Fichamento II - Fichamento Hipótese de Incidência Tributária - Geraldo Ataliba

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Norma tributária

Direito tributário objetivo é o conjunto de normas jurídicas que regula a tributação,


entendendo-se por tributação a ação estatal de tributar.

É norma tributária – compondo o conjunto que se convencionou designar direito


tributário material – a que trata do tributo, na sua configuração e dinâmica, e rege o
relacionamento que o instituto enseja estabelecer entre os sujeitos da obrigação tributária e
dos deveres de contorno.

Questão terminológica

Há dois momentos lógicos (e cronológicos): primeiramente, a lei descreve um fato e di-


lo capaz (potencialmente) de gerar a uma obrigação. Depois, ocorre o fato. Se ele revestir as
características antes hipoteticamente descritas na lei, então determina o nascimento de uma
obrigação tributária, colocando a pessoa (que a lei indicou) como sujeito passivo, ligado ao
Estado até obter a sua liberação, pela prestação do objeto da obrigação (tendo o
comportamento de levar aos cofres públicos a quantia em dinheiro fixada pela lei).

Geraldo Ataliba define fato gerador in abstracto por “hipótese de incidência” e in


concretu por “fato imponível”, pelas razões já expostas.

O fato concreto, efetivamente ocorrido, na conformidade da previsão legal, é


designado fato imponível. O fato imponível acarreta a incidência de mandamento que, ao
determinar que alguém “pague X ao Estado”, cria um laço obrigacional ligando esse alguém ao
Estado.

Hipótese de incidência como conceito legal

Hipótese de incidência é a descrição legal de um fato: é a formulação hipotética, prévia


e genérica, contida na lei, de um fato. É, portanto, mero conceito, necessariamente abstrato. É
formulado pelo legislador fazendo abstração de qualquer fato concreto. Por isso, é mera
previsão legal.

Ainda, é só uma definição contida em lei. Pertence ao mundo dos valores jurídicos.
Pelo contrário, o fato imponível real é a realização dessa hipótese legal. Pertence ao mundo da
realidade fática.
A multiplicidade de fatos concretos não é abrangida pelos conceitos legais. Pelo
contrário, só alguns fatos são objeto de conceitos legais do que resulta que só um número
muito reduzido constitui fato jurígeno ou fato jurídico relevante.

Segundo Misabel Derzi, “os tributos são objeto de uma enumeração legal exaustiva, de
modo que aquilo que não está na lei, inexiste juridicamente. A diferenciação entre um tributo
e outro se dá através de uma classificação legal, esgotante do conceito de tributo. Criam-se, a
rigor, espécies tributárias como conceitos determinados e fechados que se distinguem umas
das outras por notas fixas e irrenunciáveis.

Fato imponível e sua subsunção à hipótese de incidência

Fato imponível é o fato concreto, localizado no tempo e no espaço, acontecido


efetivamente no universo fenomênico, que – por corresponder rigorosamente à descrição
prévia, hipoteticamente formulada pela hipótese de incidência legal – dá nascimento à
obrigação tributária. Dessa forma, cada fato imponível determina o nascimento de uma
obrigação tributária.

Ainda, o fato imponível é um fato jurígeno, ou seja, fato juridicamente relevante a que
a lei atribui à consequência de determinar o surgimento que da obrigação tributária concreta.

Portanto, se houver subsunção do fato à h.i., ele será fato imponível. Se não houver
subsunção, considera-se, portanto, o fato como irrelevante ao direito tributário.

Nascimento da obrigação tributária

A configuração do fato (aspecto material), sua conexão com alguém (aspecto pessoal),
sua localização (aspecto espacial) e sua consumação num momento fático determinado
(aspecto temporal), reunidos unitariamente determinam inexoravelmente o efeito jurídico
desejado pela lei: a criação de uma obrigação jurídica concreta, a cargo de pessoa
determinada, num momento preciso.

Subsunção

É o fenômeno de um fato configurar rigorosamente a previsão hipotética da lei. Diz-se


que um fato de subsume à hipótese legal quando corresponde completa e rigorosamente à
descrição que dele faz a lei.

Fato imponível como fato jurídico e não ato jurídico


Se a lei colocar como aspecto material da hipótese de incidência um fato que para
outros ramos do direito é voluntário, para o direito tributário esse fato será jurídico
simplesmente, sendo indiferente sua classificação como fato voluntário ou não.

Portanto, para o direito tributário é irrelevante a vontade das partes na produção de


um negócio jurídico. A única vontade relevante é a vontade da lei, que toma esse ato unilateral
privado como fato, ao coloca-lo como simples fato jurídico na hipótese de incidência.

Diferenças entre hipótese de incidência e fato imponível:

HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA FATO IMPONÍVEL


- Descrição genérica e hipotética de um fato - Fato concretamente ocorrido
- Conceito legal - Fato jurígeno
- Designação do sujeito ativo - Sujeito ativo já determinado
- Critério genérico de identificação do sujeito passivo - Sujeito passivo: “Tício”
- Critério de fixação do momento de configuração - Ocorrência – dia e hora determinados
- Eventual previsão genérica de modo e lugar - Modo e local determinados
- Critério genérico de mensuração - Medida (dimensão) determinada (base calculada)

Aspectos da hipótese de incidência

1. Aspecto pessoal

É a qualidade que determina os sujeitos da obrigação tributária, que o fato imponível fará
nascer.

1.1.Sujeito ativo

É o credor da obrigação tributária. É a pessoa a quem a lei atribui a exigibilidade do


tributo.

1.2.Sujeito passivo

É o devedor, convencionalmente chamado de contribuinte. É a pessoa que fica na


contingência legal de ter o comportamento objeto da obrigação, em detrimento do
próprio patrimônio e em favor do sujeito ativo.

1.2.1. Sujeito passivo nos tributos vinculados


É a pessoa que utiliza um serviço, tem-no à disposição ou é atingida por um ato de
polícia ou ainda a que recebe especial benefício de uma atividade pública, ou a
provoque.

2. Aspecto temporal
Define-se aspecto temporal como a propriedade que esta tem de designar (explícita
ou implicitamente) o momento em que se deve reputar consumado (acontecido,
realizado) um fato imponível. Há um limite constitucional instransponível à discrição
do legislador, na fixação do aspecto temporal: não pode ser anterior à consumação
(completo acontecimento) do fato. Isto violaria o princípio da irretroatividade da lei
(art. 150, II, a).

2.1.Classificação da hipótese de incidência quanto ao aspecto temporal

a) Hipóteses de incidência que preveem o momento exato para ocorrência do


fato imponível;
b) Hipóteses de incidência que não fazem alusão ao momento em que deva
ocorrer o fato imponível.

3. Aspecto espacial

Designa-se por aspecto espacial a indicação de circunstancias de lugar – contidas explicita


ou implicitamente na hipótese de incidência – relevantes para a configuração do fato
imponível.

4. Aspecto material

O aspecto mais complexo da hipótese de incidência é o material. Ele contem a designação


de todos os dados de ordem objetiva, configuradores do arquétipo em que a h.i consiste: é
a própria consistência material do fato ou estado de fato descrito pela h.i.; é a descrição
dos dados substanciais que servem de suporte à h.i.

4.1.Base imponível

Base imponível é uma perspectiva dimensível do aspecto material da h.i. que a lei
qualifica, com a finalidade de fixar critério para a determinação, em cada obrigação
tributária concreta, do quantum debetur. É, portanto, uma grandeza insíta na h.i. É um
conceito legal, a que fica preso o interprete. É qualidade jurídico-normativa da h.i. a
mensuração do fato imponível só pode ser feita de acordo com o critério normativo
que na base de calculo se adota.

4.2.Base calculada

Resulta da aplicação concreta da base imponível. Base de calculo é um conceito legal


de tamanho; base calculada é magnitude concreta, é a precisa medida de um fato.

4.3.Alíquota

É um termo do mandamento da norma tributária, mandamento esse que incide se e


quando se consuma o fato imponível, dando nascimento à obrigação tributária
concreta. A alíquota será aplicada somente depois que o fato escolhido para base de
cálculo, sob a ação do método de conversão, transfigurou-se em cifra, de modo que a
alíquota sempre representa uma parcela deste fato já transfigurado em cifra e não
daquele outro fato que condicionou a variação da alíquota.

4.3.1. Alíquota e Taxa

As taxas nem sempre têm alíquotas. Na verdade, não se trata de atribuição ao


Estado pela lei, de parcela de riqueza alguma. Esta explicação não é aplicável às
taxas, cujo principio informativo é totalmente diverso: decorre da constituição
(art., II) que o principio regente da taxa é a remuneração. Assim, o custo de um
serviço publico não geral (especifico) deve ser repartido entre seus usuários, na
medida em que cada administrado o utiliza.

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