Meio Ambiente, Responsabilidade Social e Sustentabilidade
Meio Ambiente, Responsabilidade Social e Sustentabilidade
Meio Ambiente, Responsabilidade Social e Sustentabilidade
Reitor:
Prof. Me. Ricardo Benedito de
Oliveira
Pró-reitor:
Prof. Me. Ney Stival
Diretora de Ensino a Distância:
Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo Profa. Ma. Daniela Ferreira Correa
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não Designer Educacional:
vale a pena ser vivida.” Clovis Ribeiro do Nascimento Junior
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
ENSINO A DISTÂNCIA
01
UNIDADE
O MEIO AMBIENTE
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 4
O MEIO AMBIENTE .................................................................................................................................................... 5
ENERGIA E AMBIENTE ............................................................................................................................................. 14
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INTRODUÇÃO
Para aprofundar o conhecimento sobre meio ambiente e, posteriormente, desenvolvimento
sustentável, alguns conceitos serão abordados nesta unidade. Serão discutidos os termos meio
ambiente e ecossistema, homeostase, fluxo de matéria e energia, ciclos biogeoquímicos, cadeias e
teias alimentares, biomas, amplificação biológica e a influência humana dos ecossistemas. Deste
modo, deve-se destacar que meio ambiente não deve ser confundido com o termo natureza, ou
simplesmente fauna e flora, mas sim considerado como o conjunto de seres vivos e a interação
destes com o meio (por exemplo, água, luz, ar e solo) através do fluxo de energia e ciclagem
de matéria, que ocorre através de respiração, alimentação, decomposição, dentre outros. Ainda,
levando-se em conta a influência da sociedade sobre o ambiente, deve-se incluir no conceito
Bom estudo!
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O MEIO AMBIENTE
Para iniciarmos esta disciplina, vamos discutir alguns conceitos de meio ambiente. Veja
alguns exemplos:
• Segundo a Política Nacional do Meio Ambiente, meio ambiente é considerado como
“o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (BRASIL, 1981, Lei 6.938, art. 3).
• Pode ser conceituado ainda como “os arredores de um organismo, incluindo as plantas,
os animais e os micróbios com os quais interage” (RICKLEFS, 2003, p. 480).
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Fluxo de energia
O fluxo de energia no ecossistema envolve diversos níveis de seres vivos. Toda a energia da
Terra tem como fonte as radiações recebidas do Sol, assim há três grupos principais de organismos
dentro de um ecossistema, os quais constituem a cadeia alimentar: os produtores, as algas e
vegetais (e algumas bactérias que fazem quimiossíntese), denominados assim por produzirem
as moléculas de alta energia (C6H12O6 – glicose); os consumidores, representados pelos animais,
que se alimentam dos produtores, ou seja, denominados assim por consumirem essas moléculas
de alta energia (herbívoros) ou se alimentam de outros animais (carnívoros), estes obtêm
moléculas com menor quantidade de energia; e os decompositores, invertebrados pequenos,
Suponha que um vegetal receba 1.000J de energia solar. Desse total, 760J não são absorvidos
e apenas 240J são absorvidos. Destes 240J absorvidos, a maior parte é liberada como calor e
apenas 12J são utilizados para a produção do vegetal, sendo 7J para a respiração (manutenção)
e 5J para a formação de novos tecidos no vegetal. Se o vegetal for ingerido por um consumidor,
cerca de 90% dos 5J que estavam presentes no tecido vegetal e que passaram para o consumidor,
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serão direcionados para a manutenção do animal e apenas 10%, ou seja, (0,5J) serão utilizados na
formação de novos tecidos e ficará disponível para o próximo consumidor. Se o segundo animal
ou segundo consumidor for um ser humano então receberá 0,5J da energia proveniente do Sol
(1.000J) e utilizará para a formação de novas células e tecidos, apenas 0,05J, segundo Vesilind e
Morgan (2015).
Luz Solar - Fotossíntese: a luz solar fornece a energia para converter o dióxido
de carbono e a água em glicose e oxigênio.
Ciclagem da matéria
Como discutido anteriormente, embora o fluxo de energia seja unidirecional, o fluxo
de matéria ou nutrientes é cíclico, por isso também denominado de ciclagem de nutrientes. Os
nutrientes são agrupados em macronutrientes, aqueles necessários aos organismos em grande
quantidade (C, H, O, N, P, S, Cl, K, Na, Ca, Mg e Fe) e em micronutrientes, aqueles necessários
aos organismos em pequena quantidade (Al, B, Cr, Zn, Mo, V e Co), segundo Braga et al. (2005).
Como pode ser verificado na figura a seguir (Figura 2), iniciando pela matéria orgânica
morta ou detritos, a primeira decomposição realizada por microrganismos produz os compostos
amônia, dióxido de carbono e sulfeto de hidrogênio. A decomposição desses novos produtos
forma nitrato, novamente dióxido de carbono, sulfato e fosfato. O dióxido de carbono é utilizado
pelos vegetais na fotossíntese e os nitratos, fosfatos e sulfatos são absorvidos como nutrientes e
utilizados na formação de novos tecidos vegetais. Os vegetais morrem e sofrem decomposição
ou são utilizados como alimento pelos consumidores, que podem ser novamente consumidos
ou morrem e novamente retorna à decomposição, segundo Vesilind e Morgan (2015). Desse
modo, os nutrientes percorrem uma cadeia ou teia alimentar de forma cíclica, não há percas
significativas para o ambiente como ocorre no fluxo de energia. O processo de reciclagem de
matéria apresenta elevada importância, pois os recursos da Terra são finitos e a vida depende do
equilíbrio natural desse ciclo (BRAGA et al., 2005).
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Ciclos Biogeoquímicos
Como discutido anteriormente, existe uma troca de materiais entre componentes vivos e
não vivos da Biosfera, essa ciclagem, ou reciclagem de materiais, no ecossistema é denominada de
Ciclo Biogeoquímico (Bio = seres vivos; Geo = atmosfera, hidrosfera e litosfera (meio terrestre é a
fonte dos elementos) e Químico = elementos químicos). Destacam-se os ciclos da água, baseado
em transformações físicas (evaporação, condensação) e consumo e liberação pelos seres vivos
e o ciclo do carbono, também relacionado ao oxigênio, através de fotossíntese e respiração. O
carbono é devolvido ao meio ambiente à mesma taxa em que é sintetizado pelos produtores, por
isso é considerado um ciclo perfeito. Além desses, mais conhecidos, são relevantes os ciclos do
nitrogênio, fósforo e enxofre que serão discutidos a seguir, de acordo com Braga et al. (2005).
Ciclo do nitrogênio
É um dos ciclos (Figura 3) mais importantes no ecossistema terrestre, sendo um processo
pelo qual o nitrogênio circula através das plantas e do solo pela ação de organismos vivos. Esses
organismos utilizam nitrogênio para a produção de moléculas complexas como aminoácidos,
proteínas e material genético, necessárias ao seu desenvolvimento. O principal reservatório de
nitrogênio é a atmosfera, a qual apresenta aproximadamente 78% de nitrogênio na forma gasosa
(N2). O processo de transformação do nitrogênio do ar em formas assimiláveis pelas plantas e
animais é denominado fixação. Esse processo é realizado por bactérias do gênero Rhizobium, em
raízes de leguminosas no meio terrestre e por certas bactérias e algas cianofíceas (cianobactérias) no
meio aquático. Apesar de extremamente abundante na atmosfera o nitrogênio é, frequentemente,
um nutriente limitante do crescimento das plantas (sua ausência prejudica o desenvolvimento
vegetal), porque as plantas apenas conseguem usar o nitrogênio sob três formas sólidas: íon de
amônio (NH4+), íon de nitrito (NO2-) e, em especial, íon de nitrato (NO3-). Estes compostos são
obtidos através de vários processos dependentes de bactérias. Os animais recebem o nitrogênio
que necessitam através das plantas e de outra matéria orgânica, como de outros animais, através
da teia alimentar.
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Ciclo do fósforo
O fósforo é importante na composição de moléculas do metabolismo celular, como
fosfolipídios, coenzimas e ácidos nucléicos (DNA e RNA). Além disso, também é um nutriente
limitante do crescimento de plantas. Os grandes reservatórios de fósforo são as rochas, que
devido ao intemperismo, fornecem o fósforo para os ecossistemas, onde é absorvido pelos
vegetais e posteriormente transferido aos animais, via cadeia alimentar. O retorno do fósforo ao
meio ocorre pela ação de bactérias (organismos decompositores). Esse retorno ocorre na forma
de composto solúvel, sendo, portanto, facilmente carregado pela chuva para lagos e rios e destes
para os mares, de forma que o fundo do mar, bem como outros corpos aquáticos de água doce,
passa a ser um grande depósito de fósforo solúvel (sedimentação). O uso mais comum para o
fósforo é como fertilizante.
Ciclo do enxofre
O enxofre é um elemento relativamente abundante na crosta terrestre, grande parte
dos reservatórios está em rochas sulfurosas, depósito de elementos sulfurosos e combustíveis
fósseis. As plantas obtêm sulfato inorgânico (SO4-2) do ambiente dissolvido na água e no solo.
Os animais obtêm enxofre na água e no alimento. A decomposição devolve o enxofre que fazia
parte da matéria orgânica ao solo ou a água. A principal perturbação humana no ciclo global do
enxofre é a liberação de dióxido de enxofre (SO2) para a atmosfera, como resultado da queima de
carvão e óleo contendo enxofre provocando chuva ácida.
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O conhecimento das cadeias alimentares permite a atuação sobre elas em favor dos seres
humanos. Possibilita, por exemplo, o aumento da produtividade agrícola, com um combate mais
eficiente às pragas, incorporando à cadeia alimentar predadores naturais, minimizando o uso de
defensivos agrícolas (BRAGA et al., 2005).
Biomas
Devido à grande diversidade de habitats existente no planeta, em função do clima,
distribuição de nutrientes, topografia, pluviosidade, incidência de radiação solar e predomínio
de espécies específicas em diferentes regiões, são formados grandes ecossistemas denominados
de biomas. Bioma pode ser considerado como a maior unidade de comunidade, com flora,
fauna e clima próprios, segundo Grisi (2007). Abaixo será apresentada uma breve descrição dos
diferentes biomas terrestres e aquáticos, segundo Braga et al. (2005).
Os biomas aquáticos são classificados em dois grupos, o marinho (mares e oceanos) e o
de água doce (lagos, lagoas e rios). A classificação dos biomas terrestre é mais ampla (Figura 5).
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Vamos iniciar pelo pólo Norte. A TUNDRA é considerada o bioma mais frio do planeta.
Possui solo congelado na maior parte do ano formando regiões pantanosas. Há predomínio de
musgos, líquens, plantas rasteiras e ausência de árvores. O bioma denominado TAIGA (também
Floresta Boreal ou Floresta de Coníferas) possui uma vegetação pouco diversificada com
predomínio, portanto, de coníferas (pinheiros resistentes e perenes). A precipitação (chuva) nesse
bioma, principalmente no verão, é maior do que na tundra. A FLORESTA TEMPERADA é bem
desenvolvida na Europa e América do Norte, mas também no Japão e na Austrália. Ocorre em
regiões de clima moderado, com inverno bem definido e precipitação abundante que se distribui
durante todo o ano. Possui uma flora composta por árvores caducifólias (que perdem suas folhas
no inverno) e uma vegetação mais baixa como arbustos, bem desenvolvida e diversificada. A
FLORESTA TROPICAL, evidentemente no Brasil, está presente em uma região em que não
há grandes oscilações de temperatura durante o ano, portanto, sem grandes distinções entre
as estações. Neste tipo de floresta ocorre precipitação elevada, distribuída durante todo o ano,
portanto, uma elevada umidade. Nessa região há o ápice de diversidade animal e vegetal, com
árvores de grande porte e densa folhagem, com poucas espécies arbustivas e herbáceas. Outro
bioma terrestre é chamado de CAMPOS, com predomínio de vegetação herbácea baixa. Esse
bioma é divido em dois subtipos, PRADARIA que inclui gramíneas (pampas e cerrado no Brasil)
e SAVANA (Índia e África), que inclui arbustos e pequenas árvores. Por fim, outro bioma é o
DESERTO, típico de regiões áridas de vegetação rara e espaçada com predomínio de solo nu. São
locais de baixa precipitação ou alta precipitação mal distribuída, com fauna típica.
Deste modo, os biomas brasileiros (Figura 6) são: Amazônia (floresta tropical); Cerrado
(campo), na região Norte esse bioma está presente na forma de savanas de gramíneas baixas, na
Região Sul, aparece como as pradarias mistas subtropicais; Mata Atlântica (floresta tropical);
Caatinga (sertão), bioma típico do Brasil, com vegetação caducifólia; Pampa (pradaria, citada
anteriormente e Pantanal, uma planície alagável na qual a riqueza de flora e fauna é regulada pelo
ciclo das águas, ou seja, períodos de seca e cheia. O pantanal é praticamente exclusivo do Brasil,
pois apenas uma pequena faixa desse bioma pertence ao Paraguai e a Bolívia.
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ENERGIA E AMBIENTE
Os seres humanos precisam de energia para cozinhar seus alimentos, para a proteção
Figura 8 - Geração de Energia Elétrica Mundial (%) por fonte (TWh - Terawatt-hora, equivalente a 1012
Wh). Fonte: Brasil (2015).
No Brasil, a maior geração de energia é realizada por hidrelétricas (63,2%), seguida pela
geração a partir de gás natural (13,7%) e por biomassa (7,6%), segundo Brasil (2015).
Fontes de energia
As fontes de energia são recursos, naturais ou artificiais, utilizados pela sociedade para
a produção de algum tipo de energia. A principal fonte de energia é constituída por radiações
provenientes da luz do Sol (99% da energia térmica utilizada pelos ecossistemas). Os outros 1%
são formados por outras fontes primárias de energia (água, ventos, madeira, gás natural, carvão
mineral, o petróleo), fontes que são convertidas pelo homem em outras fontes de energia, as fontes
secundárias (gasolina, o diesel, a energia elétrica, química, térmica e mecânica), segundo Braga
(et al., 2005). Os recursos ou fontes primárias são classificados em renováveis e não-renováveis.
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Hidroeletricidade
É um dos métodos mais eficientes de geração de energia. Consiste em aproveitar a energia
potencial da água, através da transformação em energia mecânica pela passagem por uma turbina
e transformação dessa energia em eletricidade pela passagem por um gerador, segundo Braga
(et al., 2005). O Brasil é o país com maior potencial hidrelétrico do Mundo, com mais de 70%
desse potencial presente nas bacias do Amazonas e do Tocantins/Araguaia, segundo ANEEL
(2008). Localizada em nosso país, a Itaipu Binacional é considerada a maior usina hidrelétrica do
mundo, em geração de energia, com 14.000 MW de potência instalada, e fornece 20% da energia
consumida no Brasil e abastece 94% do consumo paraguaio, segundo Itaipu Binacional (2017).
Contudo, a construção de hidrelétrica está relacionada a alguns impactos socioambientais,
Mar
A geração de energia elétrica utilizando água do mar pode ser a partir da energia cinética
(do movimento), produzida pelo movimento das águas ou pela energia gerada pela diferença
do nível do mar, entre as marés alta e baixa, segundo ANEEL (2008). Alguns países estão mais
avançados na exploração das ondas do mar para produção de eletricidade, tais como a Grã-
Bretanha, Portugal Brasil e Países Escandinavos. Algumas vantagens dessa fonte são a constância
e previsibilidade da ocorrência das marés, ainda, trata-se de uma fonte de baixa poluição, contudo,
os custos de instalação ainda são bastante elevados, segundo Portal Energia (2017). Em Fortaleza
(CE) foi construída a primeira usina na América Latina responsável pela geração de energia
elétrica por meio do movimento das ondas do mar (Figura 9), segundo COPPE UFRJ (2017).
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Energia eólica
Nessas usinas ocorre a transformação da energia cinética contida no vento em
eletricidade. Os aspectos positivos em relação à fonte eólica são, renovabilidade, perenidade,
grande disponibilidade, independência de importações e ausência de custo para obtenção de
suprimento, por outro lado o preço de instalação ainda é considerado elevado em comparação
com outras fontes (ANEEL, 2008). Considerando o meio ambiente, a construção de usinas eólicas
pode interferir na migração de pássaros e na transmissão de sinais de rádio e TV (BRAGA et al.,
2005).
Mundialmente, houve um aumento expressivo da utilização dessa fonte de energia, nas
últimas décadas, e no Brasil, favorecido em termos de vento, as regiões com maior potencial
medido são Nordeste, onde se encontram a maioria das usinas eólicas, Sudeste e Sul, e ainda há
usinas no Centro-Oeste (ANEEL, 2008). Em Osório, no Rio Grande do Sul, está situado o Parque
Eólico de Osório, Parque Eólico, considerado o maior parque fornecedor de energia eólica da
América Latina e o segundo maior do mundo em operação, desde 2006, formado por 75 torres
com 98 metros, que somados às pás dos aerogeradores atingem 135 metros de altura, segundo
Prefeitura Municipal de Osório (2017).
Biomassa
Energia de biomassa é proveniente de qualquer matéria orgânica que possa ser
transformada em energia mecânica, térmica ou elétrica. Pode ser classificada em biomassa florestal
(madeira, principalmente), agrícola (soja, arroz, cana-de-açúcar, entre outras) e de rejeitos
urbanos e industriais (sólidos ou líquidos). A geração de energia pode ocorrer por combustão
direta para obtenção do calor, em fornos (metalurgia) e caldeiras, com a formação de vapor para
acionar turbinas ou pode haver a conversão de um combustível sólido (normalmente lenha) em
outro de melhor qualidade e conteúdo energético (ex.: carvão). A biomassa é uma das fontes para
produção de energia com maior potencial de crescimento nos próximos anos, tanto no exterior
como no Brasil. O Brasil se destaca como o segundo maior produtor de etanol que, obtido a
partir da cana-de-açúcar. Como os combustíveis fósseis, a combustão de biomassa também libera
o poluente gás carbônico (CO2), assim, sua aplicação moderna e sustentável está diretamente
relacionada ao desenvolvimento de tecnologias de produção da energia e às técnicas de manejo
da matéria-prima. Por outro lado, os recursos podem ser regenerados dentro de poucos anos, por
isso a biomassa é considerada um recurso renovável, segundo Carmona (et al., 2003).
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Geotérmica
É a energia gerada a partir do calor existente no interior da Terra. As principais fontes são
os gêiseres (fontes de vapor no interior da Terra que apresentam erupções periódicas) e o calor
existente no interior das rochas para o aquecimento da água (em regiões próximas aos gêiseres),
segundo Braga (et al., 2005).
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Derivados de petróleo
O petróleo cru não tem aplicação direta, é necessário o processo de refino para a obtenção
de seus derivados que são: gás liquefeito de petróleo (GLP, ou gás de cozinha), gasolina, óleo diesel,
óleo combustível, nafta, querosene de aviação e de iluminação, asfalto, lubrificante, combustível
marítimo, solventes, parafinas e coque de petróleo (produto sólido). Tanto a geração de energia
elétrica a partir dos derivados de petróleo, quanto o consumo dos combustíveis derivados, geram
emissões de gases que contribuem para o efeito estufa. Além disso, há perspectiva de esgotamento,
em médio prazo, das reservas hoje existentes, cerca de 40 anos, segundo ANEEL (2008).
Gás natural
É um gás resultante da decomposição da matéria orgânica durante milhões de anos. Nas
primeiras etapas desse processo, o gás natural encontra-se associado ao petróleo, mas nos últimos
estágios de degradação da matéria, esse gás é produzido separadamente, portanto há reservas de
gás natural associado ao petróleo ou em campos isolados (gás natural não associado), segundo
Carvão mineral
Cerca de 80% do consumo de carvão é destinado para geração termoelétrica e o restante
é utilizado na metalurgia e combustível em caldeiras. O carvão é o combustível fóssil mais
abundante na Terra (73%), seguido pelo petróleo (14%) e pelo gás natural (13%). Apesar de
sua abundância relativa, o consumo de carvão diminuiu significativamente nas últimas décadas,
devido ao seu alto teor de liberação de enxofre e cinzas gerando graves problemas ambientais.
Devido ao seu poder calorífico inferior, o carvão gera 1,5 tonelada de CO2 por mJ de energia
térmica liberada, o que é quase 30% maior do que as emissões de outros combustíveis fósseis,
segundo Carmona (et al., 2003).
Energia nuclear
A matéria-prima para a produção da energia nuclear é principalmente o minério de
urânio, encontrado em estado natural nas rochas da crosta terrestre, mas existem também
as fontes secundárias, compostas por material obtido com a desativação de artefatos bélicos,
estoques civis e militares, reprocessamento do urânio já utilizado e sobra do material usado
no processo de enriquecimento. O urânio é principalmente aplicado em usinas térmicas para
a geração de energia elétrica denominadas usinas termonucleares. Nestas usinas, o núcleo do
átomo é submetido a um processo de fissão (divisão) para gerar a energia. Se a energia for liberada
lentamente, manifesta-se sob a forma de calor e se for liberada rapidamente, manifesta-se como
luz. Nas usinas termonucleares, portanto, é liberada lentamente e aquece a água existente no
interior dos reatores, a fim de produzir o vapor que movimenta as turbinas. Essa fonte passou a
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ENSINO A DISTÂNCIA
ser considerada uma fonte limpa, considerando que sua operação origina baixos volumes de gás
carbônico (CO2). As reservas de urânio estão distribuídas por 14 países, destacando a Austrália,
Cazaquistão e Canadá que somam mais de 50% do volume total. O Brasil ocupa o 7o lugar do
ranking mundial com de 6% do volume total, segundo ANEEL (2008).
No Brasil há duas usinas nucleares em atividade (Angra 1 e 2) e uma em construção
(Angra 3), todas localizadas na Praia de Itaorna, em Angra dos Reis (RJ). Todas as atividades
relacionadas à área nuclear no Brasil são de competência exclusiva da União, com exceção da
utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos medicinais, agrícolas, industriais e atividades
análogas, que podem ser realizados por terceiros, por meio de concessão ou permissão, segundo
Sinus (2014).
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ENSINO A DISTÂNCIA
02
UNIDADE
O MEIO AQUÁTICO
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 21
O MEIO AQUÁTICO .................................................................................................................................................. 22
PARÂMETROS FÍSICOS ........................................................................................................................................... 22
PARÂMETROS QUÍMICOS ...................................................................................................................................... 24
PARÂMETROS BIOLÓGICOS ................................................................................................................................... 25
O MEIO TERRESTRE ................................................................................................................................................ 27
O MEIO ATMOSFÉRICO .......................................................................................................................................... 30
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ENSINO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Visando ampliar o conhecimento sobre meio ambiente, responsabilidade social e
sustentabilidade, devemos conhecer, mais especificamente, os meios aquático, terrestre e
atmosférico. Devemos compreender sua formação, bem como os padrões de condições normais
e de poluição desses meios. Assim, serão abordados nessa unidade, as resoluções CONAMA nº
357/2005, CNRH nº 91/2008 e Portaria 2.914/2011, principais regulamentadoras dos parâmetros
de qualidade de água. Serão estudados os parâmetros físicos, químicos e biológicos de qualidade
de água e o comportamento dos poluentes no corpo aquático. Ainda, serão discutidos os conceitos
de solo, sua composição e formação, sua importância ecológica, poluição e os diferentes tipos de
resíduos sólidos, perigosos e radioativos. Por fim, será apresentada uma descrição da atmosfera,
dos principais poluentes atmosféricos e os processos que geram poluição, chuva ácida, efeito
Bom estudo!
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ENSINO A DISTÂNCIA
O MEIO AQUÁTICO
A água é um recurso natural essencial para a vida, pois todo o metabolismo dos seres vivos
funciona em meio aquoso, no interior das células. Em nosso planeta, apenas uma porcentagem de
água é disponível para atividades humanas. Embora 70% da superfície da Terra seja água, a maior
parte desta está contida nos oceanos e apenas 3% são reservas de água doce e que, geralmente,
não está disponível, compondo calotas polares e geleiras, ou seja, cerca de 1% é água doce de
superfície acessível Carmona (et al., 2003).
PARÂMETROS FÍSICOS
TEMPERATURA
Este é um parâmetro importante, visto que influencia na velocidade das reações químicas,
na solubilidade dos gases, na taxa de crescimento dos microrganismos, segundo Souza (2001).
Ainda, com o aumento da temperatura ocorre uma redução na densidade da água. Deste modo, a
inserção de efluentes aquecidos, ou que causam reações químicas, que elevam a temperatura nos
corpos aquáticos, reduzem a densidade, pois aumenta a solubilidade dos nutrientes, com isso,
as algas fitoplanctônicas, que se sustentam na coluna de água, devido a força de atrito, tendem a
ocupar o fundo, reduzindo ou cessando a fotossíntese, segundo Braga (et al., 2005).
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ENSINO A DISTÂNCIA
COR
A cor é um indicativo da presença de substâncias, partículas e organismos em grandes
quantidades, segundo Carmona (et al., 2003). É uma das características que pode afetar a
penetração de luz no corpo aquático.
Pode ser classificada em cor real e cor aparente. A cor real está relacionada às substâncias
dissolvidas na água, ou seja, é a cor que a água realmente apresenta se for removida a matéria em
suspensão. Esse é o caso do Rio Negro (AM), afluente do Rio Amazonas, que possui esse nome
devido a presença de ácidos húmicos (originado a partir da decomposição de matéria orgânica,
proveniente de ser vivo). A cor aparente do meio aquático está associada a reflexos da paisagem
ao redor ou aos materiais presentes no fundo, se esse for visível da superfície, isto é, coloração da
água como ela se apresenta, com todas as matérias em suspensão (BRAGA et al., 2005). A cor é
medida em unidades de cor, chamadas uH (unidade Hazen). A determinação da cor real realiza-
se após centrifugação da amostra. Para atender o padrão de potabilidade, a água deve apresentar
intensidade de cor aparente inferior a cinco unidades, segundo Brasil (2014). A cor pode tornar
TURBIDEZ
É a medida da resistência da água a passagem de luz, ou o grau de atenuação de intensidade
que um feixe de luz sofre ao atravessar a água. A água fica turva devido a presença de materiais
em suspensão ou de organismos microscópicos na água, segundo Braga (et al., 2005).
É expressa em unidades de turbidez, também denominadas unidades de Jackson ou, mais
comumente, em unidades nefelométricas. A turbidez da água pode ser causada por lançamentos
de esgotos domésticos ou industriais. A turbidez natural das águas está, geralmente, compreendida
na faixa de 3 a 500 unidades para fins de potabilidade. Tal restrição fundamenta-se na influência
da turbidez nos processos usuais de desinfecção, atuando como escudo aos micro-organismos
patogênicos, minimizando a ação do desinfetante, segundo Brasil (2014). Considerando o padrão
de potabilidade a turbidez da água não deve exceder 5uT (Portaria MS n. º 2914/2011), segundo
Brasil (2011).
SÓLIDOS
São considerados sólidos totais presentes em um corpo aquático, a matéria que permanece
como resíduo após evaporação de 103 a 105ºC. Podem ser divididos em sólidos em suspensão
e sólidos filtráveis. O filtro utilizado possui cerca de 1 mícron (μ) de diâmetro, segundo Souza
(2001). Assim, os sólidos retidos no filtro são também denominados de sólidos em suspensão
ou particulados, enquanto que os sólidos que atravessam o filtro são classificados como sólidos
dissolvidos ou solúveis.
O padrão de potabilidade refere-se apenas aos sólidos totais dissolvidos (limite: 1000
mg/L), pois esta parcela reflete a influência de lançamento de esgotos e afeta a qualidade
organoléptica (sabor, odor) da água. Os sólidos são tratados como parâmetros físicos, embora
possam estar associados às características químicas e biológicas, segundo Brasil (2014).
CONDUTIVIDADE ELÉTRICA
Este parâmetro indica a capacidade da água de transmitir a corrente elétrica em função da
presença de substâncias dissolvidas, que se dissociam em ânions (íons negativos) e cátions (íons
positivos). Quanto maior a concentração iônica da solução, maior é a capacidade em conduzir
corrente elétrica. A condutividade elétrica é expressa em unidades de resistência (mho ou S) por
unidade de comprimento (geralmente cm ou m), em geral, μS/cm. Deste modo, águas naturais
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ENSINO A DISTÂNCIA
SABOR E ODOR
O sabor e odor também fazem parte dos parâmetros físicos e estão associados à
presença de poluentes industriais ou outras substâncias indesejáveis, como matéria orgânica em
decomposição, algas, entre outros. Águas com sabor e odor não palatáveis são desprezadas para
consumo humano (BRAGA et al., 2005).
PARÂMETROS QUÍMICOS
Os parâmetros químicos são avaliados a partir de substâncias dissolvidas e são medidos
pH
O pH ou potencial hidrogêniônico indica a intensidade das condições ácidas ou alcalinas
do meio aquoso, através da presença de íons hidrogênio (H+). Os valores de pH variam de 0 a 14,
sendo, inferior a 7, condições ácidas; superior a 7: condições alcalinas e 7 considerado neutro. O
valor do pH altera o grau de solubilidade das substâncias. As alterações desse parâmetro podem
ter origem natural (dissolução de rochas, fotossíntese) ou antropogênica (despejos domésticos
e industriais). Em águas de abastecimento, baixos valores de pH podem contribuir para sua
corrosividade e agressividade, enquanto que valores elevados aumentam a possibilidade de
incrustações nas tubulações. A acidificação das águas pode ser também um fenômeno derivado da
poluição atmosférica, mediante precipitações ou passagem direta de CO2 da atmosfera para água
por diferença de concentração, segundo Brasil (2014). Assim, em regiões muito poluídas ocorrem
passagem direta do CO2 da atmosfera para o corpo aquático. O pH para águas de abastecimento
deve estar entre 6,5 e 9,5, visando minimizar os problemas de incrustação e corrosão das redes de
distribuição (Portaria MS n. º 2914/2011).
DUREZA
A dureza das águas reflete a concentração de cátions em solução, na água cálcio (Ca+2) e
magnésio (Mg+2), mas também pode ser por ferro (Fe+2), manganês (Mn+2), estrôncio (Sr+2)
e alumínio (Al+3), segundo Brasil (2014). Águas com dureza elevada ou águas duras necessitam
de muita quantidade de detergentes, sabões e shampoo para produzir espuma ou que dão origem
a incrustações nas tubulações de água quente, em panelas ou outros equipamentos, em que a
temperatura da água é elevada. A dureza das águas superficiais é menor do que a das águas
subterrâneas e reflete a natureza das formações geológicas com as quais ela esteve em contato. A
dureza, em geral, é expressa em mg/L de carbonato de cálcio CaCO3, segundo Souza (2001). O
padrão de potabilidade para águas de abastecimento é de 500 mg/L CaCO3, Brasil (2014).
NUTRIENTES DISSOLVIDOS
Alguns nutrientes dissolvidos no meio aquático são essenciais para o desenvolvimento
dos seres vivos que ocupam esse meio. Nitrogênio e fósforo são fatores limitantes para o
crescimento de organismos autótrofos fotossintetizantes (algas e vegetais), portanto, o excesso
desses nutrientes provoca uma proliferação exagerada de algas denominada eutrofização. Assim,
os organismos precisam de quantidades moderadas de sais de silício, cálcio, magnésio, sódio,
potássio, enxofre, cloro e ferro e de quantidades diminutas de manganês, cobalto, zinco, cobre,
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ENSINO A DISTÂNCIA
entre outros, segundo Braga (et al., 2005). Desse modo, alterações nas concentrações de nutrientes
dissolvidos causam mudanças na estrutura das comunidades aquáticas.
PARÂMETROS BIOLÓGICOS
Organismos que são utilizados para indicar mudanças do ambiente são denominados
de bioindicadores, segundo Bagliano (2012). Os bioindicadores são importantes por serem
muito sensíveis a poluentes, a toxinas e a perturbações do meio, portanto, servem como alerta
de desequilíbrio ambiental, segundo Ricklefs (2009). Podem fazer parte de diferentes grupos
como algas, bactérias, fungos, vegetais, protozoários, microinverterbrados, entre outros, porém,
as algas e os microrganismos patogênicos destacam-se em relação aos parâmetros de qualidade
de água.
ALGAS
As algas são pertencentes a três diferentes reinos: Monera, Protista e Plantae, sendo as
algas verdes (Chlorophyta/Plantae) as responsáveis pela maior parte da produção de oxigênio
molecular disponível no planeta a partir da fotossíntese, segundo Vidotti e Rollemberg (2003).
Contudo, a formação de grandes massas de algas, devido ao processo de eutrofização comentado
anteriormente, leva a produção de lodo (Figura 1) e a liberação de vários compostos que podem
ser tóxicos ou produzirem sabor e odor desagradável.
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ENSINO A DISTÂNCIA
MICRORGANISMOS PATOGÊNICOS
Existem vários organismos patogênicos presentes em águas naturais, em geral,
provenientes do lançamento de águas residuais comunitárias, originários de indivíduos doentes
ou portadores. Considerando a dificuldade de identificação e contagem dos microrganismos
patogênicos, é habitual realizar a contagem de bactérias coliformes (coliformes totais, coliformes
fecais, Escherichia coli e estreptococos fecais) como um indicador da presença de microrganismos
patogênicos e de águas residuais de origem fecal, segundo Souza (2001). O padrão microbiológico
da água para consumo humano afirma que sistemas que analisam 40 ou mais amostras por mês,
os coliformes totais devem estar ausentes em 100ml em 95% das amostras examinadas no mês e
em sistemas que analisam menos de 40 amostras por mês, apenas uma amostra poderá apresentar
mensalmente resultado positivo em 100ml (Portaria MS n.º 2914/2011).
Comportamento dos poluentes no meio aquático
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ENSINO A DISTÂNCIA
O impacto produzido por esgoto doméstico, por exemplo, com restos de matéria orgânica,
restos de alimentos de origem vegetal ou animal, leva a redução de oxigênio no corpo aquático.
Ao atingir o corpo aquático, bactérias aeróbias, que utilizam oxigênio, gastam o oxigênio do
corpo aquático e ainda liberam mais gás carbônico na água durante a decomposição. Se o despejo
for contínuo e o consumo de oxigênio for maior do que a capacidade do meio de para repô-lo,
então, pode haver esgotamento e inviabilidade de sobrevivência de peixes e outros organismos
que necessitam de oxigênio para respirar, segundo Braga (et al., 2005).
O MEIO TERRESTRE
O solo pode ser compreendido como um manto superficial formado por desagregação
de rochas e matéria orgânica (matéria de origem animal ou vegetal) em decomposição, contendo
Composição do solo
A proporção entre os componentes varia entre um solo e outro, mas geralmente fica
em torno de 45% de materiais minerais, 25% de água, 25% de ar e 5% de matéria orgânica. A
matéria mineral é proveniente da desagregação de rochas no próprio local ou em locais distantes,
trazida por água e vento. A parte líquida é constituída por precipitações como chuva, sereno,
neblina e orvalho. A proporção gasosa é formada por ar atmosférico e por gases formados pela
biodegradação da matéria orgânica. E por último, a parte orgânica resultante da queda de folhas,
frutos, galhos, restos de animais e resíduos em diferentes estágios de decomposição no estado
sólido ou líquido, segundo Braga (et al., 2005).
Formação do solo
Os solos são formados pela atuação do clima (pluviosidade, temperatura, umidade, etc.),
pela ação dos organismos (vegetação, animais, decompositores), material de origem, relevo e
idade, segundo Braga (et al., 2005). Os diferentes solos, alterados ou não, ou seja, apresentam um
perfil pode ser visualizado através de cortes verticais em profundidade (Figura 2). Um solo típico
pode apresentar três camadas denominadas de horizontes A, B e C. Acima desses horizontes há
uma camada superficial pouco espessa rica em resíduos orgânicos em decomposição, denominada
de “horizonte O”, segundo Mendonça (2006).
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ENSINO A DISTÂNCIA
Troca de íons
As cargas elétricas do solo são fundamentais nas trocas químicas entre as partículas sólidas
e a solução aquosa presente, repelindo ou absorvendo íons, configurando uma característica
denominada de capacidade de troca iônica do solo, segundo Braga (et al., 2005). Ou seja, as
propriedades de adsorção e troca de íons do solo constituem no evento físico-químico de maior
importância no solo, definindo suas transformações desde a sua origem, segundo Silva (et al.,
2009). Os solos tropicais apresentam maior quantidade de cargas elétricas negativas, e possuem,
em geral, maior quantidade de argilas e óxidos de ferro e alumínio.
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ENSINO A DISTÂNCIA
Resíduos sólidos
Os Resíduos sólidos são todo material sólido ou semissólido (com teor de umidade
inferior a 80%) indesejável e que deve ser removido por ter sido considerado inútil e descartado.
Deve-se ressaltar que, o que é descartado para um pode se tornar matéria-prima para outro. Há
várias maneiras de se classificar os resíduos sólidos, mas, as mais comuns estão relacionadas
aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente e quanto à natureza ou origem. Os
resíduos sólidos podem ser classificados de acordo com a NBR 10.004, segundo ABNT (2004)
em: Classe I ou perigosos, aqueles que apresentam risco ao meio ambiente e exigem tratamento
e disposição especiais, ou que apresentam riscos à saúde pública. Por exemplo: embalagens de
pesticidas e resíduos de indústria química ou farmacêuticas; Classe II ou não inertes: podem
apresentar características de combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade, e podem
causar danos à saúde ou ao meio ambiente, por exemplo, resíduos domésticos, matéria orgânica
e papel; Classe III ou inertes, resíduos que não se degradam quando dispostos no solo, como
restos de construção civil, entulho de demolição ou pedras.
Tabela 1: Quantidade de resíduos sólidos urbanos gerado no Brasil em 2014 (Fonte: ABRELPE, 2014).
Resíduos perigosos
Estes são os resíduos sólidos que podem ser considerados nocivos ao meio ambiente e
à saúde, dos humanos e de outros organismos, no presente e no futuro. Os resíduos perigosos
são classificados em resíduos biomédicos, aqueles de hospitais, clínicas, laboratórios, que
apresentam características patológicas e infecciosas; e resíduos químicos, os produzidos por
atividade industrial e utilizados por grande parte da sociedade, de forma direta ou indireta. Os
resíduos hospitalares devem ser incinerados no próprio local, acaso isso não ocorra, poderá ser
encaminhado ao aterro com tratamentos prévios de cuidados e de prevenção. A destinação ideal
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ENSINO A DISTÂNCIA
para os resíduos perigosos seria também a reciclagem ou reutilização. Alguns produtos podem
ser utilizados como matéria-prima em ouros processos industriais. Se necessário, a disposição
final escolhida depende da natureza do resíduo, das características do meio receptor e das leis
vigentes. Os métodos mais comuns para a disposição final de resíduos perigosos são: disposição
no solo, em aterros de armazenamento, em lagoas artificiais, em formações geológicas subterrânea
e em injeções em poços e o tratamento de resíduos, com processos químicos, físico-químicos ou
biológicos Braga (et al., 2005).
As indústrias devem elaborar o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS),
que é parte integrante do processo de licenciamento ambiental do empreendimento ou atividade.
O PGRS deve ser elaborado de acordo com acordo com as normas estabelecidas pelos órgãos do
Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária
(SNVS) e do Sistema Único de Atenção à Sanidade Agropecuária (SUASA) e, se houver, do Plano
Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. Além do PGRS, as indústrias também devem
prestar informações sobre seus resíduos pelo Cadastro Técnico Federal (CTF) do IBAMA (IPEA,
Resíduos radioativos
Em geral, há duas grandes instalações geradoras de rejeitos radioativos, as instalações
usuárias de radioatividade ou instalações radiativas, que incluem hospitais, laboratórios de análises,
instituições de pesquisa, indústrias, universidades, entre outras que operam equipamentos e
aparelhos laboratoriais analíticos ou hospitalares e as usinas nucleares, que são convencionadas
como instalações nucleares, as quais processam minerais e substâncias contendo urânio e outros
elementos químicos potencialmente radioativos para a geração de energia elétrica (PIVA et al.,
2010).
Esses rejeitos radioativos podem ser sólidos, líquidos ou gasosos. O gerenciamento de
resíduos radioativos está relacionado ao isolamento desses em local seguro. Os rejeitos líquidos
e gasosos podem ser retidos até a redução do nível de radioatividade e depois lançados no meio
ambiente ou através da retirada dos rejeitos radioativos dos resíduos totais, de modo que eles
sejam gerenciados como resíduos sólidos. A intensidade do dano causado pela radiação depende
da fonte de radiação, do tempo de exposição e da distância entre o receptor e essa fonte, Braga et
al. (2005).
O MEIO ATMOSFÉRICO
Características da atmosfera
Atmosfera é o nome dado a camada gasosa que envolve a Terra que se estende cerca
de 1.000 km de altitude. Os principais gases presentes na atmosfera são nitrogênio (78,11%),
oxigênio (20,95%), argônio (0,934%) e gás carbônico (0,033%). Ainda, compondo uma menor
porcentagem, estão presentes na atmosfera, neônio, hélio, criptônio, xenômio, hidrogênio,
metano, ozônio e dióxido de nitrogênio, entre outros. Além dos gases, a atmosfera apresenta
vapor de água (1 a 4%) e material particulado orgânico (pólens e microrganismos) e inorgânico
(partículas de areia e fuligem) (BRAGA et al., 2005). A medida que aumenta a altitude, a densidade
do ar vai diminuindo devido à menor força de atração que a Terra exerce sobre a atmosfera.
Assim, 50% da massa total atmosférica encontram-se nos primeiros 5 km sobre o nível do mar.
Portanto, as características físicas e a composição química da atmosfera variam em relação à
altitude, dividindo-se em vários extratos bem diferenciados e com características próprias.
Existem diferentes formas de caracterização da atmosfera, contudo, do ponto de vista
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ENSINO A DISTÂNCIA
Processos poluentes
Considera-se como processo poluente todos os procedimentos, seja natural ou por
métodos tecnológicos, que constituem uma fonte de poluição atmosférica. Existem diferentes
processos decorrentes de transformação industrial ou domésticos, segundo Pereira (2011), que
serão descritos a seguir:
Processos de combustão
Este processo, principalmente dos derivados do petróleo, do carvão e do gás natural, é
uma das fontes de energia mais utilizadas na atualidade. Nas centrais térmicas, esses derivados
são queimados para obtenção de energia elétrica e a composição dos gases de saída depende dos
combustíveis utilizados. Outro processo de poluição através de combustão, ocorre no tráfego
rodoviário, em que os veículos automotores são responsáveis por quantidades superiores a 90%
do monóxido de carbono, por entre 20-30% dos óxidos de enxofre e de material particulado e
por entre 70 e 90% dos hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio, segundo Mota (1999). Ainda, em
estações incineradoras de resíduos sólidos, ocorre a liberação gases e cinzas poluentes.
Processos na construção
Estes processos estão relacionados a pedreiras, indústrias de fabricação de produtos
cerâmicos ou cimenteiras e deposição de partículas sólidas ou de fuligem pelos arredores. A
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ENSINO A DISTÂNCIA
indústrias cimenteira, geralmente, deposita uma típica poeira de cor esbranquiçada sobre as
folhas das árvores e edificações. Esta poeira é rica em óxido de cálcio (cal viva ou cal virgem).
A vegetação sofre ressecamento da folhagem e os corpos d’água em áreas em que a cal virgem
é usada como corretivo agrícola, possuem pH alcalino, com diminuição na disponibilidade de
fósforo assimilável pelos vegetais, segundo Duarte (et al., 2012).
Processos petroquímicos
As operações de refino, destilação, transformação ou de transporte de derivados de
petróleo e sua utilização na indústria, produzem a emissão de efluentes tóxicos e inflamáveis.
No petróleo, uma mistura de hidrocarbonetos, os componentes são separados em estações
petroquímicas de acordo com suas características e, posteriormente, os produtos obtidos são
tratados através de procedimentos físicos ou químicos para obter os derivados comerciais do
petróleo que são aplicados nas áreas da drogaria, na fabricação de detergentes, na síntese de
plásticos e borrachas, na produção de adubos, explosivos e solventes, nos corantes industriais,
Poluentes na atmosfera
A poluição atmosférica pode ser classificada quanto às fontes de poluição (fixas ou
móveis), bem como, quanto à dimensão da área atingida (problemas locais, regionais e globais).
A distinção entre fonte fixas e móveis é fundamental para o controle da poluição levando-se em
conta que o tratamento do problema é diferente em cada caso, segundo Braga (et al., 2005).
As fontes fixas são aquelas operadas de um ponto fixo, como chaminés industriais, caldeiras
e fornos, enquanto que, aquelas consideradas móveis, são provenientes de fontes autônomas, que
emitem contaminantes em sua trajetória, como automóveis, trens, aviões e barcos, entre outros,
segundo Carmona (et al., 2003).
O aumento da concentração de poluentes atmosféricos nas cidades causa diversos
problemas locais, entre eles a elevação da temperatura nas zonas mais edificadas, doenças
respiratórias e desconforto na população. Essa elevação da temperatura média local devido à
urbanização é conhecida como “ilhas de calor”. Ainda, a queimada de uma floresta pode gerar
impactos em escala regional, como a chuva ácida, resultantes da emissão de dióxido de enxofre
na atmosfera, e em escala global, como o aumento do efeito estufa (aquecimento global) e a
destruição da camada de ozônio. Os problemas globais envolvem toda a biosfera, com a
necessidade de esforços mundiais para enfrenta-los e controlá-los.
Chuva ácida
As chuvas, naturalmente, são ligeiramente ácidas, apresentando um pH próximo de 5,6.
Essa acidez é resultante da dissociação do dióxido de carbono (CO2) em água, formando ácido
carbônico, um ácido considerado fraco. Contudo, chuva ácida é o fenômeno originado da reação
entre gases nitrogenados e sulfonados produzidos por uma série de atividades humanas e o vapor
de água na atmosfera, produzindo ácidos nítrico (HNO3) e sulfúrico (H2SO4). A ocorrência desse
fenômeno gera diferentes impactos ao meio ambiente. Assim, é considerada ácida a chuva com
pH inferior a 5,6.
Na América do Sul, os menores valores de pH atingem cerca de 4,7. Estes valores foram
registrados na região amazônica resultantes da oxidação de H2S (ácido sulfídrico) produzidos
nos alagados da região ou da queima de biomassa (BRAGA et al., 2005). Na agricultura há
elevadas perdas resultantes da acidificação do solo. Ainda, ocorre a acidificação da água de lagos
e de reservatórios responsáveis pelo abastecimento da população, necessitando de diferentes
tratamentos, e produção de energia elétrica. A acidez causa desgaste no concreto, nas tubulações e
turbinas. Ainda, causam prejuízos à vegetação e pode levar a mortandade de peixes locais. Outro
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ENSINO A DISTÂNCIA
dano provocado pela chuva ácida está relacionado à destruição de obras civis e monumentos. O
controle da chuva ácida se faz através do controle das emissões de óxidos de nitrogênio (NOx) e
dióxido de enxofre (SO2) (BRAGA et al., 2005).
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ENSINO A DISTÂNCIA
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ENSINO A DISTÂNCIA
03
UNIDADE
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 36
EDUCAÇÃO AMBIENTAL (EA) ................................................................................................................................. 37
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL .................................................................................................................... 40
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ENSINO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Nesta unidade, as questões ambientais serão abordadas em termos de Educação Ambiental
e Sustentabilidade, dois temas complementares, visando a conservação do meio ambiente e
qualidade de vida. Será apresentado um breve histórico sobre Educação Ambiental, os princípios
e algumas peculiaridades dessa forma de educação e a legislação brasileira que trata a Educação
Ambiental.
Ainda, será descrito o conceito de sustentabilidade, apresentando a origem da utilização
desse termo e as diferentes área envolvidas com esse desenvolvimento. Serão destacados e
discutidos os três aspectos, ambiental, social e econômico, que norteiam o desenvolvimento
sustentável. Além disso, a Pegada Ecológica será descrita como um método de avaliação da
sustentabilidade. Serão, ainda, discutidos os principais impactos ambientais brasileiros, o
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ENSINO A DISTÂNCIA
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ENSINO A DISTÂNCIA
- Avaliar o ambiente em sua totalidade. Deste modo, deve ser avaliado seus aspectos
- Oportunizar aos alunos tomar decisões com base em suas experiências de aprendizagem;
Educação indígena
A comunidade indígena possui uma forte relação com a natureza, essa integração pode ser
verificada no dia-a-dia, nas tarefas domésticas ou de subsistência e nas relações interpessoais. As
comunidades indígenas exercitam uma educação profundamente comprometida com seu meio
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ENSINO A DISTÂNCIA
socioambiental. Em época de chuva, realiza-se determinado trabalho. No verão, faz-se outro tipo
de trabalho. Ou seja, há atividades que não se fazem quando está chovendo e outras que não se
fazem, quando está seco. São regras ditadas pela natureza.
A exploração predatória e degradação dos recursos naturais são diretas e facilmente
observáveis. Por exemplo, na cerimônia de casamento dos Auwe-Xavante (MT), há oferenda de
caça por parte do noivo à família da noiva. Ainda, se não há caça, não há matéria-prima para
confecção das vestimentas e adornos adequados à cerimônia (Figura 2).
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ENSINO A DISTÂNCIA
O candomblé valoriza não apenas a vida religiosa, mas também a vida social, hierárquica,
ética e moral. Para que cada ecossistema tenha o seu guardião, Oludumaré (o Deus Supremo),
presenteou cada divindade com um atributo para auxiliá-lo na grande obra de perpetuação da
humanidade.
Preservar, cuidar e manter o ecossistema, a fauna e a flora, é condição fundamental para
os participantes dessa religiosidade afro-brasileira. Os ritos e rituais são propiciados por meio de
folhas, banhos de águas naturais e por partes de animais consagrados aos orixás. Ou seja, para a
religião dos orixás, a natureza é parte fundadora da constituição dos seres.
Você sabia?
- Dia 05 de junho comemora-se o Dia Mundial do Meio Ambiente e da Ecologia;
- Dia 15 de outubro comemora-se o Dia do Educador Ambiental.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
CONCEITOS BÁSICOS
O desenvolvimento urbano e industrial ocorreu acompanhado de níveis crescentes de
poluição e degradação ambiental, transformando rios, como o Tietê, em São Paulo, em locais de
esgoto a céu aberto e reduzindo da fertilidade do solo Assim, levando-se em conta que a tecnologia
poderia ser utilizada também para contribuir com a reversão de impactos ou agir de modo que os
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ENSINO A DISTÂNCIA
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ENSINO A DISTÂNCIA
Visão ambiental
Nesta visão, a principal preocupação está relacionada aos impactos da atividade humana
sobre o meio ambiente, denominada de capital natural. A sustentabilidade ambiental se preocupa
em aumentar a capacidade do planeta por meio da utilização do potencial encontrado nos
diversos ecossistemas e de se manter um nível mínimo de deterioração desses ambientes, por
meio da redução de uso de combustíveis fósseis, da diminuição da emissão de gases e outras
substâncias poluentes. Além disso, visa adotar políticas de conservação de energia, com a
substituição de recursos não renováveis por renováveis e o aumentar a eficiência em relação aos
recursos utilizados.
Visão econômica
Na visão econômica o mundo é encarado em termos de estoques e fluxo de capital. Essa
visão não se restringe apenas ao convencional capital monetário ou econômico, mas considera
capitais de diferentes tipos, ambiental, natural, capital humano e capital social. Os economistas
possuem uma tendência mais otimista no que se refere à capacidade do ser humano de adaptação
a novas realidades ou circunstâncias e resolver problemas com sua capacidade técnica e se baseiam
nos conceitos de sustentabilidade forte e fraca. Dentro do conceito de sustentabilidade forte,
todos os níveis de recursos devem ser mantidos e não reduzidos, enquanto que, no conceito de
sustentabilidade fraca se admite a troca entre os diferentes tipos de capitais na medida em que se
mantenha constante o seu estoque. Essas duas abordagens consideram que o capital natural não
deve ser tratado independentemente do sistema como um todo, mas sim como parte integrante
dele. Essa integração entre ambiente e economia deve ser alcançada dentro do processo decisório,
dentro dos diferentes setores como governo, indústria e ambiente doméstico, visando alcançar a
sustentabilidade.
Visão social
A visão social objetiva alcançar a sustentabilidade em benefício da vida humana,
garantindo aos seres humanos o direito a uma vida saudável, produtiva e em harmonia com
a natureza. Assim, a proteção do meio ambiente tem, como função primordial, proteger o ser
humano e garantir‑lhe uma vida saudável. Uma vida saudável se baseia no respeito a direitos
mínimos como: saúde, lazer, trabalho, acesso a serviços básicos, água limpa e tratada, ar puro,
serviços médicos, proteção, segurança e educação. Nesse sentido, a sustentabilidade social baseia-
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ENSINO A DISTÂNCIA
N * [∑(Ci/Pi)], onde:
N= número de habitantes
Ci = consumo médio per capita de cada bem
Pi = produtividade ou quantidade de terra
A pegada ecológica engloba a terra bioprodutiva, mar bioprodutivo, área de energia fóssil,
área urbanizada e biodiversidade (Figura 5).
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ENSINO A DISTÂNCIA
Figura 6 - Pegada ecológica mundial entre 1961 e 2005. Fonte: WWF (2017).
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ENSINO A DISTÂNCIA
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ENSINO A DISTÂNCIA
encontro, foram criados cinco documentos: dois acordos internacionais, duas declarações de
princípios e um programa de ação sobre desenvolvimento mundial sustentável, com destaque
para a Agenda 21 que visa alcançar o Desenvolvimento Sustentável, baseada no planejamento do
futuro, com ações de curto, médio e longo prazos. Esse documento está organizado sob forma de
livro, contendo 40 capítulos.
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ENSINO A DISTÂNCIA
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ENSINO A DISTÂNCIA
04
UNIDADE
POLÍTICAS AMBIENTAIS,
PROGRAMAS E LEGISLAÇÃO
PROF.A PhD. GEZIELE MUCIO ALVES
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 49
POLÍTICAS AMBIENTAIS, PROGRAMAS E LEGISLAÇÃO ..................................................................................... 50
GESTÃO DO AMBIENTE .......................................................................................................................................... 56
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ENSINO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Esta unidade aborda a estrutura do Sistema Nacional de Meio Ambiente com ênfase
nas normas e instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente. Serão evidenciados o
zoneamento ambiental, a avaliação de impacto ambiental, com elaboração dos estudos de
impactos ambientais e relatórios de impactos ambientais, e o sistema de tríplice licença.
Ainda, serão abordados os aspectos de restauração e recuperação de ambientes degradados
com a definição de medidas corretivas e preventivas. Posteriormente, será conceituado gestão
ambiental e descrita a organização da política ambiental brasileira. Além disso, serão delimitadas
as ferramentas utilizadas para avaliar o desempenho ambiental das empresas e as leis que regem
esses instrumentos.
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ENSINO A DISTÂNCIA
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ENSINO A DISTÂNCIA
Zoneamento ambiental
É a organização do território em áreas onde se autorizam determinadas atividades ou
restringe-se, de modo absoluto ou relativo, o exercício de outras, em razão das características
ambientais e socioeconômicas do local, sem comprometer seus recursos naturais e o meio
ambiente. Deve ser executado em nível nacional (macrozoneamento), regional ou municipal.
O zoneamento é um regulamento para que determinadas parcelas do solo, ou mesmo
de cursos d’água doce ou do mar, sejam utilizadas ou não utilizadas, segundo critérios
preestabelecidos. Esses critérios são considerados obrigatórios, seja para a Administração Pública
ou Privada e constitui-se em limitação administrativa incidente sobre o direito de propriedade,
segundo Antunes (1999).
A Constituição Federal atribui competência à União sobre elaborar e executar planos
nacionais e regionais de ordenação do território; A Lei no 6. 803 de 02.07.80 prevê que os Estados
estabeleçam leis de zoneamento nas áreas críticas de poluição que compatibilizem as atividades
industriais de proteção ambiental. Ainda, cabe ao munícipio a delimitação do solo urbano com
Figura 1 - Exemplos de impactos ambientais. Fonte: Taringa (2017).
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ENSINO A DISTÂNCIA
Licenciamento ambiental
Embora o licenciamento ambiental já estivesse previsto na legislação de vários Estados,
passou a ser obrigatório somente com a promulgação da Lei Federal no 6.938 de 31.08.81, segundo
Brasil (1981). Posteriormente, a resolução Lei no 237 de 19.12.97 do CONAMA, instituiu o
sistema da tríplice licença (prévia, instalação e operação), segundo CONAMA (1997). Essas três
licenças serão discutidas a seguir de acordo com Watanabe (2011).
A responsabilidade pela concessão de licença fica a cargo dos órgãos ambientais estaduais
(como Instituto Ambiental do Paraná - IAP) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), no âmbito nacional ou regional. Todas as obras ou
atividades utilizadoras de recursos naturais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras
estão sujeitas ao licenciamento. Para o licenciamento de estabelecimentos destinados a produção
de materiais nucleares e suas aplicações, o licenciamento é competência da Comissão Nacional
de Energia Nuclear (CNEN), mediante parecer do IBAMA e de órgão estaduais e municipais de
controle ambiental, segundo Braga (et al., 2005).
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ENSINO A DISTÂNCIA
serem atendidos nas próximas fases. O projeto básico será elaborado somente após a expedição
da Licença Prévia. O pedido de Licença Prévia deve vir acompanhado de certidão da Prefeitura do
Município onde se deseja iniciar as obras, comprovando que o local pode receber a atividade ser
publicado no Diário Oficial e em periódico de grande circulação. Também deve atender os prazos
determinados, caso os mesmos não sejam atendidos a licença poderá ser arquivada. Dependendo
do local e da atividade poderá haver a exigência de audiências públicas. Quando expedir licença
prévia, o órgão ambiental estabelecerá as medidas mitigadoras que devem ser contempladas no
projeto de implantação como condição para solicitar e obter a Licença de Instalação. Quando o
empreendimento configurar casos de significativo impacto, o empreendedor é obrigado a apoiar
financeiramente a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção
Integral, conforme previsto no art. 2º incisos I e VI da Lei 9985/00 que institui o Sistema Nacional
de Unidades de Conservação da Natureza.
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ENSINO A DISTÂNCIA
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ENSINO A DISTÂNCIA
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GESTÃO DO AMBIENTE
Durante um longo período, a industrialização e a poluição foi avaliada como sinônimo de
progresso. Essa visão foi mantida até que os problemas causados ao ambiente, como contaminação
do ar, da água e do solo, começaram a ter efeito direto sobre os seres humanos. Essa degradação
ambiental e preocupação tornou-se mais evidente na década de 1970, com a realização, em 1972,
em Estocolmo (capital da Suécia), da 1ª Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano.
Nesse período, em muitos países, em especial, da Europa e América do Norte, as empresas foram
forçadas a utilizar recursos financeiros expressivos devido a problemas resultantes de uma atuação
desvinculada do meio ambiente, além de possuírem sua imagem comprometida perante o mercado.
Com o tempo, as empresas transformaram essa desvantagem em vantagem competitiva, quando
passaram a contribuir para o aprimoramento das relações entre o desenvolvimento e o ambiente.
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Tabela 2 - Principais catástrofes ambientais ocorridas no século XX. Fonte: Teixeira (2017).
No Brasil, apenas a partir da década de 1980, com a edição da Lei Federal n0 6.938,
de 31 de agosto de 1981, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), que
a gestão ambiental passou a ser explícita no âmbito federal, com controle e fiscalização. Essa
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política tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia
à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses
da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana. Esta lei instituiu o Sistema
Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA),
com gestão participativa com a sociedade. O Conselho Nacional do Meio Ambiente é o órgão
consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente (BRASIL, 1981).
O SISNAMA possui a seguinte estrutura (MMA, 2017a):
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Os objetivos gerais de uma análise do ciclo vida são obter um quadro completo das
interações de determinada atividade com o meio-ambiente; compreender a interdependência
das consequências ambientais associadas à essas atividades; criar uma base para determinação
de novos investimentos e comparar o impacto ambiental total de produtos diferentes usados
para o mesmo fim, segundo Fonseca (2005). Assim, a ACV é uma poderosa ferramenta de
apoio à tomada de decisões que gera informações sobre a atividade, avalia impactos e compara
desempenhos ambientais de processos e produtos. Existe um conceito bastante relacionado ao
ACV, que são os “seis ‘erres’ da sustentabilidade”: repensar, repor, reparar, reduzir, reutilizar e
reciclar (IBICT, 2016).
A ACV é regida pelas normas ISO 14040, criadas pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT), segundo INMETRO (2013).
Rótulo ecológico
O rótulo ecológico, também denominado de selo verde, rótulo ambiental, eco-selo ou
selo ecológico, é uma rotulagem que atesta que determinado produto causa menor impacto
ambiental que outros semelhantes, disponíveis no mercado. Seu objetivo é promover a redução
dos impactos negativos em todo o ciclo de vida do produto, mobilizando as forças de mercado
através da conscientização de produtores e consumidores, segundo Watanabe (2011).
O Programa da ABNT de Rotulagem Ambiental é uma certificação voluntária desenvolvida
de acordo com as normas da ABNT NBR ISO 14020 e ABNT NBR ISO 14024, concedida por
um comitê técnico que tem a responsabilidade de aprovar os critérios utilizados sua concessão
(Figura 4). Este tipo de rótulo leva em consideração o ciclo de vida dos produtos, objetivando a
redução de impactos negativos causados no meio ambiente em todas as etapas do ciclo de vida
destes produtos: extração de recursos, fabricação, distribuição, utilização e descarte, segundo
ABNT Online (2017). O rótulo ecológico é um instrumento de gestão ambiental orientado para
o produto, mas que pode ser aplicado aos serviços.
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Figura 4 - Selo de Qualidade Ambiental criado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Fonte: Ribeiro (2017).
Ecodesign
Auditoria ambiental
É uma avaliação periódica, documentada e objetiva das operações e processos de forma
a garantir o cumprimento da legislação e os objetivos ambientais, para diversas atividades e
eventos, segundo Watanabe (2011). Ainda, pode ser considerada como uma sequência de revisões
de qualidade utilizadas pela indústria e outros setores empresariais visando uma certificação
da gestão de qualidade da empresa, segundo Antunes (1998). A auditoria ambiental pode ser
realizada pelo Poder Público ou por empresa privada e os resultados devem ser disponibilizados
aos clientes.
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das empresas frente à problemática ambiental. Essas normas fornecem orientações sobre a
elaboração e implementação de um Sistema de Gestão Ambiental; instrumentos de avaliação
específica do meio ambiente e meios práticos e adequados para abordar os produtos do ponto de
vista ambiental, segundo Watanabe (2011).
De acordo com a ISO 14000 tanto a organização das empresas quanto o produto, são
analisados para que seja conferida a certificação de qualidade ambiental a determinado processo
produtivo. Essa série engloba seis grupos de normas, que atendem a um assunto específico da
questão ambiental (Figura 5).
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