Obesidade Pela MTC - SCRIBD

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OBESIDADE PELA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

Branco Lima

A obesidade é uma doença multifatorial e é caracterizada quando há um excesso de gordura corporal. A


prevalência da obesidade representa um dos principais desafios de saúde pública e já é considerada
uma epidemia mundial. De referir que com a obesidade os homens apresentam um maior risco do que
as mulheres de serem acometidos pela diabetes e por doenças cardiovasculares.
O acúmulo de gordura quando é demasiado torna-se patológico e é chamado de obesidade.
Está classificada em diferentes níveis e categorias:
 Sobrecarga de excesso de peso – ultrapassa em 10% o peso ideal
 Obesidade menos grave – ultrapassa em 30% o peso ideal
 Obesidade severa – ultrapassa em 50% o peso ideal (a este nível há casos que implicam a
hospitalização). É um tipo de obesidade que se apresenta de difícil tratamento, mas não é por isso que
recusamos o combate. Sabemos que quando procuram a ajuda da Medicina Tradicional Chinesa já
tentaram outras áreas e vêem-nos como último recurso.
Mesmo sendo difícil temos que tentar fazer alguma coisa, mas ao aceitar o “combate” faz com que
tenhamos que conhecer bem o nosso inimigo. Conhecer o inimigo implica conhecê-lo sob o ângulo da
folha que se move (medicina ocidental) e sob o ângulo do vento (MTC / energética).

A distribuição deste excesso de gordura pelo corpo pode diferenciar a obesidade em obesidade ginóide
ou andróide.

Obesidade Ginóide
A obesidade ginóide é predominante na mulher. Conhecida, também,
como obesidade baixa, periférica ou glúteo-femoral.
Este tipo de obesidade associa-se à figura de pêra e induz um menor
risco de complicação metabólica.

Obesidade Andróide
A obesidade andróide é predominante no homem. Conhecida,
também, como obesidade alta, central e troncular.
Este tipo de obesidade associa-se à figura da maçã. Estudos apontam, em sua totalidade, para um maior
risco de complicação metabólica.
Este tipo de obesidade é considerada de alto risco porque um
acúmulo predominante de células gordurosas na região abdominal
leva a um aumento de risco de doenças cardiovasculares e morte
prematura; as alterações metabólicas associadas com a obesidade
andróide incluem as dislipidemias, resistência à insulina, diabetes de
tipo 2, síndrome metabólica, inflamações e trombose.

O que diferencia uma obesidade da outra é o acumulo de tecido


adiposo em locais específicos. No caso da obesidade ginóide existe
uma tendência no acúmulo de gordura nas regiões do quadril, glúteos e femorais. Já a obesidade
andróide há uma tendência a acumular gordura na região abdominal.
Essa diferenciação de obesidade deve-se aos fatores hormonais e à distribuição diferenciada dos
receptores de gorduras.

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Tecido Adiposo
O tecido adiposo localiza-se principalmente por debaixo da pele, na chamada hipoderme. É uma
variedade especial de tecido conjuntivo no qual se encontra o predomínio de adipócitos, um tipo de
célula que armazena a gordura. Assim tudo o que ultrapassar as necessidades do corpo fica armazenado
em forma de gordura no tecido adiposo.
O tecido adiposo para além de modelar a superfície do corpo tem como funções:
 Função de reservatório de energia. Por exemplo os triglicerídeos acumulados nos adipócitos são
usados para fornecer energia no intervalo entre as refeições.
 Função de protecção. Está à volta do coração e do rim e serve como amortecedor de choque.
 Função térmica. Ajuda no isolamento térmico do organismo contra frio.
A quantidade de tecido adiposo é maior nas mulheres do que nos homens. Nas mulheres o tecido
adiposo corresponde a 20-25% do peso corporal e nos homens corresponde a 15-20%.

Causas da Obesidade
É referido que a obesidade é o resultado do excesso de ingestão de nutrientes. Isto é verdade para
alguns obesos, mas há outros casos em que comem muito pouco e continuam obesos e há ainda outras
pessoas que comem por três ou quatro e são magros. Portanto nem sempre a obesidade e o excesso de
peso tem a ver com o comer muito.

Uma outra causa com que se relaciona a obesidade é comer muito e não fazer exercício físico. As pessoas
obesas em geral não têm actividade física suficiente. É dito que 1/3 da gordura é utilizada pela actividade
muscular, ou seja se comerem em excesso e não fizerem actividade física a obesidade aumenta. Mas ao
fazer exercício físico é importante que os músculos saibam responder. Por exemplo duas pessoas fazem uma
corrida de “x” quilómetros e quando acabam uma perde peso e a outra não. Por isso para que se perca peso
com a actividade física é necessário que os músculos sejam capazes de consumir energia.
O consumo da energia pelos músculos é da responsabilidade das mitocôndrias porque são a unidade
central energética da célula. Há muito tempo os cientistas sabem que as atividades físicas aumentam o
número das mitocôndrias nas células musculares. É ao nível da mitocôndria que se passam os fenómenos
da oxidação e da respiração celular. Numa pessoa normal quando faz exercício físico e se fizer uma
restrição calórica, permite baixar o peso. No entanto, nos obesos que fazem restrição calórica, exercício
muscular não perdem peso, apercebemo-nos de que a causa não está no maior ou menor número de
mitocôndrias, mas sim na eficiência do rendimento dessas mitocôndrias e nos obesos a central energética
da mitocôndria não funciona. Por isso podemos pedir à pessoa para fazer actividade física mas temos que
perceber que os músculos da pessoa têm que estar preparados, porque se a mitocôndria não
desempenhar bem o seu papel não vai haver bons resultados.
Portanto apercebemo-nos que nestes casos existe um problema a nível da respiração celular e que
actividade física implica uma eficiência muscular.

Mas isto não chega para justificar por si só a obesidade. Existem diferenças:
 Na forma (simples, média e severa)
 Ao nível alimentar
 No aporte energético
Pode ter também origem num metabolismo especial, como a obesidade de origem psíquica. Depois de um
problema psíquico é normal que as pessoas ganhem peso. Por exemplo no luto, com stress e nos
problemas pessoais em que as pessoas pensam muito, verifica-se que há um aumento de peso.
Há também pessoas que aumentam de peso por problemas neurológicos e quando falamos de
problemas neurológicos existe um órgão ao nível do sistema nervoso, o hipotálamo. No hipotálamo

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existem dois centros, o centro da fome e o centro da saciedade que controlam o nosso comportamento
alimentar e este órgão está sob a influência de hormonas e neurotransmissores. O centro da fome está
permanente activo e o centro da saciedade quando está no máximo bloqueia o centro da fome, ou seja
o centro da fome está em funcionamento quando o centro da saciedade não funciona. A partir dos
sinais aferentes que saem do centro da fome como o da saciedade vamos ter certos sinais. Se os sinais
partirem do centro da fome vamos ter fome e comer e se os sinais vierem do centro da saciedade
vamos parar de comer.
A questão genética também pode estar na origem da obesidade, pois apercebemo-nos que há obesidade
familiar. Por vezes uma família completa que apesar de terem cuidados alimentares são obesos.

Uma noção a ter em conta é a noção de termogenése, ou seja o problema da pessoa pode estar num
metabolismo insuficiente para queimar os alimentos e que assenta na noção de insuficiência de
metabolismo basal. O problema de gasto de gordura é um problema de falta de calor, o que faz com que
as células não tenham o suficiente para fazer a respiração celular.

Também é característico nas pessoas obesas uma inflamação sistémica crónica, subaguda no tecido
adiposo, devido aos metabólitos, mediadores que mantém a inflamação e que acabam por impedir a perca
de peso. Verifica-se que quando se perde peso estes mediadores inflamatórios diminuem e sabe-se que no
tecido adiposo das pessoas obesas há uma fonte desses mediadores que favorecem a inflamação e impedem o
gasto de energia. Uma das funções do tecido adiposo é o reservatório
energético, mas a gordura tem que ter a capacidade de ser reutilizada Lipólise - é um processo pelo
qual há a degradação de
Para isso acontecer passa pelo fenómeno da lipólise, mas no caso de lipídios em ácidos gordos e
existirem mediadores inflamatórios, estes impedem a lipólise. Se glicerol. Ocorre nas
impedem a lipólise, impedem a diminuição de peso. Também se mitocondrias, principalmente
verifica no estômago, intestino delgado e intestino grosso que existe na matriz mitocondrial.
um processo inflamatório sobretudo nas pessoas que têm uma
alimentação à base de gordura. Esta inflamação normalmente precede o estado de obesidade. A
mucosidade é uma acumulação no tecido adiposo e o nosso inimigo é a gordura e o objectivo da
gordura é ir para o tecido adiposo. Quais são os meios de actuar em termos de medicina ocidental? Para
combatermos a obesidade temos que conhecer o percurso do nosso inimigo e como é que ele vai
através do bolo do alimentar chegar ao tecido adiposo. Quais são as diferentes etapas de progressão do
inimigo? Qual o percurso passo a passo da penetração de uma molécula de gordura do exterior, desde
quando se ingere os elementos até ao tecido adiposo e como atuar? O
bolo alimentar quando chega no trato digestivo, ao estômago, o cárdia
e o piloro fecham-se e o bolo alimentar fica preso no estômago e vai
sofrer dois fenómenos. O primeiro fenómeno é mecânico em que há
uma espécie de moagem do bolo alimentar que se vai transformar em
quimo. O segundo fenómeno é um ataque químico através de certas
enzimas que vão transformar os aminoácidos, os glúcidos, mas
também há o ácido clorídrico que quando chega a um determinado
nível que é o que se chama a actividade do estômago. O aumento da
acidez abre o piloro e envia o quimo alimentar para o intestino
delgado, nomeadamente o bulbo duodenal, onde começa o
metabolismo dos lípidos. A este nível parte das proteínas já estão
transformadas em aminoácidos, parte dos glúcidos já estão transformados em glucose, mas a gorduras
quando chegam a este nível ainda não foram metabolizadas. Neste nível há uma uma enzima a lípase,
que é segregada pelo pâncreas exócrino e vai permitir às moléculas de gorduras ficarem mais leves
graças a um elemento que estão na bílis, e que chegam a este local através do canal colédoco. Há
também a este nível outra coisa muito importante que são os sais biliares. É no bulbo duodenal que se

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passa o fenómeno de digestão e em seguro lugar o fenómeno de absorção das gorduras. Existe também
uma noção muito importante que são os triglicerídeos e são importantes porque são os que fornecem
90% das calorias e são a principal forma de gordura. Os 10% que restam são os ácidos gordos, os
fosfolípidos, o colesterol e as vitaminas solúveis.
Para que as gorduras sejam absorvidas têm que absorver um fenómeno de metabolização, um
fenómeno de digestão enzimática. Neste fenómeno há uma enzima segregada pelo pâncreas exócrino, a
lipase, que vai permitir a digestão das gorduras, sobretudo os triglicerídeos. De referir que o pâncreas
endócrino é responsável pela glucagina e a insulina.

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