Brasil Presente
Brasil Presente
Brasil Presente
PRESENTE!
Organizadoras:
Ana Fani Alessandri Carlos
Rita de Cássia Ariza da Cruz
DOI: 10.11606/9786587621432
BRASIL ,
PRESENTE!
Apresentação.............................................................................. 9
Introdução.................................................................................11
Amazônia, presente?................................................................253
Valeria de Marcos
Sobre os autores.......................................................................619
Anexo Fotográfico....................................................................629
Apresentação
9
Introdução
1
Em tradução livre, adotamos o sentido de centro da confluência de múltiplos
para a palavra carrefour.
11
Brasil, presente!
brasileiro. Para uns, esta crise se inicia em 2014, a partir das eleições para
a Presidência da República. Para outros, em 2015, com as sucessivas
quedas no Produto Interno Bruto e uma ruptura na curva descendente
da taxa de desemprego. O fato é que a pandemia de Covid-19 incide
sobre uma nação que já vinha atravessando um dos momentos mais
turbulentos de sua existência.
O título do livro é uma alusão a um bordão, inúmeras vezes repli-
cado – após a brutal execução da vereadora Marielle Franco em 18 de
março de 2018 – por distintos movimentos sociais na sua luta cotidiana
por se fazerem ouvir2. Mas também alude a um momento da história, o
momento presente, de um país de dimensões continentais e profunda-
mente marcado por desigualdades de todo tipo.
Uma infinidade de livros foi e tem sido dedicada a pensar o Brasil.
Então, qual seria a contribuição dessa obra, especificamente?
O livro Brasil, presente! foi escrito por geógrafos, que evidenciam
a centralidade que tem o conceito de espaço enquanto chave interpreta-
tiva imprescindível para se compreender as dinâmicas sociais, políticas,
econômicas, culturais e ambientais do passado e do presente, embora
seja importante demarcarmos que não temos a pretensão de abordar
todas as possibilidades de compreensão da realidade brasileira.
Organizado em duas partes, a primeira delas, de autoria de pro-
fessores-pesquisadores do DG, tem a escala nacional como um pressu-
posto. Todos os 14 capítulos são dedicados a pensar o Brasil na contem-
poraneidade, iluminando questões que atravessam a nossa vida cotidiana
e desafiam a nossa compreensão.
Em um país em que mais de 80% da população vive em áreas con-
sideradas urbanas e profundamente diferenciadas, decifrar os conteúdos
da urbanização brasileira na sua relação com a desigualdade social e
territorial, manifesta em diferentes escalas, é condição sine qua non.
Ana Fani A. Carlos abre o livro com uma proposta de interpre-
tação da urbanização brasileira, onde o processo de produção do espaço
aparece como momento necessário ao processo de acumulação sob a
2
Sua origem remeteria a uma sessão ocorrida na Câmara de Vereadores da cida-
de do Rio de Janeiro, na qual Marielle Franco cita os nomes de algumas mulheres
vítimas de violência e a que mulheres no plenário respondem “presente”.
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Introdução
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Introdução
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Introdução
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PARTE I
REFLEXÕES TEÓRICAS,
METODOLÓGICAS E
CONCEITUAIS
O URBANO “DESIGUAL E COMBINADO”:
UMA INTERPRETAÇÃO, POSSÍVEL,
DA URBANIZAÇÃO BRASILEIRA
19
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Não nos causa nenhuma surpresa que os mapas das áreas urba-
nizadas (IBGE, 2015) se traduzam em áreas de concentração-den-
sidades e áreas de dispersão/vazios distribuídas desigualmente no
território brasileiro a partir da (e na) faixa litorânea. Por outro lado,
muitas análises têm abordado aquilo que ganha maior ênfase na forma
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Santana (2008, p.10), por sua vez, chama atenção para os espaços con-
siderados ecológica e ambientalmente qualitativos, que são consumidos
como produtos ecoturísticos.
Em todos os casos a reprodução dos lugares envoltos pelo turismo
se realiza contraditoriamente: permite a realização econômica, ao mesmo
tempo em que o faz em detrimento das comunidades locais, esvaziando
os conteúdos da história local pela espetacularização de sua cultura e
expulsando-os de seu lugar pelo movimento do mercado imobiliário.
Portanto, turismo como álibi do crescimento movimenta a eco-
nomia não só através da recepção de turistas, mas, fundamentalmente,
na reprodução do espaço urbano. Mudanças no centro de várias cida-
des (de tamanhos diversos em todo o território nacional), sob o dis-
curso recorrente da valorização do patrimônio reinventando identidade,
congelando o patrimônio, expulsam grupos sociais e atividades pela
mudança de usos – função dos lugares. Para Cruz (1999, p. 4),
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3. Considerações finais
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Bibliografia
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PERIFERIA E FRONTEIRA: O GOVERNO
DOS POBRES NOS CONFINS DA
URBANIZAÇÃO1
César Simoni
1
Agradeço a professora Isabel Alvarez e os membros do Grupo Limiares pelas
inestimáveis contribuições (nominalmente: Bruno Sampaio; Dárcio Argento; Ga-
briel Alvarez; Gabriella De Biaggi; Gilcimar de Campos; Rodrigo Altair; Thais
Bueno da Silva).
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2
Em uma pesquisa em andamento, Bruno Sampaio trabalha com a hipótese de
que a reprodução do espaço metropolitano se dá, também, ainda, por meio do re-
dimensionamento escalar do fato urbano, que por sua vez se realiza a partir das
dinâmicas da fronteira, com uma tônica que, por isso, se destaca em relação à abor-
dagem sobre a conformação da escala urbano-metropolitana, também trabalhada
por Anselmo Alfredo (1999) e Flávia Martins (2011).
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Periferia e fronteira
3
Trabalhos de campo realizados em 2019 revelaram que parcela significativa
dos habitantes (com exceção de um, todo o restante dos entrevistados) que che-
gam a essas áreas de expansão absoluta da mancha urbana tem origem em áreas
de urbanização já consolidada e estabelecidas no interior do mesmo complexo
metropolitano dentro do qual operam o deslocamento de residência. Maura Par-
dini Bicudo Véras e Suzana Pasternak Taschener (1990) já haviam reconhecido
essa tendência na década de 1980 ao observar a mudança na composição demo-
gráfica das favelas paulistanas.
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Indícios coletados em trabalhos de campo realizados em 2019 em áreas de
expansão absoluta do ambiente construído na metrópole de São Paulo corrobo-
ram a hipótese de que os índices de endividamento encontram também dentre
os habitantes dessas áreas parte de seu substrato social. Numa pesquisa divulgada
pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) em
janeiro de 2020, constatou-se o maior índice de endividamento registrado desde
2010, quando a série teve início: 65% das famílias estavam endividadas. No decor-
rer de 2019, 48% dos brasileiros ficaram com ‘nome sujo’ em algum momento, de
acordo com levantamento feito pelo Serviço de Proteção ao Consumidor (SPC)
em parceria com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Em
agosto de 2020, de acordo com dados da CNC, novo recorde foi registrado: o índice
de famílias com dívidas subiu para 67,5%, sendo que, dentre estas, aumentou para
26,7% a porcentagem de famílias com contas em atraso. De acordo com dados do
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Periferia e fronteira
Serasa Experian, a tendência já podia ser apontada bem antes do quadro esboçado:
em 2018, a Classe D, com 61,1% do total, já concentrava a maior fatia percentual da
inadimplência entre pessoas físicas, sendo seguida pela Classe C (22,8%) e, depois,
pela Classe E (12,5%), ficando as classes A e B somente com 0,9% e 2,6% do total,
respectivamente.
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*Adota-se como população negra os autodeclarados pretos e pardos de acordo com critério utilizado pela Pre-
feitura Municipal de São Paulo e pelo portal G1, de onde a projeção foi extraída. Os dados apresentados da
projeção de APVPs trazem a média dos dados disponíveis de todos os anos desde que foram disponibilizados
na plataforma DATASUS.
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Periferia e fronteira
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Os Estados, mesmo e, diria, principalmente, após o reconhecimento e respeito
recíproco do estatuto legal e da soberania entre os entes concorrentes, tiveram sem-
pre de produzir espaços nos quais não somente se podia, mas se devia, atuar fora da
lei e desconsiderar os direitos operantes em seus territórios originários. A planta-
tion, as colônias, a fronteira, o campo de concentração, as zonas de guerra etc. são
exemplos desses espaços de exceção que acompanharam a formação dos modernos
Estados de direito (MBEMBE, 2018). A fragmentação do espaço faz assim as suas
mais eloquentes aparições na história como dispositivo de governo e de soberania.
A fronteira que, ao transpor os limites de seus territórios originais, encarnou no
novo mundo toda violência contida na colonização e a reproduziu como dinâmica
própria no interior de territórios afastados, permitiu a consolidação e estabilização
da moderna armadura territorial dos Estados europeus. A hipótese perseguida aqui
procura o encontro dessa premissa social com aspectos da morfologia espacial di-
nâmica das metrópoles brasileiras.
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A apresentação a respeito da violência e do poder instituinte e mantenedor do
direito como fundamento do estado de paz é feita magistralmente em um ensaio de
1921 intitulado Zur Kritik der Gewalt, utilizado aqui em sua versão em português
“Crítica da violência – Crítica do poder” (BENJAMIN, 1986).
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Periferia e fronteira
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Considerando os índices de “isolamento social” medidos para todo o Brasil, o
período de maior alta fica entre 22/03 e 26/04, respectivamente, o primeiro e último
picos recorrentes acima dos 50% de toda a série organizada pela Inloco. Conside-
rando exclusivamente a cidade de São Paulo, o período que sustenta os mais altos
índices (59% e 58%) se estende de 29/03 a 03/05 (segundo o Sistema de Monitora-
mento Inteligente do Governo de São Paulo). No município de São Paulo, de acordo
com dados da Secretaria de Segurança Pública do Governo do Estado de São Paulo
(SSP-SP), o mês de maio de 2020 registra o recorde de participação das mortes pro-
vocadas por agentes estatais ligados à segurança pública dos últimos 4 anos, quando
a categoria começa a aparecer na série. Ela foi responsável, somente neste mês, por
3,9% do total de homicídios, tendo atingido 3,1% em 2018 e 2,2% em 2019 e 2017.
Em março, a participação da categoria foi ainda maior, com 6,3% do total, repetindo
a marca de 4 anos antes e quebrando a tendência de queda para o mês, sendo que
2018 havia registrado 1,7% e 2019 0,0%. Em agosto de 2020, tivemos novo recorde
histórico de participação da modalidade para o mês desde o início da série. No estado
do Amazonas, onde a evolução da doença pintou um dos piores quadros da pandemia
no Brasil, o aumento do número de ocorrências na categoria foi da ordem de 425%.
No Rio de Janeiro, a tendência de aumento nas mortes por intervenção policial seguiu
o comportamento geral. Enquanto a correlação esperada em função das medidas de
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Brasil, presente!
controle sanitário pode ser verificada para os casos de crimes contra o patrimônio,
que, em abril de 2020, apresentaram em média redução de 38% em todo o Estado,
as mortes por intervenção policial registraram um aumento de 43% em relação ao
mesmo período de 2019. Contudo, a prova real da correlação é oferecida com os
resultados da determinação do STF que proibiu as operações policias nas favelas e co-
munidades do Rio de Janeiro. Após a proibição, decretada no dia 05 de junho, regis-
trou-se uma redução de 153 para 34 óbitos na categoria para o mês, e de 195 para 50
na comparação entre os meses de julho de 2019 e 2020. Houve, assim, uma redução,
em números absolutos, de 264 óbitos para o período, representando uma queda de
76% em relação ao ano anterior. A última vez que a marca atingiu níveis inferiores a
este foi em 2015. Na capital, na comparação dos meses de junho, entre 2019 e 2020, a
queda foi de 64 óbitos para 2, e dos meses de julho de 92 para 20, o que significa uma
queda de 96% no comparativo de junho e de 85% para o período em relação a 2019
(dados do Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro).
8
Os dados, seguindo metodologia empregada pelo levantamento elaborado pela
Secretaria Municipal de Promoção e Igualdade Racial da Prefeitura Municipal de
São Paulo em 2015, agregam as categorias “pretos” e “pardos” na categoria “população
negra”. No caso do município de São Paulo, a média dos sete primeiros meses de 2020
já apresenta um salto na porcentagem de negros no total das vítimas de homicídio em
relação à média dos anos anteriores, nos quais não se verificou tendência significativa
ao arrefecimento da participação do grupo nos meses finais. Em alguns casos, inclu-
sive, observa-se algum aumento nos meses finais. Até julho de 2020, 62% das vítimas
de homicídios na capital paulista eram negros. Em 2016 53,3%, em 2017 56,6%, em
2018 57,1% e em 2019 57,2%, de acordo com dados da SSP-SP. Segundo os dados
fornecidos pela SSP-SP sobre a ocorrência de mortes com envolvimento de agentes
policiais no município de São Paulo, nos meses de restrição do contato social físico
(de março a agosto), a porcentagem de vítimas “pardas” e “pretas” no acumulado foi de
65%. Em março e junho, as porcentagens atingiram 72,7% e 87,5% respectivamente.
Ainda que não desprezando o debate em torno dos limites do uso da classificação por
cor da pele nos registros aqui mobilizados, considera-se o dado expressivo.
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“Os problemas de espaço são igualmente comuns a todas as três. No caso da
soberania, é óbvio, pois é antes de mais nada como uma coisa que se exerce no inte-
rior do território que a soberania aparece. Mas a disciplina implica uma repartição
espacial, e creio que a segurança também” (FOUCAULT, 2008, p, 17).
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Referências bibliográficas
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GRAY, M.; WYLY, E. “The terror city hypothesis”. In: Derek Gregory
and Allan Pred (ed.) Violent Geographies. New York: Taylor & Francis
Group, 2007. pp. 329-348.
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Periódicos citados:
Folha de São Paulo. “Em UTI de hospital da zona leste de SP, maioria não
sobrevive à Covid”, matéria de Patrícia Campos Mello e Eduardo Anizelli,
em 03/08/2020. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/
equilibrioesaude/2020/08/em-uti-de-hospital-da-zona-leste-de-sp-
maioria-nao-sobrevive-a-covid.shtml
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BRASIL: DESIGUALDADE TERRITORIAL
SOB UMA PERSPECTIVA REGIONAL
1
Letra de Joaquim Osório Duque-Estrada e música de Francisco Manuel da
Silva. A junção entre a música, composta por Silva (1831), e a letra, de Duque-
Estrada, deu-se em 1909.
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Brasil: desigualdade territorial sob uma perspectiva regional
“de certo modo, a década de 1880 exprime uma ruptura na forma histó-
rica de relação sociedade-espaço no Brasil até então existente, mercê a
presença daí em diante de um modo de produção e de trocas próprio de
uma sociedade de economia industrial”.
Essas mudanças penderam, como amplamente sabido, a favor de
estados da região Sudeste, que acumularam riqueza e economias exter-
nas durante o chamado ciclo do café. Neste sentido, continua Moreira
(2014, p. 257):
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2
http://www.cartografia.org.br/cbc/2017/trabalhos/3/fullpaper/CT03-45_
1506432582.pdf. Von Martius sugere o “agrupamento”, para fins de melhor enten-
dimento da história do Império do Brasil, das províncias de São Paulo, Minas,
Goiás e Mato Grosso, compondo, portanto, uma região histórica; outra região
seria formada por Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba; e, por fim,
Alagoas, Sergipe, Bahia e Porto Seguro.
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Brasil: desigualdade territorial sob uma perspectiva regional
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3
O mesmo critério foi utilizado por Honório Silvestre, cuja regionalização data
de 1922 (Bezzi, 1995).
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Brasil: desigualdade territorial sob uma perspectiva regional
4
Outros autores desse período cujas regionalizações fundamentam-se em crité-
rios dominantemente naturais são Padre Geraldo Pauwels, que toma como critério
a cobertura vegetal associada ao relevo e Roy Nash, que se baseia nas “províncias
fisiográficas” (Bezzi, 1995).
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5
Lambert não se ocupa de precisar os limites entre uma e outra região – certa-
mente porosos – e tampouco esboça uma representação cartográfica de sua pro-
posta de regionalização.
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A proposta de divisão regional de Lobato Corrêa foi originalmente publicada
na Revista Geosul, 4(8), p. 7-16, 1989.
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4. Considerações finais
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Bibliografia
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imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/29431-sintese-de-indica-
dores-sociais-em-2019-proporcao-de-pobres-cai-para-24-7-e-extrema-
pobreza-se-mantem-em-6-5-da-populacao. Consulta em 28/12/2020.
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CAPITALISMO, SOCIEDADE CIVIL E
TOTALITARISMO
SÉCULO XXI, CRISE E A VERSÃO
BRASILEIRA DO TOTALITARISMO MUNDIAL
Anselmo Alfredo
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1
A crítica de Marx à economia política, ao que pese suas diferenças, tem de
unidade a crítica à noção de que o valor devém da natureza, da physis, o que Marx
chamou de fisiocracia.
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2
Fundos trabalhistas setoriais desde a época do império, ou mesmo de antes. Cf.
JARDIM, 2007, p. 38 e seg.
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Lava Jato é uma sequência de investigações da Polícia Federal relacionada a
políticos, empreiteiras e estatais, desde 2014.
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O inquérito é conduzido em sigilo pela própria Corte e está sob a relatoria do
ministro Alexandre de Moraes, que expediu as ordens à polícia. Os 29 mandados
foram cumpridos em cinco Estados – Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso,
Paraná e Santa Catarina – e no Distrito Federal e têm como alvo pessoas suspeitas
de envolvimento com uma rede de divulgação de ofensas, ataques e ameaças contra
ministros da corte e seus familiares. Entre eles, estão apoiadores do presidente Jair
Bolsonaro (sem partido) como o empresário Luciano Hang, fundador da Havan,
o deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP), a militante Sara Winter, o empre-
sário Edgard Corona, presidente da rede de academias Smart Fit, os blogueiros
Winston Lima e Allan dos Santos, e o presidente nacional do PTB, o ex-deputado
federal Roberto Jefferson. Moraes também determinou que deputados federais do
PSL, pelo qual Bolsonaro se elegeu e do qual se desfiliou em novembro do ano
passado, sejam ouvidos nos próximos dias. In:https://www.bbc.com/portuguese/
brasil-52824346 (visitado em 19.08.2020)
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Capitalismo, sociedade civil e totalitarismo
8
Levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU) identificou 6.157
militares da ativa e da reserva em cargos civis no governo do presidente Jair
Bolsonaro. O número é mais que o dobro do que havia em 2018, no governo Michel
Temer (2.765). O levantamento, encaminhado nesta sexta-feira (17) aos ministros
do tribunal, foi feito a pedido do ministro Bruno Dantas. In: https://g1.globo.com/
politica/noticia/2020/07/17/governo-bolsonaro-tem-6157-militares-em-cargos-
civis-diz-tcu.ghtml (visitado em 19.08.2020)
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4. Considerações finais
Bibliografia
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Jornais
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Fontes Primárias
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A FINANCEIRIZAÇÃO RECENTE DO
TERRITÓRIO BRASILEIRO: DOS BANCOS
COMERCIAIS ÀS FINTECHS
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A financeirização recente do território brasileiro
1
Neste livro, publicado em 2020, propusemos uma adjetivação do termo para
diferenciar os processos básicos da financeirização nos países centrais e nos países
periféricos: esta financeirização “típica”, que ocorre em países ricos (estes que pos-
suem mercados de capitais mais desenvolvidos e hegemônicos), pode ser entendida
como uma “financeirização de alta intensidade”; já nos países periféricos (ou “em
desenvolvimento”), em que os sistemas bancários são hegemônicos, e a riqueza na
forma monetária ainda é mais importante que a riqueza em ativos mais complexos
(como “títulos” ou “securities”), propomos o termo “financeirização de baixa inten-
sidade” para entender sua dinâmica financeira (CONTEL, 2020).
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Brasil, presente!
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A financeirização recente do território brasileiro
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Tabela 1 – Brasil: evolução recente dos ativos totais dos 5 principais bancos –
em R$ milhões (2010-2019)
Instituição
Sede 2010 2015 2019
financeira
Caixa Econômica
Brasília 401.412.490 1.203.756.044 1.293.481.745
Federal
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2
Dados disponíveis em https://www.bcb.gov.br/publicacoes/relatorioevolucaosfnano
(Acesso em 02.01.2021)
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A financeirização recente do território brasileiro
3
Segundo a Resolução 3.954/2011, art. 8º – norma que regula os Correspondentes
Bancários no país – este tipo de ponto de atendimento está autorizado a realizar os
seguintes serviços: recepção e encaminhamento de propostas de abertura de contas de
depósitos à vista, a prazo e de poupança mantidas pela instituição contratante; realiza-
ção de recebimentos, pagamentos e transferências eletrônicas visando a movimentação
de contas de depósitos de titularidade de clientes mantidas pela instituição contratante;
recebimentos e pagamentos de qualquer natureza, e outras atividades decorrentes da
execução de contratos e convênios de prestação de serviços mantidos pela instituição
contratante com terceiros; execução ativa e passiva de ordens de pagamento cursadas por
intermédio da instituição contratante por solicitação de clientes e usuários. (Extraído de
https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/legado?url=https:%2F%2Fwww.bcb.gov.
br%2Ffis%2Finfo%2Fcorrespondentes.asp Acesso em 02.02.2021).
131
Brasil, presente!
vigor para prestar serviços para seus clientes (em detrimento do atendi-
mento presencial em agências e correspondentes), num processo conhe-
cido como “digitalização bancária”; (2) surgiram em meados da década
de 2010 novos tipos de firmas extremamente intensivas em informação –
chamadas também de startups – especificamente voltadas para a prestação
de serviços financeiros (como oferta de cartões de crédito, contas simples,
pagamentos, transferências, etc.), as chamadas fintechs.
Este uso mais intensivo de sistemas técnicos informacionais per-
mitiu que mesmo serviços mais complexos passassem a ser ofertados
totalmente de forma remota – ou com menor quantidade de intera-
ções presenciais entre os envolvidos (funcionários/clientes). Para termos
uma ideia de quais são, e como cresceu recentemente o uso destes novos
“canais digitais” criados pelos bancos comerciais para a prestação dos
serviços financeiros, disponibilizamos a Tabela 3, que traz informações
compiladas pela Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN, 2019)
sobre o tema:
132
A financeirização recente do território brasileiro
Conforme pode ser ainda visto na tabela 3, outro aspecto que chama
a atenção é a velocidade do crescimento do uso dos canais digitais (ou
informacionais), e a proporção enorme que dois principais deles tomam,
sobretudo o mobile banking (acesso aos serviços bancários pelo smartphone/
aplicativo). As transações como um todo crescem de forma acelerada no
período indicado: 14% de 2014 para 2015; 18% de 2015 para 2016; 12% de
2016 para 2017, e finalmente uma ligeira desaceleração do crescimento, com
8% entre 2017 e 2018. Segundo o diagnóstico, neste pouco tempo os canais
digitais (smartphones e computadores pessoais) passaram a responder por
mais da metade das transações bancárias (60% em 2018, mais precisamente).
Chama a atenção também o crescimento em termos proporcionais
do uso do mobile banking, que rapidamente se torna o sistema técnico
mais utilizado para as transações. Em 2014 ele representava apenas 4,7%
dos totais, e era menos importante que a internet banking (em 1º lugar,
com 18%), os ATMs (10,2%) e as agências bancárias (que respondiam
então por 4,9% das transações). Em 2018, o mobile banking responde
por 31,3% dos totais, seguido do internet banking (16,2%), dos pontos
de atendimento – POS – (12,6%) e dos ATMs (9,2). Em relação aos
demais canais, podemos dizer resumidamente que no período em tela:
crescem significativamente de importância os Pontos de Atendimento
e os correspondentes bancários; ficam estáveis – ou decrescem ligeira-
mente – a internet banking, os ATMs, as agências e os contact centers.
Segundo documento da FEBRABAN (2019, p. 6/7), estas novas
formas de prestação dos serviços são extremamente interessantes para
as firmas bancárias pois: (1) estes canais digitais “impulsionam cres-
cimento das transações bancárias” (dada sua praticidade); (2) o mobile
banking ganha força entre as “transações com movimentação financeira”;
(3) pagamentos e transferências são “destaques entre as operações realiza-
das por celular”; (4) há um expressivo crescimento dos “pontos de venda
no comércio”, o que “reforça” o comportamento do consumidor no sen-
tido de usá-los; (5) aumentou o número de clientes que aderem às “con-
tas digitais”, isto é, aquelas em que o correntista não possui uma agência
bancária “física” para resolver problemas e/ou conversar com seu gerente.
É neste contexto que surgem também as chamadas fintechs no
mercado financeiro brasileiro. Como definir este novo tipo de firma?
Como mensurar seu surgimento no Brasil?
133
Brasil, presente!
4
Disponível em https://www.paypal.com/br/webapps/mpp/about (Acesso em
13.01.2021)
5
Disponível em https://www.valor.com.br/empresas/4334666/mais-de-400-
fintechs-disputam-mercado (Acesso em 19.07.2019).
134
A financeirização recente do território brasileiro
para 386 em 2016, depois para 436 em 2017, 469 em 2018, para chegar
no ano de 2019 – última data com estatísticas disponíveis – com 510
6
Diponível em https://noomis.febraban.org.br/temas/fintechs-e-startups/
guia-completo-das-fintechs-brasileiras-mostra-expansao-de-investimentos-e-
negocios-veja (Acesso em 10.01.2021)
135
Brasil, presente!
firmas deste tipo distribuídas pelo território. Esta distribuição, por sua
vez, é extremamente desigual (como é a distribuição de todas as ativi-
dades capitalistas mais modernas no espaço nacional). Das 510 fintechs
existentes no território em 2019, nada menos que 202 estavam sediadas
no estado de São Paulo (39%), 49 em Minas Gerais, 34 no Rio Grande
do Sul, 33 no Rio de Janeiro, 24 em Santa Catarina e 22 no Paraná.
Portanto, a chamada Região Concentrada (esquematicamente represen-
tada aqui pela soma das Regiões Sul e Sudeste do país) abrigam nada
mais que 370 fintechs (ou 72,5% dos totais).
Este é um quadro sumário, apresentado com o intuito de explicar
porque a topologia bancária brasileira vem sofrendo transformações tão sig-
nificativas em seu tamanho, formas e funções. É cada vez menos necessário
que os clientes/consumidores de serviços financeiros tenham que se deslo-
car para um ponto físico no espaço, de forma presencial, para que este ser-
viço seja “consumido”. A difusão das fintechs – junto com a própria digitali-
zação dos grandes bancos – é, portanto, outra causa central do fechamento
das agências bancárias, no Brasil e no mundo. Entre tantas outras mudanças
que esta nova topologia bancária trará, destacamos a enorme precarização/
perda de postos de trabalho bancários, além de uma significativa alteração
dos mercados imobiliários urbanos, já que os bancos comerciais são grandes
“consumidores” de imóveis urbanos (seja por compra ou locação), princi-
palmente nas áreas privilegiadas de circulação nas cidades; o fechamento de
agências certamente vai trazer consequências importantes para o mercado
imobiliário nas cidades que abrigam agências bancárias.
3. Considerações finais
136
A financeirização recente do território brasileiro
7
Disponível em https://valor.globo.com/financas/noticia/2020/08/31/idosos-
aderem-aos-bancos-digitais-em-meio-a-pandemia.ghtml (Acesso em 04.01.2021)
137
Brasil, presente!
Bibliografia
BOYER, R. Dos desafíos para el siglo XXI: Disciplinar las finanzas yorganizar
la internacionalización. Revista de la CEPAL no. 69. 1999. p. 33-51.
138
A financeirização recente do território brasileiro
139
Brasil, presente!
LEE, R.; Clark, G.; Pollard, J.; Leyshon, A. The Remit of Financial
Geography-Before and after the Crisis. Journal of Economic
Geography, Vol. 9 (5), 2009. p. 723-747.
140
A financeirização recente do território brasileiro
141
Brasil, presente!
142
BRASIL, PAÍS DE DESIGUALDADES
Hervé Théry
O Brasil é, para usar uma expressão banal (mas que era nova
quando Roger Bastide a usou para o título de seu livro sobre o Brasil),
um “país de contrastes” (Bastide, 1957. Diferenças não significam neces-
sariamente desigualdade, e qualquer disparidade não é obrigatoriamente
uma injustiça. Porém, Bernard Bret (2015a), apoiando-se sobre a Teoria
da Justiça de John Rawls (Rawls, 1971), mostrou bem que (no caso do
Nordeste, no qual o seu trabalho era focado) desigualdades antigas,
enraizadas e nunca realmente corrigidas podem ser tão fortes e tão pre-
judiciais aos mais pobres que se tornam claramente uma injustiça.
De fato, as desigualdades entre entidades territoriais, aquelas que
podem ser mostradas pelo mapa, ferramenta preciosa para os geógrafos,
referem-se diretamente à questão da justiça espacial, da qual o próprio
Bernard Bret escreveu que:
144
Brasil, país de desigualdades
145
Brasil, presente!
146
Brasil, país de desigualdades
1
Disponível gratuitamente no site da Firjan, https://www.firjan.com.br/ifdm
147
Brasil, presente!
148
Brasil, país de desigualdades
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Brasil, presente!
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Brasil, país de desigualdades
151
Brasil, presente!
152
Brasil, país de desigualdades
153
Brasil, presente!
154
Brasil, país de desigualdades
155
Brasil, presente!
4. Desigualdades urbanas
156
Brasil, país de desigualdades
157
Brasil, presente!
158
Brasil, país de desigualdades
5. Considerações finais
159
Brasil, presente!
Bibliografia
160
Brasil, país de desigualdades
161
GESTÃO DA ÁGUA NO BRASIL:
LONGE DO DIREITO HUMANO
À ÁGUA E DOS OBJETIVOS DO
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
164
Gestão da água no Brasil
165
Brasil, presente!
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Gestão da água no Brasil
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Brasil, presente!
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Gestão da água no Brasil
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Brasil, presente!
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Gestão da água no Brasil
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Gestão da água no Brasil
173
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174
Gestão da água no Brasil
4. Considerações finais
175
Brasil, presente!
Bibliografia
176
Gestão da água no Brasil
177
Brasil, presente!
178
A RETERRITORIALIZAÇÃO DA CULTURA
NO BRASIL 2016-2020
180
A reterritorialização da cultura no Brasil 2016-2020
181
Brasil, presente!
possuía 516 cargos vagos. O número seria próximo aos dos cargos
efetivos quando da audiência (678 servidores), sem cumprimento do
Plano Especial de Cargos da Cultura, Lei 11.233/2005). Situação
semelhante viveria o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), outra
autarquia vinculada à Secretaria Especial de Cultura. Apesar de sua
extinção ter sido revertida após o incêndio do Museu Nacional em
Setembro de 2018, seu ex-presidente, Paulo Amaral (2019-2020),
chamava atenção na reunião da Comissão de Cultura de Agosto de
2019 que contava apenas com 435 servidores efetivos dos 800 cargos
previstos pela Lei 11.960/2019. A Fundação Rui Barbosa e seus 113
servidores efetivos lotados na cidade do Rio de Janeiro passam, em
2020, por um processo de extinção e transferência de parte de seu
patrimônio para o IBRAM.
Em Julho de 2019, o presidente Jair Bolsonaro defendia explici-
tamente que a reterritorialização e a redefinição da cultura eram partes
das suas preocupações. Ao mesmo tempo em que tentava justificar a
exoneração do presidente da Ancine (Agência Nacional de Cinema),
sugeria que os principais escritórios, sedes, autarquias e departamentos
vinculados à Secretaria Especial de Cultura deveriam ser realocados em
Brasília. Ainda que as leis confiram autonomia e normas para os seus
processos, Bolsonaro revelava sua intenção de interferência no financia-
mento do cinema e do setor cultural em geral ao afirmar que “A cultura
vem para Brasília e vai ter um filtro sim, já que é um órgão federal.
Se não puder ter filtro, nós extinguiremos a Ancine” ( Jornal Nacional,
2019). Se os números da redução de quadros se mostram maiores em
grandes centros como aqueles notados no Rio de Janeiro, tradicional
polo da política cultural brasileira, os efeitos são observados no Brasil
como um todo.
Nota-se ainda tendência ao fechamento, suspensão e cancela-
mento de políticas culturais, como os Pontos de Cultura. A chancela
“às atividades e processos culturais já desenvolvidos, estimulando a
participação social, a colaboração e a gestão compartilhada de políti-
cas públicas no campo da cultura” foi reduzida pelo atraso dos novos
editais e repasses, mesmo com a capilaridade territorial que atingi-
ram até 2016. A partir de auditorias do Ministério Público estadual
e/ou federal, foram apontados problemas na prestação de contas e na
182
A reterritorialização da cultura no Brasil 2016-2020
183
Brasil, presente!
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A reterritorialização da cultura no Brasil 2016-2020
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Brasil, presente!
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Brasil, presente!
4. Considerações finais
194
A reterritorialização da cultura no Brasil 2016-2020
Bibliografia
195
Brasil, presente!
196
A GEOGRAFIA SOCIAL DO BRASIL:
BREVE REFLEXÃO
1
SILVA, Armando Corrêa da. Geografia e Lugar Social. São Paulo: Contexto, 1991.
2
BROWN, E. H. (org.). geografia passado y futuro, México: Fondo de Cultura
Econômica, 1985.
198
A geografia social do Brasil
199
Brasil, presente!
3
BOSCO, Francisco. A Vítima Sempre tem Razão? , Todavia: São Paulo, 2017.
200
A geografia social do Brasil
4
MARTINS, Elvio Rodrigues. O Fundamento Geográfico do Homem: geografia
e filosofia, Tese de Livre Docência: São Paulo, 2017.
201
Brasil, presente!
202
A geografia social do Brasil
5
ALMEIDA, Silvio Luiz de. Racismo Estrutural, Editora Jandaíra,: São Paulo, 2020.
203
Brasil, presente!
204
A geografia social do Brasil
205
Brasil, presente!
206
A geografia social do Brasil
207
Brasil, presente!
208
A geografia social do Brasil
209
Brasil, presente!
6
Na versão consultada, a palavra que consta não é “alienação” e, sim, “estranhamento”.
Em função dos propósitos deste trabalho, tomamos a liberdade de usar “alienação”.
210
A geografia social do Brasil
211
Brasil, presente!
Bibliografia
212
A geografia social do Brasil
213
Brasil, presente!
SEALE, Bobby. Seize The Time - the story of the Black Panters Party
and Huey Newton. Baltimore: Black Classic Press: 1991.
214
PROPRIEDADE DA TERRA, ESTADO,
RELAÇÕES CAPITALISTAS E FORMAÇÃO
TERRITORIAL BRASILEIRA
1
Entende-se a fronteira como um espaço marcado por múltiplos conflitos
decorrentes do encontro entre povos, culturas, naturezas e territorialidades distintas
relacionado direta ou indiretamente ao processo de expansão do capital
2
Esse processo está na origem de contradições importantes que marcam o
nosso campo como a que opõe a propriedade privada a formas de apropriação
coletivas ou comunais.
Brasil, presente!
216
Propriedade da terra, estado, relações capitalistas e formação territorial brasileira
4
Wood critica o alinhamento de Harvey (2004) a essa concepção.
217
Brasil, presente!
5
O direito romano produziu uma concepção de propriedade individual absoluta
(dominium) e também uma abordagem de soberania (imperium) (Wood, 2014, p. 37).
6
O Tratado de Westfália é um marco do direito internacional e está na origem
do sistema de Estados.
218
Propriedade da terra, estado, relações capitalistas e formação territorial brasileira
219
Brasil, presente!
220
Propriedade da terra, estado, relações capitalistas e formação territorial brasileira
8
Esse princípio romano decretava que toda “coisa vazia” ou terra não ocupada era
terra comum até que fosse posta em uso. (WOOD, 2014, p. 63)
9
Ambos os princípios foram defendidos por Hugo Grócio (1583-1645), grande
pensador das relações internacionais que elaborou argumentos a serviço dos inte-
resses de supremacia comercial dos holandeses. Ele desenvolveu uma teoria política
baseada no princípio da autopreservação, como a lei natural mais fundamental, e no
direito de fazer guerra e apropriar territórios. (WOOD, 2014, p. 61).
10
Esse termo passou ao vocabulário jurídico brasileiro como sinônimo de terra
vaga e, finalmente, terra pública. (SILVA, 1997, p. 16)
221
Brasil, presente!
11
Consagrou-se a prática da solicitação de sesmaria para legitimar uma situação
de ocupação de fato de parcelas de terras na colônia, em “posse mansa e pacífica”.
(MOTTA, 2012)
222
Propriedade da terra, estado, relações capitalistas e formação territorial brasileira
223
Brasil, presente!
13
A posse foi contemplada, no Capitulo 5º da Lei 601, nos seguintes termos:
“Serão legitimadas as posses mansas e pacíficas, adquiridas por ocupação primária,
ou havidas do primeiro ocupante, que se acharem cultivadas, ou com princípio de
cultura, e morada habitual do respectivo posseiro.”
224
Propriedade da terra, estado, relações capitalistas e formação territorial brasileira
A Lei nº. 601 também define que sejam reservadas terras para a
“colonização dos indígenas”, dando continuidade ao sistema de aldea-
mento e buscando situá-los em seu território original. Na prática, essa
lei permitiu a redução das áreas indígenas aos territórios dos aldeamen-
tos, sendo negados direitos territoriais reconhecidos desde o período
colonial14, com o esbulho das terras indígenas e sua incorporação ao
patrimônio nacional. Uma vez transformadas em terras devolutas, as
terras indígenas estavam, em princípio, abertas à colonização15. O
Brasil-Império teve como projeto a formação de uma só nação a partir
da integração dos indígenas à sociedade brasileira. (LIMA, 2016, p. 49)
14
O Alvará de 1680 reconheceu os índios como “primários e senhores naturais”
de suas terras e que nenhum outro título poderia valer nestas terras. Enquanto esse
princípio permaneceu em vigor, uma das estratégias adotadas para contorná-lo foi
o questionamento da identidade indígena de povos “civilizados” pelo colonizador,
pois, caso não fossem mais considerados índios, perdiam esse direito.
15
A posse indígena de suas terras passa a ser considerada como inalienável a partir
da Constituição de 1934 e as constituições posteriores mantiveram e desenvolve-
ram esse direito, que assume a sua expressão mais detalhada em 1988. (CUNHA,
2009, p. 265).
225
Brasil, presente!
16
Regulamento hipotecário de 1865, capitulo 21: “As aquisições estão sujeitas à
transcrição para poderem valer contra terceiros.” (SILVA, 2008, p. 344)
226
Propriedade da terra, estado, relações capitalistas e formação territorial brasileira
17
A grilagem assegura a apropriação indevida de grandes extensões de terras por
meio do uso da violência direta e de estratégias de burla e produção de documentos
fraudulentos, que envolvem representantes de cartórios, técnicos de órgãos de terra
estaduais e do INCRA, juízes, dentre outros, configurando verdadeiras quadrilhas.
227
Brasil, presente!
18
Essa lei foi seguida de outras medidas que geraram forte impacto sobre a estru-
tura fundiária, tais como: a Emenda Constitucional n.18 de 1965, que estende
à Amazônia os incentivos ficais e favores creditícios concedidos ao Nordeste; a
concessão de incentivos fiscais aos empreendimentos “florestais” em todo o país
em 1966; a criação do INCRA em 1970 e sua subordinação ao Ministério da
Agricultura, com o tratamento da questão agrária como problema setorial; o Plano
de Integração Nacional (PIN) em 1970; e o Programa de Redistribuição de Terras
e Estímulo à Agroindústria no Norte e Nordeste (PROTERRA) em 1971.
19
No Brasil, o direito de propriedade é condicionado pela primeira vez ao res-
peito aos interesses da coletividade na Constituição de 1934, no capítulo dos direi-
tos e das garantias individuais.
228
Propriedade da terra, estado, relações capitalistas e formação territorial brasileira
20
Essa aliança está na origem da ampla expressão alcançada hoje pelos interesses
da grande propriedade da terra no Congresso Nacional, representados pela “ban-
cada ruralista”.
229
Brasil, presente!
21
Conforme Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, Capitulo 68: Aos
remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é
reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.
22
O referido decreto acolhe o critério de autoidentificação para os remanes-
centes de quilombo, em conformidade com o que estabelece a Convenção 169 da
Organização Internacional do Trabalho (OIT), ratificada pelo país em 2002. Por se
referir “aos povos interessados em direitos de propriedade e de posse sobre as terras
230
Propriedade da terra, estado, relações capitalistas e formação territorial brasileira
que tradicionalmente ocupam”, a Convenção 169 abre a possibilidade para que outros
povos tradicionais reivindiquem o reconhecimento do direito sobre seus territórios.
23
Como a PEC 215 de 2000, que propõe a transferência da atribuição de demar-
cação das terras indígenas do Executivo para o Congresso Nacional; e a Ação Cível
Originária 1.100 (ACO), que trata de um pedido de anulação da demarcação da
Terra Indígena Ibirama Laklaño, do povo Xokleng, baseado na tese do “marco tem-
poral”, que defende que os povos indígenas só podem reivindicar as terras que ocu-
pavam na data da promulgação da Constituição Federal (5/10/1988).
24
Ao longo da década dos anos 2000, o volume de crédito concedido a partir
de fundos públicos pelo Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR) mais do que
dobrou. (DELGADO, 2012, p. 104).
25
Muitas empresas formadas no período resultaram da junção de capitais nacio-
nais e estrangeiros. Outras empresas, de capital majoritariamente nacional, con-
taram com o apoio do Estado para a sua transformação em grandes players mun-
diais, por meio de aportes financeiros significativos oriundos do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
231
Brasil, presente!
Bibliografia
26
Além disso, têm surgido novos investimentos no âmbito da economia verde
que também pressionam a propriedade da terra, tais como o mercado de cotas de
reservas ambientais e as compensações financeiras relacionadas à redução de emis-
são de gases de efeito estufa decorrentes do desmatamento evitado e do manejo
sustentável de florestas. Esses negócios têm estimulado o avanço da grilagem, até
mesmo sobre áreas situadas no interior de unidades de conservação.
27
Entre a maioria dos proprietários de terra, independentemente dos interesses eco-
nômicos que estes representam, observa-se uma tendência crescente para considerar a
renda da terra como juros relativos ao capital investido na compra da terra. A proprie-
dade da terra tem se tornado uma forma de ativo financeiro (HARVEY, 2006, p.347).
232
Propriedade da terra, estado, relações capitalistas e formação territorial brasileira
233
Brasil, presente!
234
CAMPONESES, QUILOMBOLAS,
INDÍGENAS E GRILEIROS EM CONFLITOS
NO CAMPO BRASILEIRO
236
Camponeses, quilombolas, indígenas e grileiros em conflitos no campo brasileiro
1
http://www.agricultura.gov.br/acesso-a-informacao/institucional/quem-e-quem/secretari
237
Brasil, presente!
238
Camponeses, quilombolas, indígenas e grileiros em conflitos no campo brasileiro
número já ocorrido no país, sendo superado pelo dado de 2005, que foi
de 1.881. Mas é o primeiro lugar em conflitos por terra já registrado no
Brasil, que foi de 1.207 em 2019, mais de 3,3 conflitos por dia. Assim, foi
um número superado pelos dados do primeiro mandato do governo Lula,
que chegou, em 2003, a 1.335 conflitos por terra, e 2004 foi o mais alto,
com 1.398. No ano de 2005 alcançou o número de 1.304 conflitos, e, em
2006, atingiu 1.212. Depois, 2016, quando atingiu o número de 1.295.
Entretanto, o indicador do número de conflitos por terra teve o
número máximo alcançado em 2019, aquele de 1.207, uma vez que os
demais dados somente foram alcançados porque os números de ocupa-
ção/retomada e acampamento somados juntos deram números maiores.
Assim, o dado atingido em 2019 é o maior número já alcançado de
conflitos por terra desde 1985.
Outros dados são importantes e estão presentes no gráfico 01
e são relativos à presença do trabalho escravo e da superexploração, e
revelaram que o trabalho escravo foi expressivo de 2002 a 2014, quando
atingiu, em 2008, o número de 280 pessoas escravizadas. A superexplo-
ração foi mais frequente no mesmo período (2002/2014), mas teve em
2005 o ano de maior intensidade, quando foram libertas 178 pessoas. Já
os conflitos por água também apresentaram o maior indicador no ano
de 2019, quando atingiram o total de 489 pessoas. Entretanto, o período
de 2014/2019 foi o de maior intensidade.
Gráfico 01
239
Brasil, presente!
240
Camponeses, quilombolas, indígenas e grileiros em conflitos no campo brasileiro
241
Brasil, presente!
o total de 653 conflitos no campo com 255 conflitos por terra e 398 ocu-
pações/retomadas. Essa hegemonia do MST no campo, no país, conti-
nuou em 1997 com 658 conflitos no campo, sendo 195 conflitos por terra
e 463 ocupações/retomadas; em 1998 os números foram 751 conflitos
no campo e 152 conflitos por terra e 599 ocupações/retomadas; em 1999
foram 870 conflitos no campo, sendo que foram 277 conflitos por terra e
593 ocupações/retomadas; e, no ano 2000, foram 558 conflitos no campo,
sendo que foram 168 conflitos por terra e 390 ocupações/retomadas.
Depois, veio dois anos de baixa geral motivada pelas medidas
anti-movimentos feita nos dois últimos anos do governo Fernando
Henrique, a saber, aumentou a criminalização das ocupações de terra
proibindo que as mesmas fossem vistoriadas por dois anos, suspen-
dendo qualquer negociação em caso de ocupação de prédios públicos
pelos envolvidos no processo de desapropriação. Além dessa medida,
o governo de Fernando Henrique fez o projeto de reforma agrária sem
reformar nada: a famosa “reforma agrária” pelos Correios, que não fez
reforma alguma.
Em seguida veio o primeiro mandato de Lula e, com ele, a espe-
rança de finalmente se fazer a reforma agrária no país. Ledo engano,
pois o desejo de se fazer a reforma agrária morreu no ninho, pois o
presidente Lula matou a reforma, fazendo com que a equipe liderada
por Plinio de Arruda Sampaio tivesse o plano da reforma feito, porém
não seria seguido. Fez uma meia reforma, e chegou ao final do primeiro
mandato com um número de pouco mais de 155 mil novos assentamen-
tos. Mas foi o período que mais se fez reforma agrária nos quatorze anos
dos governos petistas no país.
No ano de 2007, o MST fez seu 5º Congresso Nacional em
Brasília, e neste evento iniciou o processo de mudança na sua história.
Abandonou sua trajetória de mais de 20 anos de luta pela reforma agrá-
ria, e passou a lutar para se constituir em um “partido político”. Por isso,
passou a lutar por “reforma agrária popular”, que seria correspondente a
uma reforma agrária socialista. Esse processo culminou em 2019, com
um total de 28 ações de luta pela reforma agrária com o envolvimento
de apenas e tão somente 2.353 famílias.
242
Camponeses, quilombolas, indígenas e grileiros em conflitos no campo brasileiro
Gráfico 02
Gráfico 03
243
Brasil, presente!
2. Os assassinatos no campo
244
Camponeses, quilombolas, indígenas e grileiros em conflitos no campo brasileiro
dados: região Norte 1.097 pessoas ou 42,6%; região Centro Oeste 3l2
pessoas ou 12,1%; região Nordeste 793 pessoas ou 30,8%; região Sudeste
243 pessoas ou 9,4%; e região Sul 131 pessoas ou 5,1%.
Gráfico 04
245
Brasil, presente!
MAPA 01
246
Camponeses, quilombolas, indígenas e grileiros em conflitos no campo brasileiro
MAPA 02
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Brasil, presente!
MAPA 03
248
Camponeses, quilombolas, indígenas e grileiros em conflitos no campo brasileiro
Bibliografia
249
Brasil, presente!
250
Camponeses, quilombolas, indígenas e grileiros em conflitos no campo brasileiro
251
Brasil, presente!
252
AMAZÔNIA, PRESENTE?
Valeria de Marcos
254
Amazônia, presente?
255
Brasil, presente!
256
Amazônia, presente?
2
Tal prática, que se configura como relação não-capitalista de produção no
campo, se dá, como salienta o autor, no seio do capitalismo, como estratégia encon-
trada pelos capitalistas nos setores de baixa composição orgânica do capital para
conseguirem competir no mercado (Martins, 2003).
257
Brasil, presente!
258
Amazônia, presente?
259
Brasil, presente!
dos anos 1970. Durante o Governo Lula se tentou uma atualização desses índices,
barrada pelo MAPA com apoio da bancada ruralista, o que permite compreender o
quão fácil é contestar a alegação de improdutividade. Além disso, todos os óbices,
vistas ao processo e recursos possíveis são impetrados para tornar a desapropriação
ainda mais demorada, o que explica o longo tempo que os acampados têm que
aguardar antes de conseguirem ter o direito à terra reconhecido.
260
Amazônia, presente?
261
Brasil, presente!
6
Caso em que deixam áreas no interior da área pretendida sem solicitação de
regularização.
7
Terence (2018) chegou a essa consideração final ao sobrepor os pedidos de
regularização fundiária junto ao Programa Terra Legal às áreas declaradas como
propriedade junto ao CAR.
262
Amazônia, presente?
8
Maiores detalhes sobre o impacto da mineração sobre áreas de ocupação cam-
ponesa e sobre áreas de assentamentos rurais consolidados podem ser vistos no
capítulo de Terence neste volume.
263
Brasil, presente!
264
Amazônia, presente?
265
Brasil, presente!
para além do absurdo contido como sugestão no documento oficial, o Estado deve-
ria pagar aos grileiros pela terra degradada.
13
Em que pese sua presença na política, de forma anônima, desde 1991, sempre se
alternando em partidos pequenos, e a de seus filhos Flavio Bolsonaro (01), Carlos
Bolsonaro (02) e Eduardo Bolsonaro (03).
14
Um economista ultraliberal, da escola de Chicago, que possui em seu currículo,
ainda que não com um papel de primeira linha, a colaboração no programa econô-
mico do Chile de Pinochet.
15
Com uma pequena exceção para o auxílio emergencial devido à pandemia de
Covid-19, que está longe de ter a capilaridade necessária.
266
Amazônia, presente?
16
Desde o início do Governo Bolsonaro até agosto 2020, 745 novos agrotóxicos
foram liberados, muitos dos quais banidos em outras partes do mundo. Ver: https://
www.opovo.com.br/noticias/brasil/2020/08/10/governo-bolsonaro-ja-registrou-745-
novos-agrotoxicos--numero-e-o-maior-em-15-anos.html. Data de acesso: 24.11.2020.
17
Que no mandato 2019-2022 soma 285 parlamentares, dos quais 247 deputados
federais e 38 senadores (Mitidiero Jr et al, 2019).
267
Brasil, presente!
18
Conforme https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/05/20/mp-da-
regularizacao-fundiaria-perde-validade-e-e-substituida-por-projeto-de-lei e https://
www.camara.leg.br/propostas-legislativas/2252589. Data de acesso 24.11.2020.
19
Conforme https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/noticias/medida-
provisoria-do-agro-e-sancionada. Data de acesso: 24.11.2020.
20
Conforme https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2020-02/bolsonaro-
envia-projeto-que-regulamenta-exploracao-de-terras-indigenas. Data de acesso:
24.11.2020.
21
Ver https://amazonia.org.br/2020/05/total-da-area-desmatada-na-amazonia-
em-2020-ja-e-maior-que-cidade-de-sao-paulo/. Data de acesso: 26.11.2020.
268
Amazônia, presente?
3. Considerações finais
269
Brasil, presente!
Bibliografia
ARBEX JR, J. “Terra sem povo”, crime sem castigo. In: TORRES,
M. (Org) Amazônia revelada: os descaminhos ao longo da BR-163.
Brasília, CNPq, 2005. p. 21-66.
270
Amazônia, presente?
271
Brasil, presente!
272
POLÍTICAS PÚBLICAS E
ESTRATÉGIAS TERRITORIAIS
274
Políticas públicas e estratégias territoriais
1
Dados oficiais do INPE (PRODES, DETER) não puderam ser utilizados para
essa confirmação pois seu site esteve fora do ar.
275
Brasil, presente!
2
Inicialmente considerada como de proteção dos ambientes naturais ecossiste-
mas. Segundo Pádua (1997), o primeiro parque criado no Brasil visando expli-
citamente a proteção da natureza foi estadual – o Parque Estadual da Cidade,
atualmente Parque Estadual da Capital, criado em 10 de fevereiro de 1896, pelo
decreto 335, na cidade de São Paulo. A pluralidade de categorias de áreas de prote-
ção permite identificar outros tipos de unidades criadas ainda no século XIX com
a denominação de estações biológicas. Maior aprofundamento quanto à história
ambiental brasileira ver Pádua (1997) e Drummond e Barros-Platiau, (2006). O
Parque Nacional da Tijuca, cuja origem data de 1861 por decreto de D. Pedro II,
resulta das florestas da Tijuca e das Paineiras que foram denominadas de Florestas
Protetoras, pode ser vista como outro exemplo.
276
Políticas públicas e estratégias territoriais
3
Secretário da Secretaria Especial de Meio Ambiente (atual MMA) entre 1974
e 1986.
277
Brasil, presente!
4
Estudo realizado para o projeto Brasil Três Tempos, não publicado.
278
Políticas públicas e estratégias territoriais
Legenda para os modelos ambientais: Biomas Amazônia (verde escuro), Cerrados (bege), Mata Atlântica
(verde claro), Pantanal (azul), Campos (lilás), Arco do desmatamento (faixa vermelha), Arco dos desaba-
mentos (marrom), Desertificação (amarelo).
Para os modelos territoriais: Amazônia (verde escuro), agronegócio (amarelo e laranja), Arco do desmata-
mento (pontilhado preto), unidades de conservação (verde claro), centro econômico do país (vermelho), mi-
neração (amarelo), produção de energia (verde claro), metrópoles regionais (preto), risco de ruptura (cinza).
279
Brasil, presente!
Fonte: https://www.mma.gov.br/estruturas/chm/_arquivos/maparea.pdf
Fonte: http://areasprioritarias.mma.gov.br/images/arquivos/mapa_2007.jpg
280
Políticas públicas e estratégias territoriais
http://areasprioritarias.mma.gov.br/images/Mapa_com_legenda.bmp
281
Brasil, presente!
6
Este mecanismo foi criado antes da própria política, na expectativa de inclusão
de diversos setores nas ações de minimização de emissões via financiamento de
projetos locais. O estado que mais apresentou projetos foi São Paulo.
7
João Paulo Capobianco foi secretário nacional de Florestas e Biodiversidade e
secretário-executivo do ministério do Meio Ambiente (2003 a 2008), na gestão de
ministra Marina Silva.
282
Políticas públicas e estratégias territoriais
283
Brasil, presente!
Data de
Órgão Função Liderança
criação
Comissão Interministerial Elaborar estudos, subsídios
31 de outubro Secretário Geral das
sobre Alterações Climáti- e contribuições às negocia-
de 1989 Relações Exteriores
cas (CIAC) ções internacionais
Comissão Interministe-
rial para a Preparação da
Similar à Comissão anterior, Ministro MREx
Conferência das Nações 25 de abril
com maior foco à prepara- (Ministério das
Unidas sobre Meio de 1990
ção da Conferência citada. Relações Exteriores)
Ambiente e Desenvolvi-
mento (CIMA)
Foco em proposição
Ministro de Estado
de ações, instrumentos,
Chefe da Secretaria
Comissão Interministerial captação de recursos (entre
21 de junho de Planejamento,
para o Desenvolvimento outros) e avaliação das suas
de 1994 Orçamento e Coor-
Sustentável (CIDES) próprias atividades para
denação da Presidên-
implementação da Agenda
cia da República
XXI no país.
Objetivos mais genéricos em
Comissão de Políticas de
relação à CIDES, focados na
Desenvolvimento Susten- 26 de fevereiro Ministério do Meio
proposição exclusivamente
tável e da Agenda XXI de 1997 Ambiente
à Câmara de Políticas dos
Nacional
Recursos Naturais8
Certificadora oficial
brasileira, reconhecida pela
Comissão Interministerial
UNFCCC, para validar 7 de julho
sobre Mudança Global do MCT
projetos de redução certifi- de 1999
Clima (CIMGC)
cada de emissões de gases
de efeito estufa.
Conscientizar e mobilizar a
sociedade para a discussão Presidente da Repú-
Fórum Brasileiro de Mu- e tomada de posição sobre 20 de junho blica, normalmente
dança do Clima (FBMC) os problemas decorrentes de 2000 exercida pela Secre-
da mudança do clima por tário-executivo
gases de efeito estufa
Objetivos mais específicos
Comissão de Políticas de
focados na implementação
Desenvolvimento Susten- 28 de novem- Ministério do Meio
da Agenda 21 mas com
tável e da Agenda XXI bro de 2003 Ambiente
interlocução com diversos
Nacional
órgãos do governo
Elaborar por meio do
Comitê Interministerial
Grupo Executivo o Plano 21 de novem-
sobre Mudança do Clima - Casa Civil
Nacional de Mudança do bro 2007
CIM
Clima
8
Decreto nº 1.696, de 13 de novembro de 1995, tinha como objetivo formular as
políticas públicas e diretrizes relacionadas com os recursos naturais e coordenar sua
implementação. Extinta pelo Decreto nº 9.784 de 7 de maio de 2019.
284
Políticas públicas e estratégias territoriais
285
Brasil, presente!
3. Considerações finais
286
Políticas públicas e estratégias territoriais
Bibliografia
287
Brasil, presente!
288
Políticas públicas e estratégias territoriais
289
Brasil, presente!
OBSERVATÓRIO DO CLIMA/MapBiomas.<https://plataforma.
mapbiomas.org>. Acesso em 30 out 2020.
290
Políticas públicas e estratégias territoriais
291
COVID-19 E A SEGREGAÇÃO
SOCIOESPACIAL A PARTIR DO
ENSINO DE GEOGRAFIA
294
Covid-19 e a segregação socioespacial a partir do ensino de geografia
Imagem 1
Fonte: https://www.ecodebate.com.br/2020/05/06/agua-e-saneamento-covid-19-teria-tido-menos-im-
pacto-no-brasil-se-a-agenda-2030-tivesse-avancado/ acessado em 13.10.20
295
Brasil, presente!
296
Covid-19 e a segregação socioespacial a partir do ensino de geografia
1
Destacamos aqui o ensino básico, mas todos os estabelecimento de ensino tiveram
suas atividades paralisadas: creches, ensino infantil, ensino básico e ensino superior.
2
Esses números variam muito de estado para estado da Federação. De acordo
com levantamento feito pela imprensa, por exemplo, no estado de São Paulo as
transferências para a escola pública cresceu 10 vezes (fonte: https://www1.folha.uol.
com.br/educacao/2020/09/transferencia-para-escola-publica-em-sp-e-10-vezes-
maior-do-que-em-2019.shtml acesso em 09.10.2020; já no estado do Paraná esse cres-
cimento foi de 88,2% (fonte: https://www.bemparana.com.br/noticia/transferencias-
de-alunos-de-escolas-particulares-para-rede-publica-sobem-882-no-parana#.
X67NsshKiyI acesso em 09.10.2020). Esse fenômeno foi detectado em todo o país,
com números diferenciados em cada estado.
297
Brasil, presente!
3
Como já abordado no capítulo “A resistência cotidiana no capitalismo com (e sem) a
Covid-19” disponível em https://diplomatique.org.br/a-resistencia-cotidiana-no-capi-
talismo-com-e-sem-a-Covid-19/ a solidariedade, necessária no momento da pandemia,
auxiliou também a manter o sistema: de um lado, minimizando a ascensão de conflitos
por alimentos e, por outro, ampliando a propaganda das empresas que aparecem como
benfeitoras, a exemplo do quadro Solidariedade S/A, apresentado no auge da pandemia
pela Rede Globo de televisão, mas tendo em outras emissoras também suas versões.
298
Covid-19 e a segregação socioespacial a partir do ensino de geografia
4
Esse levantamento foi feito por amostragem e por telefone, logo quem não
possui telefone fixo ou celular foi excluído da amostra.
5
Fonte: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/08/12/datasenado-
quase-20-milhoes-de-alunos-deixaram-de-ter-aulas-durante-pandemia , acesso em
12.10.2020
6
No Brasil a maior parte dos pacotes para uso de celulares, ou mesmo a recarga
de crédito nos celulares, tem como ilimitado o uso de Whatsapp, o que faz com que
o mesmo seja usado como um grande canal de comunicação.
7
No Brasil houve grandes diferenças quando da continuidade de ensino: parte
dos estados do centro-sul após dois meses de pandemia é que iniciam atividades
remotas, enquanto em outras regiões do país como Norte e Nordeste a retomada
das atividades se dá, em geral, quatro meses após o inicio da crise sanitária.
299
Brasil, presente!
Imagem 2
Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional Por amostra de domicílios continua, 2017-2018, disponível em https://
educa.ibge.gov.br/jovens/materias-especiais/20787-uso-de-internet-televisao-e-celular-no-brasil.
html#subtitulo-1, acessado em 15.10.2020
Imagem 3
300
Covid-19 e a segregação socioespacial a partir do ensino de geografia
8
Relatos durante os meses de setembro e outubro de 2020 de professores partici-
pantes das reuniões de formação virtuais da XVII Semana de Geografia intitulada:
Resistências e Possibilidade para Estágio Supervisionado de Ensino de Geografia e
Material Didático em Tempos de Pandemia (professores das redes públicas de São
Paulo, Pará, Pernambuco que participam das atividades que ocorrem, devido à pande-
mia, de forma virtual. Disponível em:- https://www.facebook.com/semana.geousp/ ).
301
Brasil, presente!
Imagem 4
Como boa parte dos alunos que tem acesso à internet consegue
as atividades escolares propostas por meio do celular (que pode ser de
vários tipos, sendo que os mais antigos talvez não seja possível ter acesso
a alguns apps ou programas ou ainda entrar em algumas plataformas
9
Segundo o mesmo levantamento apenas 44% dos domicílios da zona rural
brasileira têm acesso à internet. Disponível em: https://cetic.br/media/analises/
tic_educacao_2019_coletiva_imprensa.pdf acesso em 15.10.20.
302
Covid-19 e a segregação socioespacial a partir do ensino de geografia
10
https://g1.globo.com/educacao/noticia/2020/05/05/sem-internet-merenda-e-
lugar-para-estudar-veja-obstaculos-do-ensino-a-distancia-na-rede-publica-
durante-a-pandemia-de-Covid-19.ghtml acesso em 12.10.20
303
Brasil, presente!
11
Relato dado durante atividade de formação da XVII Semana de Geografia de
Geografia USP, realizada em 30.09.2020.
304
Covid-19 e a segregação socioespacial a partir do ensino de geografia
305
Brasil, presente!
Bibliografia
CETIC BR. TIC Educação 2018: Pesquisa sobre o uso das tecnologias
de informação e comunicação na escolas brasileiras, São Paulo:
Núcleo de Coordenação do Ponto BR, 2019. Disponível em https://
cetic.br/media/docs/publicacoes/216410120191105/tic_edu_2018_
livro_eletronico.pdf acesso em 12.10.2020.
306
Covid-19 e a segregação socioespacial a partir do ensino de geografia
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido, 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1987.
OLIVEIRA, F. Elegia para uma re(li)gião. 3.ed. São Paulo: Paz e Terra, 1981.
307
Brasil, presente!
Links
https://g1.globo.com/educacao/noticia/2020/05/05/sem-internet-
merenda-e-lugar-para-estudar-veja-obstaculos-do-ensino-a-distancia-
na-rede-publica-durante-a-pandemia-de-covid-19.ghtml acesso em
12.10.2020
https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2020/09/transferencia-
para-escola-publica-em-sp-e-10-vezes-maior-do-que-em-2019.shtml
acesso em 09.10.2020
https://www.bemparana.com.br/noticia/transferencias-de-alunos-
de-escolas-particulares-para-rede-publica-sobem-882-no-parana#.
X67NsshKiyI acesso em 09.10.2020
308
PARTE II
ESTUDOS DE CASO
A CONTRARREVOLUÇÃO URBANA E O
NOVO PAPEL DA CHINA: QUESTÕES
PARA A URBANIZAÇÃO BRASILEIRA1
312
A contrarrevolução urbana e o novo papel da china
313
Brasil, presente!
314
A contrarrevolução urbana e o novo papel da china
315
Brasil, presente!
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A contrarrevolução urbana e o novo papel da china
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Brasil, presente!
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A contrarrevolução urbana e o novo papel da china
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Brasil, presente!
320
A contrarrevolução urbana e o novo papel da china
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Brasil, presente!
322
A contrarrevolução urbana e o novo papel da china
323
Brasil, presente!
324
A contrarrevolução urbana e o novo papel da china
3. Um caminho de pesquisa
325
Brasil, presente!
Bibliografia
326
A contrarrevolução urbana e o novo papel da china
327
Brasil, presente!
PECK, Jamie. Cities beyond compare? Regional Studies, [S. l.], v. 49,
n. 1, p. 160–182, 2015.
328
A contrarrevolução urbana e o novo papel da china
329
A LIDERANÇA REGIONAL BRASILEIRA
EM QUESTÃO: IMPLICAÇÕES PARA A
INTEGRAÇÃO SUL-AMERICANA1
1
Esse capítulo é resultado da dissertação de mestrado intitulada “Liderança regional
em questão: o Brasil na ótica dos países sul-americanas”, vinculada ao Programa de
Pós-Graduação em Geografia Humana da Universidade de São Paulo (PPGH/USP).
Brasil, presente!
332
A liderança regional brasileira em questão
333
Brasil, presente!
334
A liderança regional brasileira em questão
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Brasil, presente!
336
A liderança regional brasileira em questão
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Brasil, presente!
338
A liderança regional brasileira em questão
339
Brasil, presente!
340
A liderança regional brasileira em questão
341
Brasil, presente!
sete bases militares para forças armadas dos EUA foi interpretada como
um ato para contrabalançar o peso militar brasileiro. Do mesmo modo,
a denegação inicial de integrar o Conselho de Defesa Sul-Americano,
iniciativa brasileira, apenas foi superada por ações diplomáticas que aler-
tavam para a intensificação do isolamento da Colômbia.
No que concerne à integração sul-americana, enquanto o Brasil
privilegiava o Mercosul e vislumbrava a adesão, como associados ou
permanentes, dos demais países da região, a Colômbia considerava a
ampliação do bloco perniciosa para seu principal aliado, os EUA, e, por-
tanto, para seus próprios interesses. Quando da criação da Unasul, em
2008, a Colômbia externou ceticismos, pois a instituição centrava-se
mais em questões políticas que econômicas, além de servir de plataforma
para os interesses de Brasil e Venezuela. A estratégia de não atrelamento
aos interesses brasileiros foi perseguida adicionalmente pela adesão à
Aliança do Pacífico e pela manutenção da ordem político-securitária
regional pela Organização dos Estados Americanos (OEA), onde os
EUA assegurariam seus interesses, confrontando o nascente prestígio
da Unasul.
Em diversas ocasiões a Colômbia manteve posições antagônicas
às brasileiras, opondo-se à adesão do Brasil como membro permanente
no Conselho de Segurança da ONU, ao preferir preservar o status quo
do conselho, no qual tinha um aliado com poder de veto, e impedir
um maior desequilíbrio na ordem geopolítica sul-americana. Na OMC,
por sua vez, enquanto o Brasil articulava arranjos formados por países
em desenvolvimento, como na Rodada Doha e no G-20 comercial, a
Colômbia preferia escorar-se na defesa do livre-comércio e nas posições
dos EUA sobre o comércio global. Analogamente, houve divergências
durante as crises políticas na região, como na destituição do presidente
do Paraguai, Fernando Lugo, em 2012, quando o Brasil coordenou a
condenação ao rito sumário paraguaio, suspendendo o país dos órgãos e
deliberações do Mercosul e da Unasul. A Colômbia, por sua vez, apenas
lamentou a saída de Lugo, expressando não ter ocorrido ruptura demo-
crática, em consonância com os EUA, que haviam reconhecido o novo
governo paraguaio.
Grande parte das iniciativas brasileiras para a projeção de seu pro-
tagonismo na coordenação regional foi obstaculizada pela Colômbia.
342
A liderança regional brasileira em questão
343
Brasil, presente!
344
A liderança regional brasileira em questão
345
Brasil, presente!
346
A liderança regional brasileira em questão
347
Brasil, presente!
4. Considerações finais
348
A liderança regional brasileira em questão
Bibliografia
349
Brasil, presente!
350
OS “INVISÍVEIS” DO ESTADO:
POBREZA, TRANSFERÊNCIA DE RENDA E
SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL NO BRASIL
1
O uso do termo gestão da pobreza tem por objetivo expor a tensão entre duas
concepções subjacentes aos programas sociais anti-pobreza: por um lado, há o
entendimento de que a pobreza se combate com a conformação de técnicas macroe-
conômicas encarregadas de promover o crescimento econômico (Lautier, 2013;
Thomé, 2013; Garay, 2016); por outro, compreende-se que tais programas consti-
tuiriam um “governo dos pobres – de seus corpos e condutas – que se desdobra na
instituição de uma moral dos pobres, em práticas e representações que pudessem
conformar a figura exemplar do bom pobre, aquele que merece se tornar beneficiário
dos programas sociais redistributivos” (Georges e Rizek, 2016, p. 58).
2
Inicialmente, a proposta do Ministério da Economia era criar, de acordo com
anúncio de 18 de março de 2020 do ministro Paulo Guedes, um vale de R$ 200,00
mensais. Após mobilização e pressão de movimentos sociais, sindicatos e partidos
de esquerda, além de diversas negociações entre deputados e governadores, o valor
do benefício ficou estabelecido em R$ 600,00 e foi aprovado em votação na Câmara
dos Deputados em 26 de março e no Senado (por unanimidade) em 30 de março.
O presidente Jair Bolsonaro, no entanto, demorou mais de 72 horas para assinar
o Decreto de criação do auxílio, o qual foi publicado no Diário Oficial da União
(DOU) somente em 2 de abril.
352
Os “invisíveis” do estado
353
Brasil, presente!
3
Utiliza-se aqui o termo vulnerabilidade de acordo com a definição de Ivo (2008,
p. 30), que se refere aos “(...) riscos de um grande contingente [populacional] cair
em estado de necessidade, limitando os objetivos mais amplos de um paradigma de
desenvolvimento social mais igualitário”.
354
Os “invisíveis” do estado
4
Cabe destacar que todos esses 38 milhões de trabalhadores não precisaram ins-
crever-se no CadÚnico para receber o auxílio. Para tanto, era necessário apenas fazer
a solicitação por meio de um aplicativo desenvolvido pela Caixa Econômica Federal,
órgão responsável pelo pagamento do benefício. Portanto, o diagnóstico de que exis-
tia esse grande contingente populacional excluído do cadastro, ou invisível aos olhos
do Estado, não significou, até o momento, uma ampliação do CadÚnico em si.
5
Existem duas estratégias mais recorrentes para se medir a pobreza e a quantidade
de pessoas pobres. Na primeira, utiliza-se uma única variável, como a renda. Nesse caso,
define-se uma linha de pobreza, determinada por um valor mínimo de renda que deveria
suprir as necessidades básicas de um indivíduo ou família. A partir dessa linha, separa-se
quem é pobre e quem não é. De acordo com Ivo (2008), a definição da pobreza a partir
de uma linha é um método que associa um patamar de renda a um consumo mínimo
das famílias e/ou indivíduos. A ONU e o Banco Mundial definem periodicamente
a linha de extrema pobreza em escala global. Em 2020, esta estava em US$ 1,90 per
capita por dia. Na segunda estratégia, utiliza-se um índice sintético, ou seja, parte-se do
princípio de que não é possível mensurar a pobreza por uma única variável determi-
nante, de forma a compor um índice a partir de duas ou mais variáveis, como educação,
saúde, moradia, renda, entre outros. Nessa segunda estratégia, fica evidente a concepção
multidimensional da pobreza, em outras palavras, o fato de esta apresentar uma plurali-
dade de características que não apenas a insuficiência de renda. Um exemplo de índice
sintético para mensuração da pobreza é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH),
que articula as variáveis renda, escolarização e longevidade para medir o nível de desen-
volvimento dos lugares (Bachtold, 2017; Rocha, 2000).
355
Brasil, presente!
6
Para efeito de cadastramento, é considerada de baixa renda a família que apre-
sente renda mensal per capita de até meio salário mínimo ou renda familiar mensal
de até 3 salários mínimos.
356
Os “invisíveis” do estado
7
O CadÚnico passou por grande expansão desde a sua regulamentação com o
Decreto n. 6.137/2007: em 2010, eram 18 milhões de famílias cadastradas, já em
2013, eram 25,3 milhões, contemplando 40% da população brasileira (Camargo et.
al, 2013; Campello, 2013).
357
Brasil, presente!
358
Os “invisíveis” do estado
8
“Para além de quantificar as famílias e transferir renda, verificou-se uma infini-
dade de possibilidades de utilização do CadÚnico: direcionar vagas de cursos de qua-
lificação profissional, oferecer serviços de assistência técnica e extensão rural, prover
o acesso à agua e a tarifas reduzidas de energia elétrica à população mais pobre do
país, são apenas alguns exemplos. Neste sentido, o CadÚnico consolidou-se como
instrumento básico para identificação do público, planejamento, acompanhamento e
avaliação das ações do plano” (Paiva, Falcão e Bartholo, 2013, p. 40, grifos nossos).
359
Brasil, presente!
9
A transferência de renda como estratégia de combate à pobreza remete às reco-
mendações do Banco Mundial (BM) da década de 1990. Por dentro dos marcos do
neoliberalismo, o BM estabeleceu que a pobreza era um problema a ser combatido
por meio de políticas sociais, ou seja, um problema que precisaria da intervenção
do Estado para ser solucionado. Para tanto, os Estados deveriam formular políticas
sociais focalizadas, ou seja, direcionadas para uma parcela específica da população.
A definição de uma linha de pobreza, por exemplo, serve para definir as pessoas
que precisariam de proteção e as que não precisariam, ou as pessoas que têm direito
a determinadas políticas sociais e as que não têm direito a acessar essas políticas.
Pode-se dizer, assim, que a focalização é uma restrição e, nos termos do BM, os
pobres são o público-alvo das políticas do Estado. Isso é relevante, pois evidencia
um afastamento da concepção de direitos universais que estão mais próximas do
Estado de bem-estar social. Não é à toa que a forma escolhida para o combate à
pobreza nesse contexto é a transferência de renda e não a ampliação de direitos uni-
versais, como saúde e educação. A transferência de renda significa inserir parte da
população no mercado, ampliando o acesso ao consumo. A escolha por essa forma
de combate à pobreza fundamenta-se, portanto, no entendimento de que o Estado
deve ser um facilitador do mercado. A regulação e o desenvolvimento seriam pro-
movidos pelo mercado e não pelo Estado (Sen, 2010; Ugá, 2004). Essa concepção
está presente na declaração de Paulo Guedes quando este afirma que os brasileiros
invisíveis merecem ser incluídos no mercado de trabalho: pode-se depreender, da
fala do ministro, que estar visível é estar incluído no mercado.
360
Os “invisíveis” do estado
361
Brasil, presente!
362
Os “invisíveis” do estado
363
Brasil, presente!
10
Tal argumento constitui-se como um desdobramento da ampliação lefebvriana
da noção de produção (Lefebvre, 2002), de seu sentido estrito (produção de merca-
dorias) para seu sentido lato (produção do humano). A classe trabalhadora é sepa-
rada do produto do próprio trabalho tanto em sentido estrito quanto em sentido
largo. Desse modo, ao colocarmos a produção do espaço enquanto prolongamento
da noção marxiana de produção, no centro do processo de reprodução do capital,
colocamos também no centro do problema a alienação do produto desse trabalho –
o próprio espaço.
11
Conforme consta no Dicionário de Variáveis do CadÚnico, refere-se aqui à
variável ID 42 “espécie do domicílio”, a qual possui apenas três categorias: particular
permanente, particular improvisado e coletivo.
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Os “invisíveis” do estado
Bibliografia
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Brasil, presente!
366
Os “invisíveis” do estado
367
Brasil, presente!
368
Os “invisíveis” do estado
369
HETEROGENEIDADE, CENTRALIDADE E
TENDÊNCIAS DA VIDA DE RELAÇÕES DAS
GRANDES PERIFERIAS FLUMINENSES NO
INÍCIO DO SÉCULO XXI
372
Heterogeneidade, centralidade e tendências da vida de relações das grandes periferias...
373
Brasil, presente!
3
Criado em 1976.
4
Implementado em 1974.
5
Implementado nos anos 1960, tendo como marco a inauguração da Refinaria
Duque de Caxias em 1961.
374
Heterogeneidade, centralidade e tendências da vida de relações das grandes periferias...
6
Lei complementar nº 20 de 1º de julho de 1974.
375
Brasil, presente!
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Heterogeneidade, centralidade e tendências da vida de relações das grandes periferias...
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Brasil, presente!
378
Heterogeneidade, centralidade e tendências da vida de relações das grandes periferias...
de sua taxa de crescimento, que vai de 3,64% em 1970 para 1,65% nos
anos 2000. Duque de Caxias e Nova Iguaçu têm comportamento seme-
lhante, tendo suas maiores taxas de crescimento antes da fusão de esta-
dos e da institucionalização da região metropolitana7.
Pelos fatores já listados, a comparação com o núcleo metropoli-
tano, a outrora capital federal, eclipsara a vida de relações da sua peri-
feria. Mas, desde os anos 2000 notam-se elementos que apontam para
uma maior heterogeneidade entre as cidades e identificam uma vida
urbana dinâmica que pouco tem a ver com a ideia de vazio residencial
associada à caraterização de cidades-dormitório.
Nesse sentido, analisar as cidades periféricas a partir da sua cen-
tralidade e não a partir da dicotomia centro-periferia parece uma abor-
dagem mais profícua e coerente com o papel destas grandes periferias
(ROSA, 2018) na divisão territorial do trabalho na metrópole.
7
Duque de Caxias possui suas maiores taxas de crescimento populacional regis-
tradas na década de 1940 (12,06%) e 1950 (10,17%), chegando aos anos 2000 com
taxa de crescimento de 1,90%. Já Nova Iguaçu segue a mesma tendência, com o
maior crescimento tendo sido verificado em 1940 (10,22%) e 1950 (8,83%), che-
gando aos anos 2000 com 2,63% de crescimento da população do município.
8
As autoras classificaram Duque de Caxias em um grupo abaixo das cidades
citadas. Em sua metodologia, esta cidade foi incluída entre os municípios “que pos-
suem centros urbanos dinâmicos, à semelhança do que ocorre no primeiro grupo,
embora o desenvolvimento qualitativo do processo de urbanização não tenha sido
proporcional a este dinamismo. O desenvolvimento do equipamento urbano básico
e a distribuição da renda não têm acompanhado, satisfatoriamente, a expansão dos
núcleos urbanos”. (Revista Brasileira de Geografia, 1977, v_4, p.75)
379
Brasil, presente!
380
Heterogeneidade, centralidade e tendências da vida de relações das grandes periferias...
9
São Gonçalo Shopping Rio.
381
Brasil, presente!
10
Inaugurado como Boulevard Shopping, atualmente nomeado como Partage
Shopping.
11
Pátio Alcântara.
12
Dado do Banco Central. 2017.
382
Heterogeneidade, centralidade e tendências da vida de relações das grandes periferias...
13
São Gonçalo, Niterói, Duque de Caxias e Nova Iguaçu
14
Região de Influência das Cidades. IBGE, 2020, p.74.
383
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15
INEP. Censo escolar da educação básica. 2019.
16
Dados do Censo da Educação Superior. INEP, 2018.
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Heterogeneidade, centralidade e tendências da vida de relações das grandes periferias...
17
O dado inclui polos presenciais e de educação semi-presencial.
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Bibliografia
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Heterogeneidade, centralidade e tendências da vida de relações das grandes periferias...
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Brasil, presente!
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Heterogeneidade, centralidade e tendências da vida de relações das grandes periferias...
389
GEOGRAFIAS DO ANTICAPITAL:
UMA DISCUSSÃO SOBRE OS
MOVIMENTOS DA FRONTEIRA NO LESTE
MATO-GROSSENSE1
Andrei Cornetta
1
Este capítulo é parte da pesquisa de pós-doutorado “Ajustes espaciais e fronteira
agrícola: uma análise sobre o agronegócio e a modernização ecológica no Centro-
Norte do Brasil” (CNPq/PDJ. Processo 151731/2018-7), desenvolvida junto ao
Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (IG/Unicamp).
2
Apesar da centralidade do setor à balança comercial, os efeitos na arrecadação
dos estados e municípios é contestada. A partir da edição da LC 87/1996, a cha-
mada Lei Kandir, estabeleceu-se o fim da cobrança do ICMS referente às expor-
tações de produtos primários. Estima-se uma perda de arrecadação no entorno de
R$ 260 bilhões entre 1997 de 2016. Em 20 de maio de 2020, o Supremo Tribunal
Federal homologou um acordo entre União e estados referente às compensações
previstas na Lei. O referido acordo prevê um repasse de R$ 65,6 bilhões da União
para os estados (CRUZ; BATISTA Jr., 2019; VALENTE, 2020).
Brasil, presente!
3
Incorporamos o sentido proposto por H. Lefebvre (1991) enquanto espaços-
-outros, de oposição, de alteridade, enfim, um conceito que nos permite avançar na
compreensão da heterogeneidade espacial.
392
Geografias do anticapital
393
Brasil, presente!
394
Geografias do anticapital
395
Brasil, presente!
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Geografias do anticapital
5
A rigor, segundo Oliveira (1988), trata-se de uma relação ad hoc entre o fundo
público e cada capital em particular. Essa relação ad hoc leva o fundo público a
comportar-se como um anticapital num sentido muito importante: essa contradição
entre um fundo público que não é valor e sua função de sustentação do capital des-
trói o caráter auto-reflexivo do valor, central na constituição do sistema capitalista
enquanto sistema de valorização do valor (OLIVEIRA, 1988, p. 15).
6
Aqui nos referimos principalmente às Reformas Trabalhista e da Previdência
pós-2016. Para uma leitura crítica a respeito deste assunto ver: RAMOS et al.
(orgs). O golpe de 2016 e a reforma da previdência: narrativas de resistência. Bauru:
Canal 6/CLACSO, 2017; RAMOS et al. (orgs). O golpe de 2016 e a reforma tra-
balhista: narrativas de resistência. Bauru: Canal 6/CLACSO, 2017.
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Brasil, presente!
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Geografias do anticapital
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Brasil, presente!
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Geografias do anticapital
401
Brasil, presente!
8
O projeto original do Parque Indígena do Xingu era de 4,5 milhões de hectares.
Pressões políticas e econômicas o reduziram a 2,6 milhões de hectares, deixando
grande parte das cabeceiras dos rios que o cortam fora dos limites demarcatórios.
402
Geografias do anticapital
9
Durante os governos militares (1964-85), a modernização da agricultura tornou-
-se uma das prioridades das políticas públicas, tendo em vista a criação do Sistema
Nacional de Crédito Rural (1965), o I Plano Nacional de Desenvolvimento (PND,
1968 – 1973) e sua continuação com o II PND (1975 – 1979).
403
Brasil, presente!
10
São elas: São Marcos (Xavante); Parabubure (Xavante); Areões (Xavante);
Marechal Rondon (Xavante); Ubawawe (Xavante); Pimentel Barbosa (Xavante);
Marãiwatsédé (Xavante); Sangradouro/Volta Grande (Xavante; Bororo); Merure
(Bororo); Bakairi (Bakairi); Pequizal do Naruvôtu (Naravute); Batovi (Wauja); Wawi
(Kisêdjê); Parque do Xingu (Wauja, Trumái, Yawalapití, Mehináku, Aweti, Yudjá,
Kisêdjê, Ikpeng, Matipú, Kuikuro, Nahukuá, Tapayuna, Kaiabi, Kamayurá, Kalapalo).
404
Geografias do anticapital
11
Mato Grosso é o estado que mais consome agrotóxicos no Brasil. A média anual
de uso nas lavouras do estado é de quase 200 mil toneladas (BOMBARDI, 2017). A
exposição média a agrotóxicos per capital/ano chega a 46 litros, quantidade 6 vezes
maior que a média nacional (PIGNATI, 2017).
12
Em 2005 os Paresi iniciaram o monocultivo de soja no interior da TI Utiariti.
Atualmente plantam soja, milho, feijão e girassol em 14.600 hectares e têm
sido apresentados pelo governo federal como exemplo para a questão indígena
(ZANINI, F. Índio pró-Bolsonaro querem ampliar lavoura de soja e desafiam fis-
calização. Folha de S. Paulo, Ambiente, p. B7. 20 mai. 2019.
13
A partir da coleta de água realizada durante os trabalhos de campo da pes-
quisa que deu origem ao presente capítulo foi constatada em análise que os rios
Aguar e Kuluene, lado leste do TIX, apresentaram concentrações de Alumínio,
Ferro e Chumbo total acima dos valores estabelecidos pela resolução n.º 357/2005
405
Brasil, presente!
do Conama. O rio Batovi, que corta a aldeia Piyulaga, etnia Wauja, apresentou o
Alumínio dissolvido, Arsênio e Zinco acima dos padrões impostos pela resolução
do Conama n. 357, de 17 de março de 2005.
406
Geografias do anticapital
3. Considerações
407
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Bibliografia
408
Geografias do anticapital
409
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410
Geografias do anticapital
411
MERCADO IMOBILIÁRIO E VIDA
COTIDIANA NAS CIDADES
MATO-GROSSENSES QUE TÊM DONOS1
1
Trabalho oriundo da tese de doutorado da autora publicada em 2018 e intitulada
“Do agronegócio à cidade como negócio: a urbanização de uma cidade mato-gros-
sense sob a perspectiva da produção do espaço”.
2
O emprego das aspas advém da forte carga ideológica que exalta o “agronegócio”
e considera a agricultura capitalista como um “negócio” invariavelmente produtivo e
propulsor do crescimento econômico e desenvolvimento social.
Brasil, presente!
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Mercado imobiliário e vida cotidiana nas cidades mato-grossenses que têm donos
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Mercado imobiliário e vida cotidiana nas cidades mato-grossenses que têm donos
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Brasil, presente!
3
Slogan da campanha de marketing da Rede Globo intitulada “Agro: a Indústria-
Riqueza do Brasil”, veiculada em rede nacional desde 2016. Evidenciando uma
postura da emissora coadunada aos interesses do “agronegócio”, a campanha contou
com patrocinadores como o Grupo JBS e a Ford (POMPEIA, 2020).
418
Mercado imobiliário e vida cotidiana nas cidades mato-grossenses que têm donos
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Brasil, presente!
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Mercado imobiliário e vida cotidiana nas cidades mato-grossenses que têm donos
Volochko (2013, p.30) aponta que esses “descontos” são uma estraté-
gia de valorização e contribuem para uma “espécie de monopólio da
especulação imobiliária” e um “visual e uma estética urbana elitizada”
(VOLOCHKO, 2013, p.30),
Na década de 1970, junto com outros migrantes do Sul do Brasil,
a família “pioneira” da cidade de Sorriso adquiriu terras que somavam
aproximadamente 27 mil hectares e que originariam o município por
meio de um projeto de colonização particular (CUSTODIO, 2005).
Fundada pela família, a atual Imobiliária Feliz, antiga Colonizadora
Feliz, foi a responsável pela instituição de todo o núcleo urbano inicial
da cidade. Ao longo desses anos, implantou mais de dez loteamentos:
seis deles com ocupação já consolidada e outros quatro entregues desde
2016. Atualmente, a família “pioneira” continua atuando nos negócios
imobiliários e loteando a fazenda adquirida há mais de cinco décadas.
Além da comercialização de lotes rurais e urbanos e em empreendi-
mentos da construção civil, também diversifica os investimentos nos
ramos da suinicultura, extração e comercialização de madeira e ativida-
des agrícolas.
Em Primavera do Leste, a doação de terrenos também foi prática
comum desde o início da formação do núcleo urbano. Houve signifi-
cativas doações de lotes em três dos primeiros loteamentos da cidade
(empreendidos por Castelli, Riva e Cosentino) como uma forma de
incentivar a ocupação e alavancar a valorização desses espaços. Ainda
hoje, contribuindo para novas frentes de expansão do mercado imobi-
liário, há a cessão de terrenos para a implantação de prédios públicos.
Também havia a venda por preços considerados menores que o
habitual, em uma rentabilidade assegurada aos “pioneiros” pela elevada
quantidade de lotes comercializados e pelos preços baixos pelos quais
foram adquiridas inicialmente. Como outra tática espacial pode-se tam-
bém citar a abertura gradual de loteamentos: a Cosentino lançou um
dos principais loteamentos da cidade entre 1980 e 1990, ao passo que a
sua quinta etapa foi lançada somente em 2020. Dando uma ideia desse
controle em relação ao mercado imobiliário e de como implantar cidades
era um rentável negócio, uma das principais imobiliárias de Primavera
do Leste, que leva o sobrenome de um dos considerados “pioneiros” da
cidade, apenas iniciou a venda de casas e lotes que não fossem de sua
421
Brasil, presente!
422
Mercado imobiliário e vida cotidiana nas cidades mato-grossenses que têm donos
423
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Mercado imobiliário e vida cotidiana nas cidades mato-grossenses que têm donos
surgiam era crucial para assegurar aos “pioneiros” o sucesso dos negócios
urbanos – e da própria cidade como negócio – e garantir o controle pelos
agentes hegemônicos, segundo Guimarães Neto (2002), da propriedade
privada da terra (e não dos migrantes pobres).
Com frequência, estabelecem-se periferias planejadas e contro-
ladas, usualmente do outro lado da rodovia em relação ao centro, pró-
ximas a silos ou dos distritos industriais. A população de menor renda
fica, muitas vezes, longe dos demais olhares dos habitantes da cidade,
que a tolera, geralmente, somente como mão de obra barata e em usos
restritos do espaço e do tempo, sempre controlados e vigiados. Dois
residenciais do conglomerado BRFoods retratam bem essa situação. Em
Lucas do Rio Verde, as 1.500 “casas da Sadia”, como conhecidas pelos
moradores locais, localizam-se no extremo noroeste da cidade. Já em
Nova Mutum, as 521 “casas das Perdigão” localizam-se atrás dos silos da
BR-163. Ambos abrigam uma população profundamente estigmatizada
pelos demais habitantes dessas cidades. Já em Sorriso, as 1.271 casas do
Residencial Mário Raiter, do Programa Minha Casa Minha Vida, foram
implantadas em local ainda mais distante do centro, após a concentração
das infraestruturas destinadas ao uso industrial e ao armazenamento e
beneficiamento de grãos.
Além da expulsão de moradores de rua e de migrantes pobres, bem
como da produção de periferias planejadas, foram empreendidas tam-
bém práticas mais tênues de controle do espaço. Os próprios projetos de
colonização fomentados pelo Estado visavam atrair o “colono ideal”, isto
é, em geral, o sulista, visto como desbravador e trabalhador, ensejando
permanecer na cidade e prosperar. Como afirma Souza (2006) a res-
peito de Sinop, os migrantes eram selecionados no Sul do Brasil e havia
um controle nas aquisições de terra com o intuito de frear migrações
espontâneas e não desejáveis na visão da colonizadora. Por um lado, a
mídia e empresários locais exercem papel considerável na difusão de um
discurso de que essas cidades são “terras de oportunidades” que esbanjam
“qualidade de vida”. Por outro, como foi retratado por Custódio (2005)
e Fioravanti (2018) a partir de reportagens veiculadas tanto na mídia
local quanto nos jornais televisivos em rede nacional, também há uma
preocupação em não se atrair muitos migrantes, principalmente aqueles
mais pobres e vistos como mão de obra pouco qualificada.
425
Brasil, presente!
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427
Brasil, presente!
4. Considerações finais
428
Mercado imobiliário e vida cotidiana nas cidades mato-grossenses que têm donos
Bibliografia
429
Brasil, presente!
geral,1-dos-donos-de-imoveis-concentra-45-do-valor-mobiliario-de-
saopaulo10000069287>. Acesso em: 28 set. 2017.
430
Mercado imobiliário e vida cotidiana nas cidades mato-grossenses que têm donos
431
Brasil, presente!
432
O USO DOS SMARTPHONES NO BRASIL:
O PAPEL DOS PROVEDORES REGIONAIS
NA CAPILARIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO NO
TERRITÓRIO
Mait Bertollo
1
Na classe de renda pesquisada, o CETIC (2020) define os estratos de renda D
e E num mesmo grupo.
2
DSL (Digital Subscriber Line) é a conexão que utiliza linha telefônica para
acessar o serviço de internet, com estrutura de fios de cobre.
434
O uso dos smartphones no Brasil
435
Brasil, presente!
436
O uso dos smartphones no Brasil
437
Brasil, presente!
4
O backhaul é um elemento importante desse funcionamento, pois ele liga o
backbone e a chamada última milha, que é o cabo entre o roteador e a prestadora de
serviços de internet. Ele liga o núcleo da rede, ou backbone, e as sub-redes periféricas
e é a parte do sistema que distribui o tráfego com mais capilaridade.
438
O uso dos smartphones no Brasil
439
Brasil, presente!
5
A rede suporte constitui as redes de infraestrutura que permite transportar ele-
mentos tangíveis e não tangíveis através de linhas e nós, como por exemplo as
antenas chamadas de Estações Rádio Base (ERB).
6
A rede serviço é aquela que fornece as aplicações que são usadas por meio de
smartphones como aplicativos, conexão à web, e-mails, mensagens instantâneas,
vídeos em tempo real, jogos on-line, compartilhamento de arquivos, televisão, login
remoto etc.
440
O uso dos smartphones no Brasil
441
Brasil, presente!
Mapa 4 – Tecnologia do Backhaul com e sem Fibra Ótica no território brasileiro, 2019.
442
O uso dos smartphones no Brasil
7
O sinal de rádio é transmitido por torres instaladas em pontos altos e, para
receber a internet, uma antena é colocada no domicílio que capta o sinal emitido
por uma das torres. A antena é conectada a um modem, que transforma o sinal e o
transmite para a placa de rede do computador ou smartphone, e para que a conexão
seja razoável, o provedor deve ter várias torres para fornecer internet via rádio, dis-
tribuídas pelo perímetro em que vai operar.
443
Brasil, presente!
8
Backbone é frequentemente designado como espinha dorsal da internet. É um
conjunto de pontos que transportam os dados entre diversos lugares. São ligações
centrais de um sistema amplo, com alta performance para interligar diferentes tipos
e fluxos de dados, como voz, imagem, texto etc. Os backbones podem ser hierarqui-
camente divididos entre as ligações intercontinentais, que derivam nos backbones
internacionais objetivados nos cabos de fibra ótica submersos nos oceanos conec-
tando os continentes, que por sua vez resultam nos backbones nacionais. O backbone
é a central que liga as operadoras aos servidores externos (BERTOLLO, 2019).
444
O uso dos smartphones no Brasil
Gráfico 4 – Número de cidades por estado que têm fibra ótica no Brasil em 2019.
445
Brasil, presente!
446
O uso dos smartphones no Brasil
Fica cada vez mais evidente que as redes são definidoras da vida
cotidiana e com crescente importância na circulação e comunicação de
informações. Essas redes informacionais também são produto e condi-
ção social, historicamente construídas e dotadas de intencionalidades,
isto é, com capacidade de condicionar os comportamentos de indivíduos
e grupos. No caso da conexão do smartphone à internet, seu uso só se
concretiza se existe uma conexão satisfatória.
Os usos do smartphone e a qualidade da conexão são diferen-
ciados segundo a classe social, em que há marcas claramente definidas
sobre quem tem acesso livre a variados tipos de serviços e quem não
tem, impactando em vários âmbitos como no direito essencial ao acesso
à internet, previsto no Marco Civil da Internet9.
Apesar da grande expansão no acesso às redes, ainda há um con-
tingente importante de pessoas que estão desconectadas, somando 35
milhões em áreas urbanas (23%) e 12 milhões em áreas rurais (47%), e
entre classe D e E, há 26 milhões (43%) de pessoas que não têm acesso
à internet (CGI, 2020).
Ressalta-se que no contexto do isolamento social como medida
de prevenção à pandemia de Covid-19, milhões de brasileiros dependem
ainda mais da conexão à internet para realizar trabalho remoto, ativida-
des de ensino à distância, acesso à diversos serviços on-line e também
para acessar o auxílio emergencial.
Contudo, a dificuldade de acesso e o uso unicamente por meio do
smartphone, principalmente nas classes D e E, expõe as desigualdades
relacionadas ao acesso à internet, à informação e à comunicação no terri-
tório brasileiro, que também impactam nas políticas públicas de combate
à pandemia. As crianças e adolescentes em idade escolar de famílias de
9
“Art. 4º A disciplina do uso da internet no Brasil tem por objetivo a promoção:
I - do direito de acesso à internet a todos; II - do acesso à informação, ao conheci-
mento e à participação na vida cultural e na condução dos assuntos públicos; III - da
inovação e do fomento à ampla difusão de novas tecnologias e modelos de uso e
acesso; e IV - da adesão a padrões tecnológicos abertos que permitam a comunicação,
a acessibilidade e a interoperabilidade entre aplicações e bases de dados” (CGI, 2014).
447
Brasil, presente!
baixa renda e sem acesso à internet são um exemplo de como são afetadas
no período de isolamento social por não poderem assistir as aulas on-line
e não terem acesso a outros elementos importantes da escola, como mate-
riais e acompanhamento de professores (FIOCRUZ, 2020).
Quando se qualifica o tipo de acesso à rede serviço por meio do
smartphone, principalmente por aplicativos no Brasil, 92% dos acessos
são para mensagens instantâneas (CGI, 2020). Há uma importante
mudança nas práticas culturais e na comunicação entre as pessoas conec-
tadas, como mostra o Gráfico 6. Essa interatividade é uma das caracte-
rísticas marcantes que trouxeram novas práticas e interações espaciais
(CORRÊA, 2016), pois cada vez mais assistimos a um uso banal da
simultaneidade, e que interfere diretamente nos comportamentos.
Em todas as faixas de renda se usa smartphone, esse objeto técnico
que reúne as funções do telefone e de computador, e é esse uso mas-
sivo que estabelece novas práticas de comunicação e da capilarização da
informação no Brasil.
Segundo o Gráfico 6, em todas as regiões do país, a maior parte
dos acessos visa o envio de mensagens instantâneas, o que acontece por
meio de redes sociais como o WhatsApp, em primeiro lugar.
448
O uso dos smartphones no Brasil
449
Brasil, presente!
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O uso dos smartphones no Brasil
Bibliografia
451
Brasil, presente!
452
O uso dos smartphones no Brasil
453
A EXPANSÃO TERRITORIAL DA
MINERAÇÃO CAPITALISTA EM
TERRAS PÚBLICAS FEDERAIS
NO SUDESTE PARAENSE
1
O estado de Minas Gerais continuou aumentando suas vendas em Reais mesmo
com rompimento da barragem da empresa Samarco S/A (da qual a Vale S/A detém
50% das ações), no município de Mariana/MG, no ano de 2015. No entanto, a
própria Vale S/A admite uma diminuição de 92 milhões de toneladas na produção
desse estado devido à interrupção da atividade de alguns empreendimentos como
consequência do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, no município de
Brumadinho/MG, no início do ano de 2019 (VALE, 2019).
456
A expansão territorial da mineração capitalista em terras públicas federais no sudeste paraense
2
Para os municípios, esses parcos royalties fazem toda a diferença nas pobres
receitas municipais do interior do Pará: “Na escala atual, a era mineral permitiu a
Canaã ter a maior receita de royalty da sua história: 15 milhões de reais no primeiro
semestre. A receita total de 2016 da compensação financeira pela exploração mineral
foi de R$ 19,4 milhões [...]. É algo como 1% do valor bruto do minério. No meio
da comemoração pela façanha em um período de vacas magríssimas, dá uma ideia
de grandeza na correlação entre a riqueza que vai e a riqueza que fica (O gigante e
o anão – Lúcio Flávio Pinto, 26 de julho de 2017).
457
Brasil, presente!
3
A utilização do termo “originária” se dá pelo fato de que “primitiva” era como
os autores da economia política clássica denominavam a forma idílica da acumu-
lação antecedente à I Revolução Industrial: nessa perspectiva, os burgueses teriam
acumulado porque pouparam, sacrificando seu consumo para poder acumular. Daí
o título, crítico, do capítulo de Marx: “A assim chamada acumulação primitiva”
(GRESPAN, 2015).
4
Para ficarmos apenas com alguns dos exemplos de formações territoriais com
essas características lembremos que a grilagem de terras públicas contribuiu decisi-
vamente para a produção de capital seja na expansão do café para o Oeste Paulista
em fins do século XIX, no avanço da soja no Centro-Oeste brasileiro no final do
século XX e início do século XXI ou no crescimento vertiginoso da produção pecuá-
ria no Sudeste Paraense nas primeiras décadas do século XXI. (MARTINS, 1998 e
OLIVEIRA, 2016).
458
A expansão territorial da mineração capitalista em terras públicas federais no sudeste paraense
5
Rosa Luxemburgo, pensando na totalidade da reprodução social do capital,
apontava para esse duplo aspecto em relação à acumulação do capital: “Um deles
se desenvolve nos centros produtores da mais-valia – nas fábricas, nas minas, nas
propriedades agrícolas – e no mercado. Vista sob esse ângulo, a acumulação é um
processo puramente econômico” (1985, p. 308). A outra face da acumulação capi-
talista seria aquela em que interferem os fatores extraeconômicos, como o Estado
459
Brasil, presente!
ou setores das classes sociais dominantes e tem como marcas distintivas: “[...]
a violência aberta, a fraude, a repressão e o saque aparecem sem disfarces [...]”.
(LUXEMBURGO, 1985, p. 309). A partir dessa abordagem, não há que se falar em
desenvolvimento capitalista para a superação do atraso ou em modernização capi-
talista. O que convencionou-se denominar, do ponto de vista econômico e social,
de moderno e de atraso, andariam juntos e seriam, portanto, reproduzidos pelo
desenvolvimento e pela expansão das relações capitalistas e pela mercantilização
dos recursos naturais.
6
O Programa Carajás do governo federal, inspirado no Programa Ferro da
CVRD, era composto pela estrutura da exploração do minério de ferro e a cons-
trução de uma ferrovia com 840 quilômetros de extensão ligando as minas de
Carajás ao Terminal Marítimo de Ponta de Madeira, em São Luiz/MA, também
460
A expansão territorial da mineração capitalista em terras públicas federais no sudeste paraense
461
Brasil, presente!
462
A expansão territorial da mineração capitalista em terras públicas federais no sudeste paraense
Além das UCs já citadas, podem ser notadas mais duas áreas per-
tencentes formalmente à União que se encontram com sua área total ou
parcialmente sobreposta com títulos minerários concedidos pelo então
Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM): a TI XiKrin
do Cateté e o recém-criado Parque Nacional dos Campos Ferruginosos
8
O próprio ICMBio, no caso da APAIG, por exemplo, admite isso: “Segundo
o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), existem 32 processos
minerários na área da APAIG, associados às seguintes substâncias minerais: cobre,
ouro, fosfato, manganês, diamante, chumbo, minério de tântalo e ferro” (ICMBio,
2017). Destaque-se ainda que cerca de 10% dessa APA estava, desde sua criação,
destinada para a instalação de “Barragens de Mineração”, para serem utilizadas nos
Projetos da Vale S/A na Serra Norte em Carajás.
463
Brasil, presente!
9
O nome do projeto S11D faz referência ao corpo “11” da Serra Sul, no interior
da Flona Carajás. E a letra “D” é porque esse corpo da serra foi dividido pela Vale
S/A em “A”, “B”, “C” e “D”. Conforme notícia da agência Reuters de maio de 2019:
”Vale considera dobrar produção na Serra Sul de Carajás após 2020”. Disponível
em: https://br.reuters.com/article/topNews/idBRKCN1SK27Y-OBRTP. Acesso
em 14/12/2019.
464
A expansão territorial da mineração capitalista em terras públicas federais no sudeste paraense
10
A ironia maior é que o PA Carajás foi criado, na década de 1980, com o intuito
de compensar famílias camponesas que haviam sido prejudicadas com as operações
da exploração mineral dentro da Flona Carajás.
465
Brasil, presente!
11
Os números declarados pela própria Vale S/A demonstram o caráter territo-
rialmente expansivo de suas atividades na busca de resguardar reservas futuras para
seus empreendimentos. No ano de 2016 a mineradora declarou possuir uma área de
574.967 ha em concessões minerárias somando-se as minas em atividade a as áreas
chamadas de áreas de amortecimento. Já no ano de 2018 esse número havia crescido
para 595.523, um aumento de mais de 20.000 ha em apenas dois anos.
12
Informação oficial do Incra com dados atualizados até 31/12/2018. Disponível
em: http://painel.incra.gov.br/sistemas/index.php. Acesso em 13/12/2019.
466
A expansão territorial da mineração capitalista em terras públicas federais no sudeste paraense
467
Brasil, presente!
13
A área total de sobreposição entre títulos minerários e PAs é de 2.450.473 hec-
tares, lembrando que muitos títulos estão sobrepostos entre si (DNPM, 2017).
14
São eles: Água Azul do Norte, Conceição do Araguaia, São Félix do Xingu,
Tucumã, Ourilândia do Norte, Canaã dos Carajás, Rio Maria, Floresta do Araguaia
e Marabá.
15
São as seguintes as fases dos títulos minerários: a) Requerimento de pesquisa;
b) Autorização de pesquisa; c) Requerimento de lavra; d) Licenciamento e e)
Concessão de lavra. Em todas essas fases há custos para as mineradoras, o que torna
claro o desejo de exercerem o direito à extração dos minérios desde que demons-
trada a viabilidade econômica dos achados. Sobre as fases de um título minerário,
ver site Agência Nacional de Mineração. Disponível em: http://anpo.com.br/main.
asp?link=noticia&id=11). Acesso em 20/07/2020.
468
A expansão territorial da mineração capitalista em terras públicas federais no sudeste paraense
469
Brasil, presente!
470
A expansão territorial da mineração capitalista em terras públicas federais no sudeste paraense
471
Brasil, presente!
472
A expansão territorial da mineração capitalista em terras públicas federais no sudeste paraense
Por isso, devido àqueles que são vistos como um empecilho para
os negócios da empresa, ela conta com a atuação estatal para que, com o
verniz da legalidade, proceda-se a desterritorialização dos sujeitos sociais
em seu caminho.
3. Considerações finais
473
Brasil, presente!
Bibliografia
474
A expansão territorial da mineração capitalista em terras públicas federais no sudeste paraense
475
A MALDIÇÃO DOS RECURSOS
MINERAIS NA AMAZÔNIA BRASILEIRA:
DESINDUSTRIALIZAÇÃO E O PROJETO
GRANDE CARAJÁS
478
A maldição dos recursos minerais na amazônia brasileira
479
Brasil, presente!
480
A maldição dos recursos minerais na amazônia brasileira
481
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A maldição dos recursos minerais na amazônia brasileira
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484
A maldição dos recursos minerais na amazônia brasileira
485
Brasil, presente!
Fonte: Banco Central. Disponível em: https://pt.tradingeconomics.com/brazil/currency. Acesso: 26, out. 2020.
486
A maldição dos recursos minerais na amazônia brasileira
487
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488
A maldição dos recursos minerais na amazônia brasileira
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490
A maldição dos recursos minerais na amazônia brasileira
491
Brasil, presente!
3. Considerações finais
492
A maldição dos recursos minerais na amazônia brasileira
493
Brasil, presente!
soja para importar óleo. Vale lembrar que tanto a teoria das vantagens
absolutas como as comparativas são baseadas nos centros do capitalismo,
não sendo um axioma para as economias periféricas, como é o caso do
Brasil. Isso deriva de uma nítida distribuição desigual (econômica e eco-
lógica) nos processos de criação de riqueza. Os mais afetados dessa dis-
tribuição desigual, como sempre, são os mais vulneráveis da sociedade,
representantes legítimos do espaço banal, força propulsora da ordem do
simbólico, que estão constantemente sendo excluídos por uma correlação
de forças sempre desfavorável, carecendo de significação e representação.
Percebemos um problema recorrente referente a como medir essas
forças e quais alternativas se deve ter para contrabalancear a balança,
principalmente quando pende só para um lado, nesse caso, o econô-
mico. Não por acaso apresentamos a necessidade de trabalharmos pela
perspectiva território-sujeito à empresa-objeto, pois a empresa-sujeito
ao território-objeto não está de fato mitigando os conflitos sociais, tão
pouco melhorando as condições econômicas e ecológicas.
Uma constatação disso são os recentes rompimentos com as bar-
ragens da Samarco S.A. (2015) e Vale S.A. (2019), pois a depender da
mineradora, apesar de todo discurso midiático, pouco ou nada fariam.
Logo, todo o suposto desenvolvimento aos territórios se torna questio-
nável, demonstrando nitidamente os custos do crescimento econômico
e sua incapacidade de compensar os impactos socioambientais. De fato,
a mineração pode desencadear o desenvolvimento regional, entretanto o
atual modelo não o faz, carecendo dos mais amplos debates. Apesar dos
avanços quanto ao tema, há muitos obstáculos a serem superados, como
a lei Kandir e os mecanismos de distribuição dessa renda. Portanto,
levantamentos como esse podem contribuir, mesmo que minimamente,
para debates nesse sentido, buscando um modelo pautado na soberania
popular da mineração.
Compreender as complexidades, desafios e inconsistências do
atual modelo é um caminho, tornando a reflexão sobre a estrutura, o
processo, a função e a forma da questão mineral mais robusta. “Sem a
industrialização, a democracia não funciona adequadamente. Mas para
haver industrialização é necessário existir um Estado forte, o que con-
traria o Consenso de Washington e joga contra a construção de uma
sociedade superior” (POCHMANN, 2016, p. 176).
494
A maldição dos recursos minerais na amazônia brasileira
Bibliografia
495
Brasil, presente!
496
POLÍTICAS PÚBLICAS, CIRCULAÇÃO
E AÇÕES GOVERNAMENTAIS
RETRÓGRADAS: DESAFIOS À AMAZÔNIA
1
Baseada nas concepções apresentadas inicialmente por Wanderley Messias da
Costa (COSTA, 1996).
2
Alguns autores, como Steinberger (2006), utilizam inclusive a expressão
“Políticas Espaciais”.
3
As ideias de limites territoriais e sobreposição de territórios são importantes para
nossas interpretações.
498
Políticas públicas, circulação e ações governamentais retrógradas
499
Brasil, presente!
4
O exemplo mais clássico é a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), mas
podemos citar também o Movimento Pró-logística e a Confederação da Agricultura
e Pecuária do Brasil (CNA).
5
Conceito que está ligado ao objetivo da manutenção dos recursos necessários para
o poder, sendo esse sentido de política “o mais presente no imaginário das pessoas de
língua portuguesa: o de atividade e competição política” (SECCHI, 2010, p. 1).
500
Políticas públicas, circulação e ações governamentais retrógradas
6
Concebemos também a existência de grupos que compõem o poder político
local e não estão dentro das casas legislativas ou ocupando cargos no executivo.
501
Brasil, presente!
7
Atores que protagonizam a gênese de determinada política são os que estão à
frente do processo de construção de determinada diretriz (KINGDON, 1984).
502
Políticas públicas, circulação e ações governamentais retrógradas
8
Denominação muito comum nas políticas públicas de implantação de
infraestruturas.
503
Brasil, presente!
9
O Terminal de Uso Privado da Cargill instalado em Santarém, as Estações de
Transbordo de Cargas instaladas no distrito de Miritituba-Itaituba-PA, bem como
os mais de 20 projetos direcionados para novos empreendimentos portuários para
o baixo rio Tapajós exemplificam tal questão.
10
Um exemplo desse incentivo é a participação da iniciativa privada no projeto de
construção da Ferrogrão (EF-170)
504
Políticas públicas, circulação e ações governamentais retrógradas
11
Podemos citar: o surgimento de Estações de Transbordo de Cargas e Terminais
de Uso Privado nos rios amazônicos; o aumento de investimentos em hidrovias e
estradas conectando o Centro-Oeste com o Norte do país; os projetos de construção
de hidrelétricas com eclusas; o projeto da Ferrogrão (ligando Mato Grosso e Pará).
505
Brasil, presente!
(TQs).
506
Políticas públicas, circulação e ações governamentais retrógradas
13
Prática que torna-se mais frequente a partir do governo Dilma Rousseff.
507
Brasil, presente!
508
Políticas públicas, circulação e ações governamentais retrógradas
15
Cunha (2019), ao fazer uma análise entre os governos Lula e Michel Temer, da
Política de Regularização Fundiária da Amazônia (PRFA), que já se mostrava con-
trovérsia na origem (Lei Federal nº 11.952/2009), constatou um enfraquecimento
nos critérios de proteção ambiental a partir da Lei nº 13.465/2017. O cenário atual
indica que o autor estava correto ao prognosticar que esse enfraquecimento prosse-
guiria e se agravaria com o atual governo federal.
16
Mais informações, como a descrição dos instrumentos para tais ações, estão
disponíveis em: https://www.greenpeace.org/brasil/press/governo-bolsonaro-100-
dias-de-retrocessos-ambientais/.
509
Brasil, presente!
510
Políticas públicas, circulação e ações governamentais retrógradas
6. Considerações finais
17
Trabalhamos o conceito de fluidez territorial baseado em Arroyo (2005).
511
Brasil, presente!
Bibliografia
512
Políticas públicas, circulação e ações governamentais retrógradas
513
Brasil, presente!
514
Políticas públicas, circulação e ações governamentais retrógradas
515
AVALIAÇÃO PROSPECTIVA E
MODELIZAÇÃO GRÁFICA NA BACIAS
ITACAIÚNAS E BAIXO CURSO
DA BACIA DO TOCANTINS
518
Avaliação prospectiva e modelização gráfica na bacias itacaiúnas e baixo curso da bacia do Tocantins
519
Brasil, presente!
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Avaliação prospectiva e modelização gráfica na bacias itacaiúnas e baixo curso da bacia do Tocantins
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Brasil, presente!
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Avaliação prospectiva e modelização gráfica na bacias itacaiúnas e baixo curso da bacia do Tocantins
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Brasil, presente!
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Avaliação prospectiva e modelização gráfica na bacias itacaiúnas e baixo curso da bacia do Tocantins
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3. Considerações finais
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Avaliação prospectiva e modelização gráfica na bacias itacaiúnas e baixo curso da bacia do Tocantins
527
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Avaliação prospectiva e modelização gráfica na bacias itacaiúnas e baixo curso da bacia do Tocantins
Bibliografia
529
Brasil, presente!
530
PERIFERIAS URBANAS E
SOCIALIZAÇÃO NEGATIVA
532
Periferias urbanas esocialização negativa
533
Brasil, presente!
534
Periferias urbanas esocialização negativa
1
Principalmente Robert Kurz, Moishe Postone e Anselm Jappe, além das pes-
quisas desenvolvidas sob orientação dos professores Anselmo Alfredo e Carlos de
Almeida Toledo, no Departamento de Geografia da USP.
535
Brasil, presente!
536
Periferias urbanas esocialização negativa
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Periferias urbanas esocialização negativa
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Periferias urbanas esocialização negativa
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Periferias urbanas esocialização negativa
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Periferias urbanas esocialização negativa
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3. Considerações finais
548
Periferias urbanas esocialização negativa
Bibliografia
549
Brasil, presente!
550
Periferias urbanas esocialização negativa
551
Brasil, presente!
552
AS GEOGRAFIAS DOS EXCEDENTES DO
CAPITALISMO EM DAVID HARVEY
1
Aqui selecionamos para a análise os ensaios “A geografia da acumulação capi-
talista (1975)”, “Ajuste espacial (1981), “On the history and present condition of
geography: an historical materialist manifesto” (1984) e “Geopolítica do capitalismo
(1985)”. No Brasil parte desses materiais estão reunidos na coletânea HARVEY,
David. A produção capitalista do espaço. Tradução de Carlos Szlak. São Paulo:
Annablume, 2005. Esses ensaios foram acompanhados e cotejados com o livro “Os
limites do capital”, obra base que Harvey escreveu entre 1972 a 1982.
Brasil, presente!
2
VIEILLESCAZES, Nicolas. Spatialiser le marxisme, marxiser la géographie:
le materialisme historico-géographique de David Harvey. In: HARVEY, David.
Geographie de la domination. Paris: Les Pairies Ordinaires, 2008.
3
Em entrevista cedida a New Left Review, em agosto de 2000, Harvey relata
que começou a ler O Capital num grupo de estudos, em 1971, com os estudan-
tes. “O grupo de leitura foi uma experiência maravilhosa, mas eu não estava em
condições de ensinar a ninguém. Enquanto grupo, éramos um cego conduzindo
outro cego”. (p. 22). Mesmo após escrever seu primeiro livro em 1973, claramente
com base em formulações marxistas, Harvey admitiu que, após o Justiça Social e
554
As geografias dos excedentes do capitalismo em David Harvey
a Cidade, percebia “que não entendera Marx e precisava corrigir isso” (p. 24-25),
comentando que fez esse mergulho sem relação alguma com corporações intelec-
tuais, ou outro orientador, conduzindo o processo entre o grupo de estudos e por
conta própria. HARVEY, David. A reinvenção da geografia: uma entrevista com
os editores da New Left Review. In A produção capitalista do espaço. Tradução de
Carlos Szlak. São Paulo: Annablume, 2005, p. 22 / 24-25.
4
POSTONE, Moishe. Teorizando o mundo contemporâneo: Robert Brenner,
Giovanni Arrighi, David Harvey. Revista Novos estudos – CEBRAP, n.81 São
Paulo, 2008, p. 79-97.
555
Brasil, presente!
5
Essa síntese pode ser encontrada em diversos capitulos de Harvey, em destaque,
nos dez pontos que o autor seleciona para interpretar as principais características do
modo de produção em Marx. HARVEY, David. A geopolítica do capitalismo. In: A
Produção Capitalista do Espaço, Tradução de Carlos Szlak, São Paulo, Annablume,
2005, p. 130-133.
6
Ibidem, p. 132-133.
7
Ibidem, p. 46.
556
As geografias dos excedentes do capitalismo em David Harvey
8
Ibidem, p. 47.
9
Ibidem, p. 133.
10
GRESPAN, Jorge. O negativo do capital: o conceito de crise na crítica de Marx
à economia política. 2.ed. São Paulo: Expressão Popular, 2012, p. 121.
11
Ibidem, p. 121.
12
Ibidem, p. 131.
557
Brasil, presente!
Capitalista do Espaço, Tradução de Carlos Szlak, São Paulo: Annablume, 2005, p. 48.
14
POSTONE, Moishe. Teorizando o mundo contemporâneo: Robert Brenner,
Giovanni Arrighi, David Harvey. Revista Novos estudos – CEBRAP, n.81 São
Paulo, 2008, p. 79-97.
Capitalista do Espaço, Tradução de Carlos Szlak, São Paulo: Annablume, 2005, p. 48.
16
Ibidem, p. 134.
558
As geografias dos excedentes do capitalismo em David Harvey
17
HARVEY, David. Ajuste Espacial: Hegel, Von Thünen e Marx. In: A Produção
Capitalista do Espaço, Tradução de Carlos Szlak, São Paulo: Annablume, 2005,
p. 99-100.
18
HEGEL, George Wilhelm Friedrich. Princípios da Filosofia do Direito.
Tradução de Orlando Vitorino. São Paulo: Martins Fontes, 1997, p. 208.
19
Ibidem, p. 209.
20
HEGEL, George Wilíelm Friedrich. Princípios da filosofia do direito.
Tradução de Orlando Vitorino. São Paulo: Martins Fontes, 1997, p. 209-210.
559
Brasil, presente!
21
Ibidem, 211.
22
HARVEY, David. Os limites do capital, Tradução de Magda Lopes. São Paulo:
Boitempo, 2013, p. 524.
23
Op.Cit.
24
HARVEY, David. Os limites do capital, Tradução de Magda Lopes. São Paulo:
Boitempo, 2013, p. 524.
560
As geografias dos excedentes do capitalismo em David Harvey
sendo uma resposta de Marx à porta aberta por Hegel. A tese central de
Marx entendia que o assentamento das bases materiais do novo mundo
recriaria as contradições semelhantes nos territórios colonizados25. De
efeito, a longo prazo, não haveria solução externa para as contradições
internas do capitalismo, pois as taxas de lucros seriam alvos de queda a
longo prazo, a solução para a crise não estaria resolvida e a acumulação
cessaria seu funcionamento novamente26. Entende Harvey, todavia, que
adiantar isso no final do século XIX foi uma lacuna em Marx sobre o
papel que as transformações espaciais teriam para a acumulação, já que
o limite externo ao capital estaria distante de ocorrer, pela quantidade de
possibilidades que o mundo apresentava para as expansões, ou mesmo
pela força bruta que o próprio processo de acumulação criaria, ligado às
crises, forçando as expansões de poder dos Estados, ou mesmo as guerras,
recriando as desigualdades espaciais pelos conflitos geopolíticos.
Nas palavras de Harvey,
25
MARX, Karl. O domínio britânico na Índia. In: Obras Escolhidas. Vol. I. São
Paulo: Alfa-Ômega, [s./d.], p. 286-291.
26
MARX, K. O capital: crítica da economia política. Vol 1. Tradução Rubens
Enderle. São Paulo: Boitempo, 2013, p. 844.
27
Op. Cit.
561
Brasil, presente!
28
LUXEMBURGO, Rosa. “A Acumulação de Capital – Uma Anticrítica”. In:
LUXEMBURGO, Rosa; BUKHARINE, Nikolai. Imperialismo e Acumulação
de Capital. Tradução de Inês Silva Duarte. Lisboa: Edições 70, 1972, p. 74.
29
HARVEY, David. A produção capitalista do espaço, Tradução de Carlos Szlak.
São Paulo: Annablume, 2005, p. 58.
30
LUXEMBURGO, Rosa. “A Acumulação de Capital – Uma Anticrítica”. In:
LUXEMBURGO, Rosa; BUKHARINE, Nikolai. Imperialismo e Acumulação
de Capital. Tradução de Inês Silva Duarte. Lisboa: Edições 70, 1972, p. 79.
31
Ibidem, p. 79.
562
As geografias dos excedentes do capitalismo em David Harvey
32
Ibidem, p. 79-81.
33
Ibidem, p. 83.
34
Ibidem, p. 82.
563
Brasil, presente!
35
HARVEY, David. Os limites do capital, Tradução de Magda Lopes. São Paulo:
Boitempo, 2013, p. 545-549.
36
LENIN, Vladimir Ilitch. Imperialismo: estágio superior do capitalismo. Revisão
da tradução: Miguel Makoto Yoshiba. São Paulo: Expressão Popular, 2012, p. 89.
564
As geografias dos excedentes do capitalismo em David Harvey
37
HARVEY, David. A produção capitalista do espaço. Tradução de Carlos Szlak.
São Paulo: Annablume, 2005, p. 125.
38
Op.Cit.
565
Brasil, presente!
39
Op.Cit.
40
HARVEY, David. A produção capitalista do espaço. Tradução de Carlos Szlak.
São Paulo: Annablume, 2005, p. 144.
566
As geografias dos excedentes do capitalismo em David Harvey
41
HARVEY, David. Os limites do capital. Tradução de Magda Lopes. São Paulo:
Boitempo, 2013, p. 526.
42
HARVEY, David. A produção capitalista do espaço. Tradução de Carlos Szlak.
São Paulo: Annablume, 2005, p. 130.
43
Ibidem, p. 136.
44
Ibidem, p. 137-139.
567
Brasil, presente!
568
As geografias dos excedentes do capitalismo em David Harvey
49
HARVEY, David. Os limites do capital. Tradução de Magda Lopes. São Paulo:
Boitempo, 2013.
50
HARVEY, David. A liberdade da cidade. Tradução de Anselmo Alfredo, Tatiana
Schor e Cássio Arruda Boechat. Geousp – espaço e tempo, nº 26, 2009, p. 10.
51
HARVEY, David. Paris: capital da modernidade. Tradução de Magda Lopes.
São Paulo: Boitempo, 2015.
52
CARLOS, Ana Fani Alessandri. De la “geografía de la acumulación” a la
“geografía de la reproducción”: un diálogo con Harvey. Scripta Nova. Revista
Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales. Barcelona: Universidad de Barcelona,
1 de agosto de 2008, vol. XII, núm. 270 (143).
53
CARLOS, Ana Fani Alessandri. A condição espacial. São Paulo: Contexto,
2011, p. 98-99.
569
Brasil, presente!
54
Sobre a combinação entre a acumulação de capital vinculada às reformas urba-
nas e aos processos externos estabelecidos pelos Estados Nacionais e possuido-
res de capital como saídas para a sobreacumulação, pode-se consultar a pesquisa
de Assis (2017) sobre a relação entre as reformas e reestruturações urbanas em
Chicago relacionadas com a gênese das relações geopolíticas entre Brasil e Estados
Unidos na primeira grande depressão dos excedentes de capitais (1873 a 1895).
Ver ASSIS, Raimundo Jucier Sousa de. A iminência da subordinação aos Estados
Unidos: a afirmação do Brasil como periferia do capitalismo na exposição universal
de Chicago. Tese (Doutorado em Geografia Humana) - Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017
55
HARVEY, David. A produção capitalista do espaço. Tradução de Carlos Szlak.
São Paulo: Annablume, 2005, p. 153.
56
HARVEY, David. A produção capitalista do espaço, Tradução de Carlos
Szlak. São Paulo: Annablume, 2005, p. 62.
57
HARVEY, David. Espaços de esperança, Tradução de Adail Ubirajara Sobral
e Maria Stela Gonçalves. São Paulo: Edições Loyola, 2004, p. 55.
570
As geografias dos excedentes do capitalismo em David Harvey
58
TEIXEIRA, Francisco. Os Limites do Capital de David Harvey: para a recons-
trução da teoria marxiana das crises. Revista Crítica Marxista, n. 39, São Paulo,
2014, p. 165.
59
Op.Cit.
60
HARVEY, David. Os limites do capital. Tradução de Magda Lopes. São Paulo:
Boitempo, 2013, p. 536.
61
Ibidem, p. 539.
571
Brasil, presente!
62
Ibidem, p. 540.
63
Ibidem, p. 541.
64
HARVEY, David. A produção capitalista do espaço Tradução de Carlos Szlak.
São Paulo, Annablume, 2005, p. 117.
572
As geografias dos excedentes do capitalismo em David Harvey
4. Considerações finais
65
Op.Cit.
66
HARVEY, David. Os limites do capital. Tradução de Magda Lopes. São Paulo:
Boitempo, 2013, p. 543.
67
Ibidem, p. 544.
573
Brasil, presente!
68
MUSSE, Ricardo. David Harvey: para além de uma geografia do capital.
Revista de Sociologia & Antropologia. Rio de Janeiro, v. 04, p. 55 – 69, junho,
2014, p. 57.
69
Ibidem, p. 64.
574
As geografias dos excedentes do capitalismo em David Harvey
70
HARVEY, David. A produção capitalista do espaço. Tradução de Carlos Szlak.
São Paulo: Annablume, 2005, p. 144.
71
Ibidem, p. 144.
72
Ibidem, p. 118.
73
HARVEY, David. Espaços de esperança. Tradução de Adail Ubirajara
Sobral e Maria Stela Gonçalves. São Paulo: Edições Loyola, 2004, p. 40.
575
Brasil, presente!
Referências
74
HARVEY, David. A produção capitalista do espaço. Tradução de Carlos
Szlak. São Paulo Annablume, 2005, p. 162.
576
As geografias dos excedentes do capitalismo em David Harvey
577
Brasil, presente!
578
DA PROMESSA DA REGIÃO AO SEU
COLAPSO: DEBATE SOBRE O CONCEITO
DE REGIÃO A PARTIR DA OBRA DE
PASQUALE PETRONE1
1
O presente capítulo deriva de versão ampliada ainda em avaliação para ser publi-
cada em revista acadêmica sob o título: “A crítica ao pesquisador e seu exemplo na
geografia regional: a proposta de Pasquale Petrone para o Vale do Ribeira”.
Brasil, presente!
580
Da promessa da região ao seu colapso
581
Brasil, presente!
2
Para tanto vide, por exemplo, Lencioni (1999).
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Brasil, presente!
que Scholz (2004) define como fulcral para sua teoria exatamente o pro-
blema da equiparação (tendo por ponto de partida o debate feminista)3:
o como a totalidade é compreendida pela autora enquanto contraditória
em si e fragmentada.
Scholz (2004) vai assim na contramão tanto de concepções hege-
lianas (que compreende a totalidade enquanto congruente consigo pró-
pria) como daqueles que formulam o capitalismo enquanto um processo
posto por uma dialética interna-externa (que acabam por externalizar o
par da contradição); como também argumenta que não haveria um “fora”
da lógica do capital que estaria subsumido (um sujeito que poderia se
pôr enquanto externo às relações modernas e por isso revolucionário e
tão pouco “imanente”, isto é, derivável do conceito/valor), mas sim um
fragmentado/dissociado que é constituído e constituinte do valor e que
possui particularidade. Desta forma, meras equiparações fogem aos pro-
pósitos da teoria crítica do valor-dissociação.
Queremos assim realçar o que consideramos como um dos pontos
problemáticos do método de análise regional: a equiparação.
Voltamos ao trabalho de Petrone, que se foca em reconstituir a
“marcha do povoamento e as transformações paisagísticas” da Baixada.
O autor, andando de par ao que se considera ser uma monografia regio-
nal, passa a apresentar o processo histórico de constituição da região,
vindo desde o período pré-colombiano até o século XX. Apresentação da
história da Baixada que se faz pelos produtos comercializados (do ouro
para o arroz) e não pelas relações sociais e suas transformações. São as
coisas produzidas a determinar o processo e não os sujeitos sujeitados à
lógica do capital a produzi-las.
A tais considerações do autor serão somadas os olhares do via-
jante Martim Francisco Ribeiro de Andrade, que em 1805 realiza
3
Debate feminista que, segundo autora, não dá conta de superar a lógica da
reprodução capitalista, uma vez que ao defender seja a equiparação das mulheres
aos homens, seja o aparentemente oposto, a diferença entre os sexos, acaba por ou
manter como referência o valor (o homem) ou apagar o processo histórico de consti-
tuição dessas diferenças, tratando-as enquanto ontológicas. Ambos debates (a defesa
da igualdade ou das diferenças), não fugiriam assim à lógica da mercadoria, que tem
por pressuposto a equiparação entre os diferentes e a naturalização dos processos
que são, em realidade, sociais.
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Da promessa da região ao seu colapso
excursão pelo sul do Estado de São Paulo, o qual Petrone destaca que
realiza “observações interessantes para que se perceba em que condi-
ções se encontrava a região”. Viajante e suas colocações que, selecio-
nadas por Petrone, concluem que em Cananéia a “indolência é geral”
e que “seguramente esta vila tende à sua extinção total, se acaso se não
fomentar de novo amor do trabalho”. Observações que são generali-
zadas para a população de toda a área e concluída pelo viajante como
consequências de uma “preguiça do país” . “Interessantes” colocações,
às quais Petrone não realiza qualquer ressalva, apenas acrescenta as
características que permaneceram no povoamento adentro do Vale
do Ribeira no início do século XIX: exclusivamente por via fluvial,
“única possibilidade de comunicação”, e com base numa “agricultura
itinerante predatória”.
Conclui-se, desta forma, que a “região” do início do século XIX
era composta para o autor por um problemático cenário, um misto de
falta de alternativa de “vias de comunicação” com um povo sem “amor
ao trabalho” e “preguiçoso”.
É interessante desta forma notar que, se por um lado Petrone des-
taca inúmeras vezes o histórico baixo adensamento da região, justificado
por uma economia que a isso não favorecia e evidenciado pela baixa
presença de escravos, por outro lado escapa à sua análise a presença de
inúmeras comunidades formadas rios adentro por escravos fugidos ou
aforriados, lado a lado a fazendas de escravos. Comunidades responsá-
veis pelo abastecimento das propriedades escravocratas, localizadas par a
par uma das outras (PAES, 2007), que não tiveram atenção de Petrone,
apesar da importância que representavam para a reprodução das visadas
“atividades comerciais”.
A Baixada do Ribeira adentra o século XX com os mesmos
problemas tantas vezes repetidos por Petrone: o parco povoamento
e a ausência de vias de comunicação alternativas. Entretanto, se até
aqui apresentamos os argumentos que justificam a tese do autor
quanto à região se configurar em um “sertão do litoral”, resta entrar-
mos no segundo ponto de interesse do autor pela área: as recor-
rentes tentativas de colonização, seja por particulares ou oficiais,
e seus insucessos, configurando-se a Baixada uma “verdadeira
área-laboratório”.
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4
Realizado pelos confederados Norte-Americanos entre 1865 e 1870; a colônia
de Pariquera-Açu, de iniciativa do governo imperial em 1861; de Santa Maria,
empenhada empresa nacional privada em 1925; e as Japonesas, organizada pela
Companhia Imperial Japonesa de Imigração a partir de 1912.
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5
Trata-se de relatório realizado no âmbito da XII Assembleia Geral da Associação
dos Geógrafos Brasileiros, em 1957, no qual Petrone, junto a uma equipe sob sua
supervisão, realiza trabalhos de campos a algumas cidades de ocupação antiga do
estado do Espírito Santo, especificamente ao sul do Rio Doce.
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Assim, o que para nós são formas particulares com que se terri-
torializa o capital (como este mobiliza terra e trabalho), para Petrone e
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Bibliografia
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ASPECTOS POLÍTICOS E GEOGRÁFICOS
DA CRISE DO LIVRO NO BRASIL
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Dicionário Oxford. Disponível em: https://languages.oup.com/word-of-the-
-year/2016/. Acesso em: jun. 2020. Tradução nossa.
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2. Dados e metodologia
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2
Nos mapas 1 e 2, desconsideramos o estado do Amazonas, tendo em vista ter
sido o único estado da federação que, no período, não registou fechamento, mas
abertura de livrarias e papelarias.
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5. Considerações finais
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Bibliografia
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SOBRE OS AUTORES
BIOGRAFIAS
Parte I
Anselmo Alfredo
Geógrafo de formação e professor Livre Docente do Departamento de
Geografia e do Programa de Pós Graduação em Geografia Humana da
Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de
São Paulo, onde exerce sua docência, pesquisa e extensão desde 2007.
Atua em pesquisas a respeito do espaço-tempo e modernização e pes-
quisa a relação sociedade natureza, especialmente do ponto de vista da
crítica social através da crítica -negativa - do valor.
Fábio Contel
Geógrafo formado pelo Departamento de Geografia da FFLCH/
USP, realizou parte do doutorado na Friedrich-Schiller-Universität
Jena (Alemanha) em 2005, onde foi também professor/pesquisador
visitante (Gastwissenschaftler) no ano de 2007. Desde 2008 é docente
620
Sobre os autores
Hervé Théry
Possui graduação em História (1972) e em geografia (1973), mestrado
em Geografia (1973) e doutorado em Geografia pela Université Paris
1 Panthéon-Sorbonne (1976) e Habilitation à diriger des recherches
(Livre docência), pela Université Paris X Nanterre (1994). Atualmente
é pesquisador emérito do Centre National de la Recherche Scientifique
(CNRS), professor na USP (PPGH). Co-coordenador editorial da
revista Confins (https://journals.openedition.org/confins/, Issn 1958-
9212). Tem experiência na área de Geografia Regional, atuando prin-
cipalmente nos seguintes temas: geografia do Brasil, geografia política,
cartografia temática, modelização gráfica.
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Brasil, presente!
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Sobre os autores
Valeria de Marcos
Doutora em Geografia e Planejamento Territorial pela Valorização
do Patrimônio Histórico e Ambiental pela Università degli Studi di
Genova, Italia. Profa. do Depto. de Geografia e do Programa de Pós
Graduação em Geografia Humana FFLCH USP. Vice-Coordenadora
do Grupo de Estudos de Agricultura Urbana (GEAU) – IEA/USP.
Últimas publicações: MARCOS, V. Campesinato, modo de vida e ter-
ritório. In: Ana Fani Alessandri Carlos, Rita de Cássia Ariza da Cruz.
(Org.). A necessidade da Geografia. 1ed. São Paulo: Contexto, 2019,
v. , p. 93-106; MARCOS, V. de. O campesinato, a (u)topia da produção
coletiva e comunitária no século XXI e os desafios para a construção da
sociedade pós-capitalista. In: ZAAR, Mirian; CAPEL, Horacio. (Org.).
Las ciencias sociales y la edificación di una sociedad post-capitalista.
1ed.Barcelona: Universidad de Barcelona/Geocritica, 2018, v. , p. 1-21;
MARCOS, V. Peasants and the production of food: new values and ways
of thinking about the relationship between food, agriculture and the envi-
ronment. Geotema, v. -, p. 46-56, 2016.
PARTE II
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Andrei Cornetta
Possui graduação (2006) em Geografia pela Universidade de São Paulo
(USP), mestrado (2010) e doutorado (2017) em Geografia Humana
pela mesma universidade. Realizou estágio de pós-doutorado (2019)
pelo Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas
(IG/Unicamp), desenvolvendo pesquisa sobre as dinâmicas da fronteira agrí-
cola na Amazônia mato-grossense. Atuou como pesquisador no Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) (2013-15) e no Conselho Latino
Americano de Ciências Sociais (Clacso) (2008-09/2012-13). Atualmente é
professor adjunto do curso de Geografia da Universidade Metropolitana de
Santos (UNIMES). Possui experiência na área de Ciências Humanas, com
ênfase em Geografia Humana, Teoria e Método da Geografia, Estudos
Territoriais, Mudanças Climáticas e Educação.
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Sobre os autores
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Mait Bertollo
Doutora e Mestra em Geografia Humana pelo Programa de Pós-Graduação
em Geografia Humana da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas da Universidade de São Paulo (USP); Bacharel e Licenciada em
Geografia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
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Sobre os autores
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ANEXO FOTOGRÁFICO
Apresentação
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Anexo Fotográfico
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632
Anexo Fotográfico
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634
Anexo Fotográfico
Queimadas no entorno do Território Indígena do Xingu, Rio Xingu. MT, jul. 2019.
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Anexo Fotográfico
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Brasil, presente!
638
Anexo Fotográfico
639
Brasil, presente!
Vista parcial de Cidade Tiradentes, Zona Leste, cidade de São Paulo, 2017
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Anexo Fotográfico
Fronteira agrícola, rio das Mortes. Primeiro plano colheita do algodão; ao fundo à
direita Terra Indígena Sangradouro, etnia Xavante. MT, Jul. 2019.
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Brasil, presente!
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Anexo Fotográfico
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Brasil, presente!
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Anexo Fotográfico
645
Brasil, presente!
Cruzamento das ruas Marcílio Dias e Teodoro Souto, área central de Manaus,
evidencia a prosperidade e a decadência do período da borracha, 2019
646
Anexo Fotográfico
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