Análise Ergonômica Do Trabalho em Um Comércio Varejista Farmacêutico
Análise Ergonômica Do Trabalho em Um Comércio Varejista Farmacêutico
Farmacêutico
Resumo:
O presente artigo busca analisar ergonomicamente o posto de trabalho de um comércio varejista
farmacêutico tendo com o objetivo observar as posturas e movimentos realizados pelos colaboradores,
identificando as principais queixas e transtornos relacionados com o seu local de trabalho, avaliar o
mobiliário e ferramentas, para propor melhorias e possíveis adaptações para resultados mais eficientes.
Para a realização deste foram necessários, coletas de dados, pesquisas bibliográficas e registro das
atividades. Caracterizou-se como um estudo descritivo, com uma amostra de sete funcionários de uma
farmácia delimitada mediante a aceitação de participação. A avaliação da pesquisa se deu por meio de
um questionário relacionado à jornada de trabalho e possíveis desconfortos. Por fim, verificaram-se
possíveis melhorias e contribuições para a saúde dos colaboradores.
Palavras-chaves: Ergonomia, Análise Ergonômica do Trabalho e Posturas de trabalho.
Abstract
This article aims to analyze ergonomically a pharmaceutical retail trade with the objective of observing
the postures and movements performed by employees. Furthermore, this article searches to identify the
main complaints and disorders related to their workplace, to evaluate the furniture and tools and to
propose improvements and possible adaptations for more efficient results. For this purpose, it were
required data collection, bibliographic searches and registration of activities. This article is characterized
as a descriptive study, with a sample of seven employees of a pharmacy delimited by the acceptance of
participation. The research evaluation was done through a questionnaire related to the working day and
possible discomforts on it. Finally, it was verified there were possible improvements and contributions
to the health of employees.
Key-words: Ergonomics, Ergonomic Analysis of Work and Work Postures.
1. Introdução
2. Referencial Teórico
Este capítulo tem como objetivo explanar revisão da literatura dos métodos, das ferramentas e
dos conceitos aplicados para o desenvolvimento da pesquisa. Bem como traçar um perfil sobre
a ergonomia e o ambiente do trabalho.
2.1. Ergonomia e o ambiente de trabalho
A Ergonomia é uma ciência interdisciplinar e compreende a fisiologia e a psicologia do
trabalho, bem como a antropometria e a sociedade no trabalho. O objetivo prático da Ergonomia
é a adaptação do posto de trabalho, dos instrumentos, das máquinas, dos horários, do meio
ambiente às exigências do homem. A realização de tais objetivos, ao nível industrial, propicia
uma facilidade do trabalho e um rendimento do esforço humano (KROEMER; GRANDJEAN,
2006).
No Brasil a Norma Reguladora em Ergonomia é a NR 17, que visa estabelecer parâmetros que
permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos
trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho
eficiente. Além de estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho
às características dos trabalhadores, como o levantamento de cargas, mobiliário, iluminação,
conforto térmico, entre outros.
2.2. Biomecânica
Para a melhor compreensão sobre os mecanismos posturais e sua manutenção perante as
situações exigidas no trabalho e na vida cotidiana, Iida (1990), aponta as interações entre o
trabalho e o homem sob o ponto de vista dos movimentos musculoesqueléticos envolvidos. O
autor analisa a questão das posturas corporais no trabalho e a aplicação de forças. Faz referência
ao manuseio de produtos e instalações físicas, que se forem inadequadas e realizadas
mecanicamente incorretas, podem ser motivo para o surgimento de tensões musculares, dores
e fadiga.
A biomecânica do trabalho analisa as interações e as consequências da relação homem-trabalho,
do ponto de vista dos movimentos músculo-esqueletais. A biomecânica, portanto, pode ser
dividida em dois segmentos: posturas corporais e aplicações de forças (IIDA, 2005).
As posturas corporais básicas são classificadas por Iida (2005):
-Deitada: Não apresenta concentração de tensões, permite relaxamento muscular. É dita como
a posição para repouso e recuperação da fadiga;
- Sentada: Atividade postural do dorso e do ventre. O peso do corpo é praticamente todo
suportado pela pele das nádegas.
- Em pé: Considerado altamente fatigante por exigir trabalho estático da musculatura para se
mantiver nessa posição. Essa exige que seja realizado o trabalho dinâmico.
2.3. Análise ergonômica do trabalho
Segundo Fialho e Santos (1995), a análise ergonômica do trabalho é entendida como uma
metodologia que tem como finalidade desvendar as diferenças entre os trabalhos formal e real,
com a intenção de elaborar recomendações de modificações das condições laborais em seus
pontos críticos evidenciados, de tal modo a possibilitar oportunidade à segurança e à eficácia
de trabalhadores e processos, preservando a saúde e o conforto dos indivíduos. Comentam
também os autores que a análise ergonômica do trabalho se realiza para avaliar o entorno de
um posto de trabalho, com vistas a determinar riscos, observar excessos, propor mudanças de
melhorias, etc.
Conforme a NR 17, para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do
trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho. Esss condições
incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao
mobiliário, aos equipamentos, às condições ambientais do posto de trabalho e à própria
organização do trabalho. A AET visa aplicar os conhecimentos da ergonomia para analisar,
diagnosticar e corrigir uma situação real de trabalho.
3.Metodologia
A presente pesquisa foi realizada por meio da análise ergonômica do trabalho em uma farmácia,
levando-se em consideração suas características, áreas, sujeitos e instrumentos de coleta,
ordenamento e análise de dados. Quando à natureza foi feita sob uma abordagem descritiva,
pois serão levantados dados referentes às diferentes posturas e movimentos adotados pelo
trabalhador, bem como, seu ambiente de trabalho. Dessa forma, a amostra de estudo ficou
delimitada em cinco funcionários, que foram selecionados mediante a sua aceitação de
participação.
Além disso, foram feitas observações in loco que ajudaram na análise ergonômica, como
também avaliações nos mobiliários, posturas, postos de trabalho. Com o intuito de obter mais
informações, foram elaborados questionários para definir as principais variáveis, como
também, o registro das atividades desenvolvidas através de imagens para a identificação das
principais problemáticas envolvidas.
Assim, este método baseia-se na atuação de observadores treinados para obter determinados
tipos de informações sobre processos, impactos, entre outros para assim objetivar a criação de
propostas de melhorias.
4. Caracterização da empresa
A análise foi realizada no posto de trabalho e nos funcionários de um comércio varejista de
produtos farmacêuticos, perfumaria e cosméticos, localizada no centro do município de
Benevides, região metropolitana de Belém do Pará. De acordo com a relação da Classificação
Nacional de Atividades Econômicas - CNAE e com a NR-04 o grau de risco para esse tipo de
atividade é zero.
A empresa conta com um acervo de sete funcionários, distribuídos da seguinte forma: um caixa,
quatro atendentes, um farmacêutico e um gerente, que trabalham em um turno de 8 horas
diárias. No entanto, para o presente trabalho, somente seis funcionários, com uma média de
idade de 30,33 anos, concordaram em participar da análise que procurava observar as posturas
e movimentos realizados pelos colaboradores, identificar as queixas e transtornos relacionados
com o seu local de trabalho, avaliar o mobiliário e ferramentas, para propor melhorias e
possíveis adaptações para resultados mais eficientes.
5. Análise e Resultados
Com relação à carga horário de trabalho, idade, assim como o tempo de serviço que os
colaboradores estão à disposição da empresa, pode ser observado o quadro 1.
Tempo no local de
Função Idade
trabalho
Caixa 39 anos 4 meses
Atendente 1 32 anos 2 meses
Atendente 2 25 anos 10 meses
Atendente 3 25 anos 3 anos
Atendente 4 33 anos 1 ano e 5 meses
Farmacêutico 28 anos 5 meses
* Todos trabalham em um turno de 8 horas diárias
Quadro 1 – Dados dos funcionários (Autores 2017)
Os índices mostram que a maioria dos trabalhadores apresenta faixa etária entre 25 e 33 anos e
que realizam suas atividades por menos de um ano. A explicação deve-se ao fato de que existe
grande rotatividade na contratação temporária de novos funcionários, visto que a maioria não
permanece por muito tempo no local de trabalho.
Como todos os funcionários trabalham em um turno de 8 horas diárias, que é o recomendado
pelas leis trabalhistas e está de acordo com as normas, observa-se que eles não estão muito
expostos aos fatores de riscos, visto que quanto maior o tempo de exposição, maior também
será a probabilidade de o colaborador adquirir algum tipo de doença ocupacional.
Analisando as posturas adotadas pelo mesmo, identificou-se que a colaboradora que atende no
caixa e que é responsável pelos pagamentos, recebimento de valores, fechamento de caixa e
emissão de notas fiscais, realiza o seu trabalho na posição sentada, na qual permanece por um
longo período de tempo, podendo alternar com a posição em pé para aliviar a tensão e as dores
musculares. Foi observado que seu posto de trabalho não apresenta mobiliários adequados, para
que ela realize suas atividades com uma postura favorável. Assim, foi identificado que, na
posição sentada, não havia uma superfície de apoio para os pés, com a presença da flexão
forçada das pernas. Além disso, a cadeira, a mesa e acessórios não estavam ajustáveis às suas
características antropométricas, anatômicas e às tarefas desenvolvidas, conforme mostra a
Figura 1.
Figura 1 – Posição do caixa (Autores 2017)
Como se observa, a altura da superfície é muito alta, havendo a necessidade de aumentar a
altura da cadeira, fazendo com que os membros inferiores fiquem forçados sem apoio para
descanso. Além disso, a cadeira não apresenta apoio para os antebraços, e mesmo possuindo
regulador no encosto, o mesmo encontrava-se sem condições de uso.
Vale ressaltar que, durante a análise, o banco do caixa foi alterado pelo gerente, sendo que por
observações feitas anteriormente, o assento que se encontrava no local era outro com condições
ainda mais desgastantes e que proporcionavam ao colaborador mais dores musculares, devido
a sua péssima qualidade para o serviço em questão, conforme mostra a Figura 2.