Dispraxia, Dislexia, Processamento Sensorial, Hipermobilidade

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DISPRAXIA, DISLEXIA, PROCESSAMENTO SENSORIAL,

HIPERMOBILIDADE

Maria Raquel Miranda

Há anos me deparo com crianças, jovens e até adultos com SED (Síndrome de Ehlers-Danlos) e/ou
hipermobilidade com dificuldades para leitura. Algumas crianças SED , embora muito inteligentes,
sem problema cognitivo algum, têm atraso escolar. Algumas , com terrível dificuldade para
completar sua alfabetização, principalmente com problemas de leitura, cópia de textos, ou cópia do
quadro, compreensão de textos. Aí , eu pergunto para as mães, levaram ao oftalmologista? E claro, a
resposta é positiva. Essas crianças já fizeram avaliação de grau (muitas, quase todas, tem óculos
corretivos). Então, porque permanecem com problemas para "enxergar" no quadro? Ou para lerem
um livro? Ou, não conseguem ler e entender as questões das provas? E porque existem outros tantos
SED que se queixam de cansaço visual após pequeno período de leitura? A visão turva, embaçada,
mesmo usando óculos corretivos?

Esse artigo pode nos dar uma pista:


http://revistaepoca.globo.com/Saude-e-bem-estar/noticia/2011/12/distorcao-visual-atrapalha-
aprendizado.html
E este vídeo também: http://www.youtube.com/watch?v=txPfWF7Tgos&feature=related

Além disso, encontrei uma relação direta entre hipermobilidade e dispraxia. Traduzi parte do artigo
(veja abaixo). Parece, só parece, que estamos falando de coisas diferentes, mas não é. Por trás da
dispraxia (transtorno de desenvolvimento de coordenação) e da dislexia perceptual de leitura
(síndrome de Irlen) existe um mesmo princípio: um distúrbio no processamento sensorial (assunto
que tratei no nosso site informativo: http://sindromedeehlersdanlos.blogspot.com/2011/02/escola-
processamento-sensorial-e.html).

Artigo sobre Dispraxia:


O que é Dispraxia?
Algumas crianças apesar de um ensino adequado, um ambiente estimulante e com um intelecto
geralmente normal, têm dificuldade com o movimento e aspectos específicos de
aprendizagem. Dispraxia é a dificuldade com o pensamento, planejamento e realização de tarefas
sensoriais / motoras.
O que está na base desse transtorno?
Transtorno de Desenvolvimento de Coordenação (TDC) e Dispraxia não são novos. Por mais de um
século diferentes termos têm sido usados para descrever as crianças com um quadro predominante
de dificuldades motoras - termos como "criança desajeitada".
Annell (1949) disse ao descrever a criança desajeitada:
"Inábil em movimentos, com dificuldades em jogos, sem esperança de dançar e praticar ginástica,
um escritora ruim e com defeito na concentração. Ela é desatento, não consegue ficar parada, deixa
o seu cadarço desamarrado, abotoa sua camisa de forma errada, esbarra em móveis, quebra vidros,
escorrega de sua cadeira, chuta as pernas contra o balcão e, talvez, leia mal "
As dificuldades são definidas com base em uma falha para ganhar habilidades em ambos os
movimentos : coordenação bruta e coordenação fina e que não pode ser explicadas pelo

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aprendizado geral deficiente ou uma condição médica como a paralisia cerebral. Há ampla evidência
de que essas dificuldades podem ter um impacto considerável na vida das crianças, que lutam para
planejar e se organizar. Isso geralmente afeta a criança tanto na escola como em casa, porque fica
evidente o contraste com outras crianças que adquirem essas habilidades com pouco esforço.
Hoje, Dispraxia é o termo mais comumente utilizado no Reino Unido com definições diferentes, mas
o termo mais recente, formal e amplamente utilizado internacionalmente para descrever essas
crianças é Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC). Ele aparece no Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (APA, DSM-IV, 1994; APA, DSM-IV-TR, 2000) e na
Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (OMS, CID-10, 1992a;
1992b; 1993). Um crescente interesse por essas crianças tanto na pesquisa acadêmica e como na
prática clínica e educacional está começando a levar a uma maior compreensão da gestão,
identificação e o impacto a longo prazo na vida da criança e da família (ESRC série de seminários,
Sugden, 2004-2005).

Como as crianças são identificadas e classificadas?


As crianças são geralmente identificadas por qualquer um dos pais ou por uma preocupação dos
professores. Existem várias listas de verificação, incluindo a DCDQ para os pais e os Checklist
Movimento Early Years para crianças mais novas e checklist Movimento ABC para profissionais. A
ferramenta mais comum de avaliação utilizados no Reino Unido é a bateria de testes do movimento
ABC e nos EUA é o Teste Bruininks-Oseretsky de Proficiência Motora que identifica um nível de
deificuldades motoras. A criança também precisa mostrar que estas dificuldades ocorrem em casa e
na escola . Outras razões para as dificuldades também devem ser excluídos, como paralisia cerebral
ou distrofia muscular.

Existe sobreposição com outras condições?


Sobreposição com outras dificuldades específicas de aprendizagem é comum.
Gillberg (1998), Pitcher et al (2003), e Rasta & Eliot (1999), demonstram evidências de sobreposição,
com crianças apresentando TDC com outras perturbações do desenvolvimento neurológico. Por
exemplo, no estudo populacional canadense (Kaplan et al (1997)), 23% das crianças mostraram sinais
de TDC, 8% preencheram os critérios para o TDAH, e 19% foram classificados como disléxicos. Quase
25% das crianças afetadas tinham todos os três, enquanto 10% tinham ambas TDAH e TDC, e 22%
tinham dislexia eTDC. Gillberg (1998) também descreveu o modelo (déficits motor, atenção e
percepção) DAMP, onde uma sobreposição de 40% do TDAH e TDC foi descrito.
Resumos adicionais de trabalho nesta área podem ser encontradosem Kirby (2005) e Verde e Baird
(2005).Além disso, trabalhos recentes de Adib et al (2005) e Kirby (2004) também mostraram uma
associação entre dificuldades motoras e síndrome de hipermobilidade articular (SHA). SHA ocorre
quando crianças e adultos têm articulações hipermóveis e eles podem ter estalos e hematomas.
Algumas crianças deslocam algumas articulações também. Mais pesquisa está sendo realizada,
atualmente, no Dyscovery Center.

Onde as crianças vão ser avaliadas?


A crianças com dificuldades motoras presentes normalmente se apresentam para terapeutas
ocupacionais, fisioterapeutas e pediatras. Os psiquiatras são menos conscientes da TDC, embora uma
grande percentagem de crianças que têm sido apresentadas a eles em clínicas de TDAH terão
dificuldades motoras que podem ter impacto em suas vidas cotidianas. (Kirby e Salmon, 2007)
Há uma necessidade de se levar em consideração a sobreposição de distúrbios do desenvolvimento,
ao invés de segmentação de serviços que atualmente é comum existir.

Identificadores chaves para a sala de aula:

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 Dificuldades de escrita , colorir, pintar, cortar em comparação com outras crianças;
 Habilidades com bola, especialmente jogos da equipe - evita ou demora mais a aprender as
habilidades e as regras do jogo
 Esbarrar e bater em coisas e pessoas
 Tarefas de cuidados pessoais – dificuldades com higiene, abotoar, uso de zíperes e cadarços, uso de
talheres
 Inquietação na sala de aula
 Dificuldades de organização e gestão do tempo
 Dificuldade com conceitos matemáticos – tabelas, gráficos, geometria

Mais dificuldades associadas podem estar adiconadas: como TDAH, dislexia, síndrome de Asperger,
Distúrbio Específico de Linguagem.

O que sabemos sobre a intervenção?


A intervenção é geralmente administrada por profissionais de saúde, como fisioterapeutas,
terapeutas ocupacionais e pode incluir vários métodos, tais como a terapia de integração sensorial
que visa identificar o processo ou processos subjacentes que a criança não desenvolveu de forma
adequada e que são considerados necessários para o desempenho bem sucedido e aquisição de
habilidades motoras. Assim, a intervenção, por exemplo, teria como objetivo melhorar o
funcionamento corporal cinestésico na criança e o desenvolvimento de várias habilidades motoras
(ver Sugden & Chambers (2005) para uma revisão).
Em adolescentes e adultos há uma necessidade de ser prático nas abordagens. É essencial trabalhar
com o indivíduo à partir dos seus objetivos e motivações. Há uma necessidade de se concentrar em
habilidades de vida independente e procurar passatempos onde o sucesso pode ser alcançado. Usar
um computador para escrever é essencial se a escrita manual continua sendo um problema, pois é
improvável que haja tempo suficiente para melhorar muito essa condição na adolescência ou na
vida adulta, quando existem outras prioridades. Uma adaptação como o uso de um carro automático
para aprender a dirigir pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso.
Recente trabalho de Kirby (2008) estudando os alunos na faculdade com TDC tem mostrado que
jovens adultos podem ter maiores dificuldades para aprender a dirigir (principalmente com
estacionamento e estimativa de distância), e a escrita e a capacidade de organização continuarão a
ser difíceis para muitos deles. Pelo menos 50% terão dificuldades de escrita e as dificuldades de
organização no trabalho e na vida pessoal comumente permanecem um problema.
Havia uma visão até o início dos anos 90 que as crianças com TDC " grow out" (se desenvolviam
independente) desta condição. No entanto, as crianças com TDC são afetadas por suas dificuldades e
isto tem sido relacionado à uma baixa auto-estima. Estudos em TDC mostraram que as crianças se
percebem como menos competentes do que seus pares não apenas no domínio do jogo físico
(competência atlética), mas também em vários outros domínios, incluindo a aparência física e
aceitação social (Rose et al (1997), e Schoemaker Kalverboer (1994), Skinner e Piek (2001)).
Tradução: Maria Raquel Miranda
Texto original completo: What is Dispraxia? http://www.dispraxiaireland.com/

Se você é hipermóvel ou já tem o diagnóstico de Síndrome de Ehlers-Danlos (SED) ou quem sabe ,


seu filho, e apresenta um quadro de problemas semelhantes aos relatados aqui., procure um
profissional da área de Terapia Ocupacional , de preferência com formação em Terapia de
Integração Sensorial.

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Entre em contato conosco na SED BRASIL([email protected]) e relate suas experiências.
Precisamos despertar nos profissionais de saúde e educação o interesse por mais este aspecto das
complicações vividas pelas pessoas com hipermobilidade e SED.

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