Florianópolis, v. 10, n. especial, p. 37-45, 2007. DOI 10.1590/
S1414-49802007000300004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rk/a/
HSF5Ns7dkTNjQVpRyvhc8RR/?lang=pt. Acesso em: 14 maio 2020.
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Entre aqueles e aquelas que estão dando os primeiros passos
na pesquisa científica, existe a percepção de que uma boa ideia
necessariamente implica em um bom tema de pesquisa. Contudo, a
concretização de um recorte adequado exige muito mais do que o
insight, a curiosidade ingênua ou uma conversa esclarecedora dentro
da universidade. Tanto os projetos de pesquisa quanto os produtos
bibliográficos — artigos científicos, dissertações de mestrado, teses
de doutorados, etc. — são compostos de seções convencionais que
estão conectadas holisticamente à temática. Logo, necessita-se de
um alavancamento, por parte do(a) pesquisador(a), para transformar
a boa ideia em um bom tema.
SUMÁRIO 36
artesanal. Não podemos visualizar, mentalmente, uma parte do
projeto sem pensarmos nas demais. Por mais que não se escrevam
todas as seções de uma vez, existe um vínculo em forma de rede
ou constelação inerente ao plano de trabalho que, ignorado, pode
causar lacunas ou uma incoerência teórico-metodológica.
PRINCIPAIS DISCUSSÕES
Num primeiro plano, considero que precisamos ter uma
atitude negativa em relação à prática científica, isto é, o que não se
atribui ou contribui para o papel do(a) pesquisador(a). A primeira
dimensão a ser destacada é o tempo da pesquisa. Fazer uma
pesquisa exige a administração de um período de meses ou anos com
dedicação, análise e pensamento profundo. Dessa forma, a qualidade
do manuscrito a ser produzido, ou de seu projeto, não pode se curvar
à pressa da “recuperação de tempo perdido” ou da impaciência.
SUMÁRIO 37
pessoal e do planejamento de metas para agregar à sua vida um
mestrado ou doutorado sem colocá-los em segundo plano.
SUMÁRIO 38
Os manuais não devem ser citados no projeto ou na
investigação executada, tendo em vista que sua finalidade é
introduzir alguém ao debate de modo didático. A pesquisa a ser feita
representa, por outro lado, o aprofundamento analítico de outras
bibliografias, dados ou acontecimentos que estejam no horizonte da
comunidade acadêmica. Dessa forma, retornar aos manuais é aderir
a um ponto de partida para selecionar as leituras “canônicas” do
campo de estudo pretendido a fim de compor o seu trajeto científico.
SUMÁRIO 39
para conseguir resultados mais relevantes frente ao objetivo da sua
revisão de literatura. Uma excelente iniciativa para uma introdução,
de maneira gratuita, ao mundo acadêmico digital é o treinamento
oferecido pelo Portal de Periódicos da Capes.
SUMÁRIO 40
Para isso, a revisão de literatura é indispensável. Quando o(a)
candidato(a) a uma seleção de mestrado e doutorado apresenta o
caráter singular de sua proposta em comparação ao que já foi feito
naquela instituição ou no Brasil como um todo, há a probabilidade
de o trabalho ter um destaque maior. Por vezes, o fato de pesquisar
outras bibliografias de modo preliminar faz com que se reflita sobre
possibilidades que nunca tenham vindo à mente. É válida nesse
percurso, por exemplo, a continuidade de um trabalho publicado, mas
com outra interpretação ou marco teórico a partir dos mesmos dados.
SUMÁRIO 41
relevância e do ineditismo temático. Quanto mais complexas forem
as fontes — tanto as bibliografias quanto os materiais de natureza
diversa que servirão de objeto de pesquisa, além do movimento
analítico-metodológico subjacente —, mais o(a) pesquisador(a)
deverá dispor de tempo e habilidades investigativas.
SUMÁRIO 42
4
Roberta Rayza Silva de Mendonça
COMO DEVO
ESCREVER?
TÉCNICAS DE ESCRITA
DE ACORDO COM O
CONTEXTO ACADÊMICO
DOI: 10.31560/pimentacultural/2023.98591.4
INDICAÇÕES DE LEITURAS
DINIZ. Debora. Carta de uma orientadora: o primeiro projeto de pesquisa. Brasília, DF:
Letras Livres. 2012.
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
A escrita acadêmica é atravessada por quem a escreve —
isso é um fato. Nossos textos são reflexos de nossas experiências,
subjetividades e percepções do que e como pesquisamos. Há
uma escrita universal? Como devo escrever para que minha
escrita se torne científica? Minha escrita pode sofrer alterações a
depender da pesquisa?
SUMÁRIO 44
com o universo que se busca explorar. Veja sempre sua pesquisa
em sua totalidade, como um quebra-cabeça a ser finalizado, com o
encaixe perfeito de todas as peças que terá em mãos.
PRINCIPAIS DISCUSSÕES
Vamos iniciar pensando nos jargões e termos técnicos
que são utilizados com o intuito de deixar nossa proposta mais
interessante. Sinto informá-la(o), mas o caminho não é por aí.
Vocês já fizeram a leitura de um relatório? Neles é possível nos
depararmos com uma imensidão de termos assim, indecifráveis para
a grande da população.
SUMÁRIO 45
ser acessível a todos os públicos, não somente àqueles que fazem
parte do nosso nicho de conhecimento.
Exemplos:
Troque por:
SUMÁRIO 46
a ideia que se apresenta em uma seleção. A pesquisa não é só minha
nem sua; ela é nossa.
Exemplo:
Troque por:
Exemplo:
Troque por:
SUMÁRIO 47
Se pararmos para refletir sobre a estrutura das nossas propostas
de pesquisa, vamos nos deparar com problemática, objetivo geral
e objetivos específicos. Assim, torna-se notável que não é possível
dar conta de supervalorizar um único cenário como se apenas ele
fosse imprescindível.
Exemplo:
Troque por:
Exemplo:
Troque por:
SUMÁRIO 48
Empregar adjetivos na escrita acadêmica também deve ser
um cuidado tomado pelo(a) pesquisador(a). Nos textos acadêmicos
não se faz necessário atribuir qualidades às escritoras, reflexões ou
aos cenários pesquisados. Com certeza, concordamos que nossas
escolhas são maravilhosas e excelentes, mas a escrita acadêmica
dispensa o uso dessas expressões.
Exemplo:
Troque por:
Exemplo:
SUMÁRIO 49
Troque por:
Exemplos:
■ Com o fim de; a fim de; como propósito de; com a finalidade
de [...]
SUMÁRIO 50
do texto, ao uso de imagens (quando se fizerem necessários) e, claro,
às regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Períodos entre seis e oito linhas são suficientes para que uma
ideia seja desenvolvida. Dessa forma, o(a) autor(a) não correrá o
risco de fazer com que suas reflexões fiquem dispersas. Ao iniciar os
SUMÁRIO 51
parágrafos, opte por palavras que apresentem conexão entre o texto
que está sendo desenvolvido e as reflexões que serão apresentadas.
SUMÁRIO 52
5
Antonio Lopes de Almeida Neto
DOCUMENTOS PARA
A PESQUISA CIENTÍFICA
– NBR’S ABNT
DOI: 10.31560/pimentacultural/2023.98591.5
INDICAÇÕES DE LEITURA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6023: informação e
documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2018. Disponível em:
https://www.ufpe.br/documents/40070/1837975/ABNT+NBR+6023+2018+%281%29.
pdf/3021f721-5be8-4e6d-951b-fa354dc490ed. Acesso em: 9 set. 2022.
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Existe em alguns espaços acadêmicos uma percepção
errônea de que a formação de um texto se confunde com a
metodologia do projeto ou do trabalho científico. Isto é, quem
entende e decora as regras da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) para documentos científicos estaria habilitado
para executar uma investigação científica. Contudo, qualquer
padronização na formatação, seja ela publicada pela ABNT ou não,
tem natureza estética.
SUMÁRIO 54
capítulo está em fornecer apontamentos sobre a consulta de alguns
dos documentos científicos mais recorrentes da ABNT para o
cotidiano acadêmico.
SUMÁRIO 55
■ NBR 15297/2011 — Projeto de pesquisa
PRINCIPAIS DISCUSSÕES
Inicialmente, precisamos diferenciar os documentos e as
finalidades para a nossa discussão. A NBR 14724/2011 — com
o escopo de apresentar princípios gerais para a elaboração de
trabalhos acadêmicos destinado à instituição — e a NBR 10520/2023
— com o objetivo de demonstrar as características exigíveis para
apresentação de citações em documentos — devem ser lidas
integralmente. Mesmo que seja uma leitura tediosa, precisamos ter
a noção da totalidade do trabalho e dos elementos que devemos
inserir durante o processo de escrita.
SUMÁRIO 56
Em todas as NBRs existem seções comuns que podem ser
encontradas nos sumários dos documentos e nas quais devemos
prestar a devida atenção antes de satisfazer qualquer curiosidade
ou necessidade técnica. O primeiro elemento a ser visualizado é o
escopo, em que você irá memorizar a função de cada NBR e que tipo
de esclarecimento poderá te auxiliar. O segundo é mais importante:
termos e definições. Parece algo ingênuo, contudo, constitui-se
em um apoio enciclopédico na comunidade acadêmica para saber
“o que é” e “o que não é” entre os documentos, informações e
elementos informativos.
SUMÁRIO 57
os parágrafos e todas as exceções de mesma natureza a serem
ajustados no seu editor de texto.
SUMÁRIO 58
Referência
1 Com a mudança recente da NBR 10520 em 2023, não se aplica mais o recurso de caixa-alta na
citação. A única exceção para esta regra é a indicação de responsabilidade de autoria pelo uso da
sigla de uma entidade.
SUMÁRIO 59
referência. Melhor aproveitá-las enquanto indicações, observações
ou aditamentos ao texto feitos pelo(a) autor(a), tradutor(a) ou editor(a).
SUMÁRIO 60
em termos de padronização que podemos metaforizar do seguinte
modo: o que não está na ABNT não está no mundo. Um caso singular
é o item 8.1.1.7, que dispõe sobre obras psicografadas. Outro exemplo
curioso é o item 7.19, que regula a referência de fósseis.
SUMÁRIO 61
6
Luísa Vanessa Carneiro da Costa
Natália de Oliveira Melo
DOI: 10.31560/pimentacultural/2023.98591.6
INDICAÇÕES DE LEITURAS
ARAÚJO, Júlio; PIMENTA, Alcilene Aguiar; COSTA, Sayonara. A proposta de um quadro
norteador de pesquisa como exercício de construção do objeto de estudo. Interações,
Campo Grande, v. 16, p. 175-188, jan./jun. 2015. DOI 10.1590/1518-70122015115. Disponível
em: https://www.scielo.br/j/inter/a/x6bzHJBc6XsHm3SZT9bNg6M/?lang=pt&format=pdf.
Acesso em: 3 jan. 2023.
ARAGÃO, Elisabeth Maria; BARROS, Maria Elisabeth Barros; OLIVEIRA, Sonia Pinto.
Falando de metodologia de pesquisa. Estudos e pesquisas em psicologia, Rio de
Janeiro, v. 5, n. 2, p. 18-28, dez. 2005. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/epp/
v5n2/v5n2a03.pdf. Acesso em: 3 jan. 2023.
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Para a escrita de todo e qualquer projeto em seleções
de mestrado, é importante seguir à risca o que o edital em
questão pede. Os tópicos aqui apresentados são direcionamentos
essenciais para você escrever o projeto — adapte-o ao que o seu
edital/programa pede.
SUMÁRIO 63
A questão-problema é uma pergunta de pesquisa que
precisa ser estruturada antes mesmo da escrita do texto em si.
Apresentaremos neste capítulo o passo a passo para construção
dessa pergunta-chave.
SUMÁRIO 64
para mestrado ou doutorado. Vale ressaltar, contudo, a importância e
necessidade da leitura minuciosa do edital a fim de que que o projeto
seja construído a partir das exigências do programa de pós-graduação.
PRINCIPAIS DISCUSSÕES
■ Introdução
SUMÁRIO 65
Depois de apresentar a contextualização da temática de sua
pesquisa, apresente-a de fato, respondendo à terceira pergunta:
qual a sua pesquisa e como será feita? Se a sua pesquisa for em
campo, apresente esse campo; se for bibliográfica, apresente
os portais da revisão.
■ Justificativa
SUMÁRIO 66
■ Questão-problema
■ Objetivos
SUMÁRIO 67
Exemplo 2: analisar quais as percepções acerca da construção
de cidadanias e produção de subjetividades de vítimas e familiares
da violência de Estado a partir das possibilidades de reparação.
■ Aporte teórico
SUMÁRIO 68
Outra pergunta importante pode ser: em que medida
essas autoras/esses autores dialogam com os estudos que estão
sendo realizados no programa de pós-graduação ao qual estou
submetendo o projeto? Pois bem, é necessário acompanhar os
estudos e pesquisas que estão sendo desenvolvidos para perceber a
contribuição que o trabalho terá, bem como para verificar se o corpo
docente teria interesse em orientar tal trabalho.
■ Metodologia
SUMÁRIO 69
Já com relação aos tipos de abordagem, a pesquisa
pode ser qualitativa, quantitativa ou mista. No que concerne aos
tipos de pesquisa, podemos destacar, por exemplo, as pesquisas
bibliográficas, exploratórias, descritivas ou explicativas. Se a sua
pesquisa é empírica, e terá um lugar/espaço/território em que
precisará visitar para realizar o trabalho, é interessante demarcá-lo
de fato como universo da pesquisa, apresentando endereço e demais
características pertinentes.
■ Referências
SUMÁRIO 70
Assim, para elaborar a lista de referências, que deverá estar
em ordem alfabética, é necessário analisar o tipo de material/obra,
assim como os elementos essenciais (informações indispensáveis
à identificação do documento) e complementares (elementos que
permitem caracterizar melhor a obra consultada).
■ Cronograma
SUMÁRIO 71
7
Alex Bruno Feitoza Magalhães
COMO CONSTRUIR
UM OBJETO E UMA
METODOLOGIA DIANTE
DA TÉCNICA DE COLETA
DE DADOS DOCUMENTAL?
DOI: 10.31560/pimentacultural/2023.98591.7
INDICAÇÕES DE LEITURA
GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Antes de falar sobre como construir um objeto e um
metodologia diante da técnica de coleta de dados documental,
devemos ter em mente:
SUMÁRIO 73
Para definir o objeto de estudo, comece sempre pelo que
ele não é! O objeto de estudo não necessariamente se diferencia
do tema de pesquisa. Ambos têm uma relação, um laço simbiótico
e simultâneo — ou seja, um não surge nem é descrito plenamente
sem o outro. O tema pode ser entendido como um universo amplo
sobre algum assunto e/ou temática; o objeto é a particularidade
que você irá estudar.
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
Exemplo prático:
SUMÁRIO 74
■ A delimitação do tempo: processos que tratam sobre
violações de direitos humanos dos povos indígenas, no
período ditatorial (1964-1985), requeridos entre 2001 e 2022.
SUMÁRIO 75
Quais são os métodos, as abordagens e os tipos de pesquisa
que se alinham com uma investigação científica materializada por
meio dos documentos? São alguns métodos:
Ex.: examinar como as correspondências do século XIX representavam as concepções de público e privado
Ex.: identificar aspectos coloniais em processos de reparação que julgam violações de direitos
humanos sofridas por povos indígenas durante a ditadura militar (1964-1985).
Ex.: partir dos fundamentos dos direitos humanos (geral) para explicar as dinâmicas
do racismo presentes na elaboração de um retrato falado (particular/local).
Ex.: os estereótipos de gênero presentes em decisões de juízes justificam prisões ilegais de mães.
SUMÁRIO 76
Vistos alguns métodos de pesquisa; quais são os tipos
de abordagem? A pesquisa documental permite fazer análises
qualitativas e quantitativas, seja de um determinado fenômeno,
acontecimento social ou informações estatísticas.
SUMÁRIO 77
■ Pré-análise: etapa em que o pesquisador irá eleger
os objetivos da pesquisa documental; ou, em outras
palavras, os questionamentos que buscará responder pela
análise de dados. É marcada, também, pela elaboração
de hipóteses a serem confirmadas (ou não) ao longo da
pesquisa. Fazem parte dessa fase: definição de objetivos,
construção do plano de trabalho, identificação das fontes e
levantamento de hipóteses.
PRINCIPAIS DISCUSSÕES
A metodologia entre o objeto e a técnica de coleta de dados
documental:
SUMÁRIO 78
O método serve para orientar a coleta de dados. Vários
são os métodos capazes de auxiliar no desenvolvimento de uma
pesquisa documental, tais como: histórico, indutivo, dedutivo,
hipotético-dedutivo, entre outros. Já a abordagem pode ser do tipo
qualitativa, quantitativa ou mista, por encarar, entre outras coisas, os
documentos como ferramentas analíticas.
Exemplo prático:
Quanto à coleta de dados, a proposta tende a tomar a perspectiva documental (MYNAIO, 2001) e será realizada
entre janeiro de 2023 e março de 2023, pois, para a compreensão do objeto de estudo, é importante ter acesso ao
acervo do Ministério da Justiça.
SUMÁRIO 79
Já o delineamento da pesquisa consiste em determinar
o objeto de estudo a ser investigado, podendo começar com a
indicação dos sujeitos da pesquisa, do universo e da amostra/
amostragem a ser estudada.
Exemplo prático:
Exemplo prático:
A delimitação da amostragem considerará apenas os requerimentos de reparação feitos por indígenas até o
ano de 2022.
A pesquisa documental, configurada para atuar a partir de documentos do acervo do Ministério da Justiça,
viabilizará organizar os processos dos povos indígenas e poderá apresentar reflexões em torno da resistência
às forças repressoras, por meio da narrativa testemunhal. Dessa maneira, a referida técnica de coleta de
dados será utilizada como mecanismo importante, pois possibilitará “organizar informações que se encontram
dispersas, conferindo-lhes uma nova importância como fonte de consulta” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 55-56).
SUMÁRIO 80
São três as fases que consistem na técnica de coleta de
dados documental: pré-análise, organização do material e
tratamento dos dados.
Exemplo prático:
As fases que configurarão a aplicação da técnica de coleta de dados serão três. Primeiro, (i) a pré-análise,
que constitui a fase de eleição de questionamentos e hipóteses que buscarão ser alcançadas via análise dos
processos sobre povos indígenas presentes no acervo do Ministério da Justiça. Depois, (ii) a organização do
material, mediante a classificação dos dados a serem interpretados, bem como a definição de categorias que
se relacionem com os objetivos da pesquisa. Por fim, na última fase, (iii) o tratamento dos dados, no qual o
pesquisador fará a análise das informações coletadas, momento em que as hipóteses serão confirmadas (ou não)
com base na inferência e interpretação dos dados.
2 Ver mais em: Objeto de estudo: saiba como delimitar em sua pesquisa (mettzer.com)
SUMÁRIO 81
8
Ilzy Gabrielle Soares da Silva
COMO CONSTRUIR
UM OBJETO E UMA
METODOLOGIA
DIANTE DAS IMAGENS
E DA ANÁLISE
DE CONTEÚDO?
DOI: 10.31560/pimentacultural/2023.98591.8
INDICAÇÕES DE LEITURA
BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. 3. ed. Lisboa: Edições 70, 2007
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de Pesquisa Social. 4. ed., São Paulo:
Atlas, 1990.
LOIZOS, Peter. Vídeo, filme e fotografias como documentos de pesquisa”. In: BAUER,
Martin W. GASKELL, George. (Orgs). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som:
um manual prático. Rio de Janeiro: Vozes, 2008.
MARCONI, Marina de Andrade e LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de Pesquisa. 2. ed., S
ão Paulo: Atlas, 1990
MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa Social: Teoria, método e criatividade.
18. ed. Petrópolis: Vozes, 2001.
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
A fase de elaboração de um projeto de pesquisa exige muita
reflexão e autorreflexão. É muito comum se sentir meio perdido
com tantas leituras, possibilidades de objetos de pesquisa, dúvidas
sobre qual a melhor estratégia metodológica, preocupação com o
ineditismo da pesquisa, qual programa escolher, qual orientadora
irá nos acompanhar nessa jornada... Enfim, os questionamentos são
inúmeros. Por isso é extremamente importante responder algumas
perguntas. Esse projeto que pretendo desenvolver faz sentido para
minha vida? Meu coração vibra quando penso em desenvolvê-lo ou
estou apenas em busca de mais um título? Estou mesmo disposta
a encontrar comigo mesma durante esse processo? O que esse
projeto de pesquisa diz de mim?
SUMÁRIO 83
A escrita de um projeto passa por nossas vidas e carrega
muito daquilo que somos, daquilo em que acreditamos, da forma
como vemos o mundo e, sobretudo, o quanto eu, como cientista,
posso contribuir para a melhoria deste mundo do qual fazemos
parte. Com isso em mente, precisamos pensar em um projeto que
dialogue com quem somos. É preciso que nosso coração vibre, que
nos apaixonemos por nossa pesquisa durante seu desenvolvimento.
É preciso se imaginar indo a campo, conversando com os sujeitos
que irão construir a pesquisa com a gente. E tudo isso é gestado
durante a elaboração do projeto.
SUMÁRIO 84
para alguma pesquisadora mais experiente, que tenha proximidade
com a linha de pesquisa que você pretende desenvolver, sobre qual
ou quais métodos seriam os mais indicados para o seu projeto.
O que não é interessante é indicar o método de análise de forma
aleatória, que não conversa com a proposta à qual você pretende
submetê-lo, combinado?
PRINCIPAIS DISCUSSÕES
Comentarei um pouco sobre dois métodos de análise:
o primeiro, voltado à análise de conteúdo, e o segundo, voltado à
análise de imagens. Autoras como Maria Cecília Minayo (2001),
Marina Marconi e Eva Lakatos (1990), Laurence Bardin (2007) e
Antônio Carlos Gil (1990) apresentam a análise de conteúdo em
seus escritos, sendo boas opções para conhecer o método e saber
como utilizá-lo. Mas vale uma dica: ao escolher esse método, é
interessante que você aprofunde suas leituras para que o entenda
bem e tenha segurança na hora de organizar os dados coletados
e fazer as análises.
SUMÁRIO 85
O método se divide em três etapas: pré-análise (onde, como
e qual recorte temporal será considerado para a coleta de dados);
exploração (explorar e organizar o material a partir das categorias
definidas); e tratamento (interpretação dos dados). Vale lembrar que
a análise de conteúdo pode não ser suficiente para que você alcance
aos resultados esperados. Por isso, ela pode ser combinada com
outro método, para que sua análise fique completa e os objetivos
definidos em seu projeto sejam cumpridos. O importante é entender
que esse método serve tanto para organizar o material quanto
para analisar os sentidos dos termos/palavras do texto. Você pode
utilizar planilhas, tabelas e tudo aquilo que possa contribuir para a
organização do material e facilitar sua análise posteriormente.
SUMÁRIO 86
Esses questionamentos podem ajudar a direcionar nosso
olhar de forma mais atenta aos detalhes, àquilo que num primeiro
momento pode ter passado despercebido. Outras coisas geralmente
levadas em consideração quando se analisa uma imagem são o
contexto histórico da artista criadora, se a imagem foi produzida em
uma situação específica, se é comercial ou conceitual, entre tantos
outros questionamentos que podem contribuir para uma análise mais
completa. O importante é que, para além daquilo que foi discutido
no referencial teórico e definido nos objetivos, você compreenda
que a imagem pode revelar, ainda que implicitamente, questões que
podem ser problematizadas.
SUMÁRIO 87
9
Lucas Leon Vieira de Serpa Brandão
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Um alerta: este não é um texto comum. É uma carta de
um amigo invadido por ideias que tenta dividir um pouco do que
sabe sobre os processos de utilização da entrevista e da análise do
discurso na metodologia de uma pesquisa, e que tenta sistematizar
alguns pontos que, acredito, possam ajudar você nesse percurso.
SUMÁRIO 89
esse mesmo objeto, desdobrá-lo e compreendê-lo, encontrando
respostas aos seus questionamentos. Dessa forma, vou me deter à
tarefa de discorrer sobre como descortinar um objeto de pesquisa
por meio da entrevista e da análise do discurso.
SUMÁRIO 90
ritmo da fala, pelas expressões ditas, pelas pausas, pelos sentimentos
expostos ou pelo contexto a que o narrador está exposto.
PRINCIPAIS DISCUSSÕES
Iremos agora tratar de como executar uma entrevista
de modo a evitar ao máximo a existência desses ruídos, uma vez
que usaremos a oralidade enquanto objeto metodológico. Essa
oralidade tem a capacidade de transmitir a existência de vivências
e acontecimentos que delineiam as relações. Insere quem narra na
coletividade e, da mesma forma, o sujeito na sociedade (e como ela
se manifesta no sujeito).
SUMÁRIO 91
Dessa forma, a técnica da entrevista apresenta-se como
caminho para obtenção de informações sobre o objeto, indo além de
seus aspectos objetivos e fornecendo dados relevantes.
SUMÁRIO 92
A terceira dica versa sobre a realização da entrevista. A
escolha do espaço deve ser confortável para todos os participantes
e garantir a qualidade da gravação para, posteriormente, assegurar
uma transcrição fiel do que foi dito. Neste momento, chamo a
atenção que a entrevista precisa seguir critérios éticos — daí a
importância de passar por um Comitê de Ética em Pesquisa (CEP).
Entre os critérios definidos pelo CEP está a apresentação do Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido, que garante que todos os
direitos dos participantes serão preservados.
SUMÁRIO 93
Na análise do discurso, o discurso é onde a língua ganha sentido.
SUMÁRIO 94
Por outro lado, temos o ouvinte. E o papel de ouvinte nunca é
neutro; afinal, carrega seus atravessamentos sociais e culturais, além
dos contextos em que está inserido. É um sujeito historicamente
construído, mas que deve construir um espaço de análise sem que
suas construções pessoais nela interfiram.
SUMÁRIO 95
10
Rita di Cássia de Oliveira Angelo
MINHA PROPOSTA
SEGUE UM PADRÃO
ÉTICO DE PESQUISA
CIENTÍFICA?
DISCUSSÕES SOBRE
A SUBMISSÃO DE UMA
INVESTIGAÇÃO EM UM COMITÊ
DE ÉTICA EM PESQUISA
DOI: 10.31560/pimentacultural/2023.98591.10
INDICAÇÕES DE LEITURAS
BRASIL. Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Dispõe sobre diretrizes e
normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 13 jun. 2013. Disponível em: http://conselho.
saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf. Acesso em: 10 nov. 2022.
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Quando pensamos em dar continuidade aos estudos e fazer
um curso de mestrado ou doutorado, uma tempestade de ideias
chega imediatamente à cabeça. O que pesquisar? Como pesquisar?
A pesquisa será com seres humanos? Preciso submeter minha
proposta de pesquisa à análise ética? Se as respostas às duas
últimas perguntas foram “sim”, logo vem o receio da submissão da
proposta de pesquisa ao sistema CEP/Conep.
SUMÁRIO 97
A Conep analisa protocolos de pesquisa de alta complexidade
(e de áreas temáticas especiais, como genética humana, reprodução
humana, populações indígenas e pesquisas de cooperação
internacional) e pesquisas propostas pelo Ministério da Saúde. Os
CEP são responsáveis pelos protocolos de pesquisa de baixa e média
complexidade, constituindo-se em primeira instância para todos os
projetos de pesquisa envolvendo seres humanos.
SUMÁRIO 98
E como saber quais são esses direitos? Conhecendo documentos
importantes e que vão ajudar na escrita do projeto de pesquisa no
que diz respeito aos aspectos éticos:
SUMÁRIO 99
individuais ou coletivos, com comprovação direta ou indireta de que
decorreu do estudo.
PRINCIPAIS DISCUSSÕES
Para desenhar uma proposta que contemple os aspectos éticos
da pesquisa com seres humanos, é necessário ter conhecimento das
resoluções e documentos que regem a ética em pesquisa no Brasil.
Considera-se pesquisa envolvendo seres humanos (PESH) toda
pesquisa que, individual ou coletivamente, tenha como participante
o ser humano, em sua totalidade ou em partes, de forma direta ou
indireta, incluindo manejo de dados secundários, informações e
material biológico.
SUMÁRIO 100
O protocolo de pesquisa é o conjunto de documentos com a
descrição metodológica da pesquisa (o projeto em si), documentos
relativos ao participante da pesquisa (termos de consentimento e/
ou de assentimento), informações relativas a todas as instâncias
responsáveis pela pesquisa e informações sobre a qualificação dos
pesquisadores (currículo).
SUMÁRIO 101
■ PROJETO BROCHURA: projeto de pesquisa contendo breve
e atualizada introdução ao problema de pesquisa, justificativa,
hipótese ou pergunta condutora, objetivos, descrição
detalhada do método empregado na pesquisa (desenho
do estudo, local da pesquisa, população e amostra, critérios
de elegibilidade, instrumentos de pesquisa, procedimentos
e operacionalização, plano de análise de dados), aspectos
éticos (riscos e medidas protetivas, benefícios, devoluta
e divulgação dos resultados), cronograma, orçamento e
referências bibliográficas.
SUMÁRIO 102
■ CURRÍCULO LATTES DO PESQUISADOR RESPONSÁVEL:
atualizado nos últimos 90 dias.
DICAS DE OURO
SUMÁRIO 103
■ Todos os termos obrigatórios devem informar as resoluções e
cartas circulares que regem o projeto de pesquisa;
SUMÁRIO 104
11
Luís Massilon da Silva Filho
E SE EU NÃO
CONSEGUIR
ESCREVER?
DISCUSSÕES SOBRE
O BLOQUEIO DE ESCRITA
DOI: 10.31560/pimentacultural/2023.98591.11
INDICAÇÕES DE LEITURA
CLARETO, Sônia Maria; VEIGA, Ana Lygia V. S. Uma escrita de muitos ou uma escrita
em travessia. In: CALLAI, Cristiana; RIBETTO, Anelice. Uma escrita acadêmica outra:
ensaios, experiências invenções. 1. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2016. p. 31-47.
MACHADO, Leila Domingues; ALMEIDA, Laura Paste de. Notas sobre escrever [n]uma
vida. In: CALLAI, Cristiana; RIBETTO, Anelice. Uma escrita acadêmica outra: ensaios,
experiências invenções. 1 ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2016. p. 75-85.
REZENDE, Camila Ribeiro de Almeida; SALLAS, Ana Luísa Fayet. O controle das emoções
na escrita acadêmica e seu impacto na relação do indivíduo com o trabalho intelectual.
Interseções, Rio de Janeiro, v. 21, n. 3, p. 654-676, dez. 2019. DOI 10.12957/irei.2019.47261.
Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/intersecoes/article/
view/47261. Acesso em: 18 jan. 2023.
SUMÁRIO 106
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
O prazer de escrever é um processo que deve estar alinhado
ao ato de criação, não somente do texto em si, mas também da
pessoa do escritor, que pode se tornar um agente da compreensão
e expressão de narrativas pessoais e sociais. Nossa intenção aqui
se destina a tratar da construção de um agente de narrativas do/
sobre/com o mundo. Escrever sobre as realidades postas presume
um alinhamento com a dimensão poética, sensível, de como
enxergamos as situações que nos atravessam, que nos impelem a
querer escrever a respeito.
SUMÁRIO 107
integram nosso desenvolvimento cognitivo. Até que ponto escrever
é uma dificuldade? Que aspectos (sociais, psicológicos, afetivos,
psicomotores, educacionais/escolares) inerentes à aprendizagem
influenciam a instituição e permanência de possível bloqueio? Seria
mesmo um bloqueio ou seria acomodação, resistência em praticar a
escrita, algo sempre muito distante do que vivenciamos?
PRINCIPAIS DISCUSSÕES
O que é escrever? Expressar-se por meio da escrita é ter
noção de uma infinitude de possibilidades. Uma delas é a escrita
acadêmica, que tem sido revista dentro de parâmetros estabelecidos
por normas enrijecedoras, assim ganhando espaço para se consolidar
ante às várias possibilidades de se constituir. Uma delas é a escrita
do “eu”, a “escrevivência” de mim, que nos faz compreender que a
escrita pode ser pessoal, artística, emotiva, intuitiva, livre, subjetiva,
metafórica, expressiva.
SUMÁRIO 108
Partir para essa prática nos coloca em condição de escritores de
si, uma “escrevivência” que estabelece reconhecimento de nossa
capacidade cognitiva, afetiva, social e literal.
SUMÁRIO 109
A escrita antes obstruída pode então, pela autoconfiança,
pela autoaceitação, pelo senso de alteridade composto na interação
com o outro, desenvolver-se a partir de processo social atrelado
a nossos processos individuais (emocionais, cognitivos, afetivos,
motivacionais). Outra alternativa de crescimento da condição
de escritoras é que possamos nos permitir compartilhar nossas
emoções advindas da insegurança, da vergonha e do medo, e que
reduzem a nossa confiança e baixa autoestima ao escrever. Ter a
oportunidade de dividir nossa escrita com alguém de confiança
pode propiciar a superação dessa situação conflitiva e momentânea,
para deixar surgir, ou melhor dizendo, permitir emergir o potencial
criativo de deixar-se ir, deixar-se escrever, “escreviver”.
Escrever é:
VIVER
CONTAR PESQUISAR
DETALHAR ESCREVER
DIZER
SUMÁRIO 110
caracterizado as pessoas como frágeis na suportabilidade
da dor (corpo/alma/ser). Muitas ações exigem de nós
desempenho múltiplos que colaboram para o surgimento de
comportamentos/atitudes causadores de bloqueios para a
escrita: tédio, angústia, medos, insatisfações, incompletudes.
A dica é para que possamos viver afetos e virar a chave para
o bem-estar psicossocial e emocional.
SUMÁRIO 111
processo e está refletido em nossa escrita. Meu corpo está
escrito, tem escrituras e tanto escreve como está nas linhas
por nós escritas. Os corpos se processam no/do encontro, e
conseguimos refletir isso por meio da escrita.
SUMÁRIO 112
com o que somos e atravessamos. Caminhos podem ser desvelados,
revelados, desenhados pelo deixar-se ir, deixar-se escrever por meio
de nossas próprias ferramentas e modalidades de aprendizagem.
Desconstruir as celas dos aprisionamentos dados e explicitar as
cenas de nossas experiências dadas. Vejamos um percurso:
SUMÁRIO 113
formação é o sujeito de vida. O sujeito que escreve (eu, você, o
outro, nós, a vida...) é o sujeito que narra a vida, que narra a si.
SUMÁRIO 114
12
Maria Rita Barbosa Piancó Pavão
PRECISO DE UM
BOM CURRÍCULO?
CONVERSA SOBRE
A ORGANIZAÇÃO
E COMPROVAÇÃO
DO CURRÍCULO LATTES
DOI: 10.31560/pimentacultural/2023.98591.12
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Acredito que sejam poucas as pessoas que, interessadas em
ingressar na pós-graduação, não tenham ouvido falar, ainda que timida-
mente, em Currículo Lattes. Afinal, é comum que as seleções de mes-
trado e doutorado sinalizem o envio do respectivo currículo ora como
requisito para habilitação da inscrição, ora como etapa eliminatória ou
etapa classificatória. Em qualquer dos casos, a montagem do Currículo
Lattes devidamente comprovado tem sido uma das atividades mais
temidas quando perguntamos sobre os processos seletivos em geral.
Este capítulo se destina, justamente, a contribuir para que a etapa seja
cumprida com maior leveza e eficácia, uma vez que são igualmente
comuns relatos de equívocos relacionados à sua elaboração.
SUMÁRIO 116
Não teríamos espaço neste livro para tratar de todos os
aspectos que importam às pessoas que desejam ingressar na pós-
graduação e estão “experimentando” o Currículo Lattes. Assim,
tentarei partir dos questionamentos mais recorrentes feitos a mim
para indicar alguns caminhos. Na primeira parte do texto, voltado
ao preenchimento propriamente dito na plataforma, não há muita
margem para discricionariedade, tendo em vista que as dicas a
serem dadas buscam associar determinadas atividades à forma mais
correta de inclusão das mesmas. Num segundo momento, debruçar-
me-ei sobre o processo de juntada dos documentos comprobatórios
ao Currículo Lattes — na grande maioria dos editais, o arquivo
comprobatório exigido é formado pelo Currículo Lattes e pelos
documentos que comprovam cada uma das atividades pontuáveis
e previamente nele inseridas — para dar dicas que podem ajudar
a diminuir a carga de trabalho decorrente dessa etapa. Tais dicas
podem ser total ou parcialmente desconsideradas; portanto, fiquem
à vontade para analisar as opções mais favoráveis.
PRINCIPAIS DISCUSSÕES
SUMÁRIO 117
Antes de mais nada, lembre-se: somente insira no
Currículo Lattes as atividades das quais você tem comprovação
(certificados/declarações/documentos oficiais/material já
publicizado). São esses documentos para os quais deverá dar
preferência na hora de montar o arquivo comprobatório.
SUMÁRIO 118
Em segundo lugar, há uma espécie de “estrutura tácita” indi-
cada para um bom preenchimento do Resumo. Sugiro que seja
atendida a seguinte ordem quando realizado o preenchimento:
SUMÁRIO 119
determinadas instituições de Ensino Superior mantêm vínculo com
elas, e essa informação deve constar tanto em formação acadêmica
quanto em atuação profissional. No interior dos vínculos, podemos
realizar inúmeras atividades, todas estritamente relacionadas
àqueles, como a participação em comissões e consultorias, as de
pesquisa e extensão, as de monitoria, etc.
SUMÁRIO 120
os cursos, os minicursos, as oficinas e os cursos de extensão,
mesmo que ofertados no interior de um evento científico e
desde que haja certificados individuais, devem ser mencionados
na aba de formação complementar (Formação — Formação
complementar), não enquanto participação em eventos.
SUMÁRIO 121
Comprovação dos trabalhos bibliográficos
Como comprovar a publicação de artigos publicados em
periódicos científicos, de capítulos de livros ou de artigos/resumos
publicados em anais de eventos? Mencionei, no início do texto,
para preferir os certificados ou as declarações como recursos
comprobatórios primeiros, entretanto a forma de comprovação
dessas atividades foge ligeiramente à regra. No caso de artigos
publicados em periódicos on-line, é preciso apresentar os seguintes
registros, na ordem: 1. página inicial da revista; 2. caso não apareça
o número do ISSN na página inicial (em alguns sites, o número
aparece ao final da página), o local da aparição; 3. menção ao artigo
no sumário, caso haja; 4) primeira página do artigo.
SUMÁRIO 122
1. Mantenha arquivos físicos e digitais sempre atualizados
e à sua disposição. Quando receber documentos
comprobatórios na versão digital, procure imprimi-los e
arquivá-los em pastas sanfonadas ou similares. Quando
os documentos forem entregues na versão física, use e
abuse de scanners e aplicativos para escaneamento e
faça cópias digitais.
SUMÁRIO 123
13
Maria Luiza Rodrigues Dantas
DOI: 10.31560/pimentacultural/2023.98591.13
INDICAÇÕES DE LEITURA
PEREIRA, F. S.; NETO, I. R. Ações afirmativas: quem são os discentes da pós-graduação
no Brasil? Revista Educação, Artes e Inclusão, Florianópolis, v. 15, n. 4, p. 105 - 127,
2019. Disponível em: https://www.revistas.udesc.br/index.php/arteinclusao/article/
view/13072. Acesso em: 16 jan. 2023
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Esta parte do Manual fugirá um pouco da lógica dos demais
capítulos. Neste capítulo, procuraremos explicar o que é a Lei de Cotas
(Lei 12.711/2012), abordar a importância do acesso à universidade
por meio de ações afirmativas, explicar como funcionam as cotas
na pós-Graduação e indicar os caminhos para conseguir o acesso a
essa formação a partir delas.
SUMÁRIO 125
Por isso, no que se refere ao acesso à graduação, as cotas
raciais estão dentro do grupo de ex-alunos de escola pública — ou
seja, 25% das vagas totais. Dessa forma, as cotas étnico-raciais,
que dizem respeito à candidatura de autodeclarados negros (pretos
e pardos) e indígenas, estão submetidas ao percentual dessas
populações no estado onde a instituição de ensino está localizada.
SUMÁRIO 126
PRINCIPAIS DISCUSSÕES
A cota para pretos e pardos, assim como para os indígenas,
tem ampla adesão das universidades, principalmente as federais.
O principal critério adotado pela lei é a autodeclaração, ou seja, o
candidato precisa confirmar sua identidade étnico-racial no ato da
inscrição para o mestrado ou doutorado.
SUMÁRIO 127
Na Lei de Cotas, a aplicação se estende às pessoas com
deficiência física, auditiva, visual, mental ou múltipla, seja ela visível
ou não no ambiente de trabalho. Nesse sentido, a condição de pessoa
com deficiência pode ser comprovada por meio de laudo médico
e Certificado de Reabilitação Profissional emitido pelo Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS).
SUMÁRIO 128
Mães Não existe Documento comprobatório Não existe
de filiação. Na maioria
dos casos precisa
ser baixa renda
LGBTQIA+ No ato da inscrição Não existe Não existe
Baixa renda Não existe Últimos 3 (três) Não existe
contracheques; últimas
3 (três) Declarações de
Imposto de Renda Pessoa
Física (IRPF) acompanhadas
do recibo de entrega
à Receita Federal do
Brasil e das respectivas
notificações de restituição,
quando houver; CTPS
registrada e atualizada
Refugiados Não existe Documento expedido pelo Não existe
Comitê Nacional para
os Refugiados (Conare),
devidamente reconhecido
pelo governo brasileiro
Assentados Não existe Habitação em assentamento Não existe
de reforma agrária e em
um conjunto de unidades
agrícolas, instaladas
pelo Incra em um imóvel
rural. Em alguns casos,
precisa ser baixa renda
SUMÁRIO 129
Em oposição à autoidentificação (autodeclaração), a hete-
roidentificação é somada à autodeclaração como um procedimento
que consiste na percepção social de outras pessoas (técnicas) para a
ide ntificação étnico-racial. Essa etapa é realizada pela Comissão de
Heteroidentificação, cujo objetivo é confirmar as características fenotí-
picas étnico-raciais a partir de uma perspectiva técnica.
SUMÁRIO 130
14
Fernando da Silva Cardoso
DOI: 10.31560/pimentacultural/2023.98591.14
INDICAÇÕES DE LEITURAS
ANDRADE, Rodrigo de Oliveira. Preparação para o futuro: investir na iniciação científica
durante a graduação pode ajudar estudantes a decidir sobre ingresso na pós.
Pesquisa FAPESP, n. 277, mar., 2019. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/
preparacao-para-o-futuro/. Acesso em: 1 fev. 2023.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA. Dez dicas para elaborar bom projeto de
pesquisa de mestrado e doutorado. UFJF Notícias, Juiz de Fora, 5 maio 2016. Disponível
em: https://www2.ufjf.br/noticias/2016/05/05/dez-dicas-para-elaborar-bom-projeto-
de-pesquisa-de-mestrado-e-doutorado/. Acesso em: 1 fev. 2023.
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Certamente, cada capítulo lido e aprofundado até aqui
elencou aspectos que, de modo singular, atendem a demandas e
expectativas de preparação para o ingresso em um programa de pós-
graduação. Assim, neste texto, os elementos levantados assumem
um tom de fechamento em relação ao que foi apreendido nas seções
anteriores e, particularmente, enquanto um conselho ampliado. São
indicações, na medida em que visam delinear pontos eventualmente
presentes nas etapas a serem percorridas no certame em si, mas
geralmente organizados nos bastidores das seleções de ingresso.
SUMÁRIO 132
pelas seleções (em média, um grupo de três ou quatro pessoas)
comandam o processo no todo e dispõem, com o auxílio dos
colegiados, os(as) responsáveis pela avaliação em cada momento.
No entanto, é um movimento comum não haver mudanças drásticas
de um edital para outro.
PRINCIPAIS DISCUSSÕES
Antes de situar as características das etapas que predominam
nas seleções para os programas de pós-graduação, tenha em mente
que a postura esperada nessa dinâmica avaliativa não é a mesma
que você ouve comumente ser associada a processos de seleção
para postos de trabalho. Estas geralmente são regidas por aspectos
do campo empresarial-organizacional que em nada se assemelham
àquelas que as universidades esperam dos(as) futuros(as) pós-
graduandos(as). Desconsidere qualquer indicação que guarde
relação com esse campo, pois elas podem, com grande propensão,
prejudicar a sua preparação e avaliação.
SUMÁRIO 133
Prova dissertativa / Prova escrita / Prova de conhecimento
Os nomes elencados acima são usuais para se referir, nos
editais, à etapa em que, anonimamente, a partir de uma bibliografia-
base indicada previamente ou não, o(a) candidato(a) deve demonstrar
a capacidade de dissertar sobre assuntos abordados nas linhas de
pesquisa do PPG pretendido. Assim, um aconselhamento que pode
poupar um tempo maior de estudos é ter como guia os últimos
editais e analisar que obras são contínuas ou mesmo eventuais
mudanças de indicação bibliográfica. Não é comum, de um ano para
outro, advirem grandes alterações na lista de fontes a serem lidas.
Portanto, a leitura prévia garantirá, por exemplo, maior tranquilidade
para, de acordo com os prazos da seleção, dedicar-se ao projeto de
pesquisa e à organização dos demais documentos.
SUMÁRIO 134
maneira ampla e, ainda, por linha de pesquisa; mencionar
outros(as) que mantêm relação com a questão e referências
listadas/lidas; e demonstrar profundidade teórica acerca do
campo que pretende ingressar.
SUMÁRIO 135
No primeiro caso, a ênfase da entrevista é dividida em
dois momentos. Inicialmente, a banca examinadora, a partir das
indicações no edital, especificará a forma e os recursos a partir
dos quais você deverá expor, brevemente, o plano de investigação
submetido e já avaliado em termos técnicos. Atente para o fato de
que a exposição deve ser direcionada a ressaltar as potencialidades
do projeto a partir de aspectos como: inovação científico-social da
proposta; demonstração da coerência do objeto de estudo com
as especificidades e temáticas estudadas na linha em que está
concorrendo, e pelos(as) pesquisadores(as) que a compõem; e a
exequibilidade metodológica e factual do projeto. A leitura prévia
das normas do processo seletivo proporcionará, com certeza,
maior confiança quanto à possibilidade/necessidade de recursos
audiovisuais ou não, acerca dos critérios avaliativos e no que diz
respeito ao que se espera de você nessa etapa.
SUMÁRIO 136
o seu currículo já terá sido, de diversas formas, observado e muitas
anotações foram feitas para analisar o seu perfil acadêmico. De tal
modo, durante toda a seleção, mantenha o seu Currículo Lattes
atualizado, independentemente da fase, pois será fundamental para
causar, como um todo, boa impressão.
SUMÁRIO 137
do(a) candidato(a), pode assumir diferentes cenários — se etapa
eliminatória ou apenas classificatória, ou no formato de prova
dissertativa ou de múltipla escolha; se exame aplicado pelo próprio
programa ou se exigida a apresentação de aprovação em provas de
idioma externas, aplicadas por institutos ou instituições de ensino
indicadas em edital. Novamente, antecipar-se e estudar os editais
anteriores é o caminho indicado para se preparar da forma mais
adequada e considerar que, em cada edital, as especificidades
relacionadas a essa etapa variarão consideravelmente.
SUMÁRIO 138
Sucintamente, você realizará a leitura e interpretação de um
texto em idioma estrangeiro, terá acesso a perguntas relacionadas a
ele, em português, e as responderá em seu idioma materno. Entenda,
assim, que o esperado é que você interprete o conteúdo e só realize
a tradução literal do todo ou de passagens do material quando
explicitamente solicitado (esse, inclusive, é um dos principais motivos
para atribuição de baixos conceitos nessa etapa).
SUMÁRIO 139
SOBRE OS ORGANIZADORES
Antonio Lopes de Almeida Neto
Doutorando em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (2023). Mestre em Direito pela Universidade Fede-
ral de Minas Gerais (2023). Graduado em Direito pela Universidade de Pernambuco — Campus Arcoverde (2020).
Membro do G-Pense!¿ — Grupo de Pesquisa sobre Contemporaneidade, Subjetividades e Novas Epistemologias (UPE
| CNPq). Membro do Grupo de Pesquisa “O estado de exceção no Brasil contemporâneo: para uma leitura crítica do
argumento de emergência no cenário político-jurídico nacional” (UFMG | CNPq). Integrante do projeto de pesquisa
coletivo Filosofia Radical e Teoria Crítica do Direito e do Estado (PPGD/UFMG). Membro da equipe editorial da (Des)
troços: revista de pensamento radical. Membro dos projetos de extensão Programa de Apoio e Acompanhamento
para Acesso à Pós-Graduação Stricto Sensu (UPE).
SUMÁRIO 140
SOBRE OS AUTORES E AS AUTORAS
Alex Bruno Feitoza Magalhães
Doutorando em Direito — Universidade Federal de Pernambuco (PPGD/UFPE). Mestre em Direitos Humanos — Univer-
sidade Federal de Pernambuco (PPGDH/UFPE). Especialista em Filosofia e Teoria do Direito — Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais (PUC-Minas). Graduado em Direito — Centro Universitário do Vale do Ipojuca (UniFavip).
Pesquisador dos Grupos de Pesquisa: Pós-colonialidade e Integração Latino-Americana (FDR-UFPE/CNPq) e Con-
temporaneidade, Subjetividades e Novas Epistemologias (G-pense-UPE/CNPq). Integrante do Projeto de Pesquisa:
Educação em Direitos Humanos: políticas, currículo e práticas no ensino superior jurídico do Sertão de Pernambuco
(Facepe/UPE). Extensionista do Programa de Apoio e Acompanhamento para Acesso à Pós-Graduação Stricto Sensu
(Facepe/UPE) e do Papo de Quinta — Ciclo de Debates Insurgentes (G-Pense!¿/UPE). Colunista do site História da
Ditadura (HD). Bolsista Capes.
SUMÁRIO 141
ALAS — Red de Académicos(as) Latinoamericanos en Género, Sexualidad y Derecho, Rede Brasileira de Educação
em Direitos Humanos (Coordenador Seção Pernambuco), Núcleo de Estudos e Pesquisas de Educação em Direitos
Humanos (NEPEDH-UFPE) e do Núcleo de Diversidade e Identidades Sociais (NDIS-UPE).
SUMÁRIO 142
Maria Luiza Rodrigues Dantas
Mestranda em Direito — Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGD-UFRJ). Pós-graduanda em Direito Ambiental
— Instituto O Direito Por um Planeta Verde. Graduada em Direito — Universidade de Pernambuco, Campus Arco-
verde. Assessora do Ministério Público de Pernambuco (MPPE — PJ Sertânia). Pesquisadora do Grupo de Estudos
e Pesquisas Transdisciplinares em Meio Ambiente, Diversidade e Sociedade (UPE/CNPq). Pesquisadora do G-Pense!
— Grupo de Pesquisa sobre Contemporaneidade, Subjetividades e Novas Epistemologias (UPE/CNPq). Pesquisadora
do Grupo de Pesquisa Inpodderales — Inovação, Pesquisa e Observação de Direito, Democracia e Representações
na América Latina e Eixo Sul (UFRJ/CNPq). Integrante do Programa de Extensão Direitos em Movimento (UPE/PFA).
Integrante do programa de extensão Papo de Quinta (UPE). Membra da Rede Brasileira de Educação em Direitos
Humanos (ReBEDH), onde exerce atividade voluntária de gerenciamento na Secretaria Executiva da Seção Pernam-
buco. Integrante do Coletivo Kwanzaa.
SUMÁRIO 143
Roberta Rayza Silva de Mendonça
Doutoranda em Direito — Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Direitos Humanos — Universidade
Federal de Pernambuco. Especialista em Direitos Humanos: Educação e Ressocialização — Universidade Cândido
Mendes. Graduada em Direito pelo Centro Universitário do Vale do Ipojuca. Professora do Curso de Direito do Centro
Universitário do Rio São Francisco — UniRios. Membra associada da Rede Brasileira de Educação em Direitos Huma-
nos (ReBEDH). Coordenadora do Grupo de Estudos María Lugones (UniRios). Coordenadora do Projeto de Extensão
Encontros: Ciclo de Debates sobre Direito, Diversidade e Sociedade (UniRios). Pesquisadora do Grupo do Direito,
Pragmatismo(s) e Filosofia (Uerj/CNPq). Pesquisadora do Grupo de Pesquisas Movimentos Sociais, Educação e Diver-
sidade na América Latina (UFPE/CNPq). Pesquisadora do G-Pense!¿ — Grupo de Pesquisa sobre Contemporaneidade,
Subjetividades e Novas Epistemologias (UPE/CNPq). Coeditora de Seção da Revista Debates Insubmissos (UFPE/CAA).
Extensionista do Observatório dos Movimentos Sociais na América Latina.
SUMÁRIO 144
ÍNDICE REMISSIVO
A G
ABNT 11, 51, 53, 54, 55, 57, 59, 61 graduação 8, 9, 11, 26, 27, 28, 29, 30, 34, 37, 41, 46, 65, 69, 116,
ações afirmativas 125 117, 119, 121, 124, 125, 126, 127, 128, 130, 132, 133,
134, 139, 140, 141
análise do discurso 11, 88, 89, 90, 93, 94, 95
aprendizagem 107, 108, 113 I
aulas 10, 11 inclusão 117, 120
indígenas 10, 74, 75, 76, 80, 81, 98, 103, 125, 126, 127
C
ciência nascente 19 L
ciências da natureza 19, 22 laudo médico 128
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas 8, 10, 42, 56, 57, 73 Lei de Cotas 125, 127, 128
conhecimento 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 27, 30, 34, 36, 38, 42, 46, M
100, 119, 134, 138 mestrado 8, 11, 27, 28, 36, 38, 41, 45, 60, 63, 65, 71, 97, 101, 116,
conhecimento verdadeiro 18 119, 126, 127, 132
cotas 125, 126, 129 metodologia 10, 11, 36, 40, 44, 50, 54, 63, 64, 66, 69, 72, 73, 78,
crenças 19 81, 82, 84, 89, 93, 99, 100, 102
métodos de pesquisa 77
D
mitos 19
deficiência 125, 128
democratização 12, 23 O
diversidade 17, 59, 126 objeto de estudo 31, 33, 41, 63, 73, 74, 75, 77, 79, 80, 136
doutorado 8, 11, 27, 28, 38, 41, 45, 60, 65, 71, 97, 116, 119, 126, 127, 132 ontologia 19
opinião 18, 19, 22
E
educação 9, 47, 48, 65, 66, 67, 92, 125 P
ensino superior 8, 9, 10, 37, 101, 116, 119, 120, 125, 141 pardos 125, 126, 127
epistemologia 17, 18, 19, 20, 21, 23, 24 pensamento filosófico 18
ética 19, 70, 97, 100, 101, 102, 103 pensamento grego 19
experiência 11, 40, 52, 107, 109, 111, 112, 113 pensamento racional 19
pesquisa científica 10, 11, 36, 38, 46, 51, 53, 60, 96, 98
F
pós-graduação 11, 26, 27, 28, 29, 30, 34, 36, 37, 41, 46, 65, 69,
filosofia 18, 19, 21, 22
116, 117, 121, 124, 125, 126, 127, 128, 130, 132, 133, 139
filosofia clássica 19, 21
povos quilombolas 127
SUMÁRIO 145
pretos 125, 126, 127 teorias do conhecimento 19, 20
R trabalho científico 54, 56
referências 54, 56, 60, 61, 64, 66, 70, 71, 102, 107, 109, 135 tratamento dos dados 81
rigor epistemológico 19 U
S universidade 8, 11, 12, 28, 33, 36, 37, 42, 44, 56, 125, 128, 130
senso comum 19, 22, 24, 42 universo acadêmico 38
stricto sensu 27, 28, 29, 30, 32, 34, 37, 41, 136, 139 V
T verdade 18, 19, 22, 23, 76
tema de pesquisa 36, 66, 73, 74 videoaulas 11
SUMÁRIO 146