Estudo de Casos em Terapia Do Esquema
Estudo de Casos em Terapia Do Esquema
Estudo de Casos em Terapia Do Esquema
Terapia do Esquema
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
ISBN 978-65-5571-037-3
CDD 616.891425
Estudo de Casos em
Terapia do Esquema
2021
© Sinopsys Editora e Sistemas Eireli, 2021.
Ricardo Wainer
Diretor da Wainer Psicologia Cognitiva
PREFÁCIO
des emocionais do que as da criança, e esta aprende que, para ser aceita,
precisa suprimir aspectos importantes de si mesma, destacado por You-
ng (2003), e carecendo de respeito por seus desejos e aspirações, afirma
Wainer (2016). Os esquemas desse domínio são subjulgação, autossa-
crifício e busca de aprovação/reconhecimento. Os esquemas e as carac-
terísticas familiares se relacionam da seguinte maneira: foco excessivo
na aparência e no status social — busca por aprovação/reconhecimento;
e aceitação condicional — subjulgação e autossacrifício (Young et al.
(2008).
Por fim, o quinto domínio consiste em supervigilância e inibição,
em que os indivíduos suprimem sentimentos e impulsos espontâneos e
se esforçam para cumprir rígidas regras internalizadas, segundo Young
et al. (2008), sendo excessivamente controlados e exigentes com si
próprios e com os outros, conforme Gluhoski e Young (1997). Nesse
domínio, os esquemas surgem quando não é satisfeita a expressão legí-
tima das necessidades e dos sentimentos do indivíduo, de acordo com
Wainer (2016). A família de origem geralmente é exigente, severa e
punitiva, indicado por Falcone (2011). Os esquemas são negativismo/
pessimismo, inibição emocional e padrões inflexíveis/postura exigente.
Os esquemas e as características familiares se relacionam da seguinte
maneira: foco nos aspectos negativos da vida — negativismo; repressão
da espontaneidade e expressão de sentimentos — inibição emocional;
e rigidez e exigências excessivas — padrões inflexíveis/postura punitiva
(Young et al., 2008).
Young et al. (2008) nos dizem que os esquemas são divididos entre
esquemas incondicionais e condicionais. Os esquemas incondicionais
são mais remotos e nucleares, configurando-se como crenças a respeito
de si mesmo e dos outros, ao passo que os esquemas condicionais se
desenvolvem tardiamente, como uma tentativa de lidar com as crenças
mais remotas. Os esquemas condicionais tendem a gerar menos prejuí-
zo à vida do indivíduo do que os esquemas incondicionais (Cazassa &
Oliveira, 2008).
26 Introdução à terapia do esquema
1. Esquemas incondicionais:
a. abandono;
b. desconfiança;
c. privação;
d. defectividade;
e. isolamento;
f. dependência;
g. vulnerabilidade;
h. emaranhamento;
i. fracasso;
j. negativismo;
k. postura punitiva;
l. arrogo;
m. autocontrole insuficiente.
2. Esquemas condicionais:
a. subjugação;
b. autossacrifício;
c. busca por aprovação;
d. inibição;
e. padrões inflexíveis.
OS MODOS DE ESQUEMAS
Young et al. (2008) evidenciam que os modos de esquemas são estados
emocionais e respostas de enfrentamento que o indivíduo vivencia a cada
momento. Em geral, eles são ativados por situações de vida às quais há
uma maior sensibilidade e vulnerabilidade. Esse modelo possibilitou um
agrupamento dos esquemas e seus estilos de enfrentamento, tornando o
trabalho terapêutico mais manejável, destaca Matos (2018). O conceito
de modos dos esquemas teve origem no trabalho de Young com pacientes
com transtorno da personalidade borderline (TPB), em que ele verifi-
cou que esses pacientes apresentavam um grande número de esquemas
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RELAÇÃO TERAPÊUTICA
A relação terapêutica é um elemento fundamental da TE, pois contribui
tanto para a avaliação e a psicoeducação dos esquemas como para o pro-
cesso de mudança, sendo um dos agentes de mudança, destaca Andriola
(2016). O objetivo inicial do psicoterapeuta é estabelecer o vínculo tera-
pêutico com o paciente, proporcionando um ambiente seguro e compas-
sivo, por meio de uma postura empática, transparente e autêntica (Young
et al., 2008).
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(Continuação)
Autossacrifício Ajudar o paciente a afirmar seus direitos e necessidades
e a estabelecer fronteiras adequadas em seus
relacionamentos.
Pessimismo Estimular o paciente a fazer o papel do polo negativo e
positivo, oferecendo um modelo de otimismo saudável.
Inibição emocional Estimular o paciente a expressar os seus sentimentos
espontaneamente.
Padrões flexíveis/ Valorizar mais a relação com o paciente do que o
postura exigente desempenho dele e estimulá-lo a estabelecer padrões
mais saudáveis.
Postura punitiva Oferecer um modelo de perdão e elogiar o paciente
por perdoar.
Busca por aprovação/ Enfatizar a visão de que o bem-estar emocional é mais
reconhecimento importante do que o status e a aceitação social.
CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES
Uma consideração importante a se ressaltar é o papel da relação tera-
pêutica, fundamental durante todo o processo de tratamento, em que o
psicoterapeuta não é distante do paciente, e sim desenvolve um relacio-
namento mais pessoal com ele, não tentando parecer perfeito (Falcone,
2011).
Young et al. (2008) mostram que a identificação precisa dos esque-
mas e dos estilos de enfrentamento é outro ponto fundamental, pois,
em geral, quando o esquema é identificado corretamente, isso gera uma
repercussão emocional no paciente, que sente emocionalmente o esque-
ma. Para cada paciente, há estratégias específicas a serem aplicadas, com
base nas suas necessidades emocionais não satisfeitas de maneira sufi-
ciente que deram origem ao esquema em questão. Além da identificação,
é importante compreender o valor adaptativo do estilo de enfrentamen-
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REFERÊNCIAS
Andriola, R. (2016). Estratégias terapêuticas: Reparentalização limitada e
confrontação empática. In R. Wainer, K. Paim, R. Erdos, R. Andriola, A. B.
Nabinger, C. F. Halperin, & D. Rijo et al. (Orgs.), Terapia cognitiva focada em
esquemas: Integração em psicoterapia (Cap. 5). Artmed.
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