Farmacologia 1º Etapa
Farmacologia 1º Etapa
Farmacologia 1º Etapa
Introdução
Terminologia: medicamento > droga > fármaco. São substâncias químicas capazes de alterar os processos dos
sistemas do ser vivo:
Fármaco: substância química que ainda não se tem conhecimento sobre sua forma de atuação.
Droga: substância química que é capaz de alterar os sistemas, tendo agora o conhecimento sobre a sua
atuação, que deverá ser passada por teste em tecidos vivos.
Medicamento: substância química que já está pronta para ser usada no mercado.
Remédio: conceito amplo, abrange qualquer coisa que faça o indivíduo se sentir melhor. Pode se referir
a um medicamento, mas também a uma massagem, fisioterapia, acupuntura, bênção de um pastor,
preparações caseiras. Em suma, o remédio pode possuir substâncias químicas, mas agora detém um
valor afetivo.
O que é farmacologia?
Farmacologia é a ciência que vai estudar as substâncias químicas que irão interferir na vida do ser vivo. Toda
droga passa por um período de testes conhecido como fase farmacêutica,onde se verifica o comportamento da
droga no organismo humano. Nesse sentido, é estudado o caminho percorrido pela droga desde sua entrada
até sua saída do corpo (farmacocinética) e o mecanismo molecular pelo qual ela age (farmacodinâmica).
Receptores
Receptor é o mesmo que alvo de ação da droga ou uma molécula de reconhecimento para um mediador químico
através do qual uma resposta é traduzida. Os receptores dos fármacos geralmente se localizam nas superfícies
das células, mas também podem estar localizados nos compartimentos intracelulares específicos, como o
núcleo. Com poucas exceções, os fármacos agem nas proteínas-alvo a saber: receptores, enzimas, canais iônicos
e carregadores ou transportadores.
Características
Especificidade:
A especificidade é recíproca: classes individuais de fármacos ligam-se apenas a certos alvos, e alvos
individuais só reconhecem determinadas classes de fármacos. Entretanto, nenhum fármaco é
completamente específico em sua ação. Em muitos casos, ao aumentar a dose de um fármaco, a
substância pode afetar outros alvos além de seu alvo principal, e esse fato pode levar ao aparecimento
de efeitos colaterais.
Tipos de receptores
Canal iônico: terão drogas que poderão abrir ou fechar esse canal. Exemplos: lidocaína,
nifedipina.
Transportador: exemplo: Omeprazol.
Enzima: enalapril ou captopril.
Receptor: estrutura proteica que só atua sobre determinada substância. Exemplo: receptor
de morfina.
Ligações químicas
Afinidade
A facilidade de interação da droga com o alvo(receptor) é chamada de afinidade. Quando a afinidade é
alta, a formação do complexo droga- receptor é rápida. Isso vai interferir diretamente na velocidade do
efeito do remédio.
A afinidade de uma substância ao seu receptor e a sua atividade intrínseca são determinados pela
estrutura química. Pequenas alterações na estrutura da molécula podem resultar em grandes mudanças
nas propriedades farmacológicas.
Eficácia
Pode ser entendida como a capacidade do complexo formado droga - receptor sair do estado “não
ativo” para o estado “ativo” ou ainda, como a capacidade de um fármaco de se ligar a um receptor e
gerar uma resposta celular. Ela pode ser mensurada de 0 a 1, sendo:
0 = antagonista. O complexo permanece no estado não ativo.
1= agonista. O complexo droga- receptor vai para o estado ativo.
Eficácia Classificação
1 Agonista total ou pleno
0,8 Agonista parcial
0,5 Agonista parcial
0,3 Agonista parcial
0 Antagonista
A tendência de um fármaco se ligar aos receptores é governada por sua afinidade, ao passo que a
tendência de um fármaco de, uma vez ligado, ativar o receptor é indicada por sua eficácia.
Ângelo Gabrielli – 4º período
Antagonista
O fármaco que se liga a um receptor sem causar sua ativação e, em consequência, impede que um
agonista se ligue a esse mesmo receptor recebe a denominação antagonista do receptor. Em suma, a
droga antagonista é uma substância que interage com o receptor, forma o complexo D-R e mantém ele
no estado não ativo. Atua principalmente fechando um canal. Ex: Omeprazol e lidocaína.
Na maioria dos casos, o antagonismo resulta da competição com um antagonista pelo mesmo sítio de
ligação (ou por um sítio sobreposto) do receptor (interação sintópica), mas também pode ocorrer por
interação com outros sítios do receptor (antagonismo alostérico), por combinação com o agonista
(antagonismo químico) ou por antagonismo funcional com inibição indireta dos efeitos celulares ou
fisiológicos do agonista.
Obs: O antagonista de histamina compete com o agonista para que diminua o número de complexo
droga receptor ativado. Dessa forma, ele impede a piora do quadro. Diferentemente do agonista
inverso, o antagonista se liga no receptor.
Agonista
É uma substância que interage com o receptor, forma o complexo D- R e leva esse para o estado ativo.
Ele age abrindo um canal. Ex: adrenalina. Ainda, as drogas agonistas podem ser classificadas em: totais,
parciais e inversas.
Agonista parcial é aquela droga que interage com o receptor, só que mesmo aumentando a sua
concentração, ela não gera resposta em todos os sítios porque se auto regula e não desencadeia
uma resposta máxima.
Agonista inverso age interagindo com o complexo ativo, e o traz para o estado não ativo. Dessa
forma, ele diminui a atividade do complexo. Pode –se afirmar que esse tipo de droga melhora
e impede a piora do quadro. Também pode ser classificado em agonista parcial ou total.
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Potência
Potência é a quantidade de droga (concentração) que está sendo necessária para gerar 50% do efeito
farmacológico. Dessa forma, um agonista parcial pode ser mais potente do que um agonista total.
A maioria das drogas não chegam a 50% de eficácia, porque um pequeno aumento na dosagem pode
gerar grandes mudanças. Nesse sentido, um agonista parcial na vista clínica pode ser mais seguro já que
além dos efeitos desejados ainda há os efeitos colaterais no organismo.
A potência de uma droga só pode ser mensurada quando se compara com outra que possui o mesmo
efeito.
O fármaco X é mais potente que o fármaco y, pois foi necessária uma menor concentração para atingir
50 % do efeito farmacológico.
Gradual: a medida em que se aumenta a dose, o efeito farmacológico também aumenta até
um limite, que corresponde a quantidade de receptor saturado. A maior parte dos
medicamentos, apresenta essa curva.
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Quantal: a droga necessita de uma dose mínima para que o efeito ocorra. É possivel se fazer
uma analogia com o potencial de ação nos neurônios, ou seja, ou esse potencial ocorre ou não
ocorre. Não há efeito em menores dosagens. A maior faixa representada no gráfico,
corresponde a dose estipulada pela indústria famacêutica em que se percebe efeito
farmacológico. As pessoas que distoam da faixa central, provavelmente apresentam uma faixa
de peso acima daquilo que foi estipulada como padrão. Nesse caso, devem procurar outros
medicamentos para atingir o efeito farmacológico desejado, como contraceptivos.
Dose efetiva 50% ou dose eficaz mediana: é aquela dose que gera resposta farmacológica esperada
em 50 % da população.
Dose efetiva 99%: é aquela dose que gera resposta farmacológica esperada em 99% da população.
Efeito tóxico e letal (DT ou DL 50%): é aquela dose que gera um efeito tóxico e/ou letal em 50% da
população.
Efeito tóxico e letal (DT ou DL 100%): é aquela dose que gera um efeito tóxico e/ ou letal em 100% da
população.
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Faixa terapêutica ou janela terapêutica: é uma faixa onde se apresenta efeito farmacológico e não há
toxicidade, ou seja, se trata de uma margem que pode ser prescrita para o paciente. Quanto maior a
distância entre a dose efetiva e dose de toxicidade, maior a segurança apresentada.
Indice terapêutico: dose letal 50%/ dose efetiva 50 %. Quanto maior o valor, maior a distância entre e
a dose letal e a dose efetiva, ou seja, pode- se aumentar a dose com maior tranquilidade. Esse índice
é usado apenas para drogas que tem um potencial letal. Entretanto, alguns autores consideram que o
indice terapêutico pode também ser usado para toxicidade dependo do quadro do paciente. Por
exemplo: paciente apresenta um nefropatia e a toxicidade agride os rins. Esse indice tóxico pode vir a
se tornar letal.
Margem de segurança: É a margem entre a doses terapêutica e letal de uma droga, ou seja, é a faixa
onde se pode usar uma droga que apresenta letalidade, onde há uma dosagem para efeito
farmacológico e não se chega a dose letal.
Nivel plasmático efetivo (NPE) ou Concentração mínima efetiva (CME): é quantidade mínima de
droga na corrente sanguínea capaz de provocar resposta farmacológica. O efeito da droga dura até o
momento em que a dosagem fica abaixo do NPE e começa a surtir efeito quando a concentração está
acima ou no nivel do NPE.
Concentração máxima tolerada: é a quantidade máxima de droga tolerada pelo organismo. Se essa
concentração for ultrapassada, provoca efeito tóxico.
Tempo de meia vida: tempo gasto para a concentração plasmática da droga cair a metade.
Posologia: é a dose da droga admnistrada por uma unidade de tempo determinada/ horas/ dias
Bioequivalência: quando um fármaco pode ser substituído por outro sem consequências clínicas
adversas.
A interação entre fármacos ocorre quando há dois ou mais fármacos sendo usados simultaneamente.
A administração de dois ou mais fármacos resulta em:
-Sinergismo de soma ou adição: a resposta gerada é exatamente a soma das respostas individuais dos
medicamentos.
-Sinergismo de potenciação: a resposta gerada é maior que a soma dos efeitos das drogas
individualmente.
- Antagonismo: ocorre quando há diminuição da resposta farmacológica das drogas unidas quando
comparadas com as resposta das drogas individuais. Há varios tipos de antagonismo:
Antagonismo químico: Quando tenho duas ou mais substãncias (agonista e antagonista) que
combinam entre si em solução e envolve uma interação quimica direta de modo que o efeito
da droga agonista é perdido. Ex: quelantes e metais pesados.
Antagonismo farmacocinético:Ocorre quando o antagonista reduz efetivamente a
concentração da droga ativa em seu sítio de ação. Ex: aumento do metabolismo hepático da
varfarina pela ação do fernobarbital. No estudo dirigido, a ação do laxante e do diurético é um
antagonismo farmacocinético.
Antagonismo funcional ou fisiológico: Refere- se a interação de dois agonistas que atuam
independente uma da outro (receptores diferentes que estão no mesmo local), mas causam
efeitos opostos. Ex: ação da aceticolina e adrenalina sobre o coração.
Antagonismo competitivo: diferentemente do antagonismo fisiológico, haverá duas drogas
que atuarão no MESMO receptor. Entretanto, uma das drogas é agonista e a outra é
antagonista. Há dois tipos de antagonismo competitivo:
-Antagonismo competitivo reversível: a droga antagonista se liga ao receptor por meio de uma
ligação fraca, capaz de ser reversível, mas impedindo a ligação de um agonista.
Farmacocinética
Parâmetros farmacocinéticos
1- Vias de administração
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2- Absorção
3- Biodisponibilidade
4- Distribuição
5- Metabolismo
6- Excreção
Vias de administação
Em geral, existem algumas opções de vias pelas quais um agente terapêutico pode ser administrado e,
por esta razão, o conhecimento das vantagens e desvantagens das diferentes vias de administração é
fundamental.
Via oral
Via sublingual
Via transdérmica
Nem todos os fármacos penetram facilmente pela pele intacta. A absorção daqueles que o fazem
depende da superfície sobre a qual são aplicados e de sua lipossolubilidade, pois a epiderme se
comporta como uma barreira lipídica. Entretanto, a derme é livremente permeável a muitos solutos.
Por esta razão, a absorção sistêmica dos fármacos ocorre mais facilmente pela pele que sofreu
abrasão, queimadura ou desnudamento. Inflamação e o outros distúrbios que aumentam o fluxo
sanguíneo cutâneo também ampliam a absorção. Além disso, a absorção pela pele pode ser ampliada
pela suspensão do fármaco em um veículo oleoso e pela fricção desta preparação na pele. Essa via é
usada com mais frequência para a oferta prolongada de fármacos, como o fármaco antianginoso
nitroglicerina, o antiemético escopolamina e os adesivos de nicotina usados para facilitar a
interrupção do hábito de fumar.
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Via retal
Cerca de 50% do fármaco que é absorvido pelo reto passará pelo fígado. Por essa razão, a amplitude
do metabolismo hepático da primeira passagem é menor do que com a preparação oral. Entretanto, a
absorção retal pode ser irregular e incompleta e alguns fármacos podem causar irritação da mucosa
retal.
Via subcutânea
Via intramuscular
Os fármacos em solução aquosa são absorvidos muito rapidamente após a injeção intramuscular,
mas isto depende da taxa de fluxo sanguíneo no local da injeção. A absorção ocorre por difusão simples
e pode ser modulada até certo ponto pelo aquecimento local, pela massagem ou exercício. Devido a
vasodilatação, o banho quente acelera a absorção dos fármacos aplicados. A taxa de absorção é
particularmente mais lenta nas mulheres depois da injeção no glúteo maior. Isso se deve à distribuição
diferente da gordura subcutânea nos homens e nas mulheres e ao fato de que a gordura é menos
perfundida. Ainda, se o fármaco for injetado em solução oleosa, a absorção resultante depois da
injeção intramuscular será lenta e constante.
As vias inalatórias oral e nasal asseguram a rápida oferta do fármaco através da ampla superfície da
membrana mucosa do trato respiratório e do epitélio pulmonar. Os efeitos dos fármacos são quase
tão rápidos como os da injeção intravascular em bólus. Fármacos que são gases (p. ex., alguns
anestésicos) e aqueles que podem ser dispersados em aerossol são administrados por inalação. Esta
via é particularmente eficaz e conveniente para pacientes com problemas respiratórios (como asma
ou doença pulmonar obstrutiva crônica), pois o fármaco é administrado diretamente no local de ação,
minimizando, assim, os efeitos sistêmicos.
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Via tópica
A aplicação tópica é usada quando se deseja um efeito local do fármaco. Por exemplo, o clotrimazol
em pomada é aplicado diretamente na pele para o tratamento de infecções por fungos.
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Absorção
Absorção é a transferência do fármaco do seu local de administração até a corrente sanguínea. No
caso das preparações sólidas, a absorção depende inicialmente da dissolução do comprimido ou da
cápsula, que então libera o fármaco.
- Difusão facilitada: Outros fármacos podem entrar na célula por meio de proteínas transportadoras
transmembrana especializadas que facilitam a passagem de moléculas grandes. Essas proteínas
transportadoras sofrem alterações conformacionais, permitindo a passagem de fármacos ou
moléculas endógenas para o interior da célula, movendo-os de áreas de alta concentração para áreas
de baixa concentração. Esse processo é denominado difusão facilitada. Ele não requer energia, pode
ser saturado e pode ser inibido por compostos que competem pelo transportador.
- Transporte ativo: Esta forma de entrada de fármacos também envolve transportadores proteicos
específicos que atravessam a membrana. Poucos fármacos cujas estruturas se assemelham às de
metabólitos de ocorrência natural são transportados através da membrana celular usando esses
transportadores proteicos específicos. O transporte ativo dependente de energia é movido pela
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hidrólise de trifosfato de adenosina (ATP). Ele é capaz de mover fármacos contra um gradiente de
concentração – ou seja, de uma região com baixa concentração de fármaco para outra com
concentração mais elevada.
-Endocitose e exocitose: Estes tipos de absorção são usados para transportar fármacos
excepcionalmente grandes através da membrana celular. A endocitose envolve o engolfamento de
moléculas do fármaco pela membrana e seu transporte para o interior da célula pela compressão da
vesícula cheia de fármaco. A exocitose é o inverso da endocitose. Muitas células usam a exocitose para
secretar substâncias para fora por um processo similar ao da formação de vesículas.
As drogas podem ser anfipáticas, ou seja, apresentam característica polar e apolar ao mesmo tempo.
Isso é medido pelo coeficiente bipartição octanol (óleo)/água. Em que “1” significa que há as
características polares a apolares se equiparam. Além disso, maioria das drogas são ácidos fracos ou
bases fracas.
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Os ácidos fracos apresentam a seguinte fórmula:
Dessa forma, em PH ácido, os fármacos ácidos apresentam elevada absorção pois a sua forma
predominante será a molecular, a qual possui permeabilidade na membrana plasmática. No plasma
(PH 7,4), o equilibrio será deslocado para a direita, na formação de formas iônizadas, tornando esses
ions “aprisionados” no sangue , impedindo sua volta. Ainda, nas porções finais do intestino (PH 5 a 6),
haverá predomínio da forma ionizada da droga, que tem maior dificuldade na absorção.
Biodisponibilidade
É um termo usado para descrever a porcentagem na qual uma dose do fármaco chega ao seu local de
ação, ou a um líquido biológico a partir do qual o fármaco chega ao seu local de ação. Por exemplo,
um fármaco administrado por via oral precisa ser absorvido primeiro pelo trato gastrointestinal, mas
a absorção final pode ser limitada pelas características da preparação do fármaco, por suas
propriedades físico-químicas, pelo metabolismo intestinal e pela transferência do fármaco de volta ao
lúmen intestinal por ação dos transportadores. Em seguida, o fármaco absorvido passa pelo fígado,
onde podem ocorrer metabolismo e excreção biliar antes que ele chegue à circulação sistêmica. Por
essa razão, uma fração da dose administrada e absorvida do fármaco será inativada ou desviada no
intestino e no fígado, antes que chegue à circulação sistêmica e seja distribuída para seus locais de
ação. Se a capacidade metabólica ou excretora do fígado e do intestino for grande para o fármaco, a
biodisponibilidade será reduzida significamente e a droga se altera e se torna inativa, o que é
conhecido como efeito de primeira passagem. Outro fatores anatômicos, fisiológicos e patológicos,
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podem influenciar a biodisponibilidade, e a escolha da via de administração de um fármaco deve
basear-se no conhecimento dessas condições.
Distribuição
Inicialmente, o fígado, os rins, o cérebro e outros órgãos bem irrigados recebem a maior parte do
fármaco; a liberação aos músculos, à maioria das vísceras, à pele e aos tecidos adiposos é mais lenta
e esta segunda fase de distribuição pode demorar de alguns minutos a várias horas, antes que a
concentração do fármaco nos tecidos esteja em equilíbrio com o nível sanguíneo.
Ângelo Gabrielli – 4º período
Com exceção do cérebro e alguns outros órgãos, a difusão do fármaco para o líquido intersticial ocorre
de modo rápido, tendo em vista a natureza altamente permeável da membrana endotelial dos
capilares. O determinante mais importante do fracionamento entre o sangue e os tecidos é a ligação
relativa do fármaco às proteínas plasmáticas e macromoléculas teciduais, que limita a concentração
do fármaco livre.
Proteínas plasmáticas
Alguns fármacos circulam na corrente sanguínea ligados às proteínas plasmáticas, porque não são
solúveis no plasma. A albumina é o principal carreador dos fármacos ácidos, enquanto a alfa 1
glicoproteína ácida liga-se aos fármacos básicos. Em geral, essa ligação é reversível, embora algumas
vezes possam ocorrer ligações covalentes dos fármacos reativos, como agentes alquilantes.
Em suma, o fármaco exerce seu efeito quando está na forma livre. A droga livre se difunde para o
tecido, já que a droga associada a proteína não tem essa capacidade e não consegue se associar ao
receptor. Dessa forma, quanto maior a associação com proteínas plasmáticas, maior o tempo da
droga no sangue e maior a duração do efeito farmacológico, porque em um determinado momento
a droga se tornará livre ao se desligar da proteína.
A droga nos diferentes compartimentos estabelece o equilíbrio entre droga livre e droga ligada
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Na interação entre duas drogas, há competição pela ligação à proteína plasmática, o que aumenta a
quantidade de droga livre e consequentemente, o efeito farmacológico.
A fração de todo fármaco presente no plasma ligado às proteínas é determinada pela concentração do
fármaco, pela afinidade e pelo número dos locais de ligação do fármaco.
A amplitude da ligação às proteínas plasmáticas também pode ser afetada por fatores relacionados
com a doença. Por exemplo, a hipoalbuminemia secundária á doença hepática grave ou à síndrome
nefrótica diminui a ligação proteica e aumenta a fração livre. Além disso, os distúrbios que causam
uma resposta da fase aguda (p. ex: câncer, artrite, infarto do miocárdio e doença de Crohn) aumentam
os níves de alfa 1 glicoproteína acída e ampliam a ligação dos fármacos básicos.
É importante ressaltar que a ligação de um fármaco às proteínas plasmáticas limita sua concentração
nos tecidos e em seu local de ação, tendo em vista que apenas a fração livre está em equilíbrio nos
dois lados das membranas. Por essa razão, depois que se atingir o equilíbrio de distribuição, a
concentração de fármaco ativo (livre) no líquido intracelular é igual a concentração plasmática.
A distribuição pode ser avaliada pelo volume de distribuição, que se dá pela fórmula:
- Tecidos: Alguns fármacos acumulam-se nos tecidos em concentrações mais altas do que as
detectadas no líquidos extracelulares e no sangue. Por exemplo, durante o uso prolongado do
antimalárico quinacrina, a concentração do fármaco no fígado pode ser milhares de vezes maior do
que o nível sanguíneo. Essa acumulação é atribuida mais comumente à ligação tecidual. Em geral, a
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ligação tecidual dos fármacos ocorre com componentes celulares como proteínas, fosfolipídeos ou
proteínas nucleares e é geralmente reversível. Uma fração expressiva do fármaco no corpo pode estar
ligada dessa forma e funciona como reservatório, que prolonga a ação do fármaco nesse mesmo
tecido ou em locais distantes, depois do transporte pela circulação sanguínea.
- Tecido adiposo: Muitos fármacos lipossolúveis são armazenados por solubilização física na gordura
neutra. Por essa razão, o tecido adiposo pode funcionar como reservatório para fármacos
lipossolúveis. Por exemplo, até 70% do tiopental podem estar presentes na gordura corporal cerca de
3 horas depois da administração, quando as concentrações plasmáticas são inexpressivas e não há
efeitos anestésicos detectáveis. O tecido adiposo é um reservatório muito estável, porque sua irrigação
sanguínea é relativamente escassa.
- Ossos: tetraciclinas acumulam-se nos ossos e dentes pela alta afinidade pelo cálcio.
A transferência dos fármacos pela placenta tem importãncia fundamental, porque alguns compostos
podem causar anomalias no desenvolvimento do feto. A lipossolubilidade, a extensão da ligação
plasmática e o grau de ionização dos ácidos e das bases fracas são deteminantes gerais importantes
na transferência dos fármacos pela placenta. O plasma fetal é ligeiramente mais ácido do que o
materno (ph de 7,0- 7,2 versus 7,4) e, por esta razão, há sequetro iônico dos fármacos básicos.
Redistribuição
A cessação do efeito farmacológico depois da interrupção do uso de um fármaco em geral ocorre por
metabolismo e excreção, mas também pode ser causada pela redistribuição do fármaco do seu local
de ação para outros tecidos ou locais.
Metabolismo ou biotransformação
As características lipofílicas dos fármacos que promovem sua passagem pelas membranas biológicas
e o acesso subsequente aos locais de ação dificultam sua excreção do organismo. O metabolismo dos
fármacos e outros compostos xenobióticos em metabólitos mais hidrofílicos é essencial a sua
eliminação do organismo, bem como à cessação das suas atividades biológica e farmacológica. Em
geral, as reações do metabolismo geram metabólitos inativos mais polares, facilmente excretados
pelo organismo. Entretanto, em alguns casos, o organismo produz metabólitos com atividade biológica
potente ou propriedades tóxicas.
O metabolismo dos fármacos são classificados em dois tipos: reações de funcionalização da fase 1 e
reações de biossíntese da fase II (conjugação).
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Reações de fase I
As reações de fase I introduzem ou expõem um grupo funcional do composto original, como ocorre
nas reações de hidrólise, oxidação ou redução. Em geral, as reações da fase I resultam na perda da
atividade farmacológica. Em casos raros, o metabolismo está associado a alteração da atividade
farmacológica.
Os pró-fármacos são compostos farmacologicamente inativos produzidos a fim de maximizar a
quantidade de substância ativa que chega ao local de ação. Os pró-farmácos inativos são convertidos
em metabólitos biologicamente ativos, em geral por hidrólise de uma ligação éster ou amida.
Os sistemas enzimáticos envolvidos nas reações de fase I estão localizados principalmente no retículo
endoplasmático. Essas reações do metabolismo são realizados pelas CYPs (isoformas do citrocromo
P450 - é o principal catalisador das reações de biotransformação de fármacos. São conhecidas cerca
de 57 famílias do citocromo P450).
Reações de fase II
Se o metabólito resultante da fase I é suficientemente polar, ele pode ser excretado pelos rins.
Contudo, vários metabólitos de fase I continuam muito lipofílicos para serem excretados. As reações
de conjugação da fase II resultam na formação de uma ligação covalente entre um grupo fucional do
composto original ou do metabólito da fase I e o ácido glicurônico, sulfato, glutationa, aminoácidos ou
acetato formados pelos processo endógenos e produz um composto polar em geral mais hidrossolúvel
e terapeuticamente inativo. Em geral, esses conjugados altamente polares são inativos e excretados
rapidamente na urina e nas fezes. Os sistemas enzimáticos envolvidos na fase II são
predominantemente citosólicos.
Como apresentado no esquema, alguns fármacos não passam pelo processo de biotransformação.
Outros passam somente pela fase 1, enquanto outros sofrem apenas a fase 2. Ainda, fase 2 pode
ocorrer antes da fase 1 e vice-versa. (questão de prova)
Excreção
Os fármacos são eliminados pelo processo de excreção sem qualquer alteração, ou são convertidos
em metabólitos. Com exceção dos pulmões, os órgãos excretores eliminam mais eficazmente os
compostos polares do que as substâncias altamente lipossolúveis. Por essa razão, os fármacos
lipossolúveis não são facilmente eliminados até que sejam metabolizados em compostos mais polares.
O rim é o orgão mais importante para a excreção dos fármacos e seus metabólitos. As substâncias
excretadas nas fezes são predominantemente fármacos ingeridos por via oral que não foram
absorvidos, ou metabólitos dos fármacos excretados na bile ou secretados diretamente no trato
intestinal e que não foram reabsorvidos. A excreção pulmonar é importante principalmente para a
eliminação dos gases anestésicos.
Excreção renal
É feita pelos rins por meio da filtração glomerular, secreção tubular ativa e reabsorção tubular passiva:
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Filtração glomerular: 20% da eliminação da droga é feita por filtração glomerular. Ela possui
limitação pois filtra apenas moléculas com tamanho inferior a 20. 000 Da, ou seja, moléculas
pequenas. Outra informação importante é que a albumina não é filtrada. Dessa forma, os
fármacos ligados à albumina não conseguem ser excretados.
Secreção tubular: É a eliminação dos fármacos que não sofreram filtração glomerular. Utiliza
um mecanismo de transporte ativo, por meio de um transportador de membrana dos túbulos
renais (diferente para substâncias ácidas e básicas) que faz a passagem da corrente sanguínea
para a luz dos túbulo renais para a sua eliminação. Esse processo ocorre nos túbulos
contorcidos proximais. Ele tem a capacidade excretar tanto moléculas grandes quanto
aquelas ligadas as protéinas.
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Reabsorção tubular passiva: Enquanto o fármaco se desloca em direção ao túbulo contorcido
distal, sua concentração aumenta e excede à do espaço perivascular. O fármaco, se for neutro,
pode difundir-se para fora do lúmen, retornando à circulação sistêmica. A manipulação do pH
da urina, para aumentar a fração ionizada do fármaco no lúmen, pode ser feita para minimizar
a retrodifusão e, assim, aumentar a depuração de um fármaco indesejável. Como regra geral,
ácidos fracos podem ser eliminados alcalinizando a urina, ao passo que a eliminação de bases
fracas pode ser aumentada por acidificação da urina. Esse processo é denominado prisão
iônica. Por exemplo, um paciente apresentando dose excessiva de fenobarbital (um ácido
fraco) pode receber bicarbonato, que alcaliniza a urina e mantém o fármaco ionizado,
diminuindo, assim, a sua reabsorção.
A maioria dos fármacos é lipossolúvel e, sem modificação química, se difundiria para fora do
lúmen tubular renal quando a sua concentração no filtrado se tornasse maior do que a do
espaço perivascular. Para minimizar essa reabsorção, os fármacos são modificados
basicamente no fígado em substâncias mais polares por meio das reações de fase I e fase II
(descritas anteriormente). Os conjugados polares ou ionizados são incapazes de difundir para
fora do lumen renal
No tratamento das intoxicações farmacológicas, a excreção de alguns fármacos pode ser acelerada
pela alcalinização ou acidificação apropriada da urina. O efeito é mais intenso para ácidos e as bases
fracas com valores de Pka na faixa do Ph urinário (5 a 8).
Farmacodinâmica
Trandução de sinal
As ações de um receptor podem ser exercidas no seu alvo celular, na proteína
efetora ou ser transmitida a alvos celulares por transdutores.
Para se ter uma resposta biológica é necessário um conjunto de fatores:
receptores, fármacos, transdutores de sinais que amplificam o sinal ou seja
a resposta.
O complexo droga-receptor
As células têm muitos tipos de receptores diferentes, cada qual específico
para um agonista particular e produzindo uma resposta única. As membranas
das células cardíacas, por exemplo, contêm receptores β que ligam e
Ângelo Gabrielli – 4º período
respondem à epinefrina ou norepinefrina, bem como receptores muscarínicos específicos para
acetilcolina. Essas distintas populações de receptores interagem de modo dinâmico para controlar
funções vitais do coração. A intensidade da resposta é proporcional ao número de complexos fármaco-
receptor. Essas interações têm vários aspectos comuns; provavelmente a mais notável seja a
especificidade do receptor por um determinado agonista. A maioria dos receptores é denominada
pelo tipo de agonista que melhor interage com ele. Por exemplo, o receptor da histamina é
denominado receptor histamínico.
Moléculas transportadoras
São receptores que transportam a substância de um meio para o outro. No transporte normal, a droga
interagem com o receptor e é levada para dentro. Entretanto, pode ocorrer bloqueio desse transporte
por ação de antagonistas.
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Receptores de glutamato: são canais iônicos. NMDA: canal de cálcio. AMPA: canal de sódio.
O domínio extracelular deste receptor contém a área de fixação do ligante, e o domínio intracelular
interage (quando ativado) com a proteína G ou com a molécula efetora. Há vários tipos de proteínas
G (por exemplo, Gs, Gi e Gq), mas todas são compostas de três subunidades de proteínas. A
subunidade α liga trifosfato de guanosina (GTP, do inglês guanosine triphosphate), e as subunidades
β e γ ancoram a proteína G na membrana celular. A ligação de um agonista ao receptor aumenta a
ligação de GTP na subunidade α, causando a dissociação do complexo α-GTP do complexo βγ. Então
esses dois complexos podem interagir com outros efetores celulares, em geral enzima, proteína ou
canal iônico, responsáveis por ações adicionais dentro da célula fazendo com que a resposta
farmacológica seja mais ampla. Essas respostas geralmente duram de vários segundos a minutos.
Ângelo Gabrielli – 4º período
Algumas vezes, os efetores ativados produzem segundos mensageiros que ativam outros efetores
adicionais na célula, causando um efeito cascata. Quando a droga se desliga do receptor, o GTP é
novamente convertido em GDP e as três subunidades se unem.
Tipos de proteína G
GS: atua estimulando a enzima adenilato ciclase que quebra ATP formando AMP cíclico. Esse
por sua vez, ativa diferentes proteinocinases no interior da célula, como a proteína quinase A
(PKA), que irá fosforilar outras proteínas-alvo levando a uma miríade de efeitos fisiológicos.
Adenilato ciclase Aumenta os níveis de AMP cíclico Ativa PKA Ativa outras proteínas
intracelulares por meio de fosforilação
GI: atua inibindo a enzima adenilato ciclase e consequentemente irá diminuir os níveis de
AMPcíclico. Dessa forma, todas as ações fisiológicas serão reduzidas.
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GQ: atua aumentando os níveis de IP3 e cálcio intracelular. A Gq ativa a fosfolipase C,
gerando dois outros segundos mensageiros: o trifosfato 1,4,5-inositol (IP3) e o diacilglicerol
(DAG). O DAG ativa diferente proteinocinases no interior da célula, levando a uma miríade de
efeitos fisiológicos. O IP3 regula a concentração intracelular de cálcio livre, bem como algumas
proteinocinases.
A sexta família de receptores difere consideravelmente das outras três, pois o receptor é inteiramente
intracelular, e, portanto, o ligante precisa difundir-se para dentro da célula para interagir com ele. Para
mover-se através da membrana da célula-alvo, o ligante deve ser suficientemente lipossolúvel. A
droga atravessa a membrana e interage com o seu receptor no citoplasma, onde sofrerá dimerização
Então, o complexo ligante-receptor ativado se desloca até o núcleo, e se liga aos fatores de transcrição
que regulam a expressão gênica. A ativação ou inativação desses fatores causa a transcrição do DNA
em RNA e a translação do RNA em uma série de proteínas. O curso temporal da ativação e da resposta
desses receptores é da ordem de horas ou dias, ou seja, demora mais para que a resposta ocorra,
mas ela se dá por muito tempo. Por exemplo, os hormônios esteroides exercem suas ações em células-
alvo por meio de receptores intracelulares. Outros alvos dos ligantes intracelulares são proteínas
estruturais, enzimas, RNA e ribossomos.
Inervação dupla
A maioria dos órgãos do organismo é inervada por ambas as divisões do SNA. Assim, a inervação
parassimpática vagal diminui a frequência cardíaca, e a inervação simpática a aumenta. Apesar dessa
inervação dupla, em geral um sistema predomina no controle da atividade de um determinado órgão.
Por exemplo, no coração, o nervo vago é o fator predominante no controle da frequência. Esse tipo de
antagonismo é dinâmico e tem ajuste fino contínuo, visando ao controle homeostático da função
orgânica. Embora a maioria dos tecidos receba inervação dupla, alguns órgãos efetores, como a
medula suprarrenal, os rins, os músculos piloeretores e as glândulas sudoríparas, recebem somente
inervação do sistema simpático.
- Os receptores metabotrópicos: Vários receptores não são acoplados diretamente a canais iônicos.
Nesses casos, o receptor sinaliza o reconhecimento da ligação de um neurotransmissor, iniciando uma
série de reações, que no final resultam em uma resposta intracelular específica. Moléculas segundas
mensageiras – assim denominadas porque intervêm entre a mensagem inicial (neurotransmissor ou
hormônio) e o efeito final na célula – são parte de uma cascata de eventos que traduz a ligação do
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neurotransmissor em uma resposta celular, em geral, com a intervenção de uma proteína G. Os dois
segundos mensageiros mais amplamente reconhecidos são os sistemas adenililciclase e cálcio-
fosfatidilinositol. Os receptores acoplados ao sistema de segundo mensageiro são denominados
receptores metabotrópicos. Os receptores muscarínicos e adrenérgicos são exemplos de receptores
metabotrópicos.
Farmacologia do SNPS
Os fármacos que afetam o sistema nervoso autônomo (SNA) são divididos em dois grupos, de acordo
com o tipo de neurônio envolvido nos seus mecanismos de ação. Os fármacos colinérgicos,
parassimpático miméticos ou colinomiméticos atuam em receptores que são ativados pela
acetilcolina (ACh), desempenhando um função similar ao sistema nervoso parassimpático e os
fármacos adrenérgicos atuam em receptores que são estimulados pela noroepinefrina ou pela
epinefrina, o que desencadeia em uma resposta análoga ao sistema nervoso simpático. Os fármacos
colinérgicos e adrenérgicos atuam estimulando ou bloqueando receptores do SNA.
Os receptores colinérgicos
Os receptores do sistema nervoso parassimpático são dividos em nicotínicos e muscarínicos.
Receptores nicotínicos
O receptor nicotínico é composto de cinco subunidades e funciona como um canal iônico disparado
pelo ligante. A ligação de duas moléculas de ACh provoca uma alteração conformacional que permite
a entrada de íons sódio, resultando na despolarização da célula efetora. A nicotina em concentração
baixa estimula o receptor; em concentração alta, o bloqueia.
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Os receptores nicotínicos são de dois tipos: N1 e N2. O receptor do tipo N1 é encontrado nos dendritos
dos neurônios pós ganglionares simpáticos e parassimpáticos, enquanto o receptor N2 se localiza na
junção neuro muscular.
Receptores muscarínicos
M1: neurais. Principalmente nos neurônios do sistema nervoso central e sistema nervoso
entérico, sendo responsável pela secreção gástrica no estômago estando acoplado a
proteina Gq.
M2: cardíaco. Atua nos átrios e no tecido condutor. É acoplado a proteina Gi, tendo uma
resposta inibitória.
M3: glandulares/ musculares lisas/ endotelial: Está presente nas glândulas exócrinas e vasos
e está acoplado a proteina Gq, ou seja, gera resposta estimulatória. Na glandula salivar, por
exemplo, haverá o aumento da produção de saliva.
M4 e M5: são receptores que tem uma presença predominante no SNC. Entretanto, não está
bem descrita a função desempenhada por eles. Sabe- se que M4 tem resposta inibitória por
estar acoplado a proteina Gi e o M5 tem resposta excitatória com proteína Gq.
Fármacos colinérgicos
Os fármacos colinérgicos podem ter ação direta ou ação indireta.
Ação direta
O único uso clinico da nicotina é indicado quando o paciente deseja parar de fumar e tenha os sintomas
da abstinência atenuados.
Ação indireta
Os fármacos colinérgicos de ação indireta (anticolinesterásicos) não atuam
sobre o receptor. Ele vão aumentar a ação da acetilcolina, por meio da
inibição da enzima acetilcolinesterase, a qual é responsável pela degradação
da acetilcolina em cetato e colina. Dessa forma, a quantidade da acetilcolina
na fenda sináptica é aumentada. Essas drogas podem se subdividir em duas
classes: Inibidores reversíveis e inibidores irreversíveis.
A fisostigmina tem uma ampla faixa de efeitos como resultado de sua ação e estimula os receptores
muscarínicos e nicotínicos do SNA e os receptores nicotínicos da junção neuromuscular. Sua duração
de ação é de cerca de 30 minutos a 2 horas, sendo considerada um fármaco de ação intermediária Seu
uso clínico é para tratamento de glaucoma de ângulo aberto por meio da redução da pressão
intraocular.
Inibidores irreversíveis: Essas drogas formarão ligação forte do tipo covalente com o sítio
esterásico da enzima acetilcolinesterase, fazendo com que ela fica constantemente inibida,
impossibilitando a degradação da acetilcolina. Essa interação química faz com que o SNPS tenha sua
atividade extremamente aumentada e se nao tratada a tempo, leva ao envelhecimento da enzima com
perda irreversível de sua função. O tratamento consiste no uso de drogas denominadas de Oximas,
que conseguem reverter a ligação covalente à enzima quando essa ainda não foi envelhecida. Como
exemplo de drogas de ação indireta irreversível pode –se citar o gás sarin, o gás mostarda e inseticidas
organofosforados, ainda usados de forma clandestina.
A droga interage diretamente com o receptor, forma o complexo droga – receptor e o mantém no
estado não ativo. Há drogas que atuam sobre os receptores nicotínicos e outras que atuam sobre os
receptores muscarínicos.
Ação direta sobre os receptores nicotínicos: As drogas atuam nos receptores nicotínicos (N2) da
junção neuromuscular, determinando relaxamento muscular. Elas podem ser classificadas em
agentes não competidores ou despolarizantes e agente competidores não despolarizantes. O
fármaco despolarizante inicialmente causa a abertura do canal de sódio associado ao receptor
nicotínico, o que resulta na despolarização do receptor (fase I). Isso leva a abalos contráteis transitórios
do músculo (fasciculações). A ligação persistente torna o receptor incapaz de transmitir impulsos
adicionais. Com o tempo, a despolarização contínua dá origem a uma repolarização gradual quando o
canal de sódio se fecha ou é bloqueado. Isso causa resistência à despolarização (fase II) e paralisia
flácida. Já os fármacos competidores não despolarizantes bloqueiam competitivamente a ACh nos
receptores nicotínicos . Isto é, eles competem com a ACh pelo receptor sem estimulá-lo. Assim, esses
fármacos impedem a despolarização da membrana da célula muscular e inibem a contração muscular.
O primeiro fármaco conhecido capaz de bloquear a junção neuromuscular foi o curare, usado pelos
caçadores nativos da América do Sul na região amazônica para paralisar a caça. Ele atua como um
antagonista competitivo não despolarizante.
Deve- se usar droga que aumente a atividade da acetilcolina. Isso pode ser feito impedindo a
ação da acetilicolinesterase de forma reversível com o uso de neostigmina ou edofrônio.
Assim, a acetilcolina aumenta em quantidade e compete com o antagonista para se ligar no
receptor nicotínico.
Antimuscarínico: Uso de atropina ou glicopirrolato para promover broncodilatação visando
diminuir os efeitos do relaxamento muscular dos músculos tóracicos e atenuar a ação da ACH,
já que a inibição da acetilcolinesterase faz com que aumente sua concentração tanto sobre os
receptores nicotínicos, quanto nos receptore muscarínicos.Pode ser associado com
antihistamínico porque alguns efeitos decorrem da ação da histamina..
A Atropina é uma droga que tem uma grande seletividade pelos receptores muscarinicos, assim como
a Hioscina e Escoplamina. Elas atuam principalmente através do antagonismo competitivo e geram
uma síndrome anticolinérgica períférica. Nos receptores M3 por exemplo, vai diminuir a secreção das
glândulas sudoríparas levando à hipertemia; midríase porque não havera contração da pupila;
membrana e mucosa secas; taquicardia pela exacerbação da atividade simpática; Diminuição da
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motilidade intestinal e retenção urinária. Além disso, a atropina também gera alucinações e delírios
porque atua sobre o SNC. Em casos de intoxicação por atropina, deve-se usar uma droga agonista do
sistema colinérgico como a Fisostigmina. Ela atua inibindo a enzima acetilcolinesterase e aumenta os
níveis de acetilcolina.
Ação indireta
As drogas de ação indireta podem atuar impedindo a síntese de acetilcolina, como o ciclopentolato,
podem impedir a internalização da acetilcolina em vesículas, por meio do vesamicol, diminuindo a
resposta colinérgica ou ainda, impedindo a exocitose da acetilcolina por meio da toxina botulínica.
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Farmacologia do SNS
1- Síntese: A tirosina é transportada para dentro do neurônio adrenérgico por um carregador, onde
é hidroxilada em di-hidroxifenilalanina (Dopa) pela tirosina hidroxilase. Esta é a etapa que limita a
velocidade na formação de norepinefrina. Então a Dopa é descarboxilada pela enzima
descarboxilase de L-aminoácido aromático, formando dopamina no neurônio pré-sináptico.
2- Armazenamento: A dopamina, então, é transportada para dentro de vesículas sinápticas por um
sistema transportador de aminas. Em seguida, a dopamina é hidroxilada pela enzima dopamina
hidroxilase, formando norepinefrina.
3- Liberação: A chegada do potencial de ação inicia a entrada de íons cálcio do líquido extracelular
para o axoplasma. O aumento no cálcio promove a fusão das vesículas sinápticas com a
membrana celular, que sofrem exocitose para expelir seu conteúdo na sinapse.
4- Ligação aos receptores: A norepinefrina liberada das vesículas sinápticas difunde-se para o espaço
sináptico e se liga aos receptores pós-sinápticos no órgão efetor ou aos receptores pré-sinápticos
no terminal nervoso (α2). A ligação da norepinefrina aos receptores inicia uma cascata de eventos
no interior da célula, resultando na formação do segundo mensageiro intracelular, que atua como
intermediário (transdutor) na comunicação entre o neurotransmissor e a ação gerada no interior
da célula efetora. Receptores adrenérgicos usam o monofosfato cíclico de adenosina (AMPc) como
segundo mensageiro e o ciclo do fosfatidilinositol para transduzir o sinal em um efeito. A
norepinefrina também se liga a receptores pré-sinápticos (principalmente do subtipo α2) que
modulam a liberação do neurotransmissor.
5- Remoção de noroepinefrina: A norepinefrina pode difundir para fora do espaço sináptico e entrar
na circulação sistêmica; ser metabolizada a metabólitos inativos pela catecol-O-metiltransferase
(COMT) no espaço sináptico; ou sofrer captação de volta para o neurônio. A captação pela
membrana neuronal envolve um transportador de norepinefrina dependente de sódio- -cloreto
(Na+ /Cl- ) (NET) que pode ser inibido pelos antidepressivos tricíclicos como a imipramina, pelos
Ângelo Gabrielli – 4º período
inibidores da captação de serotonina e norepinefrina como a duloxetina, ou pela cocaína. O
mecanismo de captação da norepinefrina para o interior do neurônio pré-sináptico é o mecanismo
primário para terminar seus efeitos.
6- Possíveis destinos da noroepinefrina recaptada: Logo que a norepinefrina entra no citoplasma do
neurônio adrenérgico, ela pode ser recaptada para o interior das vesículas sinápticas através do
sistema transportador de aminas e ser sequestrada para liberação por outro potencial de ação,
ou pode permanecer no citoplasma. Alternativamente, a norepinefrina pode ser oxidada pela
monoaminoxidase (MAO), presente na mitocôndria neuronal do neurônio pré – sináptico.
Os adrenoceptores α são subdivididos em dois grupos, α1 e α2, com base nas suas afinidades por
agonistas e α-bloqueadores.
Receptores α1
Receptores α2
Em contraste com os receptores α1, os efeitos da ligação com os receptores α2 são mediados pela
proteína Gi, que atua inibindo a adenilato ciclase e pela redução nos níveis intracelulares de AMPc,
mas aumenta a permeabilidade ao K+. Dessa forma, os efeitos fisiológicos serão diminuídos.
Subdivisões adicionais
Os receptores α1 e α2 são classificados adicionalmente em α1A, α1B, α1C e α1D, e em α2A, α2B e α2C.
Essa classificação estendida é necessária para entender a seletividade de alguns fármacos. Por
exemplo, a tansulosina é um antagonista seletivo de α1A e é usada para o tratamento da hiperplasia
benigna de próstata. Ela tem menos efeitos adversos cardiovasculares porque visa a receptores do
subtipo α1A encontrados primariamente no trato urinário e na próstata, e não afeta o subtipo α1B
encontrado nos vasos sanguíneos.
Ângelo Gabrielli – 4º período
Receptores adrenérgicos do tipo β
As respostas dos receptores β diferem dos receptores α e são caracterizadas por uma intensa resposta
ao isoproterenol (isoprenalina). Para os receptores β, a ordem de potência é isoproterenol >
epinefrina > norepinefrina. Entretanto, deve-se ressaltar que a seletividade da epinefrina pelo
receptores β ocorre quando está em menores quantidades. Em dosagens maiores, a afinidade pelos
receptores α é maior.
Os adrenoceptores β podem ser subdivididos em três principais subgrupos, β1, β2, e β3, com base nas
suas afinidades por agonistas e antagonistas adrenérgicos. Os receptores β1 tem afinidade
praticamente igual por epinefrina e norepinefrina, e os receptores β2 têm maior afinidade por
epinefrina do que por norepinefrina. Assim, tecidos com predominância de receptores β2 (como os
vasos dos músculos esqueléticos) são particularmente responsivos aos efeitos da epinefrina circulante,
liberada pela medula da suprarrenal. Os receptores β3 estão envolvidos na lipólise.
Receptor β1
No coração, a ativação de receptores β1-adrenérgicos causa um potente efeito
estimulante tanto na frequência cardíaca (efeito cronotrópico) quanto na força de
contração (efeito inotrópico). Isto aumenta o débito cardíaco e o consumo de O2
no coração. Além da atuação sobre o coração, os receptores β1 aumentam as
secreções salivares, gástricas e pancreáticas, bem como da enzima renina.
Receptor β2
Receptores β3
Dessensibilização de receptores
Sequestro dos receptores de forma que ficam indisponíveis para interação com o ligante;
Dessensibilização, isto é, o desaparecimento do receptor por destruição ou por diminuição de
síntese;
Incapacidade de acoplar-se à proteína G, porque o receptor foi fosforilado no lado
citoplasmático
Pressão arterial
Fluxo sanguíneo muscular
Metabolismo celular
Glicose no sangue
Glicólise
Força muscular
Atividade mental
Taxa coagulação sanguínea
Fármacos simpaticomiméticos
Os fármacos simpaticomiméticos são drogas capazes de reproduzir os efeitos
decorrentes da estimulação simpática. Eles são classificados em:
Sao denominadas de não seletivas porque atuam tanto no receptores α, quanto nos receptores β,
como a adrenalina e a noroadrenalina:
Adrenalina
A adrenalina ou epinefrina é uma das quatro catecolaminas – junto com norepinefrina, dopamina e
dobutamina – comumente usadas em terapêutica. As três primeiras são neurotransmissores de
ocorrência natural, e a última é um composto sintético. Na medula suprarrenal, a norepinefrina é
metilada à epinefrina, que é armazenada nas células cromafins junto com norepinefrina. Sob
estimulação, a medula suprarrenal libera cerca de 80% de epinefrina e 20% de norepinefrina
diretamente na circulação. A epinefrina interage com os receptores α e β. Em doses baixas,
predominam os efeitos β (vasodilatação) no leito vascular; em doses altas, os efeitos α
(vasoconstrição) são os mais fortes. Suas ações e absorção serão descritas a seguir:
- Efeitos respiratórios: A epinefrina causa poderosa broncodilatação por ação direta na musculatura
lisa bronquial (ação β2). Ela também inibe a liberação de mediadores da alergia, como a histamina dos
mastócitos.
- Absorção: A adrenalina não é absorvida por via oral porque sofre metabolização da MAO da mucosa
do TGI e da COMT. Nesse sentido, a melhor via de administração dessa catecolamina é por via
parenteral, tendo absorção lenta pela via subcutânea e rápida por via intramuscular (sendo essa a mais
comum). Nas situações de emergência, ela é administrada por via intravenosa para início ainda mais
rápido de ação.
Os efeitos adversos do uso desse medicamento incluem ansiedade, medo, tensão, cefaleia e tremores.
Ela pode desencadear palpitações, arritmias cardíacas graves e crises hipertensivas.
Noroadrenalina
A noroadrenalina tem potente ação sobre os receptores α e β1 adrenérgico com fraca ação β2. As suas
ações e absorção serão descritas a seguir:
- Absorção: Sua absorção é idêntica a da adrenalina. Portanto, é indicado a administração por via
parenteral.
A fenilefrina é um fármaco adrenérgico sintético de ação direta que se liga primariamente aos
receptores α1. A fenilefrina é um vasoconstritor que aumenta as pressões sistólica e diastólica. Ela
não tem efeito direto no coração, mas induz bradicardia reflexa quando administrada por via
parenteral. É usada no tratamento da hipotensão em pacientes hospitalizados ou cirúrgicos
(especialmente aqueles com frequência cardíaca aumentada). Doses elevadas podem causar cefaleia
hipertensiva e irregularidades cardíacas. A fenilefrina atua como descongestionante nasal quando
Ângelo Gabrielli – 4º período
aplicada topicamente ou ingerida por via oral.. A fenilefrina também é usada em soluções oftálmicas
para midríase.
A clonidina é um α2-agonista usado no tratamento da hipertensão. Ela pode ser usada também para
minimizar os sintomas que acompanham a retirada dos opiáceos, do cigarro ou dos benzodiazepínicos.
A clonidina atua centralmente em receptores α2 pré-sinápticos, produzindo inibição dos centros
vasomotores simpáticos, diminuindo a estimulação simpática para a periferia. Os efeitos adversos
mais comuns da clonidina são letargia, sedação, constipação e xerostomia. A interrupção abrupta da
medicação deve ser evitada, para prevenir a hipertensão de rebote.
O isoproterenol é uma catecolamina sintética de ação direta que estimula os receptores β1 e β2-
adrenérgicos. Sua falta de seletividade é uma de suas desvantagens e o motivo pelo qual raras vezes
é usado terapeuticamente. Sua ação em receptores α é insignificante. O isoproterenol produz intensa
estimulação cardíaca, aumentando a frequência, a contratilidade e o débito (efeito β1). Ele é tão ativo
quanto a epinefrina na sua ação. O isoproterenol também dilata as arteríolas dos músculos
esqueléticos (efeito β2), diminuindo a resistência periférica. Devido à sua ação estimulante cardíaca,
pode aumentar levemente a pressão arterial sistólica, mas reduz muito a pressão arterial média e a
diastólica. O isoproterenol é um broncodilatador potente (efeito β2). Seu uso foi amplamente
substituído por outros fármacos, mas ele pode ser útil no bloqueio atrioventricular (AV). Os efeitos
adversos do isoproterenol são similares aos da epinefrina.
Salbutamol e terbutalina são fármacos β2-agonistas de ação curta usados primariamente como
broncodilatadores e administrados em um dispositivo inalador de dosagem controlada. O salbutamol
é o β2-agonista de ação curta de escolha no manejo dos sintomas agudos de asma. A terbutalina para
inalação não está mais disponível nos EUA, mas continua em uso em outros países. Ela é usada
também, extrabula (off-label), como relaxante uterino, para evitar o parto prematuro. Um dos
efeitos adversos mais comuns é o tremor, mas os pacientes tendem a desenvolver tolerância a ele.
Outros efeitos adversos incluem intranquilidade, apreensão e ansiedade. Quando esses fármacos são
administrados por via oral, podem causar taquicardia ou arritmias (devido à ativação dos receptores
β1), especialmente em pacientes com doença cardíaca subjacente. Os inibidores da monoaminoxidase
(iMAOs) também aumentam o risco de efeitos adversos cardiovasculares, e o uso simultâneo deve ser
evitado.
A anfetamina é um fármaco adrenérgico de ação indireta Suas ações são mediadas primariamente
pelo aumento da liberação não vesicular de catecolaminas como dopamina e norepinefrina dos
terminais dos nervos. Assim, a atividade noroadrenérgica é aumentada.
São drogas que conseguem ser estimulantes diretos de receptores adrenérgicos e fazerem reforço
da ação da noroepinefrina. Como principal exemplo a ser analisado deve –se citar efedrina e a
pseudoefedrina.
A efedrina e a pseudoefedrina são adrenérgicos de ação mista. Elas não só liberam a norepinefrina
armazenada nos terminais nervosos, como também estimulam diretamente os receptores α e β. Dessa
Ângelo Gabrielli – 4º período
forma, produzem vários efeitos adrenérgicos que são similares aos da epinefrina, embora menos
potentes. A efedrina e a pseudoefedrina não são catecóis e são maus substratos para MAO e COMT.
Portanto, esses fármacos têm ação longa. A efedrina e a pseudoefedrina têm excelente absorção por
via oral e penetram no SNC. A efedrina aumenta a pressão arterial sistólica e diastólica por
vasoconstrição e estimulação cardíaca e pode ser usada no tratamento da hipotensão. Ela produz
broncodilatação, mas é menos potente e mais lenta do que a epinefrina ou o isoproterenol. A efedrina
produz leve estimulação do SNC. Isso aumenta o estado de alerta, diminui a fadiga e previne o sono.
Ela também melhora o desempenho atlético. A pseudoefedrina é usada primariamente no tratamento
da congestão nasal e sinusa; também é usada para produzir metanfetamina ilegalmente. Por isso, os
produtos que contêm pseudoefedrina têm restrições, e a comercialização é mantida sob controle
rígido nos EUA.
Bloqueadores α-adrenérgicos
Todos esses fármacos diminuem a resistência vascular periférica e a pressão arterial, causando
relaxamento dos músculos lisos arteriais e venosos. Ao contrário da fenoxibenzamina e da
fentolamina, esses fármacos causam alterações mínimas no débito cardíaco, no fluxo sanguíneo renal
e na velocidade de filtração glomerular.
Bloqueadores β adrenérgicos
Esses fármacos reduzem a pressão arterial na hipertensão pela redução do débito cardíaco e
aumentam a tolerância ao exercício na angina. Em contraste com o propranolol, os β-bloqueadores
cardioespecíficos têm menos efeitos na função pulmonar, na resistência periférica e no metabolismo
de carboidratos. Apesar disso, os pacientes com asma tratados com esses fármacos devem ser
monitorados cuidadosamente, para garantir que a atividade respiratória não seja comprometida.