Mudança Do Artigo 9 CPM
Mudança Do Artigo 9 CPM
Mudança Do Artigo 9 CPM
Vejamos o que mudou, mas, antes, é necessária uma revisão sobre o tema.
Assim, para verificar se o fato pode ser considerado crime militar, sendo,
portanto, de competência da Justiça Militar, é preciso que ele se amolde em
uma das hipóteses previstas nos arts. 9º e 10 do CPM.
Por quê?
João, militar da ativa, praticou uma conduta que não é prevista como crime no
Código Penal Militar.
A conduta de dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei,
tipificada no art. 89 da Lei nº 8.666/93, não encontra figura correlata no
Código Penal Militar.
Assim, antes da Lei nº 13.491/2017, apesar de o crime ter sido praticado por
militar (sargento do Exército), o caso não se enquadrava em nenhuma das
hipóteses previstas no art. 9º do CPM. Isso porque o art. 9º, II, exigia que o
crime estivesse expressamente previsto no Código Penal Militar.
A agora?
Atualmente, com a mudança da Lei nº 13.491/2017, a conduta de João passou
a ser crime militar e se enquadra no art. 9º, II, “e”, do CPM:
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:
II - os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando
praticados:
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio
sob a administração militar, ou a ordem administrativa militar;
Obs: a doutrina afirmava que o art. 9º, II, do CPM era um crime militar ratione
legis (em razão da lei – porque previsto no CPM) e ratione personae (em razão
da pessoa – porque praticado por sujeito ativo militar em atividade). Isso agora
mudou. O crime militar do art. 9º, II, do CPM deixou de ser ratione legis.
Isso não sofreu nenhuma mudança. Já era assim antes da Lei nº 13.491/2017
e continuou da mesma forma.
E no caso de crime doloso contra a vida? Se um militar, no exercício de
sua função, pratica tentativa de homicídio (ou qualquer outro crime
doloso contra a vida) contra vítima civil, qual será o juízo competente?
Temos agora que analisar antes e depois da Lei nº 13.491/2017.
• EXCEÇÕES:
Os crimes dolosos contra a vida praticados por militar das Forças
Armadascontra civil serão de competência da Justiça Militar da União, se
praticados no contexto:
I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente
da República ou pelo Ministro de Estado da Defesa;
II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão
militar, mesmo que não beligerante; ou
III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e
da ordem (GLO) ou de atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com
o disposto no art. 142 da CF/88 e na forma dos seguintes diplomas legais:
a) Código Brasileiro de Aeronáutica;
b) LC 97/99;
c) Código de Processo Penal Militar; e
d) Código Eleitoral.
Lei complementar
A Constituição estabelece que uma lei complementar deverá disciplinar as
normas gerais sobre como será o emprego das Forças Armadas (art. 142, §
1º). Esta lei já foi editada e se trata da Lei Complementar 97/99.
Outra utilização atípica, mas frequente, das Forças Armadas está relacionada
com obras de construção civil. O Exército possui um Departamento de
Engenharia e Construção, que foi idealizado originalmente para construir e
reformar as instalações militares (quarteis etc.). No entanto, apesar disso,
devido aos bons trabalhos que realiza, este Departamento de Engenharia é
constantemente convocado para executar obras públicas. Foi o caso, por
exemplo, da transposição do rio São Francisco e da duplicação da BR-101.
O art. 7º traz o rol das autoridades militares que exercem a polícia judiciária
militar.
Imagine que, ao cumprir um mandado de prisão expedido pela Justiça Militar, o
civil que iria ser preso reage e os soldados acabam matando-o. O julgamento
deste fato será de competência da Justiça Militar, mesmo a vítima do suposto
crime doloso contra a vida sendo um civil.
Veto
O art. 2º da Lei nº 13.491/2017 trazia a previsão de que essa competência da
Justiça Militar seria temporária. Veja o que dizia o dispositivo:
Art. 2º Esta Lei terá vigência até o dia 31 de dezembro de 2016 e, ao final da
vigência desta Lei, retornará a ter eficácia a legislação anterior por ela
modificada.
Essa previsão existia porque o projeto de lei foi pensado especialmente para a
atuação das Forças Armadas durante as Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016.
Ocorre que a tramitação demorou no Congresso Nacional e o projeto somente
foi aprovado agora.
Diante disso, o Presidente da República vetou este art. 2º.